D i s t r i b u i ç ã o G r a t u i t a | N º 0 11
O Poder da Oração Pai Jomar e Pai Paulo da FENACAB
Pai Rubens Saraceni Firmeza de Preto Velho
2012
Índice
Palavra do Dirigente
Palavra do Dirigente
02
Doutrina de Umbanda «O Poder da Oração»
03
Histórias da ATUPO
03
«Quando chegares a este lado, que vais trazer contigo?»
Reportagem «As Oferendas»
04 05
Uma Lenda «Iansã»
05
Entrevista
06 07
«Pai Jomar e Pai Paulo da FENACAB»
O convidado escreve «Pai Rubens Saraceni»
08
Firmeza de Preto Velho
Sem folha não há Orixá «Cana-do-brejo»
08
Ficha Técnica
Equipa técnica: Diretor do Jornal Cláudio Ferreira
Revisão Mary Nogueira
Diretor de Conteúdos Cláudio Ferreira
Fotografia Fernando Silva Mary Nogueira Miguel Faria Paulo Fernandes
Diretor Comercial Frederico Castro Chefe de Redação Mary Nogueira Redação Cláudio Ferreira Bernardo Cruz Fernanda Moreira Frederico Castro Frederico Marques Leonel Lusquinhos Mary Nogueira Vitorino Camelo
Edição Gráfica Bernardo Cruz Paulo Fernandes Contacto fundamento@atupo.com
A redação do Jornal Fundamento segue as normas do novo acordo ortográfico, salvaguardando as opções ortográficas dos autores convidados.
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S
audações a todos os Leitores!
Tomei como ponto de partida um ponto/prece que costumamos cantar em nossa Casa. Este ponto é uma chamada de atenção para aquilo que a humanidade está a fazer à natureza, aos Orixás! Fala das pedreiras de Xangô que foram quebradas, das cachoeiras de Oxum que secaram, que as pessoas para beber água têm de a comprar, ou seja, aquilo que Deus nos deu, as pessoas querem fazer delas sua propriedade. Nós estamos aqui, no Templo de Umbanda Pai Oxalá, para fazer a diferença. Somos diferentes, acreditamos na caridade, acreditamos nos Orixás, acreditamos em Olorum e em tudo aquilo que Ele criou, nas matas, na cachoeira, na pedreira, nos céus. E isto só faz sentido, a realidade só é válida e a religião é válida quando realmente conseguimos acreditar nisso tudo! Quando conseguimos acreditar que os Orixás fazem parte da nossa vida, que eles são unos a nós próprios. O ser humano, muitas vezes, aproveita as oportunidades para fazer fortuna ou usar o Seu nome indevidamente. Não vamos deixar que as pessoas usem o nome dos nossos Orixás queridos, de Ogum, Xangô, Oxóssi, de Oxalá e de todos os outros, todos os Orixás, não vamos deixar que as pessoas os troquem por trocos; eles são muito mais do que isso! O trabalho que fazemos, que os nossos guias fazem com as pessoas, traz-lhes alento, força quando estão desencorajadas na vida, sem coragem, sem vontade de viver. Elas conseguem encontrar coragem aqui. Há doentes que entram com doenças mortais e às tantas através de um sorriso, através de uma palavra, da energia que se transmite aqui, conseguem obter a cura. Quantos temos visto? Crianças, pessoas que foram curadas na força desta corrente, na força desta energia, na força do Orixá. Nós acreditamos e não o fazemos por troca de nada. Estamos aqui a trocar o nosso sábado, todos os sábados e dias da semana, para ajudar, para fazer a diferença! Às vezes não gostamos do lugar em que estamos, mas é preciso estar nesse lugar. Pode ser no grupo da cesta básica, no grupo do objeto básico, a levar comida às pessoas, ou então lá fora só estando com outras pessoas. Essas pessoas gostariam de estar aqui, de fazer parte do corpo mediúnico. Mas isso não é importante, importante é o conjunto de tudo e de todo o trabalho que cada um faz. Importantes não somos nós. Não podemos ser egoístas e pensar em nós! Temos é de pensar em quem está lá fora, no que eles vêm procurar aqui e no que eles podem encontrar aqui, que seja o Orixá a trazer! As pessoas precisam de receber, vocês são o meio de transporte, precisam de sentir o Orixá dentro de vós. Não façamos por ego, para vestir uma roupa branca bonita, façamos pelo povo que nos procura e pelo sorriso deles ou para vê-los saudáveis ou a conseguir vencer em suas vidas. É bom, não é? É bom demais, não é? É por isso que estamos aqui! Porque acreditamos que, juntando forças, vamos conseguir mudar o mundo e, quiçá, servir de exemplo lá fora. Esse foi um dos motivos pelos quais, no passado dia 4 do corrente mês, a ATUPO se uniu à FENACAB. Acreditamos na seriedade que sentimos em relação ao trabalho desenvolvido pelo Pai Jomar, o Pai Paulo, os seus filhos, a sua Casa. Acho que através deles vamos unir, somar, fazer força, para conseguirmos transformar a realidade do Orixá da Umbanda e do Candomblé numa realidade pura, bonita, verdadeira! Agora depende de nós! Depende de cada um de nós fazer a diferença, de lutarmos e vermos o que pode ser feito! De apresentarmos ideias, trabalhos e tentar depois, juntos, fazermos um trabalho de consciencialização, de despertar. Se assim o fizermos, vamos depois poder dizer, na hora da passagem, tal como chegamos, às vezes, ao fim da gira e dizemos, dever cumprido!” Um abraço fraterno a todos os Irmãos de Fé! Pai Cláudio
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O Poder da Oração
A
prece ou oração é um dos vários elementos que constituem a ritualística de Umbanda, mas nem sempre a sua importância é compreendida por todos. Tal como as velas, firmezas, pontos cantados, entre outros, que são essenciais para a realização dos rituais, também as orações são de importância fundamental no trabalho espiritual realizado dentro do Templo de Umbanda, seja no início, seja no final dos trabalhos. É no momento em que se reza o Pai-nosso, a Prece de Cáritas ou qualquer outra oração utilizada na abertura dos trabalhos, que elevamos o nosso pensamento ao alto e pedimos a nosso Pai Olorum e todos os Orixás, para que protejam e abençoem, com as suas vibrações divinas, o trabalho que se irá realizar. Da mesma forma, no encerramento do trabalho, oramos em sinal de agradecimento pelas energias vibradas sobre todos, pelo alívio e ajuda recebida, pela esperança renovada, pelo amor intenso que vibra nos nossos corações e até mesmo pelo cansaço físico, que muitas vezes sentimos, mas que nos deixa com o sentimento de “missão cumprida”, pedindo aos Orixás para que nos ajudem a continuar merecedores de carregar a bandeira de Oxalá. Contudo, a oração não é importante apenas dentro do Templo de
Histórias da A.T.U.P.O.
Doutrina de Umbanda Umbanda ou durante os rituais. Por norma, quando oramos, fazemolo pedindo ajuda para nós ou para alguém. A elevação do pensamento e dos sentimentos produz em nós uma elevação da nossa vibração, essencial para que exista a sintonia energética necessária para estabelecermos a ligação com o plano espiritual, possibilitando assim a troca energética, através da qual é proporcionada a ajuda espiritual, física, mental ou emocional. Seja em nosso próprio benefício ou de outros, o nosso pensamento, fortalecido pela Fé, traz até nós ou direciona à pessoa em causa, não só a nossa energia, como também as vibrações divinas da Natureza, os Orixás, que serão utilizadas pelos Guias no auxílio necessário. Através da oração, conseguimos ainda libertarmo-nos de pensamentos negativos em relação a outras pessoas ou a nós próprios, substituindo-os por vibrações positivas, contribuindo não só para a evolução e felicidade dos mesmos, mas também para a nossa reforma íntima. A oração constitui um poderoso instrumento para ajudar a crescer a nossa capacidade de amar, contribuir para a construção de um mundo melhor e sermos melhores Umbandistas! Que Oxalá abençoe a todos! Bernardo Cruz
“Quando chegares a este lado, que vais trazer contigo?”
H
oje, gostaria de partilhar convosco uma das mais bonitas lições que recebi de uma Preta-Velha, dona, como todas as outras, de uma sabedoria simplesmente poética! Durante todo o trabalho, perante as mais variadas queixas – saúde, desafetos, trabalho (ou falta dele), amor, etc. – e os mais diversos estados de espírito, perguntava uma e outra vez: “Quando você chegar a este lado, o que vai trazer consigo?” As pessoas olhavam para ela, confusas, sem saberem qual a resposta que ela esperava,sem saberem qual a resposta que gostariam de dar…afinal, quantos de nós alguma vez ponderaram esta questão? E ela, paciente, esperava pela resposta, sorria caridosamente com as respostas mais inesperadas, insistia de novo, voltava a ouvir até que, por fim, acabava por dar a resposta à sua própria pergunta: “O que você vai trazer para o meu lado é o Sentimento e o Conhecimento”. Eis uma resposta evidente, porém inesperada para os consulentes. É também uma resposta digna de uma reflexão mais profunda. Porquê o sentimento e o conhecimento? Pela razão evidente de que fazem parte da nossa missão na terra, enquanto seres que procuram a sua evolução. Conhecimento e sentimento são parte integrante daquilo que somos e fazemos no nosso quotidiano. E a Vovó explicava “ Aqui, neste plano, manifestamo-nos através deste corpo (mostrava o corpo da médium com as mãos) para que tenham a capacidade de compreender do que falamos, mas do meu lado a matéria não existe. Somos energia e energia procura outra energia afim. Isto significa que se vibrarmos bons sentimentos, iremos certamente para um local onde os bons sentimentos predominam. Se vibrarmos qualquer outro sentimento, seremos atraídos para o local em que um sentimento afim seja vibrado. Daí ser tão importante olhar os nossos sentimentos nessa vida.” De igual forma, os conhecimentos adquiridos, toda a aprendizagem ao longo da vida são importantes para a nossa evolução, fazem parte da nossa bagagem, daquilo que somos na essência. Não faz sentido vivenciarmos repetidamente o mesmo tipo de situação, cito a mais comum, a desarmonia nas suas variáveis – família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, etc. – e não tirarmos ilações. Mas é preciso atentar para o seguinte: o processo de conhecimento passa primeiro pelo cérebro e só depois passa para o coração. Enquanto está no cérebro considera-se informação, apenas depois de interiorizado e passado para a nossa prática diária se torna em Conhecimento. Daí a importância de compreendermos e assimilarmos os nossos processos, a nós mesmos, aos outros e ao mundo que nos rodeia. A Vovó não terminou sem falar do Amor e da forma como o devemos percecionar. Usando a sua mão expressivamente explicou: ”O Amor não é assim – mostrava a mão esticada, de palma virada para cima e dedos esticados para baixo – como de “Não quero saber”, nem assim – mostrava a mão fechada num punho – és meu ou minha, daqui não podes sair! Não, o Amor é assim – mostrava a mão voltada de palma para cima, com os dedos relaxados – de tenho confiança. Tenho confiança em mim e também em ti. Podes partir ou podes ficar; a escolha é tua. É este o significado do Amor, respeito por aquilo que EU SOU e por aquilo que TU ÉS”. Para aqueles que se sentem um pouco perdidos e não sabem bem como prosseguir, deixo esta indicação: Guardem estas palavras não só na vossa mente (informação), mas também no coração (conhecimento)! Tentem pô-las em prática no quotidiano, com respeito por aquilo que vocês e também os outros são (Amor). Esse é o caminho que nos foi apontado nesta lição e, bem vistas as coisas, nem parece nada complicado. Que lhes parece de fazer a experiência? Fernanda Moreira www.umbanda.pt
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Jornal Umbandista Português
Reportagem
D
esde a mais longínqua antiguidade que o ser humano recorre às oferendas destinadas a seres superiores, os seus Deuses, através da entrega de “presentes” sob as mais variadas formas, que julgava ser do agrado destes. As alusões a essas oferendas datam dos mais antigos registos escritos, provenientes das diversas partes do globo... Elas materializam, muitas vezes, histórias, lendas e provérbios que vieram a fazer parte do conhecimento geral, como em relatos do Antigo Testamento, que revelam que os hebreus tinham o costume de matar um cordeiro em sacrifício a Deus, para remissão dos pecados. Aliás, o sacrifício de animais (ou mesmo de pessoas) era frequente entre vários grupos étnicos, em várias partes do mundo. No Antigo Testamento é referido, por exemplo, o caso de Abraão que, para provar a sua fé em Deus, teria de sacrificar o seu único filho, imolando-o e queimando-o numa pira de lenha, como era costume para os sacrifícios de animais, não tendo Deus permitido, segundo o relato bíblico, tal execução. Outro exemplo é o fato de Jeová não ter aceite a oferenda de Caim tão bem quanto aceitou a de Abel, o que fez desencadear o ciúme e a inveja que levaram ao acontecimento fratricida que conhecemos. Quando recuamos nos tempos, conhecemos outros relatos de sacrifícios humanos executados na tentativa de apaziguar as forças divinas, muitas vezes com o apontamento de que, sem esses
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09 | 10 | 2010 2012 Setembro| Outubro | 2010
AS OFEREN
sacrifícios, os Deuses trariam a destruição e a desgraça aos seus devotos na Terra… Noutras religiões, como o Budismo, as oferendas consubstanciam-se no gesto interior, na atitude interna da nossa ação. O simbolismo da doação da oferenda é visto como libertador dos pensamentos impuros e visa estimular a busca da iluminação e da sabedoria. Ao fazer uma oferenda de lamparinas, dando um exemplo, temos a intenção de que “a luz disperse a escuridão de nossa ignorância e de lugar à clareza e sabedoria”, o mesmo se passando com as oferendas em forma de cânticos ou leituras em formas de mantras elementos litúrgicos a abordar em próxima oportunidade. De forma idêntica, no Hinduísmo, as oferendas também estão presentes em muitas das práticas litúrgicas, pela oferta de alimentos, essencialmente vegetais (acontecendo excepcionalmente, em algumas facções, a oferenda de sacrifícios animais ou comidas com carne) no momento da contemplação da divindade. É comum, entre estas duas religiões, a oferta em altares domiciliares assim como nos templos, sendo a meditação uma parte fundamental de todo o processo. No Druidismo, as oferendas estão presentes em todos os rituais e celebrações, sendo, com uma diferença substancial, depositadas nos mais variados pontos de força da natureza, tais como rios, pedreiras, cachoeiras, na base de árvores centenárias ou, em rituais específicos, no fogo. Os incensos, as flores, as folhas, as bebidas e frutas e, em especial, sementes e grãos, ícones em si da fertilidade e prosperidade, eram e continuam a ser entregues, honrando entidades ancestrais e as próprias forças que comandam a natureza e a vida. O ato de comungar com o divino através da entrega dessas oferendas é transversal às religiões, quase entendido como senso comum, seja no sentido de apaziguar os ânimos da divindade mais intempestiva, seja para pedir protecção ou bom augúrio para uma demanda que se pretenda resolver. Como essência das oferendas, o mérito obtido depende da motivação, da vontade e da crença do devoto, parte integrante do despoletar das forças anímicas que farão movimentar as energias necessárias para o acontecimento divino pretendido. As religiões anímicas, em especial as religiões de matriz afro-brasileira, são particularmente voltadas para este senso litúrgico, dadas as características fundamentais com base no culto aos Orixás e às energias divinas da natureza. As oferendas no
Candomblé estão relacionadas com a manipulação do Axé (energia sagrada proveniente do Orixá), que pode ser condensado e direcionado pelo homem, através de determinados rituais e oferendas. Essa força vital presente nos elementos da oferenda é então manipulada e revertida para o próprio devoto, ou voltada para um fim específico. O Candomblé sofre uma grande resistência e até mesmo oposição por causa dos rituais com sacrifícios de animais, mas mesmo tendo sofrido muitas mudanças em relação aos cultos aos Orixás originais de África, tenta manter-se fiel a alguns costumes e tradições, para as quais é necessário ter o entendimento indispensável. Citando Claudia Baibich: “É necessário separar as Casas de Nação sérias de magos negros trevosos que se dizem babalaôs e Ialorixás e fazem o mal, seja através de ritos, do poder mental, ou da invocação de espíritos do baixo astral.” A energia vital do animal, quando do seu sacrifício, é magisticamente direcionada para o fim pretendido, que, na maior parte das vezes, é o fortalecimento de alguém, ou, nos rituais ditos de “troca de cabeça”, onde o animal é geralmente sacrificado para a cura de alguém muito enfermo. São também igualmente usadas flores, frutas, fumo, mel, entre variadíssimos preceitos, não se podendo reduzir de forma alguma as oferendas no Candomblé aos sacrifícios de animais. É certo também que com o passar dos tempos, muitos hábitos antes tidos como fundamentais, foram-se modificando em todas as Religiões e Cultos, com base no pressuposto de que não teriam real fundamento, porque o Deus que procuravam não poderia mais ser ligado a presentes materiais como os que então eram oferecidos, ou da forma que eram oferecidos. Na Umbanda, as oferendas abrem um leque vasto de aplicações litúrgicas, não para alcançar as “benesses” do Orixá, mas porque se trata da abertura de portais energéticos, um caminho entre o plano espiritual e material, onde se torna possível a troca de energia entre o divino e aquele que entrega a oferenda; o portal ou entrega é possuidor dos 4 elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) e contém o poder de realização e materialização do pretendido, ou seja, conseguimos criar a energia necessária, através de um processo magístico com origem na natureza, mas este deverá sempre ser ativado e direcionado pelo pensamento, pela chamada firmeza, linguagem utilizada nos Templos. Não podemos esquecer e devemos ter a consciência de que estamos sempre sob o jugo das leis Universais, leis de Deus, como a Lei do Retorno e Lei do Merecimento. As oferendas devem, assim, ser feitas com rigor e com a
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Jornal Umbandista Português
006 011
NDAS
contenção necessária, orientadas pelo dirigente da casa e pelas Entidades Espirituais, havendo também uma preocupação primordial em não poluir a natureza, observando sempre a lógica, lembrando que a Umbanda considera a natureza como manifestação de Deus na terra, tendo todos nós, por dever, preservá-la. Um outro ponto a referir é o facto de, muitas vezes, na religião, acharmos que o Guia ou Orixá precisam da entrega para se fortalecerem ou usam a entrega ou oferenda como moeda de troca, isto é, você dá isso ao Orixá ou Guia e ele lhe dá o que precisa. Não é nada disso!!! A oferenda serve para criar a energia necessária a ser absorvida pela pessoa que a faz e não basta fazê-la e simplesmente virar as costas! Como já foi acima referido, é necessário firmar a mente no que é preciso! Deveremos, para além da energia que por nós é absorvida, fazer o que está ao nosso alcance, para podermos atingir o pretendido, pois o
efeito dos trabalhos ou oferendas não durará para sempre! Por isso, aproveitem a energia doada ou manipulada de trabalhos e oferendas, para atingirem vossos objetivos! Porém, lembrem-se: receberemos a graça e o fundamento do trabalho, da oferenda, mas deveremos conquistar o merecimento do mesmo no nosso dia a dia...
Vitorino Camelo Pai Claudio Fontes: “Wikipedia”; “Oferendas e Festividades Religiosas”; “Estudo da Umbanda”; “Colégio de Umbanda”; Variados textos sem indicação de Autor.
Iansã Lenda de Iansã Iansã usava os seus encantos e sedução para adquirir poder. Por isso conquistou vários homens, recebendo deles sempre algum presente. Com Ogum, casou-se e teve nove filhos, adquirindo o direito de usar a espada em sua defesa e dos demais. Com Oxaguiã, adquiriu o direito de usar o escudo, para protegerse dos inimigos. Com Exu, adquiriu os direitos de usar o poder do fogo e da magia, para realizar os seus desejos e os dos seus protegidos. Com Oxóssi, adquiriu o saber da caça, para suprir-se de carne e a seus filhos. Aprimorou os ensinamentos que ganhou de Exu e usou de sua magia para transformar-se em búfalo, quando ia em defesa dos seus filhos. Com Logum Edé, adquiriu o direito de pescar e tirar dos rios e cachoeiras os frutos de água para a sua sobrevivência e de seus filhos. Com Obaluaê, Iansã tentou insinuar-se, porém, em vão. Dele nada conseguiu. Ao final de suas conquistas e aquisições, Iansã partiu para o reino de Xangô, envolvendo-o, apaixonando-se e vivendo com ele para a vida toda. Com Xangô, adquiriu o poder do encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios. in Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi (Lenda 165)
Uma Lenda
plantações; atua nos domínios de Oxum e Yemanjá, enquanto vento que sopra sobre os rios e oceanos, contribuíndo para a renovação das suas águas, através do processo de evaporação e formação das chuvas! É através da força da tempestade, que a força de Iansã se estende sobre todos os domínios da Terra, destruindo o velho, criando o novo ou a oportunidade da renovação, da reconstrução e mesmo do equilíbrio. É a sua força permitindo que se cumpram no plano material as Lei e Justiça divinas (Ogum e Xangô). Iansã é também a energia ou força que transporta e conduz os espíritos/almas, após o desencarne e sua receção por Omulu, para os locais de seu merecimento. Por isso é chamada de “Senhora dos Eguns”. Representa a energia da força de vontade e determinação, que orienta os nossos pensamentos e sentimentos como a Fé, o Amor, a coragem, essenciais para a concretização dos sonhos e da magia. É uma energia protetora; é a mãe guerreira que sempre vem em defesa dos seus filhos! São os seus raios a luz que ilumina a nossa escuridão interior; é a sua Espada que nos ajuda a dominar os nossos vícios, através da luta pessoal, do aperfeiçoamento e renovação interior, mostrando-nos, assim, o verdadeiro caminho para a evolução espiritual! Mary Nogueira
A lenda que apresentamos fala-nos de Iansã, Orixá dos ventos, das tempestades e dos raios, sobre os quais teria adquirido domínio através de Xangô. Mas a energia de Iansã, considerada a emanação de Deus, traz elementos de outros Orixás, pois, sendo Ela a liberdade que não se pode aprisionar, o vento que se movimenta em todas as direções, na lenda apresentada, tal como em muitas outras, ela surge relacionada com todos os outros Orixás, atuando em seus domínios. Atua nas matas de Oxóssi, enquanto vento ou brisa, levando as sementes que originarão novas plantas, novos frutos nas www.umbanda.pt
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2012
Entrevista
PAI JOMAR E PAI PAU
N
o passado dia 4 do mês de agosto, foi, de uma forma simples mas marcante, tornada oficial a filiação da ATUPO à FENACAB. Às palavras sábias de Pai Cláudio, Pai Jomar e Pai Paulo acrescentaram o enorme carinho e apreço inestimável pelo trabalho de Pai Cláudio como Pai de Santo e pela ATUPO. Agradeceram pela amizade, pela simpatia, pela simplicidade e, segundo Pai Jomar, “isto é Orixá”, a forma como ele e Pai Paulo foram recebidos, sendo para eles um orgulho ter o Pai Cláudio e a ATUPO filiados na FENACAB, cujo objetivo primeiro será unir os cultos afro-brasileiros na sua diversidade, podendo juntos realmente fazer a diferença! O Jornal Fundamento quis saber mais sobre a importância desta adesão e, após a entrega de certificados e um convívio onde não faltaram o Vatapá e Acarajés, entrevistou Pai Jomar e Pai Paulo.
Apoios
Fundamento: Para esclarecimento dos nossos leitores, o que é a FENACAB? Pai Jomar: A sigla FENACAB significa Federação Nacional do Culto Afro Brasileiro. Ela (…) começou na Bahia para regulamentar, e não só, os pais e mães de santo, os Centros de Caboclo, os terreiros tanto da Umbanda como do Candomblé(…). Tornou-se, por assim dizer, a sede governamental, (…), foi através da FENACAB que se conseguiu que os babalorixás ou ialorixás ou pais e mães de santo, tanto da Umbanda como do Candomblé, conseguissem, por exemplo, a chamada aposentação, a reforma, de forma igual a todas as confissões religiosas. F: Traz portanto um suporte legal! PJ: Exatamente! É isso que se pretende que aconteça, sobretudo de um ponto de vista positivo. Isto é, em Portugal, se me vierem perguntar “Oh, Pai Jomar, gostava de encontrar um terreiro de Candomblé. O senhor me indica?”, se vir que é no norte de Portugal, que na zona que me disseram não há terreiros de Candomblé que estejam filiados, direi, “Olhe, filiados não tenho!”. Se a pessoa me disser, “Oh, mas eu conheço…”, então eu respondo,” é por sua conta e risco!” .(…) E se não é filiado, é porque eu achei que o pai de santo realmente não me deu provas… F: E que provas são? PJ: São várias. Por exemplo, eu tenho de saber de que Ilé Ase ele provém, quem é a mãe, quem é o avô. Eu vou saber até à exaustão. Não é a primeira vez que me acontece telefonarem-me a dizer que era de um determinado Ilé Ase, mas “a bota não batia com a perdigota”. Telefonei à Bahia, falei com Pai Ari que me disse, “Não, Pai Jomar, isso é mentira, essa pessoa nunca pertenceu a esse Ile, por isto e por isto…” Também já disse, “Olhe, do Candomblé, não tenho, mas há uma casa que é a ATUPO, do Pai Cláudio, é de Umbanda - e ainda não estava na FENACAB-, mas garanto-lhe que é uma pessoa muito honesta. A FENACAB funciona portanto de forma didática, não diz “você não é”, diz “você é!” . Há esta mais-valia de as pessoas poderem saber onde entram, se realmente estão ou não com pessoas sérias, segundo os parâmetros da FENACAB. (…) F: E o que acontece no caso das pessoas serem ludibriadas? PJ: Existem casos em que isso realmente acontece. Lá em baixo, no Algarve, houve um caso em que alguém foi ludibriado, pior até que isso, fizeram queixa à FENACAB pelos males que aquela pessoa tinha sofrido. Eu disse, “a FENACAB irá interpor. Agora você vai participar na polícia e eu, como coordenador da FENACAB, vou lá e atesto realmente
isso.” Mas essa pessoa não quis! Se a pessoa não quer, não sou eu que vou dar a cara por uma coisa que não vi, não sofri! F: Mas têm suporte jurídico? Pai Paulo: Sim. Temos uma advogada e o suporte jurídico existe para quem precisar. PJ: E o que pretendemos é pela positiva, de uma forma bonita, transparente, “separar o trigo do joio”, desmistificar as coisas. Não é possível hoje dizer-se, em termos do Candomblé, ok, o senhor é um babalorixá. De que Nação? Portuguesa! (risos)…Para mim, a coisa fica logo esclarecida! F: Essa foi a razão pela qual resolveu trazer a FENACAB para Portugal? PJ: Eu não senti necessidade de trazer a FENACAB. Contrariamente ao que se possa pensar, eu nem conhecia a FENACAB tão pouco. (…) Houve um ano em que um filho meu ia fazer o santo e faltavam-me duas ou três coisas para o assentamento. (…) E eu pensei e disse: Vou à Bahia e compro tudo… E assim foi. Cheguei à Bahia e por acaso encontrei um taxista que também era do Axé e esse senhor levou-nos a uma loja. Há uma chuva que cai e resguardámo-nos numa loja de fotografias. Passa entretanto um senhor que é pai de santo e ele e o outro senhor trocam bênçãos e nos apresentam. Ele pergunta a que Ilé Ase eu pertenço e eu disse-lhe que pertencia à linhagem da Mãe Olga do Alaketu. “Mãe Olga de Alaketu?”, pergunta ele, “Então você está fidelizado na FENACAB!” . Eu respondi que não, que estava numa federação do Rio de Janeiro. “Não está na FENACAB?”, continua ele, “ Porque não vai amanhã ter com o Pai Ari? Ele está na FENACAB até ao meio-dia”. E eu que queria despachar-me disse-lhe que sim. (…) Fui falar então com o Pai Ari que me perguntou quem eu era(…), fala mais algum tempo e pergunta, “O senhor veio cá porquê?”. Respondi que me faltava uma bigorna no ibá de Ogum e fui lá comprar. “O senhor faz 6.500 kms de avião para comprar uma bigorna? Nós se fosse aqui, diríamos, amanhã a gente põe! Este fulano veio de Portugal porque lhe falta uma bigorna!” e continuou, “Então, mas você não quer associar-se à Federação?... olhe todas as federações passam pela FENACAB, até aquelas que não o são!” Eu disse, “Amanhã venho cá, trago as minhas coisas, as minhas obrigações…” E quando fui para o hotel, nesse dia, ao jantar, está o pai de santo a entrar (…) e diz, “Venho falar com o senhor…A FENACAB do Brasil reuniu-se e achou que o senhor deveria ser o coordenador internacional da FENACAB! E então ali, em cima do joelho, eu disse que sim, que quando quisessem ir a Portugal, teria todo o gosto em recebê-los. “Está combinado”, disse ele, “a coordenação será entregue ao Ilé Ase Omim Ogum em Novembro que vem!” E foi tudo assim, sem contar, muito em cima do joelho e vim eu muito atarantado para Portugal com esta história. F: E isto foi há quanto tempo? PJ: Foi em 2006. Foi esta a história. Ele entretanto esteve a ver o meu historial todo, meteu Interpol e tudo, viu toda a minha vida sem eu saber. Pai Cláudio: Isso é bom. Mostra rigor! PJ: É. E foi assim que, em termos de FENACAB, me explicou tudo o que pretendia e o que não se pretendia e começou aí a minha jornada, que eu não pedi, que eu não queria. F: E daí como partiu para agregar outras casas?
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ULO DA FENACAB PJ: Foi começar do início, foi contactar, mostrar o que era a FENACAB, o que se pretendia… F: E a adesão foi fácil? PP: A adesão? Inicialmente não. A primeira vez que chegou, que a FENACAB está em Portugal, os pais de santo brasileiros desapareceram todos (risos) PJ: Isso fez-me confusão. Depois a gente perguntava, “E quem é o seu pai de santo?”, “Ah! Morava no mato e já morreu!” Mas eu tenho de saber onde ele foi feito, com quem foi feito! F: Como é que vocês têm conhecimento destas situações, em que as pessoas são lesadas? E como podem apoiar os associados? PJ: Como já referi, as pessoas fazem queixa e a FENACAB vai com essas pessoas e atesta que isso não é religião, é um engodo. Então, entra a parte jurídica e são acionados os mecanismos. É a sociedade civil, neste caso, o governo que pergunta à FENACAB se é uma Casa de Culto, se está legalizada! Apoiamos os lesados e denunciamos junto das entidades civis enquanto entidade que está realmente apta a atestar que esta ou aquela pessoa é, de facto, Pai de Santo do Candomblé ou da Umbanda. (…) F: E esta associação agora com a ATUPO, que é uma casa de Umbanda? PJ: A FENACAB faz o registo dos cultos afro-brasileiros, tanto do Candomblé, como da Umbanda e ainda outras vertentes (…). Esta união, neste caso concreto com a ATUPO, vale pelas uniões dos Pais de Santo que pertencem neste momento à FENACAB. Mas não é tudo; devo dizer-lhes que segui o Pai Cláudio sem ele saber que eu o seguia. Algumas coisas que eu via, chamaram-me a atenção, algumas fotos, algumas coisas escritas, o jornal. Tudo me chamou muito a atenção e eu fui seguindo o percurso dele. Eu até dizia “Este homem tem coisa”. Pai Cláudio: Você mandou-me um e-mail há três ou quatro anos atrás a mandar os parabéns, não me lembro se na altura era por causa do jornal… PJ: Não me custa nada dizer às pessoas que estão bem. Isso só me enriquece, não me tira nada, bem pelo contrário e aprendo com todas as pessoas… E portanto tudo isso me agradou e fui seguindo a carreira do Pai Cláudio. Todas as histórias que fui sabendo, a Cesta Básica e outras coisas que iam fazendo, sobretudo a parte social que para mim é a “prova dos nove” em muitas situações. Uma pessoa pode dizer que é algo e depois na prática falha…. E eu sou muito “pão, pão, queijo, queijo” e sempre pensei, apesar de parecer quase impossível, que o Pai Cláudio pudesse pertencer à FENACAB. F: Porquê isso? PJ: Isto não é diminuir-me! Achava que o Pai Cláudio era uma pessoa com uma grandeza muito grande e que provavelmente não queria pertencer à FENACAB (…). Pensava: “Quem sabe se um dia virá a acontecer”. Se acontecer é bom, se não acontecer, eu farei a minha história, ele fará a sua e depois se verá se os nossos caminhos se cruzam ou não”. Por motivos vários, os caminhos foram-se cruzando e eu sempre tive uma grande relutância em dizer isto ao Pai Cláudio até que, acerca de um mês atrás, pensei: vou falar! E disse-lhe “Olhe, Pai Cláudio, eu gostava muito. Se não quiser, não deixo de ser seu amigo, mas que eu gostava, gostava! Por todas as situações e porque eu sei que em Portugal, em termos de Umbanda, o trabalho que faz é sério!” (...) Acho que Pai Cláudio e a ATUPO, na sua globalidade, poderão ser
uma mais-valia para os cultos afro-brasileiros em Portugal. Foi isto que me trouxe até ao Pai Cláudio, além de ser uma questão de simpatia; foi tudo conjugado. A árvore só dá bom fruto, se tiver boa raiz e não me venham cá com histórias, porque se for um fruto posto ali, pendurado, vai secar. Não foi isto que eu vi no Pai Cláudio, na ATUPO e em mais uma ou outra pessoa, cada um com a sua característica. O Axé está lá e é isso que me interessa; que o Axé esteja e com a certeza de que juntos podemos fazer melhor. F: O que nos leva aos projetos: que projetos há? PJ: São vários. Pode ser esta coisa de que falávamos há pouco de podermos fazer o anúncio das experiências vividas nos terreiros, da parte social ou a consciência ecológica, por exemplo. Mesmo a parte da matança que é a vertente do Candomblé que pior vista está, porque as pessoas não conhecem e ninguém pode amar aquilo que não conhece. Se eu e todos os outros formos capazes de transmitir esta vertente religiosa de uma maneira saudável, tenho a certeza absoluta que os Orixás e as entidades serão mais amadas do que o que são agora. Há pessoas que vieram para o Candomblé por dinheiro. Eu não. Eu vim para o Candomblé e abandonei tudo por amor ao Orixá. Trabalhava em 3 escolas, era assistente, trabalhava para o setor privado, saía três ou quatro vezes no ano de férias e abandonei tudo por vocação e por fé. Foi numa ida a uma discoteca, à noite, com os meus colegas professores. Encontrei lá um senhor que me disse que gostava de falar comigo e me convidou a ir a sua casa. Eu disse, “Desculpe lá, eu não o conheço de lado nenhum, não vou à casa de quem não conheço”. Então ele explicou que era Pai de Santo. O bichinho começou a trabalhar. Estive com esse senhor e aí começa a minha história com a Umbanda e com os cultos afro-brasileiros. Depois passei para o Candomblé. (…) E na minha vida tudo sempre aconteceu, nunca fui eu que quis algo. Mesmo na FENACAB. Eu gosto de fazer coisas, sou um fazedor. (…) F: Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores do nosso jornal? PJ: Acho que, independentemente das nações do Candomblé e das vertentes da Umbanda que existem, tenho sempre uma máxima que é “Todos e cada um de nós é irmão e todos somos filhos de Deus”. Isto é muito importante. O sermos capazes de ser ecuménicos até no ponto de vista. Se formos ecuménicos no ponto de vista que nós defendemos, acho que todos concorremos para uma maior harmonia, que é o que se pretende. Eu pretendo que o ser humano seja melhor e se eu contribuir no Candomblé e se o Pai Cláudio contribuir na Umbanda, ótimo! Quem tem a ganhar com isto são Deus e os Orixás! Fernanda Moreira & Mary Nogueira
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2012
Pai Rubens Saraceni Firmeza De Preto Velho No Cemitério
M
uitos médiuns e dirigentes de Umbanda acreditam que basta incorporar seus guias para que eles comecem a trabalhar no atendimento às pessoas que vão aos centros em busca de auxílio. Mas isto não é verdade e, antes de um médium começar a dar atendimento, ele deve firmar seus guias nos seus campos de atuação, sob a irradiação dos orixás que os regem e sustentam seus trabalhos. Mesmo que um médium já esteja incorporando muito bem seus guias, ainda assim é preciso que ele firme todos os seus guias, antes de começar a dar passes e consultas e, em hipótese alguma, deve deixar para depois estes procedimento básicos e indispensáveis a um bom trabalho de atendimento às pessoas necessitadas. Sim! Sem estar com todas as suas forças espirituais muito bem identificadas e firmadas em seus campos vibratórios, de já terem seus colares ou guias de trabalho cruzadas e consagradas, de já terem riscado seus pontos de firmeza, não se deve permitir a um médium novo que dê atendimento às pessoas dentro de um centro. E isto, por duas razões: 1ª- Só com as forças devidamente firmadas, elas poderão fazer um bom trabalho para os necessitados, porque contarão com a cobertura dos orixás que regem o campo em que atuam. 2ª- Só com suas forças espirituais bem firmadas, um médium pode mexer com certas forças que entram com as pessoas que precisam ser ajudadas. Se dou esse alerta é porque já estou cansado de ver médiuns ficar 1, 2, 3 anos frequentando os centros, girando e ajudando os trabalhos, sem que tenham ido à natureza firmar corretamente as suas forças espirituais, que querem trabalhar, mas
não podem mexer com coisas pesadas, porque seus médiuns não têm o preparo necessário. Durante o desenvolvimento, sem pressa e só após o guia se identificar, é dever, é obrigação do médium firmá-lo em seu campo vibratório na natureza e fazer bem feita essa firmeza, dando ao guia os recursos necessários para que ele tenha meios de ajudar as pessoas necessitadas. Mas não adianta só ir à natureza e dar uma oferenda ao guia que tudo estará resolvido. Não mesmo! É preciso que a firmeza seja feita dentro de certos procedimentos, para que tenha validade. Procedimentos para firmar a força de um Preto Velho (a) no Campo Santo: 1º - Adquirir todos os elementos necessários: -(comidas e bebidas de preto velho), velas e flores de crisântemos brancos. Comidas: bolo de fubá, arroz doce, canjica, pipocas estouradas e sem sal. Bebidas: Café, agua, vinho licoroso branco, agua de côco, sempre em acordo com o que ele pedir ou intuir ao seu médium. Velas: - 7 velas brancas para o círculo da oferenda. Mais uma vela branca para o Pai Obaluaiê, 1 vermelha para o Pai Ogum Megê, 1 amarela para a Mãe Iansã que deverão ser acesas em triângulo,( antes de se fazer a oferenda ao Preto Velho), na frente do cruzeiro das almas e, dentro dele, o médium deve colocar uma vela branca para si e pedir a benção e a proteção destes orixás. 2º - Após firmar os orixás em triângulo, o médium os saúda, pede-lhes a benção e a proteção. Depois pede licença para firmar seu Preto Velho no Campo Santo. 3º - Depois recua 7 passos largos para trás, dando o primeiro com o pé direito e, no sétimo,
Sem folha não há Orixá
N
Obs. O médium deve pedir licença na porteira para entrar e para sair do Campo Santo e sua firmeza deve ser feita com respeito, reverência e muito amor no coração, pois é um ritual sagrado de Umbanda essa firmeza de forças e, assim como ele é necessário, ele também trará inúmeros benefícios para o médium que o fizer. Rubens Saraceni
Cana-do-brejo
esta edição, dedicamos este espaço a uma planta muito utilizada na nossa Umbanda: a cana-do-brejo. Cientificamente denominada de Costus spicatus e popularmente conhecida também como caatinga, cana-branca, jacuanga, pacová, jacuanga, cana-do-mato, jacuacanga, paco-caatinga, periná, ubacaia, ubacayá, esta planta tem origem no Brasil e aparece normalmente em brejos (terrenos pantanosos onde cresce mato). No passado, a canado-brejo era utilizada pelos indígenas, para saciar a sede e como emplastros para as dores, edemas e contusões. CARACTERÍSTICAS: planta herbácea de haste ereta, pode atingir até 2 metros de altura. Possui folhas alternadas, longas, invaginantes, verde-escuras, com bainha pilosa e avermelhada na margem. As suas flores são de cor rosa, com bordas brancas, tubulares e por dentro amarelas. CULTIVO: a cana-do-brejo é uma planta que não tolera temperaturas muito baixas. Normalmente é plantada em canteiros a pleno sol, com terra rica em matéria orgânica, que deve ser renovada a cada 2 anos. Multiplica-se facilmente por divisão dos rizomas. MEIOS DE UTILIZAÇÃO: · Uso Interno: chá · Uso Externo: emplastro INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: a cana-do-brejo é utilizada no www.umbanda.pt
ajoelha, cruza o solo com a mão direita, saúda seu Preto Velho ou sua Preta Velha, e lhe pede licença para firmar ali, diante do Cruzeiro das Almas, a sua força. 4º - A seguir, pega os elementos e começa a fazer a firmeza: - acende as velas brancas em círculo, coloca um pedaço de pano branco sobre o solo e deposita em cima dele um alguidar ou um prato de papelão com as pipocas, cruza-as com o mel; a seguir coloca os ramos de crisântemos brancos entre as velas, e com as flores viradas para o lado de fora do círculo de velas; a seguir, coloca as comidas e as bebidas ao redor do alguidar, com cada um dos elementos, acondicionado dentro de um recipiente adequado e biodegradável. (Os vasilhames usados para levá-los devem ser recolhidos pelo medium). 5 – Após fazer a firmeza, o médium deve cantar pontos ao seu Preto Velho (a) ou fazer uma oração, pedindo-lhe que firme suas forças no Campo Santo, para que possa, já firmado, incorporar no Centro e fazer a caridade espiritual, ajudando os necessitados. 6- Caso o Preto Velho incorpore, o cambone ou a pessoa que está acompanhando deve atendê-lo, conversar com ele e servi-lo com o que ele pedir. 7- Depois, o médium dever pedir a benção e o axé dele, dar 7 passos para trás e se retirar.
tratamento das seguintes patologias: infeções renais, albuminúria, arteriosclerose, pedras na bexiga e infeções da bexiga; cistite com dores e dificuldade de urinar, diabetes, disúria, amenorreia, febre, gonorréia, hidropisia, inflamação dos rins, insuficiência cardíaca, leucorréia, micção sanguinolenta, picada de inseto, reumatismo e sífilis, PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: esta planta é considerada anti-inflamatória, antidiabética, anti-reumática, depurativa, diurética, diaforética, restabelece a menstruação, sudorífera e tónica. CONTRA INDICAÇÕES: deve evitar-se o uso prolongado e em caso de gravidez não deve ser utilizada. Fontes:http://plantamed.com.br/ plantaservas/especies/Costus_spicatus. htm http://www.plantasquecuram.co m.br/ervas/cana-do-brejo.html http://www.webartigos.com/arti gos/plantas-medicinais/76605/ http://www.facavocemesmo.net /cultivo-de-plantas-cana-do-brejo/
Leonel Lusquinhos www.atupo.com