Fundamento Jornal Umbandista Português
5600 9101
1 0 0 0 6
Distribuição Gratuita | Setembro | Outubro | 2010 | Nº 006
Barracão de Xangô
O Diamante
Inauguração da nova sede
Em busca da felicidade
Pai Ortiz Belo de Souza Fundador da Ordem Iniciática dos Portais de Libertação
02 |
Fundamento Jornal Umbandista Português
09 | 10 | 2010
Índice
Palavra do Dirigente
Palavra do Dirigente
02
«Palavras de EXÚ»
Histórias da ATUPO «O Diamante»
02 03
Reportagem
04
«A Escrita Mágica!»
05
Entrevista
06
Pai Ortiz Belo de Souza «Fundador da Ordem Iniciática dos Portais de Libertação.»
Umbanda no Mundo
07
«Inauguração da nova sede do Barracão de Xangô»
07
Uma Lenda «Orixalá cria o Mundo Obatalá cria o Homem»
Doutrina de Umbanda «A Família de Santo»
08
Ponto Cantado
08
«Vou fazer um pedido a Oxalá»
Sem folha não há Orixá «A Camomila»
08
Saudações a todos! Tivemos no mês passado uma festa em homenagem a Exu! Fez-me lembrar como estas entidades ainda hoje, com tanta informação, são mal compreendidas. Mas reparamos que a própria comunidade umbandista acaba por cometer erros, desde continuarem usando imagens de Exus e Pombas Giras que provocam ainda mais essa falta de compreensão, filmes no Youtube com giras de “Exus” que mais parecem verdadeiros filmes de terror ou desfiles de moda...Vamos cultuar a força de nossos queridos Exus e Pomba Giras na sua essência divina e no que eles têm para nos passar, e não no seu aspecto exterior! Afinal, a nossa religião trabalha o nosso Ser interior! Deixo um texto que recebi por mail e escrito por autor desconhecido:
Palavras de EXÚ “ Muitos dizem para nossos cavalos que Exú precisa de “um agrado” para que possa ajudar e dar caminho material. Porque não perguntam a nós, quando estamos incorporados em nossos cavalos? Como esses que fazem tal afirmação podem saber o que quer ou precisa a entidade do seu irmão de terreiro? Nós é que falamos aos nossos cavalos o que precisamos e o que não precisamos, pois esse é um trabalho entre médium e entidade. Procuramos nossa evolução para alcançarmos a Luz Maior e para isso precisamos cumprir nossa tarefa no astral e em terra ,quando trabalhamos com nossos escolhidos. Permitam, chefes de terreiro, zeladores, comandantes que façamos o que nos foi incumbido, mas para que isso aconteça, precisamos de médiuns sérios, que nos respeitem e nos deixem trabalhar dentro das leis que regem a Umbanda! Precisamos de médiuns inteiros, que não nos usem para falar coisas sem fundamentos ou fiquem a devanear em nome de Exú. Cavalos, aquietem seus corpos e suas mentes para que possamos, por seu intermédio, passar as mensagens e assim realizar nosso verdadeiro trabalho dentro da Umbanda. Não se preocupem com nomes, que tipo de marafo ou “roupa” que iremos usar, pois isso acontecerá dentro do tempo correto, mas lembrem-se de sentir no âmago de seus corações a vibração que emitimos, pois se não souberem a diferença vibratória entre um Exú da lei de Umbanda e um Kiumba se fazendo passar por um, então ainda não estão preparados para o real e verdadeiro trabalho.” Um Exú trabalhando para alcançar a Luz Maior
Pai Cláudio d´Oxalá
Nota aos nossos leitores! Depois de uma pausa involuntária de alguns meses, eis-nos de volta com uma nova imagem, um novo grafismo e cheios de energia para continuar a divulgar a nossa querida Umbanda e acreditando que a partilha do conhecimento é essencial ao crescimento de todos nós! Agradecemos a todos os que nos apoiam nesta nossa caminhada!
Ficha Técnica
Fundamento Jornal Umbandista Português
Propriedade da
Director do Jornal Cláudio Ferreira
Mary Nogueira Leonel Lusquinhos Lara Conceição Vitorino Camelo
Director de Conteúdos Cláudio Ferreira
Revisão Mary Nogueira
Equipa técnica:
Director Comercial Frederico Castro Chefe de Redacção Fernando Silva Redacção Cláudio Ferreira Bernardo Cruz Paula Fernandes Márcia Fernandes Frederico Castro
www.umbanda.pt
Edição Gráfica e Fotografia Paulo Fernandes Bernardo Cruz Miguel Faria Fernando Silva Contacto fundamento@atupo.com
Histórias da A.T.U.P.O.
O Diamante «Se virmos a felicidade como um diamante, até que ponto a nossa felicidade é dependente de encontrar um diamante perfeito?»
P
orque será que muitos de nós, quando questionados pelos nossos queridos guias quanto àquilo que precisamos, respondemos que queremos ser felizes? O que é isso da Felicidade, como podemos ser felizes? Será que felicidade para mim é o mesmo que para ti ou para ele? Será a felicidade algo que possa ser conquistado, ou, será, por outro lado, um estado de espírito? Será que, para sermos felizes, temos que ter tudo conforme nós queremos ou ambicionamos, ou será tudo isto uma ilusão e ser feliz é tão simples quanto viver com tudo aquilo que temos... vitórias, derrotas, conquistas e perdas, sempre ambicionando ser um pouco melhor, seja no trabalho, família e amigos, sociedade, etc... Ou, por outro lado, devemos nunca nos contentarmos com aquilo que temos e sermos ambiciosos?
Há pouco tempo atrás, alguém muito querido, o nosso amado Pai, o Baiano Pé-de-Vento, disse: “Se virmos a felicidade como um diamante, até que ponto a nossa felicidade é dependente de encontrar um diamante perfeito? Porque muitos de nós passam grande parte da vida em busca do brilho e perfeição do diamante? Não terá o diamante a mesma origem que todas as outras pedras? Não tem ele, em bruto, o mesmo aspecto que as outras pedras? Já repararam que o diamante só brilha porque tem uma fonte de luz (neste caso, o Sol)? Porquê então procurar a perfeição se, muitas vezes, ela advém do trabalho de outra pessoa? E o brilho, ele só existe quando tem luz, pois, sem ela, torna-se baço e sem cor, significando que depende mais uma vez de terceiros.” www.atupo.com
Fundamento | 03 Jornal Umbandista Português
006
«muitas vezes podemos encontrar o nosso diamante onde menos esperamos»
“Era uma vez dois rapazes, Moa e Alli, de uma aldeia distante, em África, terra de grandes riquezas naturais! Estes dois jovens estavam na idade de participar do rito de passagem, que os tornaria “aos olhos da aldeia” em adultos e capazes de constituir uma família. Eles estavam bastante entusiasmados, eram jovens guerreiros que se preparavam para as maiores provas físicas e adversidades! Chegou por fim o grande dia e o Xamã disse-lhes que teriam 7 dias, por sua conta e risco, para procurar e trazer uma daquelas pedras magníficas que o branco tanto procurava nas suas terras. Eles sabiam de um lugar, a quatro dias de viagem, onde poderiam e n c o n t r a r o “ D i a m a n t e ”, m a s n u n c a conseguiriam chegar a tempo à aldeia, a não ser que fosse em corrida, sem tempo para descansar e caçar. Então, Moa e Alli começaram suas jornadas, que lhes trariam a hipótese de escolher uma boa mulher, ter o seu canto, poder caçar sozinhos e assim poderem constituir e sustentar uma família. No primeiro dia, andaram muito, quase não pararam para comer e descansar. A meio do segundo dia, Alli parou para descansar e comer alguma coisa. Por sua vez, Moa recusou-se a parar, queria alcançar a sua “felicidade” o mais rapidamente possivel, além de que, se estivessem sempre a parar, nunca conseguiriam cumprir a tarefa a tempo. Assim, despediu-se do amigo e continuou. Alli ficou muito triste e pensativo, pois acreditava que não conseguiria acabar o ritual com sucesso. No entanto, precisava alimentar-se para aguentar a caminhada. Enquanto comia, deliciava-se a olhar para tudo à sua volta e acreditava que vivia no sítio mais bonito do mundo, observou umas plantas muito raras e utilizadas para curar doenças de pele; viu também umas pedras brancas bastantes sujas mas que, depois de www.umbanda.pt
lavadas, ficariam lindas numa fita de couro pendurada ao pescoço. Então, pegou e guardou algumas. Continuou a caminhar, parando sempre que possível para descansar um pouco e conhecer locais novos, magníficos para caçar, pois um dia mais tarde poderia vir a precisar. Moa continuou a sua caminhada sem parar. Enquanto andava, também comia, já que poderia fazer as duas coisas ao mesmo tempo e sonhava com o dia em que traria a pedra para a aldeia e o ritual ficaria cumprido. Aí, seria muito feliz, pois poderia ter o que sempre sonhou. No inicio do terceiro dia, Moa estava, apesar de esgotado, muito animado, pois faltava muito pouco para chegar ao local das pedras. No entanto, precisava de acelerar o passo. Nessa noite, Alli não dormiu, pois sabia que nunca iria conseguir chegar a tempo de levar a pedra para a aldeia, apesar de estar apenas a um pouco mais de metade do caminho. De manhã, quando o sol nasceu, teve a certeza de que tinha que voltar para aldeia mas, apesar de não ter a tarefa cumprida, estava feliz, pois tinha encontrado locais magníficos, com fartura de caça e observado coisas que não sabia existirem na sua linda terra. Talvez ainda não fosse tempo de casar e viver sozinho e além disso encontrara uma série de preciosidades, umas quantas pedras muito bonitas que, depois de trabalhadas, iriam fazer as delícias das mulheres da aldeia, um local bem preparado para acolher a sua familia, onde a caça nunca iria faltar. No sétimo dia, a aldeia estava em furor, os preparativos para o ritual estavam quase prontos, esperando a chegada dos seus dois guerreiros. Quando o sol já ia alto, viram o Alli chegar. Trazia alguns animais a tiracolo, para serem cozinhados para a festa. O Xamã cumprimentou-o e ele pediu-lhe desculpa pela decepção que lhe iria causar, mas não tinha
conseguido terminar a busca. Ficaram aguardar a chegada de Moa, que aconteceu quando a Lua já ia alta. Este estava bastante cansado, mas vinha entusiasmado. Quando o Xamã os chamou, toda a aldeia estava atenta. O Xamã pediu para eles entregarem as pedras pedidas para o ritual. Moa retirou algumas, pois, segundo ele, não tinha bem a certeza de qual se tratava já que eram todas semelhantes. O Alli disse que não tinha nada para apresentar, pois não conseguiu chegar ao local. O Xamã confirmou a entrega do diamante de Moa e que poderia tomar parte do rito de passagem. Além disso, perguntou a ambos o que tinham “ganho” com aquela tarefa. O Moa falou e chegou à conclusão que nada tinha ganho a não ser trazer o diamante a tempo para a aldeia pois nada se interpôs à sua viagem. Então, o Xamã elogiou a sua persistência e concentração para alcançar o objectivo. Depois perguntou a Alli, e ele respondeu que, além de ter visto locais magníficos para viver, também conheceu sítios onde a caça abundava e encontrou plantas curativas, assim como umas bonitas pedras pelo caminho, que tinha trazido para as mulheres da aldeia se enfeitarem. O Xamã riu quando as viu e disse: “ - tu também podes fazer o ritual, pois cumpriste a tua tarefa! Estas pedras também são diamantes, embora não pareçam, pois estão misturadas com outras, sujas e não trabalhadas! O mais importante, nesta tarefa, como em tudo na nossa vida, é conseguir procurar melhorar e ser feliz, sem, no entanto, deixar de prestar atenção ao que nos rodeia e dar valor àquilo que já temos, pois muitas vezes podemos encontrar o nosso diamante onde menos esperamos, e o brilho e a perfeição poderão ser alcançados com algum trabalho e dedicação.” Assim como nos ensina a história, muitas vezes perdemos muito tempo e energia à procura do mais difícil e mais belo, e, quando o conseguimos alcançar, nem sequer o sabemos distinguir do restante. Por outro lado, se prestarmos atenção à nossa volta, podemos encontrar o nosso diamante ali mesmo, pertinho, e tudo o que temos de fazer é trabalhálo e lapidá-lo para que ele possa reflectir, em pleno, a luz do sol. Pois ele só irá brilhar, se tiver luz para o fazer ficar mais bonito. Sem Sol, é mais uma pedra, tão comum como todas as outras. Para o nosso diamante brilhar, depende do nosso trabalho (lapidar) e do nosso amor (luz) para que ele se torne uma das coisas mais belas deste mundo. Por isso peço-vos: Olhem em volta, continuem a procurar melhorar mas sem deixar de ver e apreciar aquilo que já têm, procurem trabalhar as pedras do vosso caminho para que elas possam brilhar e assim reflectir a luz do universo. Não se deixem cegar pelo brilho do diamante perfeito, sem pensar no que ele sofreu para chegar até ali; quantas vezes teve de ser partido, lavado e trabalhado. Assim é com a felicidade! Não deixem de procurá-la nunca, mas não se esqueçam do que já têm para poderem ser felizes e, que, bem trabalhado (lapidação) e muito amado (sol) poderá transformar-se no mais perfeito diamante do universo! M.F. www.atupo.com
04 |
Fundamento Jornal Umbandista Português
Reportagem
N
A Escrita ligação da escrita com os Deuses e com os seus rituais. Os faraós eram considerados Deuses vivos. Acreditava-se que estes governantes eram filhos directos do Deus Osíris, portanto agiam como intermediários entre os Deuses e a população Egípcia. Ainda em vida, o Faraó começava a construir a sua pirâmide, devendo preparar o túmulo para o seu corpo. Este povo, acreditando na vida após a morte, utilizava a pirâmide para guardar, em segurança, o corpo mumificado do Faraó e os seus tesouros. No sarcófago era colocado também o livro dos mortos, onde constavam todas as acções positivas que o Faraó fez em vida. Esta espécie de biografia era importante, pois os Egípcios acreditavam que Osíris (Deus dos mortos) iria utilizá-la no seu julgamento final. A escrita foi, neste e noutros aspectos, de importância fundamental para este povo, permitindo a divulgação de ideias e uma comunicação elaborada e eficaz. Existiam duas formas principais de escrita: as escritas demóticas (mais simplificadas e usadas para assuntos do quotidiano) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As outras formas de escrita gravavam textos mais vulgares; os hieróglifos, tais como as diferentes esculturas e monumentos, aspiravam à eternidade. Os templos, as colunas e os obeliscos Egípcios, são livros abertos para quem os saiba ler. A Escrita Hieroglífica deriva da composição de duas palavras gregas – hiero «sagrado», e glyfus «escrita», traduzindo-se livremente como “inscrição sagrada”. Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais "sagrados". Esta escrita constitui, provavelmente, o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo, e era vocacionada, principalmente, para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Outra civilização que utilizava a escrita hieroglífica era a civilização Maia. Além de constituir uma forma de comunicação entre os Maias, a escrita também tinha um vínculo religioso. Estes acreditavam que a escrita era um presente dos deuses e, por isso, deveria ser ensinada a uma parcela privilegiada da população. De um modo geral, utilizavam diferentes materiais para o registo de alguma informação, tais como pedras, madeira, papel e cerâmica. O sistema de escrita Maia (geralmente chamada hieroglífica por uma vaga semelhança com a escrita do antigo Egipto, com o qual não se relaciona) era uma combinação de símbolos fonéticos e ideogramas. Outro ponto fundamental demonstrativo da
importância da escrita é a história do povo Hebreu na qual os Dez Mandamentos ou o Decálogo, nome dado ao conjunto de leis que, segundo a Bíblia, teriam sido originalmente escritas por Deus em tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés (as Tábuas da Lei). Foram várias as civilizações em que, ao longo da sua história, a escrita representou um papel importante no seu crescimento e principalmente como meio de ligação ao Divino. A escrita sagrada dos Druidas – a escrita Rúnica - não se sabe exactamente como surgiu ou como foi criada; no entanto, existem registos de descobertas arqueológicas que datam de 1.300 a.C. As descobertas que mais se destacaram abrangem um período que se estende de 200 a.C até o final da Idade Média, desde a Islândia até a Roménia, do Báltico ao Mediterrâneo. Os Druidas dominavam quase todas as áreas do conhecimento humano. Cultivavam a música, a poesia, tinham notáveis conhecimentos de medicina natural, de fitoterapia, de agricultura e astronomia, e possuíam um avançado sistema filosófico muito semelhante ao dos neoplatônicos. O povo celta tinha uma tradição eminentemente oral, não fazendo uso da escrita para transmitir seus conhecimentos fundamentais, embora possuíssem a escrita Rúnica. As Runas eram identificadas como símbolos sagrados gravados ou talhados em metal, osso, pedra e couro. Mesmo não usando a escrita para gravar seus conhecimentos, eles possuíam suficiente sabedoria a ponto de influenciarem outros povos e assim marcar profundamente a literatura da época, criando uma espécie de aura de mistério e misticismo que perdura até hoje. Também devido a esse facto as Runas - consistindo em símbolos com palavras que os denominam, e sons equivalentes – passaram a ser utilizadas para propósitos mágicos, em jeito de codificação de evocações magísticas, conhecidas apenas por alguns. As combinações alfanuméricas, devidamente utilizadas, serviam diversos trabalhos, das curas às maldições. Dentro da perspectiva mitológico/sagrada, o surgimento das Runas é atribuído à Odin, a divindade máxima do panteão nórdico. À semelhança de como muitos xamãs
Apoios
a sua origem, o Homem utilizou a escrita e o desenho como meio de expressão e de comunicação para consigo e com os seus semelhantes. Actos de admiração, valentia, luta, transformação, caça, louvação... Todos estes aspectos o Homem transformava em algo visível para que pudesse cultuar seus actos ou cultuar os seus Deuses. Através deste tipo de representação, trocava mensagens, passava ideias e transmitia os seus desejos, as suas necessidades e os seus temores. A origem da escrita surgiu assim no início da nossa caminhada – a pré-história. Ao longo dos tempos, a escrita foi-se desenvolvendo e transformando mediante o crescimento de cada povo, de cada ser. A escrita manteve a sua forma de meio de comunicação e expressão de conhecimento ao longo dos séculos, pois nos seus inícios a escrita teve uma conexão com o mágico, o espiritual, com os Deuses e com o Divino. A escrita usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos seus templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objecto representado expressava uma ideia. Os sumérios e mais tarde, os babilónicos e os assírios fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme ( foi desenvolvida pelos sumérios e é a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objectos em formato de cunha. Fonte: Wikipédia). Mais tarde, os sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma relação com o objecto representado. As convenções eram conhecidas pelos encarregados da linguagem culta, que procuraram representar os sons da fala humana, isto é, cada sinal representando um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milénio a.C., já era utilizada nos registos de textos religiosos e rituais mágicos. A civilização Egípcia teve um grande poder na
09 | 10 | 2010 Setembro| Outubro | 2010
www.umbanda.pt
www.atupo.com
Fundamento | 05 Jornal Umbandista Português
006
Mágica A Escrita Mágica na Umbanda O ponto riscado O ponto riscado possui grande significado na liturgia Umbandista. O seu significado expande-se além das suas propriedades magísticas, na sua consagração há muito como “escrita mágica sagrada simbólica” (Saraceni, R.) Os pontos riscados, como símbolos magísticos, podem também evocar sinais expressos numa representação orientada para um determinado propósito ou para a própria trajectória humana, sendo muitas vezes usada a pemba*, pelos guias, por para poder riscar os seus pontos ou símbolos espirituais. São espaços cuja função é dada e orientada pela entidade. É também através do ponto riscado que os Caboclos, Pretos-Velhos ou Exus contam a sua história, a sua origem e passagens do mundo material e astral, e também no qual manifestam a sua identidade, diferenciada das demais, sendo o próprio estandarte da entidade.
cachaça), fundanga (pólvora) etc. Também é utilizado somente o gesto, sem matéria adicional, na intenção pretendida. Muitos dos símbolos sagrados são do conhecimento comum, como a Cruz, a Estrela de David ou de seis pontas, que os Umbandistas reconhecem como a estrela do equilíbrio, na força da justiça de Deus incorporada no Orixá Xangô, entre outros. Outros desses símbolos mágicos, activados no plano material, são desconhecidos e ainda carecem de classificação. No seio da comunidade Umbandista, as divergências de opiniões mantêm discussão prolongada sobre este tema. Vários dirigentes e autores, sem consenso na sua abordagem, diferem na leitura desses mesmos símbolos, catalogando e fazendo triagens próprias. Outrossim, a reprodução de símbolos e grafias idênticas encontram-se em diversas casas, países, até mesmo religiões. Certo é que, na transversalidade da Umbanda, se reconhecem símbolos riscados indicando mistérios que são propriedade ou capacidade de determinada entidade. Será ponderado não admitir conhecimento absoluto sobre o tema, também na perspectiva de uma aprendizagem contínua... "Usem bem os símbolos. Usem-nos mais e mais, e descobrir-se-ão num estágio onde já não precisarão deles. A mente humana consegue alcançar qualquer ponto do Universo imediatamente." Mikao Usui V.C. / F.C.
Compreendendo-o deste modo, o ponto riscado é um dos mais vigorosos meios magísticos utilizados na Umbanda, consistindo na sua base de um conjunto de símbolos feitos com pemba e agrupados de forma a movimentar energias e a criar campos de forças, ou como base de sustentação de alguns trabalhos. A variedade de funções que é sua propriedade é vasta; os pontos de descarrego tão sobejamente conhecidos; os pontos de firmeza, etc. Os pontos riscados com Pemba representam uma grafia de projecção astral; de símbolos que se *pemba – espécie de pequeno giz calcário em revestem de poder mágico, que a força do Orixá formato oval fabricado com diversos componenlhes confere. Criam genericamente uma espécie tes de campo energético, onde o instrumento utilizado pela entidade, a Pemba, manipula as forças da Natureza na afinidade com a entidade, na sua identificação e domínios, na prossecução do efeito desejado (dependendo também claramente do merecimento do consulente e do médium). São códigos vinculados ao mundo espiritual, no campo de acção de determinada falange de entidades. Quando são desenhados sem conhecimento de causa, acabam por “não projectar a sua grafia luminosa” (Lima, C.) e não passam de sinais inócuos, porque têm que ser movimentados pelo pensamento, assim como não basta ver um ponto num livro para riscá-lo sem o devido conhecimento, e sem as devidas consequências. Para um ponto riscado, além da Pemba, podem ser usadas outras substâncias, dependendo do trabalho a realizar, como a marafa (pinga ou
Apoios
ainda fazem nos dias de hoje, Odin submeteu-se a uma experiência de "retorno da morte", para alcançar uma espécie de "iluminação". Este estado de transcendência (por vezes conquistado por acaso em acidentes ou doenças que conduzem o indivíduo ao um limite da sua existência), na maioria das práticas xamânicas, rituais, transes profundos, ou danças sagradas é conduzido de forma categórica. Eram utilizadas nos processos oraculares, às práticas talismânicas e à manipulação de forças naturais e sobrenaturais. São inúmeros os registos arqueológicos de Runas cravadas em armas, batentes de portas e chifres utilizados como cálices, entre tantos outros objectos, o que confirma a fé dos povos setentrionais na protecção que estes símbolos ofereciam. Lendas e testemunhos históricos dos primeiros romanos em terras nórdicas revelam o uso destes vinte e quatro símbolos, na predição do futuro e nas tentativas, nem sempre felizes, de alterá-lo. Outro método que utiliza a escrita e os símbolos como pontos magísticos, com origem no Oriente, é o Reiki. Segundo os ensinamento s d o s m e s t re s , o Homem mantinha os seus canais de circulação de energia intactos, e os seus instintos básicos de sobrevivência de forma genuína, o que gerava um estado de felicidade e harmonia pleno. Com o desenvolvimento, fomos desligando a nossa ligação às origens e ficámos individualistas, enfraquecendo assim os canais de ligação com o Cosmo. Os símbolos do Reiki, em unificação, correspondendo aos cinco níveis da mente, permitiriam alcançar o caminho da iluminação, conhecido pelos budistas, por Nirvana. O uso original desses yantras (símbolos) não foi vocacionado originalmente para a cura material, mas para conduzir à iluminação da ajuda ao próximo. No entanto, associados esses símbolos a mantras (preces) e a mudras (na mimetização dos símbolos) foram descobertas novas potencialidades no que respeita à canalização de energia. A “Escrita Mágica”, de um modo geral, povoou desde tempos imemoriais praticamente todas as civilizações, mais ou menos eruditas. Este facto levou também a que alguns desses símbolos perdurassem até aos dias de hoje, sendo mesmo utilizados de forma corrente...
Rua D. Gonçalo Pereira, 75 - Cividade 4700-032 Braga - Tel. 253 261 021
www.umbanda.pt
www.atupo.com
06 |
Fundamento Jornal Umbandista Português
09 | 10 | 2010 Setembro| Outubro | 2010
Entrevista
Pai Ortiz Belo de Souza Fundador da Ordem Iniciática dos Portais de Libertação l Pai Ortiz, fale-nos um pouco sobre o seu
percurso espiritual e do momento em que desenvolve a Ordem Iniciática dos Portais da Libertação. Iníciei a minha vida espiritual muito cedo; ainda quando criança, frequentando cultos dos terreiros de Umbanda. O meu contacto com a mediunidade vem desde essa época, sendo que por volta dos dez anos realizei a minha primeira psicografia. Em relação á Ordem dos Portais da Libertação, esse traballho foi-me transmitido de forma canalizada (mediunicamente) em meados de 1999 e durante o ano de 2000. Desde então, o seu desenvolvimento e exposição tem sido feito através de informações que são passadas pelos Mestres dos Portais. A apresentação dos portais ao público foi feita, inicialmente, em 2003 através das iniciações para outras pessoas em formato de curso iniciático e, só depois, avançamos para a sua divulgação ao público em geral, de forma a permitir que outras pessoas, fora do campo religioso, tivessem acesso ao conhecimento dos mesmos. Pois a Ordem dos Portais, não se centra na religião mas sim no “ser” religioso, ou seja, todos podem fazer a sua iniciação na ordem, independentemente da sua religião ou crença. l E o que são “Os Portais de Libertação”?
Os Portais de Libertação pressupõem uma passagem, ou seja uma mudança de um ambiente para outro, actuam em aberturas dimensionais que, possibilitam as actuações nos diversos campos espirituais, em suas muitas dimensões, no meio humano, quer seja no físico ou no espiritual. A relação que temos com os portais dimensionais é muito mais próxima do que imaginamos, pois, quando qualquer "ser" entra em contacto com o Divino, seja através de orações, rituais, evocações, estamos interagindo directamente com os portais dimensionais, que servem de passagens para outras realidades da existência. Como? Em qualquer acção mental. Quando nos fixamos em um propósito firme, um desejo especial, seja material ou espiritual, entramos em contacto com as forças dimensionais em tempo real, e movimentaPois, são muitos os momentos em que interagimos com estes portais dimensionais.mos suas forças, que por seu tempo, nos enviam as energias magnéticas poderosíssimas transformando as nossas intenções em realidade. Convém referir que existe uma Teoria de Génese do Mistério Portais de Libertação,onde se explica a utilização dos elementos básicos que permitem fazer a sustentação da passagem pelos portais dimensionais que são os cristais, as pedras e os metais. As pedras e os cristais são “amálgamas de poderes da criação”, ou seja, são o elemento principal por ser o único que está em todo o universo. Trabalhamos ainda com ervas, que são agentes importantes para reabilitar vibrações, sejam das pessoas ou mesmo de um ambiente e,que através de banhos ou queimas, libertam os seus poderes curadores que, em
www.umbanda.pt
conjunto com os Mistérios dos Mestres e Guardiões dos Portais, actuam em diversas situações e, com o Poder ígneo, através das velas, potencializando o Poder de cada portal e liberando os simbolos sagrados dos mesmos, através da chama que ultrapassa as dimensões e planos espirituais. l Além deste trabalho, é também dirigente
espiritual de um templo de umbanda “A Ordem dos filhos de Aruanda” que além do atendimento espiritual, tem também como objectivo difundir os ensinamentos dos portais. Quer comentar? Na Ordem dos filhos de Aruanda, todos os filhos da casa têm a sua iniciação nos portais, pois permite ajudar no seu lado mediùnico, fortalecendo o médium em termos espirituais. Como? Nos mecanismos utilizados nos Portais de Libertação, as actuações são mediúnicas, e não só o poder mental actua quando direccionado, mas, todas as forças do iniciado nos mistérios dos Portais. Seus guias, seus mestres dos Portais, seus Guardiões, enfim, todas as forças permitidas, são utilizadas de forma segura e salutar. Quanto mais nos doamos actuando nos trabalhos dos Portais, mais nos iluminamos, pelas forças do Amor ao próximo, sejam aos irmãos encarnados ou desencarnados. Pois, neste mistério, tudo é espelhado, o que pedimos para o próximo, recebemos imediatamente em nossas vidas, desta forma, os iniciados estão sempre se beneficiando, sobretudo, porque os "grandes mestres", que actuam neste trabalho, jamais permitirão que ele venha a ser utilizado de forma deturpada. Gostava de comentar uma situação que tem acontecido com muita frequência, que é o seguinte: muitas pessoas após a sua iniciação nos portais acabam por enveredar pela Umbanda, bem como existem pessoas que já haviam frequentado a umbanda que, entretanto, deixaram, e que após a sua iniciação nos portais, retomam a religião. l Ainda em relação á Ordem Iniciática dos
Portais de Libertação, após os graus adquiridos mediante cursos e consagrações, existe uma hierarquia á qual dão seguimento os iniciados, tornando-se Cavaleiro da Ordem e, por sua vez o acesso aos Portais da Espada. Sim, dentro do nosso trabalho possuimos uma hierarquia que foi passada pelos Mestres sustentadores dos Mistérios. O trabalho é dividido em três níveis, que chamamos de módulos, sendo que todos os formados nos diversos níveis atingem o Grau de Cavaleiros da Ordem. Módulo I - Cavaleiro da Ordem - Servidor da Luz Módulo II - Cavaleiro da Ordem – Sub-Regente Módulo III – Cavaleiro da Ordem – Regente Degrau Máximo no Grau de Regente – Regente Mestre. O Grau de Regente dá a condição de utilização dos símbolos do mistério na sua totalidade. Ainda dentro do Grau de Regente temos: Regentes
Ministrantes e Regentes Mestres, Graus de especialização que são passados pelo RegenteAbsoluto. Ainda não temos nenhum regente Mestre, que é aquele que forma outros regentes, talvez no próximo ano forme um Regente Mestre. Regente – Absoluto: só existe um, que é o codificador do Mistério. Em relação á Ordem da Espada, a abertura dos mistérios das espadas é permitido pelos mestres espirituais dos Portais de Libertação. Que outorgam seus iniciados, na utilização deste poder, que está em cada ser, através dos seres espadados que nos acompanham. Nos portais de libertação, a espada é um simbolo de “pura libertação”, através das vibrações espadadas que tem o seu campo de acção nos portais. A espada fisica, para nós é encarada como um elemento de cura (aço/metal), que já havia falado antes, quando abordei os elementos básicos dos portais. l O seu trabalho, juntamente com a publicação
de vários livros, permitiu sua expansão, inclusivamente em Portugal. Exacto, neste momento temos um templo em Leiria, onde realizamos um trabalho de atendimento voluntário. Existem também alguns terapeutas que se utilizam das terapias dos portais de libertação nos seus atendimentos. Os responsáveis pela divulgação e expansão dos portais na Europa são os regentes Heldney Cals e Santiago Jr. l Entretanto, já foi publicado um outro livro
seu, “ Simbolos, Vórtices e Chaves” quer falarnos um pouco sobre o conteúdo do mesmo? Este livro, que foi lançado no dia 21 de Abril, referencia que tudo o que existe está ligado á simbologia. Os simbolos existem desde o inicio da criação, ou seja, tudo o que pensamos, falamos, gesticulamos é transformado em simbolos. Como tal, somos bombardeados diariamente por vários simbolos, sejam de ordem positiva ou negativa. Este livro traz elementos fundamentais para anular aspectos negativos em relação aos simbolos projectados por ódio, trabalhos de magias trevosas, por vibrações emocionais distorcidas, etc. Digamos que são ferramentas importantes para os trabalhos dos portais de libertação. Gostava de fazer uma observação, que é algo que me têm questionado acerca dos simbolos, que tem a ver com facto de não utilizar os simbolos antigos e a explicação é que os mesmos têm que ser actualizados, ou seja, modificados conforme a realidade e as vibrações que se vivenciam no momento em que estamos inseridos. Os simbolos antigos adequavam-se á realidade e vibrações da época. l Para terminar, gostaria de deixar uma
mensagem para os leitores do nosso Jornal? Gostava de aconselhar as pessoas a estudarem e a lerem, acerca da espiritualidade, pois o conhecimento é a base para a nossa evolução espiritual. P.F.
www.atupo.com
Fundamento | 07 Jornal Umbandista Português
006
Umbanda no Mundo
N
o passado dia 27 de Março de 2010, foi inaugurado o novo espaço de Culto Umbandista do “Barracão de Xangô” , dirigido por Pai Nuno de Xangô e já com alguns anos de vida. O “BARRACÃO de Xangô” presenteou-nos com um espaço acolhedor e com condições bem melhores para todos os umbandistas do sul de Portugal, mais concretamente os próximos de Lagoa, Algarve, onde este espaço se situa . Neste trabalho fizeram-se representar vários Templos sediados em Portugal, nomeadamente: Mãe Mónica de Oxumaré do Terreiro de Umbanda e Candomblé Mameto Dan Ejò Mogere; Pai Jomar de Ogum do Ilê Asé Omim Ogun; Pai Paulo de Iemanjá do Ilê Asé Omim Ogun; Pai Cláudio de Oxalá da ATUPO (Templo de Umbanda Pai Oxalá); Padrinho Paulo da ATUPO (Templo de Umbanda Pai Oxalá); Padrinho Bernardo da ATUPO (Templo de Umbanda Pai Oxalá); Pai Arnaldo do Ilê Axé Olibuxedo; Huanderson de Quebra-Pedras (Padrinho de Jurema) do Ilê Axé Olibuxedo. Foi um trabalho muito bonito com
Inauguração da nova sede do
Barracão de Xangô uma energia contagiante, onde a presença dos Caboclos, Baianos e Marujos contagiou a todos com boa disposição e alegria, criando assim a bênção perfeita a uma casa que esperemos que continue, por muitos e muitos anos, com o axé que possui. Resta-nos agradecer a Pai Nuno de Xangô e seus Filhos que nos receberam com especial carinho, simpatia e amizade, e desejar as maiores felicidades ao Barracão de Xangô. Que Oxalá vos guie sempre pelo c a m i n h o d o A m o r, Ve r d a d e , Humildade e Caridade. S ã o o s Vo t o s d o J O R N A L FUNDAMENTO! Salve a UMBANDA! Axé! L.C.
«Foi um trabalho muito bonito com uma energia contagiante»
Orixalá cria o Mundo | Obatalá cria o Homem Orixalá cria o Mundo No começo, o mundo era todo pantanoso e cheio de água, um lugar inóspito, sem nenhuma serventia. Acima dele havia o céu o Orum, onde viviam Olorum e todos os Orixás, que às vezes desciam para brincar nos pântanos insalubres. Desciam por teias de aranhas penduradas no vazio. Ainda não havia terra firme, nem o homem existia. Um dia Olorum chamou à sua presença Oxalá, o grande orixá. Disse-lhe que queria criar terra firme lá em baixo e pediu-lhe que realizasse tal tarefa. Para a missão, deu-lhe uma concha marinha com terra, uma pomba e uma galinha com pés de cinco dedos. Oxalá desceu ao pântano e depositou a terra da concha. Sobre a terra pôs a pomba e a galinha e ambas começaram a ciscar. Foram assim espalhando a terra que viera na concha até que terra firme se formou em toda a parte. Oxalá voltou a Olorum e relatou-lhe o sucedido. Olorum enviou um camaleão para inspeccionar a obra de Oxalá e ele não pode andar sobre o solo que ainda não era firme. O camaleão voltou dizendo que a terra era ampla mas ainda não suficientemente seca. Numa segunda viagem o camaleão trouxe a notícia de que a Terra era ampla e suficientemente sólida, podendo-se agora viver em sua superfície. O lugar mais tarde foi chamado de Ifé, que quer dizer ampla morada. Depois Olorum mandou Oxalá de volta a Terra para plantar árvores e dar alimentos e riquezas ao homem. E veio a chuva para regar as árvores. Foi assim que tudo começou. Foi ali, em Ifé, durante uma semana de quatro dias que Orixá Nlá criou o mundo e tudo o que existe nele. www.umbanda.pt
Uma Lenda
Obatalá cria o Homem (…) Mas a missão não estava ainda completa e Oludumare deu outra dádiva a Obatalá: a criação de todos os seres vivos que habitariam a Terra. E assim Obatalá criou todos os seres vivos e criou o homem e criou a mulher. Obatalá modelou em barro os seres humanos e o sopro de Olodumare os animou. O mundo agora se completara. E todos louvaram Obatalá. In "Mitologia dos Orixás"de Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras.
Esta lenda narra a história da criação do mundo e da humanidade: Olorum ( que é o Ser Supremo, Deus) incumbe a Oxalá a responsabilidade de criar a Terra. Depois da sua formação, estando ela pronta e em condições de acolher a vida humana, Oxalá recebe de Olorum (ou Olodumare) a tarefa sublime de criar o homem, a mulher, a humanidade. Oxalá é por isso o Orixá responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra, é o Pai da humanidade. É o Pai Maior, Criador e Pacificador, detentor da Luz espiritual, é a energia que cuida de todos os seres do planeta, de todos os homens. Oxalá é também a Luz Divina que irradia os seus raios sobre todos os Orixás. A sua cor é o branco, representando a pureza, a paz e no branco se inserem todas as cores, todos os raios todos os Orixás, que a Ele estão ligados. Não nos esqueçamos que o Seu principal atributo é a Fé, a Fé que nos liga ao Ser Supremo, ao Divino Criador. Então, o que seria de nós sem a Fé? O que seria do Amor sem a Fé? O que seria da Justiça sem a Fé? É ela que, ao vibrar em cada um de nós, nos permite evoluir, crescer espiritualmente, para que tenhamos êxito naquilo que queremos, naquilo que precisamos e para o qual lutamos. E que melhor exemplo de Fé do que Jesus Cristo, que se despojou dos seus bens, curou os doentes, estendeu a mão aos desamparados e venceu a morte? Por isso a Sua imagem está presente em todos os Templos de Umbanda e está associada a Oxalá. É a mesma energia, a centelha divina que existe em cada um de nós, estimulando a busca espiritual, através da religiosidade, da caridade e de amor ao próximo e por tudo aquilo que Oxalá criou, num acto de Inspiração e de Fé! M.N. www.atupo.com
08 |
Fundamento
09 | 10 | 2010
Doutrina de Umbanda
A Família-de-Santo
Q
uando os negros africanos foram levados para o Brasil para viverem como escravos nas fazendas dos senhores brancos, foram privados, não só da sua liberdade, mas também das suas raízes familiares, culturais e religiosas. A luta pela sobrevivência numa terra estranha, aliada à falta dos laços familiares e à necessidade de preservar a sua cultura, levou à integração de negros oriundos de diferentes etnias e regiões da África e, consequentemente, à fusão de culturas e cultos religiosos. Nasciam assim nas senzalas os primeiros cultos afro-brasileiros e com eles o conceito de família-de-Santo – a recriação da família p e rd i d a , t ã o i m p o r t a n t e p a ra a conservação dos costumes e valores das culturas africanas. A Umbanda herdou da sua raiz africana este conceito de família e é fundamental que todos os filhos-de-Santo compreendam a importância do mesmo.
Para que uma corrente mediúnica possa realizar, com sucesso, a missão que lhe foi confiada pelos Orixás, é necessário que existam sentimentos de amor, união e fraternidade entre os seus elementos. É essencial que todos se respeitem, sejam verdadeiros e honestos e sejam capazes de estender a mão ao irmão que está mais fraco e necessita de auxílio. Como diz o ditado “A união faz a força”! Por isso, se todos zelarem pela união da corrente, dificilmente surgirão elos fracos por onde ela se possa quebrar. Mas a família-deSanto não é apenas importante dentro do Templo de Umbanda. Aos olhos dos Orixás, somos todos irmãos e só uma família, na qual vibrem sentimentos de amor e união, poderá reflectir, tanto dentro como fora do Templo, os ensinamentos dos Guias espirituais e do nosso amado mestre Jesus! Que Oxalá abençoe a todos e à nossa amada Umbanda! B.C.
Ponto Cantado Eu vou fazer um pedido a Oxalá, Nossa Sr.ª entregue ao meu redentor Peça que mande mais um pouco de amor P'ra cobrir esse seu mundo que está chorando de dor A natureza pede p'ra sobreviver Quem sente sede compra água p'ra beber Quem sente fome não tem mais o que comer Seu nome é chamado em vão, ninguém sabe no que crê Diga que a cachoeira de Oxum secou Que as pedreiras de Xangô já foi quebrada Que os passarinhos não tem mais onde morar Pois, a mata de Oxóssi já foi toda derrubada Diga que a fé já não é mais infinita Na caridade as almas não acreditam Que os Orixás é usado p'ra riqueza Diga que não tem valor a força da natureza Pai tem piedade desses pobres filhos seus Que quer ser dono do reino dos Orixás Dono da terra, mata, rios e cachoeira Mas tudo isso aqui é seu, ninguém foi aí comprar
Sem folha não há Orixá
Mestre Pedro
A Camomila
Nesta 6ª edição do nosso jornal, a planta eleita é já bastante conhecida por todos, comum e de fácil acesso, uma vez que pode ser encontrada em vários locais. Trata-se da Camomila. Cientificamente denominada de Matricaria chamomilla L., a camomila tem como origem provável a Europa e América do Norte, onde é bastante comum nos jardins públicos, bermas dos caminhos e terrenos baldios. É uma das ervas mais antigas da humanidade que, devido ao seu intenso aroma, sempre despertou os povos para a descoberta das suas propriedades. Os antigos egípcios utilizavam o chá proveniente das flores para tratar uma doença semelhante à malária. Também era utilizada pelos gregos e romanos devido às suas propriedades medicinais, cosméticas, ornamentais e aromáticas. CARACTERÍSTICAS: A camomila é uma planta herbácea, com caule erecto e ramificado. As folhas são verdes, lisas na parte superior e recortadas em segmentos afilados. As flores são do tipo capitulo, bastante semelhantes às margaridas, apresentando centro amarelo e corola simples de pétalas brancas. A floração ocorre principalmente no período de primavera/verão. CULTIVO: deve ser cultivada a sol pleno, em solos férteis, bem drenados, desenvolvendo-se melhor em climas amenos, não tolerando o calor excessivo e possuindo grande capacidade de propagação. MEIOS DE UTILIZAÇÃO: l Uso Interno: Chá l Uso Externo: Banho, produtos de cosmética e óleos. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: a camomila está indicada para as seguintes situações: problemas digestivos, enjoos, prisão de ventre, flatulência, gastrites, insónias, reumatismo, dores musculares, inflamações da pele, queimaduras, cólicas, nervosismo, ansiedade, nevralgias e diarreia. PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: anti-inflamatória; anti-séptica; sedativa; anti-espasmódica; anti-alérgica; digestiva; laxante; cicatrizante; antibiótica e anti-oxidante. CONTRA INDICAÇÕES: não deve ser utilizada por quem se encontrara a realizar tratamento de radioterapia, uma vez que, como tem propriedades anti-oxidantes, impede a acção da radiação nas células malignas. L.L. Fontes: http://www.chi.pt/Extras/plantas_medicinais/camomila.htm | http://pt.wikipedia.org/wiki/Camomila-vulgar | http://www.floresnaweb.com/dicionario.php?id=66 http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A01camomila.html | http://www.astral.oxigenio.com/jardim_aromatico/jardim_camomila.htm
www.umbanda.pt
www.atupo.com