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apresentação e motivação pessoal
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_trajetória até o tema
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apresentação e motivação pessoal
O interesse pelo estudo da centralidade em Bauru, se deu inicialmente pela curiosidade em abordar um ambiente emblemático e histórico da cidade em que cresci e habitei durante minha vida. O centro foi um lugar em que estive como consumidora e também por meio da vivência nos arredores da loja do meu pai. Desde cedo, me recordo de frequentar o Calçadão da Batista. O Calçadão é quase como uma metonímia do próprio centro, um elemento marcante da paisagem da área central e eixo principal do comércio e serviço na cidade de Bauru.
Estive ali desde cedo com meus pais em busca de produtos mais baratos do que aqueles encontrados em outras partes da cidade. As minhas primeiras impressões do centro foram: um lugar agitado, quente, diverso, de andar apressado e que me gerava um sentimento de insegurança, quando criança, e ainda hoje, sendo mulher. Por outro lado, vivenciei o espaço através do lojista. Venho de uma família que por gerações teve o comércio como fonte de renda. Meu bisavô fundou uma pequena mercearia em Botucatu (SP), meu avô até hoje mantém
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uma loja de rolamentos em Ourinhos (SP) e meu pai, que seguiu nesse mesmo segmento após mudar-se para Bauru (SP), mantém a loja de parafusos, que completa 25 anos. A loja encontra-se ao norte do centro, no limiar da linha férrea e é impactada diretamente pelas consequências da degradação da área. Presença marcante no centro de Bauru são os sujeitos em situação de rua que habitam esse espaço e que muitas vezes buscavam a loja como um ponto de refúgio, para beber um suco, conversar, descansar e até fugir de conflitos, resultando em diversas histórias engraçadas, porém tristes sobre esses eventos. Entretanto, a loja já sofreu com diversos furtos que são comuns na área, e são associadas as essas pessoas e a utilização de drogas, como o álcool e o crack.
Outro fator que marca a região são as edificações antigas, residências, galpões, edifícios públicos, hotéis e a estação. Por essa parte aprendi a me encantar principalmente depois de estudar Arquitetura e Urbanismo. Toda aquela gigantesca infraestrutura das ferrovias, com estilo eclético, art decó, ornamentos e os prédios modernistas encanta os olhos. Apesar de ter estudado no campus da UNESP de Presidente Prudente, o momento de Pandemia me reaproximou de Bauru. Disciplinas, principalmente as de projeto que mais sofreram com o distanciamento imposto pelo vírus, nos
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levaram explorar nosso entorno imediato e a cidade em que nos encontrávamos naquele momento de exceção. Naquele momento me lancei ao (re) conhecimento de Bauru, em seu sentido mais literal. Minha conhecida cidade de repente tornou-se um novo e complexo território, mudando a perspectiva de quem nunca havia olhado de cima, a partir de um mapa. Imediatamente voltei-me ao centro, pelos motivos citados acima e por mais simples curiosidade. Por essas e outras razões, dedico meu trabalho final de graduação ao estudo desse centro: complexo, diverso, histórico, democrático, segmentado, produtivo, estigmatizado. Espero colaborar com o assunto, trazer à tona a problemática e (quem sabe) fornecer material para transformação.