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ruídos
Apesar da potência cultural e histórica do Centro de Bauru, aos edifícios antigos e da estrutura ferroviária, é observado um gigante complexo de galpões, terrenos, edifícios, trilhos e maquinário sofrendo com as ações do tempo e sendo depredados, em uma cidade com múltiplas carências estruturais. Entre os mesmos que tem por dever fiscalizar os proprietários e aplicar sanções cabíveis, não há compromisso com as regras estabelecidas e consequentemente com a política urbana.
ruídos
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Um aspecto que repetidamente compareceu nas entrevistas, principalmente naquelas realizadas nas áreas mais próximas da linha férrea, foram os relatos de conflitos e o incômodo causados pelas disputas espaciais entre indivíduos em situação de rua, chamados pejorativamente de ‘’noias’’, e os comerciantes e prestadores de serviço. Os conflitos narrados são principalmente devido aos furtos de bens variados, de alto valor, como motocicletas, e até mesmo objetos cotidianos como as ferramentas, produtos da loja ou caixa de moedas que serviriam para o troco. Comparece também o incômodo perante ao lixo produzido pela população de rua, por descartarem seus objetos na linha férrea, e à importunação dos que pedem por comida ou dinheiro, afinal, algumas das vezes as sacolas de lixo são rasgadas em busca de objetos de valor.
Entretanto, o discurso perpassa retóricas de violência e culpabilização, atribuindo aos próprios indivíduos a causa pela situação em que se encontram. Atribuem suas condições ao fato de não desejarem buscar trabalho, ou por terem optado por uma vida mais ‘’fácil e cômoda’’ indo para as ruas. Quando
perguntado sobre os problemas da área, Fernando de 41 anos, comerciante e proprietário de uma loja de autopeças no centro há 22 anos, respondeu diretamente:
Só tem noia, noia e pedinte, o que mais tem, é horrível. Geralmente a gente ignora eles, porque brigar é pior. A prefeitura tá acolhendo um pessoal que nem é daqui, então eles dão café da manhã, dão almoço, dão janta. Até eu, se não tivesse emprego ia viver na rua, facilitou muito pra eles. Bauru está igual o Brasil, qualquer lixo abraça, essa é a questão.
Dos treze entrevistados, seis responderam que acreditaram que a
quantidade de pessoas em condições de vulnerabilidade havia aumentado, três afirmaram que não observaram mudanças, e o restante não soube responder à questão ou não foi indagado por não considerarem a situação um problema. Dentre eles, alguns, como Tatiana, que trabalha desde a infância em um camelô na Praça Rui Barbosa, atribuíram à pandemia de Covid-19 ao aumento no número de pessoas em situação de rua: ''Não tem melhora, com a pandemia piorou, pois, mais pessoas perderam o emprego’’.