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6. Considerações finais

6. Considerações finais

Como já havíamos trabalhado no ano anterior com os mesmos alunos, dentro da proposta da máscara expressiva e com elementos do teatro clássico, optei por começar o trabalho do pós-dramático aos poucos, trazendo elementos do Teatro que eles já conheciam para em seguida mostrar outras referências do que também poderia ser teatro, para criarmos novos significados. Por isso, usei termos como personagens e cena para que pudéssemos nos entender dentro da sala de aula, para, a partir daí, romper com os termos usados e dialogar acerca do que poderíamos fazer.

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Diante de todo o processo e vivência com os alunos e com a Mônica ao longo do percurso do primeiro semestre de 2016, pude compreender o trabalho como uma experiência valiosa para mim, futuro professor de Teatro. Lidar com as frustrações e expectativas não realizadas fez parte desse trabalho que teve como foco e importância, os alunos, estes que construíram o percurso e que puderam transformar o processo em algo potente.

Trabalhar algumas questões do teatro pós-dramático, rompendo com conceitos rígidos que os estudantes haviam fixado foi de extrema importância para construir o nosso trabalho. Além disso, as questões políticas atuais pediam urgência dentro da sala de aula, pois não dar atenção à atual situação política do país, que afetava as relações escolares diárias, não cabia a um processo que debatia o tempo e a identidade. Acredito que a arte tem o poder de fazer refletir, provocar e instigar a todos, formulando questões e perguntas com o intuito de romper conceitos, desestruturar padrões e colocar em voga discussões pertinentes.

Vale ressaltar ainda que a idade em que os alunos se encontravam, onze a treze anos, adentrando na puberdade, período pelo qual muitos estão em uma etapa de transformações devido a mudanças no próprio corpo; tornou-se um empecilho, algumas vezes, por colocar os alunos em uma posição de receio de se mostrar para outros colegas de outras salas dentro da escola. O medo da exposição barrou alguns alunos de se entregarem ao processo, porque talvez a construção de uma identidade, ainda fragilizada, poderia se colocar em risco a partir do olhar do outro15. Digo isso porque

15 Em variados momentos, ao longo do semestre, alguns alunos sempre me pediam para não apresentarmos para toda a escola, pois as meninas ou meninos dos quais alguns estudantes da sala

conhecia grande parte da turma por causa do trabalho feito em 2015, por isso percebi que alguns alunos que eram participativos e sempre se relacionavam bem com os jogos e as propostas teatrais, nesse ano se mostraram aquém das proposições e fizeram, muitas vezes, com um caráter de obrigação pelos pontos, isso porque ouvi mais de uma vez os alunos perguntarem se era obrigatório ter que fazer. Estar em relação e trazer esses alunos para o jogo foi um dos grandes desafios desse primeiro semestre de 2016, todas as dificuldades foram discutidas diariamente nos horários de projeto e nas reuniões do PIBID.

Diante de tudo o que foi feito, discutido, elaborado e produzido, sinto que o trabalho possibilitou a todos uma abertura que antes não existia, pois pudemos nos conhecer melhor a cada dia em que nos encontrávamos. Mesmo com todas as frustrações e expectativas, mais por ansiedade minha, posso perceber a importância desse trabalho para a minha formação e espero que também para a formação dos alunos. Estar inserido no PIBID, mesmo com todos os problemas que tivemos nesse ano, foi ímpar, pois esse projeto foi um divisor de águas na minha formação, uma vez que pude compreender a realidade de uma escola em conjunto aos estudos que eu desenvolvia nas aulas teóricas da faculdade.

Após o encerramento do processo, nesse momento de reflexão pós-aula, posso compreender tudo de forma mais clara, por exemplo, onde eu poderia ter dado mais foco, como eu poderia iniciar as aulas a fim de tornar as proposições mais compreensivas a todos e também em quais elementos dar ênfase. Sinto que às vezes falhei no modo de aliar prática e teoria na minha metodologia, porém, percebo que a minha formação como educador se dará em grande parte na vivência prática que terei a partir de então, por isso fico mais tranquilo e entendo que falhas podem ocorrer em todo processo e que a reflexão surge também para nos mostrar como trabalhar em um próximo momento.

Por fim, as inquietações que me motivaram a iniciar essa pesquisa continuam e novos questionamentos surgiram a partir dessa prática. Sinto, a partir do retorno que os alunos me deram e da discussão final, que os estudantes puderam enxergar outras

estavam interessados, poderiam ver e não gostar. Mesmo conversando bastante com todos, o receio da exposição impediu alguns alunos de se entregarem e estarem mais envolvidos com o processo.

possibilidades dentro do campo multiforme do teatro e que a partir de então, espero que eles possam se relacionar com a arte cênica através de uma visão mais ampliada e menos hegemônica.

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