Há 3000 anos atrás, num reino muito, muito colorido, vivia uma família da realeza que era muito alegre e unida. A Rainha Azul era uma mulher elegante, linda como o céu ao amanhecer e com uns cabelos ondulados que faziam lembrar as ondas do mar revolto. A sua beleza refletia-se no seu caráter, uma vez que era uma pessoa bondosa e generosa. Aquilo de que ela mais gostava eram as crianças e o seu maior desejo era ser mãe. O Rei Amarelo contrastava com a sua amada no aspeto físico, pois a sua antiga postura de guerreiro dera lugar a uma barriguinha proeminente, uma vez que substituiu as armas por belos banquetes e muitas tardes à roda da lareira, a descansar. Apesar de serem bastante diferentes, o rei e a rainha completavam-se e amavam-se acima de tudo. O desejo de ambos era completar a família e trazer ao mundo um descendente, um filho que nasceria daquelas almas que se amavam muito.
A boa nova chegou uns meses depois, porque a tão desejada criança estava para breve. Um Dragão, ao saber disso, começou a rondar o castelo, pois estava a enfraquecer e precisava de ganhar poder, que só conseguia alimentando-se de crianças. O Rei, apercebendo-se do perigo que o seu filho corria, recorreu ao seu amigo, o Velho Sábio, para o ajudar a combater o Dragão. Este prometeu ajudar o Rei, preparando uma poção que, no entanto, só funcionaria se o Rei estivesse disposto a dar a sua liberdade pela vida do filho; apenas desta forma poderia imobilizar o Dragão. Com o coração destroçado mas com muita coragem, o Rei aceita a proposta do Velho Sábio, prometendo não contar nada à sua esposa.
Chegou a primavera e com ela o nascimento do herdeiro ao trono. Mas afinal a alegria chegou a dobrar e o choro dos gémeos recém-nascidos encheu de alegria toda aquela ala do castelo. A aia da Rainha saiu apressada para procurar o Rei nos seus aposentos e dar-lhe a novidade. No entanto, o rei não se encontrava em parte nenhuma e mandaram os guardas reais procurá-lo por todo o reino. Procuraram durante dias e noites a fio mas o Rei desaparecera misteriosamente, sem deixar rasto. Entretanto, o Dragão aguardava ansiosamente o momento certo para se aproximar daquelas crianças, que lhe devolveriam a sua força.
Quando o Sábio soube do desaparecimento do Rei, começou a preparar uma armadilha para imobilizar o Dragão, como lhe prometera. Para isso, usou um boneco que perfumou com colónia de bebé e colocou a poção dentro deste, pondoo nos jardins do castelo. Atraído pelo cheiro, o Dragão aproximou-se do boneco e devorou-o. De barriga cheia, voltou para a sua gruta e decidiu fazer uma sesta. Mal ele sabia que o seu sono se prolongaria por muitos e longos anos.
Os anos passaram e os príncipes tiveram uma infância feliz, mas faltava-lhes o pai. Também o reino se ressentira da falta do seu Rei e as suas cores não estavam tão vivas como antes. À medida que as crianças iam crescendo, ia-se notando mais a sua cor verde, mistura do azul e do amarelo dos seus pais. Certo dia, numa das suas brincadeiras no meio do bosque, os dois príncipes verdes viram algo que brilhava por entre os arbustos. Aproximaram-se para ver o que era e descobriram uma coroa. Correram até ao castelo para ir ter com a mãe e mostrarlhe o que tinham encontrado. Espantada, as lágrimas vieram-lhe aos olhos porque percebeu que aquela coroa era a do seu amado. Confusos, os seus filhos perguntaram: - Mãe, porque estás a chorar? - É que esta coroa... - Mas o que é que tem de especial essa coroa? Estava perdida no bosque.... - Esta coroa é do vosso pai! Mas como veio aqui parar?
Os príncipes tentaram acalmar a Rainha, enquanto lhe explicavam como tinham encontrado a coroa. Sem saber o que fazer, a Rainha lembrou-se que, naquele momento, o seu melhor conselheiro seria o Velho Sábio. Então, no dia seguinte, a Rainha foi ter com o seu velho amigo e contou-lhe o sucedido. O Velho Sábio contou-lhe tudo o que se passou no dia do nascimento dos príncipes e a Rainha comoveu-se ao saber que o seu amado tinha dado a sua liberdade para salvar os seus filhos. Mas a Rainha ficou também a saber que o Dragão voltaria no dia em que os gémeos fizessem dezoito anos e que só havia uma forma de o deter e, ao mesmo tempo, fazer regressar o Rei: os príncipes teriam que matar o Dragão. Para isso, o Velho Sábio deu à rainha duas espadas: a Espada de Fogo e a Espada de Gelo, assim chamadas, exatamente porque uma lançava chamas de fogo e a outra setas de gelo.
No dia seguinte, a Rainha decidiu reunir a família para a informar da situação, com a presença do Velho Sábio. Quando os príncipes tomaram conhecimento da situação, ficaram com receio mas ao mesmo tempo emocionados. A coragem tomou conta deles porque podiam finalmente conhecer o seu pai mas, para isso, precisavam de preparação. A partir desse momento, os príncipes eram treinados pelo Velho Sábio, diariamente. O primeiro treino não correu como esperado porque os príncipes não eram suficientemente fortes para poder com as espadas e eram completamente controlados por elas.
Os anos foram passando e os príncipes estavam cada vez mais preparados. Tornaram-se grandes guerreiros e já dominavam as espadas na perfeição. O talento guerreiro do pai enquanto jovem refletia-se neles e já estavam prontos para lutar contra o Dragão. No último treino, o Velho Sábio dirigiu-se a eles e disse-lhes: - Amanhã será o grande dia! Vocês fazem dezoito anos e o Dragão acordará do seu sono profundo. A vossa coragem será então posta à prova e terão de o enfrentar. Durante toda a noite, os príncipes tiveram dificuldade em dormir porque estavam ansiosos por causa do combate que iriam travar com o Dragão, que lhes traria o seu pai de volta.
Na manhã seguinte, muito cedo, os príncipes foram até ao bosque à procura do Dragão e dirigiram-se à caverna que o Velho Sábio lhes tinha indicado. Mas o Dragão não estava lá...
De repente, o Dragão apareceu por detrás deles, assustando-os, porque fumegava furiosamente das narinas. E foi desta forma que o confronto épico começou! Apanhados desprevenidos, os príncipes viram-se rodeados de chamas. Estava a começar mal… Os príncipes já não interessavam ao Dragão como fonte de poder e força mas era uma questão de ajuste de contas o facto de conseguir vencê-los.
Um dos irmãos conseguiu, então, pegar na sua espada de gelo e apagar o fogo que se alastrava em seu redor e, desta forma, puderam escapar à raiva do Dragão. Também a espada de fogo entrou em ação e desta vez foi o Dragão que ficou cercado de chamas. Para ajudar o irmão, o outro gémeo disparou uma saraivada de setas de gelo na direção do Dragão, congelando-lhe as patas. O Dragão não se deu por vencido e tentou voar para escapar ao cerco, mas ao tentar fazê-lo, as chamas queimaram-lhe uma asa. Os príncipes estavam contentes por estarem a conseguir dominar o Dragão, no entanto este, mesmo ferido, conseguiu escapar e fugiu para a floresta. Os gémeos não desistiram e seguiram-lhe o rasto. Foram encontrá-lo refugiado no meio de uns arbustos, os mesmos onde tinham encontrado a coroa do seu pai. Este facto deu-lhes uma motivação extra e, apesar de também eles estarem feridos e exaustos, encurralaram o Dragão numa jaula de gelo, de onde ele não conseguia fugir porque estava demasiado cansado para cuspir fogo, a sua única arma.
O Velho Sábio apareceu, de repente, numa nuvem de fumo e, deparando-se com os gémeos quase sem fôlego, tentou motivá-los para cumprir o seu objetivo. - Príncipes deste reino colorido, não podem desistir do vosso pai. Têm que terminar esta luta, porque o nosso reino está a ficar sem cor. Os gémeos, desfalecidos, encheram-se de coragem, pegaram nas espadas, abriram a jaula e retomaram a luta com o Dragão. Junto a um precipício gigante, os príncipes uniram a força das suas espadas e dominaram o Dragão que acabou por desequilibrar-se e cair no vazio.
De repente, apareceu um esplêndido arco-íris, que devolveu toda a cor àquele reino. Os irmãos, muito cansados mas, ao mesmo tempo, muito motivados seguiram o Velho Sábio, que fez do arco-íris um caminho, que os levou até à caverna onde estava o Rei Amarelo, seu pai. Quando lá chegaram, o Rei, ensonado e confuso, reconheceu o Velho Sábio e perguntou-lhe quem eram aqueles jovens. Apesar de desconfiar, não queria acreditar que aquele sonho pudesse ter-se tornado realidade. O Velho Sábio confirmou que aqueles jovens eram os seus filhos e os responsáveis por aquele momento de tão grande alegria. Orgulhoso dos seus filhos, o Rei Amarelo abraçou-os emocionado e, mais feliz que nunca, disse que os amava.
Os príncipes, muito orgulhosos, disseram que também a mãe devia partilhar com eles aquela alegria. Voltaram todos para o Castelo, acompanhados do Velho Sábio, onde a mãe, que os esperava muito ansiosa, os recebeu em lágrimas e de braços abertos. A emoção tomou conta da família real e o próprio Velho Sábio deixou cair uma lágrima de orgulho por aquela família feliz, da qual ele, no fundo, fazia parte. O Reino voltou a ser colorido e alegre, o Rei Amarelo voltou ao trono, sempre acompanhado pela sua bela Rainha Azul e os Príncipes Verdes tornaram-se grandes guerreiros, como o seu pai.
Para comemorar o regresso da união daquela família, a aia preparou um belo banquete. Aquela data passou então a ser comemorada todos os anos em todo o reino. Para além disso, a Rainha anunciou que o Velho Sábio passaria, desse dia em diante, a viver com eles no Castelo. E viveram felizes para sempre!
Há três mil anos vivia uma família real muito feliz num reino colorido. Mas as coisas mudam quando o seu maior sonho se realiza: a família aumentou mas o rei desapareceu. No entanto, havia um obstáculo para a felicidade total daquela família: um terrível dragão ameaçava destruir todo aquele reino. O reino estava a perder a cor … Conseguirá aquela família vencer o dragão e recuperar a sua família? Um velho sábio poderá ser uma grande ajuda …
História infantil produzida e ilustrada por: 8ºB Externato António Sérgio - Beringel