O SEGREDO DE ESMERALDA
- PARABÉNS! – exclamaram todos ao mesmo tempo. Ao entrar no salão, Esmeralda mostra-se muito emocionada e não consegue esconder a sua alegria ao ver todas aquelas pessoas reunidas para comemorar o seu aniversário. Esmeralda fazia treze anos naquele dia. Ela era uma rapariga bonita e a sua simpatia fazia com que todos gostassem dela. Apesar de pertencer a uma família com muitas posses, ela era uma menina humilde e simples. Vivia com os pais e o avô num palacete que pertencera aos antepassados da família. O ambiente era de festa e reinava a descontração. Todos se divertiam, quer a dançar, quer a conversar.
De repente, o avô da Esmeralda, Francisco, pediu a atenção de todos os convidados e propôs fazer um brinde à aniversariante. Todos ergueram o copo e brindaram à sua neta. Depois de um discurso comovente, o avô, perante o olhar dos convidados, entregou uma pequena caixa a Esmeralda, que ela abriu com muita curiosidade. De dentro desta saiu uma caixa de música, que ela abriu com lágrimas nos olhos, porque esta pertencera à sua falecida avó e recordava-lhe os momentos de cumplicidade que ela vivera com os seus avós durante toda a sua infância. Esmeralda agradece ao avô aquele presente tão simbólico e aproveita também para agradecer a presença de todos os convidados, despedindo-se emocionadamente.
Terminada a festa, Esmeralda foi para o seu quarto e pegou na sua caixinha de música, abriu-a e recordou aqueles tempos de criança que passara com a avó. Ao dar à manivela para ouvir a música e ver a bailarina a girar lentamente, repara que alguma coisa a impede de rodar. Tenta forçar, mas sem sucesso. Para tentar solucionar o problema, abre a caixa e, ao fazê-lo, encontra algo inesperado: uma magnífica esmeralda, juntamente com um bilhete cuidadosamente dobrado. Curiosa, abre com muito cuidado o bilhete e rapidamente reconhece a caligrafia da sua avó. Esmeralda, impaciente, apressa-se a ler a misteriosa mensagem: Querida Esmeralda, Primeiro que tudo, quero desejar-te os parabéns. Sei que neste dia cumpres o teu 13º aniversário e, mesmo sem estar contigo, quero que saibas que estou sempre presente, desta vez através dessa linda caixa de música e, para todo o sempre, através dessa esmeralda que te deixo e que quero que guardes com todo o amor porque ela é a chave da história da nossa família. Não é por acaso que te chamas Esmeralda…
Esmeralda não queria acreditar no que os seus olhos viam, aquele era o fio que a avó usara durante toda a sua vida e que ela sempre admirou. E agora era dela... Ela apressou-se a pô-lo e foi ao espelho ver como lhe ficava, admirando a sua extraordinária beleza. - Mas o que é aquilo? – questiona-se Esmeralda Ela aproxima-se então do espelho e repara que há qualquer coisa estranha que lhe chama a atenção naquela pedra preciosa. Retira o fio e tenta perceber o que está gravado na esmeralda. Observa atentamente de todos os ângulos, mas não consegue decifrar o que significam aqueles caracteres. Volta a colocá-lo e, novamente frente ao espelho, repara que, desta forma, consegue perceber o que lá está gravado: «15/11/1976» que ela reconheceu como sendo a data da fundação da sua escola.
Com a inquietação, Esmeralda não conseguiu dormir durante toda a noite. Na manhã seguinte, correu para o quarto do avô. Bateu à porta mas como o avô não respondeu, desceu as escadas a correr para ver se o encontrava. A sua mãe disse-lhe, então, que o avô Francisco estava no jardim, no seu passeio matinal. Apressou-se a ir ter com ele e contou-lhe aquilo que se tinha passado mostrando-lhe a esmeralda e o bilhete, que o avô reconheceu de imediato. - Onde foste buscar essa esmeralda? – perguntou o avô surpreendido. - Estava dentro da caixa de música que me deste! – respondeu Esmeralda – Lembro-me perfeitamente dela mas não percebo por que motivo tem a data da fundação da nossa escola. - Como tu sabes, fui eu que fundei a escola e para marcar o início desse projeto, ofereci esta esmeralda à tua avó e, por isso, mandei fazer essa gravação. Esmeralda voltou para o quarto, mas a explicação do avô não lhe pareceu completamente esclarecedora.
Nessa manhã, quando chegou à escola, correu direito aos seus amigos para lhes contar sobre a esmeralda que a avó lhe deixara. Gonçalo, Miguel e Inês eram os grandes amigos de Esmeralda. Eram todos muito diferentes uns dos outros mas davam-se como irmãos, os irmãos que Esmeralda nunca teve. Gonçalo era um rapaz muito tímido e era fanático pela informática. O seu cabelo ruivo e as suas sardas davam-lhe um ar simpático. Miguel, o mais radical e popular do grupo, andava sempre de skate debaixo do braço. Era alto, loiro e tinha olhos azuis. A contrastar com este, a Inês era introvertida e escondia-se por detrás dos seus óculos. Esta era sobrinha da maquiavélica Amélia, atual diretora da escola frequentada por eles.
Os quatro amigos estavam a conversar num corredor da escola, junto a biblioteca e, como de costume, passou a diretora com o seu papagaio ao ombro. Esta reparou no fio que Esmeralda tinha na mão e o papagaio tentou tirar-lho. O grupo tentou afastar-se mais rapidamente possível e, ao passar junto à porta da biblioteca, a pedra preciosa brilhou. A biblioteca da escola estava fechada desde que a diretora Amélia substituíra o avô Francisco naquele cargo, que ocupado por este durante longos anos. Os amigos ficaram muito surpreendidos e durante todo o dia não falaram de mais nada e combinaram voltar àquele local no fim-de-semana, sendo que a Inês teria que conseguir a chave da escola, tirando-a do porta-chaves da sua tia.
O resto da semana custou a passar e, na sexta-feira seguinte, os jovens juntaram-se para voltar à biblioteca da escola e tentar descobrir aquele enigma. Assim que lá chegaram, a esmeralda voltou a brilhar e, surpreendentemente, a porta abriu-se. O grupo de amigos, com algum receio, entrou na biblioteca empoeirada. Ligaram as lanternas que levavam e começaram de imediato a explorar o espaço que certamente escondia algum segredo, pelo facto de estar fechado há tantos anos. No meio da sala estava um mostruário que continha um livro. Este pareceulhes misterioso por vários motivos: estava protegido, intitulava-se O segredo de Esmeralda e tinha um molde que os amigos acharam muito semelhante à pedra preciosa do fio de Esmeralda. Rapidamente tiraram o vidro que protegia o livro e o Miguel encaixou a pedra no molde.
Inexplicavelmente, surgiram umas escadas em caracol no meio de um remoinho que os levou a uma cave que tinha um portal mágico. Agora, já sem medo, os quatro amigos abriram o portal mágico, de onde surgiu um fantasma, o Zé Ninguém, que apareceu de chapéu preto e vermelho porque estava irritado por invadirem o seu espaço. Eles tentaram fugir mas a passagem já estava fechada. Não tiveram outro remédio senão enfrentar o fantasma que, aos poucos, foi ficando mais calmo e, por isso, a cor do seu chapéu mudou para verde. Então, decidiu falar com os jovens e dizer-lhes que tinham permissão para entrar no portal, mas para isso tinham de resolver um enigma.
Os quatro amigos ficaram super entusiasmados e disseram que queriam tentar. O enigma era: ``Para o mistério desta escola desvendar os números terás de juntar, voltar a somar e com um só número ficar.´´ Os amigos entreolharam-se e, cheios de dúvidas, tentaram várias hipóteses: - Que números serão estes? – perguntou a Inês. - Será algum código secreto? – questionou o Miguel. - Tentem pensar em números relacionados com a escola, acontecimentos importantes, sei lá… - incentivou o Gonçalo.
- Esperem, alguma coisa está a acontecer com a minha esmeralda, ela voltou a brilhar! Todos olharam para a esmeralda e a Inês disse que o mistério só poderia estar naquela data. Começaram então a fazer contas de cabeça e a tentar várias hipóteses, até que o Gonçalo grita: - Já sei, somando todos os números da data que está na pedra e voltando a juntar, dá 4. Será esta a solução? Vejam só… 15 / 11 / 1976 1 + 5 + 1 + 1 + 1 + 9 + 7 + 6 = 31 3+1= 4
O fantasma Zé Ninguém felicitou o Gonçalo por ter descoberto a chave do enigma. O seu chapéu ficou amarelo porque estava entusiasmado e, sem mais demoras, permitiu a entrada dos jovens naquele portal mágico. Entraram diretamente num corredor que estava repleto de espelhos; inicialmente ficaram confusos mas foram avançando e quando repararam que todos eles tinham uma data por baixo, rapidamente perceberam que tinham que encontrar a data de 15/11/1976. Separaram-se uns dos outros para a procura ser mais rápida. Ao fim de alguns minutos, Esmeralda chamou os amigos porque tinha encontrado o espelho certo. Os outros correram para ela e ficaram a olhar para o espelho durante alguns segundos. Então, começam a surgir imagens que no principio pareciam não fazer sentido mas que depois se tornaram familiares: era a escola que eles frequentavam, mas no tempo do avô Francisco, que conversava com a atual diretora do colégio, Amélia, de forma exaltada.
Aquele espelho mágico iria contar-lhes a história daquela escola, o motivo por que o avô teve de deixar a sua direção e finalmente o mistério da esmeralda. De repente, a imagem mudou e apareceu a avó que, muito emocionada percebeu que a sua neta finalmente a encontrara. Também a Esmeralda deixou cair uma lágrima de emoção e perguntou por que motivo estava ela ali. A avó conta então aos quatro amigos que está naquele lugar porque, quando faleceu, encontrou um fantasma muito simpático que lhe deu a oportunidade de entrar num mundo mágico. E ela aceitou. Conta que tem passado momentos maravilhosos naquele lugar mas que havia um segredo que ela ficara com pena de não ter conseguido partilhar com a sua neta em vida. Iria, pois, fazê-lo agora.
O seu nome, Esmeralda, foi escolhido por causa do presente que o avô lhe dera quando fundou aquela escola, a coisa mais importante na sua vida e que ele perdera para as mãos de Amélia, por um motivo que a avó lhe queria contar: o avô Francisco foi chantageado por Amélia, dizendo que acabaria com aquela escola se não passasse a diretora, uma vez que a escola fora construída num terreno que pertencera a sua família. Mas, na altura, ele não sabia... Ela disse então que se não lhe passasse o cargo, denunciaria o caso à polícia. O avô não teve alternativa porque não queria perder um dos seus bens mais preciosos e cedeu à chantagem. A Esmeralda, ao ouvir aquilo, prometeu a si própria e à avó que iria resolver o problema e devolver aquela escola ao seu avô, nem que fosse a última coisa que fizesse na sua vida. O que eles não sabiam era que o papagaio de Amélia os tinha seguido, no entanto, mesmo sem querer, ia revelar-se uma grande ajuda. Quando percebeu que os amigos entraram no portal foi chamar a sua dona. Quando ali chegaram, o fantasma Zé Ninguém deixou-os entrar porque sabia que isso iria ajudar os amigos, a família de Esmeralda e salvar a escola.
Ao dar de caras com os quatro amigos, Amélia ficou surpresa e zangou-se com eles por se meterem em assuntos que não lhes diziam respeito. O fantasma Zé Ninguém, de forma a ajudá-los, manteve Amélia para todo o sempre naquele mundo mágico, sendo que assim ela deixava de ser um problema para aquela escola e todos aqueles que a frequentavam e, sobretudo, para o avô Francisco. Também o papagaio ficou do lado dos quatro amigos porque começara a fartar-se dos esquemas de Amélia. Acabou então por ser adotado pelos jovens e passou a ser a mascote da escola. Assim, a escola voltou para as mãos do avô Francisco, Esmeralda ficou finalmente a saber o misterioso segredo da família e a avó voltou para casa com a neta, apesar de não poder sair daquele espelho. Ainda assim, ela voltou a fazer parte da família. O portal fechara-se para toda a eternidade após ter sido desvendado ‘’o segredo de Esmeralda’’.
Esmeralda e os seus amigos irão descobrir a chave que abre uma porta para dois mundos distintos, uma mistura entre o que existe e o que já não volta… Que segredos esconderá esse outro mundo mágico? E uma simples escola?
História produzida e ilustrada por: 8ºA Externato António Sérgio - Beringel