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Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves Série. 01 N. 03
dezembro, 2013
www.biblioteca.cmmangualde.pt
Ondjaki recebe Prémio Saramago
Workshops Presépios 7 de dezembro na Biblioteca Municipal » 11
Aniversário da Biblioteca 16.º aniversário
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Exposição/Instalação
Eduardo Lourenço ganha prémio de ensaio Jacinto do Prado Coelho
“PHALO NATURALMENTE, EM LIBERDADE” Sérgio Amaral
Duas noites com festa temática alusiva aos anos 50 intitulada Noites do Grémio.
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Regresso ao palco
dos Monty Python
Tempo da Música. Música do Tempo foi a obra escolhida.
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Regresso previsto para julho de 2014 mas, em 43,5 segundos esgotaram-se os bilhetes.
A Todos um BOM NATAL Uma iniciativa da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves para Avós
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»7 Patente de 2 de dezembro a 31 de janeiro, na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves. » 11
CONTEÚDOS EDITORIAL..............................................................................................................2 NOTÍCIAS ...............................................................................................3 EDUARDO LOURENÇO GANHA PRÉMIO DE ENSAIO JACINTO DO PRADO COELHO.........3 O LIVRO-SONÂMBULO DE PESSOA............................................................................3 PRESIDENTE DO INSTITUTO DO CINEMA DEMITIU-SE.............................................3 DESTAQUES DO MÊS.................................................................................4 “O ÚLTIMO PAPA” - LUIS MIGUEL ROCHA.............................................................4 “A ÍNCLITA GERAÇÃO ” - ISABEL STILWELL.......................................................................4 “UMA VIDA AO TEU LADO” - NICHOLAS SPARKS..........................................................4 “UM MILIONÁRIO EM LISBOA” - JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS..................................4 “O QUE É O NATAL?” - PADRE JOSÉ LUÍS BORGA..................................................5 “O LIVRO DO NATAL” - JOSÉ JORGE LETRIA..............................................................5 CONTO DO MÊS........................................................................................5 “A PRENDA DE NATAL DO HENRIQUE SEMPRESPERA” - JOHN BURNINGHAM................5 POESIA.................................................................................................6
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DAVID MOURÃO-FERREIRA.........................................................................................6 CINEMA.........................................................................................7 PLUG & PLAY CONQUISTA GRANDE PRÉMIO DO FESTIVAL DE CINEMA DE ANIMAÇÃO..7 E EM 43,5 SEGUNDOS ESGOTARAM-SE OS BILHETES PARA O REGRESSO DOS MONTY PYTHON.7 MUSICA..........................................................................................8 SÉRGIO GODINHO........................................................................................................8 VOZ E GUITARRA 2 ....................................................................................................8 TEATRO...........................................................................................9 MORREU O ACTOR SÉRGIO GRILO.................................................................................9 DANÇA.............................................................................................9 DANÇA CONTEMPORÂNEA EM MANGUALDE..............................................................9 PINTURA.........................................................................................10 NADIR AFONSO.........................................................................................................10 EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES......................................................................11 “PHALO NATURALMENTE, EM LIBERDADE................................................................11
WORKSHOP PRESÉPIOS............................................................................................12 “PONTOS E ENCONTROS”...........................................................................................12 “SOA A NATAL”...........................................................................................................12 ONDJAKI.......................................................................................13 PROJETOS......................................................................................17 “A TODOS UM BOM NATAL”..................................................................................17 “PROJETO TABLET - LER DE OUTRA FORMA”............................................................17 FOI HISTÓRIA.......................................................................................18 TRADIÇÕES DE NATAL...........................................................................25 ACONTECEU..............................................................................27 “NOITES DO GRÉMIO“...............................................................................................27 ÙLTIMA..........................................................................................28 TOP LEITORES...........................................................................................................28 EM JANEIRO.........................................................................................28
NADIR AFONSO “A solução do problema cósmico, na mesma via perceptiva do fenómeno artístico, requer, à partida, um acto de reflexão fundado sobre o conceito de elementaridade e de simplicidade” » 10
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EDITORIAL Chegamos a Dezembro com a forte convicção que cumprimos o nosso papel. Foram mais doze meses a tratar informação, a oferecer serviços, a atender o público e a promover a leitura. Mais um ano de trabalho com o objectivo de atender às necessidades dos nossos utilizadores mas também de oferecer novos produtos, e informação actualizada.
Acreditamos que foi mais um ano em que contribuímos para a dinâmica cultural deste concelho através da oferta de exposições, teatro, ciclos de cinema, e espectáculos em geral. Acolhemos também imensas actividades de entidades externas que solicitaram este espaço e seus recursos para promover iniciativas temáticas, desde seminários, reuniões, formações, entre muitas outras. Mas foi também mais um ano que permitiu à Biblioteca Municipal sentir o carinho dos seus utilizadores ao participarem activamente nas iniciativas que organizámos e que aqui decorreram. Depois de meses recheados de eventos, destacamos para Dezembro a actividade que preparámos para oferecer aos nossos queridos idosos do concelho. “A todos um bom Natal” é uma iniciativa inserida no projecto “Biblioteca para Avós” que este ano preparou a dramatização da história “Ninguém dá prendas ao Pai Natal” da autora Ana Saldanha, com ilustrações de Joana Quental. Nesta história, o Pai Natal é visitado por várias personagens dos contos tradicionais
que lhe vão oferecendo presentes. Como agradecimento, e com o seu enorme sorriso, o Pai Natal convida um a um para sua casa estimando sobretudo a presença e a companhia de todos. Tal como no conto de Ana Saldanha e, atendendo ao significado desta época festiva, pretendemos valorizar a partilha e o encontro. Realçar a importância do trabalho em grupo, da socialização e da oferta desinteressada de atenção e carinho pelos outros e pelo todo. É com este espirito que agradecemos a todos os parceiros que têm estado ao nosso lado a promover a cultura e a colaborar na actividade desta instituição. Um agradecimento especial ao Gabinete de Gestão e Programação de Património e Cultura da Câmara Municipal que tem contribuído para a dinâmica das exposições na Biblioteca Municipal, bem como às Bibliotecas Escolares e Papelaria Adrião parceiras na promoção da leitura, à Associação Amarte colaboradora nas iniciativas culturais dos últimos meses, entre muitas outras que, pontualmente, mas sempre prontamente respondem com entusiasmo às nossas solicitações e desafios. Entre elas estão as Pastelarias de Mangualde, a Mazúr, a Adega Cooperativa de Mangualde, as Associações Culturais e Bandas do Concelho, a escola de Música Palco de Encantos, o Clube de Leitura da Biblioteca, artistas, músicos e cidadãos locais. A todos estes parceiros e a todos os leitores/utilizadores desta casa, um forte, sentido e caloroso abraço, com votos de Boas Festas, de toda a equipa da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves.
FICHA TÉCNICA Equipa da biblioteca
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | Dezembro 2013
NOTÍCIAS
Eduardo Lourenço ganha prémio de ensaio Jacinto do Prado Coelho
in Público 27/10/2013
Tempo da Música. Música do Tempo foi a obra escolhida. Publicada em 2012, reúne textos inéditos seleccionados pela historiadora de arte e musicóloga Barbara Aniello. O ensaísta Eduardo Lourenço ganhou o prémio Jacinto do Prado Coelho pela obra Tempo da Música. Música do Tempo, revelou hoje à Lusa fonte do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários. O prémio, no valor de cinco mil euros e que distingue ensaios literários, foi atribuído por unanimidade a Eduardo Lourenço, por esta obra publicada em 2012 que reúne textos inéditos seleccionados pela historiadora de arte e musicóloga Barbara Aniello. O júri, composto por Clara Rocha, Maria João Reynaud e Teresa Martins Marques, justificou a escolha pela “qualidade indiscutível da obra, reconhecida por pessoas da área da literatura bem como da musicologia”. O prémio será entregue nesta quinta-feira, às 18h30, na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa. Tempo da Música. Música do Tempo reúne 212 reflexões escritas por Lourenço entre 1948 e 2006, que estavam dispersas em fol-
has avulsas, em agendas de bolso, páginas soltas ou agrafadas, algumas encontradas dentro de livros, que Barbara Aniello foi juntando, inventariando e catalogando no espólio do ensaísta. Numa reflexão, Eduardo Lourenço escreveu: “Certamente, se um dia voltar para Deus, a nenhuma outra coisa o deverei senão a estas estradas de uma melancolia lancinante que, desde o canto gregoriano até Messiaen, devoram em mim o sentimento da realidade do mundo visível.” Eduardo Lourenço, considerado um dos maiores pensadores portugueses, nasceu em 1923 em São Pedro de Rio Seco (Guarda), e embora resida em França desde os anos 1960, manteve sempre uma grande ligação a Portugal, refllectindo sobre a sociedade portuguesa. Em 2011, a Fundação Calouste Gulbenkian editou a sua obra completa.
Eduardo Lourenço
O livro-sonâmbulo de Pessoa
Presidente do Instituto do Cinema demitiu-se
“Ninguem me conheceu sob a máscara da egualha, nem soube nunca que era mascara, porque ninguém sabia que neste mundo há mascarados. Ninguem suppoz que ao pé de mim estivesse sempre outro, que afinal era eu. Julgaram-me sempre idêntico a mim”. E, contudo, quem escreve esta narrativa em estilhaços, profundamente insone, solitária e desesperançada, revela-nos, como nenhum outro, Fernando Pessoa ele-mesmo, sem máscaras.
O presidente do Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA), José Pedro Ribeiro, pediu demissão do cargo ao secretário de Estado da Cultura, que foi aceite, sendo substituído por Filomena Serras Pereira, anunciou hoje fonte oficial. De acordo com uma nota do gabinete do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, foi nomeada, em substituição de José Pedro Ribeiro, a partir de hoje, Filomena Serras Pereira, que ocupava o cargo de assessora do Conselho Directivo do ICA. Filomena Serras Pereira é licenciada em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa e ocupava aquele cargo desde Setembro deste ano. Anteriormente tinha desempenhado a função de Directora do Departamento de Cinema e Audiovisual do ICA. Na mesma nota, a SEC recorda que “está a decorrer o procedimento público concursal para provimento do cargo”, no âmbito dos concursos públicos para cargos dirigentes. José Pedro Ribeiro foi nomeado presidente do ICA em 2005. Em maio de 2012 tinha pedido a demissão ao então secretário de Estado de Estado, Francisco José Viegas, que manteve o responsável no cargo onde estava há sete anos. A saída de José Pedro Ribeiro acontece numa altura em que o ICA enfrenta o não pagamento, por parte dos operadores de televisão por subscrição,
in Sol 19/11/2013
Em nova edição assinada pelo pessoano Jerónimo Pizarro (professor da Universidade dos Andes, Prémio Eduardo Lourenço 2013) a partir de um regresso às fontes documentais, renasce o Livro do Desassossego. Com notas de contextualização de referências literárias e o fulgor da ortografia original (preservam-se grafias e construções “menos ortodoxas”) e dos fragmentos redecifrados e ordenados pela edição crítica (Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2010). O ensaísta Eduardo Lourenço chamou-lhe “manual do desespero, escrito numa língua divina”, um “texto-submerso” que acompanhou todas as tonalidades de expressão de Pessoa desde 1913, um ano antes da deflagração do drama-em-gente dos heterónimos,
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até 1934, um ano antes da morte. Para Jerónimo Pizarro, é uma prosa em processo, que Pessoa não reviu nem organizou em definitivo e que também não possui “uma unidade psicológica e um universo estilístico fechado”. E, porque os fragmentos não estão assinados, existem nela “pelo menos três autores”: os semi-heterónimos Vicente Guedes e Bernardo Soares, em duas fases sequentes de “despersonalização”, e Pessoa, emergindo sempre. Desde a primeira edição, em 1982, que esta é a criação mais lida do maior modernista português. Habita-a um certo ajudante de guarda-livros ou empregado de escritório que, “triste, no meu quarto quieto”, numa mansarda rente ao infinito, no rés-do-chão da vida ou num quarto andar alto da Rua dos Douradores, olhou Lisboa, os outros e a si mesmo, num silêncio de desassossego sinónimo de cansaço. Na edição de Pizarro e com o grafismo superior da Tinta-da-China (o título inaugura uma Colecção Pessoa), a ortografia original de Livro do Desassossego aproxima-nos de Fernando Pessoa. E termina, enigmática como ele: “Não me dóe senão ter-me doido”.
in Sol 12/11/2013
de uma taxa inscrita na nova Lei do Cinema e do audiovisual. O valor em dívida ascende actualmente a “11 milhões de euros, sem juros”, segundo disse o secretário de Estado da Cultura quando esteve no dia 07 de Novembro no parlamento para apresentar o orçamento do sector aos deputados da Comissão de Educação, Ciência e Cultura e da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Na mesma altura, Jorge Barreto Xavier disse que o Governo “está determinado em fazer cumprir a Lei do Cinema e do Audiovisual” quanto à cobrança da taxa dos operadores de televisão por subscrição. As empresas envolvidas - Zon/Optimus, PT, Cabovisão e a Vodafone - têm alegado que a taxa é ilegal e que há uma conjuntura económica difícil no país. O não pagamento, pelas operadoras, da nova taxa anual de 3,5 euros por cada novo subscritor, que iria reverter para o cinema, tem sido também muito criticado pelos realizadores e produtores de cinema, que alertam para a acentuada redução dos apoios financeiros para o sector. No parlamento, o secretário de Estado da Cultura disse ainda que o ICA está a tomar todas as medidas legais relativamente à cobrança dos valores em falta, e que o Governo está a avaliar uma resposta para a situação.
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DESTAQUES DO MÊS “O Último Papa” Luís Miguel Rocha
1978, Cidade do Vaticano
Às 4.30 da manhã, a irmã Vincenza, assistente pessoal de João Paulo I, chega à antecâmara dos aposentos pontífices com o pequeno-almoço. Deseja os bons dias ao Papa mas, pela primeira vez, não é convidada a entrar. Só quando mais tarde ganha coragem e abre a porta, descobre que Albino Luciani, representante de Deus na Terra, jaz morto na cama. Tinha sido eleito Papa há apenas 33 dias. E em 2000 anos de História, nunca nenhum Papa havia morrido sozinho. 2006, Londres. Sarah Monteiro, uma jovem jornalista portuguesa, está de regresso a Londres depois de umas férias na terra natal. Ao chegar, encontra entre a correspondência um envelope que lhe chama a atenção. Lá dentro, uma lista com nomes de personalidades públicas e pessoas desconhecidas, entre eles o de seu pai. A lista tem mais de 25 anos e muitos dos nomeados já faleceram. Mas como cedo irá descobrir, aquela lista pode transformar-se num bilhete para a morte. Com a ajuda de um homem misterioso com muitos nomes e poucas respostas, inicia uma frenética corrida para escapar à morte. De Londres a Lisboa e a Nova Iorque, terá que levar a melhor a uma organização secreta que não olha a meios para deitar a mão à lista, e impedir a divulgação de um segredo que o Vaticano esconde há quase trinta anos.
“Um Milionário em Lisboa”
José Rodrigues dos Santos
Baseado em acontecimentos verídicos, Um Milionário em Lisboa conclui a espantosa
história iniciada em O Homem de Constantinopla e transporta-nos no percurso da vida do arménio que mudou o mundo - confirmando José Rodrigues dos Santos como um dos maiores narradores da literatura contemporânea. Kaloust Sarkisian completa a arquitectura do negócio mundial do petróleo e torna-se o homem mais rico do século. Dividido entre Paris e Londres, cidades em cujas suítes dos hotéis Ritz mantém em permanência uma beldade núbil, dedica-se à arte e torna-se o maior coleccionador do seu tempo. Mas o destino interveio. O horror da matança dos Arménios na Primeira Guerra Mundial e a hecatombe da Segunda Guerra Mundial levam o milionário arménio a procurar um novo sítio para viver. Após semanas a agonizar sobre a escolha que teria de fazer, é o filho quem lhe apresenta a solução: Lisboa. O homem mais rico do planeta decide viver no bucólico Portugal. O país agita-se, Salazar questiona-se, o mundo do petróleo espanta-se. E a polícia portuguesa prende-o.
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“Ínclita Geração” Isabel Stilwell
Era feita de luzes e de sombras. O pintor flamengo Van Ecky havia entendido a sua essência como ninguém e pintado as linhas do seu rosto e o seu caráter, em dois quadros distintos, para mostrar ao noivo Filipe III, duque da Borgonha. Um feito de luzes, outro feito de sombras. Isabel, tal como a sua mãe, D. Filipa de Lencastre, casava tarde. E a ideia de deixar Portugal, o pai envelhecido, os cinco irmãos em constante desacordo, e Lopo, irmão de leite e melhor amigo, para partir para um país longínquo e gelado atormentava-lhe o coração. Era a terceira mulher de Filipe, já duas vezes viúvo, esperava vir a dar-lhe o herdeiro legítimo de que Borgonha tanto precisava. A sua fama de mulherengo atravessava fronteiras… Mas Isabel sabia que nascera para cumprir um destino, ser a Estrela do Norte, que firme no céu indica o caminho. Saberia mudá-lo, torná-lo num homem diferente, acreditava Isabel. Na manga levava um trunfo que apenas partilhava com o seu irmão Henrique e com o seu fiel Lopo, na esperança de se tornar senão amada, pelo menos indispensável. Mas ao longo da sua vida, as sombras foram ganhando terreno e os acontecimentos precipitaramse numa espiral que Isabel não conseguia travar, e de que apenas o seu filho a podia salvar. Isabel Stilwell, a autora de romances históricos mais lida em Portugal, regressa à escrita com a surpreendente história de Isabel de Borgonha, a única mulher da chamada Ínclita Geração. A geração perfeita, filhos de Avis, cantada por Camões, que marcou, cada um à sua maneira, a História de Portugal. Um romance empolgante que acompanha a vida desta mulher do século XV, que assumiu com inteligência e determinação o seu papel no governo de Borgonha urdindo alianças com França e Inglaterra, que procurou salvar Joana d’ Arc da morte, abriu os braços aos sobrinhos fugidos de Portugal, num período de tumultos e divisões. Foi aliada das descobertas do infante D. Henrique, assistindo impotente à morte do seu querido irmão D. Fernando às mãos dos infiéis… Uma mulher que nunca esqueceu que era filha de Filipa de Lencastre e princesa de Portugal.
“Uma Vida ao Teu Lado” Nicholas Sparks
Quando Sophia Danko conhece Luke, algo dentro dela muda para sempre. Luke é muito diferente dos homens ricos e privilegiados que a rodeiam. Através dele, Sophia conhece um mundo mais genuíno e puro do que o seu, mas também mais implacável. Ela tem uma vida protegida. Ele vive no limite. À medida que se descobrem e apaixonam, Sophia encara a possibilidade de um futuro diferente do que tinha imaginado. Um futuro que Luke tem o poder de reescrever... se o segredo que o atormenta não os destruir a ambos. Não muito longe, algures numa estrada escura, um desconhecido está em apuros. Ira Levinson tem 90 anos e acabou de sofrer um acidente de carro. Ao tentar manter-se consciente, Ira sente a presença de Ruth, a sua mulher que morreu há 9 anos, materializar-se a seu lado. Ela encoraja-o a lutar pela vida, relembrando a história de amor que os uniu. Ira sabe que Ruth não pode estar no carro com ele mas agarra-se às suas delicadas memórias, revivendo as tristezas e alegrias que definiram a sua paixão. Ira e Ruth. Sophia e Luke. Dois casais com pouco em comum, cujas vidas vão cruzar-se com uma intensidade inesperada nesta celebração do poder do amor e da memória. Uma viagem extraordinária aos limites mais profundos do coração humano pela mão de Nicholas Sparks.
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“O Que é o Natal?”
O Natal é uma das épocas mais importantes do ano. Vamos a muitas festas e recebemos presentes. Mas qual é o verdadeiro significado do Natal? Quando aconteceu o primeiro Natal? E quem é esse Deus que nasce para todos os homens? Neste livro, o Padre José Luís Borga fala de tudo isto e apresenta-te o Francisco, um menino como tu, com quem vais de certeza simpatizar. Excerto «– Olha, Francisco, este ano vamos ter um Menino Jesus verdadeiro! Estas palavras marcaram muito a forma de esperar a chegada do Rui.Igual a esta lembran-
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DESTAQUES DO MÊS “O Livro do Natal” José Jorge Letria
Padre José Luís Borga
Sinopse
Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | Dezembro 2013
ça, só a da alegria e do orgulho que ele sentiu quando lhe colocaram, pela primeira vez, o menino Rui nos braços. – Tem cuidado Francisco. Ele é ainda muito pequenino e muito frágil! – Eu sei muito bem, mãe. Não há problema, que eu seguro-o bem! Esse momento, felizmente, ficou muito bem registado numa linda foto que o pai lhes tirou. Enquanto espera o dia 25 de Dezembro, o Francisco está a viver o Natal do Rui, já desde o dia 29 de Novembro.Será celebrado, nesse mesmo dia, todos os anos a partir de agora, enquanto ele estiver neste mundo. Se nós continuamos a celebrar o Natal de Jesus é porque Ele ainda vive connosco, desde o seu Natal em Belém!»
José Jorge Letria nasceu em Cascais em 1951. Estudou Direito e História e é pósgraduado em Jornalismo Internacional. Com dezenas de livros publicados em diversas áreas, foi distinguido com importantes prémios literários nacionais e internacionais. É um dos mais destacados nomes da literatura infanto-juvenil em Portugal e autor de programas de rádio e televisão. Está traduzido em várias línguas. Integrou, com José Afonso, Adriano e Manuel Freire, entre outros, o movimento da canção de resistência, tendo sido agraciado
em 1997 com a Ordem da Liberdade. Foi, durante oito anos, vereador da Cultura da Câmara de Cascais. É, desde Janeiro de 2011, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores. Queres conhecer melhor o Natal que festejas todos os anos? O Livro do Natal está cheio de rimas que te ajudam a conhecer esta época tão especial, cheia de luzes, doces e prendas. Quadras que também divertem e falam daquilo que é mais importante:”o que conta nesta vida é sabermos partilhar”.
CONTO DO MÊS
A PRENDA DE NATAL DO HENRIQUE SEMPRESPERA JOHN BURNINGHAM
Um dos mais reconhecidos autores contemporâneos, John Burningham nasceu em 1936, em Farnham, Inglaterra. Seu gosto pelo desenho o levou à Central School of Art de Londres, onde se formou em 1959. Trabalhou como designer para a British Transport Commission (BTC), desenhando cartazes para os ônibus britânicos. A carreira como escritor e ilustrador teve início em 1963, com Borka: The Adventures of a Goose with No Feathers, pelo qual recebeu a medalha Kate Greenaway. Em 1970, conquistou a mesma menção por Mr. Gumpy’s Outing. Outro livro de destaque, Granpa, além de vencer o Kurt Maschler Award (1984), foi transformado em filme de animação, em 1989. O autor mora atualmente em Londres e é casado com a também premiada ilustradora Helen Oxenbury. O casal tem três filhos e três netos. No Brasil, John Burningham já foi traduzido pela consagrada escritora Ana Maria Machado, em livro esgotado no mercado.
SINOPSE Numa véspera de Natal, após um árduo serão a entregar presentes, o Pai Natal regressa a casa. Deita as suas renas e está ele próprio prestes a ir para a cama também quando se apercebe - horror dos horrores! - de que há ainda uma prenda por entregar, esquecida no seu saco. É para Henrique Semprespera, um menino pobre que costuma receber apenas um presente de Natal, o que o Pai Natal lhe traz. Por isso, e embora esteja muito cansado, o Pai Natal parte sozinho na direccção da casa do henrique Semprespera, que fica muito longe, no cimo do Monte Roló Poló. Chegará a tempo?
EXCERTO (...) horror dos horrores! - de que há ainda uma prenda por entregar, esquecida no seu saco. É para Henrique Semprespera, um menino pobre que costuma receber apenas um presente de Natal, o que o Pai Natal lhe traz. Por isso, e embora esteja muito cansado, o Pai Natal parte sozinho na direcção da casa do henrique Semprespera, que fica muito longe, no cimo do Monte Roló Poló. Chegará a tempo?
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POESIA Natal à beira-rio É o braço do abeto a bater na vidraça? E o ponteiro pequeno a caminho da meta! Cala-te, vento velho! É o Natal que passa, A trazer-me da água a infância ressurrecta. Da casa onde nasci via-se perto o rio. Tão novos os meus Pais, tão novos no passado! E o Menino nascia a bordo de um navio Que ficava, no cais, à noite iluminado… Ó noite de Natal, que travo a maresia! Depois fui não sei quem que se perdeu na terra. E quanto mais na terra a terra me envolvia E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra. Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me À beira desse cais onde Jesus nascia… Serei dos que afinal, errando em terra firme, Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia? David Mourão-Ferreira
Obras publicadas
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David Mourão-Ferreira Escritor português, nasceu em Lisboa, em 1927 e morreu, também nesta cidade, em 1996. Licenciou-se em Filologia Românica em Lisboa, onde chegou a ser professor catedrático, organizando e regendo, entre outras, a cadeira de Teoria da Literatura. Foi secretário de Estado da Cultura, entre 1976 e 1979; director do diário A Capital; director do Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; director da revista Colóquio/ Letras; presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e vice-Presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires. A sua obra reparte-se pela poesia; pela crítica literária, como Os Ócios do Ofício, Vinte Poetas Contemporâneos, Hospital das Letras ou Lâmpadas no Escuro (de Herculano a Torga); pelo ensaio; pela tradução; pelo teatro; pelo romance; e também pelo jornalismo. Embora os seus primeiros poemas datem de meados dos anos 40, a sua actividade poética começou a ganhar relevo quando foi co-director, a par com António Manuel Couto Viana e Luís de Macedo, da revista Távola Redonda (1950-1954), que, sem apresentar programa ou manifesto, se orientava para uma alternativa poética à poesia social, baseada na “revalorização do lirismo”, exigindo ao poeta “autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética” (VIANA, António Manuel Couto - “Breve Historial” in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da F. C. G., VI série, n.º 11, Outubro de 1988),
atributos a que acresciam como exigências a reacção contra a “imediatez da inspiração e contra o impuro aproveitamento da poesia para fins sociais”,
através do equilíbrio “entre os motivos e a técnica, entre os temas e as formas” (cf. MOURÃO-FERREIRA, David - “Notícia sobre a Távola Redonda” in Estrada Larga 3, p. 392). Foi no primeiro volume da Colecção de Poesia das Edições “Távola Redonda” que publicou a sua primeira obra poética, A Secreta Viagem, onde se encontram reunidos alguns dos traços que distinguiriam a sua poética posterior, nomeadamente a preferência pela temática amorosa, o rigor formal, a continuidade e renovação da lírica tradicional como, por exemplo, a de inspiração camoniana, ou a abertura a experiên-
cias poéticas estrangeiras. No poema “Dos Anos Quarenta”, relembra leituras nessa etapa de iniciação poética: Proust, Thomas Mann, Rilke, Apollinaire, a “constelação pessoana”, Álvaro de Campos, “E Régio Miguéis Nemésio”, bem como as circunstâncias que rodearam essa descoberta, como o “despertar do deus Eros”, a guerra, a queda dos fascismos e a perseverança da ditadura salazarista. Da sua obra poética, cuja poesia se distingue pelo lirismo culto, depurado e subtil, destacam-se os seguintes livros: A Secreta Viagem, Do Tempo ao Coração, Cancioneiro do Natal, Matura Idade e Ode à Música. A obra de David MourãoFerreira foi várias vezes reconhecida com prémios literários, como, por exemplo: Prémio de Poesia Delfim Guimarães, 1954, para Tempestade de Verão; Prémio Ricardo Malheiros, 1960, para Gaivotas em Terra; Prémio Nacional de Poesia, 1971, para Cancioneiro de Natal; Prémio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários para As Quatro Estações; e, para Um Amor Feliz, os prémios de Narrativa do Pen Clube Português, D. Dinis, de Ficção do Município de Lisboa e o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Ao autor foi ainda atribuído, em 1996, o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
1950 - A Viagem
1974 - Sonetos do Cativo
1954 - Tempestade de Verão (Prémio Delfim Guimarães)
1976 - As Lições do Fogo
1958 - Os Quatro Cantos do Tempo
1980 - Obra Poética (inclui À Guitarra e À Viola e Órfico Ofício)
1959 - Novelas de Gaivotas em Terra (Prémio Ricardo Malheiros)
1980 - As Quatro Estações (Prémio Associação Internacional dos Críticos Literários)
1962 - In Meae
1985 - Os Ramos e os Remos
1962 - ou A Arte de Amar 1966 - Do Tempo ao Coração 1967 - A Arte de Amar (reunião de obras anteriores) 1968 - Os contos de Os Amantes 1969 - Lira de Bolso 1971 - Cancioneiro de Natal (Prémio Nacional de Poesia)
1986 - Um Amor Feliz (Romance que o consagrou como ficcionista valendo-lhe vários prémios) 1987 - Duas Histórias de Lisboa 1988 - Obra Poética, 1948-1988 1994 - Música de Cama (antologia erótica com um livro inédito)
1973 - Matura Idade
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CINEMA
Plug & Play conquista Grande Prémio do Cinanima Festival de Cinema de Animação
in Lusa 17/11/2013
O júri do Cinanima - Festival Internacional
de Cinema de Animação de Espinho atribuiu o Grande Prémio a Plug & Play, do realizador suíço Michael Frei, anunciou no domingo a organização. Uma curta de seis minutos sobre criaturas antropóides, com tomadas em vez de cabeças, que já tinha estado este ano no Festival Internacional de Cinema Queer. A 37 ª edição do certame dedicado ao cinema de animação, que abriu em Espinho no dia 11 de Novembro e encerra no domingo, atribuiu ainda o Prémio Especial do Júri a It’s sucht a beautiful day/Que Dia Lindo, de Don Hertzfeldt (EUA). O júri da 37ª edição do Cinanima foi constituído por João Lopes (presidente), Olivier Cotte, Andrea Martignoni, Jochen Kuhn e Paul Bush. Na competição internacional, o Prémio Alves Costa atribuído a curtas-metragens até cinco minutos foi para Baths/Banhos, de Tomek Duckie (Polónia), e o Prémio Gaston Roch Melhor filme de fim de estudos e/ou escola, foi entregue a Hearth/Lar, de Bálint (Hungria). Foram ainda entregues duas menções honrosas a Astigmatismo, de Nicolai Troshinsky (Espanha), e a Golden boy/Menino de Ouro, de Ludovic Versace (França). O Prémio Melhor Curta-Metragem de mais de cinco minutos e até 24 minutos foi atribuído a Ziegenort, de Tomasz Popakul (Polónia), enquanto o Prémio José Abel foi para Boles, de Spela Cadez (Eslovénia). O Prémio de Melhor Banda Original foi para My Mum is an airplane/A Minha Mãe É um Avião, de Yulia Aronova (Rússia), e uma Menção Honrosa para Antigamente Tudo Era
Diferente, feito por alunos das escolas locais das freguesias rurais de Montemor-o-Novo, sob a orientação de Joana Torgal e Rodolfo Pimenta. Na competição nacional, o Prémio Jovem Cineasta Português para maiores de 18 anos foi para Três Semanas em Dezembro, de Laura Gonçalves, e, para menores de 18 anos, atribuído a Brincar, feito por crianças e jovens de Guimarães, sob a orientação de Joana Tor-
gal e Rodolfo Pimenta. Foi ainda entregue uma Menção Honrosa a Dona Fúnfia, de Margarida Madeira. Ainda na competição nacional, o Prémio António Gaio foi atribuído a Ana - A Palíndrome, de Joana Toste, e ainda uma Menção Honrosa para Carrotrope, de Paulo D´Alva. Os Prémios de Divulgação Sereia Animada foram atribuídos aos filmes Gérnika, de Álgel Sangimas (Espanha), Winter and Lizard, de
Julia Gromskaya (Itália), Snow, de Ivana Sebestova (Eslováquia), Sea of Letters, de Julien Telle e Renaud Perrin (Espanha), Meandres, de Florence Millailhe, Elodie Bouedec, Mathilde Philippon-Aginski (França), e One Love, de Mariya Stepanova (Rússia). O Prémio do Público foi atribuído a The Apostole, de Fernando Cortizo Rodriguez (Espanha).
E em 43,5 segundos esgotaram-se os bilhetes para o regresso dos Monty Python Foram acrescentadas mais quatro datas mas também para essas já não se encontram bilhetes. in Público 25/11/2013 O regresso era esperado há anos e já se imaginava que ia ser uma tarefa difícil comprar bilhetes para a reunião dos cinco Monty Python, anunciada na semana passada. O que talvez não fosse de esperar era que os bilhetes voassem em menos de um minuto, mais precisamente 43,5 segundos. Foram já anunciadas mais quatro datas mas comprar bilhetes também já é uma tarefa quase impossível. Eles bem disseram na conferência de imprensa da semana passada que iam ficar ricos com este regresso. Eric Idle brincou com a situação e disse que voltariam aos palcos para “tentar pagar a hipoteca de Terry Jones”. Pois bem, como era de esperar, o espectáculo, marcado para o dia 1 de Julho de 2014, esgotou em segundos e pelo mesmo caminho seguem as novas datas anunciadas: 2,3,4 e 5 de Julho. Depois disto, não será difícil pagar a hipoteca e ainda ganhar algum dinheiro. Eles bem disseram e nós bem sabíamos. Por estes dias circulavam já nas redes sociais, e em alguns jornais britânicos, algumas dicas de como conseguir bilhetes para o espectáculo, que começava a ser vendido às dez da manhã desta segunda-feira. Não se
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pode esperar pela hora, é preciso chegar antes. Peça aos amigos para fazerem o mesmo, quantos mais, melhores hipóteses. Não se fique pelo computador, tente outros dispositivos (iPhone, iPad, etc). Foram alguns dos conselhos partilhados, que não terão sido úteis a todos, tendo em conta a rapidez com que o espectáculo se esgotou. Esta manhã, o truque foi acordar cedo. O site da O2 Arena, onde tudo vai acontecer em Julho, disponibilizava uma sala de espera, onde nos podíamos registar e, de alguma forma, acelerar o processo, disponibilizando já os dados da compra. A partir daí, teríamos apenas de esperar pela nossa vez, não havendo, no entanto, garantias de compra. Às dez da manhã, os outros dois sites disponíveis (Ticketmaster, See Tickets) ficaram indisponíveis devido ao excesso de procura e quando, segundo depois, voltaram a estar no ar já não tinham bilhetes. No site da O2 Arena, que tem capacidade para 20 mil pessoas, só conseguiu quem, de facto, entrou cedo para a sala de espera virtual. Já este ano, em Abril, os Rolling Stones geraram histeria ao esgotarem o concerto do Hyde Park, em Londres, que aconteceu em Julho, em menos de cinco minutos. É
caso para dizer que nisto de regressos aos palcos e histeria, há os Rolling Stones, banda histórica britânica, e depois há os incomparáveis Monty Python. Esta é a primeira vez em 40 anos que John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, Michael Palin
e Terry Jones (Graham Chapman, o sexto Python, morreu em 1989) se reúnem em palco no Reino Unido. Depois disso, os cinco Monty Python ainda voltaram a actuar juntos mas nos Estados Unidos, em 1998, quando actuaram no no Aspen Comedy Festival.
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MÚSICA
Caríssimas Sérgio Godinho - Caríssimas Canções Foi crónicas, livro, espectáculos e agora disco, esta segunda-feira nas lojas. Canções Caríssimas Canções regista o amor de Sérgio Godinho às canções dos outros.
in Público 25/11/2013
Sérgio Godinho
Alinhamento 01. “A última sessão” (Sérgio Godinho) 02. “People Are Strange” (The Doors) 03. “Sampa” (Caetano Veloso) 04. “Conversa de Botequim” (Chico Buarque)
05. “Vendaval” (Tony de Matos) 06. “Geni e o Zepelim” (Chico Buarque) 07. “Os Vampiros” (Zeca Afonso) 08. “Mother’s Little Helper” (Rolling Stones)
09. “You’ve Got To Hide Your Love Away” (The Beatles)
10. “O Rapaz da Camisola Verde” (Frei Hermano da Câmara)
11. “Volver a Los 17” (Violeta Parra) 12. “Carinhoso” (Braguinha e Pixinguinha) 13. “Les Vieux” (Jacques Brel) 14. “Heartbreak Hotel” (Elvis Presley)
Voz e Guitarra
Quando chegou ao palco do CCB, em Maio deste ano, Caríssimas Canções já trazia consigo uma longa história. Nascera como um conjunto de crónicas, no jornal Expresso, onde Sérgio Godinho explicava o seu amor ou fascínio por canções alheias, que o tinham marcado em diversas fases da vida. Nelas, misturavam-se Doors e Boris Vian, Violeta Parra e José Afonso, Noel Rosa e Tony de Matos, Elvis e Kinks, Beatles e Rolling Stones, Fausto e José Mário Branco, Amália e Peggy Lee, João Gilberto e Robert Wyatt, Lotte Lenya e Bob Dylan, Caetano Veloso e Conjunto António Mafra. Reunidas, as crónicas deram depois origem a um livro (40 Caríssimas Canções, feito objecto de arte pelas ilustrações de Nuno Saraiva e pelo grafismo de Elisabete Gomes, do Silvadesigners) e depois, devido a um convite do CCB em “carta aberta”, a um espectáculo. Sérgio rodeouse de um pequeno mas coeso naipe de músicos (Nuno Rafael, dos seus Assessores; e Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo dos Clã, esta apenas como instrumentista e não cantora) e estreou em sala a 31 de Maio. Depois vieram outros palcos, a começar pelo da Casa da Música, no Porto, e Caríssimas Canções foi fazendo rodagem pelo país. Registado em áudio mas não em vídeo, acabou agora por dar origem a um disco com 14 faixas e a um DVD gravado já posteriormente, com mais sete. Sérgio explica: “Como os concertos não foram filmados, fizemos sete canções para o DVD na sala de ensaios do Hélder e da Manuela, sendo que três não estão no disco [Love minus zero, no limits, de Dylan; Sunny afternoon, dos Kinks; e Ora vejam lá, do Conjunto António Mafra].” Uma ausência assumida: “No disco há duas ou três canções excluídas do alinhamento, ou por escolha ou por acharmos que as gravações não eram suficientemente satisfatórias para estarem no disco”, diz Sérgio.
No CD, que começa tal como o espectáculo com A última sessão (única canção de sua autoria que ficou, embora em palco houvesse mais três), há People are strange (Doors), Sampa (Caetano), Conversa de botequim (Noel Rosa), Vendaval (Tony de Matos), Geni e o zepelim (Chico Buarque), Os vampiros (José Afonso), Mother’s little helper (Stones), You’ve got to hide your love away (Beatles), O rapaz da camisola verde (Frei Hermano da Câmara), Volver a los 17 (Violeta Parra), Carinhoso (Pixinguinha), Les vieux (Brel) e Heartbreak hotel (Elvis), onde Sérgio, por entre as palavras torrenciais da canção, mete esta frase em português: “e o porteiro veste um negro fraque”… Já o DVD procura, em estúdio, recriar alguns dos melhores momentos. “Os Vampiros teria que estar aí, é uma canção poderosíssima e foi daquelas que teve outro tipo de arranjo, outro
tipo de olhar. Resolvemos fazê-la com guitarras pesadas, numa versão dura que de certo modo também corresponde aos tempos presentes.” O rapaz da camisola verde, Heartbreak hotel e Carinhoso também tiveram direito a bis. No som global, Sérgio quis fugir da “cover de bar” e, com concordância dos músicos, acabaram por “descarnar as canções, torná-las mais cruas no sentido da instrumentação, haver qualquer coisa que se afastasse do original embora a canção continuasse lá. É o caso do Vendaval, por exemplo. Ou às vezes mudando o tempo, como é o caso de Sampa, em que a prosódia teve que ser reinventada à medida.” O resultado, aplaudido em palco, é agora fixado em disco. “Foi um projecto concebido todo ele com muito prazer”, diz Sérgio. “Desde o primeiro prazer que originou as crónicas, o de reouvir estas canções.”
Mais de 30 músicos despem canções para voz e guitarra em duplo álbum
in Sol 24/11/2013
Mais de trinta artistas portugueses juntaramse em torno da voz e da guitarra para um álbum “que revela a enorme capacidade artística” de uma nova geração, disse à Lusa um dos directores artísticos, António Guimarães. O duplo álbum “Voz e guitarra 2”, a editar na segunda-feira, reúne 34 canções - quase todas do repertório português - feitas apenas com aqueles dois instrumentos, por músicos como Samuel Úria, Nuno Prata, JP Simões, Ana Bacalhau, Sara Tavares, António Zambujo e Márcia Santos. O álbum é editado quinze anos depois de um primeiro volume pensado por António Miguel Guimarães, exactamente nos mesmos moldes: desafiar músicos portugueses a interpretarem canções dos próprios ou alheias, apenas com voz
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e guitarra acústica. Esse primeiro volume já não se encontra nas lojas, mas vendeu na altura cerca de vinte mil exemplares, atingindo a platina, disse António Guimarães. “A ideia de fazer um segundo volume perseguia-me há muitos anos, mas decidi que só o faria dez a doze anos depois do primeiro, para deixar afirmar uma nova geração que eu tivesse a certeza que tem o seu público e dá atenção às palavras. Neste caso o tempo é bom conselheiro”, sublinhou. Ainda que a música portuguesa tenha um repertório para vários volumes com este conceito, só agora é que o produtor, em conjunto com o músico Manuel Paulo, avançou para um segundo álbum, também ele duplo. Do alinhamento fazem parte alguns temas inéditos, mas em particular reinterpretações de canções conhecidas do público português: “É um teste às músicas, saber se resistem ao tempo e a essa condição de apenas terem voz e guitarra. E os artistas também estão mais expostos”, disse. Do álbum fazem parte, por exemplo,“Problema de Expressão”, dos Clã, pela voz de Sara Tavares, “Lembra-me um sonho lindo”, de Fausto, por João Pedro Pais, e “Estrela da tarde”, de Fernando Tordo, para a voz de Carlos do Carmo, agora com Ana Ba-
calhau, dos Deolinda. Tim, vocalista e baixista dos Xutos & Pontapés, que também participou no primeiro volume deste projecto, interpreta agora “Engrenagem”, de José Mário Branco. Há ainda Samuel Úria a cantar “Chamar a música”, que Sara Tavares interpretou num festival da canção, Rui Reininho a interpretar “Sempre que o amor me quiser”, de Luís Fonseca para Lena d’Água, e António Zambujo, a recriar“O meu amor existe”, de Jorge Palma. Também se pode encontrar a cantora Maria João a interpretar Da Weasel, Luísa Sobral a recriar um tema de Luís Represas e Márcia Santos em torno de duas canções, uma de Sérgio Godinho, outra, de António Variações. O álbum conta ainda com as vozes de Nancy Vieira, Ana Deus, Mafalda Veiga e Marisa Liz (dos Amor Electro) e a interpretação instrumental dos Dead Combo, Mário Delgado, Luís Varatojo e José Peixoto. O trabalho gráfico do álbum, assim como de um livro com 40 ilustrações, é de António Jorge Gonçalves. António Guimarães quer fazer um terceiro volume, mas é preciso tempo para deixar surgir mais novos músicos, e não descarta a hipótese de passar este trabalho discográfico para palco.
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Morreu o actor Sérgio Grilo
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TEATRO in Público 12/11/2013
Tinha 40 anos e participou em vários projectos de vulto do teatro, cinema e televisão. O actor Sérgio Grilo morreu hoje, terça-
feira, aos 40 anos, vítima de cancro no pâncreas. O Sérgio Grilo estreou-se no teatro na Casa Velha, em Maputo, Moçambique. A partir de 1994 integrou o elenco de inúmeras peças de teatro, em companhias como os Lisbon Players ou os Artistas Unidos de Jorge Silva Melo foram alguns dos grupos por onde passou.
Foi ainda duplo em cinema e televisão em A Sombra dos Abutres, Inspector Max ou Second Life. Para a televisão participou em séries de telefilmes realizados por Leonel Vieira ou Tiago Guedes de Carvalho e ao longo dos anos viria também a encenar textos de autores como Daniel Filipe, Léon Chancerel e John Steinbeck.
Depois do teatro e da televisão – entrou em telenovelas como Morangos com Açúcar, Floribella, Doida por Ti e mais recentemente em Mundo ao Contrário – transitou também pelo cinema, tendo participado em filmes como Os Imortais (2003), Filme do Desassossego (2010), A Morte de Carlos Gardel (2011) ou Quarta Divisão (2012) e trabalhado ao lado de realizadores como Serge Moati, Eric Barbier, Joaquim Leitão, João Botelho, Teresa Villaverde, Maria de Medeiros ou António Pedro de Vasconcelos.
DANÇA
DANÇA CONTEMPORÂNEA EM MANGUALDE
“Vestir/despir” Workshop liderado pela coreógrafa Rita Marcalo 21 de dezembro, 10h30 – 16h00, Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves
No próximo dia 21 de dezembro, sábado, a Amarte em parceria com a Câmara Municipal de Mangualde e a Biblioteca Municipal de Mangualde, traz Rita Marcalo, coreógrafa portuguesa sediada no Reino Unido, artista associada da Dance4 (http://dance4.co.uk) e diretora artística da companhia Instant Dissidence (www.instantdissidence.co.uk), para liderar o workshop “vestir/despir” baseado no seu trabalho coreográfico “clothe/unclothe” realizado para a Northern School of Contemporary Dance que se encontra em digressão no Reino Unido desde 2012. O workshop terá lugar entre as 10h30 e as 16h00 na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves, em Mangualde.
O workshop, destinado a todas as pessoas com idade superior a 16 anos, começa com uma aula de técnica de contemporâneo baseada no estilo pessoal da coreógrafa com ênfase na coordenação e no movimento não linear. Na segunda parte do workshop será explorada a ligação entre a construção de frases de movimento e ações de vestir e despir. Este workshop terá um limite máximo de 20 participantes, sendo que as reservas e as informações adicionais devem ser efetuadas através dos seguintes contactos: geral@amarteassoc.pt ou T. 933 080 411. Rita Marçalo, coreógrafa, performer, escritora e professora universitária. Nasceu em Aveiro e vive em Inglaterra desde 1994. Fez um doutoramento em coreografia e criou uma companhia de dança, a Instant Dissidence.
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PINTURA
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NADIR AFONSO
QUICK FACTS Nome: Nadir Afonso Rodrigues
Ocupação:
Pintor, arquitecto e pensador
Data de nascimento: dezembro 04, 1920
Data da morte: Educação:
Escola de Belas Artes do Porto École des Beaux-Arts Paris
Local de Nascimento: Chaves
Local da morte: Assinatura:
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Nadir Afonso Rodrigues, nasceu em Chaves a 4 de Dezembro de 1920, é um arquitecto, pintor e pensador português. Diplomado em arquitectura, trabalhou com Le Corbusier e Oscar Niemeyer. Nadir Afonso estudou pintura em Paris e foi um dos pioneiros da arte cinética, trabalhando ao lado de Victor Vasarely, Fernand Léger, August Herbin e André Bloc. Nadir Afonso é autor de uma teoria estética, tendo publicado em vários livros onde defende que a arte é puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática, que tratam a arte não como um acto de imaginação, mas de observação, percepção e manipulação da forma. Nadir Afonso alcançou reconhecimento internacional e está representado em vários museus. As suas obras mais famosas são a série Cidades, que sugerem lugares em todo o mundo. Com 92 anos de idade, ainda trabalha activamente na pintura. Em 1938 Nadir Afonso ingressou no curso de Arquitectura na Escola de BelasArtes do Porto. Durante estes anos a pintura de Nadir evoluiu para uma progressiva abstracção. Terminados os estudos de arquitectura partiu para Paris, em 1946, onde se inscreveu na École des Beaux-Arts para estudar Pintura, e obteve, por intermédio de Portinari, uma bolsa de estudo do governo francês. Colaborou, de 1946 até 1948 e novamente em 1951, com Le Corbusier. Foi um projecto desenvolvido sob orientação de Le Corbusier que esteve na base da tese “A Arquitectura não é uma Arte”, que defendeu no Porto em 1948 com o projecto da Fabrica Duval em Saint-Dié (Afonso, 1990). Paralelamente, trabalhou na pintura, servindo-se do ateliê de Fernand Léger. No ateliê de Le Corbusier trabalhou também no projecto da Unité d’Habitation. Uma perspetiva deste projeto, realizada por Nadir, foi reproduzida na revista L’Homme et l’Architecture e, depois em livros da especialidade de todo o
mundo. (Afonso, 2010). No final de 1951 parte para o Brasil, onde trabalhou, nos anos seguintes, com Óscar Niemeyer. sobretudo no projecto do IV Centenário da Cidade de S. Paulo, Parque de Ibirapuera. Em finais de 1954 estava de regresso a Paris. Participou no movimento da arte cinética, expondo na galeria Denise René em 1956 e 1957 e em colectivas com Victor Vasarely, August Herbin e Richard Mortensen.Neste âmbito efectuou a série Espacillimité e na vanguarda da arte mundialque apresentou no Salon des Réalités Nouvelles de 1958 um Espacillimité animado de movimento. Publicou a obra de reflexão estética La Sensibilité Plastique (Paris: Presses du Temps Présent, 1958) e apresentou no ano seguinte a sua primeira grande exposição antológica, na Maison des Beaux-Arts de Paris. Em 1955 concorreu ao projeto do Monumento ao Infante D. Henrique a erigir em Sagres. Em Chaves projectou a Panificadora, uma das obras de referência da arquitectura portuguesa do século XX. (Afonso, 1990). Representou Portugal na Bienal de São Paulo, no Brasil, em 1961 e em 1969. Em 1967 recebeu o Prémio Nacional de Pintura e, passados dois anos, o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. A Fundação Calouste Gulbenkian dedicou-lhe uma exposição retrospectiva que foi apresentada em 1970 no Centre Culturel Portugais, em Paris, e posteriormente em Lisboa. Publicou Les Mécanismes de la Création Artistique (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970). Condecorado com os graus de Oficial (10 de Junho de 1984) e Grande-Oficial (14 de Dezembro de 2010) da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Nos anos seguintes desenvolve uma intensa actividade artística e aos poucos a sua pintura irradia pelo mundo ao mesmo tempo que continua a publicar regular-
mente. Aos livros referidos seguem-se: Aesthetic Synthesis, Universo e o Pensamento, O Sentido da Arte, Da intuição Artística ao Raciocínio Estético, Sobre a Vida e Sobre a Obra de Van Gogh, As Artes: Erradas Crenças e Falsas Criticas, Nadir Face a Face com Einstein, Manifesto – O Tempo não Existe. Em 2003 foi realizado o filme Nadir, da autoria de Jorge Campos, para a Radiotelevisão Portuguesa. Artista homenageado na XII Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira (2003), onde apresentou uma exposição antológica, e na 2ª Feira Internacional do Estoril, onde foi atribuído o Prémio Nadir Afonso (2004). Doutor Honoris Causa pela Universidade Lusíada, Lisboa (2010) e pela Universidade do Porto (2012). Nadir tem desenvolvido uma extensa obra plástica e teórica centrada na busca do Absoluto na Arte e publica diversos livros. Em 2010, foi realizada uma grande exposição da sua obra, no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, e, seguidamente, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa.1 O Museu da Presidência da República dedicou-lhe uma exposição retrospectiva. Uma grande exposição foi apresentada no Museu Carlo Bilotti- Vila Borghese em Roma (2012)e outra exposição em Veneza no Palazzo Loredan (2012). Em 2012 é apresentado no Teatro São João no Porto o filme Nadir Afonso: O Tempo não Existe de Jorge Campos. Em Janeiro de 2009 foi apresentado em Chaves o projecto da autoria de Siza Vieira da sede da Fundação Nadir Afonso que está em construção. Em Boticas o Centro de Artes Nadir Afonso será inaugurado brevemente. O projecto deste equipamento foi distinguido com os prémios internacionais “The International Architecture Awards” (2009) e “The Green Good Design Awards” (2010).
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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES
PHALO NATURALMENTE, EM LIBERDADE
Sérgio Amaral
Exposição Instalação de Cerâmica Organização: Gabinete de Gestão e Programação do Património e Cultura. A Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves acolhe de 2 de dezembro a 31 de janeiro a exposição/instalação de cerâmica “Phalo naturalmente, em liberdade”. De autoria de Sérgio Amaral, esta mostra de cerâmica é um misto do seu imaginário com as vivências próprias do artista.
Sérgio Amaral Nasceu em Santa Luzia, Mangualde, em 1959. De 1978 a 1982, dedicou-se à pintura, tendo realizado algumas exposições. Em 1982, sente a necessidade de experimentar novos materiais, como o ferro e o barro e inicia assim o seu percurso na cerâmica, com especial interesse pelo barro negro. Explora desde então, todas as possibilidades que esta técnica permite: o Rakú, o Negro Primitivo, as Reduções etc. No ano de 1988, frequenta uma oficina de gravura na Fundação Kalouste Gulbenkian, orientada por Rui Marçal. Na década de 90, desloca-se à Áustria a convite do ICEP.É monitor da Deficoop (89/90). Participa com Manuel Keller Soria no curso de reflexos cerâmicos (92). Em vinte anos de actividade de artesão e artista conta com inúmeras exposições, individuais e colectivas de cerâmica e olaria tanto em Portugal como no estrangeiro. Cooperativa Árvore, Porto e Salon International des Santonniers, em Arles são dois bons exemplos. Em 2002 começa a dar a conhecer com mais insistência os seus matarrachos em várias mostras de artesanato.Premiado em várias mostras de artesanato destaca-se o prémio de Artesanato Moderno do IEFP.A exposição, de entrada livre, pode ser visitada no horário de funcionamento da Biblioteca Municipal (segunda-feira das 14h00 às 18h30, terça-feira a sexta-feira das 09h00 às 18h30 e aos sábados das 10h00 às 18h00).
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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES
WORKSHOPS PRESÉPIOS
AGENDA Hora do conto
Neste natal aposte num presépio personalizado e pintado por si. A pintora mangualdense Alzira Ferreira ajuda-o a concretizar esse objetivo levando a cabo dois workshops que ensinam a pintar os diferentes intervenientes que compõem o presépio. Assim, no dia 9 de novembro aprenda a pintar o anjo, a vaca e o burro e, no dia 7 de dezembro, o menino, a Maria e o José. A iniciativa realizase na Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves e conta com o apoio da Câmara Municipal de Mangualde. Os workshops têm a duração de duas horas cada, a realizar entre as 15h00 e as 17h00. Cada workshop tem como limite de participação 10 inscrições e tem o custo de 20€, já com os materiais de pintura incluídos. Os interessados podem inscrever-se na Câmara Municipal de Mangualde (Largo Dr. Couto, 3534-004 Mangualde) ou através do email gppc@cmmangualde.pt.
05 de novembro | 10:30 A prenda de Natal do Henrique Semprespera John Burningham
12 de dezembro | 10:30 A prenda de Natal do Henrique Semprespera John Burningham
19 de dezembro | 10:30 A prenda de Natal do Henrique Semprespera John Burningham
26 de dezembro | 10:30 A prenda de Natal do Henrique Semprespera John Burningham
Ateliers de ilustração e expressão escrita Cinema, musica internet 01 de outubro » 31 outubro Hórario da Biblioteca
Clube de leitura
CONCERTO INTERGERACIONAL «SOA A NATAL!» A magia do Natal já está a chegar a Mangualde. No próximo dia 20 de dezembro realizar-se-á o Concerto Intergeracional «SOA A NATAL!». Este concerto da TEMPO XL, com participação dos jovens da catequese da Paróquia da Cunha Baixa, decorrerá pelas 14h30, no Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves. Este Concerto Intergeracional é uma organização da TEMPO XL - Projeto Bons Velhos Tempos, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Mangualde. Numa altura em que assistimos a uma transformação demográfica marcada por um vertiginoso envelhecimento da população mundial, este Concerto Intergeracional surge como uma contribuição para a valorização da população sénior, promovendo o envelhecimento ativo e fomentando o desenvolvimento de novas competências e dinâmicas intergeracionais de partilha de saberes. Momentos como este são essenciais para uma maior valorização do potencial social e humano da pessoa idosa na nossa sociedade. A entrada é livre. Este momento musical, recheado de muita animação, é aberto a toda a comunidade. Mais informações através dos seguintes contactos T. 926089060 (Sara Figueiredo), geral.tempoxl@gmail.com. Mais informações no sitio da Câmara Municipal de Mangualde em www.cmmangualde.pt
17 de dezembro | 21:00 Um homem de partes de David Lodge
Biblioteca para avós 1vista por mês | Locais
• Centro Social Paroquial de Abrunhosa-aVelha • Centro Social de Fornos de Maceira Dão • Centro Paroquial da Cunha Baixa • Lar de Nossa Sr.ª do Amparo • Lar Morgado Cruzeiro • Centro Social Cultural da Paróquia de Mangualde • Centro Paroquial de Santiago de Cassurrães • Centro Social Paroquial de Chãs de Tavares • Associação de Solidariedade Social de Contenças de Baixo
Livros sobre rodas 1vista por mês | Locais
EB1 de Abrunhosa do Mato; EB1 de Abrunhosa-a-Velha; EB1 de Cubos; EB1 de Cunha Baixa; EB1 de Moimenta do Dão; EB1 de Tibaldinho; EB1 Mangualde n.º 1; EB1 Santa Luzia; JI de Abrunhosa do Mato; JI de Casal Mendo; JI de Cubos; JI de Cunha Baixa; JI de Moimenta do Dão; JI de Tibaldinho; JI Mangualde n.º 1
Doces Leituras
«PONTOS E ENCONTROS!»
01 de dezembro » 31 dezembro Pastelaria do Patronato Ondjaki
Auditório 03 de dezembro - Audição de acordeão 07 de dezembro - Atelier de Natal - Alzira Ferreira 12 de dezembro - Sessão ADD 13 / 18 / 21 de dezembro - Ciclo de cinema CNE 20 de dezembro - Concerto Tempo XL 21 de dezembro - Festa de Natal - Centro de Estudos Musicais Nancy 22 de dezembro - Festa de Natal - IAM 27 de dezembro - Festa de Natal - Palco de Encantos 29 de dezembro - Festa da dança
Neste natal aposte num presépio personalizado e pintado por si. A pintora mangualdense Alzira Ferreira ajuda-o a concretizar esse objetivo levando a cabo dois workshops que ensinam a pintar os diferentes intervenientes que compõem o presépio. Assim, no dia 9 de novembro aprenda a pintar o anjo, a vaca e o burro e, no dia 7 de dezembro, o menino, a Maria e o José. A iniciativa realiza-se na Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves e conta com o apoio da Câmara Municipal de Mangualde. Os workshops têm a duração de duas horas cada, a realizar entre as 15h00 e as 17h00. Cada workshop tem como limite de participação 10 inscrições e tem o custo de 20€, já com os materiais de pintura incluídos. Os interessados podem inscrever-se na Câmara Municipal de Mangualde (Largo Dr. Couto, 3534-004 Mangualde) ou através do email gppc@cmmangualde.pt.
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Exposições “Phalo naturalmente, em liberdade” Sérgio Amaral 02 de dezembro » 31 janeiro Hórario da Biblioteca “Pontos e Encontros” 11 de dezembro » 18 dezembro Hórario da Biblioteca
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Ondjaki Prémio Literário José Saramago 2013
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A obra distinguida com o Prémio Literário José Saramago 2013
Os transparentes
Ondjaki
O escritor Ondjaki recebeu hoje o Prémio José Saramago pelo romance “Os transparentes”, no mesmo dia em que é publicado o seu novo livro, “Uma escuridão bonita”, com ilustrações de António Jorge Gonçalves. O Prémio José Saramago é o segundo galardão que o escritor angolano recebe este ano, depois do Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil, pela obra de ficção juvenil “A bicicleta que tinha bigodes”, que lhe tinha já valido o Prémio Bissaya Barreto, no ano passado. Ondjaki, pseudónimo literário de Ndalu de Almeida, é um termo da língua umbundu que significa “guerreiro”. O autor estreou-se literariamente em 2000 com o livro de poesia “actu sanguíneu”, que lhe valeu uma menção honrosa do Prémio António Jacinto, nesse mesmo ano. Nascido em Luanda há 36 anos, Ondjaki tem publicados vários títulos nas áreas de poesia, conto, novela, romance e teatro, e assinou, em 2006, com Kiluanji Liberdade, o documentário “Oxalá cresçam pitangas”. O escritor junta o Prémio Saramago a outros galardões já recebidos, nomeadamente o
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Prémio António Paulouro, em 2005, pelo livro de contos “E se amanhã o medo”, o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores, pela obra “Os da minha rua”, em 2007, o Grinzane for Africa- young writer, o brasileiro Jabuti, na categoria juvenil, pela obra “AvóDezanove e o segredo do soviético”, em 2010, e ainda o angolano Caxinde do Conto Infantil, pelo título “Ombela, a estórias das chuvas”, em 2011. Ondjaki é autor de 19 títulos, incluindo o publicado hoje pela Editorial Caminho, e, entre eles, refira-se “Bom Dia Camaradas”, “O Assobiador”, “Há Prendisajens com o Xão”, “Quantas madrugadas tem a noite”, “Materiais para confecção de um espanador de tristezas”, “Os vivos, o morto e o peixe-frito”, “O voo do Golfinho”, e “Uma escuridão bonita”. As obras do escritor angolano estão traduzidas em francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sério, polaco e sueco. Sobre o romance distinguido hoje com o Prémio Saramago, Manuel Frias Martins, membro do júri, afirma “que resulta de ou se estrutura por uma série de retratos sucessivos
de habitantes, sobretudo os mais pobres, de Luanda e dos contextos da vida social que os caracteriza”. “A vida numa cidade marcada pela degradação das condições materiais e pelas inúmeras dificuldades que marcam um quotidiano sem horizonte. A ideologia feneceu e sobrevive-se na dura realidade da corrupção e do salve-se quem puder”, acrescenta Frias Martins. Ana Paula Tavares, também do júri, realça que “o prédio, lugar central do romance [“Os Transparentes”], é um lugar de memória do que poderia ter sido o sonho de toda uma sociedade harmoniosa e justa como no princípio dos tempos se pensava, para ser apenas isso a memória alimentada por um quotidiano perverso”. Um “quotidiano perverso”, prossegue a poetisa, “onde se descobrem e multiplicam todas as maneiras de sobreviver, ganhar dinheiro, ficar ‘ainda’ vivo na escuridão que adensa o labirinto e onde é preciso ter-se sido iniciado para conseguir desenrolar todos os fios da teia imensa que contorna o abismo”. A poetisa angolana alerta que “em trabal-
in lusa / Sol 05/11/2013
hos anteriores Ondjaki vinha afinando formas de dizer a cidade e os seus enigmas, palavras para a luz e a sombra, espaços para o outro lado das coisas, pontos de partida para a reflexão sobre os destinos do mundo e o sentido último da escrita entre a verdade e a coisa dita”. Maria de Santa Cruz, por seu turno, assinala que “Os transparentes” é um “romance experimental, de original e criativa estruturação [...] convocando os mais diversos tipos de discurso -- da escrita já característica de Ondjaki ao mais burocrático fragmento da ridicularizada política, passando pela oralidade luuandina, pelas anedotas de caluandas lembrando Pepetela, [e] os assertivos sim camarada de Manuel Rui”. A catedrática refere ainda a utilização das “expressões mais brasileiras à importação crescente de anglicismos, a oratória das novas seitas religiosas e das máfias de variadas proveniências, enfim, a ressonância quase ensurdecedora de ritmos díspares que acompanha o progresso-relâmpago da capital moderna”.
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Prémio Literário José Saramago 2013 Testemunhos dos membros do júri
in Fundação José Saramago 25/11/2013
“Quero perder-me na densidade poética da nuvem” Ondjaki Há cidades assim que moram inteiras num único sítio despido de ruas jardins e árvores de estimação onde se multiplica em cada andar, na escada que não existe, nos canos sem água mas a rebentar de vento e na água à solta pelo chão dos quartos e outras divisões visitadas logo pela manhã pelas mães mais antigas de todos os andares e as crianças dos rés-do-chão do mundo. A cidade (tinha que ser Luanda) não vive sem os seus transparentes os que atravessam a vida a subir e descer escadas do céu ou de outras complexidades e invisíveis aos olhos de quem detém o poder e ignora os filhos da terra que a fome transforma. Falamos de Os transparentes o romance do angolano Ondjaki de escrita vertiginosa, ágil e afeiçoada a cada situação com a mão segura do criador de grande efeito que não descura as situações de grande complexidade e traz à colação a “vida e a vida” de todos quantos nascem, crescem, amam, vivem e morrem na cidade do sol entre os antigos lagos e as estrelas. O prédio, lugar central do romance, é um lugar de memória do que poderia ter sido o sonho de toda uma sociedade harmoniosa e justa como no princípio dos tempos se pensava, para ser apenas isso a memória alimentada por um quotidiano perverso onde se descobrem e multiplicam todas as maneiras de sobreviver, ganhar dinheiro, ficar “ainda” vivo na escuridão que adensa o labirinto e onde é preciso ter- se sido iniciado para conseguir desenrolar todos os fios da teia imensa que contorna o abismo. O fascínio da cidade descobre-se na fala de todos os que trazem ao prédio e aos seus moradores notícias da cidade alta e da baixa e de todas as regiões circunvizinhas. As personagens (moradores do prédio, vizinhos, convidados e tantos outros) trazem as suas histórias para deixar nos diferentes andares e “entre- andares” do prédio que assim se transforma em arquivo dos sonhos dos vivos e dos testamentos dos mortos. Pode assim contar-se a história que Luanda precisava: combinar as sombras com a realidade, tratar todos os tempos (tempo real, tempo mítico, tempo histórico) com a mesma propriedade e estabelecer uma cronologia. A morte “ oficial” da “senhora Ideologia” institui o jogo de planos dissonantes que se cruzam para circunscrever um território um espaço iluminado pelas visões de cada uma das personagens que habita a paisagem social de um país, de uma terra onde se legisla e desconstrói o futuro e se vive o presente envenenado de todos os que não podem ser vistos. Em trabalhos anteriores Ondjaki vinha afinando formas de dizer a cidade e os seus enigmas, palavras para a luz e a sombra, espaços para o outro lado das coisas, pontos de partida para a reflexão sobre os destinos do mundo e o sentido último da escrita entre a verdade e a coisa dita. Num filme Oxalá cresçam Pitangas que realizou com Kiluanji Liberdade Ondjaki anota (caderno de campo, poema) todas as falas dos habitantes de Luanda e a sua reflexão sobre a essência das coisas. Faltava um livro onde a própria cidade mostrasse, com o pudor e a delicadeza das meninas antigas, o seu próprio ventre, tudo o que se faz e se destrói a verdade e o seu avesso. Faltava o romance que pudesse ser lido como as camadas sobrepostas e lentamente sedimentadas pelo tempo que a terra nos oferece para viver e morrer. Com Os transparentes o escritor angolano cumpre o que há muito se anunciava: a construção de um grande livro fiel a linhagens literárias mais antigas e que pode ler-se na travessia das linguagens de cada um. A língua portuguesa ganha o tom, liga todas as mensagens, renova-se sem concessões e aparece fresca e milagrosa como as águas à solta do rés-do-chão do lugar central do romance. No livro celebra-se o repositório de todos os acontecimentos da cidade sitiada e livre, no espaço de palco aprisionado e, no entanto, onde a noção de limite não existe pelo menos nos dias que precedem a purificação pelo fogo. Ana Paula Tavares Trata-se de um romance que resulta de ou se estrutura por uma série de retratos sucessivos de habitantes, sobretudo os mais pobres, de Luanda e dos contextos da vida social que os caracteriza. A vida numa cidade marcada pela degradação das condições materiais e pelas inúmeras dificuldades que marcam um quotidiano sem horizonte. A ideologia feneceu e sobrevive-se na dura realidade da corrupção e do salve-se quem puder. A política serve sobretudo os políticos e a população assiste a uma festa de riquezas, designadamente a que foi trazida pelo petróleo, para a qual nunca será convidada. É por isso um livro político, sem dúvida, de um autor desencantado com a classe dirigente angolana, mas continuamente fascinado pelo homem da rua, o homem e a mulher que conseguem manter as alegrias do viver com pouco; sobretudo é um romance de um autor fascinado pelos eventos do dia a dia luandense repleto de dramaticidade e comicidade. Este é um livro de maturidade do autor. O seu encanto pela infância continua presente, mas já estamos no registo adulto do olhar crítico e mordaz que é lançado sobre o tempo, a História e as respetivas legitimações políticas. A ironia e o humor continuam a caracterizar a escrita de Ondjaki, tornando a leitura de Os transparentes muito fluida e agradável, sobretudo quando o romance obriga o leitor a se confrontar com uma criolização mais radical e criativa da língua portuguesa. Manuel Frias Martins Romance experimental, de original e criativa estruturação que se espelha, em mise en abîme, na narração, convocando os mais diversos tipos de discurso – da escrita já característica de Ondjaki ao mais burocrático fragmento da ridicularizada política, passando pela oralidade luuandina, pelas anedotas de caluandas lembrando Pepetela, os assertivos sim camarada de Manuel Rui, a estória tradicional ao jeito de Uanhenga Xitu (como a da grande erupção da fala da Avó Umbundo, Aquela-que- nãodança, a Mulher atravessando todas as guerras até dançar de tristeza); das expressões mais brasileiras à importação crescente de anglicismos, a oratória das novas seitas religiosas e das máfias de variadas proveniências, enfim, a ressonância quase ensurdecedora de ritmos díspares que acompanha o progresso-relâmpago da Capital moderna. O Prédio de seis andares para implosão, já em derrocada, é o micro-cosmos d’Os transparentes, de toda a transparência, onde se sobrevive e convive em solidariedade, onde se congregam todos os tipos sociais, do Carteiro ao Ministro, e se preserva a cultura, onde convergem todas as figuras da ironia, o estranho e o maravilhoso de infância e banda desenhada, um mundo de personagens-tipo individualizadas, de estórias adulteradas ou a adulterar pelo fantástico risível e a superstição, onde sobressai o poder transformador da herança matriarcal. Experimentação de géneros, reservando-se o lirismo e o romantismo aos separadores do Vendedor de Conchas, lazarillo do velho Cego com quem trocou de funções. O caos aparente deste percurso textual está de acordo com o cosmos observado, equilíbrio inaudito do contraditório, na competição diacrónica do passado recente/futuro, da tradição e do imparável progresso, em que não é de desprezar o olhar distante mas atento do crítico A. que mal disfarça a empatia com o objeto-Luanda e a alegria de encontrar na inundação e intempérie o elemento que apagará o incêndio, castigo judaico-cristão da ambição humana e do grande ciúme da Palavra própria. Maria de Santa Cruz
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Com a publicação de Os transparentes, este jovem e promissor escritor angolano surpreende os seus leitores (que já são muitos) pela maneira como continua a investir num projecto literário multifacetado, no qual, além do investimento das estratégias irónicas e do humor corrosivo, se evidencia também uma ostensiva contaminação da prosa com a poesia. Continuando a apostar no humor e no prazer de contar histórias, este novo romance, de construção discursiva mais complexa, confirma a maturidade estético-formal de Ondjaki, inscreve a ficção do autor na linhagem dos grandes contadores de história de cepa popular. Repleta de cores, cheiros e sabores da infância, a trama de Os Transparentes desenvolve-se num prédio (“esboroado e degradado”), situado no centro de Luanda. Mas nesta Luanda revisitada, no contexto da “nova paz” e das “construções desenfreadas”, também se evidencia uma voz autoral que denuncia a decadência física e moral, as mazelas sociais, “as falcatruas” económicas e políticas dos novos tempos, a opressão dos fortes contra os mais fracos, as subtis formas de poder, tendo como pano de fundo a ideia de falência das ideologias. A narrativa centra-se, sobretudo, na história de Odonato, um pai que anda em busca do corpo de um filho, em busca de um país para sempre perdido – uma “Luanda de antigamente.” É através da sua comovente e estranha história, das várias pistas deixadas ao longo do texto (“os pobres não emagrecem, ficam transparentes” […] a transparência é um símbolo. Um homem pode ser um povo, sua imagem pode ser a do povo), que o leitor vai construindo o verdadeiro significado do que é ser ou ficar “transparente”, evidenciando-se a dimensão alegórica do próprio título do livro. Mas apesar da intensa critica social ainda há espaço para o registo poético de cariz melancólico: serei feliz quando as lágrimas regressarem de verdade. Estou cansado de falsas sensações. […] os olhos de Odonato já não sabiam chorar como antigamente […] e agora sim, a garganta podia orquestrar um choro e os olhos, ai tempo de molhada meninice!, os olhos podiam então chorar (p.72-73). Além da luminosa invenção da linguagem enraizada numa tradição popular autêntica e fascinante, enriquecem ainda este romance os jogos intertextuais, as relações dialógicas que o autor estabelece com textos e figuras das culturas e das literaturas brasileira, portuguesa e africana, a intensa contaminação discursiva, que se dá em todos os níveis da narrativa. Reinventando a língua portuguesa, estabelecendo relações de afectos textuais, este livro, cheio de cores e sonoridade (em função da mistura de registos linguísticos), confirma o que já disse o próprio escritor num outro contexto: “uma língua grávida pode parir culturas, cores novas e contornos imprevistos em pessoas humanas. Nazaré Gomes dos Santos Os lamentos de Luanda O romance Os transparentes, de Ondjaki, traz-nos a voz da África. A arte da África. Aviva os lamentos de Luanda e do mundo. No seu curso narrativo, o autor empurra para a minha consciência o terror que o poder inspira e a desconfiança quanto às ações humanas. Mostra-nos que a literatura, além de uma dimensão estética, de sua voracidade ficcional, faz-se de uma verdade que não burla, que diz respeito a cada leitor. O romance me doeu, mas sucumbi à sua contundente beleza. Um texto que não tenho como apagar da memória. A malignidade, que dele emana, explica a perda da inocência. Reforça-me a certeza de não ser Luanda a única pólis a merecer condenação. Somos nós, em conjunto, que pecamos. Contudo, há personagens que redimem a espécie, são heróicos em sua modéstia. Exemplo é Odonato, Xilisbaba, o casal que conheceu o amor. Certas frases que surgem tocadas pela graça, evidenciam crença em um humanismo admirável, posto à prova. Quantos destes seres que mal comem, mal vivem, resistem, desfrutam de uma esperança que advém do coração. Ainda dividem entre eles pão, peixe, cerveja, como dolorida eucaristia. Sinto-me mal pelo mal que habita Luanda, do Ondjaki, que é uma metáfora da crueldade oriunda da corrupção, tão endêmica que se torna a moral da cidade, ou do país. O romance assusta em quem acredita no valor do verbo, revestido de visão poética. De um criador cujo criação impregna-nos com uma verdade narrativa que, afinal, eu não pedira. Não tendo eu agora como apagar os vestígios dos seus horrores, da compaixão das suas criaturas, da gente humilde cercada daqueles que impregnam a cidade com o sentimento da desmedida, aplicada à corrupção, ao cinismo, à impunidade, à indiferença. Os transparentes não é um romance mimético, que copia sem transfigurar. Há, nas entrelinhas , piedade, cuidados, compaixão. Enquanto usa recursos quase carnavalescos, burlescos, engraçados, como se nos quisesse fazer crer que tal narrativa é provisória, não diz respeito a uma realidade injusta. Tudo poderá ser corrigido pela falange do bem, a favor dos homens. Só que , enquanto se acerca ao desfecho, a vida é vendida por pouco , até já não ter mais o que vender. Restam frangalhos humanos. Os transparentes é um comovente afresco. Imita uma cárcere de cujos tentáculos não se tem como escapar. E pergunto-me, como este jovem autor se atreve a transformar a Luanda bela, a Luanda sonhada, na sucursal do inferno? Onde todos, cercados pelo fogo, pela fumaça e pela escuridão, se vêem, incrédulos, captados pelo pincel de um Bosch africano. Diante da iminência da morte, após a vida lhes haver mutilado a alma, a lhes faltar agora ceder a totalidade do corpo. Já não lhes importando saber quem, nesta perturbadora narrativa, comprará os esqueletos que acaso sobrem. O romance Os transparentes é uma brilhante alegoria… Sua leitura é um alerta. Deixa rastros de uma alegria que não é fácil digerir diante do talento de Ondjaki. Deste Ondjaki que, vindo d’ África, merece percorrer o mundo, que é o seu lugar. Sem dúvidas, o júri lhe outorga o Prêmio José Saramago 2013. Nélida Piñon Ao lermos Os transparentes temos a sensação de estar a ler uma literatura inaugural. Sabemos que não é assim, que Angola tem grandes escritores e que muitos fazem do português em África um idioma sólido, versátil e belo, e que também Ondjaki faz parte de uma poderosa constelação que irá, sem dúvida, iluminar noites e dias. Os transparentes surge como o primeiro dia da criação, tal é a sua força e lucidez. Este romance, mágico e misteriosa, é cruzado por uma aparente ingenuidade, talvez a única maneira de descrever o país que se ama e contar um certo estado de coisas que não se pode deixar de notar, por causa desse mesmo amor. Os transparentes é um livro de Angola, sobre esta Angola e a sua forma de estar no mundo. E é, por certo, literatura. Pilar del Rio Surpreende-me, neste romance de Ondjaki, a maneira como a sua utilização da língua portuguesa é, não só capaz de captar com a maior naturalidade as mais diversas situações num contexto social tão diferente do nosso, mas comporta em si mesma fermentos de uma inovação que espelha com força e realismo um quotidiano vivido na sua trepidação e também funciona eficazmente ao restituí-lo no plano literário. É essa uma das vias possíveis da nossa língua na sua variante angolana. Vasco Graça Moura
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OS TRANSPARENTES Ondjaki
Sinopse Ondjaki, o escritor angolano já bem conhecido do público por obras como o assobiador (2002), quantas madrugadas tem a noite (2004), os da minha rua (2007), AvóDezanove e o segredo do soviético (2008), entre outros títulos, sempre colocou Angola, e em particular Luanda, de onde é natural, no centro da sua escrita. Com o presente romance, de novo aparece Luanda - a Luanda atual do pós-guerra, das especificidades do seu regime democrático, do «progresso», dos grandes negócios, do «desenrasca» - como pano de fundo de uma história que é um prodígio da imaginação e um retrato social de uma riqueza surpreendente. Combinando com rara mestria os registos lírico, humorístico e sarcástico, os transparentes dá vida a uma vasta galeria de personagens onde encontramos todos os grupos sociais, intercalando magníficos diálogos com sugestivas descrições da cidade degradada e moderna.
Obras publicadas Actu Sanguíneu (poesia) Bom Dia Camaradas (romance) Momentos de Aqui (contos) O Assobiador (novela) Há Prendisajens com o Xão (poesia) Ynari: A Menina das Cinco Tranças (infantil) Quantas Madrugadas Tem A Noite (romance) E se Amanhã o Medo (contos) Os da minha rua (contos) AvóDezanove e o segredo do soviético (romance) O leão e o coelho saltitão (infantil) Materiais para confecção de um espanador de tristezas (poesia) Os vivos, o morto e o peixe-frito (ed. brasileira / teatro) O voo do Golfinho (infantil) dentro de mim faz Sul, seguido de Acto sanguíneo (poesia) “a bicicleta que tinha bigodes” (juvenil) Os Transparentes (romance) Uma escuridão bonita (juvenil, Brasil/Portugal)
2000 2001 2001 2002 2002 2004 2004 2005 2007 2008 2008 2009 2009 2009 2010 2011 2012 2013
Prémios * “Actu Sanguíneu” (poesia) Menção Honrosa no prémio António Jacinto (Angola, 2000) * “E se amanhã o medo” (contos) Prémio Sagrada Esperança (Angola, 2004) Prémio António Paulouro (Portugal, 2005) * “Bom dia Camaradas” Finalista do prémio “Portugal TELECOM” (Brasil, 2007) * “Os da minha rua” (contos) Grande Prémio APE (Portugal, 2007) Finalista do prémio “Portugal TELECOM” (Brasil, 2008) Grinzane for Africa Prize - Young Writer (Etiópia/Italia/2008)
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“AvóDezanove e o segredo do soviético” Prémio FNLIJ 2010 “literatura em Língua Portuguesa” Prémio JABUTI, categoria ‘juvenil’, com o livro (2010) Finalista do Prémio Literário de São Paulo (2010) Finalista do prémio “Portugal TELECOM” (Brasil, 2010) * “Ombela, a estórias das chuvas” Prémio Caxinde do Conto Infantil (Angola, 2011) * “A bicicleta que tinha bigodes” Prémio Bissaya Barreto 2012 (Portugal, 2012) Prémio FNLIJ 2013 “literatura em Língua Portuguesa” (Brasil 2013) * “Os transparentes” Prémio Literário José Saramago 2013 (Portugal, 2012)
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PROJETOS
BIBLIOTECA PARA AVÓS A todos um
Bom
Natal Durante o mês de Dezembro a equipa da Bib-
lioteca Municipal Dr. Alexandre Alves promoverá mais uma edição de “A todos um bom Natal”. Esta iniciativa decorre todos os anos e tem como objectivo partilhar contos, cânticos e tradições de Natal, garantindo aos mais velhos momentos de alegria e boa disposição,
num período em que a família e o carinho são o que mais importa. Decorrerá de 9 a 13 de Dezembro, nos Lares e Centros de Dia participantes no Projecto “Biblioteca para Avós”, este ano a história apresentada será “Ninguém dá prendas ao Pai Natal de Ana Saldanha.
O projeto surgiu no âmbito do Plano de Ação 2011 da Rede Social, no eixo de intervenção Fomentar o Envelhecimento protegido, promovido pela Câmara Municipal de Mangualde e é levado a cabo pela Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves. “Biblioteca para Avós” é um projeto itenerante. A sua
concretização consiste na visita periódica da Biblioteca Municipal aos lares e centros de dia do concelho de Mangualde, apresentando histórias e conversas apartir dos livros. São ainda realizadas atividades complementares que visam promover o livro e a leitura.
PROJETO TABLET – Ler de outra forma As Bibliotecas são hoje em dia espaços de leitura muito mais diversificados que outrora. Ao longo dos tempos, fomos assistindo a alterações nos suportes de leitura e com eles, à forma de ler. O próprio conceito de leitura tem vindo a tornar-se cada vez mais abrangente, significando mais do que uma descodificação de símbolos. Leitura é a forma como se interpreta um conjunto de informações ou um determinado acontecimento. É uma interpretação pessoal. O hábito de leitura, independentemente do suporte, é uma prática muitíssimo importante para desenvolver o raciocínio, o sentido crítico e a capacidade de interpretação, além de estimular a imaginação e ampliar o conhecimento. A grande mudança nos suportes de leitura deve-se à explosão tecnológica, centrada em dispositivos de leitura electrónica que, veio
trazer alterações nomeadamente na forma como o leitor se relaciona com a informação, com a leitura e com o livro tradicional. As bibliotecas sentem necessidade de se adaptar a esta nova realidade e de adequar os seus serviços à procura deste tipo de suporte, de forma a não serem ultrapassadas. Neste sentido, a Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves dispõe de quatro dispositivos móveis destinados ao serviço de consulta local na sala de leitura de adultos, para acesso a conteúdos. Estão disponíveis para leitores inscritos na Biblioteca Municipal. Este equipamento, enquadra-se no Projecto TABLET – Ler de outra forma e pretende ir ao encontro das exigências da sociedade actual, facilitando mais uma vez o acesso a equipamentos que permitem diferentes leituras a todo o tipo de público.
Brevemente disponivel, com novo layout e novas funcionalidades
www.biblioteca.cmmangualde.pt
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FOI HISTÓRIA ...
01 DEZ Rosa Parks
de energia norte-americana, localizada em Houston, Texas. A Enron empregava cerca de 21.000 pessoas, tendo sido uma das companhias líderes no mundo em distribuição de energia (electricidade, gás natural) e comunicações. Seu faturamento atingia $101 biliões de dólares em 2000, pouco antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência. Alvo de diversas denúncias de fraudes contabilistas e fiscais e com uma dívida de US$ 13 biliões, o grupo pediu auditoria às contas em dezembro de 2001 e arrastou
Rosa Parks.
Rosa Louise McCauley, mais conhecida por
Rosa Parks foi uma costureira negra norteamericana, símbolo do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, por se ter recusado frontalmente a ceder o seu lugar no autocarro a um branco, tornando-se “bandeira” do movimento que foi denominado Boicote aos Autocarros de Montgomery e posteriormente viria a marcar o início da luta contra a separação dos brancos e dos negros no acesso às mais elementares necessidades. Nascida em Tuskegee, no estado do Alabama, no Sul dos EUA, Rosa era filha de James e Leona McCauley, e cresceu em uma fazenda. Devido a problemas de saúde na família, foi obrigada a interromper os seus estudos e começou a trabalhar como costureira. Em 1932 casou-se com Raymond Parks, membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), uma organização que luta pelos direitos civis dos negros, da qual Rosa se tornou militante. Foi através dessa atitude que o então jovem pastor negro Martin Luther King Jr. , concordando com a atitude de Rosa Parks, incentivava em seus sermões os negros fiéis a fazerem o mesmo. Este movimento teve grande repercussão nos Estados Unidos na década de 1950, pois o honroso pastor pregava pelos direitos civis dos negros americanos através da teoria ” I’m black, I’m proud” (tradução livre:.” Eu sou negro, com muito orgulho”), que mudou completamente a história dos Direitos Civis para os negros americanos e influenciou gerações de negros no mundo inteiro. A atitude solitária de Rosa Parks, ao ser acolhida por Martin Luther King, Jr., nunca mais foi uma atitude solitária. Depois de se aposentar, escreveu sua autobiografia. Os anos finais de sua vida foram marcados pela
02 DEZ
Enron Corporation
Em 2 de Dezembro a Enron Corporation, sob a direçao de Keneth Lay, apresenta o pedido de falência, dias antes da apresentação da falência a companhia pagou 55 milhões de dólares de bónus a 500 funcionários de topo. A Enron Corporation era uma companhia
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Logotipo da empresa
consigo a Arthur Andersen, que fazia a sua auditoria. Na época, as investigações revelaram que a Enron tinha manipulado os seus balanços financeiros, com a ajuda de empresas e bancos, e escondeu dívidas de US$ 25 biliões por dois anos consecutivos, tendo sido os seus seus lucros inflacionados artificialmente. O governo dos Estados Unidos abriu dezenas de investigações criminais contra executivos da Enron e da Arthur Andersen. A Enron foi também processada pelas pessoas lesadas. De acordo com os investigadores, os executivos e contabilistas, assim como instituições financeiras e escritórios de advocacia, que à época trabalhavam para a companhia, foram, de alguma forma e em diferentes graus, responsáveis pelo colapso da empresa.
03 DEZ Transplante de coração
Christian Barnard. Em 3 de Dezembro de 1967, Lewis Waskhanshky de 52 anos recebe o primeiro transplante de coração humano, no Hospital Groofe Schur, na Cidade do Cabo, Àfrica do Sul. O dador foi uma mulher de 25 anos vitima mortal de um acidente de viação. O cirurgião Christian Barnard realizou a operação revolucionária, foi um estudante
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tranquilo e extremamente dedicado na Escola de Medicina da Universidade da Cidade do Cabo, no início da década de 1940. Esteve nos Estados Unidos, onde assistiu um dos melhores cardiologistas da América, Walton Lilliehei. Na década de 1960 realizou várias experiências com cães, até que outro cirurgião americano, Walter Shumway, anunciou sua intenção de fazer um transplante de coração humano. Barnard adiantou-se e realizou a primeira operação do género. O paciente morreu em poucos dias, pois os medicamentos destinados a suprimir a rejeição pelo sistema imunitário não resultaram, mas o do segundo transplantado sobreviveu 594 dias após a operação. Barnard ainda fez outros transplantes mas, com artrite reumatóide, foi obrigado a interromper a carreira.
bem especular sobre se teria ou não demitido em função dos acontecimentos subsequentes. Trinta anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam a existir duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção do avião), ou a de atentado. A 8 de Abril de 2012, José Esteves recebeu de Fernando Farinha Simões uma confissão com 18 páginas, que afirma que a CIA e Oliver North estavam por trás da conspiração para colocar a bomba no avião. Porque Adelino Amaro da Costa estava prestes a denunciar as manobras secretas da CIA no comércio de drogas e de armas que secretamente passavam por Portugal, ele foi alvejado e assim foi Sá Carneiro, porque ele era anti-EUA. A operação secreta Caso Irã-Contras liderada por Oliver North durou anos.
05 DEZ 04 DEZ
Camarate
Otto Preminger
Otto Preminger.
Francisco Sá Carneiro.
O Acidente de Camarate ou Caso Camarate foi um desastre aéreo ocorrido a 4 de Dezembro de 1980, no qual a queda de um avião Cessna sobre o bairro das Fontaínhas, em Camarate, a Norte de Lisboa, vitimou o primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro, o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, outros três passageiros e os dois pilotos do avião. Francisco Sá Carneiro faleceu em circunstâncias nunca completamente esclarecidas, quando o avião no qual seguia se despenhou em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, o democrata-cristão Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto. Nesse mesmo dia, Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD, ameaçando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). Dada a sua trágica morte, noticiada ao país na RTP por Diogo Freitas do Amaral, pode-se muito
Otto Preminger nasceu em 5 de Dezembro de 1906. Preminger estudou Direito e Filosofia e trabalhou como diretor de teatro de 1933 a 1934, antes de se dedicar ao cinema. Em 1935, optou por deixar a Áustria e exilouse nos Estados Unidos da América. Apesar da origem judia, atuou em alguns filmes no papel de nazi, por causa do seu sotaque. Tinha fama de pessoa rude e desagradável. Gostava de trabalhar com os temas dos desvios e conflitos comportamentais e tinha o mérito de deixar grandes obras em todos os géneros cinematográficos, do romance ao filme de guerra. Seus principais filmes são Laura (1944), um dos maiores clássicos do chamado “cinema noir”; Rio sem regresso (1954), grandioso western protagonizado por Marilyn Monroe e Robert Mitchum; Carmen Jones (1954), musical protagonizado por atores negros, que revelou os lendários Dorothy Dandridge e Harry Belafonte. O homem do braço de ouro (1955), polêmico drama sobre drogas, que deu a Frank Sinatra seu maior papel no cinema. Bom dia, tristeza (1958), sensível e marcante drama baseado no best-seller de Françoise Sagan, Anatomia de um crime (1959), lendário drama de tribunal, com musica de Duke Ellington baseado na obra de Patricia Highsmith, Exodus (1960), épico sobre a formação de Israel. Após o final da Segunda Guerra Mundial; Tempestade sobre Washington (1962); A primeira vitória (1965); Bunny Lake, desapareceu (1965), um dos filmes-símbolos da década de 1960; Skidoo (1968), surpreendente filme de “culto” psicadélico da geração flower power e O fator humano (1979), seu derradeiro filme, um
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subtil drama de guerra. Otto Preminger morreu aos 79 anos, devido ao cancro e Alzheimer e está enterrado no Woodlawn Cemetery, no Bronx, em Nova Iorque. Tem uma estrela no Passeio da Fama, localizada em 6624 Hollywood Boulevard.
06 DEZ James Joyce
07 DEZ
Ary dos Santos
José Carlos Ary dos Santos.
James Joyce.
“Ulisses” de James Joyce é declarado não obsceno em 6 de Dezembro de 1933 James Joyce foi um romancista, contista e poeta irlandês expatriado. É amplamente considerado um dos autores de maior relevância do século XX. Suas obras mais conhecidas são o volume de contos Dublinenses/Gente de Dublin (1914) e os romances Retrato do Artista Quando Jovem (1916), Ulisses (1922) e Finnegans Wake (1939) - o que se poderia considerar um “cânone joyceano”. Também participou dos primórdios do modernismo poético em língua inglesa, sendo considerado por Ezra Pound um dos mais eminentes poetas do imagismo. Embora Joyce tenha vivido fora de seu país natal pela maior parte da vida adulta, as suas experiências irlandesas são essenciais para sua obra e fornecem-lhe toda a ambientação e muito da temática. Seu universo ficcional enraíza-se fortemente em Dublin e reflete sua vida familiar e eventos, amizades e inimizades dos tempos de escola e faculdade. Desta forma, ele é ao mesmo tempo um dos mais cosmopolitas e um dos mais particularistas dos autores modernistas de língua inglesa. James joyce de origem irlandesa viu a sua obra imediatamente banida no Reino-Unido e nos Estados-Unidos em 1922. Três anos antes, a sua publicação em fascículos numa revista americana tinha sido proibida pelos Correios norte-americanos. Felizmente uma das apoiantes de Joyce, Sylvia Beach, proprietária da livraria Shakspeare and Co., em Paris, França, publicou o romance por conta própria. Ulisses, com a sua narrativa de corrente de consciência radical, influenciou todo o desenvolvimento do romance moderno. “Ulisses” adapta a Odisseia de Homero, condensando a viagem de Odisseu. Traduzir o romance de Joyce é uma tarefa considerada de extrema dificuldade, devido à presença de diversos trocadilhos, jogos de palavras, citações, neologismos, referências históricas e literárias. Além disso, o autor utiliza estilos variados, transformando o texto num intricado quebra-cabeças literário, com um vocabulário de mais de 30.000 palavras.
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Em 7 de dezembro nasce o poeta português José Carlos Ary dos Santos Proveniente de uma família da alta burguesia, com antepassados aristocratas, era filho do médico Carlos Ary dos Santos (19051957) e de Maria Bárbara de Miranda e Castro Pereira da Silva (1899-1950). Estudou no Colégio de São João de Brito, em Lisboa, onde foi um dos primeiros alunos. Após a morte da mãe, vê publicados pela mão de vários familiares, alguns dos seus poemas. Tinha catorze anos e viria, mais tarde, a rejeitar esse livro. Ary dos Santos revelaria, verdadeiramente, as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. Várias poesias suas integraram então a Antologia do Prémio Almeida Garrett. Pela mesma altura, Ary abandona a casa da família. Para seu sustento económico exerce as mais variadas atividades, que passariam pela venda de máquinas para pastilhas elásticas, até ao trabalho numa empresa de publicidade. Não cessa de escrever e, entretanto, dá-se a sua estreia literária efetiva, com a publicação de A Liturgia do Sangue (1963). Em 1969 adere ao Partido Comunista Português, com qual participa ativamente nas sessões de poesia do então intitulado Canto Livre Perseguido. Através da música chegará ao grande público, concorrendo, por mais que uma vez, ao Festival RTP da Canção, sob pseudónimo, como exigia o regulamento. Classificar-se-ia em primeiro lugar com as canções Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973), interpretada por Fernando Tordo e Portugal no Coração (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos. Com Fernando Tordo escreve mais de 100 poemas para canções do músico e o duo Tordo/Ary continua a ser, até hoje, um dos mais profícuos da História da Música Portuguesa. São de suas autorias canções intemporáis como Tourada, Estrela da Tarde, Cavalo à Solta, Lisboa Menina e Moça, O amigo que eu canto, Café, Dizer Que Sim à Vida e Rock Chock. Estas canções foram interpretadas por cantores como Fernando Tordo, Carlos do Carmo, Mariza, Amália Rodrigues, Mafalda Arnauth e Paulo de Carvalho. Após o 25 de Abril, torna-se um activo dinamizador cultural da esquerda, percorrendo o país de lés a lés. No Verão Quente de 1975,
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FOI HISTÓRIA ...
juntamente com militantes da UDP e de outras forças radicais, envolve-se no assalto à Embaixada de Espanha, em Lisboa. Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes. Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira. À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia ser uma autobiografia romanceada. Depois de falecer, a 18 de Janeiro de 1984, o seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na fachada da sua casa, na Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida. Ainda em 1984 foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro. Em 1988, Fernando Tordo editou o disco O Menino Ary dos Santos, com os poemas escritos por Ary dos Santos na sua infância. Em 2009, Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane e Luanda Cozetti dão voz ao álbum de tributo Rua da Saudade - canções de Ary dos Santos. A 4 de Outubro de 2004 foi feito GrandeOficial da Ordem do Infante D. Henrique a título póstumo.
08 DEZ
Morte de Jonh Lennon
Jonh Lennon é assassinado em 8 de Dezembro de 1980. John Winston Lennon foi um músico, guitarrista,cantor, compositor, escritor e ativista britânico. John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney a eles se juntaram Ringo Starr e
ainda George Harrisson. John Lennon foi casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum experimental, Unfinished Music No.1: Two Virgins, que causou controvérsia por apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa. A partir deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal, casou-se numa cerimónia privada no rochedo de Gibraltar. Usaram a repercussão de seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de “Bed in”, ou “John e Yoko na cama pela paz”, como um resultado prático de sua lua-de-mel, realizada no Hotel Hilton, em Amsterdã. No final do mesmo ano, Lennon comunicou aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles. Ainda no mesmo período, Lennon devolveu sua medalha deMembro do Império Britânico à Rainha Elizabeth, como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do Vietname, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra e “o fraco desenvolvimento de Cold Turkey nas paradas de sucesso”. Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciou oficialmente o fim dos Beatles. Antes disso, John Lennon havia lançado outros dois álbuns experimentais, Life with lions e Wedding album. Também lançara o compacto “Cold Turkey” e o disco ao vivo Live peace in Toronto, creditados à banda Plastic Ono Band, com a participação de Eric Clapton. No final do ano, sai o primeiro disco solo de Lennon, após o fim dos Beatles: John Lennon/Plastic Ono Band, que contou com a participação de Ringo Starr, Yoko Ono e Klaus Voormann. Durante a década de 1970, John e Yoko envolveram-se em vários eventos políticos, como promoção à paz, pelos direitos das mulheres e trabalhadores e também exigindo o fim da Guerra do Vietnã. Seu envolvimento com líderes da extrema-esquerda norte-americana, com Jerry Rubin, Abbie Hoffman e John Sinclair, além de seu apoio formal ao Partido dos Panteras Negras, deu início a uma perseguição ilegal do governo Nixon ao casal. A pedido do Governo, a Imigração deu início a um processo de extradição de John Lennon dos EUA, que durou cerca de três anos, período em que John ficou separado de Yoko Ono por 18 meses, entre 1973 e 1975. Após reconciliar-se com Yoko, vencer o processo de imigração e conseguir o Green Card, Lennon decidiu afastar-se da música para dedicar-se à criação de seu filho Sean Taro Ono Lennon, nascido no mesmo dia de seu aniversário, em 1975. O casal voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum, Double Fantasy, lançado em novembro. Era como um recomeço. Porém em 8 de dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman, quando retornava do estúdio de gravação junto com a mulher. Mark David Chapman (Fort Worth, EUA, 10 de maio de 1955) é um prisioneiro americano que cumpre pena de prisão perpétua. Na noite de 8 de dezembro de 1980, cometeu o crime que chocou o mundo e que o tornou tragicamente famoso: ele assassinou o músico inglês e exBeatle, John Lennon, em Nova York, através de cinco disparos por arma de fogo no corpo do célebre artista. Recebe a Estrela no Passeio da Fama de Hollywood em 30 de setembro de 1988. Em 2002, John Lennon entrou em oitavo lugar numa pesquisa feita pela BBC como os 100 mais importantes britânicos de todos os tempos. Recentemente, em 2008, John foi considerado pela revista Rolling Stone o 5º melhor cantor de todos os tempos.
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09 DEZ 10 DEZ José Rodrigues DECLARAÇÃO Miguéis
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
José Rodrigues Miguéis.
Declaração Universal dos Direitos Humanos .
O escritor José Claudino Rodrigues Miguéis nasce em Lisboa, 9 de Dezembro de 1901. Nascido no número 13 da Rua da Saudade, no bairro típico de Alfama. Ainda em Lisboa viria a formar-se em Direito em 1924. Todavia, nunca exerceria de forma sistemática a profissão nesta área, tendo consagrado a sua vida à Literatura e à Pedagogia. Neste último campo viria a licenciar-se em 1933 em Ciências Pedagógicas na Universidade de Bruxelas, tendo posteriormente dirigido, com Raul Brandão, um conjunto inacabado de Leituras Primárias, obra que nunca viria a ser aprovada pelo governo. Herdando do pai, as ideias republicanas e progressistas, cedo entrou em conflito com o Estado Novo, o que acabaria por o levar ao exílio para os Estados Unidos a partir de 1935. Desde essa altura até à sua morte apenas voltaria pontualmente a Portugal. Em 1942 viria a adquirir a nacionalidade americana. Um ano antes do seu falecimento foi agraciado com a Ordem Militar de Santiago da Espada, no Grau de Grande Oficial. Mário Neves publicou uma biografia sua em 1990. José Rodrigues Miguéis pertenceu ao chamado grupo Seara Nova, ao lado de grandes autores como Jaime Cortesão, António Sérgio, José Gomes Ferreira, Irene Lisboa ou Raul Proença. Colaborou em diversos jornais como O Diabo, Diário Popular, Diário de Lisboa e República. Foi, juntamente com Bento de Jesus Caraça, diretor de O Globo, semanário que viria a ser proibido pela censura em 1933. Nos Estados Unidos viria a trabalhar como tradutor e redator das Selecções do Reader’s Digest. Segundo os linguistas Óscar Lopes e António José Saraiva, a sua obra pode ser considerada como realismo ético, sendo claras as influências de autores como Dostoiévsky ou o seu amigo Raul Brandão. De resto, parecem claras nas suas primeiras obras, as influências estéticas da Presença, podendo ler-se nas entrelinhas das suas obras simpatias com as temáticas neo-realistas portuguesas.Tem obras traduzidas em inglês, italiano, alemão, russo, checo, francês e polaco. Em 1961 foi eleito membro da Hispanic Society of América e, em 1976, tornou-se membro da Academia das Ciências de Lisboa. Em 1979 foi agraciado com a Ordem Militar de Santiago da Espada, com o grau de Grande Oficial.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 (A/RES/217). Esboçada principalmente por John Peters Humphrey, do Canadá, mas também com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo. Abalados pela barbárie recente e com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-guerra, liderados por URSS e Estados Unidos estabeleceram na Conferência de Yalta, na Ucrânia, em 1945, as bases de uma futura paz, definindo áreas de influência das potências e acertado a criação de uma organização multilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para evitar guerras e promover a paz e a democracia, e fortalecer os Direitos Humanos.
11 DEZ
Manoel de Oliveira
Manuel de Oliveira.
Cineasta português, nasceu no Porto a 11 de dezembro de 1908. Estreou-se no cinema como figurante no filme Fátima Milagrosa (1929) e como realizador no documentário Douro, Faina Fluvial (1931). Como ator participou nofilme A Canção de Lisboa (1933). A sua primeira longametragem, Aniki-Bobó, realizada em 1942.
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Com O Pintor e a Cidade (1956) obteve a Harpa de Ouro do Festival de Cork, na Irlanda. A obracinematográfica de Manoel de Oliveira constrói-se à volta do teatro e da representação. Oliveira encara o mundo como um teatro onde as personagens são meras figuras manipuladas por Deus (Ato da primavera, Benilde ou a Virgem Mãe, O Meu Caso), por paixões (Vale Abraão), por desejos (O Passado e o Presente) e regras de ordem moral ou social (Amor de Perdição, Francisca). Os filmes Amor de Perdição (1978),Francisca (1981) e Le Soulier de Satin (1985) receberam o prémio da crítica do Festival de Veneza, onde Oliveira foi distinguido com o Leão de Ouro pelo conjunto da sua obra. O filme A Caixa representa um momento culminante da sua visão burlesca do mundo. Party (1996) é outra obra que merece referência. Os mais recentes filmes, de Manoel de Oliveira, começam com uma espécie de guia que nos conduz para o interior da ação (Os Canibais, O Dia do Desespero, Vale Abraão e A Caixa). Em 1997, com o filme Viagem ao Princípio do Mundo, Manoel de Oliveira foi distinguido com o Prémio Fipresci,da Academia do Cinema Europeu. Em Cannes, a estreia de Inquietude (1998). Em 1999 foi atribuído aoseu filme, A Carta, o Prémio Especial do Júri do Festival de Cannes. Em agosto de 2000 estreou o seu filme, Palavra e Utopia, no Festival de Veneza, com Lima Duarte no papel do velho Padre António Vieira. No mesmo ano, nas universidades de Harvard, Yale e Massachusetts, nos Estados Unidos da América, foram organizadas homenagens ao cineasta português. Manoel de Oliveira recebeu mais um prémio em 2002, o Prémio Mundial das Artes Valldigna, atribuído pelo Governo Regional de Valência, em Espanha. Mantendo-secomo o realizador mais idoso ainda em atividade, não deixou de surpreender em Je Rentre à la Maison (Vou Para Casa, 2001), onde proporcionou um grande papel a Michel Piccoli. Seguiramse O Princípio daIncerteza (2002) e Um Filme Falado (2003), onde reuniu um elenco de luxo composto por Leonor Silveira,John Malkovich e Catherine Deneuve. Em 2004 realiza O Quinto Império - Ontem Como Hoje e em 2005 Espelho Mágico, ano em que recebeu em Paris o grau de Comendador da Ordem de Legião de Honra, pelas mãos do presidente francês Jacques Chirac, e a Medalha de Ouro do Círculo de Belas Artes de Madrid. Volta à realização no ano seguinte com o filme Belle Toujours e em 2007 realiza Cristóvão Colombo – O Enigma. Em 2008 foi homenageado com a Palma de Ouro de Honra do Festival de Cinema de Cannes comoreconhecimento do seu talento e da sua obra. Aquando da celebração do seu centésimo aniversário, Manoel de Oliveira foi condecorado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem Infante D. Henrique.
12 DEZ Frank Sinatra
Francis Albert “Frank” Sinatra nasceu em 12 de Dezembro de 1915. Iniciando sua carreira musical na “Swing Era” com Harry James e Tommy Dorsey, Sinatra tornou-se um artista a solo de sucesso incomparável no início e meados dos anos 1940, assinando depois com a Columbia Records em 1943. Lançou seu primeiro álbum, The Voice of Frank Sinatra em 1946. A sua carreira profissional estava parada no início da década de 1950, devido ao aparecimento do “rock na Roll” mas renasceu em 1953 ao vencer o Óscar de melhor ator secundário por sua performance em From Here to Eternity.
Frank Sinatra.
Ele assinou com a Capitol Records em 1953 e lançou vários álbuns com aclamação crítica. Formou a sua própria etiqueta, a Reprise Records em 1961, realizou tours internacionais, e foi um dos fundadores do Rat Pack, além de confraternizar com celebridades e homens de estado, incluindo John F. Kennedy. Umas das produções mais famosas do grupo é o filme Ocean’s Eleven de 1960, que foi refilmado em 2001 pelo diretor Steven Soderbergh com Façam as vossas apostas. Com o baixo número de vendas das suas canções e após aparecer em vários filmes mal recebidos pela crítica, Sinatra aposentou-se pela primeira vez em 1971. Dois anos depois, porém, ele voltou e em 1973 gravou vários álbuns, alcançando um “Top 40” com New York, New York em 1980. Usando seus shows em Las Vegas como ponto de partida, ele realizou tournés, até pouco antes de sua morte em 1998. Seus principais sucessos são “Fly me to the moon”, “My Way” Ludogerio” e “New York, New York]Sinatra também cantou com o brasileiro Tom Jobim. Na oportunidade, “The Girl from Ipanema” brindou o grande encontro.
13 DEZ Nanquim Massacre de Nanquim.
A Violação de Nanquim aconteceu em 13 de Dezembro de 1937 durante a guerra sinojaponesa (China –Japão), a capital chinesa de Nanquim cai nas mãos dos japoneses, o governo chinês vê-se obrigado a fugir Hankow. Para quebrar o espirito de resistência chinesa, o General japonês Matsui Iwone ordenou a destruição de Nanquim, conhecida como a Violação de Nanquim, estima-se que os japoneses chacinaram cerca de 150 mil prisioneiros de guerra, massacram mais de 50 mil civis e violaram pelo menos 20 mil mulheres e raparigas, muitas das quais ficaram mutiladas ou morreram. Pouco tempo depois do final da 2ª Guerra Mundial, o General Matsui foi considerado culpado por crimes de guerra pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, foi condenado e executado.
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14 DEZ 16 DEZ
Teoria Quântica Arthur C. Clarke
Max Planck.
O Físico publica Max Planck publica a sua
inovadora Teoria Quântica em 14 de Dezembro de 1900. Max Karl Ernst Ludwig Planck (Kiel, 23 de Abril de 1858 — Göttingen, 4 de Outubro de 1947) foi um físico alemão. É considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.
15 DEZ
Lena Horne
Arthur Clarke.
Arthur Charles Clarke, nasceu em 16 de dezembro de 1917 foi um escritor e inventor britânico, autor de obras de divulgação sobre ciência. Desde pequeno mostrou sua fascinação pela astronomia, a ponto de, utilizando um telescópio caseiro, desenhar um mapa da Lua. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Royal Air Force (Força Aérea Real britânica) como especialista em radares, envolvendo-se no desenvolvimento de um sistema de defesa por radar, sendo uma peça importante do êxito na batalha da Inglaterra. Depois, estudou Física e Matemática no King’s College de Londres. Talvez a sua contribuição e de maior importância seja o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as telecomunicações. Ele propôs essa ideia num artigo científico intitulado “Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?”, publicado na revista Wireless World em Outubro de 1945. A órbita geoestacionária também é conhecida, desde então, como órbita Clarke.
Em 15 de Dezembro a lendária cantora Lena Horne grava pela primeira vez o tema “Stormy Weather” um dos maiores clássicos da música americana do Sec- XX. Nomeada doutora honoris causa pela Universidade Yale, em 1998, Lena Horne era uma escola em si. Fosse cantando o sincopado jazz, com o assombroso alcance de sua voz; ou atuando na Broadway, onde foi estrela de primeira grandeza (ganhou um Tony, em 1981, por The Lady and Her Music); ou ainda escancarando as portas de uma renitente Hollywood, ela enfileirou gerações de seguidoras. “Não haveria Hale Berry, nem Angela Bassett, nem Cicely Tyson se não fosse Lena Horne”, disse a cantora Dee Dee Bridgewater.
Fernando Lopes Graça
Fernando Lopes Graça, nasceu em Tomar a 17 de Dezembro de 1906. É autor de uma vasta obra literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é
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a sua obra musical, da qual são assinaláveis os concertos para piano e orquestra, as inúmeras obras corais de inspiração folclórica nacional, o Requiem pelas Vítimas do Fascismo (1979), o concerto para violoncelo encomendado e estreado por Rastropovic, e a vastíssima obra para piano, nomeadamente as seis sonatas que a 9 de Abril de 1981 é feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 2 de Fevereiro de 1987 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. “Acordai” é uma das suas obras mais conhecidas.
SCORE
Alexandre O’Neill
Autodidata, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua ação à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.
20 DEZ
Macau Lançamento do SCORE no Cabo Canaveral.
Em 18 de Dezembro de 1958 o projeto SCORE, o primeiro satélite de comunicações experimental é lançado do Cabo Canaveral nos Estados Unidos. O SCORE circundou a Terra durante 13 dias antes das baterias se esgotarem. Vários dias após o seu lançamento o satélite transmitiu diversas mensagens festivas previamente gravadas pelo Presidente Eisenhower aos ouvintes de rádio na Terra. As experiências continuaram até ao inicio dos anos 60, do Séc. XX. Em 1962, foi lançado o Telstar, que possibilitou os primeiros serviços em direto de satélite e telefone através do Atlântico. Três anos mais tarde, o Intelsat I, o primeiro satélite de comunicações entrou em órbita.
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Lena Horne.
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Alexandre O’Neill
Alexandre Manuel Vahía de Castro O’Neill de Bulhões Lisboa, 19 de Dezembro foi um importante poeta do movimento surrealista português. Era descendente de irlandeses.
Em 1987, após intensas negociações entre Portugal e a República Popular da China, os dois países acordaram que Macau voltaria para a soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999. Actualmente, Macau está a experimentar um grande e acelerado crescimento económico, baseado no acentuado desenvolvimento do sector do jogo e do turismo, as duas actividades económicas vitais desta região administrativa especial chinesa. A Região Administrativa Especial de Macau é constituída pela Península de Macau e por duas ilhas: (Taipa e Coloane. Após a ligação feita por meio de um aterro, o istmo de Cotai), Macau ficou com a superfície total de 28,6 km². Situa-se na costa meridional da República Popular da China, a oeste da foz do Rio das Pérolas e a 60 km de Hong Kong, que se encontra aproximadamente a leste de Macau. Faz fronteira a norte e a oeste com a Zona Económica Especial de Zhuhai, logo é adjacente à província de Guangdong.
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21 DEZ
Voo 103 Pan Am
de Nova-Iorque por violar leis de obscenidade durante uma sua atuação num clube noturno. Apresentou um numero inflamatório num teatro Greenwich Village, em cuja a audiência era composta apenas por agentes da policia. Dias mais mais tarde Bruce e o dono do teatro foram presos. Após o mais longo e dispendioso por obscenidade à época, Bruce foi condenado pela sua “ antologia de imundicie”, como o Procurador apelidou o “show”. Bruce não chegou a cumprir a pena por ter morrido de “overdose” em Agosto de 1966, altura em que o processo estava decorrer.
23 DEZ
Chet Baker
Manifestação a favor dos detidos
O voo 103 da Pan Am explode sobre Lockerbie em 21 de Dezembro-EscóciaUma bomba num leitor de cassetes detonou no porão de carga à altitude de 9500 metros. Os 259 passageiros faleceram todos, assim como 11 pessoas em terra. As autoridades acusaram os terroristas islâmicos de porem a bomba no avião na paragem do mesmo num aeroporto de baixa segurança na Alemanha. No inicio dos anos 1990, os investigadores identificaram os agentes secretos libios, Abdel Basset, Ali al-Megrhai e Lamen Khalifa como suspeitos, mas a Líbia recusou entrega-los para serem julgados nos Estados-Unidos. Os suspeitos seriam julgados pela lei escocesa na Holanda. Em 2001 apenas al-Megrhai foi condenado a prisão perpétua.
22 DEZ
Lenny Bruce
Registo policial de Lenny Bruce
Comediante condenado em caso de obscenidade em 22 de Dezembro de 1964, o americano Lenny Bruce é condenado a cumprir pena de quatro meses numa prisão
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Chet Baker
O trompetista Chet Baker nasce em 23 de
Dezembro de 1929. Para tocar as músicas, Chet apenas pedia o tom. Económico nas notas (ao contrário de outros trompetistas, como Dizzy Gillespie, que preferiam o virtuosismo), Chet improvisava com sentimento. Certo dia, deram-lhe o tom errado de uma música de propósito, e mesmo assim Chet Baker conseguiu encontrar um caminho harmónico. Tocou com os grandes nomes do Jazz, Dizzy,Parker,Mulligan,Getz entre outros. Valorizava as frases melódicas com notas longas e encorpadas, o que acabou lhe valendo o rótulo de cool. No começo dos anos 1960, Chet realizou diversas experiências com o flugelhorn, instrumento de timbre macio e aveludado. No entanto, sua gloriosa trajetória na música não lhe rendeu uma vida segura, afastada de problemas. Por causa do seu envolvimento com drogas, especialmente com a heroína (durante as suas crises de abstinência, que eram monitoradas por médicos, usava metadona). Chet foi preso muitas vezes. Conta-se que chegou a ser espancado por não ter pago uma dívida contraída com a compra de drogas. Este episódio valeu-lhe a perda de vários dentes. Para alguns especialistas, as falhas em sua arcada dentária teriam contribuído para prejudicar sua performance. Contudo, para outros, contraditoriamente, tal fato teria obrigado o músico a enveredar pelas nuances do instrumento, alcançando, deste modo, sonoridades ímpares e inconfundíveis. Em maio de 1983, durante uma das suas inúmeras viagens à Holanda, produziu gravações com o pianista Michael Graillier e com o baixista italiano Ricardo Del Fra, parceiro do baterista brasileiro Afonso Vieira. Em 1985, Chet Baker esteve no Brasil para duas apresentações na primeira edição do Free Jazz Festival. A banda era formada pelo pianista brasileiro Rique Pantoja (com quem
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Chet já havia gravado um disco no início dos anos 1980 - Chet Baker & The Boto Brasilian Quartet), pelo baixista Sizão Machado, pelo baterista americano Bob Wyatt e pelo flautista Nicola Stilo. A primeira apresentação, no Hotel Nacional, na cidade do Rio de Janeiro, foi considerada magnífica por muitos e decepcionante por alguns, mas a apresentação em São Paulo, igualmente tida por alguns como um sucesso e por outros como decepcionante, quase entra para a história do Jazz pela porta dos fundos: depois do espetáculo, já no seu quarto, no Maksoud Plaza, Chet surrupiou a maleta do médico que o acompanhava e tomou doses cavalares das drogas que lhe estavam sendo administradas para controlar as crises de abstinência. Chet teve uma overdose e quase morreu. Naquele mesmo ano, em Roma, o trompetista iniciou, com Rique Pantoja, as gravações de Rique Pantoja & Chet Baker (WEA, Musiquim), que terminariam em São Paulo, no ano de 1987. O LP foi um sucesso de crítica. O grande trompetista possuia uma voz única gravou imensas músicas em que o seu timbre vocal o tornou inconfundivel. Chet Baker morreria aos 58 anos, em Amsterdão, de forma trágica e misteriosa, na madrugada de 13 de Maio de 1988, ao cair da janela do hotel. Até hoje há controvérsias sobre as circunstâncias de sua morte - acidente ou suicídio. Foi sepultado no Inglewood Park Cemetery, em Los Angeles.
da Luftwaffe, tendo adaptado a V-1 para poder ser lançada a partir de bombardeiros Heinkel He 111/H-22. Os bombardeiros lançaram um total de 1,176 bombas voadoras V-1 desta forma. A V-1 recebeu mais tarde a ajuda do fogueteV-2, mais sofisticado. Os ingleses deram a ela o apelido de bomba zumbidora ou buzz bomb, devido som que produzia. Era facilmente identificável, e sabia-se que havia uma chegando com facilidade. Seu motor era desligado após ser percorrida uma pré-determinada distância, e ela mergulhava. Foi criada uma versão tripulada para ataques suicidas do Esquadrão Leónidas. Denominada Fieseler Fi 103R (Reichenberg), esta versão acabou não entrando em uso. A bomba obteve um sucesso mediano. Como voava em linha reta e a velocidade constante, era relativamente fácil abatê-las com canhões. Além disso, assim que alguma V-1 aparecia na tela dos radares ingleses, a RAF mandava seus interceptadores Gloster Meteors derrubá-las. Quando tudo isso falhava, os pilotos usavam as asas de seus aviões para desviar o curso do míssil e fazê-lo cair em lugar seguro. Foram esses fracassos que obrigaram os alemães a recorrer aosV-2.
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V-1
Humphrey Bogart
Bomba voadora V-1
O primeiro missil superficie-superficie a bomba voadora V-1 é testado com êxito em Peenemunde, na Alemanha Nazi em 24 de Dezembro de 1942. A Vergeltungswaffe 1 Fi 103 / FZG-76 (V1), conhecida como a Bomba voadora, Buzz bomb ou Doodlebug, foi o primeiro míssil moderno guiado usado em tempo de guerra. Vergeltungswaffe significa “arma de represália”, e FZG é a abreviação de Flak Ziel Gerät (“dispositivo de mira antiaéreo”), um nome escolhido para desinformação. A V-1 foi desenvolvida pela Força aérea (Luftwaffe) alemã durante a Segunda Guerra Mundial e foi utilizada entre junho de1944 e março de 1945. Foi empregada para atacar alvos no sudeste da Inglaterra e Bélgica, principalmente as cidades de Londres e Antuérpia. A primeira bomba V-1 atingiu Londres em 13 de Junho de 1944. As V-1 eram lançadas de sítios ao longo do Canal da Mancha (Pasde-Calais) e da costa holandesa até terem sido subjugadas pelas forças aliadas. No entanto, logo que os aliados capturaram os pontos onde se concentravam os lançadores, os alemães recorreram aos aviões
Humphrey Bogart
Humphrey DeForest Bogart (Nova Iorque, 25 de dezembro de 1899 — Hollywood, 14 de janeiro de 1957). Foi um ator de cinema e teatro dos Estados Unidos, eleito pelo American Film Institute como a maior estrela masculina do cinema norte-americano de todos os tempos. Conhecido pelo público como Bogie ou Bogey (preferia ser chamado de Bogie), é considerado um dos grandes mitos do cinema e ganhou o Oscar de melhor ator de 1951 por seu papel em A Rainha Africana. Dos seus filmes de maior sucesso estão Relíquia Macabra, O Tesouro de Sierra Madre e Casablanca. Humphrey Bogart começou sua carreira nos palcos do Brooklyn em 1921, sem nunca ter frequentado aulas de teatro. Entre 1922 e 1925, ele apareceu em 21 produções da Broadway. Na época, Bogart conheceu Helen Menken, casaram-se em 1926 e se sepa-
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FOI HISTÓRIA ... raram um ano depois. Em 1928, ele se casou Martinica em 1944, Bogart conheceu aquela com a atriz Mary Philips. que seria sua quarta esposa e a que lhe traria Em 1934, Bogart atuou na peça “Invitation o casamento mais feliz, a jovem atriz Lauren to a Murder”. O produtor Arthur Hopkins o Bacall, ou Baby (como a chamava por ser 25 viu na peça e o escolheu para fazer parte do anos mais nova). Eles casaram-se em 1945 e elenco de The Petrified Forest. A peça teve fizeram no ano seguinte o filme À Beira do 197 apresentações em Nova York, Bogart Abismo já como marido e mulher. representou o papel de Duke Mantee. Para Em 6 de janeiro de 1949, Lauren deu a luz esse personagem, um sinistro e perigoso ao primeiro filho do casal, Stephen Humfugitivo da cadeia, Bogart ousou na inter- phrey Bogart (apelidado de Steve, em honra pretação, fazendo com que o personagem ao personagem de Bogie em Uma Aventura andasse lentamente e encurvado, pois, se- na Martinica) e depois, em 23 de agosto de gundo ele, era como ficaria se ficasse longos 1952, eles tiveram uma menina, Leslie Howanos presos à correntes e bolas de aço que ard Bogart. O nome foi em homenagem ao se usava nos presídios da época. ator Leslie Howard que ajudou Bogart no Quando a Warner Bros comprou os direi- início da carreira. tos da peça para filmá-la, assinou contrato Hoje Stephen tem três filhos, Jamie e Richcom o protagonista Leslie Howard. A Warner ard e uma menina (agora modelo) Brooke. iniciou então testes para o papel de Duke De 1943 até 1955, Bogart fez vários filmes Mantee, Howard insistiu na contratação de interpretando diferentes personagens. Em Bogart. Sendo assim, em 1936 o filme A Flo- 1949, ele fundou sua própria produtora, a resta Petrificada foi lançado, contando ainda Santana Productions. com a participação de Bette Davis.Bogart No ano de 1951, Bogart fez o filme A recebeu excelentes elogios. rainha Africana contracenando com KathaMary Philips recusou-se a seguir o mari- rine Hepburn num duelo memorável de do até Hollywood e pouco depois eles interpretações e dirigido por John Huston. acabaram por se divorciar. Em 1938, Bogart Este foi seu primeiro filme a côres e seu tracasa-se pela terceira vez, agora com a atriz balho como o barqueiro Charlie Alnutt fez Mayo Methot. O casamento com Mayo foi com que conquistasse finalmente o Oscar desastroso, ela era paranóica quando bebia de melhor ator. e convencida que o marido a traía gerava Em 1954, filmou O Navio da Revolta, basevárias discussões (o “ponto final” no casa- ado no livro homônimo de Herman Wouk, mento deles foi provavelmente Casablanca que ganhou o Prêmio Pulitzer em 1951, no (1943), quando Mayo o acusou de ter um papel de esquizofrénico Capitão Queeg. No caso com Ingrid Bergman. Mas Bogie ia se- mesmo ano ainda participou de Sabrina gurar o casamento até sua “válvula de es- com Audrey Hepburn e William Holden e de cape”, Betty “Lauren” Bacall). No filme “Casa- A Condessa Descalça, com Ava Gardner. blanca” surgiu uma das lendas do cinema, a O seu último trabalho foi em A Trágica Farfrase que ficaria famosa e que Bogart nunca sa de 1956 no papel de Eddie Willis, um jora disse: -Toque de novo Sam! (no original: nalista esportivo que vira promotor de boxe. Play it again, Sam!) Bogart bebia e fumava muito e teve um Em 1938, Bogart apareceu em um musi- cancro no esôfago. Em 1956, fez uma cirurgcal chamado Swing Your Lady no papel de ia para retirar o esófago e dois linfomas, mas um promoter. No ano posterior apareceu no acabou por morrer em coma no dia 14 de filme The Return of Doctor X. Ambos filmes Janeiro de1957. Encontra-se sepultado no sem muita projeção. Entre 1936 e 1940, a Forest Lawn Memorial Park (Glendale), GlenWarner não lhe deu bons papéis, mas ele dale, Los Angeles, nos Estados Unidos. mesmo assim não recusava os papéis que lhe eram dados para não ser dispensado. Ele fez filmes como Racket Busters, San Quentin e You Can’t Get Away With Murder. O seu melhor papel da época foi em Dead End de 1937. Também trabalhou em vários filmes como ator (coadjuvante/secundário), entre eles o sucesso Anjos de Cara Negra. Uma característica de seus papéis dessa época, e a de que ele “morria” em quase todos os filmes. Em 1941, Bogart atuou como protagonista em O Último Refúgio, um roteiro que teve a participação de John Huston, seu parceiro de farra. No mesmo ano, também atuou no clássico” film noir” Relíquia Macabra, com John Huston assumindo a direção. Neste filme, ele fez o papel de Sam Spade, um investigador particular. O filme foi considerado pelo crítico de cinema Roger Joseph Ebert e pela revista Entertainment Weekly como um dos melhores filmes de todos os tempos e recebeu três indicações ao Óscar. Depois de tantos filmes de gangsters, policiais, bandidos e delinquentes, Bogart pela primeira vez faz um filme romântico/ dramático, Casablanca. Lançado em 1942, o filme é um dos maiores clássicos do cinema mundial. Interpreta Rick Blaine, o dono de um clube na cidade de Casablanca no Marrocos. Durante as filmagens, ele e Ingrid Bergman, a protagonista feminina, quase não se falaram. Ela diria tempos depois: “Eu o beijei mas nunca o conheci”. Bogart foi Alberto Pimenta indicado ao Oscar de melhor ator mas não Em 26 de Dezembro de 1937 nasce o venceu, emboraCasablanca tenha vencido poeta e ensaísta Alberto Pimenta. na categoria de melhor filme. Formado em Germânicas pela UniversiDurante as filmagens de Uma Aventura na dade de Coimbra, desenvolveu a atividade
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Alberto Pimenta
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dedocente na Universidade de Heidelberg, entre 1960 e 1976, e na Universidade Novade Lisboa. Herdeiro da revolução surrealista e da poesia experimental, a poesia, para Alberto Pimenta, é um ato poético,”atual/atuante”, que deve ser experimentado e que tem como essência o seu carácter fundamentalmente libertário, emancipado de qualquer retórica ou géneros preestabelecidos ou de quaquer literatura oficializada pela crítica. Inconformista e iconoclasta, a sua atividade (contra)cultural recobre diversosdomínios, como as obras visuais, a poesia, atos poéticos e intervenções teatrais, a teoria, a prosa, a organização de antologias e a edição de obras raras. Revelada nos anos revolucionários de 70, a obra deAlberto Pimenta opera uma sistemática e satírica provocação aos agentes de uma cultura literária institucionalizada e, de modo lato, ao convencionalismo, ao kitsch, ao moralismo burguês capitalista,provocação, aliás, corroborada por alguns atos simbólicos de que apresenta testemunho em Obra Quase Incompleta (em 31 de julho de 1977, Alberto Pimenta encerrou-se numa jaula no Jardim Zoológico deLisboa; em 25 de maio de1991, expôsse para venda à porta da Igreja dos Mártires; no dia 10 de junho do mesmo ano queimou publicamente o seu ensaio O Silêncio dos Poetas, (entre muitos outros). O seu projetode rutura vanguardista ultrapassa, assim, a perspetiva de defesa de uma forma estética completa, que deve integrar a palavra dita, representada, visualizada ou lida, para conter em si a noção de que a palavraliterária opera uma constante transgressão, não podendo ser controlada por qualquer forma de poder, inclusivamente o crítico. Tem dezenas de obras publicadas em prosa, poesia e ensaio, sendo um dos mais respeitados escritores e intelectuais de Portugal. O caráter insurrecto e experimental da sua obra ainda tornam Alberto Pimenta um autor controverso no meio académico português. Actualmente é professor aposentado da Universidade Nova de Lisboa.
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togénicos ali existentes. Foi criado em 1864, levando o nome do químico francês que o criou: Louis Pasteur. A pasteurização consiste, basicamente, no aquecimento do alimento a uma determinada temperatura, e por determinado tempo, de forma a eliminar os microrganismos ali presentes. Posteriormente, tais alimentos são selados hermeticamente por questões de segurança, evitando assim uma nova contaminação. O avanço científico de Pasteur melhorou a qualidade de vida dos humanos permitindo que produtos, como por exemplo o leite, pudessem ser transportados sem sofrerem decomposição. Louis Pasteur (1822-1895), descobriu em 1864 que ao aquecer certos alimentos e bebidas acima de 60°C por um determinando tempo (chamado de binómio tempo x temperatura),e depois baixar bruscamente a temperatura do alimento evitando a sua deterioração, reduzia de maneira significativa o número de microrganismos presentes na sua composição. No final do século XIX, Franz von Soxhlet propôs a aplicação do procedimento da pasteurização para o leite in natura, comprovando que o processo era eficaz para a destruição das bactérias existentes neste produto. Deste modo, deram origem não só a um importante método de conservação, como também a uma medida de higiene fundamental para preservar a saúde dos consumidores e conservar a qualidade dos produtos alimentícios. Existem dois tipos de pasteurização: Pasteurização lenta, em que se aplicam temperaturas mais baixas durante maior tempo. A temperatura utilizada é da ordem de 65°C durante trinta minutos. Pasteurização rápida, quando se aplicam temperaturas mais altas, da ordem dos 72 a 75˚C, durante 15 a 20 segundos.
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Cinematógrafo
Pasteur
Cinematografo dos irmãos Lumière
Louis Pasteur
O cientista Louis Pasteur nasceu em 27 de Dezembro de 1822. Pasteurização é o processo utilizado em alimentos para destruir microrganismos pa-
A primeira projecção pública de apresentação do invento, o Cinematógrafo ocorreu a 28 de Dezembro de 1895 Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière, os irmãos Lumière, foram os inventores do cinematógrafo(cinématographe), sendo frequentemente referidos como os pais do cin-
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ema. Louis e Auguste eram filhos e colaboradores do industrial Antoine Lumière, fotógrafo e fabricante de películas fotográficas, proprietário da Fábrica Lumière (Usine Lumière), instalada na cidade francesa de Lyon. Antoine reformou-se em 1892, deixando a fábrica entregue aos filhos. O cinematógrafo era uma máquina de filmar e projetor de cinema, invento que lhes tem sido atribuído mas que na verdade foi inventado por Léon Bouly, em 1892, que tivera perdido a patente, de novo registrada pelos Lumière a 13 de Fevereiro de 1895. São considerados os inventores da Sétima Arte junto com Georges Méliès, também francês, este é visto como o pai do cinema de ficção. Louis e Auguste eram ambos engenheiros. Auguste ocupava-se da gerência da fábrica, fundada pelo pai. Dedicar-se-iam à actividade cinematográfica produzindo alguns documentários curtos, destinados à promoção do invento, embora acreditassem que o cinematógrafo fosse apenas um instrumento científico sem futuro comercial. Casaram-se com duas irmãs e moravam todos na mesma mansão. A primeira projecção pública de apresentação do invento ocorreu a 28 de Dezembro de 1895 na primeira sala de cinema do mundo, o Eden, que ainda existe, situado em La Ciotat, no sudeste da França. Contudo, a verdadeira divulgação do cinematógrafo, com boa publicidade e entradas pagas, teve lugar em Paris, no Grand Café, situado no Boulevard des Capucines. O programa incluía dez filmes. A sessão foi inaugurada com a projecção de La Sortie de l’usine Lumière à Lyon (A Saída da Fábrica Lumière em Lyon). Méliès esteve presente e interessou-se logo pela exploração do aparelho. Os irmãos Lumière fizeram uma digressão com o cinematógrafo, em 1896, visitando Bombaim, Londres e Nova Iorque. As imagens em movimento tiveram uma forte influência na cultura popular da época: L’Arrivée d’un train en gare de la Ciotat (Chegada de um Comboio à Estação da Ciotat), filmes de actualidades, Le Déjeuner de Bébé (O Almoço do Bebé) e outros, incluindo alguns dos primeiros esboços cómicos, como L’Arroseur arrosé (O “Regador” Regado).
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Alves Redol
Alves redol
António Alves Redol nasce em Vila Franca de Xira, 29 de dezembro de 1911, foi um escritor, considerado como um dos expoentes máximos do neo-realismo português. Redol tem a sua origem nos espaços rurais (infância marcada pela pobreza, já que seu pai era um comerciante de pequeno porte). Em função disso, começou desde cedo a trabalhar. Presencia, desde essa altura, as péssimas condições de vida do homem rural, o que, mais
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tarde, vai se refletir, preponderantemente, em sua escrita. Quando completa 16 anos, em 1928, vai para África (Angola e Luanda), onde exerce, primeiramente, a função de operário e, após isso, trabalha em uma fazenda, objetivando conseguir novas/melhores perspectivas de progresso futuro. Contudo, depara, nessa região, com uma intensa situação de miséria e pobreza. Quando regressa a Portugal, passa a trabalhar como vendedor de caminhões, carros, pneus e óleos. Também lecionou Língua Portuguesa. Adere aos ideais do Partido Comunista Português e do Movimento de Unidade Democrática, contrapondo-se, veemente, à conjuntura política da época, trazendo à tona diversas questões “esquecidas”. Em virtude de sua convivência com as péssimas condições de vida das camadas rurais e de vivenciar duplamente essas condições (na infância e na juventude), volta seu olhar para a dimensão social, mais especificamente, para as questões de reivindicação de mudança social. A essa altura, reafirma a sua vocação para a escrita. Cria a Secção “De sol a sol”, no jornal O Diabo, em que passa a publicar textos voltados para as tensões sociais, contrapondo-se, assim, aos ideais de exploração dos regimes totalitários. Fillus 2002 sinaliza o fato de a crise económica da década de 1920 ocasionar uma serie de problemáticas sociais, tais como: desemprego, fome, miséria e, sobretudo, a crise do capitalismo. Diante dessa quadro, eclodem os Regimes Totalitários (nos solo português, o Salazarismo), iniciando uma intensa repressão, censura e exploração das classes minoritárias. Tendo como pano de fundo esse contexto, surge o Neorrealismo, uma literatura de cunho político, que se opõe, veemente, à opressão dos regimes totalitários. Eclode, assim, um novo conceito de arte em uma perspectiva de conscientização, acompanhada de novo papel social para o artista enquanto defensor da sociedade que busca melhorias a partir da ampliação da visão de mundo. Em vista disso, Redol sofre repressão da ditadura militar (perseguição política), chegando até a ser preso e torturado. Ao lançar mão dessa postura de preocupação social, ele toma como base alguns ideais do marxismo e do socialismo, empregando-os em sua escrita os pressupostos de autores revolucionários clássicos tais como: Marx, Engels, Lenine, Lefebvre, Bukiharini e Friedman . E, à luz desses escritores adeptos do Marxismo e do Socialismo, Redol passa a abordar as condições de vida dos trabalhadores que viviam à margem da sociedade por conta de uma exploração desumana. Para tanto, ele retrata os diversos profissionais rurais e urbanos (destacando seus inúmeros grupos), suas práticas corriqueiras do dia a dia e, sobretudo, suas péssimas condições de vida em decorrência do capitalismo. Inúmeros aspectos expostos na obra de Redol refletirem suas vivências particulares. Partindo desse pressuposto, ele não só apresentava as mazelas a que era submetido esse povo, mas, sobretudo, evidenciava sua natureza 3 . Com isso, as personagens do romancista, em geral, são apresentadas, de forma que suas individualidades sejam expostas. Contudo, refletem um todo na mesma condição. Isso, de certa forma, evidencia uma dicotomia (individual X coletivo). Em alguns casos, ele até estabelece comparações entre o animal e o homem, em vista das péssimas condições de vida deste último. Porém, ao apresentar essa faceta, lança mão de uma crítica e de um discurso velado, em função da repressão política. Isto é, pelo fato de a literatura estar silenciada por conta da opressão, ele adéqua sua linguagem, escrevendo de forma não explícita. Em outras palavras, ele revela sua preocupação social, suas ideologias subjacentes e seu não-ditos, por
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intermédio de uma linguagem nem sempre objetiva e direta. Destaca-se, ainda, o fato de tal autor trabalhar em constante renovação do seu estilo de escrita. A obra de Redol é amparada por uma perspectiva social, primando pela abordagem de aspectos sócio-políticos e econômicos, focalizando, em especial, personagens que refletem a diversidade dos grupos da sociedade portuguesa (rural e urbana). Apesar de suas obras serem pautadas de uma perspectiva de junção de fatores, elegendo como objeto de estudo o romance, a dramaturgia, obras voltadas para crianças e jovens, destaca-se, sobretudo, a temática da preocupação social, evidenciando a desigualdade intensa na distribuição da rendas . Daí provém sua importância enquanto escrito neorrealista. Não só por “iniciar uma nova estética literária no século XX , mas, sobretudo, por voltar seu olhar para o sofrimento do povo [a questão da exploração a que eram submetidos as pessoas das classes baixas, condições de vida, miséria, fome, prostituição etc..].
dos dos anos 1920. Stálin associou a ideologia estatal ao marxismo-leninismo e iniciou um regime de economia planificada. Como resultado, o país passou por um período de rápida industrialização e coletivização, que lançou as bases de apoio para o esforço de guerra posterior e para o domínio soviético após a Segunda Guerra Mundial.
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URSS
António José Saraiva
URSS logo.
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas são estabelecidas em 30 de Dezembro de 1922, incluia a confederação da Rússia, Bielórrússia, Ucrânia e a Federação Transcaucasiana. Foi um Estado socialista localizado na Eurásia que existiu entre 1922 e 1991. Uma união de várias repúblicas soviéticas subnacionais, a URSS era governada por um regime unipartidário altamente centralizado comandado pelo Partido Comunista e tinha como sua capital a cidade de Moscovo. A União Soviética teve suas raízes na Revolução Russa de 1917, que depôs o autocracia imperial. Após a revolta, osbolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, derrubaram o governo provisório que tinha sido estabelecido. A República Socialista Federativa Soviética Russa foi então criada e a Guerra Civil Russa começou. O Exército Vermelho entrou em diversos territórios do antigo Império Russo e ajudou os comunistas locais a tomar o poder. Em 1922, os bolcheviques foram vitoriosos, formando a União Soviética, com a unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. Em 1924, após a morte de Lenin, houve a liderança coletiva da troika e uma breve luta de poder, quando então Josef Stálin chegou ao poder em mea-
António José Saraiva (Leiria, 31 de Dezembro de 1917 — Lisboa, 17 de Março de 1993) foi um professor e historiador de literatura portuguesa. Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa , onde conheceu Óscar Lopes, co-autor da sua História da Literatura Portuguesa. Obteve o doutoramento em Filologia Românica, em 1942. Envolveu-se na oposição ao Salazarismo, tendo sido apoiante da candidatura do general Norton de Matos. Em 1949, foi preso e impedido de ensinar. Durante os anos seguintes, viveu exclusivamente das suas publicações e da colaboração em jornais e revistas. Chegou a ser militante do Partido Comunista Português, mas saiu em ruptura, depois de uma viagem à URSS. Exilou-se em França em 1960, tendo em seguida ido viver para a Holanda, onde leccionou a Universidade de Amesterdão. Regressado a Portugal, após a Revolução dos Cravos, tornou-se professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. António José Saraiva publicou uma vastíssima e importante bibliografia, considerada uma referência nos domínios da História da Literatura e da História da Cultura portuguesas, amadurecida quer na edição de obras e no estudo de autores individualizados (Camões, Correia Garção, Cristóvão Falcão, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Fernão Lopes,Fernão Mendes Pinto, Gil Vicente, Eça de Queirós, Oliveira Martins), quer através da publicação de obras de grande fôlego como a História da Cultura em Portugal ou, de parceria com Óscar Lopes, a História da Literatura Portuguesa. Pai do jornalista José António Saraiva e irmão do historiador José Hermano Saraiva, do qual sempre foi muito próximo. Foi também sobrinho, pelo lado da mãe, de José Maria Hermano Baptista, militar centenário, (n. 1895 - m. 2002, viveu até aos 107 anos) o último veterano português sobrevivente, que combateu na Primeira Guerra Mundial.
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TRADIÇÕES DE NATAL Postal de Natal
do galo, real ou imitado, durou muitos séculos. Esta missa surgiu no século V e era uma celebração jubilosa.
Meias de Natal
O hábito de se enviar postais pelo Natal começou na Inglaterra em 1843. Antes disso, as pessoas costumavam enviar notas privadas desejando um Feliz Natal, fazendo a mesma coisa para outras felicitações como nascimentos e de votos de bom ano novo. Sir Henry Cole (diretor do South Kensington Museuem, rebatizado como Victoria and Albert Museuem) era um homem muito ocupado e não tinha tempo para escrever mensagens pessoais na quadra natalícia no ano de 1843. No entanto, ele não queria deixar de enviar as suas felicitações, então teve a ideia de contratar um artista chamado John Calcott Horsley, pedindo-lhe que projetasse um cartão que pudesse ser enviado imediatamente. O primeiro postal de Natal foi ilustrado com desenhos feitos à mão, representando imagens de adultos e crianças a levantar os seus copos de vinho num brinde. Também tinha alguns símbolos religiosos como ramos de azevinho que representavam a castidade, a hera simbolizava locais por onde Deus teria passado. A mensagem escrita dizia “Um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo para si”. Hoje em dia, em plena era da Internet, muitas pessoas preferem enviar as suas felicitações através de postais eletrónicos. No entanto, a tradição de se enviar postais de papel, ainda se mantém muito viva.
Em Patras, cidade onde nasceu São Nicolau, havia três irmãs cujo pai estava arruinado. Por isso elas não tinham dote para se casar. O pai, então, muito entristecido, decidiu, segundo o costume da época, vendêlas à medida que chegava a idade de se casarem. Quando ia ser vendida a primeira filha, São Nicolau soube o que iria acontecer e, de noite, aproximou-se às escondidas da janela da cozinha da casa das irmãs, abriu-a, e vendo uma meia pendurada a secar junto à lareira sob a chaminé, colocou dentro uda meia uma bolsa cheia de moedas de ouro. A mesma coisa fez com a segunda irmã. O pai, admirado, quis descobrir o que estava acontecendo, e, quando chegou a vez da terceira irmã, ele ficou a espiar durante toda a noite. Dessa maneira reconheceu o bispo Nicolau e contou a todos a generosidade de Nicolau. Esta lenda deu origem à sua fama de distribuidor de presentes e às meias como lugar de recebê-los.
Presépio de Natal
manjedoura, como as muitas que existiam nas grutas naturais da Palestina, utilizadas para recolher animais. Outra versão é que o presépio de Jesus era feito de barro, aproveitando-se uma saliência da rocha e adaptando-a para tal finalidade. Esta é, sem dúvida, a versão mais aceite. O presépio de São Francisco incluía uma manjedoura, acima da qual foi improvisado um altar. Nesse cenário ocorreu a missa da meia-noite, na qual o próprio santo com a vestimenta de diácono cantou o Evangelho juntamente com o povo simples e pronunciou um sermão sobre o nascimento do Menino Jesus. Conta-se que naquela noite especial, enquanto o santo proferia as palavras do Evangelho sobre o nascimento do Menino Jesus, todos os presentes puderam ver uma criança no seu colo, envolvida em um raio de luz. A cena foi narrada em 1229 por Tommaso da Celano, biógrafo de São Francisco de Assis. Desde então, os presépios foram se tornando cada vez mais populares e, além das figuras tradicionais do Menino Jesus deitado na manjedoura, Maria e José, acabaram incluindo uma enorme variedade de personagens como os pastores, os Reis Magos, a estrela e os animais. Peças do presépio - Menino Jesus (filho de Deus e o Salvador) - Virgem Maria (mãe de Jesus Cristo) - José (pai de Jesus Cristo) - Manjedoura com palhas em um curral (local onde nasceu Jesus) - Burro e Boi ou ovelhas (animais do curral, representam a simplicidade do local onde Jesus nasceu) - Anjos (responsáveis por anunciar a chegada de Jesus) - Estrela de Belém (orientou os reis Magos quando Jesus nasceu) - Pastores (representam a simplicidade das pessoas do local em que Jesus nasceu) - Reis Magos (Belchior, Baltazar e Gaspar)
Arvore de Natal
terra. Na Assíria a deusa Semiramis havia feito uma promessa aos assírios, de que quem armasse uma árvore com enfeites e presentes em casa no dia do nascimento dela, ela iria abençoar aquela casa para sempre. Entre os egípcios, o cedro se associava a Osíris. Os gregos ligavam o loureiro a Apolo, o abeto a Átis, a azinheira a Zeus. Os germânicos colocavam presente para as crianças sob o carvalho sagrado de Odin. Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos cortavam pinheiros, levavam para seus lares e os enfeitavam de forma muito semelhante ao que faz nas atuais árvores de Natal. Essa tradição passou aos povos Germânicos. A primeira árvore de Natal foi decorada em Riga, na Letónia, em 1510. No início do século XVIII, o monge beneditino São Bonifácio tentou acabar com essa crença pagã que havia na Turíngia (uma região da Alemanha). Com um machado cortou um pinheiro sagrado que os locais adoravam no alto de um monte. Como teve insucesso na erradicação da crença, decidiu associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e as suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore de Natal. Acredita-se também que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore na sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta. Há outras versões, porém, a moderna árvore de natal teria realmente surgido na Alemanha entre os século XVI e XVIII. Não se sabe exatamente em qual cidade tenha surgido. Durante o século XIX a prática foi levada para outros países europeus e para os Estados Unidos. Apenas no século XX essa tradição chegou à América Latina. Atualmente essa tradição é comum a católicos, protestantes e ortodoxos.
Ceia de Natal
Missa do Galo
Este é o nome com que se conhece a missa de Natal celebrada à meia-noite do dia 24 para o 25. Segundo uma tradição popular, foi o galo que anunciou ao mundo o nascimento de Jesus. O costume de anunciar o nascimento dentro das igrejas com o canto
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O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A ideia surgiu enquanto o santo lia, numa de suas longas noites dedicadas à oração, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, numa gruta da sua cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Presépio significa em hebraico “a manjedoura dos animais”, mas a palavra é usada com frequência para indicar o próprio estábulo. Jesus ao nascer foi reclinado num presépio que provavelmente seria uma
Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático no terceiro milénio antes de Cristo já consideravam as árvores como um símbolo divino. Essas crenças ligavam as árvores a entidades mitológicas. A sua projeção vertical desde as raízes fincadas no solo marcava a simbólica aliança entre os céus e a mãe
A ceia de Natal é uma maneira de celebrar em família o Natal. Como na Europa o Natal é no inverno, o frio e a neve convidavam também a uma celebração natalina no aconchego do lar. O Natal sempre teve um sentido muito familiar.
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Flor de Natal
Planta de cor vermelha muito usada para fins decorativos na época de Natal, a florde-natal, estrela-de-natal ou poinsétia é uma planta de origem mexicana. O seu nome científico é Euphorbia pulcherrima, que significa “a mais bela das eufórbias”. Esta planta floresce no solstício de inverno, coincidindo com a época de Natal, no hemisfério norte, e por isso pouco conhecida em países do hemisfério sul. Também se associa ao Natal devido a uma lenda mexicana que transforma os ramos secos de uma menina em lindas folhas vermelhas, que são oferecidas ao menino Jesus.
Azevinho
Arbusto de folha persistente, o azevinho nasce espontaneamente na Europa, perdurando todo o inverno. Pertence à família das Aquifoliaceae, cujos ramos verdes constituídos por folhas brilhantes possuem espinhos afiados, contrastando com os seus frutos vermelhos, bagas ou azevinhos. É um arbusto de crescimento bastante lento que pode durar cerca de 100 anos. Possui flores brancas de pequena dimensão. Hoje em dia é uma planta muito utilizada nas decorações natalícias, simbolizando amor e esperança. Também é colocada à porta das casas como sinal de protecção. O seu uso teve origem na Europa, no paganismo pré-cristão. Para os druidas, o azevinho era considerado sagrado. Os celtas usavam a sua madeira para fabricar as pontas das lanças, pela sua dureza, considerando-o também símbolo de firmeza. Na antiga Roma atribuía-se ao azevinho poderes mágicos, principalmente através do uso das suas flores brancas. O azevinho também era conhecido em alguns países europeus, como árvore dos sátiros, útil para afastar os espíritos da noite. Também os monges medievais o usavam para espantar os espíritos malignos. Acreditava-se que ter plantada uma árvore de azevinho numa propriedade, a protegia de feitiços negros e maus-olhados. Em certas regiões da Alemanha o azevinho era utilizado para limpar a chaminé das casas, considerada o centro sagrado da casa, isentando-a de maus espíritos. Os ingleses, além de o utilizarem como elemento decorativo na época natalícia, usavam a madeira do azevinho para fabricar as asas das chaleiras.
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Reis Magos
Os três Reis Magos surgem como sábios vindos do Oriente com o propósito de venerarem o Menino Jesus, o novo Rei dos Judeus que tinha nascido. O caminho até Belém onde se encontrava o Menino, é-lhes indicado por uma estrela, a Estrela de Belém e devido à grande distância percorrida pelos Reis Magos até lá, diz-se que a visita destes se fez no dia 6 de Janeiro. É no Evangelho de S. Mateus que encontramos a única referência à existência dos Reis Magos. Foi no séc. V que Orígenes, erudito da igreja antiga e Leão Magno, sacerdote e mais tarde Papa e Santo, lhes conferem o título de Reis Magos. E só no séc. VII é que lhe foram atribuídos nomes: Gaspar (“aquele que vai inspeccionar), Baltazar (“Deus manifesta o Rei”) e Belchior/Melchior/Melquior (“meu Rei é luz”). No séc. XV é associada uma raça a cada um dos Reis Magos, de modo a representar toda a raça humana que se conhecia na época. Por tradição diz-se que são três devido aos três presentes oferecidos: Ouro, Incenso e Mirra. Crê-se que não seriam propriamente Reis mas talvez Sacerdotes, Conselheiros ou até Astrónomos. Na antiguidade, era costume oferecer-se ouro a um Rei, incenso a um Sacerdote e mirra a um Profeta. Por isso Belchior, de raça branca, ofereceu ouro reconhecendo-Lhe realeza; Gaspar, representando a raça amarela, ofereceu-Lhe incenso atribuindo-lhe divindade e, finalmente Baltazar, de raça negra, ofereceu mirra que representava a imortalidade. É na idade média que começa a devoção aos Reis Magos e, no séc. VI as suas relíquias são levadas de Istambul para Milão. Sendo já considerados Santos em 1164, foram levados para a catedral de Colónia, na Alemanha. Actualmente, os Reis Magos fazem parte das tradições de Natal, nomeadamente pelas suas figuras, que são colocadas junto ao presépio. Celebram o nascimento de Jesus, através da sua visita e da oferta de presentes, criando-se a tradição de trocar prendas nesta época festiva. Daí que, em países como a Espanha, se proceda à troca de prendas só no dia 6 de Janeiro.
Estrela de Natal
A estrela de Natal, também conhecida como a estrela de Belém, tornou-se num ornamento típico das nossas casas, na época de Natal. É colocada no topo da árvore de Natal ou no presépio e lembra-nos a estrela que guiou os três Reis Magos até ao local onde o menino Jesus nasceu. A estrela característica possui quatro pontas que representam os pontos cardeais (norte, sul, este, oeste) e uma cauda luminosa, fazendo lembrar um cometa. Também se usa
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a estrela de cinco pontas lembrando o ser humano (Cabeça, braços e pernas). A estrela de Natal para além de ter orientado os reis magos, representa a Luz do Mundo, Jesus Cristo. Cientificamente, Johannes Kepler, astrónomo, matemático e astrólogo alemão do séc. XVII, explica o aparecimento da estrela de Belém com o facto de ter havido, na altura, uma conjunção entre o planeta Júpiter e o planeta Saturno, na constelação de peixes, que levou a formação de uma luz intensa, fora do normal, e que deu origem a esta “estrela”. A referência bíblica da estrela de Natal é feita no Evangelho de Mateus, onde relata a vinda de sábios do oriente para visitar o Messias recém-nascido. Como não sabiam onde se encontrava Jesus, os três Reis Magos perguntaram na corte do Rei Herodes, mas sem sucesso. Herodes ao saber do nascimento do Rei dos Judeus, pediu-lhes que assim que encontrassem Jesus, o informassem. Os reis magos, vendo surgir no céu uma luz intensa, seguiram-na, encontrando em Belém o menino Jesus. Estes ofereceram a Jesus prendas mas não voltaram à corte do Rei Herodes.
domingo). A colocação da fita e do laço vermelho, envolvendo a grinalda, simbolizam o amor de Deus por todos nós, renascido pela vinda de Jesus. As bolas, frutas ou pinhas que se podem colocar na coroa representam o fruto do Espírito Santo que sai dos corações de cada cristão. A colocação da coroa de Natal numa casa representa a presença de Jesus nesse lar. É costume ser posta na porta de entrada, mas pode também pode ser colocada dentro de casa.
Pai Natal
Coroa de Natal
O Advento (Adventus: chegada e Advenire: chegar a) traduz-se no primeiro tempo do ano litúrgico que antecede o Natal (corresponde às quatro semanas antes do Natal). Os cristãos consideram-no um tempo de preparação e de alegria que antecede o nascimento de Jesus. É um tempo para promover o arrependimento, a harmonia e a paz, e celebrar a vinda de Jesus Cristo à terra. Entre os vários símbolos do Advento, encontramos a coroa de Natal ou grinalda do Advento. O uso de coroas como decoração é um costume antigo. Os romanos usavam ramos verdes que enrolavam nas suas coroas. Também exibiam coroas de ramos verdes nas suas portas como sinal de saúde para todos os que lá habitavam. A coroa de Natal caracteriza-se por ser feita de galhos verdes entrelaçados, de cipreste ou abeto, que representam a vida. Os seus galhos verdes, mesmo no inverno, significa que os cristãos devem manter a fé e a esperança, apesar de todas as contrariedades. A coroa de Natal forma um círculo que representa a união existente entre Deus e os Homens, símbolo contínuo e eterno de amor a Deus e ao próximo e Dele pelos Homens. Tradicionalmente, é decorada com quatro velas que representam as quatro semanas do Advento. As velas são acesas, uma a uma, a cada domingo, até estarem todas acesas. As velas indicam a proximidade do nascimento de Jesus, o Salvador, que trará luz ao mundo. Representam também a fé, a celebração e a alegria pelo Seu nascimento. A primeira vela a ser acesa representa o perdão que Deus concedeu a Adão e Eva; a segunda vela representa a fé de Abraão, a quem se anunciou a terra prometida; a terceira vela recorda a alegria do rei David quando Deus prometeu eterna aliança; a quarta e última vela lembra os ensinamentos dos profetas, que anunciaram a vinda do Salvador. Normalmente, as cores das velas acompanham as cores das vestes litúrgicas do sacerdote nesta época (cor roxa para as velas que correspondem ao primeiro, segundo e quarto domingo, e a cor rosa para a vela do terceiro
A personagem do Pai Natal baseia-se em S. Nicolau e a ideia de um velhinho de barba branca num trenó puxado por renas foi introduzida por Clement Clark More, um ministro episcopal, num poema intitulado de “An account of a visit from Saint Nicolas” que começava de seguinte modo “‘The night before Christmas”, em 1822 publicado no jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, em 1823. S. Nicolau viveu em Mira na Lícia, no sudoeste da Ásia Menor (onde hoje se situa a Turquia). Filho de Eipifânio e Joana, devotos cristãos, que lhe deram o nome de Nicolau que significa “pessoa virtuosa”, este nasceu em 350 d.C., em Patara. Nicolau pertencia a uma família abastada e, segundo a lenda, cedo deu sinais da sua bondade. Uma das histórias mais conhecidas sobre a sua generosidade relata que, ao saber que na sua cidade um homem bastante pobre estava decidido a encaminhar as suas três filhas para a prostituição, já que não tinha dinheiro para lhes dar um dote, Nicolau decidiu deixar às escondidas um saco cheio de ouro para a filha mais velha, já que esta estava em idade de casar e logo era a que necessitava mais do dote. Nicolau repetiu o acto por mais duas vezes, ou seja, sempre que uma das filhas atingia a idade para casar. Segundo a mesma lenda, Nicolau colocava o saco dentro da casa pela chaminé, onde secavam algumas meias. Nicolau viajou até à Palestina e depois ao Egipto. Durante a viagem, houve uma tempestade, que segundo a lenda, acalmou milagrosamente, quando Nicolau começou a rezar com toda a sua Fé. Foi este episódio que o transformou no padroeiro dos marinheiros e pescadores. Quando voltou mudou-se para Mira, onde anos mais tarde o bispo de Mira morre, os anciões da cidade não conseguiam decidir quem seria o seu sucessor. Segundo a lenda, nessa mesma noite o ancião mais velho sonhou com Deus, e Este dizia-lhe que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte seria o novo bispo de Mira. Como Nicolau tinha já o hábito de se levantar cedo para ir rezar à igreja, foi o primeiro homem a entrar nela e logo foi indicado bispo. S. Nicolau morreu a 6 de Dezembro de 342. Em meados do século VI, o santuário onde este foi sepultado transformou-se numa nascente de água. Em 1087, os seus restos mortais foram transferidos para a cidade de Bari, na Itália., que se tornou num centro de peregrinação em sua homenagem. Milhares de milagres foram creditados como cedo sua obra, actualmente S. Nicolau é um dos Santos mais populares entre os cristãos e milhares de igrejas por toda a Europa receberam o seu nome (só em Roma existem 60 igrejas com o seu nome, na Inglaterra são mais de 400).
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | Dezembro 2013
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ACONTECEU...
Noites do Grémio Do espectáculo contou a apresentação da peça “Portugal anos 40” (1ª sequência) de Luiz Francisco Rebello, encenada por Maria Aguiar e representada pelos seus alunos do Curso Técnico de Artes e Espectáculos da ESFA, e a peça “Pierrot e Arlequim” de Almada Negreiros, pelos alunos da Associação Amarte.
Para além das participações especiais já referidas, não podemos deixar de realçar os importantes apoios de várias entidades que contribuíram para que esta noite fosse de festa e para que a viagem ao passado fosse um momento mais real. Foi o cado da Adega Cooperativa de Mangualde, da AMA, do Arquivo Municipal de Mangualde, do Conti-
nente, da Mazúr, da Paróquia de Abrunhosa do Mato e da Pastelaria Princesa do Castelo. A equipa da Biblioteca deixa um grande abraço para todos os que estiveram connosco a festejar este 16º Aniversário. Um grande abraço também para todos os utilizadores deste espaço que, ausentes na festa, estão presentes na maioria dos dias do ano e que são a razão da sua existência. Continuaremos a trabalhar para exceder as expectativas do nosso público, e contamos convosco para que cada dia seja melhor que o anterior. Parabéns para todos os leitores/utilizadores da Biblioteca Municipal que fazem com que esta seja uma biblioteca viva!
A Biblioteca Municipal de Mangualde com-
pletou no passado dia 22 de novembro o seu 16º aniversário. A comemoração decorreu nas noites de 22 e 23 de novembro, num espectáculo dedicado ao tema “As Noites do Grémio”. Realizadas no átrio principal e superior da Biblioteca Municipal, as sessões apresentaram lotação esgotada.
Partindo da temática central a Biblioteca conseguiu recrear um ambiente especificamente para o momento, com mobiliário e adereços do antigo Grémio de Mangualde, percorrendo durante a noite as décadas de 20 a 50, revisitando espaços e relembrando factos, acontecimentos e personagens locais, nacionais ou internacionais. O trajar da equipa contribui para que os anos 40 ficassem na memória de quem esteve presente.
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A concepção, organização e produção do evento foi da responsabilidade da Biblioteca Municipal que trabalhou desde a elaboração de textos e filmes temáticos, até à limpeza e recuperação do antigo mobiliário exposto. Já a parte musical foi entregue à Escola de Música Palco de Encantos, com a participação da voz de Inês Coelho. Os momentos de dança estiveram ao cuidado da profissional Helena Couto da Associação Amarte que preparou duas coreografias distintas para a noite de festa, para além de ter ajudado todos os intervenientes para o momento do baile inicial. Foram lidos poemas de Fernando Pessoa: O menino de sua mãe e António de Oliveira Salazar e, o poema Porque de Sofia de Mello Brayner. Para estas e outras leituras estiveram envolvidas, para além dos elementos da equipa da Biblioteca Municipal, as alunas Ana Rita Albuquerque, Alexandra Ramos, Beatriz Pina e Raquel Duarte.
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ÚLTIMA
scriptum
“Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?” Fernando Pessoa - O eu profundo
em janeiro Sérgio Amaral expõe na Biblioteca Municipal
Top 5 Adultos 1.º Millenium - Revista do IPV 2.º A filha do Papa - Luís Miguel Rocha 3.º Festas e Comeres do povo português - V/A 4.º Évora e os dias da guerra - Mário Ventura 5.º O cavaleiro da Dinamarca -Sophia de Mello Breyner Andresen
Top 5 Infanto - Juvenil 1.º Lendas de Portugal - Gentil Marques 2.º Mafalda - Quino 3.º A Vida Mágica da Sementinha - Alves Redol 4.º Cédric - Laudec 5.º Pedro Alecrim - António Mota
Exposição Nobel da Paz
Sérgio Amaral Nasceu em Santa Luzia, Man-
gualde, em 1959. De 1978 a 1982, dedicou-se à pintura, tendo realizado algumas exposições. Em 1982, sente a necessidade de experimentar novos materiais, como o ferro e o barro e inicia assim o seu percurso na cerâmica, com especial interesse pelo barro negro. Explora desde então, todas as possibilidades que esta técnica permite: o Rakú, o Negro Primitivo, as Reduções etc. No ano de 1988, frequenta uma oficina de gravura na Fundação Kalouste Gulbenkian, orientada por Rui Marçal. Na década de 90, desloca-se à Áustria
a convite do ICEP.É monitor da Deficoop (89/90). Participa com Manuel Keller Soria no curso de reflexos cerâmicos (92). Em vinte anos de actividade de artesão e artista conta com inúmeras exposições, individuais e colectivas de cerâmica e olaria tanto em Portugal como no estrangeiro. Cooperativa Árvore, Porto e Salon International des Santonniers, em Arles são dois bons exemplos. Em 2002 começa a dar a conhecer com mais insistência os seus matarrachos em várias mostras de artesanato.Premiado em várias mostras de artesanato destaca-se o prémio de Artesanato Moderno do IEFP.
Durante o mês de janeiro estará patente na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves uma exposição intitulada “Prémios Nobel da Paz, 40 anos em retrospectiva”. Esta iniciativa decorre da pesquisa, concepção e montagem da Biblioteca Municipal
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Dr. Alexandre Alves e tem como objectivo dar a conhecer algumas das personagens que mais se destacaram, com a sua determinação e empenho para que o nosso mundo se torne um mundo melhor e em Paz.
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