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Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves Série. 01 N. 04
janeiro, 2014
www.biblioteca.cmmangualde.pt
Ana Moura
Desfado, considerado o melhor álbum de 2013 pelo Sunday Times »3
Camilo Pessanha Antecipa alguns princípios do modernismo
Prémio Vida Literária para Maria Velho da Costa
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Exposição
Morreu o pintor Nadir Afonso
“PRÉMIO NOBEL DA PAZ”
O melhor de 2013 Os melhores filmes e musica segundo os críticos de 2013.
20 anos em retrospetiva BMM
O mestre da abstracção geométrica
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O empréstimo domiciliário Serviços da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves » 17
Prémio Nobel da Paz 20 anos em retrospetiva
Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves 2003 ®
capa nobel da paz.indd 1
17-12-2013 12:58:58
Patente de 2 de janeiro a 31 de janeiro, na
Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves. » 11
CONTEÚDOS EDITORIAL..............................................................................................................2 NOTÍCIAS ...............................................................................................3 ‘DESFADO’ DE ANA MOURA CONSIDERADO O MELHOR ÁLBUM DE 2013 PELO SUNDAY TIMES...............................................................................................3 OPLANETA TANGERINA INVESTE EM LIVROS ITERACTIVOS E DIGITAIS, MAS EM PAPEL..........................................................................................................................3 MORREU O PINTOR NADIR AFONSO.............................................................................3 DESTAQUES DO MÊS.................................................................................4 “MARIA ANTONIETA” - Stefan Zweig................................................................4 “QUINTO LIVRO DE CRÓNICAS ” - ANTÓNIO LOBO ANTUNES ........................................4 “A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA” - DANIEL OLIVEIRA........................................................4 “COMBATEREMOS A SOMBRA” - LÍDIA JORGE...............................................................4 “O MENINO NO SAPATINHO” - MIA COUTO............................................................5 “HISTÓRIA COM RECADINHO” - LUÍSA DACOSTA...........................................................5 CONTO DO MÊS........................................................................................5
“DÁ-ME UM ABRAÇO” - JOHN A. ROWE.......................................................................5 POESIA.................................................................................................6 CAMILIO PESSANHA..................................................................................................6 CINEMA.........................................................................................7 A OBRA A NEGRO...............................................................................................................7 MUSICA..........................................................................................8 FLASHBACK: A RETER DE 2013....................................................................................8 TEATRO...........................................................................................9 CORNUCÓPIA RESPONDE À CRISE COM “ILUSÃO”......................................................9 DANÇA.............................................................................................9 O NOVO PAULO RIBEIRO QUE DANÇA PARA OS OUTROS...........................................9 PINTURA.........................................................................................10 PAULA REGO..............................................................................................................10 EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES......................................................................11 “PRÉMIOS NÓBEL DA PAZ”........................................................................................11
PAULA REGO
CICLO DE CINEMA CNE NA BIBLIOTECA..................................................................12 “PONTOS E ENCONTROS”...........................................................................................12 MARIA VELHO DA COSTA......................................................................13 PROJETOS......................................................................................17 EMPRÉSTIMOS DOMICILIÁRIO..................................................................................26 FOI HISTÓRIA.......................................................................................18 ACONTECEU..............................................................................25 “A TODOS UM BOM NATAL”......................................................................................25 WORKSHOP DE PRESÉPIOS.....................................................................................25 ÙLTIMA..........................................................................................26 TOP LEITORES...........................................................................................................26 EM FEVEREIRO.....................................................................................26 EXPOSIÇÃO PEDRO AMARAL ................................................................................26 “ALÉM DA IMAGINAÇÃO” ...........................................................................................26
“Não gosto de pintar ao vivo. Gosto de canalizar imagens naturalistas, abstractas, ornamentais, feiticistas, infantis.”
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JANEIRO 2014 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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EDITORIAL
Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves
Janeiro é sempre um mês em que fazemos balanços, avaliamos o ano anterior e fazemos projectos para o novo ano. Procuramos sempre iniciar cada novo ano com uma postura positiva e optimista, como se de isso dependessem os acontecimentos que decorrerão ao longo do ano. Para uma Biblioteca, um bom ano é aquele em que supera os movimentos do ano anterior. Neste sentido, 2013 foi um bom ano para a Biblioteca Municipal de Mangualde. Com base nos registos dos dados que recolhemos ao longo do ano, constatamos que o número de visitas aumentou relativamente ao ano anterior. Aumentou também o número de leitores inscritos e o número de empréstimos de publicações. As novidades editoriais que fomos oferecendo aos nossos leitores foram alvo de atracção, não deixando indiferentes os amantes da leitura. Foi um ano em que demos continuidade a projectos válidos e bem sucedidos e, iniciámos outros. Em termos de aproximação à comunidade, sentimos que a oferta de actividades agradou ao público, que, aderiu com entusiasmo às iniciativas propostas. 2013 foi um ano de muito trabalho em que todos os elementos da equipa contribuíram para compensar os parcos recursos financeiros disponíveis. No que se refere às actividades culturais, como por exemplo, no domínio da música, teatro, dança, exposições, concursos, entre outras, é de referir também a colaboração dos diversos parceiros que, fomos realçando ao longo do ano, e, sem os quais, não conseguiríamos apresentar iniciativas tão brilhantes. Em jeito de partilha e porque os nossos leitores/utilizadores são o motivo da existência desta casa, deixamos alguns números que permitem caracterizar a utilização dos serviços da Biblioteca no último ano. Contabilizámos 84.663 visitas e contámos até 31 de Dezembro, com 63.418 volumes (unidades físicas). Deste total fazem parte monografias, publicações em série, documentos sonoros e audiovisuais e ainda, outros docu-
FICHA TÉCNICA Equipa da biblioteca
mentos como verbetes, postais, partituras, etc. Foram emprestados 4393 volumes na sua maioria monografias, mas em termos de consulta local o peso maior está nas publicações periódicas, com destaque para a leitura de jornais diários e o semanário expresso. O número de leitores também aumentou em 2013 registando-se a inscrição de 397 novos leitores. Continuamos a obter altas taxas de ocupação de lugares sentados para uso público (média de 62% de ocupação), bem como de ocupação dos computadores para uso público. Neste último caso, pese embora algumas deficiências de acesso à internet que perturbaram a ideal utilização do serviço, registámos 91,6% de ocupação. Em termos de acesso à internet, contabilizámos 5455 acessos a partir dos PC fixos do serviçoacessos e, 1817 a partir de portáteis de uso pessoal. Ao nível das actividades de extensão cultural, a Biblioteca mantém os projectos que prolongam os serviços bibliotecários à comunidade, projectos de promoção da leitura dirigidos a públicos específicos. É o caso do“Livro sobre Rodas”, dirigido às escolas e o “Biblioteca para Avós” direccionado para os Lares e Centros de Dia. No primeiro caso foram realizadas 128 sessões, que abrangeram 418 crianças do pré-escolar e 1º ciclo.Além deste número relativo ao projecto, realizámos mais 18 sessões de Hora do Conto que tiveram a participação de 380 crianças. Relativamente ao 2º projecto referido, concretizámos 90 sessões durante o ano 2013, abrangendo um total de 246 idosos do concelho. O Clube de Leitura da Biblioteca Municipal também cresceu, contando agora com 15 elementos ativos. Foram realizadas 15 sessões, nas quais estão incluídas conversas com escritores. A este nível e contando com a parceria que temos com as Bibliotecas Escolares foram registadas 13 sessões de apresentação de livros pelos respectivos escritores. O auditório da Biblioteca Municipal rece-
beu neste ano um total de136 eventos como Palestras/Conferências/Sessões de esclarecimento, teatro, cinema, festas/espectáculos, formação, workshops, reuniões, e ensaios. A Sala Polivalente acolheu 9 acções de formação que decorreram em 54 sessões. Estes dois espaços acolheram ainda 51 horas de aulas. Em termos de actividades da Biblioteca Municipal destacamos o Dormir com Livros, as Leituras Enfeitiçadas, o Aniversário da Biblioteca Municipal e ainda o Em Quarto Crescente. Este último projecto organizado pelo Pelouro da Cultura Câmara Municipal com a colaboração de entidades externas, teve também a prestação fundamental da equipa da Biblioteca Municipal. De referir mais uma vez que, em termos de actividades que vão para além da promoção da leitura, muito difícil seria levá-las a bom porto sem o trabalho conjunto que tem sido desenvolvido entre serviços internos ligados à cultura da Câmara Municipal, e entidades externas ligadas à actividades artísticas, nunca descurando o apoio do Agrupamento de Escolas, através das Bibliotecas Escolares, de professores e alunos em particular. Ainda neste contexto das iniciativas culturais, a Biblioteca Municipal acolheu 15 exposições de artes plásticas e 26 de livros e autores. Do primeiro número apresentado, é de referir a responsabilidade do Gabinete de Gestão e Programação do Património e Cultura na calendarização das mesmas. Também neste domínio, referenciar a colaboração das Escolas e ateliers específicos para mostras temáticas que vão acontecendo ao longo do ano. No que se refere às exposições sobre livros e autores e temas específicos, mais uma vez realçar a concepção e produção da própria Biblioteca, através dos seus colaboradores. Para finalizar, e alimentando o espirito positivo a que nos referimos no início do texto, dizer que aproveitámos a comemoração do Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro) para mar-
car o início de 2014 trazendo à memória dos nossos leitores/utilizadores os últimos 20 anos dos Prémios Nobel da Paz. Segundo a vontade de Alfred Nobel, o prémio deveria distinguir “a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz”. Trata-se de um prémio que pode ser atribuído a pessoas ou organizações que estejam envolvidas num processo de resolução de problemas, e não apenas àqueles que já atingiram os seus objetivos em alguma área específica. É, portanto, um Nobel com características próprias cuja atribuição acontece em Oslo. O primeiro Nobel da Paz atribuído data de 1901 a, Jean Henri Dunant, fundador da Cruz Vermelha Internacional e promotor das Convenções de Genebra e a FrédericPassy, fundador e presidente da Sociedade Francesa para a Paz. Em 2013 este prémio foi entregue à Organização para a Proibição das Armas Químicas. A OPCW, sigla em inglês para «Organisation for theProhibitionofChemicalWeapons», foi criada em 1997 pelos países que já participavam da Convenção de Armas Químicas (assinada em 1993) com sede em Haia, na Holanda. Para este ano 2014, procuraremos acompanhar de perto as necessidades dos nossos leitores/utilizadores. Temos como objectivo continuar a elevar os índices de participação/utilização do público através da melhoria dos serviços. Um Bem - Haja a todos e um Feliz 2014.
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | JANEIRO 2014
NOTÍCIAS
‘Desfado’ de Ana Moura considerado o melhor álbum de 2013 pelo Sunday Times
in Lusa10/12/2013
O CD “Desfado”, de Ana Moura, foi considerado pelo Sunday Times, do Reino Unido, como o melhor álbum de 2013 na área da “Orld music”. O jornal que tinha já elogiado “Desfado”, afirma que a voz de Ana Moura é “intoxicante”. A fadista partilha o pódio com Leyla Mccalla, que ficou em 2.º lugar, e Kobo Town, em 3.º. Da lista fazem ainda parte os álbuns de Carla Bruni, Ry Cooder e o duo maliano Bassekou Kouyate e Ngoni Ba.
“Alguns puristas não quiseram saber da tentativa da estrela do fado de alargar os horizontes misturando tradição com Joni Mitchell, mas a forma como canta é intoxicante”, afirma o Sunday Times, sobre “Desfado”. A quando do lançamento do CD no Reino Unido, o jornal escreveu que revelava “uma colaboração genial com o exigente produtor Larry Klein”. “Tudo funciona extremamente bem”, escreveu o Sunday Timnes, enquanto a crítica do diário Times deu-lhe por sua vez, quatro estrelas. “Desfado” foi reeditado recentemente, num formato duplo, incluindo o registo da actuação da fadista, em Setembro passado, no festival Caixa Alfama. Sobre “Desfado”, gravado entre Almada e Los Angeles, a fadista afirmou à Lusa que “é diferente” do que tem feito. “Mas, para mim, era o que fazia sentido e dava continuidade ao que estava a fazer nos últimos anos, com as diferentes colaborações”, sublinhou. O álbum recebeu várias críticas favoráveis, nomeadamente nos jornais El País, Le Monde, Le Figaro, New York Times, entre outros. O New York Times afirmou que Ana Moura “é uma superstar mundial distinta, elegante, expressiva, de mente aberta, é uma renovadora”. O jornal espanhol El Pais destacou por seu turno, “uma determinação e uma clareza de intenções
Planeta Tangerina investe em livros iteractivos e digitais, mas em papel in Sol 02/12/2013
A editora Planeta Tangerina investiu na criação de livros para a infância interactivos e digitais, mas em papel, para que os leitores explorem as potencialidades do suporte e do objecto livro, disse à Lusa a escritora Isabel Minhós Martins. Esta semana é lançado “Uma onda pequenina”, com texto de Isabel Minhós Martins e ilustração de Yara Kono, o terceiro livro da “Colecção de cantos redondos”, iniciada em 2011, e que privilegia a interacção entre o leitor, a história e o objecto livro. A “Uma onda pequenina”, que acompanha um menino na praia, a explorar os banhos de mar, ainda que com receio de tubarões, juntamse os livros “Este livro está a chamar-te (não ouves?)” (2013) e “O que há” (2012). “A nossa ideia era ter livros que desencadeassem uma atitude por parte dos leitores e que fizessem passar a acção para o livro, sem perder o sentido da história”, afirmou a autora. A colecção foi iniciada em 2012 com o livro “O que há”, ilustrado por Madalena Matoso, que interpela os mais novos a encontrarem determinados objectos numa gaveta, numa mala, na bancada da cozinha, no bolso do casaco ou no saco de praia da avó, encontrando correspondência e ligação entre vários espaços. Quase um ano depois desta primeira experiência no catálogo da editora, foi lançado “Este livro está a chamar-te (não ouves?)”, daquelas duas autoras, desafiando as crianças a utilizar, mais do que a visão, o tacto e a audição. “O livro é um lugar, é um terreno onde se pode viver uma aventura, queremos que os leitores peguem no livro, brinquem com ele, passem a página, que lhe mexam”, sublinhou.
A editora decidiu avançar com esta colecção, quase numa resposta aos que perguntam quando é a Planeta Tangerina avança para as histórias em suporte digital. “O digital, é verdade, tem um potencial incrível: pode ter som e movimento, ligar-nos a outros lugares”, mas também pode ser “inconsequente”. “Muitas vezes não dá pistas: mostra”, escreveu Isabel Minhós Martins no blogue da editora. A Planeta Tangerina, que começou por ser um atelier de design, foi premiada este ano em Itália como melhor editora europeia, numa votação entre pares na Feira do Livro Infantil de Bolonha. O catálogo da editora inclui mais de trinta títulos, traduzidos para outras línguas, como italiano, francês, coreano ou norueguês. Isabel Minhós Martins assina grande parte das histórias editadas na Planeta Tangerina, ilustradas sobretudo por Madalena Matoso, Bernardo Carvalho e Yara Kono, o núcleo duro criativo do projecto. Entre os títulos contam-se “Quando eu nasci”, “O livro dos quintais”, “Olhe, desculpe, por favor, não viu uma luzinha a piscar?”, “A manta, uma história aos quadradinhos” e “Enquanto o meu cabelo crescia”. Há ainda “Irmão lobo”, de Carla Maia de Almeida, “O caderno vermelho da rapariga karateca”, de Ana Pessoa, e “Um dia um guardachuva”, de Valerio Vidali e Davide Cali. A Planeta Tangerina está nomeada para o prémio sueco Astrid Lindgren Memorial Award de 2014, que reconhece escritores, ilustradores ou organizações e estruturas que trabalhem a promoção da leitura entre os mais novos.
quando [Ana Moura] pega no microfone, que contrasta com a delicadeza e a timidez do trato pessoal”. “Ana Moura é bonita e humilde e nada distinta”, rematou o diário espanhol. O ABC, também de Espanha, referiu-se a “Desfado” como um “estupendo trabalho”, e acrescenta que “havendo alguns fados, divide a sua doçura melancólica com elegantes sons norte-americanos como o rhythm & blues”. O Le Fígaro, de França, sublinhou que “em poucos anos, a jovem Ana Moura estabeleceu-se com a sua singularidade num ambiente bastante conservador” e rematou: “Ana Moura continua uma maneira agradável que é toda a sua força, pertence a ela”. Nas vésperas do álbum ser editado em Portugal, em Novembro do ano passado, numa entrevista á Agência Lusa, a fadista afirmou que o álbum “não é uma negação do fado”. “Eu gosto de cantar fado e não me sinto bem sem o cantar - é um percurso de carreira, quis explorar novas áreas, reflexo das parcerias que tenho feito, e tenho descoberto características em mim que desconhecia”, afirmou a criadora de “Búzios”. A “renovação” da intérprete estende-se à equipa de músicos e à produção. Pela primeira vez na sua carreira discográfica, já com quatro álbuns de estúdio, não é o músico Jorge Fernando que as-
sume os comandos da produção, mas sim Larry Klein, que também já trabalhou com Joni Mitchell e com o pianista de jazz Herbie Hancock. Com Ana Moura gravaram Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na viola, Dean Parks, na guitarra clássica, David Piltch, no baixo, e Freddy Kdella, no violino, no tema “Thank you”, de autoria de David Poe. Tim Ries, com o qual a intérprete já trabalhou no Rolling Stones Project, e Herbie Hancock, são os músicos convidados. O CD é composto por 17 temas. Pedro da Silva Martins é o único autor que assina dois - a letra e música de “Desfado”, que abre o CD, e “Havemos de acordar”, que conta com a participação de Tim Ries. Entre os diferentes temas, a intérprete referiu “O espelho de Alice”, de Nuno Miguel Guedes, que canta na música do Fado Santa Luzia, de Armando Machado. Mário Raínho é um nome habitual entre os letristas de Ana Moura, que neste álbum assina “Com a cabeça na nuvens”e outro é Tozé Brito de quem registou “Como nunca mais”. O Cleveland Plain Dealer afirmou que a “beleza triste do fado faz sentido na voz de Ana Moura”, e para o New York Daily News Ana Moura “é a mais celebrada jovem fadista, um intérprete de rara paixão”.
Morreu o pintor Nadir Afonso
in Lusa 11/12/2013
Nadir Afonso O artista plástico Nadir Afonso, que morreu hoje aos 93 anos, teve “uma carreira extraordinária” e “um percurso invulgar” na arquitetura, disse hoje à agência Lusa o presidente da Ordem dos Arquitetos, João Belo Rodeia
Nadir Afonso, considerado um dos pioneiros da arte abstrata, tinha formação em arquitetura e chegou a trabalhar com o arquiteto suíço Le Corbousier e com o brasileiro Oscar Niemeyer, num percurso elogiado agora por João Belo Rodeia. O presidente da Ordem dos Arquitetos recorda que Nadir Afonso tinha sido homenageado recentemente como membro honorário da associação em reconhecimento da “carreira extraordinária”. “Apesar de achar que a arquitetura era utilitária, ele teve uma fase na vida dele em que se dedicou
muito e bem à arquitetura”, sustentou João Belo Rodeia, afirmando que Nadir Afonso se focou na pintura por ser uma arte que lhe dava mais liberdade. Nadir Afonso morreu hoje, no Hospital de Cascais, dias depois de ter completado 93 anos. Nascido em Chaves, em 1920, Nadir Afonso Rodrigues diplomou-se em arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, mas viria a trocar a arquitetura pela pintura, alcançando reconhecimento internacional. Foi distinguido em 1967 com o Prémio Nacional de Pintura e em 1969 com o Prémio Amadeo de Sousa-Cardoso. Foi igualmente condecorado com os graus de Oficial (1984) e de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2010).
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DESTAQUES DO MÊS
“Maria Antonieta” “Quinto Livro de Crónicas” Stefan Zweig
António Lobo Antunes
A Vida na corte de Luís XVI e de Maria Antonieta, descrita pelas intrigas e pelo esplendor que vieram a ter um tão súbito e inesperado fim, há muito que fascina leitores. Maria Antonieta: O retrato de uma mulher comum é o relato do percurso atribulado da mais famosa vítima da guilhotina, desde os tempos em que com 14 anos de idade casou e tomou Versalhes com a sua tempestuosidade, passando pelas frustrações com o seu altivo marido, o seu caso amoroso com o Conde sueco von Fersen, e, finalmente, pelo caos da Revolução Francesa. Numa narrativa apaixonante, a biografia de Stefan Zweig dá cor às emoções humanas, tanto dos participantes como das vítimas da Revolução Francesa, proporcionando a leitura inesquecível da história de uma personagem arrebatadora.
Compilação de pequenos textos publicados na revista Visão em que o autor aborda temas do foro pessoal, quase como o espelho de uma reflexão interior ou do que lhe vai na cabeça e na alma combinando autobiografia e ficção de forma criativa. Sendo muito mais acessíveis ao público do que os romances do autor, estas crónicas não descuram uma forte componente literária.
“A Persistência da Memória” “Combateremos a Sombra” Daniel Oliveira
Camila está em conflito permanente com a sua consciência. Dotada de uma aptidão rara, a que a medicina designa por síndrome de memória superior, tem a capacidade de se recordar ao pormenor de todos os acontecimentos da sua vida, mesmo aqueles que desejaria esquecer. Nesta teia de emoções, onde se misturam passado e presente, amor e perda, culpa e prazer, Camila busca a liberdade que a memória não lhe concede, sobrevivendo entre relações extremas e perversas.
Um segredo inconfessável e a frágil fronteira entre sonho e realidade atravessam este romance desconcertante sobre a intimidade de uma mulher perseguida pelas sombras da sua própria história.
Lídia Jorge
Combateremos a Sombra conta a história dum psicanalista que numa noite de Inverno é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido Osvaldo Campos nunca conseguirá decifrar. À sua volta a realidade começa a entrançar-se e a desentrançar-se à semelhança das narrativas que lhe são narradas no silêncio do seu gabinete. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra, e Maria London, aquela a quem chama a sua paciente magnífica, prepara-se para revelar um segredo que o vai colocar diante duma realidade clandestina de dimensões incalculáveis. E ele é apenas um psicanalista, ou como se intitula a si mesmo, tão-só um decifrador de histórias. Assim, este livro inquietante resulta do mergulho na interioridade de Osvaldo Campos em confronto com um desafio que o ultrapassa. Uma tensão psicológica que conduz o leitor a um lugar de observação único, pela mão de uma escritora que nos habituou a mostrar que nada de mais real existe do que o onírico, e nada de mais fantástico do que o real.
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“O Menino no Sapatinho” Mia Couto
Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | JANEIRO 2014
DESTAQUES DO MÊS
querdo. A mulher não deixava que o berço fugisse da vislembrança dela […].» Qual será o destino deste pequeno ser? Esta é uma magnífica e triste estória de Mia Couto, ilustrada de forma brilhante por Danuta Wojciechowska.
“História Com Recadinho” Luísa Dacosta
das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de A-VerO-Mar “Deve” a língua ao rés do coloquial. Foi professora do ciclo preparatório e alguma coisa deve também aos alunos: o ter ficado do lado do sonho. Isso a tem motivado a escrever para crianças.
Mia Couto
Sinopse
«Era uma vez o menino pequenito, tão minimozito que todos seus dedos eram mindinhos. Dito assim, fino modo, ele, quando nasceu, nem foi dado à luz mas a uma simples fresta de claridade. […] — Cuidado, já dentrei o menino no sapato. Que ninguém, por descuido, o calçasse. Muitomuito, o marido quando voltava bêbado e queria sair uma vez mais, desnoitado, sem distinguir o mais esquerdo do menos es-
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Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século xx), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia. Jesusalém, o seu último romance, foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama. Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. A Confissão da Leoa é o seu mais recente livro. Galardoado com o Prémio Camões 2013.
Sinopse
“Histórias com Recadinho” de Luísa Dacosta, foi o livro mais solitado para emprétimo na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves no decorrer de 2013.
Luísa Dacosta Luísa Dacosta nasceu em 1927, em Vila Real de Trás-os-Montes. Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, em Histórico-Filosóficas. Mas as suas “Universidades” foram as mulheres de A-Ver-OMar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga (-Ele não me bate muito, só o preciso) e que, mesmo afeitas, num treino de gerações,às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora
A narrativa estrutura-se em torno de uma bruxinha que decide fugir do reino das bruxas (um «mundo de trevas, árvores mortas e aves agoirentas») para o mundo dos homens (onde havia «tantos brilhos, tantas cores e tantos perfumes»), numa tentativa de encontrar um local onde pudesse «dar largas à sua alegria e ao seu humor benfazejo». Mas, para seu espanto, também o mundo dos homens, apesar da sua beleza exterior, se revelou um mundo de trevas pelo obscurantismo dos seus preconceitos!
CONTO DO MÊS “DÁ-ME UM ABRAÇO”
JOHN A. ROWE Nasceu em Kingston-upon-Thames , em Surrey, Inglaterra, e estudou arte na Inglaterra e Áustria. As sua ilust-
rações coloridas e o estilo de composição excentrico já lhe rendeu vários elogios. Em1995 recebeu o prémio da BIB Grand Prix Award para Ilustração de livro infantil.
SINOPSE A única coisa no mundo que o pequeno Piquinhos quer é um abraço.A todo o lado a que vai vê abraços - na cidade, no parque, na estação de comboio. Mas o pobre Piquinhos é tão espinhoso que ninguém se quer aproximar dele.”Por favor”, pede ele, “alguém me pode dar um abraço?”. Infelizmente ninguém em lado nenhum quer dar-lhe um. Quando está prestes a desistir, ouve uma voz no meio da multidão a gritar: “Alguém me dá um beijinho?” Será a oportunidade do Piquinhos de fazer um amigo?
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POESIA Paisagens de Inverno I Ó meu coração, torna para trás. Onde vais a correr, desatinado? Meus olhos incendidos que o pecado Queimou! o sol! Volvei, noites de paz. Vergam da neve os olmos dos caminhos. A cinza arrefeceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre transido... Ó meus olhos, cismai como os velhinhos. Extintas primaveras evocai-as: Já vai florir o pomar das maceiras. Hemos de enfeitar os chapéus de maias. Sossegai, esfriai, olhos febris. E hemos de ir cantar nas derradeiras Ladainhas...Doces vozes senis... II Passou o outono já, já torna o frio... Outono de seu riso magoado. llgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando... Onde ides a correr, melancolias? E, refratadas, longamente ondeando, As suas mãos translúcidas e frias...
Camilo Pessanha
Obras publicadas
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Camilo Pessanha Camilo de Almeida Pessanha, nasceu em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e faleceu em Macau, 1 de Março de 1926 foi um poeta português. É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação. Camilo de Almeida Pessanha nasceu como filho ilegítimo de Francisco António de Almeida Pessanha, um estudante de direito de aristocracia, e Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, sua empregada, em 7 de setembro de 1867, às 11.00 horas, na Sé Nova, Coimbra, Portugal. O casal teria mais quatro filhos. Tirou o curso de direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado em Óbidos, em 1894, transferese para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de leccionar por ter sido nomeado, em 1900, conservador do registro predial em Macau e depois juiz de comarca. Entre 1894 e 1915 voltou a Portugal algumas vezes, para tratamento de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando Pessoa que era, como Mário de Sá-Carneiro, apreciador da sua poesia. Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram encontrados. Essas edições foram publicadas em 1945, 1954 e 1969. Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes da língua portuguesa. Camilo Pessanha morreu no dia 1 de Março de 1926 em Macau, devido ao uso excessivo de Ópio. Além das características simbolistas que sua obra assume, já bem conhecidas, Camilo Pessanha antecipa alguns princípios de tendências modernistas. Camilo Pessanha buscou em Charles Baudelaire, proto-simbolista francês, o termo “Clepsidra”, que elegeu como título do seu único livro de poemas, praticando uma poética da sugestão como proposta
Poesia Clepsydra. Lisboa, Lusitânia Ed. Ana de Castro Osório, 1920, 1a edição (Há edição fac-símile publicada pela Ecopy em 2009) Clepsidra. Lisboa, Atica, Ed. João de Castro Osório, 1945, 1956 (reimp.) Clepsidra e Outros Poemas, Ed. João de Castro Osório, Lisboa, Atica 1969 Caderno Poético de Camilo Pessanha, Macau, Edição dos Serviços de Educação e Cultura da Biblioteca Nacional de Macau, 1985. Clepsydra - Poemas de Camilo Pessanha, São Paulo, Editora da UNICAMP, 1992. Ensaios e Traduções Kuok Man Kan To Shu – Leituras Chinesas (livro escolar, em colaboração com José Vicente Jorge). Macau, Editora da Tipografia Mercantil de N. T. Fernandes e Filhos, 1915. Catálogo da Colecção de Arte Chinesa Oferecida ao Museu Nacional. Macau, Imprensa Nacional, 1916 (exemplar, com dedicatória, oferecido a José Vicente Jorge).
por Mallarmé, evitando nomear um objeto direta e imediatamente. Por outro lado, segundo o pesquisador da Universidade do Porto Luís Adriano Carlos , o seu chamado “metaforismo” entraria no mesmo rol estético do imagismo, do inteseccionismo e do surrealismo, buscando as relações analógicas entre significante e significado por intermédio da clivagem dinâmica dos dois planos. Junto de sua fragmentação sintática, que segundo a pesquisadora da Universidade do Minho Maria do Carmo Pinheiro
Mendes substitui um mundo ordenado segundo leis universalmente reconhecidas por um mundo fundado sobre a ambiguidade, a transitoriedade e a fragmentação, podemos encontrar na obra de Camilo Pessanha, de acordo com os dois autores citados, duas características que costumam ser mais relacionadas à poesia moderna que ao Simbolismo mais convencional.
Homenagem aos Aviadores que Completaram o 1o Raid Aéreo Lisboa-Macau. Macau, 1924. Oito Elegias Chinesas. Lisboa, Edições Descobrimento, 1931 (separata). China, Estudos e Traduções, Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1944. Camões nas Paragens Orientais (em colaboração com Wenceslau de Moraes). Porto, Tipografia Mendonça, , 1951., (inclui o ensaio “Macau e a Gruta de Camões”). Testamento de Camilo Pessanha, Lisboa, Bertrand Editora, 1961. Cartas a Alberto Osório de Castro, João Baptista de Castro e Ana de Castro Osório (organização de Maria José Lancastre). Lisboa, Imprensa Nacional, 1984. Contos, Crónicas, Cartas Escolhidas e Textos de Temática Chinesa, Lisboa, Publicações Europa-América, 1988. Camilo Pessanha – Prosador e Tradutor, organização, prefácio e notas de Daniel Pires; IPOR / ICM, 1992
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CINEMA
A obra a negro 2012 fechava (nos EUA) e abria (na Europa) sob o signo de Quentin Tarantino e da sua visão western spaghetti da escravatura, através da vingança de um escravo libertado tornado herói libertador no Sul pré-Guerra Civil americana. Mas Django Libertado tornou-se num para-raios que atraiu a essa visão BD do sul esclavagista uma série fortíssima de comentários críticos (a começar pelos resmungos públicos de Spike Lee), ainda por cima numa temporada de prémios que tinha à cabeça Lincoln, de Spielberg, sobre a passagem da abolição da escravatura. A controvérsia não terá certamente feito mal à exposição; mas, um ano depois, Django Libertado pode finalmente ser visto, com o distanciamento necessário, como o “penetra” indesejado que não tem problemas em apontar para o centro da loja de porcelanas e dizer “olha o elefante!”. Para o bem e para o mal, Django antecipou a presença regular da “condição negra” no cinema americano durante 2013. As ondas de choque de Django podem, por exemplo, repercutir-se no remake do Oldboy de Park Chan-wook por Spike Lee (esta semana nas nossas salas), onde o cineasta entra de rompante pelos territórios de caça de Tarantino (que premiara o original coreano em Cannes), e sem problemas em dar a Samuel L. Jackson um papel comparável de “vilão negro”. Mas é noutros filmes que encontramos a resposta, oficial ou não, ao petardo sanguinolento de Tarantino, e sobretudo em duas obras que parecem partir já à cabeça da temporada de prémios sem as reservas que perseguiram Django. 12 Anos Escravo, de Steve McQueen (nas salas portuguesas em Janeiro), recusa a fantasia de vingança em modo filmede-género para apostar na recriação realista da sobrevivência quotidiana, a partir da memória de Solomon Northup, negro livre que foi capturado e viveu 12 anos como escravo. O filme tem congregado à sua volta a unanimidade crítica que Django não logrou obter. Com o britânico Chiwetel Ejiofor no papel principal e um elenco secundário que inclui Michael Fassbender, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch e Brad Pitt (igualmente produtor), parte favorito ao padrão hollywoodiano de prestígio dos Óscares — em parte por preencher as condições de seriedade que o cinema bastardo do realizador de Pulp Fiction faz questão de subverter, em parte por trazer a caução de um cineasta vindo do mundo das artes “sérias”. Mais importante, pelo enorme sucesso público, é O Mordomo de Lee Daniels. Inspirado na história verídica de um dos mordomos da Casa Branca, tornou-se no “negativo” de As Serviçais, de Tate Taylor, um grande sucesso de 2011 que pegou na história da comunidade negra americana pós-escravatura para mostrar como o estatuto de cidadão de segunda se manteve activo pelo século XX dentro, separado mesmo quando integrado. Onde Taylor falava dessa separação “de fora”, a partir da comunidade branca, e no Sul dos anos 1960, Daniels, cujo Precious já mexia em questões raciais, fala dela “de dentro” e no Norte supostamente mais “esclarecido” ao longo de 50 anos. E um outro filme que chegará também às salas portuguesas em 2014, Fruitvale Station de Ryan Coogler, prolonga a temática para os nossos dias, através da história verídica de um jovem morto a tiro na noite de Ano Novo de 2008 numa estação de comboios suburbana. Todos estes filmes — recebidos com simpatia por uma crítica que não estendeu a mesma cortesia a Tarantino — podem apresentar
uma legitimação para falar da experiência negra pelo simples facto de serem feitos por cineastas afro-americanos. No entanto, outro filme que falou dos problemas das comunidades negras do Sul, feito por um realizador branco, e que também chegou aos Óscares em 2013, Bestas do Sul Selvagem, de Benh Zeitlin, não causou tanto clamor nem mereceu tanto ataque por parte dos defensores da “moral instituída” — sugerindo que o grande pecado de Tarantino foi ter ousado falar de um assunto sério de forma politicamente incorrecta, como se alguns tópicos fossem intocáveis. Tudo isto não acontece em 2013 por acaso. O racismo continua a ser um dos grandes não-ditos da América moderna, numa sociedade cada vez mais multicultural mas onde uma fatia do eleitorado ainda não convive de bom grado com a presença de um negro na Casa Branca. Django Libertado recusou-se a tratar o assunto com pezinhos de lã, e gostese ou não, teve o grande mérito de ter trazido a discussão para primeiro plano. E isso já ninguém lho tira. 1 Django Libertado, de Quentin Tarantino Périplo de vingança, Djangjo Libertado
in público 06/12/2013
mente irrelevante e, em território Tarantino, algo teoricamente alienígena, este seria o “filme de denúncia” dele. (E também é o seu E Tudo o Vento Levou). Tarantino vai dizendo ao longo de Django Libertado: esta é a minha História. No caso dele isso quer dizer “este é o meu Cinema”. Talvez nunca antes a charada, o tom que escolheu desde Cães Danados (1992), mascarasse tanto uma catarse. Vasco Câmara 2 Noutro País, de Hong Sangsoo O cinema do coreano Hong Sang-Soo só muito intermitentemente tem chegado ao contacto com os espectadores portugueses, o que é um motivo para sorver cada filme dele como se não houvesse amanhã. Foi o que fizemos com Noutro País, um pequeno prodígio de graça, inteligência, e repetição: Isabelle Huppert vezes três, em histórias que se desenvolvem em rimas e ecos sobre a mesma situação de base (uma estrangeira transplantada para uma feinha terreola coreana). Facilmente o mais divertido filme deste ano. Luís Miguel Oliveira 3 A Caça, de Thomas Vinterberg Vinterberg despe o latex das patifarias S&M do Dogma 95 e calça luvas. Para assim negociar a invasão da privacidade das suas personagens. Mantendo-se a pulsão autodestrutiva das suas personagens masculinas, trabalha com delicadeza o risco de arrombamento. Para mostrar como na mais civilizada das comunidades pode germinar o medo que dá origem à intolerância e que se estatela no fascismo. V.C. 4 (ex-aequo) Hannah Arendt, de Margarethe von Trotta
vai profanando as imagens que fizeram uma nação, Hollywood, a América. E é assim que vai conquistando, como um usurpador, o seu lugar na versão oficial constituída por um património de filmes quase sempre conservadores, alguns intrinsecamente racistas, sobre um Sul perdedor e nostálgico povoado por southern belles, masters paternalistas, escravos obedientes e leais. (A um dado momento, Tarantino enfrenta mesmo, abraçando a euforia mas logo necessitando de a espantar com a paródia para reduzir o horror, O Nascimento de uma Nação, de Griffith: Ku Klux Klan, cavaleiros épicos desgovernados com o desconforto dos seus capuzes.) Django Libertado foi acusado de ser mais do mesmo (Tarantino) e de não ser suficientemente o mesmo (Tarantino). Problema dos espectadores, que se confortaram com o hype e com a facilidade do jogo de citações, e que assim deixaram escapar a gravidade do filme. Que é um divertimento, um gesto de guerrilha. Mas que é sobretudo um diálogo contraditório, fascinado e indignado com a História. Qual é o cineasta indie ou não indie que faz hoje isso? Se o género “filme de denúncia” não fosse, quase sempre, estetica-
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Foi um dos mais surpreendentes êxitos de bilheteira recentes entre nós — inteiramente merecido para um filme que, por trás da “factura clássica”, tem a inteligência de não separar Hannah, a pessoa, de Arendt, a pensadora, de explicar como ideia e vida não são separáveis. Margarethe von Trotta filma-a de corpo inteiro, como uma mulher do seu tempo, Barbara Sukowa dá-lhe corpo de modo imperial. Jorge Mourinha A Rapariga de Parte Nenhuma, de JeanClaude Brisseau O fantástico como questão de artesanato e arcaísmo, a poesia do efeito especial sem “efeito especial”: Cocteau é uma sombra sobre A Rapariga de Parte Nenhuma, mas não é a única num filme construído em diálogo com as “coisas secretas” do cinema e da cinefilia. E da vida: feito em casa (a do próprio Brisseau), praticamente só com dois actores, é uma obra de uma extraordinária melancolia, reflexão sobre a velhice e o fim do caminho temperada pelas mais belas e poderosas “imagens da morte” vistas em muito tempo. L.M.O. 6 (ex-aequo) O Desconhecido do Lago, de Alain Guiraudie Guiraudie cria um território especular onde se reflecte o mundo, hoje, o pós-sida, todos nós e o nosso desejo. Como sempre, e isso mantém-se no caminho deste cineasta, um espaço físico contém uma vastidão metafísi-
ca. A memória que este filme deixa é a de um silêncio e de uma quietude vertiginosos. V.C. Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami Abbas Kiarostami, cada vez mais globetrotter, visita o Japão, pondo em cena a relação entre um velho e uma jovem rapariga “de parte nenhuma”. Depois, como nos seus melhores filmes iranianos, o realizador desenvolve o filme numa mistura de linearidade e brusquidão, angústia e gravidade interrompidas por momentos de um humor indefinível, e uma mise en scène (Kiarostami tem o segredo do plano longo, mas também o do campo/contracampo) que revela menos do que o que oculta. L.M.O. Lore, de Cate Shortland Conto de fadas distorcido, inversão de Alice no País das Maravilhas transposta para a Floresta Negra de uma Alemanha em guerra: Lore é uma leitura propositadamente ambígua, desafiadora, sensível, da entrada na idade adulta de uma adolescente que começa a compreender o mundo em que cresceu e o mundo em que vive. J.M. 9 (ex-aequo) Barbara, de Christian Petzold O alemão Christian Petzold entra de pleno direito no panteão dos grandes cineastas com um filme descarnado, seco, mas com uma emoção constante e profunda, sobre uma mulher (espantosa Nina Hoss) que se pergunta se a liberdade é só uma questão de fronteiras físicas. Os grandes filmes, às vezes, não precisam de mais do que uma actriz, uma câmara e uma pequena cidade. J.M. O Mentor, de Paul Thomas Anderson Opaco, cerebral, opulento, o aguardado regresso do autor de Magnólia é uma meditação sobre o outro lado do sonho americano, sobre o contraste irresolúvel entre a comunidade e o individualismo. Ou o choque entre a Nova Hollywood dos anos 1970, existencial e inquieta, e o melodrama clássico do fim do sistema de estúdios dos anos 1950. Deixou muito boa gente à toa, mas vai continuar a ressoar por muito tempo. J.M. Reality, de Matteo Garrone Reality não é nem um filme sobre o Big Brother, já que fica à sua porta, não entrando, nem sobre a televisão. Mantém-se sempre do lado de quem vê: alguém que se deixa encerrar na fantasia que quer como molde do mundo. É uma figuração recente daquele tumulto masculino, simultaneamente frágil e feroz, da velha “comédia à italiana” dos anos 50 e 60 que tinha no centro alguém com uma candura capaz de delinquências várias, e sempre imprevisível. V.C. A Vida de Adèle, de Abdellatif Kechiche O que aqui está, a intimidade, o sexo, as lágrimas e os outros fluidos, mete o espectador numa bolha de assombro, de medo. Como uma lupa sobre um “género”, o filme de iniciação tal como cultivado pela cinematografia francesa (Pialat, Doillon, Téchiné, Eustache...), este pode bem ser um daqueles filmes de uma primeira vez. V.C.
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MÚSICA
FLASHBACK: a reter de 2013 Pop 1. Gisela João – Gisela João
Uma pérola como estreia: foi assim que saudámos, em Julho, o primeiro disco a solo de Gisela João. E o tempo veio apenas confirmar a saudação. Num ano em que a produção fadista andou acima da média e em que as celebrações das carreiras de Carlos do Carmo e Camané marcaram uma honrosa transição de gerações, com o crescente reconhecimento dos novos a não obscurecer a aura dos valores antigos, não deixa de ser significativo que possa ser disco do ano o primeiro trabalho individual de uma jovem cantora de Barcelos que encara o fado como coisa do destino, do qual não pode nem quer fugir, e que tem como “estrela-guia” Camané, que por sua vez teve, e tem ainda, como referência musical Carlos do Carmo. Nuno Pacheco
2. Savages – Silence Yourself
Primeiro chegou o álbum. Depois um concerto fulgurante no Primavera Sound do Porto e as Savages tornaram-se caso sério em Portugal, com a carismática vocalista Jehnny Beth a liderar. Não têm nenhuma revolução sónica para propor — a sua vitalidade não está contida nas referências, a maior parte delas oriundas do pós-punk, mas sim na possibilidade de as superarem através de uma performance de som e palavras frontais, directas e físicas. Vítor Belanciano
3. Forest Swords – Engravings
O inglês Matthew Barnes já tinha credenciais de arquitecto especialista em edifícios com alicerces dub onde viviam mil outras músicas, mas no seu primeiro longa duração deixa claro o lugar único que ocupa na música actual. Guitarras aos círculos, linhas de baixo repetitivas, retalhos cirúrgicos de vozes sem proveniência definida e ecos do hip-hop e do R&B juntam-se na visão de Barnes, trabalhada durante três anos. Um espanto, do primeiro ao último segundo. Pedro Rios
4. Filho da Mãe – Cabeça
O segundo disco de Rui Carvalho, o guitarrista que conhecemos como Filho da Mãe, tem cordas dedilhadas com dedos agéis mas de solidez granítica. Com uma guitarra clássica e os loops que a multiplicam, oferece-nos uma expressividade dramática tremendamente inspirada. Num disco em que a limpidez foi posta de parte em favor da força de interpretação, todas as coordenadas indicam o mesmo ponto. Rui Carvalho, Filho da Mãe. A Cabeça é a dele. Em boa hora decidiu mostrar-nos a corrente que dela brota. Mário Lopes
5. Unknown Mortal Orchestra – II
incrivelmente inspirada, em matéria de ficção. M.L.
9. Kanye West – Yeezus
No mercado para as grandes massas onde ele se insere não existe ninguém neste momento que seja capaz de movimentos tão audaciosos. Kanye West gosta do gesto largo e este ano lançou mais um magnífico álbum, feito de música descarnada, de contornos obsessivos, assente em pulsões electrónicas e ímpetos vocais viscerais. Uma amálgama sonora onde são perceptíveis traços de electro, hip-hop, house, rock, R&B, dancehall ou dubstep, mas onde a intensidade emocional de cada uma das faixas faz esquecer paralelos com referências do passado ou do presente. V.B.
10. Julia Holter – Loud City Song
A ideia de que a pop no feminino pode ser tão esparsa quanto sedutora não ficou presa na esquina dobrada pela 4AD dos anos 80 para os 90. É por essas ruas que Julia Holter anda em Loud City Song, a escapar-se de perseguições de paparazzi, a evitar o choque frontal com o livro de estilo de Björk, a pender para um ambientalismo que não soa a encenação vomitada da tentativa de fazer poesia com os sintetizadores. Composto a partir da sua obsessão por Gigi, musical realizado por Vincent Minelli em 1958. G.F.
Jazz 1. Tim Berne’s Snakeoil - Shadow Man
Quando editou, no ano passado, o homónimo álbum de estreia de Snakeoil, Tim Berne ensaiava uma colaboração pouco usual entre a editora germânica ECM, uma das maiores editoras multinacionais na área do jazz, se não a maior, e um músico associado às margens mais criativas do género, alguém frequentemente tido como indomável. E se esta colaboração tinha tudo para dar errado, é agora também claro que tinha tudo para dar certo. E deu. Rodrigo Amado
2 - Fire! Orchestra - Exit!
O saxofonista Mats Gustaffson tem granjeado fama de provocador na cena jazz internacional, com o seu saxofone incendiário. Foi Gustaffson quem idealizou o projecto Fire!, que arrancou como trio, mas avançou agora para uma grandiosa ampliação. Em formato orquestral, reunindo 28 (!) colaboradores, esta música assenta nas características do trio original: improvisação e uma energia intensa. Nuno Catarino
3. Charles Lloyd & Jason Moran - Hagar’s Song
Tivesse a ciência avançado a tempo de impedir John Lennon, Marc Bolan, Sly Stone, Jimi Hendrix, Al Green e Syd Barrett de caírem na vil armadilha da mortalidade, e Ruban Nielson de pouco nos serviria. Mas na impossibilidade de despertar esses gloriosos mortos com recurso a alguma injecção que furasse os planos de qualquer deus, Nielson e a sua UMO são uma das mais espantosas invenções da música pop contemporânea. Gonçalo Frota
No ano em que completa 75 anos, Charles Lloyd edita, em duo com Jason Moran, o álbum mais autobiográfico da sua carreira. Num registo onde podemos encontrar os vários traços, musicais e afectivos, que desenharam a sua vida, destaca-se o som inconfundível, multidimensional, que tem vindo a metamorfosear-se lentamente desde o início dos anos 90. R.A.
6. Thee Oh Sees – Floating Coffin
4. Wadada Leo Smith & TUMO - Occupy the World
Floating Coffin é um álbum maior de uma banda incapaz de dar um passo em falso. O segredo da banda de John Dwyer, erguido por Ty Segall a “Mayor de São Francisco”? As guitarras que nos atacam em volume altíssimo, a secção rítmica que acelera como se o tempo fosse sempre lento demais e as vozes que se escondem entre mil filtros e ecos. M.L.
7. Phosphorescent – Muchacho
À falta de melhor termo chamemos country espacial ao território que Muchacho cria. A slide-guitar é a rainha num álbum em que melancolia não equivale a depressão e que arranca um trio de canções perfeitas consecutivas: Ride on right on, quase funky, Terror in the canyons e A charm/a blade, cujos metais apontam para o México. João Bonifácio
8. Laura Marling – Once I Was an Eagle
Laura Marling, inglesa de 24 anos, canta como Muhammad Ali percorria o ringue: float like a butterfly, sting like a bee. A guitarra ora mergulha nas raízes anglo-saxónicas da folk, ora aproveita a percussão e o violoncelo para vestir túnica de raga. Depois chegam as palavras e ouvimos Marling canalizar as emoções que lhe brotam do peito e transformá-las,
Em Occupy The World, podemos encontrar o trompetista norte-americano no contexto de uma grande formação orquestral, conseguindo captar, de forma notável, o ar dos tempos. É impressionante como, neste encontro com a orquestra finlandesa TUMO, Leo Smith consegue erguer um retrato impressionista da inquietação social que invadiu as ruas de todo o mundo, destilando uma música densa, plena de tensão, drama e humanidade, libertária e totalmente orgânica. R.A.
5. RED Trio - Rebento
Após duas bem sucedidas parcerias com músicos de renome mundial — o saxofonista inglês John Butcher e o trompetista americano Nate Wooley — o trio português regressa às origens naquele que é já o seu quarto disco. De volta ao formato simples do trio, o grupo de Gabriel Ferrandini (bateria), Hernâni Faustino (contrabaixo) e Rodrigo Pinheiro (piano) retoma as premissas que têm marcado a sua música desde o início: liberdade, equilíbrio, energia e criatividade. N.C.
6. Peter Evans - Zebulon
in Público 05/12/2013
Peter Evans é já unanimemente considerado um dos mais importantes e visionários músicos da actualidade, celebrado por uma profunda originalidade e surpreendentes capacidades técnicas. Neste registo, gravado ao vivo em trio com John Hébert (contrabaixo) e Kassa Overall (bateria), a música surge particularmente visceral e orgânica, intensa e obsessiva, contrariando o rótulo de cerebral que muitas vezes surge associado à sua música. Um clássico, ultra-moderno. R.A.
7. Kris Davis - Capricorn Climber
Reunindo uma formação de grandes improvisadores, com Mat Maneri (viola), Ingrid Laubrock (saxofone), Trevor Dunn (contrabaixo) e Tom Rainey (bateria), Kris Davis cumpre tudo aquilo que faz dela uma das fortes promessas do jazz actual. Uma obra simultaneamente exigente e acessível, livre de clichés, capaz de mergulhar nos labirintos mais escuros da improvisação livre ao mesmo tempo que explora composições complexas de extremo rigor formal. R.A.
8. Atomic - There’s a Hole in the Mountain
A música dos nórdicos Atomic já não surpreenderá ninguém. O som do grupo é frequentemente rotulado de free-bop, por combinar a rigidez de estruturas hardbopcom a fogosidade do free. Magnus Broo (trompete), Fredrik Ljungkvist (saxofones), Håvard Wiik (piano), Ingebrigt Håker-Flaten (contrabaixo) e Paal Nilssen-Love (bateria) conseguiram definir o seu próprio universo musical e agora regressam em excelente forma. N.C.
9. Barry Altschul - The 3dom Factor
Neste novo clássico para a formação de saxofone (Jon Irabagon), contrabaixo (Joe Fonda) e bateria (Barry Altschul), o lendário baterista regressa com uma energia e exuberância rítmica que supera todas as expectativas. Um registo que vive essencialmente do diálogo vibrante entre bateria e saxofone, numa torrente de ideias tocadas com garra, elegância e rigor, em variações estilísticas que vão do bop ao free, passando pelo funk ou o dixieland. R.A.
10. Orquestra Jazz de Matosinhos & João Paulo - Bela Senão Sem
A Orquestra Jazz de Matosinhos reinventa as composições do pianista João Paulo Esteves da Silva, numa parceria que funciona simultaneamente como homenagem. Ficam todos a ganhar: os temas de João Paulo ganham uma nova dimensão enérgica, swingante; a essência das composições, aquele melodismo intrínseco, mantém-se sempre à tona. Trabalhada com a excelência a que a orquestra já nos habituou, esta colaboração resultou num monumento para o jazz nacional. N.C.
Clássica 1. Wagner - Árias de Wagner
Jonas Kaufmann, tenor Donald Runnicles, direcção Orchester der Deutschen Oper Berlin Decca A voz perfeita ao serviço de Wagner num recital cuidadosamente escolhido para resultar numa dramaturgia empolgante. Em ano de celebração do bicentenário do nascimento de Wagner, muitas editoras dedicaram registos ao compositor. O tenor Jonas Kaufmann, um nome já referencial na discografia operática, escolheu árias das óperas A Valquíria, Siegfried, Rienzi, Tannhauser, Os Mestres Cantores e Lohengrin, alcançando um polimento vocal extraordinário. Rui Pereira
2. Bartók, Eotvos e Ligeti - Concertos para violino Patricia Kopatchinskaja, violino; Peter Eotvos, direcção. O programa deste CD absolutamente triunfante é composto por música húngara. Os acompanhamentos da Orquestra Sinfónica da Rádio de Frankfurt e do Ensemble Modern raiam a perfeição. A grande revelação é a violinista Patricia Kopatchinskaja, com interpretações de técnica superlativa, plenas de sensualidade e súplica, muitas vezes com um virtuosismo exacerbado que associamos à música cigana. A capacidade para comunicar a expressividade da música contemporânea não está ao alcance de qualquer músico. R.P.
3. Hanns Eisler: Ernste Gesänge und Lieder mit Klavier. Matthias Goerne Ensemble Resonanz
Thomas Larcher, piano Harmonia Mundi Matthias Goerne fez um desvio na sua série de gravações de Schubert para nos oferecer um disco fascinante dedicado a Hans Eisler. Percorrido por uma expressividade inquietante, o programa retoma alguns dos trechos do Hollywood Songbook gravados pelo cantor alemão em 1998, em conjunto com uma obra notável escrita pouco tempo antes da morte do compositor: os Ernste Gesänge para barítono e conjunto de cordas. Cristina Fernandes
4.Volodos plays Mompou
Música para piano de Mompou, Arcadi Volodos, piano Poucos intérpretes poderiam dedicar um disco inteiro a um compositor pouco conhecido, como o catalão Federico Mompou, e transformá-lo num sucesso estrondoso. O virtuoso russo Arcadi Volodos tem utilizado peças de Mompou para os seus recitais, nomeadamente para as sessões de encores onde faz as suas próprias transcrições de canções do compositor. R.P.
5. The Phoenix Rising - Stile Antico
Obras de Byrd, Tallis, Morley, Taverner e outros O último CD do ensemble vocal britânico Stile Antico celebra a edição da monumental antologia Tudor Church Music, publicada entre 1920 e 1929 pela Carnegie UK Society. Esta colectânea teve um impacto enorme na disseminação deste repertório junto de coros profissionais e amadores. C.F.
6. Francis Poulenc - Stabat Mater, Gloria, Litanies à la Vierge noire Patricia Petibon, soprano; Paavo Järvi, direcção; Coro da Orquestra de Paris; Orquestra de Paris - Deustche Grammophon A soprano Patricia Petibon apresenta obras sacras de Poulenc que urgem figurar na discografia dos melómanos. Intensa expressividade com a subtil ironia ou humor que caracterizam muitas das peças do compositor francês num registo que coloca estas obras, Stabat Mater, Gloria e Litanies à la Vierge noire, no mais alto patamar da música sacra. R.P.
7. Lieux Retrouvés - Adès, Liszt, Janácek, Fauré e Kurtág
Steven Isserlis, violoncelo; Thomas Adès, piano Bastava apenas escutar as peças de Liszt para percebermos que estamos perante um grande disco. O intenso lirismo de Liszt, nome maioritariamente associado à música para piano, ganha outra dimensão quando tocado por um violoncelista como Steven Isserlis. R.P.
8. English Royal Funeral Music - Purcell, Morley, Tomkins
Vox Luminis; Lionel Meunier, direcção; Ricercar/ Outhere Apoiado em pesquisas históricas recentes, English Royal Funeral Music é uma recriação da componente musical do funeral da Rainha Mary de Inglaterra em 1695, incluindo também trechos interpretados por ocasião da morte de Elisabeth I (1603). Compositores como Thomas Morley, Tomkins e Purcell escreveram música refinada, evocadora do lamento e do luto, mas também do imponente aparato sonoro das cerimónias reais. C.F.
9. Vivaldi - Concertos para violino V
Il Pomo d’Oro; Dmitry Sinkovsky, violino e direcção Naïve O violinista Dmitry Sinkovsky é a estrela de um registo que excede todos os parâmetros de virtuosismo e sintonia entre solista e agrupamento instrumental a que estamos habituados. Uma junção perfeita num repertório entusiasmante. R.P.
10. Ludwig van Beethoven - Missa Solemnis
Marlis Petersen, Gerhild Romberger, Benjamin Hulett, David Wilson-Johnson; Collegium Vocale Gent Orchestre des Champs-Elysées; Philippe Herreweghe A direcção sóbria de Herreweghe poderá não agradar aos que preferem leituras mais viscerais e dramáticas, mas realça a dimensão mais espiritual da obra e algumas das suas belezas escondidas através de um trabalho meticuloso sobre a partitura. C.F.
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Cornucópia responde à crise com “Ilusão”
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TEATRO Expresso 10/12/2013
Aos 40 anos, a companhia de teatro de Luis Miguel Cintra vai mudar. Em 2014, a crise obriga a companhia a trabalhar com atores não profissionais O Teatro da Cornucópia vai seleccionar atores amadores e alunos de teatro para o espetáculo “Ilusão”, com textos de Federico Garcia Lorca. Esta é a forma encontrada pela companhia fundada por Luis Miguel Cintra para enfrentar os cortes de financiamento e continuar a criar novos espetáculos.
A atravessar uma fase complicada, a Cornucópia pretende encontrar formas novas de viabilizar a criação de espetáculos, potenciando as suas instalações e o seu capital humano. Em comunicado à imprensa, Luis Miguel Cintra explica que esta iniciativa funciona como uma troca de serviços. A Cornucópia dá a atores amadores a experiência de um estágio na companhia, trabalhando em moldes profissionais. Em troca, os seleccionados oferecem o seu trabalho, sem qualquer remuneração.
Para a produção de “Ilusão”, serão necessárias cerca de 30 personagens. A seleção dos candidatos será feita entre 17 e 21 de dezembro e não tem qualquer pré-requisito. Os interessados podem ter qualquer idade ou formação. Os estudantes de teatro também se podem candidatar. “Ilusão” será dirigido por Luís Miguel Cintra e construído a partir de diversas peças e esboços de Federico Garcia Lorca: “Ilusión” (1921-22), “Comedia de la carbonerita” (1921), “Sombras” (1920) e “Del Amor” (1919). Dos sonhos e visões de duas irmãs da burguesia, patentes em “Ilusión”, às conversas de animais sobre o amor, presentes em “Del Amor”, “Ilusão” será uma das apostas da Cornucópia para 2014.
DANÇA
O novo Paulo Ribeiro, homem que dança para os outros in Público 23/11/2013
É o regresso aos solos de um coreógrafo que nunca pensou no colectivo senão como um encontro de indivíduos. Sem um tu não pode haver um eu estreia-se no mês passado, em Viseu. Enquanto se observa no vídeo que passa na parede em frente, os ombros do coreógrafo e bailarino Paulo Ribeiro avançam sobre o linóleo do estúdio no último andar do Teatro Viriato, em Viseu. Depois a cabeça reage, a seguir as pernas rompem o imobilismo e, por fim, é a sua voz, grave, que quer participar num movimento que ainda só se anuncia. Sem um tu não pode haver um eu é um regresso aos solos de um homem que procurou sempre, no interior das suas coreografias, perceber como podiam os indivíduos construir uma relação de intensa proximidade com o outro. O outro aqui era, pela lógica, o bailarino ao seu lado. Mas, ao olharmos para os seus trabalhos, percebemos que os corpos que Paulo Ribeiro convocou sempre para palco eram corpos desejantes. Como acontece, por exemplo, praticamente nos extremos da sua criação: Jim (2012), a obra mais recente, abria com um solo do próprio coreógrafo, propondo uma revolução dançada ao jeito de cada um que, ao ser interpretada por vários bailarinos ao mesmo tempo, dava a sensação de ser a mesma a revolução que todos partilhavam; Sábado 2 (1995) propunha uma fusão dos corpos que parecia acreditar na possibilidade utópica da comunhão. Corpos que viviam e admitiam morrer (assim era, por exemplo, em Tristes Europeus – Jouissez sans Entraves, 2001, momento elegíaco de um colectivo social por vir) porque, tal como reafirma o título desta nova peça, roubando uma frase ao realizador e encenador sueco Ingmar Bergman sobre a relação entre o artista e o público, “sem um tu não pode haver um eu”. É preciso recuar até 1991, ano de todos os começos, para encontrar o que ficou do outro lado espelho. Modo de Utilização, primeiro solo de Paulo Ribeiro, experimenta-
va já a evocação de uma presença que queria sair do palco, que queria estender esse palco até à expectativa criada por quem o via. Um solo era, afinal, uma dança a dois – tal como uma dança a dois pode ser a mais solitária das danças (Malgré Nous, Nous Étions Là, com Leonor Keil, 2007). Mas esse Modo de Utilização, uma espécie de ars poetica dançada, era peça de juventude, iniciática e, por isso mesmo, como escrevia André Lepecki na altura, no jornal Blitz, “às vezes tudo faz sentido, outras vezes há uma indefinição na personagem que nos é apresentada”. Passados 22 anos a indefinição é de outra ordem. Da ordem do sensível, do poético, já não tão especulativa, mas, ainda assim, livre, muito livre. Tão livre que podemos encontrar a mesma frase coreográfica interpretada, ao mesmo tempo, de modos diferentes, por um gesto nascido no pé e terminado na mão. É desta amplitude, desta espécie de tudo querer abraçar, que parte um solo que nos devolve um Paulo Ribeiro em forma, capaz de ocupar um espaço sem pedir meças a elementos acessórios. E, por isso mesmo, o ponto de partida que foi a biografia de Bergman, Lanterna Mágica, é aqui mitigado, transformando-se numa sombra difusa, na memória auxilar de um movimento que se reinventa a cada suspensão e que insiste numa composição resiliente, crente na superação do gesto através do desejo pelo outro. “Ou morro, ou ela vai ser um estímulo dos diabos”, disse Bergman a uma das suas mulheres, no início de mais um casamento. “Um estímulo dos diabos” também esta coreografia, “criação em tempos difíceis”, para recuperar o título original, que hoje se estreia em Viseu e em 2014 será apresentada nos teatros co-produtores: Centro Cultural de Belém (Lisboa), Teatro Nacional S. João (Por-
to) e Centro Cultural Vila Flor (Guimarães). Tempos difíceis porque colocam a pergunta: “Como se pode regressar ao solo quando se construiu, em colectivo, um discurso sobre a relação de dependência que sustenta a vida em comum?” Para o coreógrafo trata-se não exactamente de um regresso às origens, mas de um recomeço, apenas possível porque se imagina como derradeiro. “É com estas palavras e as suas músicas que eu gostaria de voltar a dançar e talvez, desta vez sim, dançar pela última vez”, diz. Não se acredita que assim seja. Não é possível admitir que reclame para si esta presença e não deseje depois prolongá-la. A chave está nas passagens da biografia de Bergman que Paulo Ribeiro sublinhou, pequenas marcas, pistas para uma coreografia em que, ao contrário do que acontecia nos solos das peças de grupo Masculine (2007) e Feminine (2008), que existiam na ambição de desaparecerem no interior de um gesto colectivo, o coreógrafo olha para si mesmo, para
o que ainda é capaz de fazer e o surpreende, respondendo ao desafio do realizador sueco sem demoras: “Toma cuidado grandessíssimo malandro! Na minha próxima peça vou ajustar contas contigo.” O ajuste de contas é agora. E, assim, enquanto vai tirando o tapete a si mesmo, enquanto nos vai envolvendo com e num movimento que, mais do que se metamorfosear se alarga, conspira contra si mesmo e abandona todo o formalismo e toda a consciência da dor, é mais do outro que de si que fala. É mais o outro que dança. “Dispus-me, portanto, a atacar os demónios que me torturavam”, diz Bergman. E então, percebemos: dança do exorcismo, coreografia da expiação, movimentos de abandono sim, mas não de retirada. Construção poética para um homem que nunca quis estar sozinho. Eis Paulo Ribeiro, com o mesmo movimento pequeno, nervoso, feito de choques e de confrontos, agora exposto em toda a sua vontade de deixar de olhar para os outros e começar a falar de si.
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PINTURA
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PAULA REGO
QUICK FACTS Nome:
Maria Paula Figueiroa Rego
Ocupação:
Pintor, arquitecto e pensador
Data de nascimento: JANEIRO 26, 1935
Educação:
Slade School of Fine Art
Local de Nascimento: Lisboa
Assinatura:
Maria Paula Figueiroa Rego nasceu em Lisboa, a 26 de Janeiro de 1935. Oriunda de uma família republicana e liberal, com ligações às culturas inglesa e francesa Paula Rego iniciou seus estudos no Colégio Integrado Monte Maior, seguindo para a St. Juliard’s School em Carcavelos onde os professores cedo lhe reconheceram o talento para a pintura. Incentivada pelo pai a prosseguir o seu desenvolvimento artístico fora do Portugal Salazarista dos anos 50 partiu para Londres, onde estudou na Slade School of Fine Art, até 1956. Conheceu o pintor Victor Willing (1950-1999), com quem se casou em 1959. Entre 1959 e 1962 viveu na Ericeira. Numa ida a Londres, conheceu o pintor Jean Dubuffet, referência determinante na sua criação artística, usualmente definida como Arte bruta. Ao longo da década de 1960 assina exposições colectivas em Inglaterra e, em 1966, entusiasma a crítica ao expôr individualmente, na Galeria de Arte Moderna da então Escola de BelasArtes de Lisboa. Na década de 1970, com a falência da empresa familiar, vende a quinta da Ericeira e radica-se em Londres. Torna-se bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e figura com onze obras na exposição Arte Portuguesa desde 1910 (1978), dominado pelas colagens. Volta à pintura, mais livre e mais directa, retratando o mundo intimista e infantil, inspirado em dados reais ou imaginários, com figuras de um teatro de crianças de Victor Willing (o macaco, o leão e o urso), interpretando as histórias que Paula inventa. A obra literária de George Orwell inspira-a no painel Muro dos Proles (1984), com mais de seis metros de comprimento, onde estabelece um paralelismo com as figuras de Hi-
eronymus Bosch. Dá uma viragem radical na sua obra com a série da menina e do cão. A figura feminina assume claramente a liderança na acção, enquanto o cão é subjugado e acarinhado. A menina faz de mãe, de amiga, de enfermeira e de amante, num jogo de sedução e de dominação que continua em obras posteriores. Tecnicamente as figuras ganham volume, o espaço ganha solidez e autonomia, a perspectiva cenográfica está montada. Em
1987, Paula Rego assina com a galeria Marlborough Fine Art, o passo que faltava para a divulgação internacional. A morte do seu marido, também nesse ano, é assinalada em obras como O Cadete e a Irmã, A Partida, A Família ou A Dança, de 1988. A convite da National Gallery, em 1990, vai ocupar um ateliê no museu e pintar várias obras inspiradas na colecção. Desse
período destaca-se Tempo – Passado e Presente (1990-1991). Em 1994, realiza a série de pinturas a pastel intitulada Mulher Cão, que marca o início de um novo ciclo de mulheres simbólicas. A 9 de Junho de 1995 foi feita Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Impõe a sua consciência cívica em Aborto (1997-1999), numa crítica ao resultado do primeiro referendo a essa matéria, realizado em Portugal em 1997. A 13 de Outubro de 2004 foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de SantíIago da Espada. Inaugura, a 18 de Setembro de 2009, a sua Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, que nasce com o intuito de acolher e promover a divulgação e estudo da sua obra, e cuja entidade responsável é a Fundação Paula Rego. Das distinções que recebeu, salienta o Prémio Celpa/Vieira da Silva de Consagração e o Grande Prémio Soquil. Em Junho de 2010 recebeu da Rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as artes.4 A par de Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego é a pintora portuguesa mais aclamada a nível internacional, estando colocada entre os quatro maiores pintores vivos em Inglaterra. Em 2011 recebe o Doutoramento Honoris Causa da Universidade de Lisboa. Em Julho de 2012, apresenta uma série de pinturas novas, numa exposição em parceria com a artista Adriana Molder, inspirada na narrativa histórica de Alexandre Herculano e intitulada “A Dama Pé-de-Cabra”, com inauguração a 7 de Julho na Casa das Histórias em Cascais. Em Agosto de 2012 foi anunciada a vontade do Governo em encerrar a Fundação com o seu nome, com a oposição, entre outros, da Câmara Municipal de Cascais.
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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES
PHALO NATURALMENTE, EM LIBERDADE
Sérgio Amaral
Exposição Instalação de Cerâmica Organização: Gabinete de Gestão e Programação do Património e Cultura. A Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves acolhe de 2 de dezembro a 31 de janeiro a exposição/instalação de cerâmica “Phalo naturalmente, em liberdade”. De autoria de Sérgio Amaral, esta mostra de cerâmica é um misto do seu imaginário com as vivências próprias do artista. Sérgio Amaral Nasceu em Santa Luzia, Mangualde, em 1959. De 1978 a 1982, dedicou-se à pintura, tendo realizado algumas exposições. Em 1982, sente a necessidade de experimentar novos materiais, como o ferro e o barro e inicia assim o seu percurso na cerâmica, com especial interesse pelo barro negro.
Explora desde então, todas as possibilidades que esta técnica permite: o Rakú, o Negro Primitivo, as Reduções etc. No ano de 1988, frequenta uma oficina de gravura na Fundação Kalouste Gulbenkian, orientada por Rui Marçal. Na década de 90, desloca-se à Áustria a convite do ICEP.É monitor da Deficoop (89/90). Participa com Manuel Keller Soria no curso de reflexos cerâmicos (92). Em vinte anos de actividade de artesão e artista conta com inúmeras exposições, individuais e colectivas de cerâmica e olaria tanto em Portugal como no estrangeiro. Cooperativa Árvore, Porto e Salon International des Santonniers, em Arles são dois bons exemplos. Em 2002 começa a dar a conhecer com mais insistência os seus matarrachos em várias mostras de artesanato.Premiado em várias mostras de artesanato destaca-se o prémio de Artesanato Moderno do IEFP.A exposição, de entrada livre, pode ser visitada no horário de funcionamento da
Biblioteca Municipal (segunda-feira das 14h00 às 18h30, terça-feira a sexta-feira
das 09h00 às 18h30 e aos sábados das 10h00 às 18h00).
NOBEL DA PAZ
Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves
“Prémios Nobel da Paz, 20 anos em retrospectiva” Organização: Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves
Durante o mês de janeiro estará patente na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves uma exposição intitulada “Prémios Nobel da Paz, 20 anos em retrospectiva”. Esta iniciativa decorre da pesquisa, concepção e montagem da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves e tem como objectivo dar a conhecer algumas das personagens que mais se destacaram, com a sua determinação e empenho para que o nosso mundo se torne um mundo melhor e em Paz.
O Nobel da Paz é um dos cinco Prémios Nobel, legado pelo inventor da dinamite, o sueco Alfred Nobel. Os prémios de Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura são entregues anualmente em Estocolmo, sendo o Nobel da Paz atribuído em Oslo. O Comité Nobel norueguês, cujos membros são nomeados pelo Parlamento norueguês, tem a função de escolher o laureado pelo prémio, que é entregue pelo seu presidente acualmente o ex-primeiro-ministro, ex-ministro dos negócios estrangeiros, ex-presidente do Stortinget (parlamento) e atual Secretário-Geral do Conselho da Europa Sr. Thorbjørn Jagland. A sua primeira entrega foi em 1901.
Prémio Nobel da Paz 20 anos em retrospetiva
Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves 2003 ®
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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES CICLO DE CINEMA CNE NA BIBLIOTECA
AGENDA Hora do conto
02 de janeiro | 10:30 Dá-me um abraço John A. Rowe
9 de janeiro | 10:30 Dá-me um abraço John A. Rowe
16 de janeiro | 10:30 Dá-me um abraço John A. Rowe
23 de janeiro | 10:30 Dá-me um abraço John A. Rowe
30 de janeiro | 10:30 Dá-me um abraço John A. Rowe
Ateliers de ilustração e expressão escrita Cinema, musica internet Horário da Biblioteca
Clube de leitura 21 de janeiro | 21:15 Um homem de partes de David Lodge
Biblioteca para avós 1 visita por mês | Locais
O ciclo de Secções “50º Aniversário do Agrupamento 299 Mangualde - Sessões de Cinema” assinala os 50 anos do Agrupamento 299 de Mangualde do Corpo Nacional de Escutas. O preço dos bilhetes é de 2,00 € e estarão á venda no Posto de Turismo da Câmara Municipal de Mangualde e junto dos Escuteiros de Mangualde. Os fundos são destinados a uma viagem dos jovens do agrupamento ao país onde o escutismo nasceu, Inglaterra.
“Os Croods” 25 de janeiro “Hotel Transylvania” 21 de fevereiro “Epic” 29 de março No Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves, pelas 21h00.
• Centro Social Paroquial de Abrunhosa-aVelha • Centro Social de Fornos de Maceira Dão • Centro Paroquial da Cunha Baixa • Lar de Nossa Sr.ª do Amparo • Lar Morgado Cruzeiro • Centro Social Cultural da Paróquia de Mangualde • Centro Paroquial de Santiago de Cassurrães • Centro Social Paroquial de Chãs de Tavares • Associação de Solidariedade Social de Contenças de Baixo
Livros sobre rodas 1 visita por mês | Locais
EB1 de Abrunhosa do Mato; EB1 de Abrunhosa-a-Velha; EB1 de Cubos; EB1 de Cunha Baixa; EB1 de Moimenta do Dão; EB1 de Tibaldinho; EB1 Mangualde n.º 1; EB1 Santa Luzia; JI de Abrunhosa do Mato; JI de Casal Mendo; JI de Cubos; JI de Cunha Baixa; JI de Moimenta do Dão; JI de Tibaldinho; JI Mangualde n.º 1
Doces Leituras 01 de janeiro » 31 janeiro Pastelaria do Princesa do Castelo Maria Velho da Costa
Auditório 24 de janeiro - Ciclo de cinema CNE 25 de janeiro - Ciclo de cinema CNE
Exposições “Phalo naturalmente, em liberdade” Sérgio Amaral 02 de dezembro » 31 janeiro Horário da Biblioteca No próximo dia 8 de Fevereiro a Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves acolherá a comemoração do 1º Aniversário da Associação Amarte. A Associação constituída há um ano atrás está sediada da Biblioteca Municipal. Os seus objectivos são os da promoção, crescimento e desenvolvimento da pessoa, da arte e da cultura através da formação, da organização de eventos artísticos e culturais. A Amarte tem oferta formativa nas áreas do Teatro, Dança e Yoga a decorrer no espaço da Biblioteca Municipal. No dia 8 de Fevereiro apresentará mais uma iniciativa na sua área de actuação.
“Prémio Nobel da Paz” 02 de janeiro » 31 janeiro Horário da Biblioteca
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Maria Velho da Costa Prémio Vida Literária da APE
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Prémio da APE a Maria Velho da Costa consagra uma obra que revolucionou a ficção portuguesa
in Público 02/12/2013
Autora de Maina Mendes, Missa in Albis e Myra já tinha recebido o prémio Camões em 2002 e é consensualmente reconhecida como uma das mais inovadoras ficcionistas portuguesas.
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O
prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (APE), no valor de 25 mil euros, foi atribuído esta segunda-feira à romancista Maria Velho da Costa. A decisão foi unânime e o presidente da APE, José Manuel Mendes, justificou a escolha sublinhando a “criatividade da escritora”, o seu “percurso pessoal e literário”, e ainda o modo inventivo como a autora, que já recebera em 2002 o prémio Camões, trabalha a língua portuguesa. Nascida em Lisboa em 1938, Maria Velho da Costa estreou-se em 1966 com O Lugar Comum, é co-autora das célebres Novas Cartas Portuguesas (1972) e escreveu alguns dos mais significativos romances da ficção portuguesa posterior ao 25 de Abril, como Casas Pardas (1977), Missa in Albis (1988) ou o mais recente Myra (2008), que venceu os prémios PEN, Máxima, Correntes d’Escrita e DST. A sua obra, que vem sendo traduzida desde os anos 70 nas principais línguas europeias, revolucionou como poucas o romance em língua portuguesa. Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa, Maria Velho da Costa tem ainda o Curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria. Foi professora no ensino secundário, funcionária do Instituto de Investigação Industrial, adjunta do Secretário de Estado da Cultura em 1979, no breve governo de Lurdes Pintasilgo, leitora de português no Kings College, Londres, na década de 80, adida cultural em Cabo Verde de 1988 a 1991, e desempenhou ainda várias outras funções públicas de carácter cultural, designadamente na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e no Instituto Camões. Entre 1973 e 1978, presidiu à direcção da APE. Consigo não escrever com a maior das facilidades Maria Velho da Costa, escritora Após o livro de contos O Lugar Comum, publicou em 1969 o seu romance de estreia, Maina Mendes, cujo experimentalismo narrativo e linguístico revolucionou a ficção portuguesa nesses anos que antecederam a queda do regime. E Novas Cartas Portuguesas (1972), a obra que escreveu com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, pode mesmo ter contribuído, se não para acelerar o fim da ditadura, pelo menos para comprometer ainda mais a sua imagem no exterior, já que o processo judicial que o regime moveu contra as “três Marias” teve grande repercussão internacional. Quando a romancista ganhou o prémio Camões, em 2002, o júri salientou, a par da “inovação no domínio da construção romanesca” e do “experimentalismo sobre a linguagem”, a “interrogação do poder fundador da fala”, uma indagação que é já central em Maina Mendes, cuja personagem principal é uma mulher que perdeu a sua reprimida fala feminina para, nas palavras de Eduardo Lourenço, “inventar a fala, nem masculina, nem feminina, apenas autónoma e soberana, de que os homens usufruem sem riscos e desde sempre, por ‘direito divino’”. Ainda antes do 25 de Abril, Maria Velho da Costa publica o ensaio Ensino Primário e Ideologia(1972) e Desescrita (1973), uma recolha de crónicas de imprensa. Em 1976, edita um livro de textos de difícil categorização, Cravo, e no ano
Maria Velho da Costa seguinte publica o ensaio Português; Trabalhador; Doente Mental e aquele que é reconhecidamente um dos mais originais romances portugueses contemporâneos, Casas Pardas, um livro que evoca os tempos anteriores e imediatamente posteriores à revolução de 1974 através da voz de várias protagonistas, cujos testemunhos são apresentados num registo próximo do do monólogo dramático. Seguem-se dois livros de poesia em prosa – Da Rosa Fixa (1978) e Corpo Verde (1979) – e, já nos anos 80, a autora publica dois títulos centrais na sua obra ficcional, Lúcialima (1983) e Missa in Albis. Este último, cujo título evoca a missa do segundo domingo de Páscoa, tradicionalmente ligada à admissão na igreja dos recémbaptizados, tem como protagonista uma mulher oriunda de uma influente família ligada ao regime do Estado Novo, Sara, em cujo trajecto talvez possa ver-se uma metáfora do país. A apropriação de outros textos como desencadeadores da sua própria escrita é uma constante na obra de Velho da Costa, que mantém um diálogo particularmente recorrente e profundo com Luís de Camões. Neste mesmo Miss in Albis, uma célebre advertência do poeta é assim transformada: “Confundir é a regra que convém, segundo o entendimento que tiverdes”. Entre as obras mais recentes de Maria Velho da Costa contam-se o volume de contos Dores (1994), a peça Madame (2000), sobre textos de Eça de Queirós e
Machado de Assis, o romance Irene ou o Contrato Social (2001), vencedor do Grande Prémio da APE, que transforma em personagem a escritora Irene Lisboa, o livro de contos O Amante do Crato (2002), O Livro do Meio (2006), um diálogo com Armando Silva Carvalho, e o seu último e notável romance, Myra (2008). O prémio Vida Literária foi atribuído pela primeira vez em 1992, a Miguel Torga, e conta, desde a sua criação, com o patrocínio exclusivo da Caixa Geral de Depósitos. Com periodicidade irregular, contemplou já os ficcionistas, poetas e ensaístas José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Óscar Lopes, José Cardoso Pires, Eugénio de Andrade, Urbano Tavares Rodrigues, Mário Cesariny, Vítor Aguiar e Silva, Maria Helena Rocha Pereira e João Rui de Sousa. Maria Velho da Costa é a 12.ª premiada. A sua obra, diz José Manuel Mendes, “revela um poder de criatividade e inovação porventura incomparáveis”. “Camões é um culto” Sendo mais um prémio a uma autora habituada a ver-se premiada desde os anos 70, quando o romance Casas Pardas obteve o prémio Cidade de Lisboa e o Prémio Nacional de Novelística, esta consagração da APE tem, ainda assim, um significado particular para Maria Velho da Costa, dada a sua “ligação muito antiga” à associação, disse a romancista ao PÚBLICO. Tendo presidido à direcção da APE ainda antes do 25 de Abril, e também depois da queda do regime, até 1978, a escritora lembra que foi sob a sua presidência que se organizou o primeiro Congresso de Escritores Portu-
gueses, em Maio de 1975. “O vice-presidente era o Ernesto Melo e Castro, que fez um grande trabalho, e essa direcção incluía escritores que infelizmente já morreram, e que eram amigos meus, como Orlando da Costa ou José Saramago”. O PÚBLICO quis saber se, à distância de quase 45 anos, não lhe parecia hoje estranho que aos trinta pudesse ter escrito um primeiro romance tão forte e tão inovador como Maina Mendes, mas o elogio em causa própria não faz o género de Maria Velho da Costa, que replica logo que “a Agustina começou mais cedo”, e que o que recorda da época em que escreveu o seu romance de estreia é que se sentia “muitíssimo insegura”. E adianta que muitos escritores a influenciaram, mas exclui Camões desse rol, porque “esse não é uma influência, é um culto”. Aos leitores que ainda esperam que se tenha precipitado quando manifestou a convicção de que Myra seria o seu último romance, não oferece grandes esperanças: “É o que eu acho, mas pode-se sempre ter um acesso de demência senil e escreverse o que não se deve”. Para já, garante que não está a escrever nenhum novo livro nem sente a tentação de o fazer. “Consigo não escrever com a maior das facilidades”. Também não parece ter mudado de ideias na intenção de deixar os seus diários para publicação póstuma, mas não se mostra absolutamente peremptória: “É muito pouco provável que os publique em vida… teria que fazer uma tal triagem de materiais…”
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“CASAS PARDAS” Maria Velho da Costa
Sinopses Casas Pardas é um maravilhoso torvelinho de linguagens, uma evocação concreta e exacta de comportamentos sociais de várias classes no final do fascismo, uma revisitação dos lugares da literatura e da poesia (também nas suas vertentes populares), uma polifonia de falas genialmente captadas, uma subversão endiabrada dos processos narrativos e uma prática de jogos de linguagem que lembram o barroco, mas também os grandes efabuladores do século XVIII, como Fielding ou Sterne. A ironia e a réplica acerada pairam em todo o romance, repartido em várias «casas», pluralidade de focos que centram uma escrita em que passado e presente, a concretude do quotidiano mais trivial, mas também a citação literária de vários graus, ou mesmo a toada infantil, a reflexão às vezes iluminada, de envolto com o paradoxo e a paródia, nos desafiam página a página.
Obras publicadas O lugar comum (conto) Maina Mendes (romance) Ensino primário e ideologia (ensaio) Novas cartas portuguesas (em colaboração com vários), Desescrita Cravo (crónicas) Português trabalhador, doente mental (ensaio) Casas pardas (romance) Da rosa fixa (Prosas) Corpo verde Lúcialima (romance)
Prémios Prémios ao Autor Grande Prémio Vida Literária APE/CGD, 2013 Prémio Camões, 2002 Prémio Vergílio Ferreira, 1997
1966 1969 1972 1972 1973 1976 1976 1977 1978 1979 1983
O mapa cor de rosa (crónicas) Missa in albis (romance) Das Áfricas Dores (contos) Madame (teatro) Irene ou o contrato social (romance) Inferno (em colaboração com António Cabrita) O amante do Crato (conto) O livro do meio (ficção) (em colaboração com Armando Silva Carvalho) Myra (romance)
1984 1988 1991 1994 1999 2000 2001 2002 2006 2008
Prémios à Obra Grande Prémio de Literatura dst, 2010 (Myra) Prémio Literário Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, 2010 (Myra) Prémio Máxima de Literatura, 2009 (Myra) Prémio PEN Clube Português de Novelística, 2009 (Myra) Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB, 2000 (Irene ou o contrato social) Grande Prémio de Teatro da APE/Ministério da Cultura, 2000 (Madame) Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, 1994 (Dores) Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, 1994 (Dores) Prémio PEN Clube Português de Novelística, 1989 (Missa in albis) Prémio D. Diniz, da Fundação da Casa de Mateus, 1983 (Lúcialima) Prémio Nacional de Novelística, 1978 (Casas pardas) Prémio Cidade de Lisboa, 1977 (Casas pardas)
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PROJETOS
EMPRÉSTIMO DOMICILIÁRIO A biblioteca pública – porta de acesso local ao conhecimento – fornece as condições básicas para a aprendizagem ao longo da vida, para uma tomada de decisão independente e para o desenvolvimento cultural do indivíduo e dos grupos sociais. A biblioteca pública é o centro local de informação, que torna prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os géneros. Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. In Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas Públicas
O empréstimo domiciliário é o serviço que possibilita a requisição gratuita de documentos, para consulta fora das instalações da Biblioteca. Para usufruir do empréstimo domiciliário o utilizador tem de possuir o Cartão de Leitor da Biblioteca. A obtenção do cartão é gratuita e faz-se nas instalações da Biblioteca municipal através do preenchimento de uma ficha de inscrição, apresentando o cartão de cidadão, um documento comprovativo da morada e uma fotografia.Para menores de 18 anos é necessária a autorização e responsabilização dos pais ou encarregados de educação, os quais devem assinar a respectiva ficha de inscrição. O Cartão de Leitor é pessoal e intransmissível, sendo cada pessoa responsável pelos movimentos com ele efectuados. Cada utilizador individual pode requisitar até três obras por um período máximo de dez dias úteis, renovável desde que não haja leitores interessados em lista de espera. Estão disponíveis paraempréstimo domiciliário todos os fundos bibliográficos, com a excepção das obras de referência (dicionários e enciclopédias, etc.), publicações periódicas, obras que se encontrem no depósito ou na sala de leitura com a indicação de “consulta local” por serem edições raras, em mau estado ou integrem colecções difíceis de repor. O leitor tem acesso livre à maioria da colecção por esta se encontrar nas salas de leitura da Biblioteca Municipal. O empréstimo colectivo é considerado nos casos das escolas, instituições, grupos de leitores organizados, ou outras bibliotecas, mediante celebração de protocolos com a Câmara Municipal, devendo cada grupo instituir um responsável
pela requisição que, no caso das escolas será obrigatoriamente um professor. Para empréstimo colectivo está também
disponível o fundo audiovisual desde que a sua requisição seja devidamente fundamentada com base em actividades pedagógicas e
Brevemente disponivel, com novo layout e novas funcionalidades
didácticas desenvolvidas pelas instituições requerentes. Em 2012 foram alvo de empréstimo domiciliário 4393 volumes.
www.biblioteca.cmmangualde.pt
JANEIRO 2014 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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FOI HISTÓRIA ...
01 JAN John Edgar Hoover
John Edgar Hoover
John Edgar Hoover nasceu em Washington, D.C. a 1 de janeiro de 1895 e falesceu também em Washington, D.C. a 2 de maio de 1972, foi durante 48 anos o chefe do FBI, a mais importante organização policial do mundo, sendo considerado seu patrono. Trabalhou na Biblioteca do Congresso Americano e de educação luterana, formou-se em Direito aos 22 anos. Empregou-se logo em seguida no Departamento de Justiça dos Estados Unidos, onde sua carreira foi rápida. No ano de 1919 foi indicado para investigar estrangeiros suspeitos de subversão. Sua missão resultou na expulsão do país de um grande número de pessoas. Com o sucesso em seu trabalho, foi nomeado para trabalhar como assistente do diretor do FBI. Poucos anos depois, em 1924, Hoover tornou-se o chefe do Departamento. Durante o tempo em que ficou na chefia do departamento (até sua morte), serviu 8 presidentes americanos e 18 secretários de Justiça. Mudou a história do FBI: a antiga e ineficiente organização de 657 agentes (muitas vezes corruptos), tornou-se a maior organização policial do planeta, com mais de 16 mil funcionários, além de modernos métodos de investigação criminal. No ano de sua morte, os arquivos do FBI possuiam mais de 200 milhões de impressões digitais. Nos anos 30, sua fama começou a crescer quando combatia gângsters famosos, como John Dillinger, Pretty Boy Floyd e Baby Face. Na mesma década, também participou da captura do raptor de filho do aviador Charles Lindberg, fato que havia tomado conta da imprensa americana. Durante a Segunda Guerra Mundial, e nos anos seguintes participou na caça de espiões e comunistas, “a caça às bruxas” que atingiu muitos artistas, mesmo sem ligaqção a P.C.. Edgar Hoover tornou-se num homem “Estado”, o F.B.I. com os seus poderes era um Estado dentro de outro Estado, foi um dos homens mais odiados da América.
02 JAN
Isaac Asimov
Isaac Asimov( 2 de janeiro de 1920 — Nova Iorque, 6 de abril de 1992), foi um escritor e
bioquímico americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica. A obra mais famosa de Asimov é a série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico e que logo combinou com sua outra grande série dos Robots. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-
ficção. No total, escreveu ou editou mais de 500 volumes, aproximadamente 90 000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria importante do sistema de classificação bibliográfica de Dewey, exceto em filosofia. Asimov foi reconhecido como mestre do género da ficção científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos “Três Grandes” escritores da ficção científica. Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, ainda que com falta: ele os descrevia como “intelectualmente combalidos”. Exercia, com mais frequência e assiduidade, a presidência da American Humanist Association (Associação Humanista Americana). Em 1981, um asteroide recebeu seu nome em sua homenagem, o 5020 Asimov. O robot humanóide “ASIMO” da Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a Asimov, pois o nome do robot significa, em inglês, Advanced Step in Innovative Mobility, além de também significar, em japonês, “também com pernas” (ashi mo), em um trocadilho linguístico em relação à propriedade inovadora de movimentação deste robot.
03 JAN Jack Ruby
Jack Ruby Jacob Rubenstein (Chicago, 25 de março de 1911 – Dallas, 3 de janeiro de 1967) foi o dono de um bar em Dallas que se tornou famoso por assassinar Lee Harvey Oswald, suspeito do assassinato de John F. Kennedy, a 24 de Novembro de 1963, dois dias depois de Oswald ter sido detido. Mudou o seu nome para Jack Leon Ruby em Dezembro de 1947. Faleceu em 1967,
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vítima de cancro no pulmão. Encontra-se sepultado no Cemitério Westlawn, na cidade de Norridge, no Condado de Cook, no estado norte-americano de Illinois. Ruby chegou a ser condenado à morte em seu primeiro julgamento, em 1964. Tendo recorrido da sentença, aguardava nova decisão quando sobreveio sua morte. As razões de Ruby para o assassinato não ficaram claras. Teorias conspiratórias ligamno à máfia e a grupos ligados ao assassinato do presidente John Kennedy. Após sua prisão, Ruby chegou a declarar que agira sozinho, com o propósito de vingar a morte de Kennedy e evitar que sua esposa fosse obrigada a testemunhar no julgamento de Oswald. Uma testemunha com o nome de Julia Ann Mercer identificou Jack Ruby e alegou tê-lo visto próximo ao local do crime, Julia estava presa em um engarrafamento, ela encontrou-se parada ao lado de um camião pick-up estacionado ao longo do calçada. Ela viu um homem jovem, carregando o que parecia ser uma espingarda desmontada, ao lado dele o motorista, Jack Ruby. Ela relatou tudo o que tinha visto para o FBI. O escritório do xerife da Comissão de Warren entrou com uma declaração autenticada afirmando que Mercer não foi capaz de identificar o condutor. Após isto Julia Ann Mercer alegou que sua assinatura e depoimento haviam sido forjados. A suspeita é que Ruby matou Oswald e fez com que parecesse patriota de sua parte, quando na verdade teria sido queima de arquivo.
04 JAN
Código Braille
Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809 em Coupvray, na França, a cerca de 40 quilómetros de Paris. O seu pai, Simon-René Braille, era um fabricante de arreios e selas. Aos três anos, provavelmente ao brincar na oficina do pai, Louis feriu-se no olho esquerdo com uma ferramenta pontiaguda, possivelmente uma sovela. A infecção que se seguiu ao ferimento alastrou-se ao olho direito, provocando a cegueira total. Na tentativa de que Louis tivesse uma vida o mais normal possível, os pais e o padre da paróquia, Jacques Pallury, matricularam-no na escola local. Louis tinha enorme facilidade em aprender o que ouvia e em determinados anos foi selecionado como líder da turma. Com 10 anos de idade, Louis ganhou uma bolsa do Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris (Instituto Real de Jovens Cegos de Paris). O fundador do instituto, Valentin Haüy, foi um dos primeiros a criar um programa para ensinar os cegos a ler. As primeiras experiências de Haüy envolviam a gravação em alto-relevo de letras grandes, em papel
grosso. Embora rudimentares, esses esforços lançaram a base para desenvolvimentos posteriores. Apesar de as crianças aprenderem a ler com este sistema, não podiam escrever porque a impressão era feita com letras costuradas no papel. Louis aprendeu a ler as grandes letras em alto-relevo nos livros da pequena biblioteca de Haüy. Mas também se apercebia que aquele método, além de lento, não era prático. Na ocasião, ele escreveu no seu diário: “Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma.” Em 1821, quando Louis Braille tinha somente 12 anos, Charles Barbier, capitão reformado da artilharia francesa, visitou o instituto onde apresentou um sistema de comunicação chamado de escrita nocturna, também conhecido por Serre e que mais tarde veio a ser chamado de sonografia. Tratava-se de um método de comunicação táctil que usava pontos em relevo dispostos num rectângulo com seis pontos de altura por dois de largura e que tinha aplicações práticas no campo de batalha, quando era necessário ler mensagens sem usar a luz que poderia revelar posições. Assim, era possível trocar ordens e informações de forma silenciosa. Usava-se uma sovela para marcar pontinhos em relevo em papelão, que então podiam ser sentidos no escuro pelos soldados. A escrita nocturna baseava-se numa tabela de trinta e seis quadrados, cada quadrado representando um som básico da linguagem humana. Duas fileiras com até seis pontos cada uma eram gravadas em relevo no papel. O número de pontos na primeira fileira indicava em que linha horizontal da tabela de sons vocálicos se encontrava o som desejado, e o número de pontos na segunda fileira designava o som correto naquela linha. Esta ideia de usar um código para representar palavras em forma fonética foi introduzido no Instituto. Louis Braille dedicou-se de forma entusiástica ao método e passou a efectuar algumas melhorias. Assim, nos dois anos seguintes, Braille esforçou-se em simplificar o código. Por fim desenvolveu um método eficiente e elegante que se baseava numa célula de apenas três pontos de altura por dois de largura. O sistema apresentado por Barbier, era baseado em 12 pontos, ao passo que o sistema desenvolvido por Braille é mais simples, com apenas 6 pontos. Braille, em seguida, melhorou o seu próprio sistema, incluindo a notação numérica e musical. Em 1824, com apenas 15 anos, Louis Braille terminou o seu sistema de células com seis pontos. Pouco depois, ele mesmo começou a ensinar no instituto e, em 1829, publicou o seu método exclusivo de comunicação que hoje tem o seu nome. Excepto algumas pequenas melhorias, o sistema permanece basicamente o mesmo até hoje. Apesar de tudo, levou tempo até essa inovação ser aceita. As pessoas com visão não entendiam quão útil o sistema inventado por Braille podia ser, e um dos professores principais da escola chegou a proibir seu uso pelas crianças. Felizmente, tal decisão teve efeito contrário ao desejado, encorajando as crianças a usar o método e a aprendê-lo em segredo. Com o tempo, mesmo as pessoas com visão acabaram por perceber os benefícios do novo sistema. No instituto, o novo código só foi adotado oficialmente em 1854, dois anos após a morte de Braille, provocada pela tuberculose em 6 de janeiro de 1852, com apenas 43 anos. Na França, a invenção de Louis Braille foi finalmente reconhecida pelo Estado. Em 1952, o seu corpo foi transferido para Paris, onde repousa no Panthéon.
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05 JAN
Umberto Eco
Umberto Eco
Umberto Eco começou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi Pareyson, na Itália. Os seus primeiros trabalhos dedicaramse ao estudo da estética medieval, sobretudo aos textos de S. Tomás de Aquino. A tese principal defendida por Eco, nesses trabalhos, diz respeito à ideia de que esse grande filósofo e teólogo medieval, que, como os demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma reflexão estética, trata, de um modo particular, da problemática do belo. A partir da década de 1960, Eco se lança ao estudo das relações existentes entre a poética contemporânea e a pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido, é a coletânea de ensaios intitulada Obra aberta (1962), que fundamenta o conceito de obra aberta, segundo o qual uma obra de arte amplia o universo semântico provável, lançando mão de jogos semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes uma gama indeterminável porém não infinita de interpretações. Ainda na década de 1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em especial os ensaios contidos no livro Apocalíticos e integrados (1964), em que ele defende uma nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína dos “altos valores” artísticos — identificada com a Escola de Frankfurt, mas não necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica —, e, também, a postura dos integrados — identificada, na maioria das vezes, com a postura de Marshall McLuhan—, para quem a cultura de massa é resultado da integração democrática das massas na sociedade.A partir da década de 1970, Eco passa a tratar quase que exclusivamente da semiótica. Eco descobriu o termo “Semiótica” nos parágrafos finais do Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690), de John Locke, ficando ligado à tradição anglo-saxónica da semiótica, e não à tradição da semiologia relacionada com o modelo linguístico de Ferdinand de Saussure. Pode-se dizer, inclusive, que a teoria de Eco acerca da obra aberta é dependente da noção peirceana de semiose ilimitada. Nesta concepção do “sentido”, um texto será inteligível se o conjunto dos seus enunciados respeitar o saber associativo. Ao longo da década, e atravessando a década de 1980, Eco escreve importantes textos nos quais procura definir os limites da pesquisa semiótica, bem como fornecer uma nova compreensão da disciplina, segundo pressupostos buscados em filósofos como Immanuel Kant e Charles Sanders Peirce. São notáveis a coletânea de ensaios As formas do conteúdo (1971) e o livro de grande fôlego Tratado geral de semiótica (1975). Nesses textos, Eco sustenta que o código que nos serve de base para criar e interpretar as mais diversas mensagens de qualquer subcódigo (a literatura, o subcódigo do trânsito, as artes plásticas etc.) deve ser comparado a uma es-
trutura rizomática pluridimensional que dispõe os diversos sememas (ou unidades culturais) numa cadeia de liames que os mantêm unidos. Dessa forma, o Modelo Q (de Quillian) dispõe os sememas — as unidades mínimas de sentido — segundo uma lógica organizativa que, de certo modo, depende de uma pragmática. A sua noção de signo como enciclopédia é oriunda dessa concepção. Como consequência de seu interesse pela semiótica e em decorrência do seu anterior interesse pela estética, Eco, a partir de então, orienta seus trabalhos para o tema da cooperação interpretativa dos textos por parte dos leitores. Lector in fabula (1979) e Os limites da interpretação (1990) são marcos dessa produção, que tem como principal característica sustentar a ideia de que os textos são máquinas preguiçosas que necessitam a todo o momento da cooperação dos leitores. Dessa forma, Eco procura compreender quais são os aspectos mais relevantes que atuam durante a atividade interpretativa dos leitores, observando os mecanismos que engendram a cooperação interpretativa, ou seja, o “preenchimento” de sentido que o leitor faz do texto, procurando, ao mesmo tempo, definir os limites interpretativos a serem respeitados e os horizontes de expectativas gerados pelo próprio texto, em confronto com o contexto em que se insere o leitor.Além dessa carreira universitária, Eco ainda escreveu cinco romances, aclamados pela crítica e que o colocaram numa posição de destaque no cenário acadêmico e literário, uma vez que é um dos poucos autores que conciliam o trabalho teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos dois âmbitos.
06 JAN Telegráfico
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FOI HISTÓRIA ...
1811 com o conceituado pintor em Benjamim West. Em 1815, Morse retornou à América e montou um estúdio em Boston, Massachusetts. Ao retornar aos Estados Unidos, casou-se em 1818 e, logo em seguida, vieram os filhos: dois meninos e uma menina. Morse lutava com dificuldades, uma vez que à época não havia muitos interessados em retratos. Em 1823 finalmente se estabeleceu-se em Nova York. Em 1825, após o falecimento da sua esposa, Morse retornou à Europa, levando os seus filhos e uma cunhada. Em 1826 fundou uma sociedade artística que, em breve, se transformou na Academia Nacional de Desenho. A partir de 1832 ensinou pintura e escultura na Universidade de Nova Iorque, atingindo a fama de excelente retratista. Em 1829 retornou a Europa e estabeleceu-se em Paris. No início da década de 1830 cria o telégrafo elétrico com fios e em 1835 constroi o primeiro aparelho ao qual designou “Recording Electric Telegraph”, com o qual transmitiu sinais a um quilómetro de distância, mas não os recebia pela mesma linha, efeito que só conseguiu dois anos depois. Em 1839 conclui o trabalho de elaboração do código Morse. O sistema utiliza uma combinação de pontos, traços e pausas para transmitir informações por meio de impulsos telegráficos ou visuais. Em 1843 utiliza o sistema para construir a primeira linha telegráfica, que liga Baltimore a Washington. No ano seguinte transmite a primeira mensagem: “What hath God wrougth!” (Que obra fez Deus!) Pelas suas descobertas, foi premiado com numerosas distinções provenientes da maior parte do planeta. Morre rico em Nova York. Sua fortuna devese à proliferação de linhas telegráficas nos Estados Unidos. Encontra-se sepultado em Green-Wood Cemetery, Brooklyn, Nova York nos Estados Unidos.
07 JAN Louis Daguerre
por diferentes vias, Niépce procurava teimosamente resolver o seu processo com betume da judeia ao passo que Daguerre procurava modificar o processo e os materiais usados a fim de reduzir o tempo de exposição que ainda se mantinha em cerca de uma hora. A imagem formada na chapa, depois de revelada, continuava sensível à luz do dia e padecia de curta durabilidade. Daguerre solucionou este último problema ao descobrir que, mergulhando as chapas reveladas numa solução aquecida de sal de cozinha, este tinha um poder fixador, obtendo assim uma imagem inalterável. O Artista Lemaître escreveu a Niépce sobre Daguerre: “Acredito que ele possui uma inteligência rara em tudo o que envolva máquinas e o efeito da luz”. A parceria de Daguerre com Niépce levou ao uso de placas revestidas a prata (cujo primeiro uso tem de ser creditado a Niépce) quando, na sequência de numerosas experiências, um novo quimico foi introduzido e que se provou decisivo para o método de Daguerre - iodo. A fotografia não foi inventada apenas por uma pessoa. Ao invés disso, foi o resultado de favoráveis condições económicas, políticas e sociais bem como critérios científicos, observações afortunadas e intuição de algumas mentes inteligentes. Durante um período de dois anos (1839 - 1840) a fotografia deu passos decisivos através do trabalho de estudiosos como Fox Talbot (inventor do Calótipo) ou Hércules Florence (cidadão francês exilado no Brasil) cujos estudos e descobertas tiveram lugar na mesma altura que os estudos de Daguerre e Niépce. Daguerre tinha problemas financeiros e não conseguiu obter o apoio de industriais por querer manter secreta a parte fundamental do seu processo. Após um incêndio no seu diorama a 8 de Março de 1839, ficou acordado uma pensão anual de 4.000 Francos para Daguerre e Isidore Niépce (herdeiro de Joseph Nicéphore Niépce) acrescidos de mais 2.000 Francos para Daguerre pelos “segredos do diorama”. Daguerre ficou implicitamente reconhecido como o pai do daguerreótipo apesar de conflitos posteriores com Isidore Niépce que representava os interesses do pai. Tendo sido a 19 de Agosto de 1839 que, no Instituto de França, foi anunciado ao mundo um novo processo, o daguerreótipo tendo sido posteriormente vendido ao governo francês.
08 JAN Elvis Presley
Samuel Morse
Samuel Morse demonstra em 6 de janeiro de 1838 o sistema telegráfico. Começou os seus estudos na Academia Phillips, de Adover e terminou os em 1810, na Universidade de Yale e, mais tarde, interessou-se pelo estudo de física e de química, embora a pintura o tenha atraído desde a adolescência. Mais tarde, aos catorze anos, começou a interessar-se pela electricidade. Esta última atrai-o muito, mas apenas como forma de estudo. Ainda na época de colégio, Morse escreveu uma carta aos pais dizendo que queria se tornar um pintor. Os pais, preocupados com o futuro do filho, preferiram transformá-lo num vendedor de livros em Charlestown . Desse modo, Morse passou a vender livros de dia e a pintar à noite. Ante a persistência do artista, os pais decidiram mandar o filho para Londres para que estudasse artes na Royal Academy em
Louis Daguerre
Em 7 de janeiro de 1839 Louis Daguerre apresenta o “Daguerreótico”, o primeiro método de tirar fotografias. Na sequência da sua parceria com Joseph Nicéphore Niépce (selada em contracto assinado a 14 de Dezembro de 1829), Daguerre herdou a invenção e os conhecimentos adquiridos por Niépce o que lhe permitiu adicionar uma nova variação da câmera obscura. Cada um trabalhou de forma independente mas
Elvis Presley
Elvis Aaron Presley (East Tupelo, 8 de janeiro de 1935 — Memphis, 16 de agosto de 1977)
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FOI HISTÓRIA ...
Foi um famoso músico e ator norte-americano, mundialmente denominado como o Rei do Rock. É também conhecido como Elvis The Pelvis, apelido pelo qual ficou conhecido na década de 1950 por sua maneira extravagante e ousada de dançar. Uma de suas maiores virtudes era a sua voz, devido ao seu alcance vocal, que atingia, segundo especialistas, notas musicais de difícil alcance para um cantor popular. A crítica especializada reconhece seu expressivo ganho, em extensão, com a maturidade; além de virtuoso senso rítmico, força interpretativa e um timbre de voz que o destacava entre os cantores populares, sendo avaliado como um dos maiores e por outros como o melhor cantor popular do século XX. Começou sua carreira em 1954 na lendária gravadora Sun Records e era acompanhado pelo guitarrista Scotty Moore e pelo baixista Bill Black, Presley foi um dos criadores do rockabilly, uma fusão de música country e rock´n´roll. Elvis tornou-se um dos maiores ícones da cultura popular mundial do século XX. Entre os seus sucessos musicais podemos destacar “Hound Dog”, “Don’t Be Cruel”, “Love me Tender”, “All Shook up”, “Teddy Bear”, “Jailhouse Rock”, “It’s Now Or Never”, “Can´t Help Falling In Love”, “Surrender”, “Crying In The Chapel”, “Mystery Train”, “In The Ghetto”, “Suspicious Minds”, “Don’t Cry Daddy”, “The Wonder Of You”, “An American Trilogy”, “Burning Love”, “My Way”, “My Boy” e “Moody Blue”. Na Europa, canções como “Wooden Heart”, “You Don’t Have To Say You Love Me”, “My Boy” e “Moody Blue” fizeram sucesso. Particulamente no Brasil, foram bem-sucedidas as canções “Kiss Me Quick”, “Bossa Nova Baby”, “It’s Now or Never” e “Bridge Over Troubled Water”. Após a sua morte, novos sucessos advieram, como “Way Down” (logo após a sua morte), “Always On My Mind”, “Guitar Man”, “A Little Less Conversation” e “Rubberneckin”. Trinta e cinco anos após sua morte, Presley ainda é o artista solo detentor do maior número de “hits” nas paradas mundiais e também é o maior recordista mundial em vendas de discos em todos os tempos, com mais de 1 bilhão e meio de discos vendidos em todo o mundo.
09 JAN Jimmy Page
James Patrick Page
James Patrick “Jimmy” Page, (Heston, 9 de janeiro de 1944), é um musico, produtor musical e compositor inglês, que alcançou sucesso internacional como o guitarrista da banda de rock Led Zeppelin. Page começou sua carreira como músico
de estúdio em Londres e, em meados da década de 1960, tornou-se o guitarrista de sessão mais procurado no Reino Unido. Ele foi um membro dos Yardbirds de 1966-1968, e posteriormente fundou os Led Zeppelin. Page é amplamente considerado como um dos maiores e mais influentes guitarristas de todos os tempos. A revista Rolling Stone descreveu-o como o “pontífice do poder dos riffs” e classificouo em terceiro lugar na lista dos “100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos”. em 2010 foi classificado em segundo lugar na lista dos “50 Melhores Guitarristas de Todos os Tempos”. Ele foi introduzido duas vezes no Rock and Roll Hall of Fame: uma como um membro dos Yardbirds, em 1992, e uma segunda vez como um membro do Led Zeppelin, em 1995. Page foi uma inspiração para o estilo de guitarra descendente do guitarrista Johnny Ramone, dos Ramones. Ramone descreveu Page como “provavelmente o maior guitarrista que já existiu”. Page foi descrito pela Uncut como “o maior e mais misterioso herói da guitarra no rock”. A revista Los Angeles Times considerou Jimmy Page como o segundo maior guitarrista de todos os tempos.
10 JAN Júlio Pomar Júlio Pomar
Júlio Pomar nasceu em Lisboa, a 10 de janeiro
1926. Pertence à 3ª geração de pintores modernistas portugueses. Os primeiros anos da sua carreira estão ligados à resistência contra o regime do Estado Novo e à afirmação do movimento neorrealista em Portugal, marcando a especificidade deste no contexto europeu. Teve uma ação artística e cívica intensa ao longo das décadas de 1940 e 1950 e é consensualmente considerado o mais destacado dos cultores do neorrealismo nacional. Começa a distanciar-se do ativismo político e do idioma figurativo inicial na segunda metade da década de 1950 e, em 1963, radica-se em Paris. Sem nunca abandonar o pendor figurativo, liberta-se do compromisso neorrealista, enveredando pela“exploração de práticas pictóricas diversas que o centrarão na pintura enquanto tal, interrogando as suas formas, composições e processos, pintando das mais variadas maneiras na exploração ou na recusa das possibilidades que o seu tempo lhe abriu”. Ao longo das últimas quatro décadas tem abordado uma grande variedade de universos temáticos, da reflexão autorreferencial ao erotismo, do retrato às alusões literárias e matéria mitológica. E do ponto de vista formal encontramos idêntica riqueza de meios e soluções. “A obra de Júlio Pomar constrói sucessivas cadeias de relações formais e semânticas entre os diferentes materiais, processos e técnicas”. Grandes exposições realizadas nas últimas décadas (Fundação Calouste Gulbenkian; Museu
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de Arte Contemporânea de Serralves;Sintra Museu de Arte Moderna – Coleção Berardo; museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília; etc.) consagraram a sua obra, que se destaca como uma das mais significativas expressões da criação artística portuguesa contemporânea. Celebrado por muitos como “o pintor mais imediatamente talentoso da sua geração e o mais brilhante dos cultores do neorrealismo de 45” , Júlio Pomar está referenciado em todas as exposições e publicações onde se faz o balanço da arte em Portugal desde a segunda guerra mundial. A sua posição de destaque no contexto das décadas de 1940 e 1950 é consensual, mas a afirmação da sua obra não se circunscreve a esse período inicial. Pomar tem sido invariavelmente incluído nas maiores exposições onde se faz o balanço da arte moderna portuguesa, entre as quais podem destacar-se: Art Portugais: Peinture et Sculpture du Naturalisme à nos Jours, Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, Paris, 1968; Portuguese Art Since 1910, Royal Academy of Arts, Londres, 1978. Na exposição Os Anos 40 na Arte Portuguesa (Fundação Calouste Gulbenkian, 1982), o artista é mencionado nos capítulos dedicados ao neorrealismo e às Exposições Gerais de Artes Plásticas; o seu Almoço do Trolha é alvo de um estudo específico . No catálogo da exposição Arte Portuguesa nos anos 50, comissariada por Rui Mário Gonçalves (Biblioteca Municipal de Beja; SNBA, Lisboa, 1992-1993), são reproduzidas diversas pinturas e apresentados excertos de um texto de sua autoria de 1953. Pomar aparece de novo de forma destacada na exposição 50 Anos de Arte Portuguesa (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007) e Anos 70, Atravessar Fronteiras (Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, 2009), ambas da responsabilidade de Raquel Henriques da Silva. No domínio da história de arte em Portugal verifica-se idêntico reconhecimento da sua presença. Seria redundante citar todas as publicações onde Pomar está referenciado de forma abrangente, mas é útil relembrar a obra pioneira A Arte em Portugal no Século XX, 1911-1961, editada pela primeira vez em 1974, onde José Augusto França aborda Pomar de forma extensiva no capítulo dedicado ao neorrealismo, prolongando o comentário sobre o artista até aos anos de 1960 ; num livro mais recente do mesmo autor, História da arte em Portugal: o modernismo, é contemplada igualmente a sua obra das décadas de 1970 e 1980 . Também importantes publicações da responsabilidade de Rui Mário Gonçalves, Bernardo Pinto de Almeida, Fernando Pernes ou Alexandre Melo afirmam a sua posição de destaque, abordando a sua obra de forma abrangente.
11 JAN
Ultimato
Mapa Cor-de-rosa
O Ultimato britânico de 1890 foi um ultimato do governo britânico - chefiado pelo primeiro ministro Lord Salisbury - en-
tregue a 11 de Janeiro de 1890 na forma de um “Memorando” que exigia a Portugal a retirada das forças militares chefiadas pelo major Serpa Pinto do território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola (nos actuais Zimbabwe e Zâmbia), a pretexto de um incidente entre portugueses e Macololos. A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-derosa, reclamando a partir da Conferência de Berlimuma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja, a Moçambique. A concessão de Portugal às exigências britânicas foi vista como uma humilhação nacional pelos republicanos portugueses, que acusaram o governo e o rei D.Carlos I de serem os seus responsáveis. O governo caiu, e António de Serpa Pimentel foi nomeado primeiro-ministro. O Ultimato britânico inspirou a letra do hino nacional português, “A Portuguesa”, “Contra os bretões , marchar marchar.” Foi considerado pelos historiadores Portugueses e políticos da época a acção mais escandalosa e infame da Grã-Bretanha contra o seu antigo aliado.
12 JAN
Ruas de Porto Príncipe
Terramoto Haiti Em 12 de janeiro de 2010, um terramoto de proporções catastróficas, com magnitude sísmica 7,0 na escala de magnitude de momento (7.3 na escala de Richter ), atingiu o país a aproximadamente a 22 quilometros da capital, Porto Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com magnitude em torno de 5.9 graus. O palácio presidencial, várias escolas, hospitais e outras construções ficaram destruídos após o terremoto e estima-se que 80% das construções de Porto Príncipe foram destruídas ou seriamente danificadas. O número de mortos não é conhecido com precisão. Em 3 de fevereiro, o Premiê Jean-Max Bellerive afirmou que: “já passa de 200 mil o número de óbitos, e o número de sem abrigo pode chegar aos três milhões”. Diversos países disponibilizaram recursos em dinheiro para amenizar o sofrimento do país mais pobre do continente americano. O presidente norte-americano Barack Obama, afirmou logo após a tragédia que o povo haitiano não seria esquecido, obrigando a comunidade internacional a refletir sobre a responsabilidade dos países que exploraram e abandonaram o Haiti. Segundo as Nações Unidas, o sismo foi o pior desastre já enfrentado pela organização desde sua criação em 1945.
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13 JAN Jejum de Ghandi
mais bem guardado do regime. Sergei Korolev foi, ao contrário do que é propagandeado, o verdadeiro criador do desafio de levar homens à lua. Em 1922, Korolev foi aprovado num exame
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FOI HISTÓRIA ...
tauração do Estado Novo. Suspendeu a publicação regular em Ja-
Capone (28 de dezembro de 1867 - 29 de novembro de 1952 ), eram imigrantes da Itália. Seu pai era um barbeiro de Castellammare di Stabia, cidade a cerca de 26 km ao sul de Nápoles, e sua mãe era uma costureira e filha de Angelo Raiola de Angri, uma cidade na província de Salerno.
neiro de 1976, após uma forte agitação interna na sequência das divisões políticopartidárias criadas após a Revolução de 25 de Abril. Sergei Pavlovich Korolev
Mahatma Gandhi
Ghandi inicia em 13 de janeiro um jejum contra
a divisão da Índia entre hindus e muçulmanos Gandhi teve grande influência entre as comunidades hindu e muçulmana da Índia. Costumase dizer que ele terminava rixas comunais apenas com sua presença. Gandhi posicionou-se veementemente contra qualquer plano que dividisse a Índia em dois estados, o que efetivamente aconteceu, criando a Índia - predominantemente hindu - e o Paquistão - predominantemente muçulmano. No dia da transferência de poder, Gandhi não celebrou a independência com o resto da Índia, mas ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país em Calcutá. Gandhi tinha iniciado um jejum no dia 13 de janeiro de 1948 em protesto contra as violências cometidas por indianos e paquistaneses. No dia 20 daquele mês, sofreu um atentado: uma bomba foi lançada na sua direção, mas ninguém ficou ferido. Entretanto, no dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas dívidas ao Paquistão. Godse foi depois julgado, condenado e enforcado, a desrespeito do último pedido de Gandhi que foi justamente a nãopunição do seu assassino. O corpo do Mahatma foi cremado e suas cinzas foram lançadas no rio Ganges. É significativo sobre a longa busca de Gandhi pelo seu deus o facto das suas últimas palavras serem um mantra popular na conceção hindu de um deus conhecido como Rama:”Hai Ram!” Este mantra é visto como um sinal de inspiração tanto para o espírito como para o idealismo político, associado a uma possibilidade de paz na unificação.
14 JAN
Korolev
Sergei Pavlovich Korolev morreu em Moscovo em 14 de janeiro de 1966, foi um engenheiro ucraino-soviético. Foi o engenheiro de foguetes que projetou os primeiros foguetões soviéticos, e que tornou-se o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, no seu tempo era o segredo
de admissão à escola de construção em Odessa, Ucrânia. Lá começou a se interessar pela aviação. Dois anos depois, entrou no Instituto Politécnico de Kiev, onde se aliou a entusiastas de planadores. Em 1926 transferiu-se para a Universidade Técnica Estatal Bauman de Moscovo (MVTU). Em 1933, o grupo reorganizou o instituto de pesquisa em propulsão do jato (RNII), onde Korolev se tornou chefe. Nela, o engenheiro conduziu o desenvolvimento de um planador equipado de foguete e de mísseis de cruzeiro. No período de grandes expulsões feita por Josef Stalin, Korolev foi preso e levado para um acampamento em Gulag, na Sibéria, em 27 de junho de 1938. Em 8 de setembro de 1945, Korolev viajou a Alemanha para a avaliação e restauração dos mísseis balísticos V-2. Em agosto de 1946, ainda na Alemanha, Korolev foi nomeado chefe de um departamento no NII-88, criado recentemente em Podlipki, nordeste de Moscovo. A organização era responsável pelo desenvolvimento e produção industrial do míssil, baseado na tecnologia do V-2 alemão. Korolev conduziu o desenvolvimento de diversas gerações de satélites lançados por mísseis balísticos, de veículos de lançamento com fins científicos, militares e de comunicações. Ele também desenvolveu projetos de exploração interplanetária e equipou as naves espaciais soviéticas.
15 JAN
Républica
República foi um jornal fundado por António José de Almeida em 15 de Janeiro de 1911. Destacado protagonista do ideário liberal e laico do 5 de Outubro, evidenciou-se, em parceria com o Diário de Lisboa, na luta contra a ditadura salazarista. Ligado desde o início a figuras de relevo da maçonaria portuguesa, sobrevive à instauração do Estado Novo. República foi um jornal fundado por António José de Almeida em 15 de Janeiro de 19111 . Destacado protagonista do ideário liberal e laico do 5 de Outubro, evidenciouse, em parceria com o Diário de Lisboa, na luta contra a ditadura salazarista. Ligado desde o início a figuras de relevo da maçonaria portuguesa, sobrevive à ins-
16 JAN
Fidel Castro
Fidel Castro e Che Guevara
Em 16 de janeiro de 1959, Fidel Castro e os revolucionários como Che Guevara derrubam o governo cubano de Fulgêncio Batista. Manuel Urrutia passou a ser presidente do governo provisório, ao passo que Fidel Castro foi nomeado chefe dos militares cubanos. Quando a noticia da revolução chegou às ruas, houve festejos, e alguma violência, devido à resistência dos homens que defendiam o regime, Havana durante alguns dias foi um caos. Dias depois, o governo dos Estados Unidos reconheceu o novo regime. Não parecia importar muito que o governo anterior e já não existente afirmasse ter liquidado 3000 rebeldes nas ruas de Santa Clara, quando as forças de Castro retiraram para leste, ou que as forças governamentais tivessem sido divididas em três e todos os edificios governamentais estivessem ocupados pelos rebeldes. Em dois anos, Castro tinha transformado 40 guerrilheiros audazes e capazes num exército vencedor, capaz de perturbar toda a região das Caraíbas com as suas novas politicas e aliados.
Al Capone
Al Capone cresceu numa vizinhança muito pobre e pertenceu a pelo menos duas quadrilhas de delinquentes juvenis. Aos catorze anos foi expulso da escola em que cursava o ensino médio por agredir um professor. Integrou o grupo dos Cinco Pontos Five Points Gang em Manhattan, Nova Iorque e trabalhou para o gangster Frank Yale. Em 1918, Capone conheceu Mae “Joséphine” Coughlin, de ascendência irlandesa. Em 4 de dezembro de 1918, Mae deu à luz seu filho, Albert “Sonny” Francis. Capone casou-se com ela no dia 30 de dezembro do mesmo ano. No ano seguinte, 1919, foi enviado por Frank Yale para Chicago transferindo-se para lá com sua família para uma casa localizada em South Prairie Avenue, 7244. Tornou-se braço direito do mentor de Yale, John Torrio. Quando Torrio foi alvejado por rivais de outros gangues, Capone passou a liderar os negócios e rapidamente demonstrou que era melhor para comandar a organização do que Torrio, expandindo o sindicato criminoso para outras cidades entre 1925 e 1930. Aos 26 anos mostrava-se um homem sem escrúpulos, frio e violento. Em 1929 foi nomeado o homem mais importante do ano, junto com personalidades da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi. Capone controlava informantes, casas de apostas, casas de jogo, bordéis, bancas de apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos, destilarias e cervejarias. Chegou a faturar 100 milhões de dólares norte-americanos por ano, durante a Lei seca; foi um dos que mais a desrespeitaram. Em 1931, foi condenado pela justiça americana por fuga aos impostos, com onze anos de prisão. A sua pena foi revista em 1939, em decorrência de seu estado de saúde; ele tinha sífilis e apresentava traços de distúrbios mentais e morreu dessa doença em 1947.
17 JAN 18 JAN
Al Capone
Alphonsus Gabriel Capone, “Al Capone” nasceu em 17 de janeiro de 1899, em Brooklyn, Nova Iorque, Estados Unidos. Seus pais, Gabriele (12 de dezembro de 1864 - 14 de novembro de 1920) e Teresina
João Aguardela
João Aguardela (Lisboa, 2 de fevereiro de 1969 - Lisboa, 18 de janeiro de 2009) foi um cantor, músico e compositor português, conhecido por fazer parte das bandas Sitiados, Linha da
JANEIRO 2014 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
FOI HISTÓRIA ...
Frente, Megafone e A Naifa.
João Aguarela
Cedo mostrou apetência musical, tendo-se destacado como líder da banda Sitiados, que apareceu num dos concursos do Rock RendezVous e que logo no início dos anos 1990 registou inúmeros êxitos musicais. Frequentou a escola de artes António Arroio, em Lisboa. Foi uma pessoa activista em muitas causas. Manifestou o seu repúdio pela extrema-direita - mais concretamente pela morte do partidário do PSR José Carvalho- tendo participado em inúmeras manifestações sociais e políticas. Aquando da invasão do Iraque por parte dos EUA, também mostrara o seu total descontentamento. João Aguardela foi distinguido em 1994 com o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Autores. Depois do fim dos Sitiados fez parte dos projectos Linha da Frente e A Naifa. Tinha ainda o seu projecto mais pessoal: Megafone, com quatro discos. Faleceu no Hospital da Luz, em Lisboa, a 18 de Janeiro de 2009, vítima de cancro do estômago, aos 39 anos de idade.
19 JAN
Indira Ghandi
Indira Ghandi
Indira Priyadarshini Gandhi, filha de Jawaharlal Nehru, nasceu a 19 de novembro de 1917, em Allahabad, na Índia. Formou-se na escola de Visva-Bharati e, posteriormente, na Universidade de Cambridge. Em 1929, com 12 anos, Indira fundou o Vanar Sena, organização das crianças no Congresso Indiano. Após a morte da sua mãe, em 1936, Indira estreitou a sua ligação com o pai, tendo em 1938 ingressado como deputada no Congresso.Em 1955, Indira foi eleita para o Comité de Trabalho Nacional e tornou-se presidente do Partido do Congresso entre 1959 e 1960. Durante este período, ela superintendeu o colapso do governo comunista, sob a orientação de Kerala. Em 1964, foi eleita para o parlamento e veio a assumir, mais tarde, o cargo de ministra da
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Informação e das Comunicações sob presidência do sucessor de Nehru - Lal Bahadur Shastri. Após a morte de Shastri, em 1966, Indira Gandhi foi eleita primeira-ministra pelo Partido do Congresso e conduziu o seu partido a quatro vitórias consecutivas nas eleições gerais, embora sem uma maioria absoluta. Em 1969, reafirmando a orientação socialista do seu partido, Indira conseguiu o apoio do eleitorado popular no golpe de força contra a tendência conservadora do Congresso por ocasião da eleição presidencial de V. V. Giri (candidato de Gandhi). A cisão entre as várias alas do Congresso, originou uma volta radical na política interna que incluiu a nacionalização dos bancos e das companhias seguradoras. Em 1971, tendo como temática para a campanha das eleições nacionais o slogan “Erradicar a pobreza”, Indira, dado o extremo subdesenvolvimento da Índia, viu a sua imagem projetada a líder nacional e o esbatimento da oposição conservadora dentro do seu próprio partido. O desejo de reforçar a coesão nacional, consolidando ao mesmo tempo a autoridade internacional indiana, afirmou-se através do apoio vitorioso que Indira deu à insurreição do Bengala Paquistanês em dezembro de 1971, dando origem ao Estado de Bangladesh. O tratado de amizade assinado em agosto desse ano com a U. R. S. S. não a impediu de se posicionar como figura dominante da política de não alinhamento dos países do Terceiro Mundo.Internamente, depois dos êxitos nacionais, Indira teve grandes dificuldades em prosseguir a modernização do país. Em 1973, após a descida global nos preços do petróleo e a consequente crise económica, os partidos da oposição geraram uma vaga nacional de contestação contra a inflacção galopante e a corrupção. Em 12 de junho de 1975, Indira Gandhi foi considerada culpada de práticas fraudulentas nas eleições pelo Supremo Tribunal de Allabahad. No dia 25 do mesmo mês, fundamentando-se na constituição indiana, Indira decretou o estado de emergência. Como consequência, a constituição e os direitos vigentes foram suspensos, os líderes da oposição presos, os meios de comunicação censurados, o poder judicial reduzido e 110 mil ativistas políticos detidos. Um programa de reformas económicas e sociais foi estabelecido pela primeira-ministra durante este período. O filho de Indira, Sanjay Gandhi estabeleceu o Congresso da Juventude que instituiu o programa de esterilização forçada, com o objetivo de combater o excesso de demografia no país. O estado de emergência foi levantado em março de 1977 e as eleições para a Assembleia Nacional foram marcadas. Após a derrota nas eleições de 1977, Indira Gandhi regressou ao poder em 1980 com o seu novo partido: O Congresso I (Indira). Nesse ano, o seu filho Sanjay, o preferido de Indira para a sucessão, morreu num acidente de aviação. Indira Gandhi continuou a combater vigorosamente as múltiplas reinvindicações nacionalistas dos povos da União Indiana, especialmente as dos Sikhs do Penjabe. No último período (19801984) o exercício do poder como primeira-ministra foi marcado pela centralização e pela personalização. Em 1980, Indira desmantelou Akali Dal, o partido Sikh e sediou o governo em Penjabe. Esta medida originou uma escalada de violência tal que a 4 de junho de 1984 Indira ordenou ao exército indiano que erradicasse a resistência militar Sikh, sediada no Templo Dourado. Esta operação designada pelo nome de código “Estrela Azul” resultou na morte de um grande número de pessoas e na alienação permanente da comunidade Sikh. Apesar da operação “Estrela Azul” ter consolidado a popularidade de Indira entre a comunidade Hindu, alguns militares revoltaram-se contra o massacre dos civis Sikhs. O ressentimento da etnia Sikh culminou com o assassinato de Indira Gandhi, a 31 de outubro de 1984, em Nova Deli, por um elemento Sikh da sua guarda pessoal.Após a morte de Gandhi, sucedeu-lhe de imediato o seu outro filho Rajiv no lugar de primeiro-ministro.
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20 JAN 21 JAN
Federico Fellini
João Villaret
Federico Fellini
Realizador italiano nascido a 20 de janeiro de 1920, em Rimini, e falecido a 31 de outubro de 1993, em Roma, vítima de ataque cardíaco. Devido ao seu amor pelo mundo circense, fugiu de casa com apenas 12 anos para se juntar a uma trupe. Durante a II Grande Guerra, trabalhou como tradutor e argumentista para programas radiofónicos. Em 1942, conhece a atriz Giuletta Masina com quem acabará por casar. A sua entrada no mundo do cinema faz-se através do seu amigo e ator cómico Aldo Fabrizi, que o contratou para escrever os seus guiões. Em 1944, é apresentado a Roberto Rossellini, que gosta da qualidade dos seus textos e o contrata para argumentista de Roma, Città Aperta (Roma, Cidade Aberta, 1945) e Pais (Libertação, 1946). Fellini decide então enveredar pela realização: o seu primeiro título será Luci Del Varietà (Luzes de Variedades, 1950), que passará praticamente despercebido. Não obstante, Fellini decide arriscar e obtém o seu primeiro grande triunfo com um filme de profundo cunho pessoal que retrata a sua juventude em Rimini, protagonizado por Alberto Sordi: I Vitelloni (Os Inúteis, 1953) vencerá o Leão de Prata do Festival de Veneza e conferirá notoriedade a Fellini. O seu projeto seguinte será sobre a sua grande paixão, o circo: La Strada (A Estrada, 1954), com Anthony Quinn e Giuletta Masina, conta a história dum grupo de saltimbancos em busca da redenção num mundo que os rejeita. O filme será recebido internacionalmente como uma obra-prima e será premiado com o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro, o primeiro de quatro Óscares. Os restantes serão por Le Notti di Cabiria (As Noites de Cabíria, 1957), a história simples, mas bela duma prostituta que sonha com a fortuna, por 8 1/2(Fellini Oito e Meio, 1963), um retrato da crise criativa dum realizador, e por Amarcord (1974), onde fez uma descrição da Itália dos anos 30. Pelo meio, ficaram outras obras célebres como La Dolce Vita (A Doce Vida, 1960), onde Marcello Mastroianni desempenhou genialmente um jornalista desencantado com a sociedade romana, Giulietta Degli Spiriti (Julieta dos Espíritos, 1965), uma fantasia surrealista sobre uma mulher que teme estar a ser vítima de adultério, e Satyricon (1969), um retrato da decadência do Império Romano. Contudo, Fellini não escapou aos fracassos de bilheteira: Il Casanova de Federico Fellini (Casanova de Fellini, 1976) e La Città Delle Donne (A Cidade das Mulheres, 1980) foram mal recebidos pelo público e abalaram o prestígio do realizador, que encontrou dificuldades em encontrar apoios financeiros para os seus projetos seguintes, nomeadamente E La Nave Va (O Navio, 1983) e Ginger e Fred (1986), este último uma magnífica sátira aos meios televisivos através dos olhos de dois velhos dançarinos (Mastroianni e Masina, num portentoso duelo interpretativo). La Vocce Della Luna (A Voz da Lua, 1990) foi o seu derradeiro título. Em 1992, recebeu um Óscar Honorário em reconhecimento pelas suas obras cinematográficas.
João Vilaret
Ator e declamador de excecional talento nascido a 10 de maio de 1913, em Lisboa, e falecido a 21 de janeiro de 1961, na mesma cidade. Depois de ter terminado o Liceu, dedicou-se ao teatro, tendo estado ligado à revitalização do teatro nacional. Gradualmente, ganhou fama de declamador pelo que causou algum escândalo quando decidiu, em 1941, enveredar pelo teatro de revista, provando em êxitos sucessivos que era possível conciliar o género dramático e o de revista. A mais popular de todas terá sido ‘Tá Bem Ou Não ‘Tá? (1947), onde popularizou o célebre Fado Falado, da autoria de Aníbal Nazaré e Nélson de Barros, que mais não era do que um recitativo sobre melodia de fado onde a letra em vez de ser cantada era declamada. Este género de poesia ganhou enorme popularidade, especialmente depois de A Vida É Um Corridinho (1952) ou o famoso A Procissão (1955), da autoria de António Lopes Ribeiro, que viria, anos mais tarde a popularizar num seu programa televisivo. Aliás, a poesia, especialmente a de Cesário Verde, era uma das suas grandes paixões, tendo ficado famosas as suas tertúlias no Café Brasileira do Rossio. De entre as suas peças mais célebres, destacam-se A Recompensa (1937), de Ramada Curto, A Madrinha de Charley (1938), de Brandon Thomas, Leonor Teles (1939), Melodias de Lisboa (1955), da sua autoria, Não Faças Ondas (1956) e Esta Noite Choveu Prata (1959). Das suas interpretações cinematográficas, destacam-se a sua personificação de D.João VI em Bocage (1936), um papel secundário, mas mordaz de mudo, em O Pai Tirano (1941), de Bobo, em Inês de Castro (1944), de D. João III, em Camões (1946) e aquela que terá sido a sua melhor interpretação de sempre em cinema, a de Telmo Pais, em Frei Luís de Sousa (1950). O seu último papel foi o de Sebastião, em O Primo Basílio (1959). Doença prolongada obrigou-o a retirar-se dos palcos em 1960, tendo falecido no ano seguinte. A sua morte causou manifestações de grande pesar em Lisboa, de tal forma que, durante muitos anos, os lisboetas celebraram o aniversário da sua morte com um recital de poemas no Cinema S. Jorge, onde a sua voz se ouvia num palco vazio iluminado apenas por um foco de luz. Em sua homenagem, Raul Solnado fundou, em 1965, o Teatro Villaret.
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22 JAN
Elizabeth Blackwell
Elizabeth Blackwell
Em 22 de janeiro de 1849 Elizabeth Blackwell obtém o diploma de medicina no Geneva College sendo a primeira mulher nos Estados Unidos oficialmente reconhecida como médica. Rejeitada pela maioria das escolas médicas da época, Blackwell foi admitida, por fim, no Geneva College, onde suportou o assédio por parte dos estudantes e da própria instituição, através da perseverança quis tornar-se a melhor aluna do curso. Blackwell é considerada a primeira mulher formada em Medicina nos tempos modernos. Em 1875, tornou-se professora e Ginecologia na Escola de Medicina para Mulheres, em Londres, para uma disciplina para a fundação para qual contribuíra. Também neste dia de 22 de janeiro, mas de 1997, após aprovação unânime do Senado dos Estados Unidos, Madelaine Albright é a primeira mulher americana a ser empossada como Secretária de Estado pelo vice-presidente Al Gore, na Casa Branca. À frente do Departamento de Estado, Albright tornou-se a mulher que ocupou na história dos E.U.A, o cargo oficial mais elevado. Foi então dito que deixara de existir “o teto de vidro” impeditivo à ascensão das mulheres a altos cargos políticos no governo e nas empresas.
23 JAN
drid de 1921 a 1926. Foi aqui, durante a sua estadia na residência de estudantes, que Dalí conheceu e se tornou amigo do poeta Federico García Lorca e do cineasta Luis Buñuel, com os quais viria, mais tarde, a desenvolver alguns projetos. Depois de estudar em Madrid, rumou para Paris onde se instalou e se tornou membro oficial do grupo surrealista. As simpatias de Dalí pelos regimes de extrema-direita terão levado, mais tarde, Breton a exclui-lo do grupo. Datam desta altura algumas das suas obras mais representativas do surrealismo, como, por exemplo, “A Persistência da Memória”, “O Jogo Lúgubre” e “Grande Masturbador”. Em 1929 conheceu Helena Diakonova, conhecida por Gala Éluard, uma jovem russa que, tendo sido companheira de Paul Éluard, viria a tornar-se na modelo e companheira inseparável de Dalí. Entre 1928 e 1930, colaborou com Buñuel nos filmes Un Chien Andalou e L’âge d’Or. Os primeiros quadros surrealistas foram expostos em 1929 e sugerem a influência de De Chirico. A mistura do real com o irreal é uma característica que se tornará frequente no seu trabalho. Elaborou um método a que chamava “crítico-paranoico”, que implicava o recurso ao inconsciente, na interpretação livre de “associações delirantes”. Possuía uma técnica magistral, que colocou ao serviço de uma imaginação transbordante alimentada pela leitura cuidada de Freud. As imagens oníricas e os claros símbolos sexuais não impediram o público de assimilar a sua obra, que obteve um sucesso enorme, sobretudo depois da Segunda Grande Guerra. Nos Estados Unidos da América, para onde Dalí e Gala viajaram em 1940 e onde permaneceram durante cerca de oito anos, o artista fez, no Museu de Arte Moderna de Nova York, a sua maior exposição. Escreveu ainda A Vida Secreta de Salvador Dalí e trabalhou por diversas vezes para o cinema, teatro, ópera e bailado. Em 1974 inaugurou o Teatro-Museu de Figueras, onde se encontra exposta uma grande parte da sua obra, e, em 1983, criou a Fundação Gala-Salvador Dalí, uma instituição que gere, protege e divulga o seu legado artístico e intelectual. Morreu em 1989, sete anos depois de Gala, e foi sepultado, como era seu desejo, no Teatro-Museu que o próprio Dalí criou e ao qual deu o seu nome.
24 JAN
Nuclear
Salvador Dali
Salvador Dali
Pintor espanhol, Salvador Dalí nasceu em Figueras, na Catalunha, a 11 de maio de 1904 e aí morreu a 20 de janeiro de 1989. Filho de um prestigiado notário daquela cidade, frequentou a Academia de Belas-Artes de Ma-
Em 24 de janeiro de 1958 duas equipas de investigaçao, uma americana e outra inglesa anunciam que tiveram êxito na fusão de dois átomos leves para constituir um átomo mais pesado. Também assim chamada reação termonuclear, a fusão nuclear implica que os átomos leves sejam aquecidos 100 milhões
Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | JANEIRO 2014
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FOI HISTÓRIA ...
de graus antes de colidirem para causar a fusão. A energia libertada durante a fusão nuclear é superior a uma reação de fissão que foi descoberta em 1938 e produz energia ao dividir um núcleo mais pesado em dois núcleos mais leves. A energia de fusão é um elemento importante, “embora a longo prazo”, da estratégia energética de um país, dadas as vantagens enquanto fonte energética. A aplicação de técnologias práticas de fusão no Sec. XXI poderia melhorar a segurança de um país, oferecendo alternativas aos combustiveis fósseis. A energia de fusão permitirá decisivos avanços tecnológicos na computação de alta velocidade. Esta fonte de energia continua a ter resistência em diversos quadrantes politicos pois as energias chamadas “renováveis” estão a dar os primiros passos e a obterem resultados, todo o conceito de construção de novos edificios e fábricas estão começar a dar os primeiros resultados. Falta dizer que, quem produzir, ou dominar a técnica da fusão nuclear o pode fazer não só para fins pacificos mas como armas de “destruição massiva”.
25 JAN
Jobim
António Jobim
António “Tom” Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nasceu no Rio de Janeiro a 25 de janeiro de 1927, faleeceu em Nova Iorque, a 8 de dezembro de 1994, mais conhecido como Tom Jobim, foi um compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro. É considerado o maior expoente de todos os tempos da música brasileira pela revista Rolling Stone, e um dos criadores e uma das principais forças do movimento da bossa nova. António Carlos Jobim era doutor «honoris causa» pela Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em 1991. O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi renomeado Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - António Carlos Jobim, decisão junto do Congresso Nacional por uma comissão de notáveis, formada por Chico Buarque, Oscar Niemeyer, João Ubaldo Ribeiro, António Cândido, António Houaiss e Edu Lobo, criada e pessoalmente coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.
26 JAN
A queda de Barcelona
Francisco Franco
Em 26 de dezembro de 1939 Barcelona cai nas mãos do ditador de Franco. Em 1939, durante a guerra civil espanhola, e após a batalha do Ebro (Julho a Outubro de1938) em que o exército republicano efectuou uma desesperada tentativa para voltar a juntar o território da Catalunha com o resto do território ocupado pela República Espanhola, não se esperava que a Catalunha tivesse capacidade para resistir ao avanço das forças nazis espanholas sobre Barcelona. Segundo muitos historiadores, o ditador Francisco Franco, após a batalha do Ebro, poderia ter avançado sobre a Catalunha com alguma facilidade durante o Outono de 1938, mas optou por um combate de desgaste, com o intuito de «sangrar» a Catalunha, para evitar que futuramente voltasse a existir qualquer sentimento independentista. A República, numa tentativa de isolar os rebeldes nazistas, jogou a sua última cartada, ao dissolver as brigadas internacionais em Novembro de 1938, acreditando que essa medida levaria a Alemanha e a Itália a cancelarem o seu apoio. Na verdade isso não ocorreu e à retirada das brigadas internacionais, correspondeu o continuo apoio de Hitler e de Mussolini aos rebeldes franquistas, cujo exército somava já 1.000.000 de homens no inicio de 1939.
27 JAN
Vitimas do Holocausto
Dia 27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
JANEIRO 2014 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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FOI HISTÓRIA ...
Rejeitando qualquer negação do Holocausto como um acontecimento histórico, na íntegra ou em parte, a Assembleia Geral adotou por consenso, em 2005, a resolução A/RES/60/7, na qual condena “sem reservas” todas as manifestações de intolerância religiosa, incitação, assédio ou violência contra pessoas e comunidades com base na origem étnica ou crença religiosa, onde quer que ocorram. Este mesmo documento pede à ONU que designe o dia 27 de janeiro – aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau – como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, e solicita aos Estados-Membros que desenvolvam programas educacionais para que a tragédia não seja esquecida pelas gerações futuras com o objetivo de evitar que atos de genocídios voltem a acontecer. O tema deste ano – Resgate durante o Holocausto: a coragem de se importar – presta homenagem àqueles que arriscaram suas vidas e de suas famílias para salvar judeus e outros da morte quase certa sob o regime nazista. “Algumas dessas histórias alcançaram destaque icônico – como a história de Raoul Wallenberg, um diplomata sueco que ajudou a salvar dezenas de milhares de judeus em Budapeste. Mas as histórias de muitos dos salvadores são conhecidas apenas por aqueles que se beneficiaram de seus atos corajosos”, lembra o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, na mensagem para Dia Internacional.
28 JAN
Challenger
Explosão do vaivem Challenger foi um vaivém espacial da NASA, explodiu em 28 de janeiro de1986. Foi o segundo a ser fabricado, após o Columbia. Foi a primeira vez ao espaço em 4 de abril de 1983. Em 28 de Janeiro de 1986, na STS-51-L (sua décima missão), um defeito nos tanques de combustível causou a explosão da Challenger, matando todos seus ocupantes, inclusive a professora Christa McAuliffe, a primeira civil a participar de um voo espacial. Este desastre paralisou o programa espacial norte-americano durante meses, durante os quais foi feita uma extensa investigação que concluiu por defeito no equipamento e no processo de controleo de qualidade na fabricação das peças. A investigação sobre o acidente com o vaivém espacial foi liderada pelo renomado físico novaiorquino Richard Philips Feynman, que descobriu uma falha nos anéis de borracha que serviam para a vedação das partes do tanque de combustíveis, que apresentava anomalias na expansão quando a temperatura chegava aos 0°C
(ou 32°F). Feynman foi a público explicar as causas do acidente que chocou os Estados Unidos com transmissão em rede nacional e ao vivo.
29 JAN
Red Alert
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recepção. O código é transmitido e recebido pelos aviões bombardeiros sobreviventes e são chamados à base com sucesso, minutos antes de bombardear os alvos na União Soviética-poupar para o Alabama Angel o último ataque, com avarias e o danificado rádio impede o seu rgresso, e progride para o seu alvo. Num último esforço para evitar uma guerra nuclear soviético-americano, o presidente dos EUA, oferece ao comando soviético o direito compensatório para destruir uma cidade dos EUA, oferecendo Atlantic City, New Jersey , no entanto, no momento final, o Anjo Alabama não consegue destruir o seu alvo devido a uma avaria e catástrofe nuclear é evitada.
31 JAN
Norman Mailer
30 JAN
Cubo
Red Alert capa
Red Alert é um 1958 novela por Peter George sobre a guerra nuclear . O livro foi a base para Stanley Kubrick em 29 de janeiro de 1964 fazer e estrear o filme , Dr.Strangelove ou: Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar a Bomba . O filme de Kubrick difere significativamente da novela em que ele é uma comédia de humor negro . Originalmente publicado no Reino Unido como “Duas horas para Perdição - com George usando o pseudónimo de “Peter Bryant” - o romance lida com a ameaça apocalíptica de uma guerra nuclear e quão é absurdo facilidade com que ele pode ser acionado. Um gênero de tal ficção tópico surgiu no final de 1950 liderados por Nevil Shute ‘s On the Beach - do qual alerta vermelho foi um dos primeiros exemplos. Em delírio paranoico , um moribundo Força Aérea dos EUA (USAF) em geral, pensando em tornar o mundo um lugar melhor, lança unilateralmente um ar, de preferência ataque, nuclear sobre a URSS , de seu comando no Sonora, Texas , Strategic Air Command (SAC ) base de bombardeiros, ao ordenar a asa da bomba 843 para atacar, por plano de guerra “Wing Attack Plano R”-o que iria autorizar um menor escalão SAC comandante retaliar depois de um inimigo primeiro ataque foi decapitado o Governo dos EUA. Ele ataca com todo o B-52 bombardeiro asa de novos aviões cada armados com duas armas nucleares e protegidas com contramedidas eletrónicas para evitar que os soviéticos de atirar-los. Quando o presidente dos EUA, e do Gabinete tomar consciência que o ataque está em andamento, eles ajudam a intercepção defesa soviética dos bombardeiros da USAF, para pouco efeito, porque os soviéticos destruir apenas dois bombardeiros e um dano, o Anjo Alabama, que permanece no ar e no caminho para alvo. O Governo dos EUA restabelece a base aérea SAC da cadeia de comando , mas o general suicida que lançou o ataque, o único homem sabendo do recall código-mata antes da captura e interrogatório, no entanto, seu diretor executivo deduz corretamente o código de recordação entre doodles do general de almofada de
Norman Kingsley Mailer
Cubo mágico
Em 30 de janeiro de 1975, Erno Rubik, obtém a patente do Cubo de Rubik ou mais conhecido como cubo mágico. O primeiro protótipo do cubo foi fabricado em 1974 quando Ernő Rubik era professor do Departamento de Desenho de Interiores da Academia de Artes e Trabalhos Manuais Aplicados de Budapeste Hungria. Quando Rubik criou este quebra-cabeça, a sua intenção era criar uma peça que fosse perfeita, no que se refere à geometria, para ajudar a ilustrar o conceito da terceira dimensão aos seus alunos de arquitetura. A primeira peça que realizou foi em madeira e pintou os seus seis lados com seis cores distintas, para que, quando alguém girasse as faces do cubo, tivesse uma melhor visualização dos movimentos realizados. Originalmente foi chamado o “cubo Mágico” pelo seu inventor, mas o nome foi alterado pela Ideal Toys para “cubo de Rubik”. Nesse mesmo ano, ganhou o prémio alemão do “Jogo do Ano” (Spiel des Jahres). Ernő Rubik demorou um mês para resolver o cubo pela primeira vez. O cubo de Rubik tornou-se um ícone da década de 1980, década em que foi mais difundido. O Cubo de Rubik é um cubo geralmente convencionado em plástico e possui várias versões, sendo a versão 3x3x3 a mais comum, composta por 6 faces de 6 cores diferentes, com arestas de aproximadamente 5,5 cm. Outras versões menos conhecidas são a 2x2x2, 4x4x4 e a 5x5x5. É considerado um dos brinquedos mais populares do mundo, atingindo um total de 900 milhões de unidades vendidas, bem como suas diferentes imitações.
Norman Kingsley Mailer nasceu em Long Branch, Nova Jérsei, a 31 de Janeiro de 1923 e falesceu em Nova Iorque, a 10 de Novembro de 2007, foi um escritor norteamericano, premiado duas vezes com o Prémio Pulitzer. Norman Kingsley Mailer é considerado um dos pais da não-ficção criativa, também chamado de Novo Jornalismo, ao lado de escritores como Tom Wolfe e Truman Capote, vértice da literatura norteamericana. Estudou engenharia aeronáutica na Universidade de Harvard, onde despertou interesse pela leitura e escrita através de artigos do jornal universitário. Com fama e reconhecimento internacionais desde 1948, quando seu livro Os Nus e os Mortos (The Naked and the Dead), baseado em experiências vividas na Segunda Guerra Mundial, foi um best seller bastante elogiado pela crítica, Mailer foi duas vezes premiado com o Pulitzer: em 1968 com Os Exércitos da Noite (Armies of the Night) e em 1979 com A Canção do Carrasco (The Executioner’s Song) sobre o condenado à morte Gary Gilmore. Importante expoente da contracultura nos Estados Unidos dos anos 60, Mailer foi um dos fundadores do influente jornal alternativo The Village Voice e ativista contra a Guerra do Vietnam, o que lhe custou uma prisão. A biografia sobre Marilyn Monroe publicada em 1973 foi um de seus grandes sucessos de vendas e provocou enorme polêmica, com as afirmativas de que a morte da atriz teria sido causada pelo FBI e pela CIA, que condenavam seu suposto romance com o senador Robert Kennedy. Morreu em 10 de novembro de 2007 no Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque, aos 84 anos, vítima de problemas pulmonares.
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | JANEIRO 2014
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ACONTECEU... A todos um
Bom Natal
“A todos um bom Natal” foi uma iniciativa integrada no projecto “Biblioteca para avós” que a
equipa da Biblioteca Municipal levou a cabo na semana de 9 a 13 de Dezembro.
O grupo, percorreu mais uma vez o concelho desejando aos mais velhos umas festas felizes através de mais uma história de Natal. “Ninguém dá prendas ao Pai Natal”, da escritora Ana Saldanha foi a obra seleccionada para a dramatização deste ano. As visitas decorreram de segunda a sexta- feira, nos Lares e Centros de Dia de Abrunhosaa- Velha, Chãs de Tavares, Cunha Baixa, Fornos de Maceira Dão, Santiago de Cassurrães, Contenças de Baixo, e Mangualde. Foram momentos de partilha, de carinho e boa disposição em que mais uma vez se valorizou a promoção do livro e da leitura. Para além de promover a leitura, esta iniciativa pretende ainda contribuir para o bem-estar
dos idosos que se encontram nestes espaços, oferecendo carinho e sorrisos e, contrariando o isolamento que pode surgir nestas idades. A ação enquadra-se no projeto “Biblioteca para avós” que resultou de uma parceria entre a Biblioteca Municipal e o Serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Mangualde.
Presépios Workshop
A Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves acolheu, nos dias 9 de novem-
bro e 7 de dezembro, dois workshops que ensinaram a pintar os diferentes intervenientes que compõe o presépio. A iniciativa contou com o apoio da Câmara Municipal de Mangualde. Conduzidos pela pintora mangualdense Alzira Ferreira, estes workshops permitiram aos participantes aprender a pintar o anjo, a vaca e o burro (no dia 9 de novembro) e o menino, a Maria e o José (no dia 7 de dezembro) e neste natal tiveram um presépio pintado por os próprios.
Pontos e Encontros Esteve patente na Biblioteca Municipal de Mangualde, Dr. Alexandre Alves mais uma exposição do atelier “Pontos e Encontros”. A
abertura da exposição realizou-se a, 11 de dezembro, e contou com a presença da Vereadora de Ação Social da Câmara Municipal de Mangualde, Maria José Coelho. A iniciativa é promovida pela autarquia mangualdense e revela os trabalhos elaborados pelos munícipes com 65 anos ou mais, no âmbito do atelier de trabalhos manuais dinamizado por uma voluntária do Banco Local de Voluntariado de Mangualde. O atelier funciona semanalmente na Biblioteca Municipal e tem como objetivo ocupar os tempos livres de seniores com 65 ou mais anos, promovendo a vitalidade e o potencial de cada um, contribuindo para um envelhecimento ativo. Com o objetivo de angariar dinheiro que reverterá para obras sociais e de solidariedade e para a compra de material para a dinamização do atelier, durante a exposição serão vendidos alguns trabalhos a preço simbólico.
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ÚLTIMA
scriptum
“Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos” Luís de Camões
em fevereiro EXPOSIÇÃO DE PINTURA E DESENHO DE PEDRO FERREIRA
Top 5 Adultos 2013 1.º A filha do Papa - Luís Miguel Rocha 2.º Memorial do convento - José Saramago 3.º A mão do diabo - José Rodrigues dos Santos 4.º O código da inteligência - Augusto Cury 5.º A mão de Fátima - Ildefonso Falcones
Top 5 Infanto - Juvenil 2013 1.º História com recadinho - Luísa Dacosta 2.º Os Bochachas - Pepe Carneiro 3.º O beijo da palavrinha - Mia Couto 4.º Lendas de Portugal - Gentil Marques 5.º O sensacional Homem Aranha - Stan Lee
“ALÉM DA IMAGINAÇÃO” Exposição de Pintura Alzira Ferreira Pedro Ferreira nasceu em fevereiro de 1974 na cidade de Viseu. Desde muito cedo demonstrou ter uma grande sensibilidade pela arte executando aos 4 anos de desenho a lápis sobre papel intitulado “Um carro esbarrado”. Autodidata, iniciou-se em 1989 na pintura a óleo com a sua primeira obra, um óleo intitulado “Psephotus Varius” . Durante vários anos manteve-se no anonimato, até que um dia, à mesa de um café, alguns amigos conhecedores da sua obra o incentivaram a expor, dando assim a conhecer alguns dos seus trabalhos que guardava em casa.
A 8 de julho de 2002, conjuntamente com ouro autor, deu-se finalmente a conhecer ao grande público através dos seus trabalhos que quase na sua totalidade, foram inspirados numa grande paixão que o autor tem por papagaios. Desde 2004, tem vindo a desenvolver o seu potencial artístico nas vertentes do Movimento Pictórico.
Organização: Cãmara Municipal de Mangualde Átrio da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves Informações e contactos: Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Aleves e Gabinete de Gestão e Programação do Património e Cultura