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Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves Série. 01 N. 01
outubro, 2013
www.biblioteca.cmmangualde.pt
Nuno camarNeiro
Pais em linha lançam livro sobre “meninos espaciais”
Prémio Leya em 2012 lança novo livro “Debaixo de algum céu”
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Aprender em Festa » 13
Urbano Tavares Rodrigues morreu aos 89 anos e com 61 anos de carreira literária.
Dia Internacional do Cinema de Animação celebrado em Mangualde
“Engenhos sonoros”
Morreu António Ramos Rosa
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Mostra integrada no mês em que se comumora o Dia Intenacional da Musica.
“Um dos maiores nomes de sempre da poesia portuguesa”. SPA
Rodrigo Leão banda sonora do filme O Mordomo
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Leituras Enfeitiçadas Vem passar o Halloween na Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves. LEITURAS ENFEITIÇADAS é uma actividade de promoção da leitura que tem como ob-
jectivo aproximar o público dos livros, nomeadamente, dos contos tradicionais e outros que nos transportam através do imaginário para o mundo da magia. » 11
»7 Patente de 2 a 31 de outubro, na Biblioteca
Municipal Dr. Alexandre Alves.
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Conteúdos editorial..............................................................................................................2 notícias ...............................................................................................3 Morreu António Ramos Rosa........................................................................................3 Pais-em-Rede lançam livros sobre “meninos especiais”..........................................3 Os escritores de todo o mundo agora podem concorrer ao prémio Man Booker...........3 Destaques do mês................................................................................4 “Hei-de amar-te mais” - Tiago Salazar.........................................................................4 “Inferno” - Dan Brown................................................................................................4 “O barão” - Sveva Casati Modignan...............................................................................4 “Antologia poética” - António Ramos Rosa.....................................................................4 “Um homem de partes” - David Lodge........................................................................4 “As gémeas voltam ao colégio” - Enid Blyton...............................................................5 “A bruxa Mimi”- Korky Paul e Valerie Thomas..............................................................5 CONTO DO MÊS........................................................................................5 “Boleia Perigosa”.........................................................................................................5
POESIA.................................................................................................6 António Ramos Rosa....................................................................................................6 CINEMA.........................................................................................7 “O Mordomo” - Lee Daniels..........................................................................................7 Woody Allen vai receber prémio carreira nos Globos de Ouro.........................................7 mUSICA..........................................................................................8 Ana Moura - “Desfado”. ..............................................................................................8 Linda Martini - “Turbo Lento”........................................................................................8 TEATRO...........................................................................................9 Morreu Fernado Ruas..................................................................................................9 Teatro de São João ainda sem mecenas.......................................................................9 dANÇA.............................................................................................9 A dança como necessidade - Maria Pagés..........................................................................9 Património.........................................................................................9 Livraria Lello monumento de interesse público.........................................................9
PINTURA.........................................................................................10 Amadeo de Souza-Cardoso.......................................................................................10 eXPOSIÇÕES / aTIVIDADES......................................................................11 “Engenhgos Sonoros”................................................................................................11 “Leituras Enfeitiçadas”...............................................................................................11 “Aprender em Festa”...................................................................................... ..............12 AGENDA................................................................................................................12 Nuno Camarneiro.............................................................................13 PROJETOS......................................................................................17 Orquestra POEMa.......................................................................................................17 Biblioteca para Avós.................................................................................................17 fOI HISTÓRIA.......................................................................................18 aconteceu..............................................................................25 Hora do conto.............................................................................................................25 ÙLTIMA..........................................................................................26
Amadeo de Sousa -Cardoso “Mas amanhã , quando já souberes o seu valor, terás remorsos de não teres sabido ontem”
José de Almada Negreiros
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OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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editorial
C
hegados ao final de quatro anos de mandato, vale a pena fazer uma reflexão sobre as actividades culturais que promovemos em Mangualde, não tanto para balanço do trabalho feito mas, mais importante, para determinar o rumo a seguir nos próximos 4 anos que se inauguram agora. A nossa principal preocupação, desde o início, focou-se na criação de públicos através de uma programação regular, estabelecendo enfoques em determinados períodos do ano, cumprindo uma estratégia que procurámos implementar e que, sem qualquer falsa modéstia, julgamos que conseguimos atingir. Distinguimos, assim, dois momentos que em todos os anos procurámos preencher com cultura e encher a alma. Escolhemos a
música para o fazer, quer no Natal com os concertos de época que temos feito, quer na Semana Santa com os concertos na Igreja Paroquial e Na Ermida da Senhora do Castelo. Mas também tivemos teatro, com inúmeras peças, exposições palestras e colóquios donde destacamos as realizadas no assinalar dos 200 anos das Invasões Francesas e o que promovemos sobre a Lusitânia antiga e que trouxe a Mangualde vários e os maiores especialistas em história dessa época. Das diversas exposições que fizemos, acolhidas na Biblioteca Municipal Alexandre Alves, e que tiveram centenas de visitantes e apreciadores de arte, destacamos a exposição de Presépios do Mundo com mais de mil visitantes. Com produção própria, em parceria com diversas instituições de Mangualde, criámos
ficha técnica Equipa da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves
dois momentos altos com a “prata da casa”. O primeiro no assinalar dos 15 anos da Biblioteca e o segundo no encerramento de toda a programação cultural do mandato com a semana do Quarto Crescente. E provando que a “prata que temos em casa” é do mais puro quilate, estabelecemos uma parceria com a Amarte, associação residente na Biblioteca, que promoverá a arte, especificamente o teatro e a dança, com escolas em ambas as vertentes. Na música, fizemos o mesmo com a POEMa, a Orquestra de Mangualde, criada agora em parceria com as bandas do concelho, as Escolas de Mangualde e o Conservatório de Música José de Azeredo Perdigão. Mas a cultura também é Património. Por isso, das diversas iniciativas que concretizámos na promoção e divulgação do nosso
Património, realçamos as intervenções que fizemos na Torre de Gandufe e na Estalagem Romana da Raposeira, subsidiadas por fundos comunitários e no Altar da Capela do Rebelo com o apoio da Fundação PSA. Finalizámos o mandato com a aquisição do antigo Cine Teatro Império e com ele queremos marcar, em definitivo, o regresso da cultura e das artes ao concelho, não só com produções adquiridas para o efeito mas, sobretudo, com a produção própria que saberemos fazer com os meios adequados. Para que tudo isto seja um êxito e que faça valer a pena, a participação dos Mangualdenses é fundamental. Tudo o que fazemos é para os Mangualdenses. Todo o êxito que temos é a eles que o devemos.
João Lopes
Vereador da Cultura
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
Morreu António Ramos Rosa
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notÍcias
Tinha 88 anos, e uma vasta obra na poesia, ensaio e tradução. Nos últimos anos desenhou rostos de mulheres. António Ramos Rosa, algarvio, morreu esta tarde em Lisboa. in Expresso 23/09/2013 O poeta e ensaista António Ramos Rosa, de 88 anos, morreu cerca das 14h de hoje, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, onde estava internado desde quinta-feira com uma pneumonia, disse ao Expresso uma sobrinha do escritor. Gisela Ramos Rosa disse ainda que o tio já tinha sido internado recentemente, mas recuperara, regressando à residência Faria Mantero, um lar para artistas onde residia há vários anos. Ramos Rosa tem uma “obra multifacetada, embora predomine a poesia. Foi um exímio tradutor e ensaista”, disse ao Expresso o poeta Victor Oliveira Mateus. Do seu círculo de amigos mais próximo - e da geração mais próxima da dele - fizeram parte os escritores “Vergílio Ferreira, Casimiro de Brito, João Rui de Sousa e Maria Teresa Horta”, acrescenta Victor Oliveira Mateus. Ramos Rosa, também “apoiou alguns nomes das gerações seguintes com quem manteve relações de proximidade. Foi o caso de António Carlos Cortez, Maria Teresa Dias Furtado e eu próprio”, acrescenta Victor Oliveira Mateus. Contactado pelo Expresso, António Carlos Cortez, recorda que em 2003, teve “oportunidade de organizar e prefaciar o livro “Os animais do sol e da sombra. Quando terminei tive a percepção clara de que Ramos Rosa era
um poeta da metalinguagem”. “Mas isso não lhe retirou nenhuma leveza nem nenhuma naturalidade”, acrescenta. Na perspetiva de António Carlos Cortez “morreu, talvez, o último representante de uma geração de ouro da poesia portuguesa. Homens nascidos nos anos 10 e 20 do século XX, como é o caso de David Mourão-Ferreira, Carlos Oliveira e Mário Cesariny” [entre outros]. Poema do funcionário cansado António Ramos Rosa nasceu em Faro em 17 de Outubro de 1924. Em 1945 participou na formação do MUD Juvenil. Ao longo do tempo manteve sempre a sua atitude crítica em relação ao Estado Novo e, em 1970, recusouse a receber o Prémio Nacional de Poesia da Secretaria de Estado de Informação e Turismo atribuído a “Nos Seus Olhos o Silêncio”. Em o “Poema do Funcionário Cansado”, escrito em pleno Estado Novo, lê-se: “ Sou um funcionário apagado/ um funcionário triste/ a minha alma não acompanha a minha mão”. É esta “capacidade imaginativa verbal raríssima, esta atenção real” que fazem com que Ramos Rosa tenha “uma obra ímpar”, diz António Carlos Cortez. Cortez destaca um outro e último aspeto no “caminho artístico de Ramos Rosa. Desen-
Pais-em-Rede lançam livros sobre “meninos especiais”
As escritoras Luísa Beltrão, Alice Vieira e Luísa Ducla Soares apresentam três livros sobre crianças portadoras de deficiência. A filha mais nova de Luísa Beltrão trabalha, tem 33 anos e 90% de incapacidade. “É bom ter amigos”, “Um detective em cadeira de rodas!” e “Um mundo só meu”, são as histórias da Vera, do Tiago e do João, três meninos que existem de verdade. A receita da venda destes livros (três euros cada livro) reverte na totalidade para a associação Paisem-Rede . Os livros são hoje apresentados por Bárbara Guimarães, na livraria Ler Devagar, em Lisboa, pelas 18 horas. Luísa Beltrão começou a escrever tarde e a publicar bem depois dos 40. “Decidi tornar-me escritora para ter voz”, disse ao Expresso. A filha mais nova tem uma incapacidade intelectual de 90%, e Luísa cedo constatou que a “socialização” poderia ser o maior obstáculo à integração da filha. “Estava em Londres quando o Sá Carneiro morreu. Tinha lá levado a minha filha, que tem
o mesmo nome que eu. O médico fez uma avaliação exaustiva e disse-me: ‘A sua filha está nas suas mãos, vai ser o que fizer dela’”. Luísa Beltrão começou a trabalhar, a escrever, a meter-se em projectos voluntários com o fito de criar uma rede de suporte a pais e deficientes. Deu uma volta completa à sua vida. “Esta minha filha foi um motor de mudança.” Depois de várias experiências que “nunca eram bem o que tinha em mente”, em 2008, fundou a Pais-em-Rede, com um grupo de mães de portadores de deficiência. Cinco anos depois, a associação tem 2500 associados e 21 núcleos regionais, distribuídos por todo o país que prestam apoio a pais, professores, e outros grupos que contactem com portadores de deficiência. Realizam formações e workshops para pais e professores. “Mais de 300 pais já participaram e concluíram essas oficinas que lhes dão ferramentas ao nível da gestão emocional, da responsabilização da parentalidade e, numa fase posterior, os treinam como prestadores de ajuda a outros pais”, explica Sofia Perestrelo da direcção da associação.
António Ramos Rosa
hou rostos com um traço leve e cósmico”, que testemunham uma constante busca de “harmonia e conciliação dos elementos”. “Grito Claro”, o seu primeiro livro, foi publicado em 1958. Foi Prémio Pessoa em 1988. Três anos depois, em 1991, foi nomeado Poeta Europeu da Década pelo Collége de L’Europe.
No dia em que comemorou 74 anos, em 2003, a Universidade da sua terra natal, atribuiu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa. O poeta era casado com Agripina Costa Marques, autora de vários de livros, e pai de Maria Filipe Ramos Rosa. Ramos Rosa convidou a escritora e grande amiga Maria Alberta Menéres para madrinha da sua única filha.
Os escritores de todo o mundo agora podem concorrer ao prémio Man Booker
in Público 18/09/2013
Os rumores começaram há semanas e no domingo o britânico Sunday Times garantia que um dos mais conceituados prémios literários do mundo ia abrir-se aos romancistas americanos mas só esta quarta-feira a organização esclareceu: já a partir de 2014, o prémio Man Booker vai passar a abranger escritores de todas as nacionalidades, desde que tenham publicado originalmente a sua obra em inglês e que tenham edição no Reino Unido. Atribuído anualmente desde 1969, o prémio é o mais importante galardão literário da língua inglesa – mas até 2013 só premiou escritores do Reino Unido, irlandeses ou de países da Commonwealth. “Paradoxalmente”, lê-se no comunicado dos membros da Fundação Booker Prize, o prémio “não tem permitido a participação total de todos os que escrevem ficção literária em inglês”. A decisão surge depois do que é descrito como um profundo processo de investigação e avaliação que dura desde 2011 e que auscultou não só peritos no mercado literário, mas também escritores e leitores de todo o mundo. A mesma nota clarifica a notícia do Sunday Times, que se focava nos escritores norte-americanos, dizendo que, “inicialmente, a ideia era de que a Fundação Booker Prize poderia criar um novo prémio especificamente para escritores norte-
americanos”. A notícia gerou várias críticas, com a escritora Linda Grant, autora de The Clothes on Their Backs – que fez parte da shortlist (lista final de candidatos) de 2008 –, a lamentar a potencial novidade: “Há dois prémios que mudam uma carreira – o Booker e o Pulitzer. O Pulitzer tem um grande mercado nos EUA e os autores britânicos estão fora disso. Se o Booker se abrir a autores americanos, vai criar um enorme desequilíbrio”, defendeu. “Se se publicar Richard Ford e Jonathan Franzen, quais são as hipóteses de eles não serem candidatos?” Mas, no fim de contas, a Fundação Booker Prize concluiu que alargar o universo de candidatos do Man Booker iria aumentar “o prestígio e a reputação” do prémio, indo ao encontro “da natureza cada vez mais internacional da edição e da leitura”. “O prémio expandido vai reconhecer, celebrar e abraçar autores que escrevam em inglês, sejam de Chicago, Sheffield ou Xangai”, diz Jonathan Taylor, que preside ao conselho de gestores da fundação, acreditando que a longlist deste ano – o vencedor é anunciado a 15 de Outubro – mostra que este processo já está em curso: “Estamos a acolher a liberdade do inglês em todo o seu vigor, vitalidade, versatilidade e glória, esteja ela onde estiver. Abandonamos os constrangimentos da geografia e das fronteiras nacionais.”
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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DESTAQUES DO MÊS “Hei-de amar-te mais” Tiago Salazar
“O barão”
Sveva Casati Modignani
Hei-de amar-te mais é o diário íntimo de um escritor em viagem. Os destinatários são a sua mulher e os seus filhos e todos os que acreditam no amor como uma forma de atravessar a vida e o mundo. É também um livro de fragmentos, memórias, pensamentos, confissões, a par de diálogos com gente comum e grandes autores universais, como Pablo Neruda, Rabindranath Tagore ou Clarice Lispector, que lhe falam do amor em que se revê. Uma escrita sensível e delicada onde se impõem emoções intensas e contraditórias na vida de um viajante tantas vezes solitário.
“Inferno” Dan Brown
«Procura e encontrarás.»
É com o eco destas palavras na cabeça que Robert Langdon, o reputado simbologista de Harvard, acorda numa cama de hospital sem se conseguir lembrar de onde está ou como ali chegou. Também não sabe explicar a origem de certo objeto macabro encontrado escondido entre os seus pertences. Uma ameaça contra a sua vida irá lançar Langdon e uma jovem médica, Sienna Brooks, numa corrida alucinante pela cidade de Florença. A única coisa que os pode salvar das garras dos desconhecidos que os perseguem é o conhecimento que Langdon tem das passagens ocultas e dos segredos antigos que se escondem por detrás das fachadas históricas. Tendo como guia apenas alguns versos do Inferno, a obra-prima de Dante, épica e negra, veem-se obrigados a decifrar uma sequência de códigos encerrados em alguns dos artefactos mais célebres da Renascença - esculturas, quadros, edifícios -, de modo a poderem encontrar a solução de um enigma que pode, ou não, ajudá-los a salvar o mundo de uma ameaça terrível… Passado num cenário extraordinário, inspirado por um dos mais funestos clássicos da literatura, Inferno é o romance mais emocionante e provocador que Dan Brown já escreveu, uma corrida contra o tempo de cortar a respiração, que vai prender o leitor desde a primeira página e não o largará até que feche o livro no final.
Bruno Brian di Monreale, o Barão, como é conhecido, é o último descendente de uma antiga e nobre família siciliana. Bruno cresce na Califórnia, com um pai severo e distante e uma mãe dividida entre um casamento precipitado, onde não existe amor, e uma paixão deixada na sua Sicília longínqua. No entanto, são as raízes sicilianas que levam Bruno a regressar à sua ilha natal, ao seu avô, um velho aristocrata, e a Calò, o padrinho sempre presente. Serão estas duas figuras que lhe irão transmitir o saber ancestral das velhas famílias aristocráticas, da sua ética e código de justiça. Bruno di Monreale envolve-se nos negócios do petróleo e das grandes multinacionais, tornando-se num homem poderoso e fascinante. Os amores inconsequentes e os casos fortuitos sucedem-se na sua vida glamorosa mas dominada pela insatisfação, até que se cruza com Karin, uma mulher reservada e misteriosa. Karin revelar-se-á o desafio por que Bruno ansiava e que lhe irá trazer o equilíbrio há tanto desejado. Em O Barão, um dos primeiros romances da autora, Sveva Casati Modignani revela-nos os meandros de uma sociedade em que os velhos paradigmas sociais entram em confronto com uma classe disposta a tudo para ascender ao poder, criando um mosaico de personagens vibrantes.
“Antologia poética” António Ramos Rosa
“Um homem de partes ” David Lodge
Fascinado pelo génio de H. G. Wells - o visionário autor de A Guerra dos Mundos e A Máquina do Tempo - David Lodge recria a vida excêntrica e tumultuosa daquele que ficou para a posteridade conhecido como “o homem que inventou o amanhã”. H. G. Wells foi em tempos o escritor mais famoso do mundo. Agora, isolado na sua casa londrina durante o Blitz de 1944, faz o balanço de uma vida invulgarmente intensa. Wells desafiou todas as probabilidades ao quebrar o ciclo de pobreza da sua família. Lutou desde cedo contra uma realidade que estava aquém do seu génio e foi recompensado com uma ascensão meteórica no meio intelectual dos últimos anos da Inglaterra vitoriana. Dono de uma fraca figura mas um imenso carisma, abandonou-se ao amor livre de forma enérgica… e frequentemente devastadora. Homem de contradições e de extremos, foi um socialista perdulário, um feminista mulherengo, um romancista em rota de colisão com o romance. Amou e foi amado por várias mulheres extraordinárias, mas no seu íntimo acarinhou muito poucas. Será através delas que Wells questiona agora o sentido da sua vida.
Ramos Rosa é, provavelmente, um dos poetas que mais tem publicado em Portugal desde os finais dos anos 50. Nascido em 1924 em Faro, é dos poucos poetas portugueses a tempo inteiro, mas também é dos autores cujos livros, com tiragens pequenas, há muito que estão esgotados. Esta obra supre uma lacuna editorial, uma vez que as (auto-)antologias que o poeta organizou – a ultima datada de 1987, para além de já não estarem disponíveis no mercado, ficaram obviamente limitadas aos livros até então publicados e a recente seleção feita pela sua filha, Maria Filipe Ramos Rosa, torna-se uma amostra muito reduzida, força da coleção onde se integra. Antologia poética é uma visão alargada e atualizada da obra de António Ramos Rosa, percorrendo cinquenta e três publicações.
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
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DESTAQUES DO MÊS
As gémeas voltam ao colégio “A bruxa Mimi” Enid Blyton
Enid Blyton é a autora de literatura infantil e juvenis mais célebres mundialmente, Enid Blyton estudou para ser professora primária, em Ipswish High School. Mais tarde, apercebeuse que ser professora não era a sua vocação, por isso começou a escrever. O seu primeiro poema Have You?, foi publicado em 1917 na Nash’s Magazine. O seu primeiro livro Child Whispers, uma colecção de versos, surgiu em 1922. Seguiu-se Real Fairies: Poems (1923), Responsive Singing Games (1923), The Enid Blyton Book of Fairies (1924), Songs of Gladness (1924) e The Zoo Book (1924). Em 1938, surgiu a primeira grande aventura juvenil The Secret Island, seguiu-se Os Cinco, Os Sete, as séries Mistério e o livro Barney’ Mystery. Du-
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rante a Segunda Guerra Mundial, Blyton conseguiu que os seus livros fossem impressos, apesar da censura existente. Em 1940, foram impressos onze livros com o seu nome, incluindo The Secret of Spiggy Holes, Twenty-Minute Tales, Tales of Betsy May e The Children of Cherry Tree Farm. Com o pseudónimo de Mary Pollock, escreveu Three Boys and a Circus e Children of Kidillin. Em 1942 escreveu Os Cinco na Ilha do Tesouro. Em 1949, Blyton publicou Little Noddy Goes to Toyland, uma história de um pequeno brinquedo que acaba sempre por se envolver em confusões. As vendas excederam as expectativas e outros livros de Noddy com diferentes tamanhos e tipos sucederam-se rapidamente. Entre 1950 e 1960, Blyton foi atacada pela crítica e várias sanções foram impostas aos seus livros devido ao vocabulário limitado, tendo sido lançados, inclusive, rumores de que Blyton não era autora de todos os seus livros. No início dos anos 60, a falta de concentração de Blyton foi acrescida pela doença. Blyton morreu a 28 de Novembro de 1968 em Hampsted. Era capaz de acabar uma aventura dos Cinco com 50 000 palavras numa semana. Foi criticada pelos pedagogos devido aos estereótipos social, racial e sexual. Publicou mais de 600 livros infantis e juvenis. As suas obras foram traduzidas em cerca de 70 línguas e até 1980 foram vendidos mais de 60 milhões volumes. No final de 1990, mais de 300 títulos de Blyton eram ainda impressos, incluindo edições como os Cinco.
Contos de Arrepiar
Boleia Perigosa John tirou férias do trabalho, e antes de pegar a estrada e encarar uma longa viagem para visitar seus pais, parou em um restaurante para usar o wc e comprar comida. John também queria comer algo no local, mas ao entrar no estabelecimento, todas as mesas estavam ocupadas, então ele sentou num dos bancos junto ao balcão. Enquanto devorava um enorme hambúrguer, John não deixou de reparar nas pessoas que ali estavam. As mesas estavam ocupadas por famílias, jovens, idosos e, numa outra mais afastada, havia um rapaz meio cabisbaixo, comendo sopa. Terminado a refeição, John pediu algo para a viagem, e enquanto aguardava, ele foi ao wc. Ao voltar o lanche já estava pronto, John agradeceu, pegou o pacote e saiu. Enquanto se preparava para entrar no carro, John ouviu alguém chamar sua atenção. Era o rapaz que comia a sopa. Ele estava mostrando a carteira que John havia esquecido no balcão. John agradeceu ao rapaz, e disse que não teria como compensá-lo. O jovem falou que se John desse uma Boleia, já estariam quites. O rapaz que se chamava Sam, carregava uma enorme mochila e disse que iria até uma vila, situada perto de uma estrada de terra que corta algumas plantações. John falou que levaria Sam até essa estrada e depois seguiria sua viagem. John notou que o rapaz não era de falar muito, e assim foi durante todo o percurso. Ao chegar na estrada de terra, ela estava completamente irregular, e ao passar em uma enorme valeta, o pneu do carro furou. Empurraram o automóvel para o acostamento, John pegou a chave de roda, mas não achou o macaco. Procurou, procurou, mas não encontrou. De fato, havia esquecido. John telefonou para um mecânico, e o rapaz que atendeu, disse que demoraria um pouco até chegar no local. Sam queria ir andando até a vila, mas John disse que logo chegaria ajuda e assim poderia levá-lo ao seu destino. Mas passaram algumas horas e nada do mecânico aparecer. John começou a reparar na inquietação de Sam e perguntou se havia algum problema. Sam disse que estava anoitecendo e ele não gostava muito do escuro. Mais uma hora se passou e nem sinal do mecânico, e Sam percebendo que a noite chegava, pegou sua mochila e disse que seguiria a pé. John perguntou •
Korky Paul e Valerie Thomas » 7 anos
Vencedor do prémio do livro infantil atribuído pela Federação de Grupos do Livro Infantil. Korky Paul nasceu no Zimbabwe e é um conhecidíssimo ilustrador. As suas ilustrações aparecem em mais de 25 livros de aventuras da Mimi, mas também em antologias de poesia e noutros livros ilustrados. Conhecido apenas para si mesmo como “o mais importante retratista do mundo”, Korky visita regularmente escolas onde promove sua paixão pelo desenho. Vive em Oxford com a sua mulher e adora cozinhar no “braai”*. *palavra utilizada pelos sul-africanos em vez de barbecue
Mimi e o seu gato Rogério A bruxa Mimi vivia numa casa preta. Tinha tapetes pretos, cadeiras pretas, uma cama preta com lençóis pretos e quadros pretos nas paredes. Até a casa de banho era preta. Naturalmente, o gato dela também era preto. E por isso a Mimi estava sempre a tropeçar nele - até ao dia em que decidiu usar um pouco de magia...
Desde que criou a Bruxa Mimi em 1987, Valerie Thomas já a fez viver todo o tipo de aventuras - na sua vassoura e num tapete voador, com um dragão bebé ou com uma abóbora gigante, debaixo do mar ou até mesmo no espaço! Valerie, que vive na Austrália, não tem uma vassoura, mas já viajou por muitas partes do mundo.
conto DO MÊS
porque não queria esperar, mas Sam falou apenas uma frase : “Vai ser melhor pra você”. John , que não entendeu o que Sam quis dizer, apenas ficou observando-o ir embora pela estrada. A noite chegou e nada do mecânico aparecer. John, sentado sobre o capô do carro, sozinho em uma estrada de terra cercada por plantações de milho, nada podia fazer a não ser esperar. À medida que entardecia, ia ficando cada vez mais frio e uma densa neblina começava a formar-se. Já ficando cansado, John entrou no carro, ligou o rádio, encostou a cabeça no banco e adormeceu. • Sem saber quanto tempo passou, John foi acordado por um barulho estranho vindo do meio da plantação. John olhou para todos os lados mas não viu nada. Alguns segundos depois, John tornou a ouvir o mesmo som. Era como se um animal do porte de um tigre andasse pelo milharal. John desligou o rádio, fechou as janelas, e em silêncio, ficou apenas ouvindo os sons dos galhos serem quebrados e a respiração do animal que parecia ser enorme. De repente, John vê um vulto atravessar a estrada bem em frente ao seu carro. Não dava para o ver direito, mas parecia ser um cachorro muito grande que, por um instante, andou sobre duas patas. Alguns minutos depois, quando aquele animal parecia ter ido embora, John vê as luzes de um carro vindo pela estrada, e por um instante sentiu-se aliviado. O veículo parou alguns metros atrás do carro de John, logo desceu um homem com uma lanterna e começou a caminhar em direção ao carro de John, mas alguma coisa chamou a atenção do homem. Ele clareou o milharal com a lanterna, mas, mal ele fez isso, e um assombroso cão saiu da plantação e pulou em cima dele. O animal começou a devorar o homem, e John apavorado, encolheu-se todo no banco de trás do carro e ficou ouvindo o som da criatura destroçar o pobre coitado. Depois de alguns minutos o animal parecia ter terminado sua refeição, pois John ouviu o barulho do bicho no milharal. Ele percebeu que o animal estava indo embora pelos seus uivos pavorosos, pois iam ficando cada vez mais distantes. John passou o resto da noite encolhido no banco de trás do veículo. Só pela manhã, John saiu do carro e encontrou o cadáver desmembrado do homem. Era o mecânico que ele havia chamado. John telefonou para a policia, que logo chegaram e encontraram a terrível cena. Os policias estranharam a história, mas acharam impossível que John tivesse feito aquilo. John também contou sobre Sam, e só depois de procurar muito, encontraram uma barraca bem no meio da plantação. John reconheceu a mochila e também as roupas rasgadas que encontraram a poucos metros da barraca, eram todas de Sam. Os policias ajudaram John a trocar o pneu e disseram que continuariam procurando por Sam. John pode visitar seus pais com uma terrível história para contar.
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
Poesia
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António Ramos Rosa
«O dia é alto quando na mesa nada espera que não seja poesia.» António Victor Ramos Rosa nasceu em Faro a
O grito claro De escadas insubmissas de fechaduras alerta de chaves submersas e roucos subterrâneos onde a esperança enlouqueceu de notas dissonantes num grito de loucura de toda a matéria escura sufocada e contraída nasce o grito claro
António Ramos Rosa
Obras publicadas
17 de Outubro de 1924. Frequentou em Faro os estudos secundários, que não concluiu por motivos de saúde. Trabalhou como empregado de escritório, desenvolvendo simultaneamente o gosto pela leitura dos principais escritores portugueses e estrangeiros, com especial preferência pelos poetas. Em 1945 vai para Lisboa e dois anos depois volta a Faro, tendo integrado as fileiras do M.U.D. Juvenil, onde militou activamente. Regressado a Lisboa, foi professor de Português, Francês e Inglês, ao mesmo tempo que estava empregado numa firma comercial, e começou a fazer traduções para a Europa-América, trabalho que nunca mais abandonaria e no qual veio a atingir notável qualidade. O continuado interesse pela actividade literária levou-o a relacionar-se com um grupo de escritores que o incentivaram na publicação dos seus poemas e artigos de crítica, tendo colaborado em numerosos jornais e revistas. Com alguns desses escritores, fundou em 1951 a revista Árvore, que veio a ser uma das mais marcantes da década, procurando divulgar os textos dos poetas e prosadores portugueses mais significativos no tempo, bem como os grandes nomes da literatura estrangeira. Co-dirigiu também as revistas Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia. A crescente importância que a actividade literária foi tomando na sua vida levou-o a certa altura a abandonar o emprego no escritório em que trabalhava, para a ela se dedicar exclusivamente, com todas as consequências que tal decisão acarretava. A atitude crítica que permanentemente exercitou sobre a sua própria palavra como sobre a palavra alheia faz de A.R.R. um dos mais esclarecidos críticos portugueses contemporâneos, o que se manifesta em inúmeros artigos e recensões sobre poetas portugueses e estrangeiros, bem como na publicação de vários ensaios centrados na temática da poesia. A.R.R. tem, no entanto, o cuidado de separar de uma forma muito nítida a sua actividade de crítico, em que não pode deixar de utilizar critérios e referências racionais, da sua actividade criadora: enquanto poeta faz da ignorância e da radical suspensão de todos os saberes e hábitos adquiridos o único método para a eclosão da sua palavra poética. Na verdade, a procura da palavra justa para dizer as «coisas nuas» e a reflexão sobre a realidade e a possibilidade dessa palavra é, talvez, o único tema desta poesia, na qual é, no entanto, possível assinalar diferentes fases: recortando-se duma problemática neo-realista de solidariedade para com o destino dos homens e do mundo, O Grito Claro (1958) e Viagem Através de Uma Nebulosa (1960) utilizam uma lingua-
1958 - O Grito Claro 1960 - Viagem Através duma Nebulosa 1961 - Voz Inicial 1961 - Sobre o Rosto da Terra 1963 - Ocupação do Espaço 1964 - Terrear 1966 - Estou Vivo e Escrevo Sol 1969 - A Construção do Corpo 1970 - Nos Seus Olhos de Silêncio 1972 - A Pedra Nua 1974 - Não Posso Adiar o Coração (vol.I, da Obra Poética) 1975 - Animal Olhar (vol.II, da Obra Poética) 1975 - Respirar a Sombra (vol.III, da Obra Poética) 1975 - Ciclo do Cavalo 1977 - Boca Incompleta 1977 - A Imagem 1978 - As Marcas no Deserto 1978 - A Nuvem Sobre a Página 1979 - Figurações
gem e uma vivência ainda devedoras dessa estética, combinadas com uma imagética herdada do surrealismo. Mas encontramos já de uma forma incipiente nessas primeiras recolhas algumas das constantes da obra do poeta: um enraizamento pelo corpo na Terra, não numa Terra utópica e futura, mas na materialidade mais originariamente primitiva da natureza; uma libertação, pela palavra mais solitária, de todas as prisões e constrangimentos que a poderiam cercear; uma permanente atenção à materialidade da própria linguagem poética, que a desliga tanto da sua função representativa como da sua função expressiva (pois não se trata já de exprimir um real subjectivo, tão caro aos poetas líricos). Esta particular concepção da Poesia irá ser retomada mais tarde quer pelo grupo «Poesia 61», quer pelos poetas experimentalistas. Após um decisivo encontro com a poesia de Éluard, A.R.R. abandona definitivamente a retórica e a imagística neo-realista e surrealista, para se concentrar numa palavra solar, pura e rigorosa, podemos dizer mesmo elementar, à medida que a exigência de um retorno à origem se tornará numa das suas obsessões. Exigência que lhe pedirá até para substituir à sua própria voz uma verdadeira voz inicial (título de uma recolha de 1960), memória da criação mais remota, que se ergue de um território onde se indistinguem sujeito e objecto. Como nota Eduardo Lourenço, a poesia de A.R.R. nunca mais abandonará esse porto «anterior a todos os portos». Esta poética do puro início expande-se a todo o espaço e a toda a matéria, através dum erotismo mediado pelo corpo próprio, pelo corpo da mulher, pelo corpo da terra, pelo corpo da palavra. Da apropriação destes espaços através da palavra poética, nunca dada a priori mas conquistada através de um desejo, de um esforço, de uma viagem, nasce uma felicidade exultante e viva que frequentemente nos é transmitida por metáforas de claridade. O contraponto desta plenitude meridional é a dificuldade com que o poeta se debate ao tomar consciência da sombra que nasce da raíz de toda a realidade e da realidade de toda a palavra. A luta entre a luz e as trevas, que é central em Sobre o Rosto da Terra, vai invadindo gradualmente de negatividade a poesia subsequente, até lhe ameaçar toda a arquitectura em A Pedra Nua (1972), onde a plenitude solar dos primeiros livros é substituída pela inquietante suspeição sobre o poder dessa mesma palavra, num território cada vez mais calcinado, até ao limite dum dizer que perde o fio e se transforma num quase ininteligível balbuciar (Declives, 1980). A partir de Volante Verde (1986) assistimos no entanto a uma espécie de «reconciliação
1979 - Círculo Aberto 1980 - O Incêndio dos Aspectos 1980 - Declives 1980 - Le Domaine Enchanté 1980 - Figura: Fragmentos 1980 - As Marcas do Deserto 1981 - O Centro na Distância 1982 - O Incerto Exacto 1983 - Quando o Inexorável 1983 - Gravitações 1984 - Dinâmica Subtil 1985 - Ficção 1985 - Mediadoras 1986 - Volante Verde 1986 - Vinte Poemas para Albano Martins 1986 - Clareiras 1987 - No Calcanhar do Vento 1988 - O Livro da Ignorância 1988 - O Deus Nu(lo)
com as palavras» através duma certa forma de integração da ausência, já não combatida mas incluída como forma estruturante da própria poesia. O poeta encontra então um novo fôlego, através da «enigmática profusão da terra», numa exaltação da natureza que adquire uma feição animista. O universo poético de A.R.R., jogando com um número relativamente restrito de vocábulos e de temas, dá predominância às palavras substantivas e elementares tais como: pedra, água, árvore, cal, mão, muro, e mesmo às formas mais ínfimas e humildes: unha, insecto, pó, cabelo, sopro, espuma, baba do caracol. Estes elementos são retomados e combinados caleidoscopicamente, em ciclos que continuamente se reiniciam. A exploração ontológica e poética vai-se processando em movimentos cada vez mais lentos e subtis, num itinerário em que a densidade do espaço e a substância dos objectos se vai tornando progressivamente mais permeável e transparente. A desmaterialização das coisas e da língua que as diz liga-se intimamente ao modo como o poeta apreende o ser do universo – misto de presença e de ausência, de verdade e não-verdade, de sim e de não (O Não e o Sim é aliás título de uma recolha de 1990). Criando um campo semântico sobre a finíssima linha de demarcação entre a afirmação e a negação, o poeta foge da dicotomia, da disjunção, da determinação, num espaço cada vez mais aberto e ilimitado, que se adequa cada vez melhor à manifestação «do que não tem nome». O poeta, que procura entrar em consonância com esse horizonte do real, torna-se também ele corpo místico e mítico do universo, onde se conciliam por fim todos os contrários. Poesia de coordenadas eminentemente espaciais, ela tem evoluído ultimamente no sentido de uma mais acentuada articulação discursiva, a par de uma aguda consciência da passagem do Tempo, com as questões que essa consciencialização coloca: «será ainda possível construir sobre a cinza do tempo / a casa da maturidade com as suas constelações brancas?» A. R. R. recebeu vários prémios de poesia, o primeiro dos quais pela obra Viagem Através de Uma Nebulosa, partilhado ex-aequo com Henrique Segurado. Em 1980, o Prémio do Centro Português da Associação de Críticos Literários, pelo livro O Incêndio dos Aspectos; em 1988, o Prémio Pessoa; em 1989, o Prémio APE/CTT, pela recolha Acordes, e, em 1990, o Grande Prémio Internacional de Poesia, no âmbito dos Encontros Internacionais de Poesia de Liège. in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998
1989 - Três Lições Materiais 1989 - Acordes 1989 - Duas Águas, Um Rio (colaboração com Casimiro de Brito) 1990 - O Não e o Sim 1990 - Facilidade do Ar 1990 - Estrias 1991 - A Rosa Esquerda 1991 - Oásis Branco 1992 - Pólen- Silêncio 1992 - As Armas Imprecisas 1992 - Clamores 1992 - Dezassete Poemas 1993 - Lâmpadas Com Alguns Insectos 1994 - O Teu Rosto 1994 - O Navio da Matéria 1995 - Três 1996 - Delta 1996 - Figuras Solares
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
O Mordomo - Lee Daniels Banda sonora de Rodrigo Leão O filme “O mordomo”, de Lee Daniels, com banda sonora de Rodrigo Leão, foi o mais visto no fim-de-semana de estreia nos Estados Unidos e Canadá, com 18,7 milhões de euros de receita de bilheteira. De acordo com a publicação Hollywood Reporter, esta longa-metragem, baseada em factos reais, estreou-se em 2.933 salas, superando em receita de bilheteira o filme “Jobs”, “biopic” sobre o empresário norte-americano Steve Jobs, e “KickAss 2”, ambos também no fim-de-semana de estreia nos cinemas. A história de “O mordomo” (“The Butler”, no original) inspira-se em factos reais, a partir de uma reportagem do Washington Post sobre Eugene Allen, um afro-americano que trabalhou na Casa Branca ao longo de trinta anos, servindo oito presidentes, entre os quais Richard Nixon, Ronald Reagan e JF Kennedy. O filme, protagonizado por Forest Whitaker, é assim uma viagem pelas transformações sociais e políticas nos Estados Unidos, entre os anos 1950 e 1980. Do elenco fazem ainda parte Oprah Winfrey, Vanessa Redgrave, John Cusak, Robin Williams, Melissa Leo, Liev Schreiber, Alan Rickman e Jane Fonda, entre outros. A banda sonora do filme é assinada pelo músico português Rodrigo Leão, que recentemente também compôs para as longas-metragens “O frágil som do meu motor”, de Leonardo António, e “A gaiola dourada”, de Ruben Alves. Fez ainda música para a série documental “Portugal - Um retrato social” e para a série de ficção “Equador”, para o filme “Um passo, outro passo e depois...” (1989), de Manuel Mozos, e participou, enquanto músico dos Madredeus, na composição da música e na interpretação no filme “Lisbon Story” (1994), de Wim Wenders.
Woody Allen vai receber prémio carreira nos Globos de Ouro Cerimónia acontece em Janeiro e vai distinguir o realizador do recém-estreado Blue Jasmine.
in Público 14/09/2013
O realizador norte-americano Woody Allen vai receber o Prémio Cecil B. DeMille na próxima cerimónia dos Globos de Ouro, que se realiza a 12 de Janeiro, anunciou a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. O prémio distingue todos os anos uma figura que tenha tido um “impacto incrível” no mundo do espectáculo, e, disse Theo Kingma, presidente da associação, “não há ninguém que o mereça mais do que Woody Allen”. Ao longo da sua carreia, Woody Allen, de 77 anos, fez 45 filmes, entre os quais Annie Hall, Manhattan e Ana e as suas Irmãs. Teve 13 nomeações para os Globos de Ouro e venceu duas vezes o prémio de argumento, em 1985 com A Rosa Púrpura do Cairo, e em 2012 com Meia-Noite em Paris. O realizador é conhecido por nunca aparecer nas cerimónias, nomeadamente na dos Óscares, para receber pessoalmente os prémios. Em
2002, fez uma aparição surpresa nos Óscares mas apenas para apelar aos outros realizadores que não deixassem de filmar em Nova Iorque depois dos ataques do 11 de Setembro. Foi recebido com uma enorme ovação. Anteriormente, o prémio Cecil B. DeMille foi atribuído a realizadores como Martin Scorsese e Steven Spielberg, e a actores como Jodie Foster, Morgan Freeman e Robert De Niro. O mais recente filme de Woody Allen, Blue Jasmine, acaba de estrear em Portugal, tem no elenco Cate Blanchett e Alec Baldwin, e conta a história de uma mulher, Jasmine Francis, habituada a uma vida de luxo e que vai mudar radicalmente depois de se separar o marido, um multimilionário nova-iorquino e de se mudar para a casa da irmã em São Francisco.
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cinema in JN 19/08/2013
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
Música Desfado
Ana Moura
Alinhamento 01. Desfado 02. Amor Afoito 03. Até Ao Verão 04. Despiu A Saudade 05. A Case Of You 06. E Tu Gostavas De Mim 07. Havemos De Acordar 08. A Fadista 09. Se Acaso Um Anjo Viesse 10. Fado Alado 11. A Minha Estrela 12. Thank You 13. Como Nunca Mais 14. Com A Cabeça Nas Nuvens 15. O Espelho De Alice 16. Dream Of Fire 17. Quando O Sol Espreitar De Novo
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Ana Moura - Desfado Desfado é o 5.º álbum de originais da cantora portuguesa Ana Moura. A cantora conta neste álbum com a participação de Manel Cruz (Ornatos Violeta), Márcia, Pedro da Silva Martins (Deolinda), Miguel Araújo (Os Azeitonas), Luísa Sobral e António Zambujo na composição e com Aldina Duarte, Tozé Brito, Manuela de Freitas e Pedro Abrunhosa para a criação dos temas. A acompanhar a fadista estarão Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Pedro Soares (viola de fado), André Moreira (baixo e contrabaixo), João Gomes (teclados) e Márcio Costa (bateria e percussões).
Ana Moura nasceu a 17 de Setembro em Santarém. Reconhecida internacionalmente, Ana Moura estreou-se com “Guarda-me a Vida na Mão” (2003), lançando seguidamente “Aconteceu “(2004).2 Canta, também, em vários em locais da noite lisboeta e deu-se a conhecer na televisão ao lado de António Pinto Basto, em Fados de Portugal. “Para Além da Saudade” (2007) é o álbum que se segue, contendo músicas como Os Búzios ou O Fado da Procura. Com este disco Ana Moura ficou conhecida do grande público português. Estas aparições na televisão ajudaram-na a promover este disco, conseguindo alcançar a Tripla Platina, por vendas superiores a 55 mil unidades, e a permanecer 120 semanas no TOP 30 de Portugal. Com o mesmo disco recebeu uma nomeação para os Globos de Ouro, na Categoria de Música, para Melhor Intérprete Individual, que acabou por perder para Jorge Palma. Em 2007, Ana Moura participou no concerto dos Rolling Stones no Estádio de Alvalade XXI, em Lisboa, cantando, em dueto com Mick Jagger, o tema “No Expectations” . Depois de dois grandes concertos nos Coli-
Ana Moura
seus do Porto e de Lisboa, Ana Moura lança finalmente o seu primeiro DVD ao vivo, a 24 de Novembro de 2008, que obtém grande sucesso junto do público. Com o reconhecimento da crítica, chegou também o reconhecimento dos pares e, em 2008, Ana Moura recebeu o Prémio Amália de melhor intérprete. Em 2009 o norte-americano Prince confessa-se fã da fadista, mostrando interesse em colaborar musicalmente com Ana, vindo a fazêlo no Festival de Verão, Super Bock Super Rock, em 2010. “Leva-me aos Fados”, lançado a 12 de Outubro de 2009, foi Disco de Platina, continuado no Top 10 dos discos mais vendidos. Ana Moura recebeu, a 23 de Maio de 2010, nos “Globos de Ouro” o globo de “Melhor Intérprete Individ-
ual”, para o qual estava nomeada juntamente com artistas como Carminho, David Fonseca ou Rodrigo Leão. A 17 de Março de 2011, Ana Moura foi nomeada para “Best Artist Of The Year”, um dos importantes prémios da prestigiada revista inglesa de música Songlines. Em Junho e Julho do mesmo ano, a fadista efectuou uma pequena digressão aos Estados Unidos e ao Canadá, que incluiu concertos em quatro famosos festivais de Jazz - S. Fancisco, nos EUA, e Vancouver, Montreal e Otava, no Canadá. Em Montreal, Ana Moura foi uma das cabeças de cartaz do 32º. festival de jazz internacional e no espectáculo agradou à sala cheia do Teatro Maisonneuve, no qual teve como convidado especial o saxofonista Tim Ries, criador do Projecto Rolling Stones.
Turbo Lento Linda Martini - Turbo Lento Linda Martini
Álbuns Olhos de Mongol (2006) Casa Ocupada (2010) Turbo Lento (2013) EP´s Linda Martini (2005) Marsupial (2008) Intervalo (2009)
Os Linda Martini preparam-se para apresentar “Turbo Lento” no Porto no dia 5 de Outubro, no Hard Club. Dia 12 de Outubro será a vez do público lisboeta conhecer o novo trabalho da banda, num concerto na Sala Tejo do MEO Arena. Com início data de 2003, a banda é composta por André Henriques na guitarra e voz , Pedro Geraldes na guitarra, Hélio Morais na bateria (que também é baterista nos If Lucy Fell) e (Paus) , e Cláudia Guerreiro no baixo. Do passado punk e hardcore herdaram a atitude descomprometida e sincera com que encaram a sua música. A origem do nome da banda deve-se a uma amiga de Pedro Geraldes que se chamava Linda Martini,conhecendo-a quando esta efectuou o programa Erasmus em Lisboa. Em 2005 lançam uma maquete homónima de quatro temas que rapidamente é difundida em pequenos concertos e via Internet – muito por culpa do fenómeno “Myspace.com”. Pouco tempo depois, é nesse mesmo espaço de partilha que a recém criada editora Naked os descobre. Rapidamente os concertos da banda se tornam fenómeno de afluência, ficando na memória a enchente das Fnacs do Colombo e Sta. Catarina, ou o calor que se fez sentir numa ZDB pequena demais para tantos curiosos e convertidos. Em paralelo, o tema «Amor Combate» ganha airplay na rádio, alargando o auditório da banda aos ouvintes mais incautos. O crescente burburinho e a consequente falta de meios logísticos para dar vazão às encomendas de maquetes caseiras, precipitam a edição do EP «Linda Martini». O EP é composto
Linda Martini
pelos 4 temas da maquete de estreia que aqui são remasterizados pela mão de Niels Kinsela, baixista dos God is an Astronaut. O projecto de gravar um álbum tomava forma e, em Outubro de 2005, a banda entra em estúdio para registar os temas novos que amadureceu ao vivo. 2006 trouxe momentos marcantes. A parceria com a banda irlandesa God is an Astronaut leva-os a uma tour com passagem por Dublin, Waterford e Londres. Inesquecíveis serão os mais de 600 irlandeses que freneticamente aplaudiram a banda na sua primeira actuação fora de portas. A passagem pelos festivais Super Bock Super Rock e Sudoeste consolidou o fenómeno
e deixou expectativas em relação ao álbum de estreia. “Olhos de Mongol” foi editado a 30 de Outubro de 2006 e reeditado em 20092 . O título faz referência ao escritor norte-americano Henry Miller que assim descreve a troca de olhares entre perfeitos desconhecidos que, por nenhuma outra razão além do olhar, estabelecem uma empatia imediata. Na primeira semana em que foi disponibilizado no myspace da banda, o primeiro single «Cronófago» foi escutado por mais de 5 mil pessoas. Em Novembro de 2010 os Linda Martini apresentaram o novo álbum Casa Ocupada, que imediatamente tomou os Tops de vendas.
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Morreu Fernando Ruas Morreu o “Menino Tonecas” original, o actor Fernando Ruas, de 87 anos Fernando Ruas faleceu no hospital Egas
Moniz, em Lisboa, devido a “doença pulmonar obstrutiva crónica e, posteriormente, um linfoma”
O ator Fernando Ruas, 87 anos, faleceu no domingo, em Lisboa, e o funeral realizou-se na terça-feira, informou hoje a Casa do Ar-
in lusa 28/08/2013
tista. O ator, entre as várias personagens que encarnou no teatro e no cinema, conta-se o “menino Tonecas” original, de José de Oliveira Cosme, apresentado pela primeira vez na rádio, na década de 1930, quando Ruas tinha cerca de 18 anos. Fernando Ruas faleceu no hospital Egas Moniz, em Lisboa, devido a “doença pulmonar obstrutiva crónica e, posteriormente, um linfoma”, segundo o comunicado da instituição. O funeral realizou-se na terça-feira, da igreja de Linda-a-Velha, onde foi velado, para o o cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde se realizou a cerimónia de cremação, segundo a mesma fonte. Numa entrevista a Jaime Fernandes, na Antena 1, em 2010, Fernando Ruas recordou o “êxito retombante” do “Menino Tonecas”, logo na estreia, com “uma rábula política”, nas Emissões Recriativas de Oliveira Cosme. *Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa.”
Dança
A dança como necessidade
A Rainha do Flamenco, María Pagés, leva o seu espectáculo Utopía ao palco da Culturgest in Sol 21/09/2013
Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
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Teatro
Teatro de São João ainda sem mecenas “A crise já atinge os privados” diz Francisca Fernandes ao DN.
“A crise já atinge os privados”, diz Francisca
Fernandes ao DN. Após “muitas tentativas e muitos nãos”, como contou ao DN Francisca Fernandes, a presidente do conselho de administração do Teatro Nacional de São João (TNSJ), o equipamento cultural do Porto continua sem mecenas. “A crise já atinge os privados”, completou a presidente, ontem, na apresentação da temporada do terceiro quadrimestre do teatro portuense. Apesar do corte da indemnização compensatória de 20% sofrido no ano passado, o TNSJ conseguiu um aumento de 24% dos espetáculos apresentados entre 2012 e 2013. Tal como avançou Francisca Fernandes, espera-se que o aumento de 73% respetivo à taxa média de ocupação das salas se mantenha este ano, assim como o aumento de 13 % dos espetadores.
Uma das novidades apresentadas é o projeto Corrente Alterna, uma coprodução com a Companhia Erva Daninha. Entre os dias 12 e 22 deste mês, com programação assegurada por Julieta Guimarães e Vasco Gomes, 17 projectos artísticos passando pela dança, teatro, circo e performance, irão ocupar as salas do TeCa, os espaços da Praça Carlos Alberto e da Praça da Batalha. Ao todo serão noventa os artistas e técnicos, todos provenientes da Área Metropolitana do Porto, que terão a possibilidade de mostrar o seu trabalho que escapa aos modelos tradicionais que o público tem de um espetáculo. Segundo Julieta Guimarães “muitos destes artistas são jovens que acabaram de sair das escolas”. Esta é, pois, “uma forma segura de poderem entrar no mercado de trabalho”, frisou.
Património
Livraria Lello monumento de interesse público
In Lusa 20/09/2013
A primeira vez que entrou no ateliê de Oscar Niemeyer sentiu-se assoberbada. Por momentos, não era mais a Rainha do Flamenco. Era apenas María Pagés, que começara a estudar a obra do arquitecto brasileiro meses antes, após visitar uma exposição sobre o seu trabalho. “Causava-me tanto nervosismo a ideia de o conhecer! Nunca tinha estado perto de uma pessoa de cem anos. Ainda mais alguém que admirava tanto! Recordo-me que, na primeira visita, não consegui abrir a boca, só escutei. Não queria perder um único detalhe do que ele me podia transmitir”. A vida, para a bailarina e coreógrafa, é feita de encontros mais do que de desencontros. Como este que a levou até Niemeyer ou o que, anos antes, a levou a José Saramago – que dela escreveu que “nem o ar nem a terra são iguais, depois de María Pagés ter dançado”. Pagés estava num comboio, de regresso a Sevilha, quando lhe ocorreu a ideia para uma próxima coreografia: queria dançar as palavras de Saramago, que sempre admirara. “Com esta ideia, provoquei o encontro com ele e com Pilar. Ainda hoje, cada vez que o danço e oiço a sua voz,
é muito especial”. Em Utopía, foi o encontro com Niemeyer que ditou a criação. Mas o arquitecto brasileiro nunca chegou a ver o espectáculo de Pagés concluído. Ainda assim, é o seu espírito que está ali, naquele palco partilhado por sete bailarinos, o guitarrista Rubén Lebaniegos e o cantautor brasileiro Fred Martins, e onde as palavras de Baudelaire, Benedetti, Neruda ou do próprio Niemeyer ecoam pela praça aberta que Pagés imaginou como cenário. “Utopía é uma declaração de intenções sobre a necessidade de reivindicar a ética para superar este momento de dificuldades. Temos de reivindicar o espírito utópico do ser humano que pensa que o mundo vai ser melhor. Temos de perceber que cometemos grandes erros e recomeçar”, remata a bailarina e coreógrafa. Em digressão desde 2011, Utopía já passou pelos quatro cantos do mundo e tem espectáculos agendados até 2015. Hoje, 21 de Setembro, sobe ao palco do Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa. “É uma utopia viajante”, brinca, ao mesmo tempo que afiança que não há nada como voltar a casa, em Sevilha.
No DR n.º 182 da série II surgem classificações para monumento ou conjuntos de interesse público. A classificação de monumento de interesse público atribuída pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC) a 17 edifícios do país, entre eles a Livraria Lello e Irmão, no Porto, foi hoje publicada no Diário da República (DR). No Porto, além do Mercado do Bolhão, localizado na freguesia de Santo Ildefonso, também foram classificados monumentos de interesse público a Livraria Lello e Irmão, na
Rua das Carmelitas, que tem sido considerada uma das mais belas do mundo por várias publicações estrangeiras como o jornal The Guardian e o guia de viagens Lonely Planet. No distrito de Viseu é classificada a Casa do Terreiro, jardins envolventes, adega e tulha, na freguesia de São Miguel do Outeiro, concelho de Tondela, e a Casa e capela de José Guilherme Pessoa Pereira, ou Solar dos Seabra Beltrão, jardim e fontanário, na Rua Principal, em Cassurrães, concelho de Mangualde.
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
Pintura
QUICK FACTS Nome: Amadeo de Souza-Cardoso
Ocupação: Pintor
Data de nascimento: novembro 14, 1887
Data da morte: outubro 25, 1918
Educação:
Academia Real de Belas-Artes Académie Vitti Academias Livres.
Local de Nascimento: Manhufe; Amarante
Local da morte: Espinho
Assinatura:
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Amadeo de Souza-Cardoso
Boccioni, Klee, Franz Marc e Auguste Macke. Em 1912 publica o álbum XX Dessins, onde reúne desenhos desse ano e do anterior que terão grande divulgação na imprensa francesa e portuguesa; participa no X Salon d’Automne (Grand Palais), encerrando o seu curto ciclo expositivo em Paris. É um dos artistas representados no famoso Armory Show (International Exhibition of Modern Art), Nova Iorque, 1913, exposição que marca a grande viragem modernista no meio artístico norte-americano: atento ao panorama artístico alemão, expõe também em Berlim, no Erster Deutscher Herbstsalon (Primeiro Salão de Outono Alemão), organizado pela Galeria Der Sturm, em conjunto com artistas maioritariamente associados à “novíssima pintura”, dos futuristas italianos ao grupo do Blaue Reiter e ao casal Delaunay. Em 1914 tem trabalhos expostos em Londres e nos Estados Unidos da América (Exhibition of Painting and Sculpture in the “Modern Spirit”, Milwaukee Art Society). O seu espírito instável fá-lo passar por “momentos torturantes de anCozinha da Casa de Manhufe, c. 1913, óleo sobre madeira, 29,2 x 49,6 cm siedade”. Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, fregue- hece Lucie Meynardi Pecetto, com quem viria Durante uma viagem a Barcelona toma sia de Mancelos, Amarante, 14 de Novembro a casar-se sete anos mais tarde. Em 1909 freconhecimento do início da 1ª Guerra Mundial de 1887 – Espinho, 25 de Outubro de 1918) foi quenta as aulas do pintor Anglada-Camarasa (1914-1918). Regressa a Portugal e a 26 de Seum pintor português. na Académie Vitti e mais tarde as Academias tembro casa-se com Lucie Pecetto, fixando Pertencente à primeira geração de pintores Livres. residência na Casa do Ribeiro, em Manhufe, que modernistas portugueses, Amadeo de SouzaEm 1910 estabelece uma forte e duradoura o seu pai mandara construir. No ano seguinte Cardoso destaca-se entre todos eles pela quali- ralação de amizade com Amedeo Modigliani, reencontra Sonia e Robert Delaunay, que endade excecional da sua obra e pelo diálogo que Constantin Brancusi e Alexander Archipenko. tretanto haviam fixado residência em Vila do estabeleceu com as vanguardas históricas do Na correspondência para Portugal Amadeo refConde. Amadeo ocupa o seu tempo entre a início do século XX. A sua pintura articula-se de ere-se à sua fascinação por aquilo que denomipintura, a caça, os passeios a cavalo, mas o seu modo aberto com movimentos como o cubis- na por “pintores primitivos”; por outro lado, mo o futurismo ou o expressionismo, atingindo revela um sentimento artístico já amadurecido, isolamento começa a tornar-se difícil de suporem muitos momentos – e de modo sustentado manifestando a sua oposição ao naturalismo tar e faz planos para regressar a Paris. 1916 fica na produção dos últimos anos –, um nível em em favor de opções plásticas exigentes, distan- marcado por várias tentativas falhadas de participação em exposições internacionais; nesse tudo equiparável à produção de topo da arte ciadas de pressupostos académicos. mesmo ano publica o álbum Reproductions e internacional sua contemporânea. No dia 5 de Março de 1911 Modigliani e realiza exposições individuais A morte aos 30 anos de idade no Porto (Salão de Festas do irá ditar o fim abrupto de uma Jardim Passos Manuel) e em obra pictórica em plena matuLisboa (Liga Naval, Palácio ridade e de uma carreira interdo Calhariz). O acolhimento nacional promissora mas ainda crítico, “num país pouco acosem fase de afirmação. Amadeo tumado a exposições deste ficaria longamente esquecido género, em que o modelo ,dentro e, sobretudo, fora de dos salons ainda vigorava, foi Portugal. sobretudo marcado pela surFilho de Emília Cândida Ferpresa”; a articulação da monreira Cardoso e José Emygdio tagem, “as obras exibidas e a de Sousa Cardoso, Amadeo internacionalização do artista de Souza-Cardoso nasce em português causaram espanto Manhufe, Amarante. Estuda no generalizado”. Durante a esLiceu Nacional de Amarante tadia em Lisboa convive com e mais tarde em Coimbra. Em Almada Negreiros e com 1905 ingressa no curso premembros do grupo Orpheu. paratório de desenho na AcaEm 1917 envolve-se em demia Real de Belas-Artes, em projetos editoriais com AlLisboa; e em Novembro do mada Negreiros, publica dois ano seguinte (no dia em que trabalhos na revista Portucelebra o seu 19º aniversário), gal Futurista, mas acima de parte para Paris, instalando-se tudo trabalha intensamente, no bairro de Montparnasse, aprofundando o seu universo famoso ponto de encontro de pictórico, que expande em intelectuais e artistas, onde novas direções. Anseia no irá viver todos os anos de perentanto pelo regresso a Paris, manência nessa cidade (1907 – o que não viria a acontecer. 1914). Ao longo desses 8 anos No ano seguinte contrai uma regressará, no entanto, diverdoença de pele que lhe afeta sas vezes a Portugal para estao rosto e as mãos e o impede dias mais ou menos breves. de trabalhar. Abandona ManEstabelece contacto com hufe e refugia-se em Espinho, outros artistas portugueses a na tentativa vã de escapar à residir em Paris, entre os quais epidemia de Gripe Espanhola Título desconhecido (Entrada), c. 1917, óleo sobre tela com colagem de materiais inertes (areia e cola?) Francisco Smith, Eduardo Vie outros materiais (três espelhos e um pedaço de madeira / tartaruga), 93,5 x 75,5 cm que se espalha rapidamente e ana e Emmerico Nunes. Freà qual viria a sucumbir em 25 quenta os ateliês de Godefroy Amadeo inauguram uma exposição no ateliê de Outubro desse mesmo ano. e Freynet com o intuito de preparar a admissão do pintor português, perto do Quai d’Orsay, De personalidade algo paradoxal, Amadeo ao curso de arquitetura, projeto que abraça, cujo livro de honra é assinado por Picasso, era “convictamente monárquico” e poderá ter em parte para responder às expectativas famil- Apollinaire, Max Jacob e Derain; e no mês pertencido – este facto não é mencionado nas iares, mas que acaba por abandonar. Publica seguinte Amadeo participa pela primeira vez publicações mais importantes sobre Amadeo caricaturas em periódicos portugueses como O numa grande mostra internacional, o XXVII SaPrimeiro de Janeiro (1907) e a Ilustração Popu- lon des Independents, exposição determinante –, a um movimento conhecido por Grupo do Tavares, que incluiria, entre outros, Eduardo Vilar (1908 – 1909). e que dá grande visibilidade ao cubismo. Nesse O início da sua atividade como pintor data mesmo ano conhece Sonia e Robert Delaunay ana, Almada Negreiros e Santa Rita. provavelmente de 1907. No ano seguinte con- e, através deles, Apollinaire, Picabia, Chagall,
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
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exposições / Atividades
ENGENHOS SONOROS No mês em que se comemora o Dia Mundial da Música, a Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves, promove a leitura por caminhos musicais através da exposição “Engenhos Sonoros – o Imaginário Musical na Literatura”. Num percurso que engloba 17 painéis, o visitante embrenha-se na História da Música e conhece as principais famílias de instrumentos, sua origem, factores distintivos e formas de utilização. Mas, a acompanhar os “factos”, há espaço para a fantasia! Ao longo dos tempos, a música e os instrumentos musicais têm feito parte das histórias narradas em importantes obras da literatura. Desta forma, junto dos painéis, será possível encontrar sugestões literárias que nos transportam para o mundo onde os sons e as melodias podem ser parte essencial da narrativa.
LEITURAS ENFEITIÇADAS 2013
31 de outubro
LEITURAS ENFEITIÇADAS é uma actividade de promoção da leitura que tem como objectivo aproximar o público dos livros, nomeadamente, dos contos tradicionais e outros que nos transportam através do imaginário para o mundo da magia. A actividade tem como ponto de partida o Halloween, evento tradicional e cultural, dos países anglo - saxónicos que remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã - Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d. C. e que, os Estados Unidos popularizaram através da comemoração com as famosas abóboras e a frase Gostosuras ou Travessuras. A Biblioteca Municipal parte deste tema e procura tirar partido do mundo dos contos da literatura infantil e juvenil muitos
deles envolvendo personagens mágicas, bruxas e feiticeiros. Tal como já vai sendo hábito a noite de 31 de Outubro na Biblioteca Municipal, será preenchida com filmes, danças, leitura de contos, jogos, magia e muitas diabruras e conta com a participação de crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, acompanhadas pelos pais. Mais uma vez trabalhamos em parceria com as Bibliotecas Escolares, que desenvolvem com os alunos do Agrupamento de Escolas de Mangualde o concurso de contos também intitulado “Leituras Enfeitiçadas” cujos vencedores e textos serão apresentados nessa noite de 31 de Outubro. Os trabalhos dos alunos estarão em Exposição na Biblioteca Municipal.
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exposições / Atividades
AGENDA Hora do conto
03 de outubro | 10:30 A bruxa Mimi Korky Paul e Valerie Thomas
10 de outubro | 10:30 A bruxa Mimi Korky Paul e Valerie Thomas
17 de outubro | 10:30 A bruxa Mimi Korky Paul e Valerie Thomas
24 de outubro | 10:30 A bruxa Mimi Korky Paul e Valerie Thomas
31 de outubro | 10:30 A bruxa Mimi
na Biblioteca Municipal de Mangualde Assinalando o Dia Internacional do Cinema de Animação, a 28 de Outubro, o Cine Clube de Viseu e a Biblioteca Municipal de Mangualde têm o prazer de apresentar o programa APRENDER EM FESTA 2013. Convidamos a comunidade educativa a participar e a associar-se a centenas de cidades em todo o mundo que dedicam o mês de Outubro à animação. 1º ciclo do Ensino Básico
2º e 3º ciclos do Ensino Básico Secundário A INVENÇÃO DE HUGO de Martin Scorsese, 2011, EUA
Korky Paul e Valerie Thomas
Ateliers de ilustração e expressão escrita Cinema, musica internet 01 de outubro » 31 outubro Hórario da Biblioteca
Clube de leitura
03 de outubro | 21:15 Filme - Os homens que odeiam as mulheres 23 de outubro | 21:15 Um homem de partes de David Lodge
Biblioteca para avós 1vista por mês | Locais
CURTAS DE CINEMA DE ANIMAÇÃO vários realizadores 2012/13 Parceria Casa da Animação.
CURTAS DE CINEMA DE ANIMAÇÃO vários realizadores Parceria Casa da Animação.
Como é habitual, estas sessões combinam os filmes realizados por crianças e jovens no âmbito do projecto CINEMA PARA AS ESCOLAS, bem como as escolhas da CASA DA ANIMAÇÃO, do Porto, com muitas histórias animadas cheias de lirismo e fantasia. Os filmes escolhidos têm em atenção as exigências perceptivas dos pequenos, intensificando a experiência de ver cinema, contribuindo para uma maior proximidade afectiva com as artes visuais e o desenvolvimento de várias competências criativas.
Num programa livremente inspirado no tema fronteiras, apresentam-se alguns filmes em que se traçam limites e barreiras de ordem ideológica, de confrontação de género, entre diferentes espécies, linguagens e dimensões do imaginário. Programa O CLANDESTINO de Abi Feijó O TURISTA de Martin Máj
Programa UMA VIAGEM AO BRASIL de Graça Gomes A ENERGIA NA TERRA CHEGA PARA TODOS de José Miguel Ribeiro BUY BUY BABE de Gervais Merryweather O GIGANTE de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida RISING HOPE de Milen Vitanov A LEBRE E O VEADO de Péter Vácz LION DANCE de Duan WenKai e Ma Wei Jia
A história de Hugo Cabret, de 12 anos, criado pelo pai viúvo, cujo trabalho era cuidar do grande relógio da estação de comboios de Montparnasse, Paris. Com a ajuda de uma rapariga excêntrica, procura respostas para um misterioso passado que o levará aos primeiros anos da história do cinema. Realizado por Martin Scorsese, uma aventura por amor ao cinema, centrada no grande pioneiro desta arte, Georges Mélies, um dos realizadores fundamentais da história do cinema.
O CÁGADO de Luís Almeida e Pedro Lino JANTAR EM LISBOA de André Carrilho LAPSUS de Juan Pablo Zaramella OH SHEEP de Gottfried Mentor SHARAF de Hanna Heiborn
• Centro Social Paroquial de Abrunhosa-aVelha • Centro Social de Fornos de Maceira Dão • Centro Paroquial da Cunha Baixa • Lar de Nossa Sr.ª do Amparo • Lar Morgado Cruzeiro • Centro Social Cultural da Paróquia de Mangualde • Centro Paroquial de Santiago de Cassurrães • Centro Social Paroquial de Chãs de Tavares • Associação de Solidariedade Social de Contenças de Baixo
Livros sobre rodas 1vista por mês | Locais
EB1 de Abrunhosa do Mato; EB1 de Abrunhosa-a-Velha; EB1 de Cubos; EB1 de Cunha Baixa; EB1 de Moimenta do Dão; EB1 de Tibaldinho; EB1 Mangualde n.º 1; EB1 Santa Luzia; JI de Abrunhosa do Mato; JI de Casal Mendo; JI de Cubos; JI de Cunha Baixa; JI de Moimenta do Dão; JI de Tibaldinho; JI Mangualde n.º 1
Doces Leituras 01 de outubro » 31 outubro Pastelaria Pão Pão Queijo Queijo Nuno Camarreiro
Auditório 01 de outubro - Dia do Idoso 02 de outubro - Workshop Dança 05 de outubro - Workshop Teatro 15 de outubro - Sessão Lili e Riri 28 de outubro - Ciclo Cinema Animação 29 de outubro - Ciclo Cinema Animação 30 de outubro - Ciclo Cinema Animação 31 de outubro - Ciclo Cinema Animação 31 de outubro - Noites enfeitiçadas 01 de novembro - Sessão de cinema
Exposições “Engenhos Sonoros” 03 de outubro » 31 outubro Hórario da Biblioteca
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
Nuno Camarneiro
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Prémio Leya 2012
Nuno Camarneiro
Comunicado da Direção de Comunicação da Leya O Júri do Prémio Leya reuniu nos dias 13 e 14 de Dezembro, em Alfragide, para deliberar sobre a atribuição do Prémio, a que concorreram este ano mais de 270 originais, apresentados por autores residentes em Angola, Brasil, Canadá, França, Inglaterra, Moçambique e Portugal. O Júri decidiu, por maioria, atribuir o Prémio Leya 2012 ao romance Debaixo de Algum Céu, da autoria de Nuno Camarneiro. O Júri apreciou no romance Debaixo de Algum Céu a qualidade literária com que, delimitando intensivamente a figura fulcral do “romance de espaço” e do “romance urbano”, faz de um prédio de apartamentos à beira-mar o tecido conjuntivo da vida quotidiana de várias personagens - saídas da gente comum da nossa actualidade, mas também por isso carregadas de potencial significativo.
Retrato de uma microsociedade unida pelo espaço em que vivem os personagens, o romance organiza-se a partir de um conjunto de vozes que dão conta de vidas e destinos que o acaso cruzou num período de tempo delimitado entre um Natal e um Fim do Ano. Ouvimos vozes, poemas, ladainhas, canções, que transportam memórias e sentimentos e pontuam os encontros, desencontros e tragédias de que os moradores só se apercebem quando saem à luz do dia. A escrita é precisa e flui sem ceder à facilidade, mas reflectindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do quotidiano. O júri destacou nesta obra o domínio e a segurança da escrita, a coerência com
que é seguido o projecto, a força no desenho dos personagens e destaca a humanidade subjacente ao que poderá ser lido como uma alegoria do mundo contemporâneo. Alfragide, sexta-feira, 14 de Dezembro de 2012
O júri do Prémio LeYa 2012 Manuel Alegre (Presidente) José Carlos Seabra Pereira José Castello Lourenço do Rosário Nuno Júdice Pepetela Rita Chaves
Prémio Leya Com características únicas pela sua especificidade e valor - 100 mil Euros -, o Prémio Leya foi criado em 2008 no sentido de distinguir um romance inédito escrito em português. Até hoje foram distinguidas com o Prémio LeYa as obras O Rastro do Jaguar, do jornalista brasileiro Murilo Carvalho, em 2008, O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, em 2009, e, em 2011, O teu rosto será o último, de João Ricardo Pedro, o primeiro autor português a vencer o prémio. Em 2012 o prémio é atribuido ao escritor Nuno Camarneiro. Na edição de 2010 o júri decidiu, por unanimidade, não atribuir o Prémio LeYa.
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“Se um escritor inventa mundos é porque há mundos que querem ser inventados”
Priscila Roque in Saraivaconteudos 22/11/2011 e Por em Quarta, 22 de Agosto de 2012 in Urbietorbi - Jornal Online da UBI
Em meio a aulas e pesquisas nas universidades do Porto e de Aveiro, publica pequenos textos em revistas e já se prepara para o lançamento de mais um livro. No currículo, editoras europeias interessadas em traduzir sua obra para o alemão, o francês e o italiano e a certeza de que a literatura não é apenas um hobby. Com uma carreira tão consistente na engenharia física, quando você pensou que realmente seria a hora de publicar um livro relacionado à literatura? N.C. - Essas coisas vão crescendo... Comecei a gostar muito de escrever contos. Então, passei a preparar uma compilação deles, que apresentei a uma editora. Ela gostou muito, e é até a minha editora atual, Maria do Rosário Pedreira. Porém, me disse que, em Portugal, não existe um mercado de contos. Conto não vende, é difícil de publicar, ainda mais para um primeiro livro. Ninguém me conhecia. Ela me desafiou, então, a escrever um romance. Inicialmente, achei impossível. Um romance seria muito grande e eu não saberia escrever. Mas a ideia ficou, foi ficando, ficando... Então, pensei: “Bem, eu posso tentar fazer um romance a partir de contos”. Arranjei uma estrutura que me permitisse fazer muitos pequenos contos, narrativas de duas páginas, mas que fosse também um romance. Foi um pouco isso que tentei fazer no meu livro.
Qual foi a sua reação com essa recepção tão positiva do mercado português? Nuno Camarneiro. Eu faço investigação na área da química, dou aulas em um curso de ciências aplicadas ao restauro em uma universidade e continuo a escrever. Normalmente, as noites são para a escrita. Fiquei muito contente com a recepção porque o livro foi lido, as pessoas se interessaram e acharam que era algo novo, algo diferente. Isso é tudo o que um novo autor pode querer. Sentir que sua voz é nova e é única. Portanto, nesse aspecto, foi perfeito e me deu forças para continuar. Agora, no início do próximo ano, já vou lançar o segundo livro. Já tem algo dessa obra que você possa adiantar? Nuno Camarneiro. Por enquanto, preferia não falar muito. Ele é diferente, passado nos nossos dias. Esse é um livro que já não está tanto no universo literário, está mais no nosso universo real.
Como você chegou aos nomes que protagonizam o seu livro – Fernando Pessoa, Jorge Luís Borges e uma personagem de Kafka?
Você nasceu em Figueira da Foz e, atualmente, vive entre o Porto e Aveiro. Há algo dessas raízes que respingam em seu texto?
N.C. - Eu li Kafka muito cedo, quando tinha 12 ou 13 anos. Na altura, não percebi nada, mas ficou em mim. Era como um vírus, que você apanha e mais tarde vai se revelar. Foi isso que aconteceu, o vírus da literatura entrou em mim. O mesmo com Borges e Pessoa. Eles são autores que, quando você lê pela primeira vez, fica deslumbrado e não sabe muito bem o que é aquilo. É preciso muito tempo para começar a entender e para saber o que é. Esses foram autores muito importantes no processo de me tornar um escritor. Por isso é que fui chamá-los para o meu primeiro livro.
N.C. - Figueira da Foz é uma cidade de praia. Saí de lá aos 18 anos, fui para Coimbra estudar, depois andei pela Suíça e Itália. Agora, vivo em Aveiro, que é perto de Figueira da Foz, são 50 km. Portanto, por um lado tem a minha família, sou muito ligado a ela, e por outro é a questão do mar. Tenho uma relação com o mar muito íntima, me faz muito bem estar perto dele. Aveiro também fica junto ao mar. É como se a minha casa fosse o mar, sinto muito isso. Os meus livros sempre têm muito mar e vento. Quando também estou em uma cidade sem vento, parece que falta algo...
Há algum recorte de obras desses autores em seu romance?
Quando nasceu a paixão pela escrita?
Nuno Camarneiro. Diretamente, não. Há só um jogo que eu fiz. Conta-se que Fernando Pessoa escreveu todos os poemas de O Guardador de Rebanhos em uma única noite. Peguei todos esses textos, retirei deles duas palavras ou meio verso e fiz um novo poema. Esse foi o único que coloquei no livro como se fosse o Pessoa a escrevêlo. O que você ouviu de mais surpreendente sobre esse primeiro trabalho? Nuno Camarneiro. Eu tinha um pouco de receio que o livro fosse difícil ou demasiado intelectual por vir muito da literatura. Mas a verdade é que tenho ido muito a escolas e ouço jovens com 15 ou 16 anos, que leram o livro, dizerem que ali estão emoções que eles sentem também por não estarem adaptados ao mundo, desse desacerto com os outros e a dificuldade de se comunicar. De fato, esse é um dos temas centrais do livro. Tanto Pessoa como Borges ou Kafka tinham problemas de relacionamento. Então, descobri que os adolescentes interagem muito bem com isso e se veem retratados no livro.
N.C. – Desde miúdo que gostava muito de ler e sempre li muito e coisas de todo o tipo, desde livros de banda-desenhada, dos “Cinco”, dessas coisas todas, até depois livros mais complexos, clássicos, e isso acompanhou-me sempre, mesmo quando estudava Física, continuava a ler coisas que não tinham nada a ver com Física. E quando saí de Portugal, quando estava a viver na Suíça, senti muita essa necessidade, por viver sozinho, talvez, por se calhar querer agarrar-me à língua, comecei a escrever e fui sempre escrevendo mais, sempre com estruturas mais complexas, até acabar num romance. Que autores o influenciaram? N.C. – se calhar todos os que li. Há autores europeus que me influenciaram pela questão de temática e aí o Kafka é um exemplo, o Borges ou outros modernistas, como por exemplo, o Thomas Mann, ou o Joyce, também, embora menos, o Musil d’O Homem Sem Qualidades. Todo o movimento do modernismo, acho que me identifico bastante com essa forma de olhar para a realidade e de conhecer o absurdo e de imaginar o absurdo, que depois deri-
vou num existencialismo. Do ponto de vista linguístico tenho relação mais com autores portugueses, em particular o Pessoa. O Aquilino Ribeiro é um autor de quem eu gosto muito e que li bastante, e depois autores mais dos anos 60, anos 70, como o Jorge de Sena, ou Carlos de Oliveira, que acho que trabalharam muito a língua e que fizeram um trabalho com o qual eu me identifico de alguma maneira. E depois claro, o Saramago, um autor que foi muito importante para mim, e já mais tarde, também o Lobo Antunes. Sentiu alguma dificuldade começar a escrever o livro?
para
N.C. – Há diversas dificuldades, sobretudo porque há um tempo diferente e uma estrutura diferente [em relação ao blog] e o tempo de um romance não é o mesmo de um conto, não é o mesmo de um poema. E a adequação a esse tempo, perceber que ritmo a prosa deveria ter, demorei algum tempo até acertar, fui experimentando até encontrar um ritmo que me servia e a estrutura que me servia, e acho que essa é a primeira dificuldade para alguém que se decide a escrever um romance, quando só tinha escrito outras coisas como eu, coisas mais curtas, mais breves. Depois há sempre dificuldades em tudo o que se escreve: encontrar as palavras, encontrar a forma exacta de expressar uma ideia, de dar vida a uma personagem, de vesti-la de características, isso tudo tem dificuldades. Nada disto é fácil, mas também não tenho uma visão trágica, de que é terrível. É uma arte como outras, em que é preciso muita oficina e é preciso ir trabalhando até ganhar a mão, até se chegar a algo que para nós e para quem lê, seja satisfatório. O blog é um exercício da língua? N.C. – Sim, é uma forma descomprometida de experimentar aquilo que me apetece. Poder experimentar novos formatos, tanto na poesia, como na prosa, sabendo que vou ter leitores, mas não tendo aquele peso de quem publica um livro. Finalmente, que mensagem pode deixar aos nossos jovens? N.C.- Não tenho a pretensão de dar conselhos (risos). Cada um tem de procurar o seu caminho, de procura-lo muito e não desistir nunca. Pode implicar ficar cá ou emigrar, mas que não sintam, ou que não sintamos todos, que somos só vítimas das circunstâncias, por mais difíceis que sejam, cabe-nos ainda uma grande parte de autodeterminação e de procurarmos aquilo que precisamos. E se abdicarmos disso, estamos a morrer antes do tempo e isso é que não podemos deixar acontecer. As coisas estão muito difíceis, fizeram-nos as coisas muito difíceis, talvez também nós tenhamos feito as coisas muito difíceis um bocado para nós, mas não podemos aceitar essa dificuldade como algo inevitável e temos de continuar a lutar contra ela. Contra ela, contra os outros, e ir atrás daquilo em que acreditamos e que queremos para nós. E claro, estamos numa altura em que é mais difícil e por isso tem mais valor fazê-lo.
Biografia Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, onde exerce actividade de investigação na Universidade de Aveiro e é professor na Licenciatura em Conservação e Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. Editou o seu primeiro romance, No Meu Peito não Cabem Pássaros, na Dom Quixote, em Junho de 2011. É premiado com o Prémio Leya em 2012 com a sua obra Debaixo de Algum Céu, publicado em 2013 pela Leya.
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No meu peito não cabem pássaros Nuno Camarneiro Sinopse Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros. Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo. Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance - três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar. Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles. Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, No Meu Peito não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens.
debaixo de algum céu
Nuno Camarneiro
Sinopse Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir. A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem. Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos. Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
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projetos
Orquestra POEMa Nasceu a Orquestra POEMa A POEMa é uma iniciativa da Câmara Municipal de Mangualde em parceria com o Conservatório
Regional de Música de Viseu “Dr. José de Azevedo Perdigão”, e tem como objetivo a criação de duas formações, orquestra e orquestra de sopros. A Orquestra POEMa, Projeto de Orquestra Estúdio de Mangualde, nasceu no dia 26 de setembro, pelas 17h30, numa cerimónia que contou com a presença do vereador da cultura da Câmara Municipal de Mangualde, João Lopes. Os intervenientes deste projeto são elementos das Bandas Filarmónicas do concelho de Mangualde e alunos/ex-alunos do Conservatório Regional de Viseu “Dr. José de Azevedo Perdigão”, com idades compreendidas entre os 12 e os 30 anos de idade, podendo haver algumas exceções. Os ensaios serão semanais, em dia e hora a definir pelo Conselho Consultivo. O ensaio geral será de duas em duas semanas, alternando com ensaio de naipe. O trabalho de naipe será orientado por professores do Conservatório Regional de Viseu “Dr. José de Azevedo Perdigão”, ficando musical a cargo do Prof. Tiago Correia. O local de ensaio será a Escola Ana de Castro Osório. Esta iniciativa conta ainda com os apoios do Agrupamento de Escolas de Mangualde, da Associação Filarmónica da Boa Educação de Vila Cova de Tavares, da Associação Humanitária e Cultural de Abrunhosa-a-Velha, da Sociedade Filarmónica de Tibaldinho e da Sociedade Filarmónica Lobelhense.
Biblioteca para avós A Biblioteca para avós é um projecto de
parceria entre a Biblioteca Municipal e os serviços de Acção Social de Mangualde. O projecto surge no âmbito do Plano de Acção 2011 da Rede Social, no eixo de intervenção Fomentar o Envelhecimento protegido, promovido pela Câmara Municipal de Mangualde. O projecto pretende aproximar os grupos seniores das vivências sócio – culturais, proporcionando o acesso a documentos em diversos suportes, acções e actividades diversas em torno do livro e da leitura, combatendo assim o isolamento deste público que, por razões inerentes à sua faixa etária, se apresenta mais limitado no acesso a esses bens. Considerando que os idosos representam o grupo com maior dificuldade de acesso ao livro e à leitura, uma vez que se trata de
uma faixa etária cuja capacidade de leitura é mais limitada, torna-se essencial não só disponibilizar livros em suporte de papel (essencialmente poesia popular, narrativas, revistas), mas também desenvolver actividades de leitura em voz alta para os menos capacitados visualmente, bem como outras actividades complementares na área da promoção da leitura. Atividade A Biblioteca para avós será uma Biblioteca itinerante. A sua concretização consiste na visita periódica da Biblioteca Municipal aos Lares e Centros de Dia do concelho de Mangualde. A equipa da BMM deslocar-se-á com um baú de livros e revistas que sejam do interesse deste público – alvo, previamente seleccionados. A selecção de documentos, alvo de em-
préstimo, será baseada em sugestões dos grupos seniores e dos responsáveis das referidas instituições.
Destinatários Utentes dos Centros de dia e Lares do concelho de Mangualde.
Objectivos Facilitar o acesso à biblioteca de novos públicos; Integrar a biblioteca na vida da comunidade; Lutar contra o isolamento; Fomentar a cooperação entre serviços e instituições do concelho; Promover novas formas de entretenimento e lazer; Contribuir para a valorização pessoal e social do idoso; Reconhecer a importância da animação/ ocupação na 3.ª idade. Promover o Livro e a Leitura; Proporcionar o acesso a actividades sócio – culturais ao público-alvo; Desenvolver parcerias; Promover os Serviços de Acção Social e da Biblioteca Municipal de Mangualde.
Calendarização Uma vez por mês a iniciar no dia 1 de Outubro de 2013 – Dia Internacional do Idoso. Terça (8) Chãs de Tavares | 14h30; Abrunhosa – A – Velha | 15h45 Segunda (14) Centro Social e Cultural da Paróquia de Mangualde | 14h30 Quarta (16) Cunha Baixa | 14h30 Quarta (23) Morgado Cruzeiro | 14h30; Nossa S.º da Amparo | 15h30 Quinta (24) Contenças de Baixo | 14h00; Santiago De Cassurrães | 15h00 Quinta (31) Fornos Maceira Dão |14h30
Brevemente disponivel, com novo layout e novas funcionalidades
www.biblioteca.cmmangualde.pt
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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FOI HISTÓRIA ...
01 OUT 02 OUT 03 OUT
Fundação Calouste Gulbenkian
Revolta de Varsóvia
Em 2 de Outubro termina a Revolta de Varsóvia. A Revolta ou Insurreição de Varsóvia foi uma luta armada durante a Segunda Guerra Mundial na qual o Armia Krajowa (Exército Clandestino Polaco) tentou libertar Varsóvia do controlo da Alemanha Nazi.
Reunificação da Alemanha
A reunificação da Alemanha ocorreu em 3 de outubro de 1990 , quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado à República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental) . Após as primeiras eleições livres na RDA, em 18 de março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação (Einigungsvertrag, celebrado em 31 de agosto de 1990), enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação (Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética) resultaram no chamado “Tratado Dois Mais Quatro” (celebrado em 12 de setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
Varsóvia em tempo de guerra
Museu Calouste Gulbenkian
A 1 de Outubro de 1969 é inaugurada a Fundação Calouste Gulbenkian.A Fundação Calouste Gulbenkian, foi criada com a herança de Calouste Gulbenkian. Após a sua morte, em 1955, legou os seus bens ao país sob a forma de uma fundação. Esta apoia muitas atividades culturais e possui uma orquestra, bibliotecas, um coro, salas de espetáculos e dois museus (arte antiga e contemporânea) com cerca de seis mil peças no seu acervo. Calouste Gulbenkian foi um amante da arte, e homem de raro e sensível gosto, além de reunir uma extraordinária coleção de arte, principalmente europeia e asiática, de mais de seis milhares de peças. Na arte europeia, reuniu obras que vão desde os mestres primitivos à pintura impressionista. Uma parte desta coleção esteve exposta por empréstimo, entre 1930 e 1950, na National Gallery em Londres, e à Galeria Nacional de Arte em Washington, DC. Figuram na colecção obras de Carpaccio, Rubens, Van Dyck, Rembrandt, Gainsborough, Romney, Lawrence, Fragonard, Corot, Renoir, Boucher, Manet, Degas, Monet entre outros. Além da pintura, reuniu um importante espólio de escultura do antigo Egipto, cerâmicas orientais, manuscritos, encadernações e livros antigos, artigos de vidro da Síria, mobiliário francês, tapeçarias, têxteis, peças de joalharia de René Lalique, moedas gregas, medalhas italianas do Renascimento etc.. Foi desejo de Gulbenkian que a coleção que reuniu ao longo da vida ficasse exposta num mesmo local. Assim é, em Lisboa, desde Junho de 1960. Em 1969 foi inaugurado o espaço onde se encontra o edifício-sede da Fundação, que inclui o Museu onde se encontra esta coleção permanente, além de um Centro de Arte Moderna, salas de conferência, biblioteca, três auditórios e jardins. A 20 de Junho de 1960 foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência, a 7 de Agosto de 1981 com o grau de MembroHonorário da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 13 de Agosto de 1986 com o grau de Membro-Honorário da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2010 o edifício-sede e o parque da Fundação Gulbenkian foram classificados como Monumento Nacional.
Teve início em 1 de agosto de 1944, às 17 horas, como parte de uma revolta nacional, a “Operação Tempestade”, e deveria durar apenas alguns dias, até que o Exército Soviético chegasse à cidade. O avanço soviético no entanto foi interrompido, mas a resistência polaca continuou por 63 dias, até sua rendição às forças alemãs em 2 de outubro. A ofensiva começou quando o Exército Soviético se aproximou de Varsóvia. Os principais objetivos dos polacos eram manter os alemães ocupados e ajudar nos esforços de guerra contra a Alemanha e as Forças do Eixo. Entre os objetivos políticos secundários estava a libertação da cidade antes da chegada dos soviéticos, conquistando assim seu direito de soberania e desfazendo a divisão da Europa Central em esferas de influência sob os poderes aliados. Os insurgentes esperavam reinstalar as autoridades de seu país antes que o Polski Komitet Wyzwolenia Narodowego (Comité de Liberação Nacional Soviético Polaco) assumisse o controlo. Inicialmente os polacos isolaram áreas substanciais da cidade, mas os soviéticos não se aproximaram de suas cercanias até meados de setembro. Em seu interior, uma luta aguerrida entre alemães e polacos continuava. Em 16 de setembro, as forças soviéticas conquistaram território a poucos metros das posições polacas nas margens do Rio Vístula, não avançando mais durante o restante da duração da Revolta. Isso levou a acusações de que o líder soviético Josef Stalin esperava pelo fracasso da insurreição para que pudesse assim ocupar a Polônia de forma incontestável. Embora o número exato de baixas permaneça desconhecido, estima-se que aproximadamente 16,000 integrantes da resistência polaca foram mortos e 6,000 gravemente feridos. Entre 150,000 e 200,000 civis morreram, a maioria vítima de massacres conduzidos por tropas do Eixo. As perdas alemãs totalizaram aproximadamente 16,000 soldados mortos e 9,000 feridos. Durante o combate urbano, perto de 25% dos prédios de Varsóvia foi destruído. Após a rendição das forças polacas, as tropas alemãs destruíram sistematicamente, quarteirão a quarteirão, 35% da cidade. Juntamente com os danos provocados pela Invasão da Polónia em 1939 e a Revolta do Gueto de Varsóvia em 1943, mais de 85% da cidade estava destruída em 1945, quando os soviéticos finalmente ultrapassaram suas fronteiras.
com Chaplin em “As luzes da ribalta”. Ao contrário de Chaplin, o estrelato e veia cómica de Keaton não sobreviveram à conversão de Hollywood ao cinema falado. Para piorar, a vida pessoal de Keaton estava em frangalhos, após um divórcio doloroso. O consumo de álcool de Keaton aumentava proporcionalmente aos seus problemas pessoais. Após sobreviver por duas décadas de comédias sonoras baratas e eventuais aparições públicas, Keaton volta à evidência ao participar em 1952 do filme “Luzes da Ribalta” de Charles Chaplin, por ironia, esse filme sobre um artista em decadência salva da decadência o artista Keaton. Depois de contracenar com Chaplin, a única participação conjunta dos dois grandes artistas da comédia num mesmo filme, Keaton voltou a casar, parou de beber e representou diversos papéis secundários no teatro, TV e cinema.
05 OUT
Dalai Lama
Reunificação da Alemanha
04 OUT
Buster Keaton
Buster Keaton
Em 4 de Outubro de 1895 nasce o ator e realizador de cinema Buster Keaton, mais conhecido em Portugal por “Pamplinas”, inovador, cómico e imperdível. Conhecido como, “O homem que nunca ri”, devido às suas interpretações em que não modificava as feições mesmo nas situações mais imprevistas. Os seus filmes mais conhecidos são “Pamplinas, Maquinista”, “O Navegador”, foi a par de Charlie Chaplin nos filmes a preto e branco uma das maiores estrelas, contracenou
Dalai Lama
A 5 de Outubro de 1989, o Dalai Lama recebe o Prémio Nobel da Paz Líder espiritual do Tibete e membro da ordem do budismo tibetano Gelupa, o atual Dalai Lama nasceu em 1935, em Tsinghai, numa família de camponeses na aldeia de Takster, com o nome de Lhamo Dhondrub. Apenas com dois anos de idade foi reconhecido como a reencarnação do 14.º Dalai Lama. Os Dalai Lama são vistos como reencarnações de Cherezig, que simboliza a compaixão. Ao tornar-se líder espiritual do Tibete assumiu o nome religioso Jetsun Jambel Ngawang Losang Yeshe Tenzin Gyatso. Doutorou-se aos 25 anos em Filosofia Budista. Em 1959 foi obrigado a abandonar o país com a entrada das tropas chinesas. Desde esse ano vive exilado em Dharamsala, no norte da Índia. Defensor incansável da não violência, da tolerância, do diálogo e da preservação dos recursos naturais do planeta, visitou muitos países defendendo a convivência harmoniosa entre os povos, as culturas, as religiões e a própria natureza. Foi laureado com o Prémio Nobel da Paz em 1989, como reconhecimento pela sua campanha de não violência a favor da auto determinação política do Tibete. Os chineses foram contra essa homenagem.
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06 OUT Tokio Rose
Hendrick Verwoed
Registo fotográfico a quando da sua detenção
tos e é considerado o inventor do género ficção policial, também recebendo crédito por contribuição ao emergente gênero de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil. Sua carreira começou humildemente com a publicação de uma coleção anónima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827). Poe mudou seu foco para a prosa e passou os próximos anos trabalhando para revistas e jornais, tornando-se conhecido por seu próprio estilo de crítica literária. Seu trabalho o obrigou a se mudar para diversas cidades, incluindo Baltimore, Filadélfia e Nova York. Em Janeiro de 1845, Poe publicou seu poema The Raven, foi um sucesso instantâneo. Ele começou a planear a criação de seu próprio jornal, The Penn (posteriormente renomeado para The Stylus), porém morreu antes que pudesse ser produzido.
Edgar Allan Poe
Edgar Allan Poe
Em 7 de Outubro de 1849 morre o escritor
norte-americano Edgar Allan Poe. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de con-
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FOI HISTÓRIA ...
político em Cuba. Ele participou desde então, até 1965, da reorganização do Estado cubano, desempenhando vários altos cargos da sua administração e de seu governo, principalmente na área econômica, como presidente do Banco Nacional e como Ministro da Indústria, e também na área diplomática, encarregado de várias missões internacionais. Convencido da necessidade de estender a luta armada revolucionária a todo o Terceiro Mundo, Che Guevara impulsionou a instalação de grupos guerrilheiros em vários países da América Latina. Entre 1965 e 1967, lutou no Congo e na Bolívia, onde foi capturado e assassinado de maneira clandestina e sumária pelo exército boliviano, em colaboração com a CIA, em 9 de outubro de 1967.
08 OUT Saramago Nobel da Literatura
PIva Toguri, japonesa, mais conhecida por “Tokio Rose”, é sentenciada em 6 de Outubro a dez anos de prisão por traição. As suas emissões radiofónicas a partir do Japão durante a Segunda Grande Guerra Mundial tinham como objetivo desmoralizar as tropas Aliadas. Mais tarde, provas atenuantes levaram a um perdão de pena pelo presidente norteamericano Gerald Ford.
07 OUT
Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
Ernesto Guevara de la Serna
maiores génios músico-dramáticos da era romântica. Começou a estudar música com o organista da cidade vizinha de Le Roncole. Depois, com dezoito anos, partiu para Milão, onde aprendeu composição e tomou contacto com a ópera. Em 1839, obteve um enorme sucesso, no Scala de Milão, com a estreia da sua primeira ópera, Oberto. No entanto, só se consagrou em 1842, com a produção da ópera Nabucco. Com as composições mais célebres, Rigoletto (1851), Il Trovatore (1853), La Traviata (1853), La Forza del Destino (1862), Don Carlo (1867), Aida (1871), Otello (1887) e Falstaff (1893), Verdi atingiu a maturidade dramática. Verdi enriqueceu a música ao explorar novos campos dramáticos, onde o trágico e o cómico e os dramas individuais e os coletivos se cruzam e se iluminam à maneira de Shakespeare. Aliás, os temas das óperas Otello (1887) e Falstaff (1893) são de Shakespeare. O seu estilo foi sempre extremamente comunicativo e revelador de uma compreensão profunda da condição humana. Os predecessores que influenciaram Verdi musicalmente foram Gioachino Rossini, Vincenzo Bellini, Giacomo Meyerbeer e, mais notavelmente, Gaetano Donizetti e Saverio Mercadante. Com a exceção de Otello e Aida, que teve a influência de Richard Wagner.
11 OUT
10 OUT TV a cores
Giuseppe Verdi José Saramago
Em 9 de Outubro de 1998, a Academia Sueca comunicou a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago “que, com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia”. Com esta justificação, a referida Academia destacava pela primeira vez, não só um escritor português, mas também a Língua Portuguesa. Ao contrário do que quase sempre acontece, esta escolha não foi alvo de contestação nem causou reticências por parte da crítica, facto que fez salientar a “seriedade” literária do escritor cuja obra, foi louvada pelo humanismo dos temas e pela qualidade da prosa.
09 OUT
Che Guevara
Guevara foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a Revolução Cubana (1953-1959) que levou a um novo regime
Guiseppe Verdi conduzinda a Orquestra de Paris, (1881)
Compositor italiano, Giuseppe Fortunino Francesco Verdi nasceu a 10 de outubro de 1813, em Le Roncole, no Ducado de Parma (atualmente, parte integrante da Itália), e morreu em 1901, em Milão. Juntamente com Richard Wagner, forma o grupo dos
Em 11 de Outubro de 1950 a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos concede à C. B. S. a primeira licença mundial de emissão de televisão a cores. Contudo a R.C.A. concorrente da C.B.S. acusou que a tecnologia utilizada era inadequada e contestou a atribuição da licença. O recurso foi atendido e a 15 de Novembro foi emitida uma ordem de suspensão da licença. Apesar deste revés, a C.B.S. difundiu o primeiro programa a cores em Junho de 1951. Em Portugal as primeiras emissões a cores começaram em 1976, durante as eleições presidenciais. Mas só em Março de 1980 é que começaram as emissões regulares a cores em Portugal, com o Festival RTP da Canção.
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FOI HISTÓRIA ...
12 OUT Atentado ao U.S.S. Cole
Danos causados no casco do U.S.S. Cole
12 de Outubro de 2000, dezassete marinheiros norte americanos são mortos e trinta e nove são feridos depois de uma lancha a motor carregada de explosivos e pilotada por dois terroristas suicidas com ligações à Al-Qaeda choca com o Contratorpedeiro U.S.S. Cole quando estava a abastecer-se em Àden, no Iémen.
13 OUT
Dama de ferro
eleita para três mandatos consecutivos. Em consequência, é reconhecida como uma das figuras mais marcantes da cena política internacional dos anos 80. Adepta de uma política de rigor orçamental e de uma intervenção reduzida do Estado na economia, diminuiu a despesa pública e praticou uma política de austeridade, tendo como fim reduzir a inflação. Em contrapartida, o desemprego triplicou. A popularidade de Thatcher só aumentou quando em 1982 mandou, com êxito, tropas inglesas para as Ilhas Malvinas para impedir que estas fossem ocupadas pela Argentina. Esta vitória assegurou a sua reeleição em 1983. O segundo mandato ficou marcado pela histórica greve dos mineiros (1984-1985), que terminou com a derrota dos grevistas, embora tivesse abalado o Governo; por uma firme política monetária e por uma série de privatizações; no plano externo, pelo vincar da posição britânica no seio da NATO e pela resistência a determinadas políticas da Comunidade Económica Europeia. Em 1984, Thatcher escapou por pouco a uma bomba do IRA, que explodiu durante um congresso partidário. Nova vitória eleitoral em 1987 tornou-a no único político do Reino Unido desde há mais de século e meio eleito por três vezes consecutivas para o cargo de primeiro-ministro. Começou entretanto a ficar isolada no próprio Partido Conservador. Em virtude da crescente oposição interna, renunciou em 1990 à liderança do partido e ao seu lugar no Governo, sendo substituída por John Major. Tendo sido feita baronesa pela rainha Isabel II, a sua atividade política passou a desenvolver-se na Câmara dos Lordes.
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Em 1955 uma mulher negra tinha-se recusado a ceder o seu lugar sentado no autocarro a um passageiro branco, pelo que fora presa por violar a lei da segregação racial. Os ativistas negros formaram em Montgomery uma associação com o objetivo de boicotar o trânsito e escolheram Luther King para seu líder. O boicote durou 381 dias e em 1956, o Supremo Tribunal declarou inconstitucional a lei de segregação nos meios de transporte. Entre 1960 e 1965, a influência de King atingiu o auge. Em 1960 foi preso e o caso assumiu proporções nacionais. A estratégia de liderar um movimento ativo mas não violento levou à adesão de muitos negros e de brancos liberais em todas as partes do país, tendo estas ações contado com o apoio da administração Kennedy. Em 1963, mostrou ao mundo a importância de resolver os problemas raciais através de uma marcha pacífica em Washington pelos direitos humanos, em que participaram mais de 200 000 pessoas. Nesse dia proferiu a célebre frase “I have a dream” num discurso em que fez uso de frases bíblicas, no qual proferiu o seu sonho de um dia ver brancos e negros juntos. Em 1964 foi aprovada a lei que acabaria com a segregação racial. Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1964. A 4 de abril de 1968 foi morto por um atirador quando estava na varanda de um hotel com alguns acompanhantes. Em 1969 a acusação recairia sobre o branco James Earl Ray, que foi condenado a 99 anos de prisão. O Congresso americano votou a favor de um feriado nacional em sua honra, que começou a ser celebrado a partir de 1986 na terceira segunda-feira de janeiro.
14 OUT 15 OUT
Martin Luther King
Mata Hari
entes ocasiões sua vida foi alvo da curiosidade de biógrafos, romancistas e cineastas. Ao longo do tempo, Mata Hari transformouse em uma espécie de símbolo da ousadia feminina. Mata Hari era filha de um empresário, Adam Zelle, com uma descendente de javaneses, Antje van der Meulen. Dos pais, herdou a beleza exótica da mãe de origem asiática e o espírito aventureiro de um pai em franca decadência financeira. A situação delicada de sua família piorou quando, aos 15 anos de idade, Mata perdeu sua mãe. No início do século XX, depois de uma tentativa fracassada de se tornar professora, um casamento igualmente fracassado com Rudolf John MacLeod e de ter dois filhos, Norman-John MacLeod e Jeanne-Louise MacLeod, ela se mudou para Paris. Ela posava como uma princesa javanesa e se tornou uma dançarina exótica. Seu pseudônimo Mata Hari quer dizer sol (mas literalmente “olho da manhã”) em malaio e língua indonésia. Ela também foi uma cortesã que teve casos amorosos com vários militares e políticos. Durante a guerra, Mata Hari dormiu com inúmeros oficiais, tanto franceses quanto alemães e se tornou um peão da intriga internacional, apesar dos historiadores nunca terem esclarecido com exatidão se ela fora realmente uma espiã, e se sim, quais eram as suas atividades como tal. Em 1917 ela foi a julgamento na França acusada de atuar como espiã e também como agente dupla para a Alemanha e França. Foi considerada culpada e no dia 15 de outubro do mesmo ano fuzilada. Existem vários rumores em torno de sua execução. Um dos mais fantasiosos diz que os soldados do pelotão de fuzilamento tiveram de ser vendados para não sucumbir a seu charme. Outra história cita que Mata Hari jogou um beijo aos seus executores antes que começassem a disparar. Uma terceira versão diz que ela não só jogou um beijo, mas também abriu a túnica que vestia e morreu expondo o corpo completamente nu.
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A longa marcha na China Margaret Thacher
Margaret Hilda Thatcher nasceu em 13 de Outubro de 1925, em Grantham, Lincolnshire. Na Universidade, estudou Química e Direito. No início dos anos 50 fez a sua entrada na política, assumindo-se como um elemento destacado da ala direita do Partido Conservador. Foi eleita pela primeira vez para o Parlamento em 1959. Depois de ter a seu cargo a pasta da Secretaria de Estado da Educação (1970-1974), tornou-se líder do Partido Conservador, em 1975. A vitória nas eleições de 1979 elevou-a à posição de primeira-ministra. Ocupou o cargo de 1979 e 1990, sendo
Martin Luther King
Martin Luther King recebe Prémio Nobel da Paz. Líder da população negra norte-americana, nasceu em 1929, em Atlanta, e morreu assassinado em 1968, em Memphis. O seu protagonismo foi decisivo para a declaração de inconstitucionalidade da segregação racial dos negros. Eloquente ministro batista, liderou o movimento a favor dos direitos civis da América Negra nos anos 50 até ao seu assassinato em 1968.
Margaretha Gertruida Zelle
Em 15 de outubro de 1917 Mata Hari, a espia sedutora foi executada. argaretha Gertruida Zelle (Leeuwarden, 7 de agosto de 1876 — Vincennes, 15 de outubro de 1917), conhecida mundialmente como Mata Hari, foi uma dançarina exótica dos Países Baixos acusada de espionagem que foi condenada à morte por fuzilamento, durante a Primeira Guerra Mundial. Em difer-
A marcha de milhares de pessoas durante cerca de 9.600 km.
Em 16 de outubro de 1934 dá-se inicio à Longa-Marcha na China. A Grande Marcha foi uma retirada das
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tropas do Partido Comunista Chinês, Exército de Libertação Popular, para fugir à perseguição do exército do Kuomintang. O exército comunista, liderado por Mao Zedong e Zhou Enlai, composto por 100 mil homens (30 mil soldados, dos quais 20 mil feridos, e 70 mil camponeses) percorreu, entre 16 de outubro de 1934 e 20 de outubro de 1935, 9.650 km em condições extremamente duras. A marcha prolongou-se até que as tropas comunistas estabeleceram-se na região de Shensi, extremo norte da China. Em face das severas condições, muitos integrantes da marcha, incluindo o irmão de Mao Zedong, Mao Zedan (Mao Tsé-Tan, em transliteração Wade-Giles), morreram. Mas a Grande Marcha consagrou-o como principal líder da Revolução Chinesa. O dia 16 de outubro de 1934, em desvantagem numérica e cercados pelas forças nacionalistas de Chiang Kai-shek, os comunistas da província de Jiangxi abandonaram seu acampamento dando origem a um dos momentos mais importantes do comunismo chinês: a Grande Marcha. Derrotados pelos nacionalistas e facções militares, os comunistas marcharam cerca de 9.600 km até Yan’an, província de Shaanxi. ao norte do país, deixando para trás mulheres e filhos e uma retaguarda de vinte e oito mil soldados, vinte mil deles doentes e feridos. Na travessia, o Exército Vermelho terminou por consolidar a identidade revolucionária do movimento: enquanto atravessavam o território iam pregando o socialismo para seus habitantes.
que o teria reunido novamente com Wayne e Brennan. Seu papel ficou com Dean Martin. Também em 1948, Clift foi nomeado ao Oscár de melhor ator por sua interpretação em Perdidos Na Tormenta. Desde então, começaria um novo modelo de ator protagonista: sensível, emocional e com uma beleza melancólica, o tipo de homem que uma mulher gostaria de cuidar. Sua carreira esteve repleta de êxitos, interpretando muitos papéis que foram nomeados para o Oscár e convertendo-se num ídolo por sua presença e atrativo. As suas cenas de amor com Elizabeth Taylor em Um lugar ao sol (1951) estabeleceu um novo padrão para o romance no cinema. Seus pápeis em “A Um Passo da Eternidade” (1953), onde interpreta um soldado de infantaria (Robert E. Lee Prewitt), e em Os Deuses Vencidos (1958) são considerados os mais importantes da sua carreira.
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Chuck Berry
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Montegomery Clift
Chuck Berry
Em 17 de outubro de 1920 nasce Montegomery Clift um dos atores mais prestigiados da sua geração. Com a sua aparição na Broadway aos treze anos, Clift obteve êxito nos palcos e atuou ali durante dez anos antes de viajar a Hollywood, debutando em Rio Vermelho (1948), com John Wayne. Tanto John Wayne como Walter Brennan se sentiram indignados pela homossexualidade de Clift e mantiveram-se afastados dele durante as gravações do filme. Por sua parte, Clift sentia-se ofendido pelas inclinações ultraconservadoras dos atores. Em 1958, recusou um papel em Rio Bravo,
icano, Charles Edward Anderson Berry nasceu a 18 de outubro de 1926, em St. Louis, Missouri, Estados Unidos da América. Desde cedo revelou interesse pela guitarra, instrumento que o consagrou. Iniciou a sua carreira como músico de rhythm’n’blues, tendo em Muddy Waters e Howlin’ Wolf duas das suas principais influências. Ao longo da carreira tocou com músicos de blues, tais como o baixista Willie Dixon, os bateristas Fred Below e Odie Payne Jr. e os pianistas Johnnie Johnson e Lafayette Leake. Em 1953 juntou-se ao pianista Johnnie Johnson e ao baterista Ebby Hardy no Sir John’s Trio, começando a tocar profissionalmente em diversos clubes. A popularidade crescente de Chuck Berry originou a mudança de nome para The Chuck Berry Combo. A conselho de Muddy Waters, um dos seus maiores ídolos, Berry encontrou-se com Leonard Chess, dono da editora Chess Records. Impressionado com o tema “Ida Mae”, Chess possibilitou a regravação do tema reintitulado “Maybellene” (1955), naquela que seria a estreia de Chuck Berry e um dos seus maiores êxitos: chegaria a número um da tabela de rhythm’n’blues e número cinco nas tabelas pop. Durante os anos 50 produziu sucessos que fazem parte da história do rock’n’roll: “Roll Over Beethoven”, “Thirty Days”, “Too Much Monkey Business”, “No Money Down”, “Brown
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FOI HISTÓRIA ...
Eyed Handsome Man”, “You Can’t Catch Me”, “School Days”, “Sweet Little Sixteen”, “Reelin’ And Rockin”, “Carol”, “Back In The USA”, “Little Queenie”, “Memphis, Tennessee”, “Merry Christmas Baby”, “Anthony Boy”, “Almost Grown”, “Johnny B. Goode” e “Rock And Roll Music”. Outros êxitos na década de 60 incluíram “Nadine”, “No Particular Place To Go”, “You Can Never Tell”, “Promised Land” e “Dear Dad”. O seu maior sucesso de vendas deu-se, ironicamente, na sua fase menos exuberante, com o single “My Ding A Ling” (1972), que atingiu o primeiro lugar das tabelas de música pop/rock. Surgiu em filmes de carácter musical como Rock, Rock, Rock (1956), Mister Rock’n’Roll (1957) e Go, Johnny, Go (1959) Entrou para o Blues Foundation’s Hall of Fame em 1985 e para o Rock And Roll Hall of Fame em 1986. Em 1987 publicou o livro: Chuck Berry: The Autobiography. No mesmo ano surgiu o documentário musical Hail! Hail! Rock’n’Roll, com as participações de Bruce Springsteen e do guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards. O rock’n’roll deve a Chuck Berry grande parte da sua identidade pela influência que produziu na música de artistas como os Beatles, os Rolling Stones, Bob Dylan, Jimi Hendrix ou Bruce Springsteen. O quarteto de Liverpool iniciou a sua carreira com versões de “Rock And Roll Music” e “Roll Over Beethoven” e os Stones gravaram “Come On”, “Carol”, “You Can’t Catch Me” e “I’m Talkin’ About You”. Em 2002, foi editado o disco In Concert, um registo ao vivo de sete faixas do concerto de 13 de setembro de 1969, um dos mais notáveis de Chuck Berry. Dois anos mais tarde, numa prova de vitalidade consideravel, já com 77 anos de idade, Chuck Berry realizou uma série de espetáculos na sua terra natal, Blueberry Hill, em St. Louis.
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Cantor, guitarrista e compositor norte-amer-
Grace Kelly
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Raul Solnado
Raul Solnado, comediante e ator português de teatro, cinema, rádio e televisão, nascido a 19 de outubro de 1929, no bairro da Madragoa, em Lisboa. Faleceu a 8 de agosto de 2009, aos 79 anos, na sua terra natal. Iniciou a sua carreira artística aos 17 anos como ator amador na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde foi colega de José Viana, de Varela Silva e de Jacinto Ramos. O gosto pelo teatro levou-o a inscrever-se, em 1951, num curso noturno do Conservatório Nacional. A sua estreia como profissional foi feita a
10 de dezembro de 1952 no Maxime integrando o elenco do espetáculo Sol da Meia-Noite escrito por José Viana. Numa noite em que Vasco Morgado estava na plateia do Maxime, o empresário convidou-o para trabalhar no Parque Mayer. A sua primeira revista foi Canta, Lisboa! (1953) onde trabalhou ao lado de Laura Alves. Nos primeiros anos, fez a aprendizagem ao lado das primeiras figuras da revista da época, onde se incluíam nomes como os de António Silva, Irene Isidro, Vasco Santana, Teresa Gomes, João Villaret, Assis Pacheco e Manuel Santos Carvalho. Solnado passou também pela opereta, na altura já um género em decadência, integrando o elenco de Maria da Fonte (1953) e de O Zé do Telhado (1955). A estreia cinematográfica de Solnado fezse numa curta-metragem de Ricardo Malheiro: Ar, Água e Luz. Seguiu-se um pequeno papel de detetive ao lado de Humberto Madeira em O Noivo das Caldas (1956) de Arthur Duarte. Em 1956, casou-se com a atriz brasileira Joselita Alvarenga, de quem se separaria em 1970. Deste casamento, nasceriam dois filhos, Alexandra e José Renato. Gradualmente tornou-se um dos atores mais promissores do panorama artístico nacional. Começou a protagonizar as suas primeiras revistas: Música, Mulheres e... (1957) e Três Rapazes e Uma Rapariga (1957). Depois de pequenos papéis em Perdeuse um Marido (1957) de Henrique Campos e Sangue Toureiro (1958) de Augusto Fraga, fez o primeiro filme como protagonista: a comédia O Tarzan do Quinto Esquerdo (1958), também realizado por Augusto Fraga. Em 1958, deu os seus primeiros espetáculos no Brasil, país onde desfrutou de enorme popularidade e sucesso. De novo em Portugal, regressou ao Parque Mayer, desta vez ao Teatro ABC, para protagonizar a revista Vinho Novo (1959), ao lado de José Viana. Em 1961, enfrentou os seus primeiros problemas com a Censura: Solnado e Camilo de Oliveira são julgados por ofensas contra a Comissão de Exame e Classificação dos Espetáculos por terem representado falas que tinham sido abolidas pela censura. Em 1960, juntamente com Humberto Madeira e Carlos Coelho, tornou-se sócio da Companhia Teatral do Capitólio. Pelo seu desempenho secundário de sacristão no filme As Pupilas do Senhor Reitor (1961) de Perdigão Queiroga, foi agraciado com o Prémio SNI para Melhor Interpretação Masculina. Marcou presença num dos momentos mais emblemáticos do Cinema Novo português: foi o protagonista de Dom Roberto (1962) de José Ernesto de Sousa. Ao lado de Glicínia Quartin, Rui Mendes e Adelaide João, Solnado desempenhou João Barbelas, um pobre fantocheiro de rua que salva a sua amada do desespero, passando ambos a viver num mundo de esperança e de ilusões. O registo dramático de Solnado foi elogiado em todos os panoramas jornalísticos nacionais que glorificaram a versatilidade interpretativa do ator. Dom Roberto veio a ser o primeiro filme português a ser distinguido no Festival de Cannes com o Prémio da Jovem Crítica. Em 1961, Solnado atingiu o auge da sua popularidade com a rábula A História da Minha Ida à Guerra de 1908, representada pela primeira vez na revista Bate o Pé. A rábula seria mesmo transcrita para disco, tornando-se um fenómeno de vendas pouco usual para a época. Após uma discreta participação no filme O Milionário (1962), de Perdigão Queiroga, e depois de muitos sucessos revisteiros em Portugal e no Brasil,
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fundou, em 1964, o Teatro Villaret com uma Companhia própria. Aí protagonizaria sucessos de público como O Impostor-Geral (1965), Braço Direito Precisa-se (1966), Desculpe Se o Matei (1966), Pois, Pois (1967) e A Preguiça (1968). Juntamente com Fialho Gouveia e Carlos Cruz, entrou para a História da Televisão portuguesa, apresentando o programa Zip Zip (1969). Esta mistura de talk-show com números cómicos e musicais acabou por alcançar uma popularidade nunca antes vista, a ponto de o cancelamento do programa ter sido recebido com grandes manifestações de pesar e protesto. Após a Revolução do 25 de abril de 1974, filiou-se no Partido Socialista e optou por passar largas temporadas no Brasil, onde protagonizou o filme Aventuras de um Detetive Português (1975). De volta ao seu país natal, encarnou as personagens principais das peças Isto é Que Me Dói (1978), Felizardo e Companhia (1978), Há Petróleo no Beato (1981) e SuperSilva (1983). Em palco, foi ainda ator convidado do Teatro Nacional D. Maria II (O Fidalgo Aprendiz, de Francisco Manuel de Melo, em 1988) e do Teatro Nacional de S. Carlos (O Morcego, de Strauss, em 1992), e teve também papéis de destaque em As Fúrias, de Agustina BessaLuís (1994), O Avarento, de Molière (1995), e O Magnífico Reitor, de Diogo Freitas do Amaral (2001). Relativamente ao cinema e depois do seu regresso a Portugal, voltou a esta arte pela mão de José Fonseca e Costa num impressionante registo dramático de Inspetor Elias Santana em A Balada da Praia dos Cães (1987). Daí para a frente, para além das participações em palco já mencionadas, apostou sobretudo em trabalhos televisivos: ao lado de Armando Cortez e de Margarida Carpinteiro, protagonizou a sitcom Lá em Casa Tudo Bem (1988), participou nas telenovelas A Banqueira do Povo (1993) e Ajuste de Contas (2000) e no telefilme da SIC Facas e Anjos (2000) onde pôde realizar o velho sonho de vestir a pele de um palhaço. Em 1991, lançou a biografia A Vida Não Se Perdeu. Foi também sua a ideia de criar a Casa do Artista, concretizada depois por Armando Cortez, Manuela Maria e Carmen Dolores, e inaugurada oficialmente em setembro de 1999.
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Caça às Bruxas
Manifestação a favor dos detidos
O Comité de Atividades Antiamericanas do Congresso dos Estados Unidos Da América inicia as suas investigações de infiltrações comunistas na indústria cinematográfica norte-americana em 20 de outubro de
1947. Dirigidas pelo congressista Parnell Thomas, as inquirições concentraram-se em identificar os chamados subversivos políticos entre atores, atrizes, escritores, argumentistas e realizadores de Hollywood. A “Caça às Bruxas” como ficou conhecido este período teve logo no início a oposição de grandes estrelas como Humphrey Bogart, Lauren Baccal ou ainda Gene Kelly, no entanto a comissão avança e pelo caminho vai fazendo vitimas, (alguns dos visados cometem o suicídio) alguns dos nomes mais sonantes de Hollywood como Elia Kazan ou Charlie Chaplin deixam de filmar ou abandonam o país.
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Gabriel Garcia Marquez
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ções periódicas, e que levou o título do mais famoso, “La Hojarasca”. Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia. Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance “Cien Años De Soledad” (“Cem Anos de Solidão”), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em “El Otoño Del Patriarca” (1977), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder. Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é “Crónica De Una Muerte Anunciada” (1981, “Crónica de uma Morte Anunciada”), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de “El Amor En Los Tiempos De Cólera” (1985, “Amor em Tempos de Cólera”), o autor publicou “El General En Su Laberinto” (1989), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena. Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, “Viver para Contá-la”, um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida.
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P.I.D.E.
Gabriel Garcia Marquez
A 21 de outubro de 1982 recebe o Prémio Nobel da Literatura. Escritor colombiano nascido a 6 de Março de 1928 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas. Terminando os seus estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não o chegou a concluir. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, “La Hojarasca”, em 1947. No ano seguinte, deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas. No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redacção, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país. Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de contos que já haviam aparecido em publica-
Simbolo da Policia Internacional do Estado
Em 22 de outubro de 1945 é criada a P.I.D.E. (Policia Internacional do Estado) O Estado Novo, constituído sob a direção de António de Oliveira Salazar, criou diversos organismos de Estado com o fim de condicionar, controlar ou eliminar as manifestações de opinião e impedir a organização política das forças que se lhe opunham, bem como dos contestatários ou descontentes no seio das próprias forças de apoio do regime. Um dos mecanismos de controle, particularmente vocacionado para operar a limitação do direito de reunião, expressão e organização políticas, foi a polícia política, instituição de carácter secreto que começou por ter uma base apenas regional durante a Ditadura Militar e posteriormente veio a estenderse ao todo nacional, embora com uma cobertura territorial incompleta, sem meios de comunicação modernos e permanentemente carente em pessoal (PVDE - Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado). Com o fim da Segunda Guerra Mun-
dial e o início da Guerra Fria, Salazar empreende a modernização do aparelho policial secreto, criando em 1945 a PIDE, atribuindo-lhe a missão de defender o regime contra as atividades das organizações clandestinas, particularmente do Partido Comunista Português, para tal recorrendo a métodos os mais variados, que iam da vigilância de suspeitos à prisão sem culpa formada, passando pela interceção de correspondência e de comunicações telefónicas e pela criação e manutenção de uma rede tentacular de informadores, culminando com a apresentação dos detidos a Tribunais Plenários, que constituíam a forma de legitimação jurídica das prisões e investigações. Bastas vezes acusada de prender para investigar em lugar de investigar para prender, foi a executora da política seletiva de repressão preconizada por Salazar, a política dos «safanões a tempo». Pelas suas cadeias privativas no Continente e pelo campo do Tarrafal (Cabo Verde) passaram suspeitos da mais diversa origem social e filiação ou tendência ideológica ou política, por períodos mais ou menos longos, muitos deles sujeitos a maus tratos ou torturas.Contrariamente às suas congéneres dos países do Eixo, nunca praticou, de acordo com a filosofia seletiva enunciada pelo chefe do Governo, formas de repressão massiva. No entanto, foi responsável por alguns crimes de sangue, como o assassinato do militante do PCP José Dias Coelho e do General Humberto Delgado. Este último foi atraído a uma emboscada, só possível pela introdução de informadores nas organizações que o general liderava ou na sua teia mais íntima de relações pessoais, ultrapassando mesmo as fronteiras nacionais (não só o crime foi cometido em território espanhol como os informadores se encontravam instalados no Brasil, na França e na Itália). Durante as guerras coloniais, a polícia política, até aí virtualmente ausente dos territórios africanos, assumiu nos três teatros de operações a função de serviço de informações e, constituindo, enquadrando e dirigindo milícias próprias, compostas por africanos, por vezes desertores da guerrilha, colaborou com as forças militares no terreno. Neste âmbito, poderá a sua ação ter também ultrapassado as fronteiras; com efeito, são-lhe atribuídas responsabilidades, quer no atentado que vitimou o dirigente da FRELIMO Eduardo Mondlane, quer na manipulação dos descontentes do PAIGC que, num “golpe de Estado” dentro do partido, assassinaram o dirigente independentista Amílcar Cabral. Com a primavera marcelista sobreveio uma mudança de nome, passando a PIDE a denominar-se DGS, numa liberalização de procedimentos mais aparente do que real, vista pelas oposições legal e clandestina com grande desconfiança. Depois do 25 de abril de 1974, após um momento de hesitação do novo poder, que, sob a inspiração do General António de Spínola, projetava transformá-la em polícia de informações militar em zona de guerra, acabou por ser extinta, sendo alguns dos seus responsáveis levados a tribunal, nomeadamente os mandantes e executores do assassinato do General Delgado, tendo o seu julgamento suscitado grande controvérsia.
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23 OUT
Pelé
país onde foi sempre um dinamizador e impulsionador da modalidade. Foi considerado, pela sua técnica extraordinária, força, eficácia no remate, velocidade e leitura de jogo um dos melhores e mais completos futebolistas de todos os tempos, sendo provavelmente a figura mais lendária do futebol e que muitos recordam
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
FOI HISTÓRIA ...
por contribuições voluntárias dos Estadosmembros, e tem seis línguas oficiais: árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol.
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Picasso
Organização das Nações Unidas. Edson Arantes do Nascimento Futebolista brasileiro, de seu nome Edson Arantes do Nascimento, nascido a 23 de outubro de 1940, em Três Corações. Membro de uma família pobre, desde cedo revelou querer seguir as pisadas do pai e tornar-se futebolista. Começou a jogar futebol nas ruas, onde adquiriu o apelido de Pelé. Aos quinze anos já revelava imenso talento e foi o Santos que o acolheu na equipa júnior, após o São Paulo o ter recusado. Contudo, pouco tempo esteve nos juniores, pois o talento que revelava, a técnica sobre a bola, a sua extraordinária capacidade de passe, aliada a um instinto pouco comum, rapidamente o levaram à equipa principal, onde se afirmou como uma estrela em ascensão. Ainda não tinha 18 anos quando representou o Brasil no Mundial de 1958, na Suécia. Nessa competição Pelé marcou seis golos, três dos quais à França e dois na final contra a Suécia. Pelé venceu mais dois mundiais (1962 e 1970), tornando-se no primeiro jogador a alcançar este feito. Porém, a sua participação nos mundiais de 1962 e 1966 ficou marcada pelas lesões que limitaram a qualidade do seu jogo. A nível de clubes, levou o Santos não só à conquista de muitos títulos internamente, como também foi um dos responsáveis por tornar o Santos campeão mundial de clubes em 1962 e 1963. Foi também onze vezes o melhor marcador do campeonato paulista. Em 1969, alcançou a notável marca de 1000 golos. Retirou-se do futebol quando se tornara num dos atletas mais famosos do mundo. Ao contrário do esperado regressou à competição em 1975 para jogar no New York Cosmos da emergente liga norte-americana. Pelé retirou-se, definitivamente, depois de vencer o título no Cosmos, em 1977. Ao longo da sua carreira de futebolista profissional, marcou 1286 golos. Ao longo dos anos foi-se tornando um empresário bem-sucedido. O seu elevado prestígio internacional tem-no levado a ocupar cargos de destaque, como o de Ministro dos Desportos do Brasil e o de embaixador da boa vontade da Organização Mundial de Saúde. Manteve-se, também, sempre atento à evolução do futebol nos Estados Unidos,
Pablo Picasso
A 24 de outubro de 1945, menos de dois meses após o final da Segunda Guerra Mundial, é criada a Organização das Nações Unidas. Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas (NU), é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objetivo de deter guerra entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões. Existem atualmente 193 países-membros, incluindo quase todos os Estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU e suas agências especializadas decidem sobre questões dessubstantivas e administrativas em reuniões regulares ao longo do ano. A organização está dividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembleia Geral (assembleia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Econômico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais publicamente visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. A organização é financiada
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Pablo Ruyz y Picasso artista espanhol, nasceu em 25 de outubro 1881, em Málaga, e faleceu em 1973. Picasso demonstrou uma prodigiosa precocidade. Aos dezassete anos possuía uma técnica apurada e em Paris, no início do século, embora se mantivesse afastado dos grupos de vanguarda, tinha já uma reputação. Entre 1901 e 1906 desenvolve uma atitude social, evocando os mendigos, os deserdados, o que corresponde ao “período azul”, uma fase sensível e melancólica, em que os azuis predominavam. O “período rosa” será mais vigoroso. Tematicamente, interessa-se pelo circo, pelos saltimbancos. Mas de 1906 a 1908 preocupa-se menos com os sentimentos e mais com a estrutura. Com Georges Braque, desenvolve uma nova conceção de pintura que dará origem ao Cubismo. Vários eventos prepararam esta evolução: a revelação da escultura negra e das artes primitivas, a retrospetiva de Seurat no Salão dos Independentes em 1905, a homenagem a Paul Cézanne, no Salão de outono de 1907 e, em Picasso, o conhecimento da escultura ibérica. O início do Cubismo pode ser datado a partir de As Raparigas de Avinhão (1907). As cores ainda estão sob a influência do período rosa, mas tornaram-se mais duras, e as personagens constam de formas semigeométricas expressas como volumes num espaço abstrato. A atenção foi dirigida para as qualidades puramente formais. Numa primeira fase o Cubismo tem como referência o real, embora adotando em relação ao objeto vários pontos de vista e os problemas de profundidade e perspetiva deixam de se impor. Picasso e Braque colam nas telas pedaços de jornais, papeis, tecidos, embalagens de cigarros. Começarão depois a surgir imagens conceptuais do real, como na Natureza-Morta (1911), o que corresponde a uma nova fase na evolução do cubismo e que dará origem
a uma viragem ainda mais radical na História da arte. As formas já não são diretamente inspiradas pelo real, a sugestão do volume é definitivamente abandonada, os planos são segmentados em planos de cor viva, por vezes texturada. Nos anos vinte inicia o seu período “grecoromano”, com temas clássicos como em Mãe e Filho (1921) e nas figuras de centauros e faunos. Este período teve a sua origem na descoberta da arte italiana e numa colaboração estreita com Diaghilev, projetando os cenários e o guarda-roupa dos bailados Parada (1917), Pulcineia, (1920) e Mercúrio (1924). Minotauromaquia é um dos principais trabalhos dos anos trinta e fundamental para a compreensão de Guernica, obra que representa a destruição da cidade de Guernica pelos bombardeiros alemães, um episódio da Guerra Civil de Espanha. Os elementos principais são o touro, simbolizando “a brutalidade e a escuridão”, o cavalo, como símbolo do “povo sofredor”, e a rapariga com uma luz. Este painel foi proibido pelo governo franquista e tornou-se emblemático de um período de comprometimento político. Nesta época as deformações das imagens são acentuadas, a expressão é trágica. O fim da guerra traz mais serenidade e alegria à sua pintura. Na Provença, multiplica as experiências e as matérias, cria esculturas, trabalha com cerâmica. No último ciclo da sua pintura, o artista questiona as obras de Delacroix, de Velásquez e o contemporâneo Matisse, sob pretexto de concretizar o tema da criação, do pintor e do modelo. Picasso foi sempre um criador muito pessoal, nunca se prendeu a fórmulas, criava estéticas, combinava-as, renovava esquemas mais tradicionais. Embora marcada pelo Cubismo, a sua arte evocará sempre múltiplas metamorfoses. Segundo o próprio Picasso, os estilos que usou “não devem ser considerados como evolução, mas como variação”.
26 OUT
Mahalia Jackson
Mahalia Jackson (26 de outubro de 1911, Nova Orleans, Louisiana, EUA – 27 de janeiro de 1972, Chicago, Illinois) foi uma das principais cantoras gospel dos Estados Unidos no século 20. Mahalia começou sua carreira cantando em corais Gospel, estilo musical que a acompanhou por toda a carreira.
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FOI HISTÓRIA ...
Em 1937, com 26 anos, Mahalia gravou o seu primeiro disco sob o selo The Decca Coral, com os temas, “God’s Gonna Separate The Wheat From The Tares,” “My Lord,” “Keep Me Everyday,” and “God Shall Wipe All Tears Away.”. O disco não foi um sucesso financeiro e o Decca Coral não renovou. Em 1947 (dez anos depois), ela gravou com o selo Apollo a música “Move On Up A Little Higher”, um sucesso tão grande que vendeu 8 milhões de cópias, esgotando em todas as lojas. A música entrou para o Hall of Fame dos prémios Grammy em 1998. Posteriormente, gravou sucessos como “Let the Power of the Holy Ghost Fall on Me” (1949), “Silent Night, Holy Night”, que também tiveram incrível sucesso na Europa. Em 1950 ela tornou-se a primeira cantora Gospel a cantar no Carnegie Hall de Nova York. Em 1952, começou uma tournê pela Europa e foi aclamada pela crítica como “A maior cantor Gospel de todos os tempos”. Também foi a primeira cantora Gospel a cantar no consagrado festival The Newport Jazz Festival (em 1958 e 1959). Teve uma participação especial no filme “Imitação da Vida” (Imitation of Life), de 1959, dirigido por Douglas Sirk e interpretado por Lana Turner e Sandra Dee.Em 1961, Mahalia cantou na posse do presidente norte-americano John Kennedy. Em 1963 ela cantou para 250 mil pessoas, na ocasião onde Martin Luther King Jr. fez seu famoso discurso “I Have a Dream” (“Eu tenho um sonho”, discurso pelos direitos civis amplamente conhecido nos Estados Unidos). Também cantou “Take My Hand, Precious Lord” no funeral de Martin Luther King Jr. Seu último álbum foi Guide Me, O Thou Great Jehovah (1969). Encerrou a carreira em 1971 com um show na Alemanha e com aparições em The Flip Wilson Show nos Estados Unidos.Mahalia também ficou conhecida pelo seu esforço em ajudar ao próximo, criando a Mahalia Jackson Scholarship Foundation, para jovens que gostariam de entrar para a universidade. Pelos seus esforços recebeu o The Silver Dove Award.Em 1978, Mahalia Jackson foi postumamente recebida no GMA Gospel Music Hall of Fame.
27 OUT
Metro N. Y.
cêntimos cada por uma viagem por baixo de Manhathan. Hoje o Metropolitano de nova Iorque é maior do mundo com muitos quilómetros de extensão, dezenas de estações e diversas linhas que levam as pessoas a qualquer parte da cidade.
28 OUT
Sophia de Mello Andresen
tubro de 1959. Astérix, é uma série de banda desenhada criada na França por Albert Uderzo e René Goscinny no ano de 1959. Após o falecimento de Goscinny, Uderzo prosseguiu o trabalho – apesar de ter afirmado que não quer que ninguém continue a série após a sua morte. Albert Uderzo anunciou sua aposentadoria no fim de setembro de 2010 com então 84 anos, após atingir a marca histórica de 350 milhões de unidades vendidas em todo o mundo e diversas línguas. O primeiro álbum Asterix o Gaulês, foi editado em 1961. A partir do qual, começaram a ser lançados anualmente. As histórias de Asterix foram traduzidas (até o momento) para 83 línguas e 29 dialetos, incluindo o português e o mirandês, sendo muito populares na Europa, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul, África e Ásia. Porém não são ainda tão conhecidas nos Estados Unidos e no Japão. Até os dias de hoje foram lançados 34 álbuns, que venderam 350 milhões exemplares em todo o mundo6 , um dos quais é uma compilação de histórias curtas. Asterix também inspirou 11 adaptações para cinema (8 de animação e 3 de imagem real), jogos, brinquedos e um parque temático.
30 OUT
Sophia de Mello Breyner Andresen
A Guerra dos Mundos
A 28 de Outubro de 2003, Sophia de Mello Breyner Andresen foi destinguida com o rémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana, atribuído pelo Património Nacional de Espanha e pela Universidade de Salamanca. Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de Novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004) foi uma das mais importantes poetas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.
29 OUT
Asterix
Em 27 de outubro de 1904 o primeiro sistema de transporte subterrâneo é inaugurado na América na cidade de Nova Iorque. A inauguração contou com a presença do Presidente da Camara da cidade George Macllelan, que foi também o primeiro condutor da composição, a tarefa agradou-lhe tanto que, para lá da estação de City Hall levou a viagem até à Brodway. Ao fim do dia o serviço foi aberto ao público e mais de cem mil pessoas que pagaram cinco
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A primeira publicação surgiu na revista Pilote, logo no primeiro número a 29 de Ou-
George Orson Welles
Em 30 de outubro de 1938 Orson Welles produziu uma transmissão radiofónica intitulada A Guerra dos Mundos, adaptação da obra homônima de H. G. Wells e que ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão de extraterrestres. Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com a dramatização radiofónica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no nosso planeta. O sucesso da transmissão foi tão grande que no dia seguinte todos queriam saber quem era o responsável por tal “atrevimento”. A fama do jovem Welles começava. Foi casado com a atriz Rita Hayworth e tiveram a filha Rebecca. O casal divorciou-se em 1948. A sua estreia no cinema, em filmes de longa metragem, ocorreu em 1941 com Citizen Kane “O Mundo a seus Pés” considerado pela crítica como um dos melhores filmes de todos os tempos e o mais importante dirigido por Welles.
31 OUT
Martinho Lutero
Martinho Lutero
Martinho Lutero foi um pregador, erudito bíblico e linguista alemão, nascido em 1483 e falecido em 1546. As suas 95 teses datadas de 31 de outubro de 1517, (em latim), constituíram um ataque aos vários abusos da Igreja Católica Romana (remissão e punição dos pecados) e precipitaram a Reforma Protestante. Quando foram traduzidas para alemão, provocaram imediatamente um debate alargado. Levou à Reforma da doutrina medieval e ao crescimento das igrejas protestantes. O Luteranismo é hoje a religião mais praticada em países como a Alemanha, a Suécia e a Dinamarca. No final do século XIV a cristandade europeia dividiu-se com o Grande Cisma, que trouxe a obediência a dois papas, um em Roma e outro em Avinhão. Na centúria seguinte a questão estava arrumada, mas os papas tinham perdido entretanto a sua autoridade numa Europa onde se espalhavam as heresias, e onde a opulência do clero gerava fortes críticas por parte de alguns intelectuais. Neste clima surgem fortes críticas à decadência da Igreja por parte de humanistas como Erasmo de Roterdão. No século XVI os cristãos do Velho Continente encontravam-se divididos entre católicos e protestantes. Este último grupo de cristãos surgira com a Reforma Protestante, desencadeada pela “questão das indulgências”, latente desde o Grande Cisma. A Igreja Católica Apostólica Romana dava a possibilidade de o crente se redimir dos seus pecados mediante o pagamento de um tributo, que esta aplicava para sustentar o mecenato artístico, na manutenção dos prazeres mundanos do alto clero. Martinho Lutero, um teólogo alemão, foi o primeiro grande reformador, que se manifestou contra a venda de indulgências e contra a decadência da Igreja Romana, como ato de protesto e a 31 de outubro de 1517, afixou nas portas de Wittenberg, as suas 95 teses contra as indulgências. Tal ato levou à sua excomunhão em 1520. Em 1521 foi banido do império pela Dieta de Worms, quando queimou a bula papal que o convidava a retratar-se. Em seguida surgiram outros críticos da Igreja Católica, como João Calvino, o precursor do Calvinismo, e Henrique VIII, o monarca inglês que fundou o anglicanismo.
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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013
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Aconteceu...
Fábulas As fábulas (do Latim fabula, significando “história, jogo, narrativa”, literalmente “o que é dito”) são uma aglomeração de composições literárias em que os personagens são animais que apresentam características humanas, tais como a fala, os costumes, etc. Estas histórias terminam com um ensinamento moral de caráter instrutivo. É um género muito versátil, pois permite diversas maneiras de se abordar determinado assunto.
Teve lugar no dia 12 de Setembro mais uma seção da hora do conto e contou com cerca de duas dezenas de alunos do Colégio de Linguas de Mangualde. Esta sessão da hora do conto abordou a temática das fábulas, esta secção esteve enquadrada no projecto De Férias na Biblioteca. Essa iniciativa integrou um elevado número de propostas que visam uma ocupação saudável do tempo de férias, com muitas atividades e muita leitura divertida, orientadas pela equipa da biblioteca e outros técnicos especializados, contribuindo para um desenvolvimento pessoal e cívico, experimentação de novas realidades, amigos e atitudes e uma abertura de consciência para problemas que afetam a sociedade em geral, num espaço privilegiado de cultura, informação e educação. Esta seção abordou temas como o surguimento deste tipo de narrativas, os principais interpretes, qual o seu objectivo, seguido do conto e visualização de um filme de algumas das mais belas fábulas (Esopo, La Fontaine, irmãos Grimm entre outros). A hora do conto realiza-se todas as quintas-feiras pelas 10:30, na sala infanto-juvenil da Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves os grupos devem inscreverse para a actividade. Esta actividade também está disponivel para o público adulto.
OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |
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Última
scriptum
“Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.”
Fernado Pesssoa
em novembro Workshop de Natal Alzira Ferreira
Tornou-se costume em várias culturas montar um presépio quando é chegada a época de Natal. O primeiro presépio do mundo teria sido montado em Argila por São Francisco de Assis em 1223. O workshop que decorrerá na Biblioteca Municipal consiste em pintar um presépio. Numa primeira fase serão pintados a vaca o burro e anjo, na segunda o São José, Maria e Jesus. Os Workshops decorrerão nos dias 9 de Novembro e 7 de Dezembro.
16º Aniversário da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves - 22 de Novembro
O 16º Aniversário da Biblioteca Municipal será assinalado com diversas atividades ao longo da
semana divulgadas em programa específico para o efeito.
Top 5 Adultos 1.º O sensacional Homem Aranha 2.º Os pilares da Terra 3.º A filha do Papa 4.º Madrugada suja 5.º Povo do lobo: o início de uma saga inesquecível
Top 5 Infanto - Juvenil 1.º Os bochechas 2.º Maus: a história de um sobrevivente 3.º Krazy Kat: Kompletamente a Kores 4.º A princesa e a ervilha: e outros contos 5.º As batas brancas
A amarte é uma associaçãosem fins lucrativos criada a pensar na pesspa e no seu des(envolvimento) na sociedade. Temos, assim, como objectivo apromoção, crescimento e desenvolvimento do pessoa, da arte da cultura através da formação, da organização de eventos artísticos e culturais e da terapia. O ponto de partida deste nosso projecto está o movimento como forma de expressão, de comunicação e afirmação da pessoa, portanto no movimento quanto na forma de ação em si e no mundo. Também através do movimento pretendemos potenciar a educação, o lazer e a saúde. Ou seja, o nosso campo de ação pode ver-se compreendido em três grandes vertentes: educação/formação em arte; promoção de eventos culturais e artisticos, assim como produção de espetáculos protagonizados pelos alunos/atores. É então, neste seguimento que surge as diferentes atividades que pretendemos que convirjam para a concretização dos objetivos iniciais e para tal apostamos em técnicos qualificados para desenvolver e orientar as diferentes atividades
Oferta formativa para 2013/2014 Teatro Expressão dramática I - Inici’arte (dos 6 aos 12 anos)
Expressão dramática II - Cri’arte (dos 13 aos 16 anos)
Expressão dramática III - Encen’arte (dos 17 aos 99 anos)
Dança Dança Criativa (3-5 anos) Dança Cássica (Ballet) (+ 5 anos) Dança Moderna (+ 9 anos) Dança Contemporânea (+ 14 anos) - As turmas de técnicas de dança são desenvolvidas de acordo, não s´´o com a idade, mas também com o nível de ensino em que o aluno se encontra. - Todas as aulas de dança são bi-mensais.
Terapias pela arte Consultas por marcação de - Ludoterapia - Musicoterapia - Terapia pela dança yoga Atividade permanente a partir dos 12 anos.