Jornal Artes entre Letras

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Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves Série. 01 N. 02

novembro, 2013

www.biblioteca.cmmangualde.pt

Workshops Presépios 9 de novembro e 7 de dezembro na Biblioteca Municipal » 11

Aniversário da Biblioteca 16.º aniversário

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“Pedras no Caminho” Sónia Matos

Lou Reed, o músico que transformou o rock

22 de novembro às 21:15

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Até amanhã camaradas Olhou para o outro lado de espelho, o lugar que a moralidade burguesa se recusava encarar. Morreu um dos músicos mais influentes da história do rock.

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Nuno Camarneiro Dia 19 de novembro na Biblioteca Municipal

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Patente de 2 a 31 de outubro, na Biblioteca

Municipal Dr. Alexandre Alves.

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CONTEÚDOS EDITORIAL..............................................................................................................2 NOTÍCIAS ...............................................................................................3 MORREU LOU REED, O POETA DO ROCK.....................................................................3 AMIGOS RECORDAM ANTÓNIO MOURÃO.................................................................3 PRÉMIO BRANQUINHO DA FONSECA PARA A INFÂNCIA.............................................3 DESTAQUES DO MÊS.................................................................................4 “DEBAIXO DE ALGUM CÉU” - NUNO CAMARNEIRO...................................................4 “PADEIRA DE ALJUBARROTA” - MARIA JOÃO LOPO DE CARVALHO............................4 “O HOMEM DE CONSTANTINOPLA - JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS................................4 “OS DIÁRIOS SECRETOS” - CAMILA LÄCKBERG............................................................4 “A COISA TERRÍVEL QUE ACONTECEU A BARNABY BROCKET” - OLIVER JEFFERS.....5 “CIDADES DE PAPEL” - JOHN GREEN..............................................................................5 CONTO DO MÊS........................................................................................5 “EU NÃO FOI” - JOHN GREEN.........................................................................................5 POESIA.................................................................................................6

MÁRIO CESARINY DE VASCONSELOS.........................................................................6 CINEMA.........................................................................................7 “ATÉ AMANHÃ CAMARADAS”........................................................................................7 FILMES SOBRE O ALENTEJO GANHAM PRATA EM CANNES............................................7 MUSICA..........................................................................................8 SAMUEL ÚRIA.............................................................................................................8 AMOR ELECTRO...........................................................................................................8 TEATRO...........................................................................................9 PORTO ACOLHE FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETES....................................9 DANÇA.............................................................................................9 MOPRREU A COREÓGRAFA LUNA ANDERMATT..........................................................9 PINTURA.........................................................................................10 ANTÓNIO DACOSTA..................................................................................................10 EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES......................................................................11 WORKSHOP PRESÉPIOS.............................................................................................11

“PEDRAS NO CAMINHO”...........................................................................................11 AGENDA................................................................................................................12 16.º ANIVERSÁRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL...........................................................12 ALICE MUNRO.......................................................................................13 PROJETOS......................................................................................17 ESCRITOR NUNO CAMARNEIRO FALA DAS SUAS OBRAS EM MANGUALDE...................26 FOI HISTÓRIA.......................................................................................18 ACONTECEU..............................................................................25 “LEITURAS ENFEITIÇADAS“.........................................................................................25 ÙLTIMA..........................................................................................26 TOP LEITORES...........................................................................................................26 EM NOVEMBRO.....................................................................................26 SÉRGIO AMARAL EXPÕE NA BIBLIOTECA.............................................................26 “A TODOS UM BOM NATAL” .....................................................................................26

António Dacosta Dentro de um idioma surrealista, afirmando-se como uma figura de referência do movimento em Portugal. » 10


OUTUBRO 2013 | Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves |

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EDITORIAL

Inauguração da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves

Novembro é um mês de festa na Biblioteca Municipal de Mangualde. Foi no dia 22 deste mês que em 1997 a Biblioteca abriu as suas portas ao público, permitindo o acesso a serviços que até então eram privilégio apenas daqueles que viviam nas grandes cidades. Desde essa data tem vindo a crescer, a adaptar-se às mudanças, a cativar o público e a conquistar o seu lugar na comunidade. Formar leitores, cidadãos activos informados e interventivos é prioridade da Biblioteca Municipal. Muito do seu sucesso se deve às pessoas: à equipa que nela trabalha que, diariamente, norteada pelos princípios da UNESCO para as Bibliotecas Públicas, procura melhorar os seus serviços e cada vez mais ir ao encontro das necessidades do público; aos leitores que, com as suas críticas e sugestões contribuem para que encontre o melhor rumo. A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves possui hoje um fundo bibliográfico bastante interessante sendo constituído por materiais de diversos suportes. Cerca de 50.000 são monografias das mais diversas áreas do conhecimento às quais se juntam os documentos audiovisuais, sonoros e multimédia (cerca de 3.000), e ainda documentos gráficos e manuscritos diversos (10.200). É já uma

FICHA TÉCNICA Equipa da biblioteca

colecção que permite alimentar diversos interesses desde o ensaio à ficção, e cuja diversidade possibilita satisfazer necessidades distintas dos nossos leitores. De referir que para além do empenho da Câmara Municipal em garantir a actualização desta colecção, a Biblioteca Municipal enriqueceu o seu espólio com algumas doações, onde se destacam nomes como o Engº Pau-Preto, e o Dr. Alexandre Alves. No último caso, para além da riqueza documental na área da história que doou ao município, foi também o patrono que deu nome à Biblioteca Municipal. Mas a informação também é pesquisável muito para além das prateleiras da nossa Biblioteca. Estão disponíveis nos vários espaços físicos do edifício, diversos postos de trabalho que permitem esse contacto com o mundo virtual, o que é facilitado pelo uso livre da rede wireless que permite a utilização de equipamentos pessoais quer no interior como exterior da Biblioteca Municipal. Neste âmbito a biblioteca disponibilizará ainda no mês de novembro quatro tablets para consulta local, oferecendo assim aos nossos leitores mais uma possibilidade de aceder à informação on-line. A procura dos serviços da Biblioteca Municipal contabilizou no ano transacto, cerca de 74.000 visitas apenas nas duas salas de leitura o que revela uma frequência média

de 540 visitas por mês. A maioria dos visitantes são adultos e jovens a partir dos 14 anos. Para além deste número, devemos acrescentar as visitas apenas às exposições e a frequência da sala audiovisual e internet que conta com uma taxa de ocupação de 100%. Temos ainda que fazer referência à dinâmica que a Biblioteca instalou na comunidade e que faz desta instituição uma Biblioteca viva, em que leitor e o livro são protagonistas. É através de diversos projectos dirigidos a públicos específicos que a Biblioteca interage. Em 2012, demos continuidade ao trabalho já efectuado a esse nível, quer com o público mais idoso, através da Biblioteca para Avós que visitou e partilhou leituras, em sessões mensais, com os Lares e Centros de Dia do concelho, quer com os mais jovens através do Livros sobre Rodas. Este projecto não só leva estórias às escolas, como também recebe as crianças na própria Biblioteca, integrando-as neste espaço de cultura. Com Doces Leituras trocamos informação sobre Livros e divulgamos as Pastelaria da cidade. Mas, mais recente é o Clube de Leitura que veio unir um conjunto de elementos cujo objectivo é partilhar a leitura de cada um, tendo como ponto de partida o mesmo livro. Este projecto, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, tem vindo a

juntar cada vez mais elementos e proporciona sessões de tertúlia ao grupo que se reúne com periodicidade. Na promoção da leitura é ainda de realçar a parceria forte e consistente com o Agrupamento de Escolas, mais especificamente com as Bibliotecas Escolares, e que permite a realização de actividades conjuntas que resultam sempre em benefício de toda a comunidade. A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves não é pois, apenas um local onde se procura informação. Não é apenas um local para formação ou trabalho. É também um espaço de encontro e lazer, onde cada vez mais utilizadores se sentem “em casa”. Ao longo do ano 2012 foram diversas as exposições, as palestras, os encontros com escritores, as tertúlias, as sessões de hora de conto e ateliers, e muitos outros eventos. Destacamos o espectáculo do 15º Aniversário da Biblioteca Municipal em Novembro de 2012 que, contando com diversos parceiros, permitiu à Biblioteca criar um serão marcante. Findo mais um ano, contamos com os nossos leitores para mais uma noite inesquecível. É já no próximo dia 22 de Novembro, nesta NOSSA Biblioteca.


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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013

Morreu Lou Reed, o poeta do rock Compositor, cantor, guitarrista, líder dos Vel-

vet Underground, Lou Reed, um dos mais inventivos e influentes criadores da música popular americana da segunda metade do século XX, morreu este domingo aos 71 anos em Long Island, Nova Iorque. As causas da morte ainda não foram divulgadas, mas é provável que não sejam alheias ao transplante de fígado a que o músico nova-iorquino se submeteu em Maio. Os últimos 50 anos de música rock seriam algo bastante diferente sem ele, algo que só poderia dizer-se com idêntica propriedade de um conjunto muito restrito de músicos. No final dos anos 1960, com os Velvet Underground, Lou Reed, diz o seu obituário na revista Rolling Stone, “casou beleza e barulho, ao mesmo tempo que trazia toda uma nova honestidade lírica ao rock’n roll”. Nascido em Brooklyn em 1942, Reed começou a compor canções no final do liceu, mas o percurso que o tornaria um ícone do rock só se inicia verdadeiramente quando conhece John Cale, um músico de formação clássica, natural do País de Gales, que chegara a Nova Iorque em 1963. Com Cale, Lou Reed funda a banda The Primitives, que tem algum sucesso em 1964 com o tema The Ostrich, uma paródia à música de dança. Os The Primitives são depois rebaptizados The Warlocks. E quando se juntam ao grupo o guitarrista Sterling Morrison e o percussionista Angus Maclise, nasceu não apenas

uma nova banda, mas, na opinião de alguns críticos, a melhor banda de rock de todos os tempos: os Velvet Underground. O grupo não teve grande sucesso comercial nos anos 1960, mas alguém já observou que muitos dos jovens que ouviram o seu álbum de estreia, em 1967, The Velvet Underground & Nico, correram a criar as suas próprias bandas. Quase não há um tema nesse primeiro álbum, produzido por Andy Warhol, que não seja hoje um clássico da música pop, de I’m waiting for the man e Venus in furs a All tomorrow’s parties ou aos sete minutos de Heroin. O grupo durou pouco (Cale saiu logo em 1968), mas a sua influência perdura até hoje. Com o fim dos Velvet em 1970, Reed parte para o Reino Unido, onde grava um disco com músicos dos Yes. Mas é com o disco seguinte, Transformer, produzido por David Bowie, que se torna uma estrela incontestável do firmamento rock. O tema Walk on the wild side torna-se um sucesso, mas o disco inclui outras canções justamente célebres, como Perfect day ou Vicious. Nas décadas seguintes, Lou Reed vai sempre inovando, e muitas vezes driblando as expectativas dos seus fãs, num trajecto que inclui álbuns como Berlin (1973), o experimentalista Metal Machine Music (1975), Blue Mask (1982), New Sensations (1984), New York (1989) ou o recente Hudson River Wind

Amigos recordam António Mourão

A voz de “Ó Tempo Volta Para Trás” partiu aos 78 anos. Madalena Iglésias e António Chainho recordam a sua obra. Morreu, na madrugada do passado sábado, 19 de outubro, o fadista António Mourão. O cantor português tinha 78 anos e ficara conhecido pela interpretação do tema “Ó Tempo Volta Para Trás”. António Mourão, cujo verdadeiro nome era António Manuel Dias Pequerrucho, faleceu, de causas desconhecidas, na Casa do Artista, em Lisboa, deixando ordens para que a sua morte fosse tratada com a máxima discrição. Nascido em 1935, no Montijo, Mourão

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NOTÍCIAS

Meditations, de 2007. Lou Reed era casado desde 2008 com a compositora e música Laurie Anderson.que dá ritmo e significado ao rock. O que Reed fez foi criar novos cenários e dar vida inesperada e corpo a esse impulso. O New York Times citava ontem uma entrevista conduzida pela jornalista Kristine McKenna. Dizia nela Reed: “Sempre acreditei que existe um incrível número de coisas que se podem fazer através de uma canção rock, e que se pode fazer escrita séria numa canção rock se o fizermos sem perder o ritmo. As coi-

in Público 27/10/2013

sas sobre as quais tenho escrito não seriam consideradas nada de mais se aparecessem num livro ou num filme.” Foi a sua grande virtude. Não dar seriedade literária ao rock, mas transformar-lhe a natureza. E por isso a sua obra ressoou tão fortemente. E por isso ouvimo-lo ainda: a voz nasalada, aquele canto que é quase discurso falado, ora urgente, ora lançado com desdém ou com abandono. Ouvimos e depois lemos: Lou Reed morreu. Lemos e não acreditamos.

Prémio Branquinho da Fonseca para a infância

in Público 21/10/2013

in Blitz 20/10/2013

começou a cantar quando cumpria o serviço militar obrigatório, passando depois a frequentar várias casas de fado da capital, acabando por ser contratado para a Parreirinha de Alfama, casa gerida por Argentina Santos. A notoriedade chegaria com a participação no espetáculo de revista E Viva o Velho, em 1965, onde António Mourão cantou “Ó Tempo Volta Para Trás” (letra de Manuel Paião e música de Eduardo Damas). O intérprete era também autor e chegou a atuar para as comunidades portuguesas, nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Venezuela, África do Sul, França e Alemanha. Retirado da vida artística desde o início dos anos 90, António Mourão era, de acordo com a amiga Madalena Iglésias, “um rapaz de muitas possibilidades, muito bom cantor, muito boa pessoa, muito amigo do seu amigo; só espero que as pessoas respeitem a sua memória e que na terra onde nasceu, ou noutra cidade ou vila, façam perdurar a sua memória, atribuindo-lhe, pelo menos, o nome de uma rua”, disse à Lusa a cantora. A intérprete de “Ele e Ela” lamentou ainda que “o ser humano extraordinário que António Mourão era tenha morrido na solidão”. Por seu turno, o guitarrista António Chainho lembra que Mourão “tinha um vozeirão, e era uma pessoa e artista extraordinário, mas foi mal compreendido em Portugal, depois do 25 de Abril, por não se ter conseguido entender que, ter êxito antes, não significava que concordasse com o regime”. Chainho sublinhou, em declarações à Lusa, ainda o “profissionalismo” e a “entrega incrível do cantor nos palcos”, que “contrastavam com a personalidade tímida e súper reservada, que mantinha como pessoa”.

O Primeiro País da Manhã , de Ricardo Gonçalves Dias (18 anos), e O Cotão Simão , de Ana Rita Faustino (25 anos), foram os textos vencedores da sétima edição do Prémio Branquinho da Fonseca na modalidade de literatura para a infância, num ano em que concorreram apenas 16 obras nesta categoria. Na modalidade de literatura juvenil, nenhuma das 13 obras analisadas atingiu“o grau de exigência que se impôs desde que o prémio foi instituído”. De acordo com José António Gomes, crítico literário e escritor que fez parte do júri, há alguns equívocos nesta modalidade, “com originais que não correspondem a produtos narrativos dirigidos a jovens”. Os autores enviam textos como se “estivessem a concorrer para prémios de natureza diferente”. José António Gomes pensa que o decréscimo de concorrentes nesta edição se possa dever, em parte, “aos custos de reprodução, encadernação e portes de envio dos originais, numa altura em que as pessoas se retraem com despesas extra”. Para o jurado, O Primeiro País da Manhã “é um texto interessante ao nível da expressividade linguística, com alguns achados em termos de linguagem. Este tipo de talento num jovem faz pre-

ver que cresça literariamente”. Sobre Cotão Simão, diz ser “uma história simpática e de fácil leitura por crianças muito novas”. Nela se retoma um velho motivo literário, o do “amigo imaginário”, que neste caso é um bocadinho de cotão. Os autores irão partilhar cinco mil euros, atribuídos pela Fundação Calouste Gulbenkian e jornal Expresso, e verão os seus textos publicados em livro. O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa ao trabalho de Elisabete Catarino, O Vulcão Sopão, que, “não sendo um texto literário nem com personagens de grande profundidade, vale pelo carácter didáctico e pela actualidade do tema: a obesidade infantil”. Os restantes elementos do júri foram Ana Maria Magalhães e Rita Taborda Duarte (escritoras), Fernando Madrinha (Expresso) e Maria Helena Melim Borges (Gulbenkian). José António Gomes lembra que o Prémio Branquinho da Fonseca “já ajudou a lançar alguns nomes importantes, como Gonçalo M. Tavares, David Machado, Rita Taborda Duarte (agora jurada) e Filipe Faria”, mas que “não se pode esperar grandes revelações todos os anos”.


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DESTAQUES DO MÊS “Debaixo de algum céu” Nuno Camarneiro

“Padeira de Aljubarrota” Maria João Lopo de Carvalho

Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir. A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem. Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos. Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.

Muitas histórias correram sobre a humilde mulher que, em 1385, numa aldeia perto de Alcobaça, pôs a sua extrema força e valentia ao serviço da causa nacional, ajudando assim a assegurar a independência do reino, então seriamente ameaçada por Castela. É nos seus lendários feitos e peripécias, contados e acrescentados ao longo dos tempos, que se baseia este romance, onde as intrigas da corte e os tímidos passos da rainha-infanta D. Beatriz de Portugal se cruzam com os caminhos da prodigiosa padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, símbolo máximo da resiliência e bravura de todo um povo.

“O homem de Constantinopla”

“Os diários secretos ”

José Rodrigues dos Santos

O Império Otomano desmorona-se e a minoria arménia é perseguida. Apanhada na voragem dos acontecimentos, a família Sarkisian refugia-se em Constantinopla. Apesar da tragédia que o rodeia, o pequeno Kaloust deixa-se encantar pela grande capital imperial e é ao atravessar o Bósforo que pela primeira vez formula a pergunta que havia de o perseguir a vida inteira: “O que é a beleza?” Cruzou-se com a mesma interrogação no rosto níveo da tímida Nunuphar, nos traços coloridos e vigorosos das telas de Rembrandt e na arquitectura complexa do traiçoeiro mundo dos negócios, arrastando-o para uma busca que fez dele o maior coleccionador de arte do seu tempo. Mas Kaloust foi mais longe do que isso. Tornou-se o homem mais rico do planeta. Inspirado em factos reais, O Homem de Constantinopla reproduz a extraordinária vida do misterioso arménio que mudou o mundo - e consagra definitivamente José Rodrigues dos Santos como autor maior das letras portuguesas e um dos grandes escritores contemporâneos.

Camilla Läckberg

O verão está a chegar ao fim e a escritora Erica Falk regressa ao trabalho depois de gozar a licença de maternidade. Agora cabe ao marido, o inspetor Patrik Hedstr¿m, tratar da pequena Maja. Mas o crime não dá tréguas, nem sequer na tranquila cidade de Fjällbacka e, quando dois adolescentes descobrem o cadáver de Erik Frankel, Patrik terá de conciliar os cuidados à filha com a investigação do homicídio deste historiador especializado na Segunda Guerra Mundial. Recentemente, Erica fez uma surpreendente descoberta: encontrou os diários da mãe, com quem teve um relacionamento difícil, junto a uma antiga medalha nazi. Mas o mais inquietante é que, pouco antes da morte do historiador, Erica tinha ido a casa dele para obter informações sobre a medalha. Será que a sua visita desencadeou os acontecimentos que levaram à sua morte? E estará Erica preparada para conhecer os segredos dos diários da mãe? Camilla Läckberg combina com mestria uma história contemporânea com a vida de uma jovem na Suécia dos anos 1940. Com recurso a numerosos flashbacks, a autora leva-nos a descobrir o obscuro passado da família de Erica Falk.


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A Coisa Terrível que Aconteceu a Barnaby Brocket Oliver Jeffers

Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013

DESTAQUES DO MÊS “Cidades de papel” John Green

publicado dez anos depois. Boyne lançou recentemente seu sétimo romance - The House of Special Purpose, ou O Palácio de Inverno na edição brasileira -, assim como uma quantidade de contos que foram publicados em várias antologias e transmitidos por rádio e televisão. Foram publicados 6 de seus romances em 29 idiomas. Boyne também possui cerca de 70 short stories, revisores de livros e artigos não ficcionais. The Boy in the Striped Pyjamas O Menino do Pijama Listrado - é um dos “mais vendidos” em Nova York e uma adaptação para o cinema começou a ser filmada em abril de 2007.

bém o cocriador, com o seu irmão Hank, do vlogbrothers, uma série de vídeos online que já foram visionados mais de 100 milhões de vezes

SINOPSE

SINOPSE

John Boyne, romancista irlandês, nasceu a 30 de abril de 1971 em Dublim, onde vive até os dias atuais. Pôde ensinar língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galhardoado com o prêmio Curtis Brown. Começou a escrever aos 19 anos e teve o primeiro romance

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Os Brocket são as pessoas mais normais do mundo. São respeitáveis, quase enfadonhos, e muito orgulhosos da sua normalidade. Na verdade, Alistair e Eleanor Brocket torcem o nariz a tudo o que seja invulgar, estranho ou diferente. No entanto, assim que o seu filho mais novo Barnaby vem ao mundo, torna-se claro que ele é tudo menos normal. Para grande vergonha dos pais, Barnaby parece desafiar as leis da gravidade… e flutua! O pequeno Barnaby é uma criança solitária; afinal de contas, é difícil fazer amigos quando se passa a vida no ar. Desesperado por agradar aos pais, faz tudo o que pode para parar de flutuar, mas simplesmente não consegue.

John Green é autor de vários bestsellers do The New York Times. Recebeu o Michael L. Printz Award e o Edgar Award. Foi por duas vezes finalista do L. A. Times Book Prize. Os seus livros foram traduzidos em mais de vinte línguas. John é tam-

Quentin Jacobsen e Margo Roth Spiegelman são vizinhos e amigos de infância, mas há vários anos que não convivem de perto. Agora que se reencontraram, as velhas cumplicidades são reavivadas, e Margot consegue convencer Quentin a segui-la num engenhoso esquema de vingança. Mas Margot, sempre misteriosa, desaparece inesperadamente, deixando a Quentin uma série de elaboradas pistas que ele terá de descodificar se quiser alguma vez voltar a vê-la. Mas quanto mais perto Quentin está de a encontrar, mais se apercebe de que desconhece quem é verdadeiramente a enigmática Margot. Um romance entusiasmante, sobre a liberdade, o amor e o fim da adolescência.

CONTO DO MÊS

EU NÃO FUI

Chistian Voltz

CHRISTIAN VOLTZ

Estrasburgo (Francia) , 1967 Realizou estudos num atelier de ilustração da Escola Superior de Artes Decorativas de Estrasburgo (França). Foi designer de capas e ilustrador; também colaborou em publicações direccionadas para o público juvenil. É autor de várias obras ilustradas que saíram em editoras como a Rouergue, entre 1997 e 2000. Publicou ainda na Didier e na Grandor, ambas empresas francesas dedicadas à publicação de livros infantis. Também trabalha como director de curtas de animação para uma produtora audiovisual. Actualmente reside e trabalha em Estrasburgo.

SINOPSE Vamos, vamos, minha gorducha! Está na hora! Aiii!... Uma ARANHA ENORME! Toma! E toma! Daqui já não sais! ... E de repente, catrapum! A dona da quinta sofre um inesperado percalço, mas... nem a vaca, nem o burro, nem o porco, nem o cão, nem o gato, nem o pinto, e muito menos o mosquito, assumem a autoria do sucedido. Afinal, a responsabilidade do desastre... de quem é? Nesta divertida e disparatada história, de estrutura encadeada e circular, a destilar uma grande dose de humor, propõe-se uma irónica reflexão sobre a culpa. Através de uma galeria de personagens delirantes, Christian Voltz remete-nos em cheio para o seu ‘imaginário’ muito particular, tecnicamente construído por meio da colagem de fibras têxteis, arames, chapas, madeiras e outros materiais reciclados. O autor também joga com a tipografia para enfatizar a sonoridade de algumas palavras. A distribuição “poética” do texto evidencia a soma de elementos encadeados e repetições, próprios da sequência.


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POESIA

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Mário Cesariny de Vasconcelos “Eu acho que se se é surrealista, não é porque se pinta uma ave, ou um porco de pernas para o ar. É-se surrealista porque se é surrealista!” Poeta, autor dramático, ficcionista, crítico,

Em todas as ruas te encontro Em todas as ruas te encontro Em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto, tão perto, tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro Em todas as ruas te perco Mário Cesariny

Obras publicadas

ensaísta, tradutor e artista plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade. Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça. Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por “cadáver esquisito”, que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica. Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorrealista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português. A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente. Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do

surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam. A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista. No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello

ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projetos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou o romance Titânia (1977). Recebeu o Grande Prémio EDP de Artes Plásticas 2002, e, em 2005, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio. Em novembro desse mesmo ano, seria ainda galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, numa homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.

Corpo Visível - 1950;

Um Auto para Jerusalém - 1964;

Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano - 1952;

Titânia e A Cidade Queimada - 1965;

Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos - 1953;

19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão Seguidos de Poemas de Londres - 1971;

Manual de Prestidigitação - 1956;

As Mãos na Água a Cabeça no Mar - 1972;

Pena Capital - 1957;

Burlescas, Teóricas e Sentimentais - 1972;

Alguns Mitos Maiores e Alguns Mitos Menores Postos à Circulação pelo Autor - 1958;

Primavera Autónoma das Estradas - 1980;

Nobilíssima Visão - 1959;

Vieira da Silva, Arpad Szenes ou O Castelo Surrealista - 1984;

Poesia, 1944 - 1955 - (s/d);

O Virgem Negra - 1989;

Planisfério e Outros Poemas - 1961;

Titânia - 1994.


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Até Amanhã, Camaradas

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CINEMA

Celebra centenário de Álvaro Cunhal

A antestreia do filme baseado no livro do antigo líder do PCP será no Salão Nobre da Assembleia da República. in Público 25/10/2013 O que começou como uma mini-série para a SIC, em 2005, é agora adaptado ao grande ecrã. Joaquim Leitão volta a pegar em Até Amanhã, Camaradas, romance de Manuel Tiago, pseudónimo literário de Álvaro Cunhal, para celebrar o centenário do antigo líder do PCP. O filme será distribuído pela Zon Lusomundo, com antestreia marcada para dia 5 de Novembro Salão Nobre da Assembleia da República. “Sempre achei que [ o material que tínhamos ] tinha potencialidade para um filme”, confessa o realizador Joaquim Leitão ao PÚBLICO. O filme, com a duração de três horas, é uma montagem do material da série televisiva que ele próprio realizou há pouco menos de dez anos. Esta nova edição tem como objectivo homenagear Álvaro Cunhal no ano do seu centenário. “O Álvaro [Cunhal] tinha-me expressado como gostava de vê-lo [o livro] no grande ecrã”, disse Tino Navarro, produtor do filme. “Mas na altura disse-lhe que não podíamos fazer um filme de seis horas.” A antestreia do filme, marcada para dia 5 de Novembro, será no Salão Nobre da Assembleia da República. “A iniciativa partiu por parte da Zon” comentou o produtor. “Os da Assembleia nem devem saber que o filme existe.” O argumento, baseado no livro homónimo lançado em 1974 pelas edições Avante, foi escrito por Luís Filipe Rocha e reconta a história passada em 1944 de quatro militantes e funcionários do Partido Comunista que reorganizam o Partido nas zonas dos

arredores de Lisboa e do Ribatejo face à clandestinidade da altura. O elenco é formado por Gonçalo Wad-

Filmes sobre o Alentejo ganham prata em Cannes Dois filmes portugueses ganharam a medalha de prata na categoria Turismo, no festival Cannes Corporate Media & TV Awards.

in Expresso22/10/2013

Os filmes “Alentejo, tempo para ser feliz” e “Costa Vicentina - dois passos para a felicidade” foram hoje galardoados ex-aequo com o Golfinho de Prata, na categoria turismo, no festival Corporate Media & TV Awards de Cannes, em França.

“Alentejo, tempo para ser feliz”, um filme promocional com a chancela do Turismo do Alentejo, conta a história de uma turista, a britânica Ela Clark, que chega à planície alentejana em balão de ar quente acompanhada do seu cão, que entretanto se perde da dona. A partir daí começa a aventura por várias cidades e vilas alentejanas, em busca do “Tempo”, o nome do animal de estimação. Realizado por Eduardo Sousa e com música de Nuno Maló, compositor nomeado para a Melhor Música para uma Longa-metragem nos Hollywood Music in Media Awards em

2012, teve como produtor e argumentista Mário Lino, colaborador do Expresso. “Na verdade, é uma espécie de fábula. Optámos por uma narrativa infantil, porque são fáceis de apreender, normalmente são emotivas, são emocionais... e portanto foi a forma que encontrámos de apresentar o Alentejo”, explicou Mário Lino. O outro filme premiado com o Golfinho de Prata, “Costa Vicentina - dois passos para a felicidade”, juntou mais um prémio ao seu palmarés. Encomendado pelas Associação Casas Brancas, promove a rota pedestre entre o Alentejo e o Algarve e foi realizado por Danilo Warick e Gonçalo Paixão.

dington, Cândido Ferreira, Leonor Seixas, Paulo Pires, Marco D’Almeida, Nuno Nunes, Ivo Ferreira, Adriano Luz e Sara Graça.


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MÚSICA O Grande Medo do Pequeno Mundo

Samuel Úria

Alinhamento 01 - Prelúdio 02 - O deserto 03 - Lenço Enxuto 04 - Forasteiro 05 - Essa voz 06 - Eu seguro 07 - Espalha Brasas 08 - Estrondo Mudo 09 - Pequeno Mundo 10 - Em Caso de Fogo 11 - Armelim de Jesus 12 - Triunviriato 13 - Pósludio

(R)evolução

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Samuel Úria - O Grande Medo do Pequeno Mundo Samuel Úria (Tondela, 18 de Setembro de 1979) é um músico português1 2 , membro do movimento FlorCaveira (que teve a sua origem em 1999), fundado por Tiago Guillul. Líder dos Samuel Úria & As Velhas Glórias, embora se tenha celebrizado nos últimos anos pelos seus trabalhos a solo. Participa ainda no supergrupo da FlorCaveira “Os Ninivitas” e supõe-se ter integrado, com um alter-ego, o projecto Maria Clementina. O EP Em Bruto e o álbum Nem Lhe Tocava captaram a atenção da imprensa portuguesa, com a crítica a ser consensual na consideração de Samuel Úria como um dos mais importantes escritores de canções da actualidade. No dia 10 de Junho de 2009, Úria escreveu e gravou, num só dia, um disco inteiro em sua casa. A composição e registo das músicas foi filmada e transmitida em directo pela internet, enquanto os espectadores forneciam sugestões via email. O resultado foi o disco “A Descondecoração de Samuel Úria”, lançado um ano depois. Surge na longa-metragem O Que Há De Novo No Amor? representando-se a si próprio, dando um concerto onde toca duas canções suas Barbarella e Barba Rala e Não Arrastes o Meu Caixão. Edita em 2013 o seu 3º LP, intitulado “Grande Medo do Pequeno Mundo”, um disco imediatamente acolhido pela crítica e pelo público. Destacam-se neste disco as participações de cantores como Manel Cruz, Márcia, António Zambujo ou Gonçalo Gonçalves.

Amor Electro - (R)evolução

Amor Electro

Alinhamento 01 - Só É Fogo Se Queimar 02 - 100 Medos 03 - A Nossa Casa 04 - Rasga A Saudade 05 - O Dia Mudou 06 - Adeus Tristeza 07 - No Esplendor do Vendaval 08 - Amor Maior 09 - No Teu Poema 10 - Flor Azul

Os Amor Electro que, com o seu álbum de estreia, “Cai o Carmo e a Trindade”, se afirmaram como um dos mais personalizados projectos da nova música portuguesa, em que modernidade e tradição, raízes populares e electrónica, se unem para dar origem a um som extremamente original, carregado de carisma, de emoção e de portugalidade, apresentam, em estreia, neste espectáculo, o seu mais recente trabalho.

Este novo álbum confirma o carácter singular da banda de Marisa Liz, Tiago Pais Dias, Ri-

cardo Vasconcelos e Rui Rechena. Canções fortes e plenas de sentimento, entregues de uma forma arrebatadora, que nos conquistam a cada momento. Tudo o que faz dos Amor Electro um caso sério da actual música portuguesa está lá, mas com a evolução natural de quem passou os últimos dois anos em cima do palco: uma acrescida energia rock, a abraçar todo o Portugal que lhes corre nas veias.

«Uma revolução musical, acima de tudo, e a palavra evolução serve para definirmos o nosso caminho enquanto músicos e aquilo que nós fazemos, daí o sentido duplo da palavra», assim explicam os Amor Electro o título do álbum que chega hoje às lojas: “(R)evolução” (capa na imagem). O segundo disco do projecto é apresentado pelo single ‘A Nossa Casa’. Neste novo trabalho, Marisa Liz, Tiago Pais Dias, Ricardo Vasconcelos e Rui Rechena carregam ainda mais na electrónica e nas letras de carácter social


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TEATRO

Porto acolhe Festival Internacional de Marionetas

O 24.º Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) arranca hoje com a apresentação do projeto “Long String Instrument”, que estreia a norte-americana Ellen Fullman nos palcos portugueses. in lusa 11/10/2013 Nos claustros do Mosteiro de São Bento da

Vitória, pelas 21:30, Ellen Fullman promete encantar o público, em duo com o guitarrista alemão Konrad Sprenger, instalando em palco um cordofone gigante, com mais de 15 metros de cabos, tocados com os dedos cobertos de resina. No Cinema Passos Manuel, Victor Antonov traz a palco “Circus on the stings”, um espetáculo que tem por base o regresso ao teatro de marionetas tradicionais feitas à mão e que se repetirá no sábado. “Oco”, espetáculo multidisciplinar que o Teatro do Frio estreia no Festival, reúne, no sábado e no domingo, um músico, duas atrizes e uma artista plástica na sala do Tribunal do Mosteiro São Bento da Vitória, numa performance em que os corpos serão envolvidos pelo som. Apesar dos escassos apoios financeiros, no Festival estão representadas uma dezena de companhias, três delas que se estreiam na cidade do Porto.

O festival decorre já dentro do período escolar e não em setembro, como em edições mais recentes. Desta forma, o certame começa “a recuperar o vínculo à escola” e está “a retomar o caminho de formação do público do festival, do teatro e da cultura da cidade nos próximos anos”, explicou o diretor do FIMP, Igor Gandra à agência Lusa, na apresentação do programa. A preocupação com a área de formação reflete-se também nos “três ‘workshops’ do programa deste ano, dois internacionais e um dirigido por artistas portuguesas, para equipas multidisciplinares, não exclusivos a atores e marionetistas” afirmou Igor Gandra. O tradicional também marca presença com o D. Roberto e os Bonecos de Santo Aleixo, em espetáculos que vão ser apresentados pelo CENDREV (Centro Dramático de Évora) e por Sara Henrique/Red Cloud em bairros sociais da zona oriental da cidade. O preço dos bilhetes para os espetáculos varia entre os quatro e os 12 euros.

Morreu a coreógrafa Luna Andermatt

DANÇA in Jornal de Noticias 05/11/2013

A antiga bailarina e coreógrafa Luna Andermatt, cofundadora da Companhia Nacional de Bailado, morreu esta terça-feira, aos 87 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada, disse fonte da família citada pela agência Lusa.

Considerada uma das figuras mais importantes da dança em Portugal, Luna Andermatt integrava ainda a Companhia Maior, formada por profissionais do teatro, dança e música, com mais de 60 anos. De acordo com fonte familiar, na quarta-feira, às 14.30 horas, realiza-se uma missa na Igreja da Encarnação, em Lisboa. O corpo da coreógrafa será cremado. Em fevereiro passado, Luna Andermatt foi homenageada com a medalha municipal de mérito, Grau Ouro, pela Câmara Municipal de Lisboa, pelo contributo para a dança em Portugal como bailarina, coreógrafa e professora. Luna Andermatt regressou aos palcos em 2010, com a Companhia Maior, projeto criado no Centro Cultural de Belém por Luísa Taveira, atual diretora da Companhia Nacional de Bailado (CNB). Maria Antónia Luna Andermatt, nascida em 1926, tinha o sonho “de dignificar a arte da dança em Portugal”, com a formação de bailarinos profissionais, como afirma a CNB numa biografia sobre a coreógrafa. Em 1961 fundou Companhia Portuguesa de Bailado, com o marido, Francisco de Assis Brás de Oliveira. Três anos depois da revolução de 25 de abril de 1974, a convite do então secretário de Estado da Cultura, David Mourão-Ferreira, criou e dirigiu a CNB em conjunto com Vera Varela Cid

e Pedro Risques Pereira. Luna Andermatt passou pelo Instituto de Odivelas e pelo Conservatório Nacional, onde se inscreveu às escondidas de todos. Aos 24 anos foi estudar para Londres, com o estatuto de bolseira.

Só depois regressaria a Portugal para se dedicar à dança e ao desejo de profissionalização desta arte. Figura “rebelde e determinada”, como descreve a CNB, Luna Andermatt criou ainda o Centro de Estudos de Bailado, no Teatro Nacional de São Carlos, aprofundou em Londres e

em Paris os conhecimentos sobre o ensino da dança e protagonizou, juntamente com Vera Varela Cida, dois programas televisivos dedicados à dança. Entre os alunos de Luna Andermatt esteve a sua filha, a coreógrafa e bailarina Clara Andermatt.


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PINTURA

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António Dacosta

QUICK FACTS Nome: António Dacosta

Ocupação:

Pintor, poeta e crítico de arte

Data de nascimento: novembro 03, 1914

Data da morte: dezembro 02, 1990

Educação:

Escola de Belas Artes de Lisboa

Local de Nascimento:

António Dacosta ‘Serenata Açoreana’, c. 1940, Center of Modern Art, Calouste Gulbenkian Museum, Lisbon

Angra do Heroísmo

Local da morte: Paris

Assinatura:

António Dacosta nasce em Angra do Heroísmo em 1914. Parte para Lisboa em 1935, para estudar na Escola de Belas Artes, integrandose rapidamente nos circuitos intelectuais da capital. Expõe pela primeira vez em 1940 na Casa Repe (Lisboa), juntamente com outra figura pioneira do surrealismo português, António Pedro, numa mostra que assinala a entrada formal do surrealismo em Portugal. A sua obra pictórica é constituída por duas fases distintas. Entre 1939 e 1948 trabalha essencialmente dentro de um idioma surrealista, afirmando-se como uma figura de referência do movimento em Portugal. Essa fase encerra-se com pinturas realizadas em Paris – onde fixa residência a partir de 1947 –, em que se aproxima da abstração. Seguese um hiato de trinta anos em que interrompe quase por completo a prática artística, dedicando-se à crítica de arte. Retoma a pintura de forma consistente apenas no final da década de 1970. A partir daí e até à data da sua morte irá realizar um conjunto de obras diversas, identicamente notáveis, “cujo intimismo e a poesia são ímpares na pintura portuguesa contemporânea”. A sua presença duplamente prestigiada, pelo passado e pela nova visibilidade que adquire na década de 1980, seria marcante na sensibilidade pictural desses anos em Portugal. Depois de completar o curso de pintura da ESBAL, apresentou-se ao meio artístico português em 1940, em conjunto com António Pedro e Pamela Boden, numa pequena exposição em Lisboa, onde já revelava a forte tendência surrealizante da sua primeira fase, numa opção estética claramente oposta ao nacionalismo comemorativo da Exposição do Mundo Português. António Dacosta introduzia, então, na pintura portuguesa, a conciliação possível entre um onirismo de raiz surrealista e uma particular interpretação dos mitos insulares da sua

origem açoriana, traduzida em obras como Diálogo (1939), Antítese da calma (1940), Serenata Açoriana (1940) ou A Festa (1942). Os valores da incomunicabilidade e do absurdo imagético entre estranhos seres resultavam na extraordinária reordenação poé-

portugueses Acção e Diário Popular, o artista realizaria, entre 1947 e 1949, altura em que abandona toda a actividade artística, uma pintura de experiência abstracta que, para além de não esquecer o valor do acaso herdado da tradição surrealista, mantém com

António Dacosta - Melancolia (1942)

tica, em surpreendentes registos figurativos, como em Amor jacente (1941) ou no enigmático Episódio Com um Cão (1941), onde a explosão insólita do imaginário atinge uma sólida atmosfera surrealista. O pintor, que em 1947 partiria para Paris, superara em qualidade formal e ousadia “convulsiva” as poucas incursões surrealistas realizadas entre nós tornando-se, na segunda metade dos anos 40, uma referência essencial para os jovens artistas do Grupo Surrealista de Lisboa. Já instalado em Paris, assumindo funções de crítico de arte e correspondente de jornais como O Estado de São Paulo ou os

esta uma estreita ligação ao nível da significação dos títulos, como em Cuidado com os Filhos (1948). Após um interregno de mais de 25 anos, Dacosta volta a pintar em 1975, abrindo a sua obra a um universo lírico de matriz matissiana, moldado por suaves valores de composição cromática que assumem uma intensa expressão poética, marcando-a definitivamente até ao final da sua vida. Nos últimos anos, sobretudo a partir de 1980, a sua prática pictórica procura assumir uma condição mais próxima do seu trabalho poético. Este seria publicado em 1993, a título póstumo, sob o título A Cal dos Muros.


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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES WORKSHOPS PRESÉPIOS Neste natal aposte num presépio personalizado e pintado por si. A pintora mangualdense Alzira Ferreira ajuda-o a concretizar esse objetivo levando a cabo dois workshops que ensinam a pintar os diferentes intervenientes que compõem o presépio. Assim, no dia 9 de novembro aprenda a pintar o anjo, a vaca e o burro e, no dia 7 de dezembro, o menino, a Maria e o José. A iniciativa realiza-se na Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves e conta com o apoio da Câmara Municipal de Mangualde. Os workshops têm a duração de duas horas cada, a realizar entre as 15h00 e as 17h00. Cada workshop tem como limite de participação 10 inscrições e tem o custo de 20€, já com os materiais de pintura incluídos. Os interessados podem inscrever-se na Câmara Municipal de Mangualde (Largo Dr. Couto, 3534-004 Mangualde) ou através do email gppc@cmmangualde.pt.

Exposição de pintura Organização: Gabinete de Gestão e Programação do Património e Cultura.

Pedras no Caminho Sónia Matos A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Al-

ves, em Mangualde, acolhe, de 1 a 30 de novembro, a exposição de pintura «Pedras no Caminho», de autoria de Sónia Matos. Esta mostra patente no átrio da Biblioteca é composta por 14 trabalhos. Residente em Mangualde, Sónia Matos, atualmente a trabalhar como auxiliar de ação médica na Santa Casa da Misericórdia de Mangualde, pinta desde sempre. Normalmente pinta sobre o que a rodeia e o que sente, definindo o seu estilo por “momentos”. Não considerando alguns trabalhos que expos numa das escolas que frequentou e onde chegou a ganhar

um concurso a nível nacional com o tema “Um gesto de amizade”, esta é a primeira exposição que vai fazer. Até agora tem “mostrado” os “seus momentos” apenas à família e aos amigos. Sónia Matos considera a paixão pela pintura como algo tranquilizante e que a ajuda a passar os tempos livres, considerando-se apenas mais uma autodidata com um gesto natural. A exposição, de entrada livre, pode ser visitada no horário de funcionamento da Biblioteca Municipal (segunda-feira das 14h00 às 18h30, terça a sexta-feira das 09h30 às 18h30 e aos sábados das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00).


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EXPOSIÇÕES / ATIVIDADES

16.º Aniversário da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves

AGENDA Hora do conto

07 de novembro | 10:30 Eu não fui! Christian Voltz

14 de novembro | 10:30 Eu não fui! Christian Voltz

Noites do Grémio

21 de novembro | 10:30 Eu não fui! Christian Voltz

28 de novembro | 10:30 Eu não fui! Christian Voltz

Ateliers de ilustração e expressão escrita Cinema, musica internet 01 de outubro » 31 outubro Hórario da Biblioteca

Clube de leitura

05 de novembro | 21:15 Um homem de partes de David Lodge 19 de novembro | 18:30 Conversa com NUNO CAMARNEIRO 26 de novembro | 21:15 Um homem de partes de David Lodge

Biblioteca para avós 1vista por mês | Locais

• Centro Social Paroquial de Abrunhosa-aVelha • Centro Social de Fornos de Maceira Dão • Centro Paroquial da Cunha Baixa • Lar de Nossa Sr.ª do Amparo • Lar Morgado Cruzeiro • Centro Social Cultural da Paróquia de Mangualde • Centro Paroquial de Santiago de Cassurrães • Centro Social Paroquial de Chãs de Tavares • Associação de Solidariedade Social de Contenças de Baixo

Livros sobre rodas 1vista por mês | Locais

EB1 de Abrunhosa do Mato; EB1 de Abrunhosa-a-Velha; EB1 de Cubos; EB1 de Cunha Baixa; EB1 de Moimenta do Dão; EB1 de Tibaldinho; EB1 Mangualde n.º 1; EB1 Santa Luzia; JI de Abrunhosa do Mato; JI de Casal Mendo; JI de Cubos; JI de Cunha Baixa; JI de Moimenta do Dão; JI de Tibaldinho; JI Mangualde n.º 1

Doces Leituras 01 de novembro » 30 novembro Pastelaria Pameca Mário Cesariny

Auditório 01 de novembro - Filme: A invenção de Hugo 08 de novembro - Casting projecto Escoliadas 19 de novembro - Nuno Camarneiro 22 de novembro - Aniversário da biblioteca A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves comemora no dia 22 de Novembro o seu 16º Aniversário. Foi mais um ano de empenho e dedicação a todos os utilizadores destes serviços. Foi mais um ano de encontros com a comunidade através dos diversos projectos desenvolvidos. Para além de um enorme BEM HAJA a todos os colaboradores, utilizadores, parceiros internos e externos, que têm contribuído para a VIDA desta Biblioteca, deixamos o convite para que no dia 22 de Novembro se juntem a toda a equipa para comemorar mais um ano de empenho e trabalho em prol do livro e da leitura. A partir do tema NOITES DO GRÉMIO, a Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves apresentará um serão onde a música, a dança e a dramatização estarão presentes, num ambiente recriado especificamente para o momento e onde poderemos relembrar acontecimentos, personalidades e factos de importante relevância local, nacional ou internacional.

Exposições “Pedras no caminho” Sónia Matos 03 de novembro » 30 novembro Hórario da Biblioteca


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Alice Munro

Prémio Nobel da Literatura 2013

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Prémio Nobel da Literatura 2013

Alice Munro Contista canadiana, a quem chamam o Tchekov dos nossos dias, venceu o Nobel da Literatura. Japonês Haruki Murakami e bielorrussa Svetlana Alexievich terão de aguardar pela próxima oportunidade. in Público 10/10/2013

Nascida na província canadiana de On-

tário em 1931, a escritora Alice Munro venceu nesta quinta-feira o Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela Academia Sueca, que nela reconheceu um “mestre do conto contemporâneo”. Munro recebera já alguns dos mais importantes prémios literários, incluindo, em 2009, o prestigiado Man Booker International Prize, e era há muito uma candidata recorrente ao Nobel da Literatura. Mas quando o secretário permanente da Academia Sueca, Peter Englund, se dirigiu aos jornalistas para anunciar o Nobel da Literatura de 2013, o nome de que se falava era o da jornalista de investigação e prosadora bielorrussa Svetlana Alexievich, que tinha acabado de ultrapassar o japonês Haruki Murakami nas cotações das casas de apostas. Quando recebeu o Man Booker International Prize, o júri justificou a escolha afirmando que a autora, “embora seja es-

sencialmente conhecida como contista, mostra a profundidade, sabedoria e precisão que a maior parte dos ficcionistas só consegue alcançar numa vida inteira a escrever romances”. Foi Cynthia Ozick, ela própria uma talentosa contista, que, reconhecendo a consumada mestria de Munro na história breve, lhe chamou há alguns anos o Tchekov do nosso tempo, uma aproximação que, desde então, muitos críticos têm glosado. Tal como nos contos do mestre russo, o enredo é relativamente secundário nas histórias desta canadiana, povoadas de personagens e assuntos triviais, e cuja força está muitas vezes no súbito impacto de um momento iluminante e revelador. Quase todos os seus contos têm como cenário a região sudoeste da província canadiana de Ontário, o que tem levado a que seja comparada a outros ficcionistas cujas obras se centram na vida de pequenas cidades, como Sherwood Anderson, Flannery O’Connor ou

Carson McCullers. A notícia do Nobel chegou ao Canadá de noite, quando Munro dormia. A autora contou à televisão canadiana CBC que foi acordada pela filha: “Sabia que era uma das candidatas, mas nunca pensei que fosse ganhar.” Munro disse ainda que ganhar o prémio é “formidável” e mostrou-se feliz por o mundo descobrir a sua escrita. Nascida numa família de criadores de raposas, Alice Munro começou a escrever na adolescência, tendo publicado o seu primeiro conto, The Dimensions of a Shadow, em 1950, quando frequentava a universidade. Ao mesmo tempo, ia ganhando dinheiro em empregos ocasionais, trabalhando em restaurantes, na apanha de tabaco, ou como bibliotecária. A sua primeira colectânea de histórias, Dance of the Happy Shades, saiu em 1968 e foi um sucesso imediato, tendo ganho o mais importante prémio literário cana-

diano e recebido o elogio unânime da crítica. O livro seguinte, Lives of Girls and Women (1971), é ainda hoje o seu único romance, e não falta quem ache que se trata, na verdade, de uma sucessão de contos articulados entre si. Munro publicou mais de uma dúzia de colectâneas de histórias curtas, muitas delas editadas em Portugal pela editora Relógio d’Água, incluindo a mais recente, Amada Vida (Dear Life, 2012), traduzida pelo poeta José Miguel Silva. Outros livros de Munro disponíveis em edição portuguesa são: O Progresso do Amor (The Progress of Love, 1986) O Amor de Uma Boa Mulher (The Love of a Good Woman, 1998) Fugas (Runaway, 2004) A Vista de Castle Rock (The View from Castle Rock, 2006) Demasiada Felicidade (Too Much Happiness, 2009).


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Crítica do “New York Times” comenta novo livro de Alice Munro Alice Munro, uma das maiores contistas de sua geração, cria contos que têm a amplitude de romances: vidas inteiras são condensadas num punhado de páginas, e o avanço do amor é mapeado ao longo dos anos, à medida que a paixão dá lugar à inquietação, a um compromisso mais profundo ou a algo mais ambíguo que isso. As suas histórias mais poderosas (em coletâneas como “The Moons of Jupiter” e “Friend of My Youth”) têm a complexidade de pequenas peças orquestrais: avançam e recuam no tempo, trazendo à tona gradualmente os padrões nas vidas dos personagens; revelando como emoções são transmitidas de geração a geração; como os relacionamentos entre homens e mulheres e entre pais e filhos mudam com o tempo, e como decepções, esperanças e perdas reverberam na câmara de ecos da família. Como na coletânea desajeitada “Runway”, de 2004, o livro mais recente da autora, “Querida Vida” traz histórias que possuem densidade semelhante, mas são menos elípticas e psicologicamente menos complexas. Com a exceção dos quatro reveladores contos semiautobiográficos que encerram o volume, a maioria dos relatos gira em torno de um acontecimento dramático, e muitos têm conclusões irónicas, à moda de O. Henry, que às vezes parecem exageradamente manipuladas. Nos contos de Munro, muitas vezes a vida das pessoas muda de repente (em função de acidentes, azar ou riscos calculados), mas seus contos anteriores tendiam a apresentar visões caleidoscópicas dos acontecimentos, transmitindo a precariedade do cotidiano e também a subjetividade da memória. Munro agora parece se voltar cada vez mais a narrativas mais enxutas, mais conclusivas e com morais que remetem a Esopo. É um contraste agudo com os muitos artistas, como Tennessee Williams e Claude Monet, cuja obra foi ficando mais e mais abstrata em seus últimos anos de vida. Há algo de sucinto nesses contos (mais de metade dos quais têm uma única palavra como título), uma espécie de impaciência por parte da autora. As pessoas dessas histórias também são apresentadas com contornos mais nítidos e com menos claroescuro que suas antecessoras. Embora Munro não tenha se tornado exatamente crítica, ela parece estar mais atenta ao egoísmo, à irracionalidade e ao descaso de que as pessoas são capazes. “To Reach Japan” descreve como uma poeta deixa sua filha pequena sozinha num trem para ter um encontro rápido com um jovem ator que acaba de conhecer, e então, voltando ao compartimento, descobre que sua filha sumiu. “Corrie” relata o envolvimento entre uma jovem rica com problemas numa perna e um homem casado; este lhe diz que eles estão sendo chantageados por um ex-funcionário, que ameaça contar à mulher dele sobre o caso dos dois. E “Amundsen” narra como um médico metodicamente seduz uma jovem professora que chegou à sua cidade remota para ensinar crianças com tuberculose --como ele a convida para jantar, a leva para a cama, a pede em casamento e depois, friamente, termina com ela e a põe no trem de volta a Toronto. Muitas dessas histórias são ambientadas em pequenas cidades canadenses, semelhantes àquelas em que a própria Alice Munro passou boa parte de sua vida, e muitas tratam de fatos da infância ou juventude, vistos desde a perspectiva de décadas mais tarde. Derek Shapman/Efe A escritora Alice Munro, vencedora do prémio Nobel de Literatura A professora em “Amundsen” hoje é uma mulher casada --não bem casada, ao que parece-- e ainda está um pouco sob a influência do médico mau-caráter que a feriu tantos anos atrás. Quanto à narradora de “Gravel”, ainda vive atormentada pela decisão de sua irmã de nove anos de jogar-se, com seu cão, nas águas geladas de uma antiga pedreira, para chamar a atenção da adúltera mãe delas --e pelo fato de ela própria não ter buscado ajuda imediatamente.

A narradora recorda que, em vez de buscar ajuda de sua mãe ou do amante desta na mesma hora, simplesmente ficou sentada diante do trailer delas, “esperando que a coisa acontecesse”. Uma mulher em “Haven” é mais passiva-agressiva do que simplesmente passiva. Embora o momento seja a década de 1970, a tia da narradora passa a maior parte do tempo cedendo a seu marido antissocial e a suas opiniões peremptórias. Então, uma noite, de modo insensato, convida os vizinhos e a irmã de seu marido --que está brigada com ele e está se apresentando num concerto no salão municipal local-- para virem tomar drinques enquanto seu marido está no Jantar e Encontro Anual Geral dos Médicos do Condado. Por mais que possa ser artificial, a história ecoa a de muitas mulheres na ficção de Alice Munro: elas se vêem presas às margens de costumes culturais mutantes, divididas entre a liberdade e a domesticidade, entre a independência e a necessidade de fazer parte de algo maior. As quatro narrativas finais justificam a leitura do livro. Esses textos, escreve Munro, “não são exatamente contos”. São “autobiográficos em sua sensação, embora às vezes não o sejam inteiramente em termos dos fatos”, escreve. “Creio que são as primeiras e últimas coisas que tenho a dizer sobre minha própria vida, e também as que mais se aproximam dela.” Os quatro textos proporcionam instantâneos da infância da narradora numa pequena cidade canadense: sua mãe, socialmente ambiciosa, que passa a sofrer do mal de Parkinson; seu pai, que comanda uma falida fazenda de criação de animais para o aproveitamento de suas peles, costuma espancá-la cruelmente para coibir “o fato de sua filha tagarela achar que poderia mandar em tudo”; e a própria narradora, que se esforça para aceitar seus sentimentos ambivalentes em relação a seus pais e sua irmã e toma consciência da precariedade da vida com a morte de sua babá num acidente. Emocionalmente precisas e também densas, essas “histórias que não chegam a ser histórias” evocam o amadurecimento de uma menina --seus esforços por definir uma identidade própria (não aquela que sua mãe teria escolhido para ela) e as insinuações de que ela acabará “saindo ao mundo”, para empregar uma frase que aparece em outro conto, mundo esse situado fora dos horizontes de cidade pequena dos pais dela. Essas “histórias que não chegam a ser histórias” não forçam seu conteúdo a assumir formatos organizados, como alguns dos contos “de verdade” presentes nesse volume. Em lugar disso, sua forma é flexível e orgânica; eles se abrem para abranger as reflexões pouco sentimentais de Munro sobre a vida, a arte e a arte de contar um conto (“Seria possível achar que isso era demais. A empresa falida, a saúde de minha mãe em frangalhos. Numa obra de ficção, não funcionaria”). Como os contos anteriores de Munro, que influenciariam várias gerações de escritores, esses textos se tornam meditações sobre como o tempo e a memória (além do remorso ou do autoconhecimento) moldam nossa visão de nossas próprias vidas. “Não voltei para casa para acompanhar a derradeira doença de minha mãe ou o enterro dela”, escreve Munro no último conto deste volume, aquele que lhe dá título. “Tinha dois filhos pequenos e não tinha com quem deixá-los em Vancouver. Mal teríamos podido arcar com o custo da viagem, e meu marido desprezava comportamentos formais, mas para que colocar a culpa nele? Eu sentia a mesma coisa. Dizemos a respeito de algumas coisas que elas não podem ser perdoadas, ou que nunca nos perdoaremos por elas. Mas fazemos isso, sim --fazemos isso o tempo todo.”


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AMADA VIDA Alice Munro Sinopse Uma poeta, na sua primeira festa literária em território inóspito, é resgatada por um colunista de jornal, acabando por partir numa incursão pelo continente que a leva a um inesperado encontro. Um jovem soldado, ao regressar da Segunda Guerra Mundial para os braços da sua noiva, sai na estação de comboio anterior à sua, encontrando numa quinta uma mulher com quem começa nova vida. Uma jovem mantém um caso com um advogado casado, contratado pelo seu pai para gerir os seus bens. Quando é descoberta, encontra uma forma surpreendente de lidar com a chantagista. Uma rapariga que sofre de insónias imagina, noite após noite, que assassina a irmã mais nova. Uma mãe resgata a sua filha no exacto momento em que uma mulher tresloucada invade o seu quintal. «Quem é capaz de dizer a um poeta a coisa perfeita acerca da sua poesia? E sem uma palavra a mais ou a menos, apenas o suficiente.» Alice Munro, «Dolly», in Amada Vida

Alice Munro nasceu a 10 de julho de 1931 em Wingham, na província canadiana de Ontário. Depois de concluir a escola secundária começou a estudar jornalismo e língua Inglesa na Universidade de Western Ontario, mas interrompeu os estudos quando se casou em, 1951. Juntamente com o marido mudou-se para Victoria, na Columbia Britânica, onde o casal abriu uma livraria. De acordo com a biografia divulgada no website da Academia Sueca, Alice Munro começou a escrever ficção ainda durante a adolescência e publicou trabalhos em várias revistas desde o início dos anos 50, mas só publicou o primeiro livro em 1968. Uma coleção de contos intitulada “A dança das sombras felizes” (Dance of the Happy Shades), que despertou considerável interesse no Canadá. Em 1971, publicou uma nova coleção de contos “Vidas das raparigas e das mulheres” (Lives of Girls and Women) que os críticos literários descreveram como “Bildungsroman”, ou seja, o romance de formação de um jovem contemporâneo. Ao longo dos anos publicou muitas outras coleções de contos, como “Who do you think you are” (1978), “The Moons of Jupiter” (1982), “Runaway” (2004), “The view from castle rock” (2006) e “Too much Hapiness” (2009) . A coleção “Hateship, Friendship, Courtship Logveship, Marriage” (2001) serviu de base ao filme de 2006 “Away from her” da realizadora Sarah Polley. A sua mais recente coleção de contos é “Dear life” publicada em 2012. Foi por três vezes vencedora do prémio de ficção literária dos Governor General’s Literary Awards, do seu país. Em 1998, Alice Munro foi premiada pelo National Book Critics Circle dos Estados Unidos, pela obra “O amor de uma mulher generosa”.

Obras publicadas Dance of the Happy Shades

Biografia

| 1968

Lives of Girls and Women

| 1971

Something I’ve Been Meaning to Tell You

| 1974

The Beggar Maid

|1978

The Moons of Jupiter

| 1982

The Progress of Love

| 1986

Friend of My Youth

| 1990

Open Secrets

| 1994

The Love of a Good Woman

|1998

Hateship, Friendship, Courtship, Loveship, Marriage

| 2001

Runaway

| 2004

| Fugas

The View from Castle Rock

| 2006

| A Vista de Castle Rock

Too much happiness

| 2009

| Demasiada Felicidade

Dear Life

| 2012

| Amada Vida

| O Progresso do Amor

| O Amor de Uma Boa Mulher

Outras obras publicadas em Português

Os seus relatos centram-se nas relações humanas analisadas através da lente da vida quotidiana. As histórias desenrolamse frequentemente em ambientes de pequenas cidades, onde a luta por uma existência socialmente aceitável resulta frequentemente em relações interpessoais tensas e conflitos morais, problemas que resultam de diferenças generacionais e ambições de vida antagónicas. Munro reconheceu a influência na sua obra de grandes escritoras, como Katherine Anne Porter, Flannery O’Connor, Carson McCullers ou Eudora Welty, bem como de James Agee e especialmente William Maxwell.


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PROJETOS

Clube de Leitura O Clube de Leitura da Biblioteca Municipal de Mangualde - Dr. Alexandre Alves reuniu no passado dia 5 de Novembro. Desta vez a sessão decorreu no ambiente Vintage, no restaurante com o mesmo nome, em Viseu, onde a troca de opiniões sobre a obra de David Lodge, “Um Homem de Partes” foi acompanhada com uma gostosa refeição. Depois de exploradas as primeiras 150 páginas do livro, foram marcadas as próximas 112 para a sessão de dia 26 de Novembro, na Biblioteca Municipal. Entretanto, o Clube receberá o escritor Nuno Camarneiro, autor das obras No meu peito não cabem pássaros e Debaixo de algum céu, no próximo dia 19 de Novembro, sessão que decorrerá no espaço da Livraria Adrião a partir das 18:30h.

Escritor Nuno Camarneiro fala das suas obras em Mangualde Biblioteca Municipal, 15h30 (público escolar) Livraria Adrião, 18h30 (público em geral) No próximo dia 19 de novembro, terça-feira, o escritor Nuno Camarneiro vem a Mangualde falar das suas duas últimas obras publicadas - “No Meu Peito Não Cabem Pássaros” e “Debaixo de algum Céu”. O escritor, vencedor do prémio Leya 2012, vai estar na Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves, às 15h30, numa sessão dirigida ao público escolar e na Livraria Adrião, às 18h30 numa sessão dedicada ao público em geral. As sessões promovidas pela Câmara Municipal de Mangualde são de entrada livre. Natural da Figueira da Foz, Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, nde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete,

tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, sendo atualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em coletâneas e revistas. “No Meu Peito não Cabem Pássaros” é a sua estreia no romance.

Brevemente disponivel, com novo layout e novas funcionalidades

www.biblioteca.cmmangualde.pt


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FOI HISTÓRIA ...

01 NOV Terremoto de Lisboa

1959), foi como professor universitário, crítico, ensaísta, poeta, romancista, tradutor que Jorge de Sena se afirmou. A sua carreira universitária teve início no Brasil, para onde emigrou em 1959, e continuou em franco progresso nos Estados Unidos, nomeadamente na Universidade de Winsconsin e na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara (UCSB), onde veio a desempenhar os cargos de director do Departamento de Espanhol e Português e do Programa de Literatura Comparada.

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03 NOV 05 NOV Sputnik 2

Barack Obama

A Sputnik 2, lançada ao espaço em 3 de novembro de 1957, pesando 543,5 kg, enviou o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika. Dados biológicos do animal foram monitorados durante uma semana. Sobre como a cadela teria morrido, a versão da época teria sido em uma semana por falta de oxigênio, conforme comunicado pelo Governo Soviético. Anos mais tarde, no entanto, os cientistas revelaram que ela morreu poucas horas depois do lançamento, em pânico, devido ao super-aquecimento da cabine.

Barack Obama

Lisboa, 1755

Sismo de 1755, também conhecido por Terramoto de 1755 (ou ainda Terremoto de 1755, no português brasileiro), ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve. O sismo foi seguido de um maremoto - que se crê tenha atingido a altura de 20 metros - e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais[1]). Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os geólogos modernos estimam que o sismo de 1755 atingiu a magnitude 9 na escala de Richter. O terramoto de Lisboa teve um enorme impacto político e sócio-económico na sociedade portuguesa do século XVIII, dando origem aos primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa área alargada, marcando assim o nascimento da moderna sismologia. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da teodiceia e da filosofia do sublime

02 OUT

Jorge de Sena

Jorge Cândido de Sena nasceu em Lisboa a 2 de Novembro de 1919 e morreu em Santa Barbara, Califórnia a 4 de Junho de 1978, foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português. Figura marcante da cultura e da literatura portuguesas do século XX, Jorge de Sena deixou-nos uma obra vastíssima e que ilustra bem o seu génio criativo e a sua extraordinária capacidade de trabalho. Apesar de ter tirado o curso de Engenharia Civil, na Faculdade de Engenharia do Porto, e de ter trabalhado durante praticamente dez anos na Junta Autónoma das Estradas (1948-

Varsóvia em tempo de guerra

O exílio acabou, assim, por lhe dar um novo rumo profissional, na verdade mais consentâneo com as suas aspirações, e por lhe dar também mais tempo e oportunidades para se dedicar à investigação e à produção literária, na qual, aliás, espelhou muito da sua condição e vivência de exilado. No que diz respeito à investigação, são de realçar os seus estudos sobre Camões (Uma Canção de Camões, 1966; Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular, 1969), ainda hoje actuais e valiosos, a par dos que dedicou ao grande poeta do modernismo português, Fernando Pessoa (Fernando Pessoa & Cª Heterónima - Estudos Coligidos 1940-1978, 1982; Poemas Ingleses, de Fernando Pessoa, 1974), e muitos outros sobre a literatura e a cultura portuguesas (Dialécticas Aplicadas da Literatura, 1978) e sobre a literatura inglesa. No campo da produção literária, Sena, que se via acima de tudo como um poeta, publicou as seguintes obras de poesia: Perseguição, livro de estreia (1942), Coroa da Terra (1946), Pedra Filosofal (1950), As Evidências (1955), Fidelidade (1958), Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad Loca Infecta (1969), Exorcismos (1972), Camões Dirige-se aos Seus Contemporâneos e Outros Textos (1973), Conheço o Sal… e Outros Poemas (1974), Sobre Esta Praia… Oito Meditações à beira do Pacífico (1977). Numa conjugação do clássico e do moderno, Sena reflecte sobre o destino do homem, sobre a sua condição e dignidade, assumindo, muitas vezes, os seus poemas um forte pendor narrativo. Sena organizou também preciosas colectâneas de poesia e foi director da revista Cadernos de Poesia. Para além de poemas, Sena escreveu contos, que foram reunidos em volumes - Andanças do Demónio (1960), Novas Andanças do Demónio (1966), Os Grão-Capitães -, peças de teatro, de entre as quais detacamos O Indesejado (1951), uma tragédia em verso branco e irregular, e o romance magistral, Sinais de Fogo, parte de um ciclo romanesco não concluído e através do qual se pretendia mostrar a vida portuguesa tal como ela era no período entre 1936 e 1959. Sinais de Fogo foi publicado postumamente, em 1979, um ano depois da morte de Jorge de Sena, em Santa Bárbara.

Laika - o primeiro ser vivo no espaço.

04 OUT

Nature

Primeiro número da revista

Nature é uma das mais antigas revistas científicas do mundo: sua primeira edição é de 4 de novembro de 1869. Entre as inúmeras descobertas científicas publicadas na Nature estão a dos raios X, da estrutura em dupla hélice do ADN e o buraco na camada de ozônio. Na astronomia e na cosmologia, a maioria dos avanços sérios são publicados em revistas especializadas, mas um pequeno artigo é publicado frequentemente na Nature como forma de publicidade e para chamar a atenção da mídia.

Em 4 de novembro, Obama ganhou a presidência com 365 votos no colégio eleitoral, contra os 173 recebidos por McCain. Obama ganhou 52,9% dos votos populares, contra os 45,7% de McCain.Obama obteve 69,4 milhões de votos, sendo o presidente mais votado da história dos Estados Unidos e o segundo presidente mais votado do mundo. Ele se tornou o primeiro afro-americano a ser eleito presidente. Obama fez o seu discurso de vitória diante de centenas de milhares de partidários em Grant Park, Chicago. Barack Hussein Obama II (Honolulu, 4 de agosto de 1961) é um advogado e político dos Estados Unidos, o 44o e atual presidente do país, sendo o primeiro afro-americano a ocupar o cargo. Nascido em Honolulu, no Havaí, Obama é graduado em Ciências Políticas pela Universidade Columbia, cursando posteriormente Direito na Universidade de Harvard, onde foi presidente da Harvard Law Review. Ele também atuou como líder comunitário e como advogado na defesa de direitos civis e ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago entre 1992 a 2004. Ele representou por três mandatos o 13º distrito de Illinois no senado estadual entre 1994 a 2004, tendo tentado eleger-se, sem sucesso, ao Congresso dos Estados Unidos em 2000. Em 2004, após vencer a primária democrata da eleição para o Senado em Illinois, ele foi convidado para fazer um discurso na Convenção Nacional Democrata daquele ano, e com isso recebeu atenção nacional da mídia. Em novembro, foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois com 70% dos votos. Obama começou sua campanha para a presidência em 2007 e em 2008, depois de uma apertada disputa nas primárias do partido com a também senadora Hillary Clinton, ele conseguiu apoio suficiente para ganhar a nomeação do Partido Democrata para a presidência dos Estados Unidos. Ele derrotou o candidato republicano John McCain na eleição presidencial de 2008 e então foi empossado como presidente em 20 de janeiro de 2009. Nove meses depois, ele foi o ganhador do Nobel da Paz de 2009. Ele foi re-eleito presidente em novembro de 2012, derrotando o republicano Mitt Romney, e foi empossado para um segundo mandato em 20 de janeiro de 2013.


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06 NOV Mário Soares vs Álvaro Cunhal

Mário Soares versus àlvaro Cunhal, num dos debates mais famosos da nossa história

Debate televisivo na RTP ao início da noite de 6 de Novembro de 1974, entre o líder socialista Mário Soares e o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal. Soares acusa o chefe dos comunistas de querer instaurar uma nova ditadura no país. Cunhal que o considera o chefe da reação responde com uma frase que fica célebre: “Olhe que não, doutor, olhe que não...”.

07 NOV

da morava na argélia, e ao sair do partido comunista montado um outro grupo que apresentava peças clássicas de teatro aos trabalhadores. Conhece Sartre em 1942 e tornam-se bons amigos no tempo de pós-guerra. Conheceram-se devido ao livro “O Estrangeiro” sobre o qual Sartre escreveu elogiosamente, dizendo que o autor seria uma pessoa que ele gostaria de conhecer. Um dia em uma festa em que os dois estavam, Camus se apresentou ao Sartre, dizendo-se o autor do livro. A amizade durou até 1952, quando a publicação de “O Homem Revoltado” provocou um desentendimento público entre Sartre e Camus. Camus morreu em 1960 vítima de um acidente de automóvel. Em sua maleta estava contido o manuscrito de “O Primeiro Homem”, um romance autobiográfico. Por uma ironia do destino, nas notas ao texto ele escreve que aquele romance deveria terminar inacabado. Por coincidência, a sua mãe falece no mesmo ano que ele.

08 NOV Museu do Louvre

Albert Camus

Museu do Louvre

Albert Camus

Albert Camus, nasceu em Mondovi a 7

de novembro de 1913, Falescendo em Villeblevin a 4 de janeiro de 1960, foi um escritor, romancista, ensaísta, dramaturgo e filósofo francês nascido na Argélia. Foi também jornalista militante engajado na Resistência Francesa e nas discussões morais do pós-guerra. Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor. Seu primeiro livro “O Avesso e o Direito” assim como “Bodas em Tipasa” foram publicados quando ele ainda residia na Argélia. Mas durante o tempo da ocupação além de trabalhar em jornais e editar o jornal clandestino Camus se dedicou a outra de suas paixões o Teatro. Ele já havia participado de um grupo de teatro ligado ao partido comunista quando ain-

Em 9 de novembro de 1793, abre ao público o Museu do Louvre, em Paris. O Museu do Louvre (Musée du Louvre), instalado no Palácio do Louvre, em Paris, é um dos maiores e mais famosos museus do mundo. Localiza-se no centro de Paris, entre o rio Sena e a Rue de Rivoli. O seu pátio central, ocupado agora pela pirâmide de vidro, encontra-se na linha central dos ChampsÉlysées, e dá forma assim ao núcleo onde começa o Axe historique (Eixo histórico). É onde se encontra a Mona Lisa, a Vitória de Samotrácia, a Vénus de Milo, enormes coleções de artefatos do Egito antigo, da civilização greco-romana, artes decorativas e aplicadas, e numerosas obras-primas dos grandes artistas da Europa como Ticiano, Rembrandt, Michelangelo, Goya e Rubens, numa das maiores mostras do mundo da arte e cultura humanas. O museu abrange, portanto, oito mil anos da cultura e da civilização tanto do Oriente quanto do Ocidente. O Louvre é gerido pelo estado francês através da Réunion des Musées Nationaux. É o museu mais visitado do mundo, recebendo em 2011 8,8 milhões de visitantes e em 2012 9,7 milhões de pessoas.

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FOI HISTÓRIA ...

09 NOV Rolling Stone

Primeiro número da Rolling Stone

A Rolling Stone foi fundada em 9 de No-

vembro de1967, na cidade de São Francisco, Califórnia, por Jann Wenner (editor e publicador) e pelo crítico musical Ralph J. Gleason. Para fazer a revista sair do chão, Wenner pediu emprestado US$7.500,00 de seus parentes e da família de Jane Wenner, sua noiva na ocasião. A Rolling Stone, a princípio, foi uma revista dedicada à contracultura hippie da década. Contudo, a revista foi se distanciando dos jornais underground da época, como o Berkeley Barb,3 adotando padrões jornalísticos mais tradicionais e evitando as políticas radicais do jornalismo underground. Na primeira edição, Wenner escreveu que o Rolling Stone “não é só sobre música, mas sobre as coisas e atitudes que a música envolve.” Isto se tornou o de facto motto da revista. Nos anos de 1970, Rolling Stone começou a fazer sua marca pela sua cobertura política, como o jornalismo gonzo de Hunter S. Thompson escrevendo para a seção de política da revista. A revista era tão popular durante este tempo que foi feito um single, interpretado por Dr. Hook & the Medicine Show, chamado “Cover of the Rolling Stone” (“Capa da Rolling Stone”---escrito por Shel Silverstein) que tornou-se um sucesso. Dr Hook, eventualmente, teve o seu sonho realizado e acabou saindo na capa da revista Rolling Stone.

10 NOV Queda do muro

A 10 de novembro de 1989, o Muro de Berlim começa a ser derrubado. O Muro de Berlim era uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além

de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime totalitário soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou “Ordem 101”) os que tentassem escapar, o que provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas.

Muro de Belim

11 NOV Yasser Arafat

Yasser Arafat

Em 11 de Novembro de 2004, morre o presidente da Autoridade Palestiniana Yasser Arafat. Destacou-se sobretudo pelos cargos de presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP), que assumiu em 1968, e presidente da Autoridade Palestiniana autónoma (com sede em Jerusalém), que governa os territórios de Jericó e da Faixa de Gaza. Foi, de 1952 a 1956, presidente da União dos Estudantes da Palestina, tendo-se licenciado, ainda em 1956, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Cairo. Em 1959 fundou o movimento Al-Fatah, que se tornou o braço armado da OLP, organização que, em 1974, foi reconhecida como representante do povo palestiniano. Realizou diversas viagens, contactando líderes de diversos países em busca de apoios políticos para a sua causa, e foi também convidado a discursar na Assembleia Geral da ONU, facto que ficou registado na história política palestiniana.


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FOI HISTÓRIA ...

Em 1988 proclamou a independência do Estado da Palestina. Reconheceu, em 1993, a existência do Estado de Israel, o grande adversário nesta senda, e, no ano seguinte, assinou o acordo de paz que concedia autonomia aos territórios ocupados pelos judeus. Este acontecimento chamou a atenção do Comité Nobel, que decidiu laurear Arafat, juntamente com os líderes israelitas Yitzhak Rabin e Shimon Perez, com o Prémio Nobel da Paz (1994) - Arafat visitaria Israel, pela primeira vez, logo no ano seguinte, aquando da morte de Yitzhak Rabin. Apesar dos esforços, as contendas entre palestinianos e israelitas não pararam devido a ataques de grupos extremistas, que causaram inúmeros problemas à tentativa de manutenção da paz. O acordo de paz entre os dois territórios passou por várias dificuldades durante o mandato de Benjamin Netanyahu (1996-1999), substituto do primeiro-ministro Yitzhak Rabin. Em maio de 1999, Ehud Barak foi eleito chefe do governo israelita. Várias tentativas foram levadas a cabo pelos dois líderes para que o acordo de paz fosse cumprido (encontros de Camp David, em 2000, nos EUA), mas fracassaram, e os atos de violência intensificaram-se. O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 aos EUA agravou ainda mais a situação. Mais tarde, os acordos diplomáticos entre Ehud Barak e Yasser Arafat foram quebrados e ataques israelitas à Palestina proporcionaram o cerco à sede de Yasser Arafat em Ramallah, tornando-o prisioneiro domiciliário, em 2002. O líder palestiniano vivia um período de isolamento diplomático e resolveu anunciar eleições governamentais em 2004, mas o parlamento não lhe deu o voto de confiança necessário e o seu gabinete demitiu-se. Em março de 2003 cedeu à pressão internacional e nomeou um primeiro-ministro, Mahmoud Abbas (líder parlamentar da Autoridade Palestiniana), que ficaria encarregado da política local, relacionada com os territórios palestinianos. Yasser Arafat continuaria com a política internacional e com o poder de demitir ou eleger o primeiro-ministro. Em finais de outubro de 2004, sofreu um colapso que o pôs entre a vida e a morte, tendo sido assistido por uma forte equipa médica. O estado de saúde de Arafat inspirava cuidados e as autoridades israelitas levantaram o cerco a Ramallah, permitindo, assim, a hospitalização do líder palestiniano em Paris. Acabou por falecer na madrugada de 11 de novembro do mesmo ano.

12 NOV Massacre de Santa Cruz

Vitimas do massacre

O Massacre de Santa Cruz em Timor Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-inde-

pendência no cemitério de Santa Cruz em

Dili, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso é normalmente indicado como o dia de juventude de Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense, e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.

13 NOV Mancha negra

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15 NOV Républica do Brasil

de Dezembro de 1998 foi elevado a GrandeColar da mesma Ordem. O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.

na Galiza

Brasã de armas do Brasil

Pretige

O Prestige foi um navio petroleiro monocas-

co, que afundou na costa galega, produzindo uma imensa maré negra, que afetou uma ampla zona compreendida entre o norte de Portugal e as Landas ou Vendée em França, tendo especial incidência na Galiza. O petroleiro, construído em 1976, com um deslocamento de 42 mil toneladas, transportava 77 mil toneladas de fuelóleo pesado. Apesar de ter o navio identificado, as investigaçőes judiciais pertinentes não chegaram a um responsável direto deste acidente.

14 NOV BBC - Rádio

Com o golpe militar de 15 de novembro de 1889, que depôs Dom Pedro II, o Brasil deixa de ser um Império após o baile da despedida. A partir do ato simbólico da Proclamação da República do Brasil pelo Marechal Deodoro da Fonseca, formalizado em 15 de novembro de 1889, um novo tipo de regime é estabelecido e, assim, surgindo um novo período da história brasileira denominado Brasil República que perdura até hoje. Após a formação da república, o Brasil teve vários nomes posteriores, conforme as alterações no governo, incluindo “Estados Unidos do Brasil”. “A Costituição Republicana, orquestrada no contexto da Proclamação da República, sinaliza à compreensão de como o ideário do Positivismo criado na França por Augusto Comte, enquanto corrente de pensamento norteadora, juntamente com a Costituição dos Estados Unidos, influenciaram no texto constitucional brasileiro promulgado em 1891.” “República Federativa do Brasil” é o nome oficial atual do Brasil, uma democracia presidencialista, reestruturada em 1986 com o fim do Regime Militar Ditatorial inserido e formalizado em 1 de abril de 1964 pelo Exército Brasileiro.

16 NOV Logo BBC

A British Broadcasting Corporation (“Corpora-

ção Britânica de Radiodifusão”, mais conhecida pela sigla BBC), é uma emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922 e a primeira emissão a 14 de novembro desse ano. Possui uma boa reputação nacional e internacional (sendo vista por alguns críticos como parcial, tendenciando o liberalismo). Por vezes é chamada afectuosamente pelos ingleses como Beeb, The Corporation ou Auntie. Durante muitos anos foi o único fornecedor de rádio e depois de televisão do Reino Unido. O seu lema é “Nation Shall Speak Peace Unto Nation”. Antes era chamada de British Broadcasting Company Ltd., nome que permaneceu até 1927.

José Saramago

José de Sousa Saramago, nasce na Azinhaga, Golegã a 16 de Novembro de 1922 e morre em Tías, Lanzarote, 18 de Junho de 2010, foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.2 A 24 de Agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 3

Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias. José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds (“Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas”, tradução livre), considerou José Saramago “o mais talentoso romancista


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vivo nos dias de hoje”10 , referindo-se a ele como “o Mestre”. Declarou ainda que Saramago é “um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer”.

17 NOV

18 NOV Ben Hur

Revolução de Veludo

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mandado construir por Carlos III. As obras de construção prolongaram-se por muitos anos, tendo sido inaugurado somente no reinado de Fernando VII. Quando o rei Carlos III regressou de Nápoles à sua cidade natal, apercebeu-se de que Madrid não havia melhorado em nada desde que de lá tinha saído: Madrid continuava aquele lugar que, convertido repentinamente em capital por obra e graça de Filipe II, cresceu precipitada e desordenadamente e de um modo pouco consistente. Decidiu assim encarregar Juan de Villanueva, o arquitecto real, de projectar um edifício destinado às Ciências e que pudesse albergar o Gabinete de História Natural. Tal foi o culminar da carreira artística de Juan de Villanueva, sendo esta a maior e mais ambiciosa obra do neoclassicismo espanhol. Com a construção deste edifício, concebido como uma operação urbanística de elevados custos, o rei Carlos III pretendia dotar a capital do seu reino com um espaço urbano e monumental, como os que abundavam nas restantes capitais europeias. As obras de construção do museu prolongaram-se por muitos anos, ao largo de todo o reinado de Carlos IV. Porém, a chegada dos franceses a Espanha e a Guerra da Independência, interromperam-nas.

20 OUT

Fim do Franquismo

Cartaz do filme

Manisfestação estudantil

A Revolução de Veludo (17 de Novembro a 29 de dezembro de 1989) refere-se à revolução não agressiva na antiga Checoslováquia que testemunhou a deposição do governo comunista daquele país. Esta é vista como uma das mais importantes revoluções de 1989. Em 17 de novembro de 1989, a polícia reprimiu uma manifestação estudantil em Praga. Esse eventou desencadeou uma série de manifestações populares de 19 de novembro até o fim de dezembro. Até 20 de novembro, o número de manifestantes pacíficos em Praga passou de 200 mil a meio milhão de pessoas. Um movimento geral envolvendo todos os cidadãos da Checoslováquia foi feito em 27 de novembro. Com o colapso dos outros governos comunistas e o aumento dos protestos de rua, o Partido Comunista da Checoslováquia anunciou no dia 28 de novembro que iria acabar com o poder e desmantelar o Estado de partido único. Uma espécie de cerca, com arames farpados e outras obstruções, foi removida da fronteira da Alemanha Oriental com a Áustria no começo de dezembro. No dia 10 de dezembro, o presidente Gustáv Husák apresentou o primeiro grande governo não-comunista na Checoslováquia desde 1948, e renunciou. Alexander Dubcek foi eleito presidente do parlamento federal em 28 de dezembro e Václav Havel, escritor conhecido que estava à frente da revolução, tornou-se presidente da Checoslováquia em 29 de dezembro de 1989. Em junho de 1990, a Checoslováquia teve sua primeira eleição democrática desde 1946. O termo Revolução de Veludo foi inventado por jornalistas para descrever os acontecimentos e aceito pela mídia mundial, sendo usado em seguida pela própria Checoslováquia. Depois da dissolução da nação em 1993, devido a questões étnicas, culturais e econômicas, a Eslováquia usou o termo “Revolução Gentil”, que é o termo que os eslovacos usavam para a revolução desde seu começo.

Ben-Hur é um filme estadunidense de 1959, um drama épico bíblico dirigido por William Wyler. O roteiro foi baseado no romance de mesmo nome do escritor Lew Wallace. O filme se passa na época de Jesus Cristo, e conta a vida de um judeu de grande influência (Judah Ben-Hur), que é traído por seu amigo (Messala) romano, e é então escravizado. Ele luta pela liberdade e volta para conseguir a vingança. Em Jerusalém, no início do século I, vive Judah Ben-Hur, um rico mercador judeu. Mas, com o retorno de Messala, um amigo da juventude que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, um desentendimento devido a visões políticas divergentes faz com que Messala condene BenHur a viver como escravo em uma galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo. Mas Ben-Hur terá uma oportunidade de vingança. Ben-Hur é um dos recordistas de Oscars recebidos, com onze estatuetas, estando empatado com Titanic, de 1997 e O senhor dos anéis: o retorno do rei, de 2003. Esta foi a terceira adaptação para as telas de cinema da história de “Ben-Hur”; as anteriores ocorreram em 1907 e em 1925, ambas mudas e com Ben-Hur no nome. Em Ben-Hur: A Tale of the Christ (1925), o protagonista foi Ramon Novarro. O ator Burt Lancaster recusou o papel de Judah Ben-Hur porque era ateu e não queria ajudar a promover a Cristandade. Além de Lancaster, os atores Marlon Brando e Rock Hudson também recusaram. A produção de Ben-Hur foi uma bem-sucedida tentativa da Metro-Goldwyn-Mayer de sair da ameaça de falência.

19 NOV Museu do Prado

O Museu do Prado é o mais importante museu de Espanha e um dos mais importantes do Mundo. Apresentando belas e preciosas obras de arte, o museu localiza-se em Madrid e foi

Francisco Franco

Estátua a Velazquez na entrada do Museu do Prado

Foi então utilizado para fins militares, tendose aqui estabelecido um quartel militar. Neste momento começou a deterioração do edifício, que se notava cada vez mais, à medida que os anos avançavam. Aborrecidos, Fernando VII e a sua esposa, Maria Isabel de Bragança, puseram fim a tal situação, impedindo que o museu chegasse à ruína total e recuperando-o. Isabel foi a grande impulsionadora deste projecto e é a ela que se deve o êxito final, mesmo que não tenha vivido para saboreá-lo, pois morreu um ano antes da grande inauguração do museu, a 19 de Novembro de 1819. Contendo colecções de pintura e escultura provenientes das colecções reais e da nobreza, o museu detinha, aquando da sua inauguração, cerca de 311 obras de arte. Foi, um dos primeiros museus públicos de toda a Europa e o primeiro de Espanha, fazendo assim notar a sua função recreativa e educacional. Desde a fusão dos dois museus, o acervo foi ampliado com muitas outras obras de arte, por doações, heranças e novas aquisições. Em 2006, teve lugar no Prado uma das mais importantes exposições de toda a história do museu: Furtuny, Madrazo, Rico - Legado de Ramón de Errazu. Esta exposição reúne importantes obras dos famosos pintores oitocentistas Mariano Furtuny, Raimundo de Madrazo y Garreta e de Martín Rico. Uma importante ampliação do espaço museológico foi inaugurada em Outubro de 2007.

O Franquismo foi um regime político ditatorial que vigorou na Espanha entre os anos de 1939 e 1976. Francisco Franco Na década de 1930, a Espanha passou por uma guerra civil muito intensa. Estima-se que aproximadamente um milhão de pessoas tenha morrido durante os conflitos da ocasião. Os combates no território espanhol chegaram ao fim no ano de 1939, marcando a vitória de um grupo nacionalista que colocou no poder o general Francisco Franco. Assim que se encerrou a guerra civil em território espanhol, teve início o maior conflito internacional do século XX, a Segunda Guerra Mundial. Francisco Franco, que recebeu apoio de Itália e da Alemanha durante a Guerra Civil Espanhola, tratou de retribuir a ajuda apoiando esses regimes fascistas que integravam um dos grupos durante a guerra. O Franquismo se manteve vivo e forte na Espanha mesmo com a derrota de outros países fascistas na Segunda Guerra Mundial, caso de Itália e Alemanha. O Franquismo chegou a ser condenado nos tribunais que julgaram as ditaduras após o término do conflito internacional, mas manteve-se de pé através do poderio de Francisco Franco. A partir daí, foram décadas de dominação do regime Franquista na Espanha. O Franquismo era baseado na ditadura do líder que dava nome ao regime e tinha como característica uma forte repressão aos opositores do sistema. As bases do regime eram definidas pelo catolicismo e o anticomunismo. Mas apesar da afinidade com o capitalismo e o pólo ideológico liderado pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, o que marcou a Guerra Fria, a política econômica e a incompetência governamental do ditador Francisco Franco fizeram com que a Espanha parasse de crescer. O regime era mantido por efeito da força radical e eliminadora de adversários que o governo desfrutava. O governo personalista do Franquismo era apoiado ainda pela Igreja Católica e pelo Exército. Com isso, a ditadura comandava os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Estes poderes eram mantidos somente para


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dar um indício de que se praticava uma democracia na Espanha, o que era creditado por algumas pessoas. Os Estados Unidos com sua política ideológica da Guerra Fria investiram milhões de dólares na Espanha, o que elevou a qualidade de vida da população e ofereceu outra máscara para o regime ditatorial. Em troca, Francisco Franco permitiu que os estadunidenses estabelecessem bases militares no território espanhol. O Franquismo só chegou ao fim, como regime político, com a morte do ditador Francisco Franco em 1975, o que abriu espaço para a transição para uma democracia parlamentar. Em 2006, as Cortes Espanholas e o Parlamento Europeu condenaram o Franquismo com a justificava de que há provas suficientes para demonstrar que os direitos humanos foram violados durante o período de governo do ditador. Mas, mesmo assim, há ainda muitos seguidores e nostálgicos da ideologia Franquista na Espanha. Suas manifestações só não são mais visíveis porque foram proibidas em 2006 também.

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Voltaire

na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke. Voltaire foi um pensador que se opôs à intolerância religiosa e à intolerância de opinião existentes na Europa no período em que viveu. Suas ideias revolucionárias acabaram por fazer com que fosse exilado de seu país de origem, a França. O conjunto de ideias de Voltaire constitui uma tendência de pensamento conhecida como Liberalismo. Exprime na maioria dos seus textos a preocupação da defesa da liberdade, sobretudo do pensar, criticando a censura e a escolástica, como observamos na seguinte frase, escrita por Evelyn Beatrice Hall como tentativa de descrever o espírito de Voltaire: “Não concordo com nem uma das palavras que me diz, mas lutarei até com minha vida se preciso for, para que tenhas o direito de dizê-las”. Destaca-se que Voltaire, em sua vida, também foi “conselheiro” de alguns reis, como é o caso de Frederico II, o grande, da Prússia, um déspota esclarecido. - Voltaire foi influenciado, pelo cientista Isaac Newton e pelo filósofo John Locke; Defendia as liberdades civis (de expressão, religiosa e de associação); - Criticou as instituições políticas da monarquia, combatendo o absolutismo; - Criticou o poder da Igreja Católica e sua interferência no sistema político; - Foi um defensor do livre comércio, contra o controle do estado na economia; Foi um importante pensador do iluminismo francês e suas ideias influenciaram muito nos processos da Revolução Francesa e de Independência dos Estados Unidos.

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onal do continente africano, que é o cabo Agulhas. É considerado um dos grandes cabos dos oceanos meridionais, e teve especial significado para os marinheiros durante muitos séculos. É muitas vezes referido em literatura marítima simplesmente como “o Cabo.” Foi dobrado pela primeira vez em 22 de Novembro de1488 pelo navegador português Bartolomeu Dias. Contam as crónicas da época que, como foi avistado depois de vários dias em que os marinheiros sofreram violentas tempestades (tormentas), aquele navegador lhe pôs o nome de Cabo das Tormentas. Ao retornar, entretanto, com a notícia, o rei João II de Portugal mudou-lhe o nome porque, ao ser dobrado, mostrou a ligação entre o Oceano Atlântico e o Oceano Índico e prometia a tão desejada chegada à Índia. Chamou-lhe, por isso, Cabo da Boa Esperança - o topónimo que se perpetuou. Nas palavras do cronista João de Barros: “Partidos dali, houveram vista daquele grande e notável cabo, ao qual por causa dos perigos e tormentas em o dobrar lhe puseram o nome de Tormentoso, mas el-rei D. João II lhe chamou cabo da Boa Esperança, por aquilo que prometia para o descobrimento da Índia tão desejada.” O mercador holandês Jan van Riebeeck estabeleceu um posto de reabastecimento no cabo em 6 de Abril de 1652, que mais tarde evoluiu para se tornar na Cidade do Cabo.

23 NOV

Caixas de música e leitor de pianos foram as primeiras formas de dispositivos musicais que funcionam com moedas automatizados. Estes instrumentos utilizam rolos de papel, discos de metal, ou cilindros de metal para tocar uma seleção musical do instrumento, ou instrumentos, colocados dentro do dispositivo. Na década de 1890 esses dispositivos foram juntados por máquinas que usaram gravações reais, em vez de instrumentos físicos. Em 1890, Louis de vidro e William S. Arnold inventou o fonógrafo de moedas, o primeiro dos quais foi um fonógrafo Edison Classe M elétrico adaptado com um dispositivo patenteado sob o nome de Anexo de accionamento moeda para fonógrafo. A música foi ouvida através de um dos quatro tubos de escuta.

24 NOV A Origem das Espécies

Jukebox

Cabo das Trumentas Manifestação a favor dos detidos

François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire nasceu em Paris, 21 de novembro de 1694 morrendo em Paris a 30 de maio de 1778, foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se

Capa do livro A Origem das Espécies, de 1859

Jukebox

Bartolomeu Dias

O Cabo da Boa Esperança ou primitivamente conhecido como Cabo das Tormentas localiza-se a sul da Cidade do Cabo e a oeste da baía Falsa, na província do Cabo Ocidental, na África do Sul. Ao contrário do que comumente se acredita, este cabo não é o extremo meridi-

A jukebox é um dispositivo parcialmente automatizado para tocar música, geralmente uma máquina operada por moedas , que vai jogar a seleção de um consumidor dos meios independentes. O jukebox clássico tem botões com letras e números sobre eles que, quando entram em combinação, são usados ​​para tocar uma seleção específica. A primeira jukebox entra em funcionamento em 23 de novembro de 1889, no “saloon” Palias Royale de São Francisco, EUA.

A 24 de novembro de 1859, é publicada a primeira edição do livro A Origem das Espécies, do naturalista britânico Charles Darwin. Darwin encontrou uma resposta para o problema de como géneros divergem ao fazer uma analogia com as ideias de divisão de trabalho na indústria. Variedades especializadas de um gênero, ao encontrarem nichos nos quais sua especialização é mais útil, forçariam a diversificação em espécies. Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha isolada pelo mar. Ele também passou a criar pombos para testar a sua hipótese de que a seleção natural era comparável à “seleção artificial” usada por criadores de pombos. Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um artigo sobre a introdução de espécies escrito por Alfred Russel


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Wallace, um naturalista trabalhando no Bornéo. Ciente da similaridade entre este trabalho e o de Darwin, Lyell pressionou Darwin para que publicasse o quanto antes a sua teoria, de forma a estabelecer precedência. Apesar de sua doença, Darwin iniciou o livro de três volumes intitulado “Seleção Natural” (“Natural Selection”), obtendo espécimes e informações de naturalistas como Asa Gray e o próprio Wallace. Em dezembro de 1857, quando trabalhava em seu livro, Darwin recebeu uma carta de Wallace perguntando se ele se aprofundaria na questão das origens do homem. Ciente dos temores de Lyell, Darwin respondeu: “Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e mais interessante problema para um naturalista”. Ele então encorajou Wallace a teorizar sobre o tema, dizendo “não há observações boas e originais sem especulação”. Quando o seu manuscrito já alcançava 250 mil palavras, em junho de 1858, Darwin recebeu de Wallace o artigo em que aquele descrevera o mecanismo evolutivo que concebera. Wallace também solicitara a Darwin que o enviasse a Lyell. Darwin assim o fez, embora estivesse chocado que ele tivesse sido “prevenido” do fato. Embora Wallace não tivesse solicitado a publicação, Darwin se ofereceu para enviar o artigo a qualquer revista que ele desejasse. Ele descreveu o que se passava para Lyell e Hooker. Estes concordaram em uma apresentação conjunta na Lynnean Society, em 1 de julho, do artigo intitulado “Sobre a Tendência das Espécies de formarem Variedades; e sobre a Perpetuação das Variedades e Espécies por Meios Naturais de Seleção” (On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection). Infelizmente, o filho caçula de Darwin faleceu e ele não pôde comparecer à apresentação. O anúncio inicial da teoria atraiu pouca atenção. Ela foi mencionada brevemente em algumas resenhas, mas para a maioria dos revisores era apenas mais uma entre muitas variações de pensamento evolutivo. Nos treze meses seguintes Darwin sofreu com sua saúde precária e fez um enorme esforço para escrever um resumo de seu “grande livro sobre espécies”. Recebendo constante encorajamento de seus amigos cientistas, ele finalmente terminou o texto e Lyell cuidou para que o mesmo fosse publicado por John Murray. O livro recebeu o título “Sobre a origem das espécies por meio de seleção natural” (On the Origin of Species by Means of Natural Selection) e, quando foi colocado à venda em 24 de novembro de 1859, esgotou o estoque de 1250 cópias rapidamente. Naquela época, o termo “evolucionismo” implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras “evolução” ou “evoluir”, embora o livro terminasse anunciando que “um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo”. O livro só mencionava brevemente a ideia de que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que “luz será lançada no tocante à origem do homem e sua história”.

25 NOV Eça de Queiroz

José Maria Eça de Queiroz Escritor português, José Maria Eça de Queirós nasceu a 25 de novembro de 1845, na Póvoa de Varzim, filho de um magistrado, também ele escritor, e morreu a 16 de agosto de 1900, em Paris. É considerado um dos maiores romancistas de toda a literatura portuguesa, o primeiro e principal escritor realista português, renovador profundo e perspicaz da nossa prosa literária. Entrou para o Curso de Direito em 1861, em Coimbra, onde conviveu com muitos dos futuros representantes da Geração de 70, já então aglutinados em torno da figura carismática de Antero de Quental, e onde acedeu às recentes ou redescobertas correntes ideológicas e literárias europeias: o Positivismo, o Socialismo, o RealismoNaturalismo, sem, contudo, participar ativamente na que seria a primeira polémica dessa geração, a Questão Coimbrã (18651866). Terminado o curso, fundou o jornal O Distrito de Évora, em 1866, órgão no qual iniciou a sua experiência jornalística como redator. Colaborou ainda na Gazeta de Portugal, onde publicou muitos dos textos - indiciadores de uma nova estilística imaginativa - postumamente reeditados no volume das Prosas Bárbaras. No final desse ano, formou-se o “Cenáculo”, de que viriam a fazer parte, nesta primeira fase, além de Eça, Jaime Batalha Reis, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Salomão Saragga, entre outros. Após uma viagem pelo Oriente, para assistir à inauguração do canal de Suez como correspondente do Diário Nacional, regressou a Lisboa, onde participou, com Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, na criação do poeta satânico Carlos Fradique Mendes e escreveu, em 1870, em parceria com Ramalho Ortigão, o Mistério da Estrada de Sintra. No ano seguinte, proferiu a conferência “O Realismo como nova expressão da Arte”, integrada nas Conferências do Casino Lisbonense e produto da evolução estética que o encaminha no sentido do RealismoNaturalismo de Flaubert e Zola, com influência das doutrinas de Proudhon e Taine. No mesmo ano, iniciou, novamente com Ramalho, a publicação de As Farpas, crónicas satíricas de inquérito à vida portuguesa.

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Em 1872, iniciou também a sua carreira diplomática, ao longo da qual ocuparia o cargo de cônsul sucessivamente em Havana (1872), Newcastle (1874), Bristol (1878) e Paris (1888). O afastamento do meio português - aonde só ia muito espaçadamente - não o impediu de colaborar na nossa imprensa, com crónicas e contos, em jornais como A Atualidade, a Gazeta de Notícias, a Revista Moderna, o Diário de Portugal, e de fundar a Revista de Portugal (1889), dando-lhe um critério de observação mais objetivo e crítico da sociedade portuguesa, sobretudo das camadas mais altas. Aliás, foi em Inglaterra que Eça escreveu a parte mais significativa da sua obra, através da qual se revelou um dos mais notáveis artistas da língua portuguesa. Foi, pois, com o distanciamento crítico que a experiência de vida no estrangeiro lhe permitiu que concebeu a maior parte da sua obra romanesca, consagrada à crítica da vida social portuguesa, de onde se destacam O Primo Basílio (1878), O Crime do Padre Amaro (2.ª edição em livro, 1880), A Relíquia (1887) e Os Maias (1888), este último considerado a sua obra-prima. Parte da restante obra foi publicada já depois da sua morte, cuja comemoração do seu centenário teve lugar no ano 2000. Na obra deste vulto máximo da literatura portuguesa, criador do romance moderno, distinguem-se usualmente três fases estéticas: a primeira, de influência romântica, que engloba os textos posteriormente incluídos nas Prosas Bárbaras e vai até ao Mistério da Estrada de Sintra; a segunda, de afirmação do Realismo, que se inicia com a participação nas Conferências do Casino Lisbonense e se manifesta plenamente nos romances O Primo Basílio e O Crime do Padre Amaro; e a terceira, de superação do Realismo-Naturalismo, espelhada nos romances Os Maias, A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.

26 Nov Casablanca

Cartaz de Casablanca

Pablo Ruyz y Picasso artista espanhol, nasceu em 25 de outubro 1881, em Málaga, e faleceu em 1973. Picasso demonstrou uma prodigiosa precocidade. Aos dezassete anos possuía uma técnica

apurada e em Paris, no início do século, embora se mantivesse afastado dos grupos de vanguarda, tinha já uma reputação. Entre 1901 e 1906 desenvolve uma atitude social, evocando os mendigos, os deserdados, o que corresponde ao “período azul”, uma fase sensível e melancólica, em que os azuis predominavam. O “período rosa” será mais vigoroso. Tematicamente, interessa-se pelo circo, pelos saltimbancos. Mas de 1906 a 1908 preocupa-se menos com os sentimentos e mais com a estrutura. Com Georges Braque, desenvolve uma nova conceção de pintura que dará origem ao Cubismo. Vários eventos prepararam esta evolução: a revelação da escultura negra e das artes primitivas, a retrospetiva de Seurat no Salão dos Independentes em 1905, a homenagem a Paul Cézanne, no Salão de outono de 1907 e, em Picasso, o conhecimento da escultura ibérica. O início do Cubismo pode ser datado a partir de As Raparigas de Avinhão (1907). As cores ainda estão sob a influência do período rosa, mas tornaram-se mais duras, e as personagens constam de formas semigeométricas expressas como volumes num espaço abstrato. A atenção foi dirigida para as qualidades puramente formais. Numa primeira fase o Cubismo tem como referência o real, embora adotando em relação ao objeto vários pontos de vista e os problemas de profundidade e perspetiva deixam de se impor. Picasso e Braque colam nas telas pedaços de jornais, papeis, tecidos, embalagens de cigarros. Começarão depois a surgir imagens conceptuais do real, como na Natureza-Morta (1911), o que corresponde a uma nova fase na evolução do cubismo e que dará origem Casablanca é um filme norte-americano de 1942 dirigido por Michael Curtiz. O filme conta um drama romântico na cidade marroquina de Casablanca sob o controle do da França de Vichy. O filme é baseado na peça Everybody Comes To Rick’s (“todo mundo vem ao café de Rick”) de Murray Burnett e Joan Alison. As estrelas Humphrey Bogart no papel de Rick Blaine e Ingrid Bergman como Ilsa Lund. O desenvolvimento do filme centra-se sobre o conflito de Rick, nas palavras de um personagem, o amor e a virtude: Rick deve escolher entre sua amada Ilsa fazendo a coisa certa. Seu dilema é ajudar ou não Ilsa a escapar de Casablanca com seu marido Victor Lazlo, um dos líderes da resistência Tcheca, de modo que ele possa continuar sua luta contra os nazistas . Considerado como um dos maiores filmes da história do cinema americano, ganhou vários Oscar da Academia, incluindo o de melhor filme em 1943 . Casablanca teve uma grande estréia, mas não espetacular, entretanto, ganhou popularidade com o passar do tempo e esteve sempre nas listas dos dez melhores filmes. A crítica elogiou a performance carismática de Bogart e Bergman e a química entre eles, junto à profundidade das caracterizações , a intensidade da direção , a sagacidade do roteiro e do impacto emocional do trabalho como um todo. Casablanca é baseada em Everybody comes to Rick’s (Todo mundo vem para o café de Rick) por Murray Burnett e Joan Alison, uma obra que nunca foi encenada.8 Quando o especialista em análise literária da Warner Bros. , Stephen Karnot, leu o trabalho, e chamou-lhe de uma “loucura sofisticada”9 , no entanto, lhe


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27 NOV Jimi Hendrix

Jimi Hendrix

Guitarrista, cantor e compositor norte-americano, Johnny Allen Hendrix nasceu a 27 de novembro de 1942,em Seattle, EUA. Mais tarde o seu pai alterou-lhe o nome para James Marshall Hendrix. Considerado um dos guitarristas mais criativos da história do rock, exerceu influência em diversos artistasque imitaram a sua técnica inovadora e arrojada de tocar guitarra. Fortemente influenciado pelos mestres do blues, nomeadamente Robert Johnson, Muddy Waters e B. B.King, fez parte de diversas bandas de rhythm & blues durante a primeira metade dos anos 60 eacompanhou nomes consagrados como Little Richard, Sam Cooke, Isley Brothers ou Ike And Tina Turner. Em 1965, sob o nome de Jimmy James, formou os Jimmy James And The Blue Flames, cujas atuaçõescomeçaram a impressionar o meio musical. Em setembro de 1966 chegou a Londres, onde contou com oapoio de Chas Chadler, baixista dos Animals. Realizaram-se audições para um grupo de suporte a Jimi. Noel Redding (n. 25-12-45, m. 11-05-03, Folkestone, Kent, Inglaterra) foi selecionado para o baixo, enquantoJohn “Mitch” Mitchell (n. 09-07-47, m. 13-11-08, Ealing, Middlesex, Inglaterra) se tornou o baterista dogrupo: nascia a Jimi Hendrix Experience. Em dezembro de 66 surgiu o primeiro single, “Hey Joe”, que atingiu o top 10 do Reino Unido. O álbum deestreia, Are You Experienced? (1967), incluiu, para além do single anterior, temas como “Purple Haze”, “TheWind Cries Mary”, “I Don’t Live Today”, “Red House”, “Fire” e “Foxy Lady”. Em junho de 67 o grupo regressouaos EUA para uma participação memorável no Festival Monterey Pop. A ascensão meteórica do grupo,especialmente devida ao carisma do seu líder, despertou a Inglaterra para alguém que nunca tinhacomposto o seu próprio material e que utilizava, com uma mestria eletrizante e uma energia virtuosa, aguitarra elétrica. O segundo álbum, Axis: Bold As Love, encerrou o ano de 1967 em grande, tanto do ponto de vista artísticocomo comercial. Este trabalho incluiu, para além do tema-título, “Up From The Skies”, “If 6 Was 9” e “LittleWing”. Em outubro de 1968 surgiu o último trabalho oficial do grupo, Electric Ladyland. Deste duplo álbum fizeramparte “Gypsy Eyes”, “Crosstown Traffic”, “The Burning Of The Midnight Lamp”,

“All Along The Watchtower”,de Bob Dylan, e “Voodoo Chile (Slight Return)”. Este dois últimos trabalhos marcaram uma abordagem mais experimentalista do músico, recorrendo àeletrónica e técnicas de estúdio, o que lhe permitiu encarar outros territórios sonoros. Uma detenção por posse de heroína em Toronto e divergências profundas com Redding tornaram a vidaparticular e profissional de Hendrix um foco de problemas. Em junho de 1969 a Jimi Hendrix Experience davao seu último concerto. Hendrix formou em seguida os Gypsies Sons And Rainbows com Mitchell, Billy Cox (baixo), Larry Lee(guitarra ritmo), Juma Sultan e Jerry Velez (ambos na percussão). Com esta formação encerrou o Festivalde Woodstock (agosto de 1969), no qual interpretou uma versão polémica e eletrizada do hino norte-americano, em “Star Spangled Banner”. Em outubro de 69 formou os Band Of Gypsies, com Cox e o baterista Buddy Miles. Desta reunião resultou,em 1970, o álbum homónimo ao vivo, que incluiu o tema “Machine Gun”. Com três espetáculos realizados ogrupo desintegrou-se. Em 1970 voltou a reunir-se com Mitchell e Cox para a gravação de um novo álbumduplo, experimentalmente intitulado First Rays Of The New Rising Sun, cuja edição não chegaria apresenciar. A 18 de setembro de 1970, em Londres, Inglaterra, Jimi Hendrix era encontrado morto pela suanamorada, sendo a causa da sua morte objeto de diversas especulações. Em novembro de 1993 foi editado Stone Free, álbum-tributo que contou com a participação de diversosartistas como os Pretenders, Eric Clapton, The Cure, Jeff Beck, Pat Metheny e Nigel Kennedy, entre outros. Jimi Hendrix gravou imenso material que foi sendo editado a título póstumo. Depois de uma intensa batalhajurídica pelos direitos de autor sobre o trabalho de Hendrix, o seu pai acabou por ficar com aresponsabilidade de retomar os projetos que ficaram inacabados. Com a ajuda da família, tentou ordenar oimenso legado do filho. O empenho do pai deu origem à reedição dos três primeiros álbuns de Jimi Hendrix,em 1997. Acompanhando estas edições, foi também lançado uma compilação com o título First Rays Of TheNew Rising Sun, recolhendo material de álbuns póstumos como Cry Of Love, Rainbow Bridge e War Heroes.

28 NOV Liberator B-24

Produção do B-24 Em 28 de Novembro de 1942 a primeira produção do Liberator B-24 arranca na linha

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de montagem das enormes instalações da Ford de Willow Run, em Ypsilanti, Michigan . Em julho de de 1944, usando o tipo de produção de linha como fizera com os automóveis a Ford estava a produzir um B-24 liberator por hora. O Consolidated B-24 Liberator era o bombardeiro americano de maior produção que qualquer outro avião americano durante a Segunda Guerra Mundial, e foi usado pela maioria dos Aliados durante a guerra. Desenhado como um bombardeiro pesado, serviu não só nesse papel, mas também como bombardeiro de patrulha marítima (PB4Y) e como transportador pesado (C-87 ou C-109).

30 NOV Ridley Scott

29 NOV Egas Muniz

Egas Muniz

Neurologista português, nasceu em 29 de Novembro 1874, em Avanca, Estarreja, e morreu em 1955, em Lisboa. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra em 1898, na qual foi nomeado professor em 1902. A partir de 1911e até 1944 passou a ocupar a recém-criada cadeira de Neurologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, onde foi o primeiro professor. Em 1927 efetuou a primeira angiografia cerebral no homem. Este novo processo permitiu obter em películas radiográficas a imagem dos vasos sanguíneos intracranianos e constituiu o maior progresso da cirurgia cerebral dos últimos 50 anos. Egas Moniz levou à criação da cirurgia vascular no encéfalo e trouxe uma contribuição fundamental para os diagnósticos dos tumores cerebrais. Nos traumatismos cranianos também o método do neurologista português se revelou importante porque indica com segurança a presença de hematomas. Em 1935 concebeu uma nova forma de intervenção cirúrgica cerebral, a leucotomia pré-frontal, muito utilizada no tratamento de certas psicoses graves, o que lhe valeu o Prémio Nobel da Medicina em 1949, partilhado por W. R. Hess. Egas Moniz abriu caminho ao estudo da fisiologia do sistema nervoso central. Publicou uma extensa autobiografia da qual se destacam: Confidências de um Investigador Científico (1949) e A Nossa Casa (1950). Egas Moniz também se dedicou à política, tendo ocupado o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua atividade política decorreu no período entre 1903 e 1917.

Ridley Scott

Realizador inglês, Ridley Scott nasceu a 30 de novembro de 1937. Em 1957,entrou para o Royal College of Arts de Londres onde estudou Artes e Cinematografia. Três anos depois, entrou para a BBC, onde trabalhou no Departamento Técnico. Em breve, começou a dirigir episódios de séries como Z Cars (1962), Adam Adamant Lives! e The Informer (1966). Abandonou a BBC em 1967 para se dedicar a uma carreira de freelancer como realizador publicitário. A sua primeira longa metragem foi The Duellists (1977), a partir do romance de Joseph Conrad. Harvey Keitel e Keith Carradine personificaram o papel de dois oficiais franceses, que durante as Guerras Napoleónicas e em vários locais, entabulam um duelo à espada. O filme tornou-se um fenómeno de culto muito devido à sua sumptuosidade visual. Seguiu-se um projeto mais arrojado, o filme Alien (1979) . A aliança entre o horror e a ficção científica personificada na figura de um monstro que aterroriza uma nave isolada no espaço resultou bem nas bilheteiras. Três anos depois, filmou Blade Runner (1982) onde criou uma Los Angeles futurista onde Harrison Ford desempenha um polícia encarregue de perseguir androides. O projeto seguinte foi dececionante: Legend (1985) apesar de protagonizado por Tom Cruise falhou em manter uma estrutura narrativa coerente. O subsequente Someone to Watch Over Me (1987) tentou trilhar o campo do thriller romântico mas falhou na bilheteira. Resultados diferentes teve o filme de ação Black Rain (1989), uma história sobre a mafia japonesa protagonizada por Michael Douglas e Andy Garcia. Seguiu-se o mítico Thelma & Louise (1991), um road-movie sobre duas mulheres que, fartas dos maus tratos dos maridos, resolvem sair de casa e embarcar numa aventura pelas estradas americanas. Esta obra valeu a Scott uma nomeação para o Óscar de Melhor Realizador. Depois de 1492: Conquest of Paradise, iniciou-se um curto período incaracterístico, marcado por fracassos comerciais como White Squall (1996) e G. I. Jane (1997). Contudo, tudo se alteraria com o reconhecimento do épico Gladiator (2000) onde o realizador conseguiu e tratar com mestria a grandiosidade da Roma antiga. Ganhou os vários Óscares. Desde então, rodou mais duas superproduções: Hannibal (2001) um novo episódio na história do psicopata Hannibal Lecter, e o filme de guerra Black Hawk Down (2001) que retrata um episódio protagonizado pelas forças norte-americanas na Somália, com o qual recebeu nova nomeação para o Óscar de Melhor Realizador. Em 2003, realizou Matchstick Men, protagonizada por Nicholas Cage. Em 2011 volta ao género de ficção cientifica com o filme “Nostramos”.


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Biblioteca Municipal Dr Alexandre Alves | OUTUBRO 2013

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ACONTECEU...

Leituras Enfeiticadas A Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves, em Mangualde, acolheu na noite de 31 de outubro para 01 de novembro mais uma edição das «Leituras Enfeitiçadas». A iniciativa da Câmara Municipal de Mangualde assinalou desta forma o Halloween, promovendo ao mesmo tempo a leitura. Decorada de acordo com a temática, a Biblioteca Municipal transportou o público para um ambiente mágico. A iniciativa destinava-se a crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, acompanhadas pelos pais, e a noite decorreu com grande sucesso e muita animação entre os presentes. Com a “casa cheia” e público em pé, a equipa de Biblioteca Municipal ofereceu uma noite de boa disposição a todos os presentes. Após o acolhimento de todos os participantes, no átrio principal, com uma projeção de som e imagem alusiva ao tema, seguiu-se uma leitura conjunta do texto, adaptado por Maria Clara Machado, “A Bruxinha que era Boa”. Já no Auditório, o público assistiu à dança Triller, pelos alunos do Curso Profissional de Técnico de Animação Socio - Cultural (ESFA) e à dramatização de “O casamento da Bruxa Florentina”, uma adaptação da versão de E. Larreula e R. Capdevila do tradicional conto da “Carochinha”, pela equipa da Biblioteca Municipal em conjunto com os alunos do Curso Profissional de Técnico de Artes e Espetáculo (ESFA). Durante a noite, foram ainda apresentados os vencedores do Concurso “Leituras Enfeitiçadas”dinamizado pelas Bibliotecas Escolares de Mangualde. Os premiados foram escolhidos entre os alunos do 1º, 2º e 3º Ciclos com os textos: “A Biblioteca das Bruxas”, de Rafael Gonçalo Pais, 3º A; “A Menina Feliz”, de João Pedro Albuquerque Pereira, 3ºD, “A Aventura dentro do Livro”, de Francisco João Lopes Carvalho, 4ºA, “A Aventura na Biblioteca”, de Matilde Monteiro, 5ºE, “Skiler e o Livro Fantástico”, de Inês Machado, 6º C, “Uma Aventura Misteriosa”, de Beatriz Cruz Lopes, 7ºJ, “A Invisibilidade Visível”, de Mariana Lopes, 8ºD, “Leituras enfeitiçadas”, de Arsénio, 8º F e “Doçura ou Travessura” de Ana Margarida Ventura R. A. Caçador. Os trabalhos vão estar expostos na Biblioteca Municipal nos próximos dias de onde sairão para as Bibliotecas Escolares. A noite de Leituras Enfeitiçadas terminou com a atração da Magia de Henrique Adrião, que não deixou o público indiferente. A iniciativa teve a colaboração dos tradicionais parceiros: o Agrupamento de Escolas, as Bibliotecas Escolares e a Papelaria Adrião, contando com a recém formada Associação Amarte na área da dança e do teatro, e com a Sonae Indústria com a oferta de material para elaboração de cenários.


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ÚLTIMA

scriptum

“A poesia é ao mesmo tempo um esconderijo e um altifalante” Nadine Gordimer

em dezembro Sérgio Amaral expõe na Biblioteca Municipal

Top 5 Adultos 1.º O Barão - Claudio Magris 2.º Desta água beberei - Urbano Tavares Rodrigues 3.º Ninguém morre sózinho: o adolescente e o suicídio - Danial Sampaio 4.º Ventos de Guerra - Herman Wouk 5.º Uma escolha por amor - Nicholas Aparks

Top 5 Infanto - Juvenil 1.º Os bochechas - Pepe Carreiro 2.º As bruxas atacam - João Aguiar 3.º Corto Maltese: na Sibéria - Hugo Eugénio Pratt 4.º Cédric - Laudec 5.º Uma casa na floresta - Laura Ingalls

A todos um bom Natal

Sérgio Amaral Nasceu em Santa Luzia, Mangualde, em 1959. De 1978 a 1982, dedicou-se à pintura, tendo realizado algumas exposições. Em 1982, sente a necessidade de experimentar novos materiais, como o ferro e o barro e inicia assim o seu percurso na cerâmica, com especial interesse pelo barro negro. Explora desde então, todas as possibilidades que esta técnica permite: o Rakú, o Negro Primitivo, as Reduções etc. No ano de 1988, frequenta uma oficina de gravura na Fundação Kalouste Gulbenkian, orientada por Rui Marçal. Na década de 90, desloca-se à Áustria

a convite do ICEP.É monitor da Deficoop (89/90). Participa com Manuel Keller Soria no curso de reflexos cerâmicos (92). Em vinte anos de actividade de artesão e artista conta com inúmeras exposições, individuais e colectivas de cerâmica e olaria tanto em Portugal como no estrangeiro. Cooperativa Árvore, Porto e Salon International des Santonniers, em Arles são dois bons exemplos. Em 2002 começa a dar a conhecer com mais insistência os seus matarrachos em várias mostras de artesanato.Premiado em várias mostras de artesanato destaca-se o prémio de Artesanato Moderno do IEFP.

Durante o mês de Dezembro a equipa da Bib-

lioteca Municipal Dr. Alexandre Alves promoverá mais uma edição de “A todos um bom Natal”. Esta iniciativa decorre todos os anos e tem como objectivo partilhar contos, cânticos e tradições de Natal, garantindo aos mais vel-

hos momentos de alegria e boa disposição, num período em que a família e o carinho são o que mais importa. Decorrerá de 9 a 13 de Dezembro, nos Lares e Centros de Dia participantes no Projecto “Biblioteca para Avós”.


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