Mudei de ideia
Sim eu mudei de ideia não sou tão inconstante Foi apenas pedra dura que se quebrou num instante Com a gentil água mole água doce água de néctar Sim eu mudei de ideia sou um mutante aprendiz Como uma lagarta que amanhã parece um outro ser um ser alado Mas era a mesma o mesmo ser apenas no anterior estado Mudei de ideia mutante aprendiz Mudei de ideia e mais que ter uma ideia Eu quero ser feliz Música do Grupo Viratrupe (formado por alunos e professores da Brahma Kumaris Brasil) Clique no ícone ao lado para ouvir a música
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EDITORIAL *
Quem medita transforma e se transforma. Este é o tema da campanha em comemoração aos 40 anos da Brahma Kumaris no Brasil. Uma campanha de ação: comemoração, divulgação, meditação, dedicação, cooperação, inspiração. Em cada página é possível perceber toda essa AÇÃO e muito mais. Em cada texto, depoimento, áudio ou imagem pode-se receber muita inspiração para a autotransformação. É tempo de experimentar o silêncio poderoso do casulo e, depois, a liberdade e plenitude de ser borboleta — afinal, quem medita transforma e se transforma! Equipe Om Line
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SUMĂ RIO *
34. CAPA Entrevista Erica Berto
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10. OM MEDITAÇÃO
46. OM POESIA
Meditação e a onda de Mindfulness Ken O’Donnell
Quem medita muda, dita. Paulo Sergio Barros
16. OM PENSAMENTOS
50. ESPAÇO OM
Ondas de mudança Simone Boger
Hora de transforma-se Dadi Janki
20. OM ESTILO DE VIDA
56. OM DROPS DE SABEDORIA
Transformação do nosso estado de ser Mike George
Viver e meditar: meditação e ansiedade Ken O’Donnell
24. OM TRANSFORMAÇÃO
58. OM COMIDA PURA
Meditar é: Informar, Conformar, Reformar, Transformar Luciana Ferraz
A alquimia da cozinha e do cozinhar Ana Paula Paixão
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ESPAÇO DO LEITOR *
HISTÓRIAS PESSOAIS (traduzidas do site BK internacional)
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Administrando emoções usando o poder de enfrentar Meu irmão estava me tirando do sério! Toda semana ele precisava de dinheiro emprestado. Essa vez parecia igual a todas as outras. Mas minha prática de meditação estava agora exercendo um impacto sobre o nosso relacionamento. Depois que ele fez o pedido fiz uma pequena pausa e disse a ele que, dessa vez, eu não poderia lhe emprestar — porque eu também tivera algumas despesas extras naquele mês. Refleti que quanto mais eu abro uma porta, mais vejo o que está além dela. Similarmente, quanto mais eu permaneço neutra com minhas emoções mais sou capaz de captar o que a outra pessoa está realmente dizendo. O que de pior pode acontecer quando me comunico sem estar na defensiva? Na pior das hipóteses, meu ego pode ser machucado! Na melhor, o respeito é mantido. Então estabeleci algumas fronteiras firmes para a próxima vez, e ele respeitou minhas escolhas. DS
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Administrando distúrbios usando o poder de respeitar
Eu estava numa conferência sobre Paz. Um senhor veterano de guerra entrou e começou a ofender a palestrante com comentários como: “Nós lutamos e arriscamos nossas vidas por pessoas como você!”. A palestrante escutou o homem com grande respeito e, de forma sincera, expressou que ela entendia como ele se sentia. O homem acabou sentando-se na primeira fila, escutando atentamente. O respeito da palestrante mudou completamente a atitude dele. CH
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Dirigindo um ônibus escolar usando o poder de concentração Trabalhando como motorista de ônibus escolar para crianças, algumas vezes as travessuras delas me distraíam de onde eu queria estar e como eu gostaria de me sentir. Eu preciso estar focado o tempo todo nesse trabalho. Então, quando tenho um momento livre, me afasto um pouco mentalmente e, a partir dessa nova posição, posso ver claramente que todos os oceanos de situações são apenas como um oceano repleto de diversão. Eu me desafiei a surfar as ondas e apreciar a diversão nisso tudo. Assim, eu me sinto tão livre quanto um pássaro voando por cima dos eventos — as crianças tagarelas e as exigências de pais ansiosos. VB
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Resistindo a um evento usando o poder de aceitar
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Há alguns anos, tomando uma xícara de chá com um amigo, ele compartilhou comigo o pensamento “Aquilo que tem que acontecer está acontecendo agora”. As palavras dele me assustaram e pareceram estranhas naquele momento. Mas ele me encorajou a fazer experiências com esse pensamento, enquanto momentos difíceis aconteciam na minha vida — como quando meu irmão morreu em um acidente de trabalho. A frase me encheu com um novo entendimento e me ajudou a responder a situações difíceis com mais paz e tolerância e um profundo sentimento de aceitação. Quando mantenho essa frase em mente não coloco energia para lutar contra a situação. Lembro que posso não ser capaz de ver a razão, mas cada situação acontece por uma razão. Quando a aceito, posso investir minha energia em seguir adiante e deixar que uma solução apareça. TW
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ESPAÇO DO LEITOR *
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Administrando uma longa reunião usando o poder do desapego Durante uma longa e sinuosa reunião de trabalho, pensei em como poderia fazer algum tipo de contribuição significativa para a discussão. Por um momento, deixei meus olhos vaguearem ao redor da sala e abri minha mente para o que mais me importa. Em um instante, me senti lavado por uma onda de amor como um poderoso tsunami espiritual, enquanto meus olhos apenas pousavam sobre alguém que parecera anteriormente ser uma pessoa insignificante. Dar um passo atrás na minha mente me fez perceber o valor verdadeiro dessa pessoa e o valor dos processos. O presente dessa nova perspectiva me deixou tranquilo e maravilhado. Minha prática de meditação diária havia pavimentado o caminho para uma renovação da minha percepção. Então eu sabia que podia também me engajar com os outros na reunião de uma maneira positiva. VB
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Trabalhando relações de clientela usando o poder da introspecção
Eu sou um administrador de empresas. Quando estou respondendo e-mails, falando ao telefone ou conversando com alguém pessoalmente, tão logo isso termina eu tiro um momento privado para meditar e viajar na minha mente até a esfera mais elevada, o mundo das almas, e me coloco muito próximo da Alma Suprema. Sinto amor e poder fluindo através de mim, preenchendo a alma com compaixão e força espiritual. Então, retorno a esse mundo de trabalho cotidiano revigorado. SS
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OM SHANTI!
EXPEDIENTE Editora: Goreth Dunningham Design e diagramação: Felipe Arcoverde Revisão: Alex Pochat Tradução: Sandra Costa Site: Ricardo Skaf Colaboração: Ana Paula Paixão e Sandra Costa
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Ilustrações: Freepik.com
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OM MEDITAÇÃO * por Ken O’Donnell
MEDITAÇÃO E A ONDA DE MINDFULNESS 10
Hoje há uma explosão de interesse pela meditação. Um estudo1 de 2012 nos EUA, publicado pelo National Health Institute, revelou que 8% da população praticou alguma forma de meditação naquele ano. Entre elas, a meditação ‘mindfulness’ foi a que mais estava crescendo. Como um estudante e professor de meditação por mais de 40 anos, só posso me sentir feliz que muitas pessoas estão tendo contato com essa prática de vida muito antiga. Dado o caos em que estão nosso mundo e vidas, há uma demanda reprimida por ela. Ao mesmo tempo, sou um pouco cauteloso com o marketing que cerca a meditação. Na questão de meditação do tipo ‘mindfulness’, por exemplo, há uma infinidade de livros inundando o mercado. Ela aparece como uma panaceia para muitas áreas da sociedade. Títulos como “Algo” Mindful abundam. Basta substituir 1
o “Algo” por Trabalho, Comer, Fazer Exercício, Liderança, Criança, Adolescente, Ser Pai e temos a promessa de um mundo maravilhosamente consciente. Fazer todas essas coisas de maneira mais ‘mindful’ obviamente traz benefícios. Infelizmente, como tantas das terapias que aparecem de vez em quando, nenhuma delas pode ser a resposta para tudo. A forma como a ‘mindfulness’ é apresentada faz com que ela pareça como algo inventado recentemente. Como se a prática da meditação não existisse há milhares de anos! Sabemos que a meditação em diferentes formas sempre esteve disponível para resolver nossos problemas da vida. Hoje, há mais de 40 tipos de meditação praticados ao redor do mundo. Para completar a inserção da ‘mindfulness’ no mainstream ocidental, até mesmo a palavra ‘meditação’ tem sido abandonada por muitos, de modo que não esteja
https://nccih.nih.gov/research/statistics/NHIS/2012/mind-body/meditation
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OM MEDITAÇÃO * por Ken O’Donnell
mais associada a qualquer prática espiritual ou religiosa, de acordo com suas raízes budistas. Os expoentes da ‘mindfulness’ dizem que seu objetivo não é controlar a mente. De acordo com a crença popular em relação a nossos músculos flácidos mentais e emocionais, eles dizem que não é possível ter tal controle. Em vez de controlar pensamentos, a ideia é observá-los atentamente sem jul-
gá-los. Assim, acalmamos sua atividade, aprendemos a lidar com a ansiedade e assim por diante. Tudo isso é verdade. Praticar pausas significativas nas nossas vidas frenéticas — e concentrarmo-nos na entrada e saída regular do ar em nossa respiração enquanto observamos o movimento da mente, do corpo e do mundo ao redor — é, por si só, uma maneira definitiva de desacelerar e de nos sentirmos calmos.
“Em vez de controlar pensamentos, a ideia é observá-los atentamente sem julgá-los. Assim, acalmamos sua atividade, aprendemos a lidar com a ansiedade e assim por diante”
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No entanto, tentar fazer isso em meio a uma crise grande, embora benéfico, é outra história. Por exemplo, diante de: • Notícias relacionadas a uma doença terminal de alguém próximo ou de nós mesmos; • Uma calamidade natural ou humana; • Ser roubado de todo o dinheiro e documentos; • Passar por um divórcio; • Perder um emprego; • Envolver-se em um grave acidente de trânsito. A capacidade de estabilizar a mente em um segundo em tais situações requer uma longa prática e uma compreensão mais completa das razões por detrás dos acontecimentos. Especialmente sobre o funcionamento interno do ser, através da mente e do intelecto. Os traços de defeitos na persona-
lidade, profundamente enraizados, não podem ser transformados pelo simples ato de acalmar-se. Isso exige aquilo que os antigos chamavam de tapasya — um estado intenso de compreensão e conexão com o ser e o Divino, que poderia queimar as sementes dos mesmos. Em outras palavras, é possível mudar aspectos básicos da nossa personagem através da meditação, mas não qualquer meditação. Tem que ir além do primeiro passo de atenção plena. O que muitos não sabem é que o mindfulness está relacionado com a prática de sati, uma das sete etapas para a iluminação no budismo. Em 1881, Thomas William Rhys Davids, um magistrado britânico no então Ceilão (atual Sri Lanka), teve de julgar vários conflitos eclesiásticos budistas. Ao analisar textos sagrados em pali, a língua antiga do Budismo Theravada, ele sugeriu pela primeira vez a palavra “mindedição 07 / ano 02
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OM MEDITAÇÃO * por Ken O’Donnell
fulness” como sinônimo de “atenção” e como uma tradução aproximada do conceito budista de sati. Sati, e seu homólogo sânscrito, smriti, significam basicamente consciência, ou o que nos lembramos, o que enche ( full) a mente (mind). Ou, mais simples ainda, lembrança, dependendo do contexto. Uma das primeiras etapas em tradições antigas védicas de meditação é estabilizar o smriti usando diversas técnicas. Uma vez que o próprio Buda nasceu centenas de anos após a meditação védica ter criado suas raízes, ele e seus se14
guidores provavelmente tiveram contato com essas tradições. Isso certamente é aparente nas muitas similitudes na prática de meditação, especialmente em relação ao smriti ou sati. Ao separar o sati das outras seis etapas para a iluminação, e tratar de ocidentalizá-lo, como aconteceu com tantos outros caminhos espirituais, pode ser que tenhamos perdido a sua essência. Há tanta banalização, cursos e “especialistas” de mindfulness, em uma procura de novas maneiras de ganhar dinheiro. Em meio a tudo
isso, podemos estar enganando a nós mesmos achando que a simples experiência de ‘nos sentirmos bem’ possa resolver nossas questões mais profundas... enquanto as mentes continuam tão descontroladas como sempre. Afinal, um dos princípios centrais do budismo é que não dá para escapar do sofrimento. Devemos entendê-lo e dar um jeito nele. Isso exige um trabalho um pouco mais fundo do que apenas
entrar em um estado de atenção plena agradável. Os outros seis passos foram, de fato, essenciais para completar a jornada. Para resumir: é extremamente benéfico criar pausas significativas e desacelerar a mente através da atenção plena. Melhor ainda é compreender o trio por completo — quê ou quem é o observador, como funciona o ato de observar e por fim, o que está sendo observado. *
Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há 43 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador para a América do Sul da Brahma Kumaris.
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OM PENSAMENTOS * por Simone Boger
ONDAS DE MUDANÇA
Vivemos em um período de transformação intensa; e uma mudança de consciência começa a se tornar aparente, inclusive na revisão de antigos paradigmas. A ciência, a psicologia, a espiritualidade e o desenvolvimento econômico fazem parte dessa dinâmica. O holismo resgatou antigos conceitos ao considerar o homem e a natureza de forma integrada, 16
Texto extraído do livro “O ciclo do tempo” de Simone Boger
enquanto o ambientalismo busca criar uma consciência de desenvolvimento autossustentável. O pensamento racional mecanicista, que por tanto tempo definiu o olhar da ciência, passa a considerar o aspecto intuitivo. Da postura de análise anterior, busca-se agora a síntese; do padrão linear, o circular. O aspecto feminino, com suas qualidades de espiritua-
lidade, intuição e coragem, volta a ser valorizado. Na base dessas mudanças está o ressurgimento de valores — a atitude de competição dando lugar à cooperação, a quantidade cedendo espaço à qualidade, e a postura de controle buscando a participação. Essa transformação não apenas indica que a velha forma falhou em ser bem-sucedida, mas que está se esboçando uma mudança
de identidade. Antes, o medo de perder o controle continuava a alimentar o sistema competitivo de uma estrutura hierárquica. Agora, mesmo o planejamento estratégico das empresas procura levar em conta o entendimento, a empatia e o apoio mútuo. São mudanças ainda pequenas em escala, mas significativas, e elas abrangem quase todas as áreas das atividades humanas. Elas também mostram algo de novo, algo que parte de uma transformação na própria edição 07 / ano 02
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OM PENSAMENTOS * por Simone Boger
estrutura do pensamento individual ressoando no coletivo. Não por acaso, hoje existe um interesse crescente por assuntos de natureza espiritual e metafísica, e em particular, um ressurgimento da busca pelo legado de antigas tradições. Se há poucas décadas — diante do embotamento da vontade e da submissão à fé cega — a “morte de Deus” era declarada, hoje fala-se em um retorno da espiritualidade. Por um lado, nossa orientação racionalista pode não aceitar, mas tornou-se quase impossível não ver que a alma humana anseia por experimentar novamente um mundo que faz parte de seus sentimentos mais vitais e profundos. Em meio a essa onda, começamos a resgatar um pouco da história do povo e da terra de Bharat 18
(Índia), e de seu amor pelo universo da espiritualidade. Mesmo a narrativa deste livro teve como base o conhecimento do antigo Dharma (religião) da Índia. De fato, a concepção cíclica poderia ser resumida na história deste Dharma, de sua perda e resgate. Mas há muito mais. Um renascimento espiritual singular e ainda desconhecido está tomando forma no solo indiano. Porém, é quase impossível, no curto espaço de algumas páginas, esboçar o resumo de uma perspectiva que é milhões de vezes mais grandiosa e fascinante, que a forma da escrita jamais irá abarcar. Muito foi deixado de fora, e outras informações fazem parte de um estágio posterior de conheci-
Simone Boger, jornalista, tradutora e escritora, membro da Brahma Kumaris desde a década de 80
mento que requer a própria experiência meditativa. Há um ditado indiano que diz que mesmo se os oceanos se transformassem em tinta e as árvores do mundo virassem papel, ainda assim a História jamais poderia ser escrita. De qualquer forma, a essência pode ser a ponta do iceberg, e pode vir a despertar um interesse genuíno pela experiência. A partir do momento em que a espiritualidade verdadeiramente toca nosso íntimo, uma nova dimensão se descortina, e as coisas parecem querer mostrar seu significado. Começamos a nos tornar capazes de ler os sinais desse teatro da vida.
Por isso, nós, atores e espectadores deste Drama Cósmico, podemos ter certeza de estar próximos de um verdadeiro grand finale. Um momento em que a realidade espiritual não mais será apenas visível e experimentada por alguns, mas por muitos. É então que a busca irá encontrar o seu destino. Na Índia, Gyan é a palavra utilizada para conhecimento espiritual, e Vigyan designa ciência. É dito que quando Gyan e Vigyan convergirem, quando algo que atua no silêncio revelar algo à ciência, não estará longe o início de uma série de transformações que irão culminar em uma nova era para o mundo. Tudo o que é novo começa no invisível... * edição 07 / ano 02
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OM ESTILO DE VIDA * por Mike George
Transformação do nosso
estado de ser Texto extraído do livro “O sistema imunológico da alma” de Mike George
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A transformação ocorre dentro do eu através da redescoberta do que é “verdadeiro”. Somente o entendimento da “verdade” pode superar e substituir uma “crença viral” que é sempre a causa do desconforto. Cura, nesse sentido, significa restaurar a energia da consciência para o seu “verdadeiro” estado ou vibração. A conquista disso é confirmada pelo desaparecimento da sensação de desconforto. A sensação de desconforto é substituída por sentimentos como paz e contentamento, compaixão e cooperação, e intenções como carinho e compreensão. Estes são movimentos da consciência que moldam atitudes e comportamentos que criam conexões harmoniosas e relacionamentos saudáveis com os outros. Mas como sabemos que entendemos o que é verdade? Qual a diferença entre crença e verdade? Costumávamos acreditar que o mundo era plano. Então, vimos
uma foto e percebemos a verdade, que o mundo é redondo. Ao contrário de um insight, neste caso foi uma perspectiva de fora que nos forneceu uma pista da verdade. Algumas pessoas “acreditam” que sua felicidade vem “de fora”. Poderíamos dizer que esta é uma crença do tipo “Terra plana”. Muitos outros contemplaram sua própria experiência e entenderam a verdade, que a felicidade é um “trabalho interno”. Eles tiveram um insight de que a felicidade surge da nossa consciência. Cada um de nós tem o poder de criar nossos próprios níveis de felicidade “de dentro para fora”. Talvez você ainda “acredite” que outras pessoas fazem você sentir raiva. Mas pergunte aos mais esclarecidos ao seu redor e eles provavelmente dirão que entenderam a “verdade” de que ninguém nunca “faz” você ficar com raiva. Nós “criamos” nossas próprias edição 07 / ano 02
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OM ESTILO DE VIDA * por Mike George
“Quando uma verdade é entendida pelo ‘eu’, ela produz uma mudança de percepção que, por sua vez, muda nossos pensamentos e ações” emoções e a raiva é apenas uma “emoção popular”. Provavelmente diriam também que foi o entendimento dessa verdade e a consequente restauração da capacidade de escolher seus sentimentos que transformaram a maneira como eles se relacionam com os outros e vivem sua vida. A maioria das pessoas aprende a “acreditar” que o amor é adquirido; por isso, sai por aí em busca do amor. Isso parece ser contrariado por aqueles que afirmam ter entendido uma das verdades mais profundas da vida, ou seja, que o amor é o que somos quando nos doamos incondicionalmen22
te. Portanto, não há necessidade de procurar o amor em nenhum lugar. Ele já está “aqui”! Na verdade, eles nos lembram que é uma busca inútil que só criará muitos momentos de desconforto. Quando uma verdade é entendida pelo “eu”, ela produz uma mudança de percepção que, por sua vez, muda nossos pensamentos e ações. Cada um desses entendimentos então tem o poder de mudar nosso estado de ser e o consequente comportamento. Tais verdades têm o poder de curar a alma, o que significa eliminar todos os tipos de desconforto que estamos habitualmente criando e sen-
tindo dentro da nossa consciência. Tanto a localização como o processo de entendimento e transformação são pouco compreendidos, até mesmo entre as muitas escolas de iluminação. Imagine espremer seu corpo em uma caixa de papelão da metade da sua altura. Seu corpo está na caixa, mas perdeu sua “estatura natural”. Haverá muito desconforto físico. E assim também acontece com a nossa consciência. Existe um estado natural de ser, do qual emana uma vibração natural da energia que somos. Às vezes, chamamos essa vibração de paz, outras vezes vibramos como amor, e às vezes vi-
bramos como alegria, compaixão ou paciência, etc. Estes são estados naturais de ser que também sentiremos em tais momentos. *
Mike George, escritor britânico de diversos best-sllers, com mais de 30 anos de experiência em meditação, é mestre em consciência espiritual, administração pessoal, visualização criativa, pensamento positivo e controle de estresse.
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OM TRANSFORMAÇÃO * por Luciana Ferraz
Meditar é:
Informar, Conformar, Reformar, Transformar Muitos pensam que meditar é aquietar a mente. É também. Outros pensam que meditar é difícil e implica em ficar imóvel, quieto, com a mente vazia. É na realidade bem mais suave que isto. O primeiro passo é informar-se corretamente sobre o que significa a prática da meditação, para limpar conceitos errados ou exagerados que ouvimos ou trazemos conosco. Momento de aprendizagem. O segundo passo é estar pronto para desafiar todo um estilo de vida que inclui aspectos cultu24
rais e religiosos que nos fazem conformar com certos padrões de crenças e costumes que de fato nos afastam de nosso estado natural elevado e da experiência de paz, amor e felicidade. Momento de percepções. Em terceiro lugar, esse modo de viver começa a reformar, no início de fora para dentro, nos ensinando novas possibilidades, nos moldando para sairmos do estado automático, reativo em que nos encontramos. Momento de aceitação. Este é só mais um passo e não a meta maior de mergulhar num processo em que transformar é o propósito. É quando percebemos que o movimento está acontecendo no nosso interior. De que somos criadores de nossa realidade e não mais vítimas das circunstâncias e pessoas à nossa volta. E porque o mundo é um reflexo do que vivemos internamente, o seu efeito acontece não apenas conosco, mas também ao nosso redor. Momento de transmutação. Por isso o símbolo da Campanha que celebra os 40 anos da Brahma Kumaris no Brasil é a borboleta. Um movimento de descoberta e transformação, por vezes incômodo, mas que resulta num ser leve e gracioso. Esse pode ser você. *
Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK.
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OM TRANSFORMAÇÃO *
Meditação texto traduzido do site BK internacional em inglês em www.brahmakumaris.org
A meditação é uma jornada interior, uma jornada de autodescoberta ou, de fato, de redescoberta. É um tempo usado para reflexão calma e silenciosa, longe da agitação da vida diária. Usar tempo para meditar nos capacita a voltar ao lugar focado. Em nosso mundo moderno, o ritmo da vida está se tornando cada vez mais rápido e estamos perdendo o contato com nossa verdadeira paz e poder internos. Em nossa vida 26
cotidiana, podemos nos experimentar sendo puxados e empurrados em muitas direções diferentes. É neste ponto que começamos a experimentar estresse e um sentimento de estar aprisionados. Gradualmente, ao longo do tempo, este sentimento conduz a desconfortos e doenças; visto que nossa saúde mental, emocional e física é lançada para fora do equilíbrio. A meditação Raja Yoga é uma forma de meditação acessível a pessoas de todos os históricos. É uma meditação sem rituais ou mantras e pode ser praticada em qualquer lugar a qualquer momento. A meditação Raja Yoga é praticada com olhos abertos, o que torna este método versátil, simples e fácil de praticar. Meditação é um estado de estar em um lugar acima da consciência cotidiana, que é onde o empoderamento espiritual começa. A consciência espiritual nos dá o poder de escolher pensamentos bons e positivos em detrimento dos que são negativos e inúteis. Nós começamos a responder às situações, ao invés de apenas reagir a elas. Nós começamos a viver em harmonia, criamos relacionamentos melhores, mais felizes e mais saudáveis e conduzimos nossas vidas de um modo mais positivo. edição 07 / ano 02
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OM TRANSFORMAÇÃO *
Criando espaço para a meditação
A vida já parece cheia repleta de atividades e responsabilidades, então, onde podemos acrescentar a atividade da meditação? Essa é a beleza da meditação Raja Yoga: você poderá encaixá-la em qualquer lugar.
Em casa
Você não precisa de uma sala especial ou espaço designado, qualquer cantinho calmo ou uma cadeira confortável são suficientes. Crie um compromisso regular de se encontrar com o seu eu mais profundo. Com o tempo você provavelmente encontrará um lugar específico ao qual você é atraído, onde as vibrações da sua própria serenidade e prática de reflexão criam um pequeno lugar de paz. Visite-o sempre que quiser. Visite-o frequentemente.
No trabalho
Onde quer que você trabalhe, um pouquinho de pensamento criativo poderá sugerir um lugar para a meditação: calmamente segurando o telefone no seu ouvido por um momento enquanto escutando o silêncio interior, ao invés de uma voz ao telefone. Ou 28
caminhar por um corredor com um arquivo pode dar a você alguns minutos de paz longe da sua mesa. Seus colegas não vão perceber que você está meditando, mas eles poderão notar a sua calma renovada.
Enquanto se deslocando
O tempo que você gasta indo de um lugar para outro a pé, de ônibus, de trem ou de carro pode ser usado para visitar seu espaço interior de quietude. O método de olhos abertos da meditação Raja Yoga torna essa jornada possível e prática.
Ao ar livre ou dentro de casa
O mundo inteiro se oferece a você para selecionar seu próprio lugar especial para conectar-se consigo e com o Único. Em um banco de praça num dia de sol ou em uma fila de supermercado, uma margem de rio serena ou a sala de espera de um dentista, ou em um pedaço de grama em algum lugar. Todo lugar é um bom lugar para se tornar calmo e silencioso. Escolha o seu próprio lugar de paz.
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OM TRANSFORMAÇÃO *
Tranquilo em meio à multidão
A medida que você aprende a criar uma sala quieta dentro de você, verá que pode deslizar para dentro dela a qualquer momento. Quando há pessoas ao seu redor ou quando o mundo está ruidoso e desafiador, entre no lugar mais calmo do planeta — o espaço silencioso da alma.
Sozinho ou acompanhado
As mais bonitas experiências de meditação podem ocorrer quando você está sozinho, apenas na companhia do Único. Há também lugares e momentos em que você pode escolher meditar com outros. Ao redor do mundo inteiro há Centros da Brahma Kumaris e lugares de paz onde qualquer um pode visitar para compartilhar momentos de silêncio. Em alguns locais são chamados de “Inner Space”. Há também momentos específicos, quando pessoas de mentalidades afins escolhem meditar em uníssono ao redor do mundo; com o entendimento de que partilhar pensamentos positivos ao mesmo tempo pode aumentar o poder e alcance dos seus bons votos.
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Hora da Meditação Mundial
A tradição de criar uma hora de paz ao redor do mundo começou em 1978 e acontece no terceiro domingo de cada mês. A meta é partilhar boas vibrações e doar amor e paz para o mundo e para todas as pessoas no nosso precioso planeta. Se nós lembramos que este mundo é, afinal, nosso lar global, então juntos podemos lançar um raio de esperança que fará brilhar uma pequena luz para ajudar a curar o nosso mundo.
Retiros: espaços de calma
Além de criar oásis de calma e quietude ao longo do dia, nós podemos, às vezes, escolher tirar um tempo de folga da nossa rotina normal e participar de um retiro espiritual. Participar de qualquer forma de retiro pode ser o primeiro passo que damos para nos reconectar com nosso eu interior. Podemos ter o pensamento de nos afastar das coisas externamente, tirando um tempo de folga. Mas e quanto ao verdadeiro retiro, onde nós vamos fundo dentro do âmago do nosso ser? Quando trabalhamos em nós mesmos podemos retornar ao espaço interior para nos reconectar com edição 07 / ano 02
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OM TRANSFORMAÇÃO *
nosso eu verdadeiro. Este é o eu espiritual, aquele que está no nosso âmago, aquela parte de nós que não muda. Tirar um tempo de folga através do processo da meditação é uma jornada em si mesma. A meditação nos permite voltar a um lugar de equilíbrio interno, onde nossos pensamentos, sentimentos, energia e tempo são usados de um modo que passam a ter valor. Tudo depende do nosso estágio de consciência e entendimento da nossa verdadeira identidade. Nesse ponto, começamos a abrir a porta para experiências mais positivas na vida. Começamos a valorizar as coisas de uma natureza espiritual, ao invés de material. Começamos a nos tornar generosos e amorosos. Nosso pensamento se torna mais claro e nosso poder de tomada de decisões melhora. O verdadeiro retiro nos ajuda a retornar a um espaço onde podemos nos reconectar com nossa verdade, entender, experimentar e responder à velha pergunta “Quem sou eu?”. Apenas então estamos tanto no começo quanto no fim. É onde essa pergunta termina e a experiência começa. Aproveite a jornada.
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Quem pratica o Raja Yoga?
Todos que quiserem podem praticar e se beneficiar da meditação Raja Yoga. Alguns escolhem ir a um centro da Brahma Kumaris uma vez por ano para confirmar a conexão, outros vão a cada semana, outros, ainda, incorporam a meditação em suas vidas diárias. Outros acrescentam a meditação às suas outras práticas espirituais. Tudo funciona e tudo enriquece as vidas daqueles que a escolhem. Entre aqueles que praticam meditação Raja Yoga estão pessoas que: • Passaram tempo buscando soluções espirituais e agora encontraram algo que não encontraram em nenhum outro lugar; • Alcançaram e acumularam tanto em suas vidas que começaram a pensar “Será que isso é tudo o que há?”; • Experimentaram dificuldades e desafios em suas vidas e buscam um poder extra para ajudá-los; • Têm um intenso desejo de aprofundar seu entendimento sobre o Divino e conectar-se com Ele; • Têm um desejo de usar sua própria energia e bons votos para levar paz ao mundo e partilhar com outras almas no mundo o sentimento de bem-estar e contentamento que eles encontraram. *
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CAPA *
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Erica Berto, gerente de projetos de tecnologia, é aluna e professora da Brahma Kumaris e medita há 9 anos. Ela é parte do time de coordenação da campanha “Quem medita transforma e se transforma”. Erica foi entrevistada com exclusividade para a revista Om Line
Fale um pouco sobre a inspiração que lhe levou a criar esse movimento, essa campanha. A inspiração veio de ver que as pessoas estão interessadas em meditação, inclusive no mundo corporativo. Por ser uma meditação sem rituais, acho que a meditação da Brahma Kumaris é uma das melhores ferramentas de autotransformação disponíveis no mercado. Então quando a Luciana Ferraz, coordenadora nacional da Brahma Kumaris, começou a perguntar “Faremos 40 anos no Brasil, o que faremos para comemorar? ”, veio a inspiração de usar a comemoração como uma força motriz para fazer atividades por todo o Brasil de forma sincronizada, pois isso geraria união e empoderamento. edição 07 / ano 02
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CAPA *
Você poderia explicar em que consiste a campanha? A Campanha consiste em alguns pilares: - Divulgar que a meditação é acessível a todos, levando a oportunidade para que as pessoas possam ter a experiência da meditação. Em um momento onde somos bombardeados com um volume muito grande de informações, as pessoas estão buscando por experiências e a meditação da Brahma Kumaris é capaz de dar uma experiência mesmo aos que a praticam pela primeira vez. Qualquer pessoa pode praticar a nossa meditação, não existe barreira que impossibilite alguém de praticar, mesmos as pessoas que moram em locais onde não tem uma sede da Brahma Kumaris, elas podem usufruir da nossa estrutura digital de cursos, palestras e aulas de aprofundamento. - Levar a informação para as pessoas que a nossa meditação vai além de um relaxamento, ela leva um sentindo para a vida. A meditação da Brahma Kumaris permite que as pessoas que a praticam mudem seus hábitos, suas vidas. 36
- Reunir os amigos formados ao longo dos 40 anos e atrair novos praticantes de meditação. Para isso estamos fazendo um posicionamento da Brahma Kumaris no Brasil, a começar pela nossa comunicação, desde as redes sociais, site, assessoria de imprensa, de forma que a marca seja consolidada na mente das pessoas quando elas lembrarem de meditação. - Reverenciar a Brahma Kumaris pelos seus 40 anos de serviço à população — ela foi a pioneira no Brasil e com certeza teve um peso muito grande na popularização da meditação. Quais os desdobramentos dessa campanha? A Campanha é de nível nacional e os desdobramentos incluem diversas atividades, tais como: cursos de meditação presenciais em todos os estados que não possuem sede da Brahma Kumaris, datas comemorativas, lançamento de livro, congresso on line, diversos programas com professores sêniores, atividades para área de saúde e intervenções culturais. Também estão sendo feitas diversas parcerias com empresas que estão se engajando na Campanha. edição 07 / ano 02
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O que você espera como resultado dessa campanha? Comunicar para todo o Brasil que a meditação da Brahma Kumaris é gratuita, acessível a todos e que as pessoas podem tomar benefício dessa ferramenta para mudar a sua vida e dar um novo sentido para ela. Que muitas pessoas sejam beneficiadas através do conhecimento de quem elas realmente são, de como elas podem se reconectar com a Fonte, como elas podem se relacionar com o Divino de uma maneira prática. Reacender a esperança de que, não importa como elas estejam, é possível criar uma mudança no momento presente. Contribuir para uma melhor saúde, mental, emocional e espiritual, diminuindo assim a ansiedade e estresse que tanto afeta a produtividade das pessoas, impossibilitando-as de viver de forma plena. Como surgiu o título da campanha? Quando pensava em um título eu pensava em algo que expressasse exatamente o que a meditação da Brahma Kumaris é, e ai começou o desafio: Definir e depois como comunicar.
Após diversas conversas com Luciana Ferraz e Ken O´Donnel, coordenador da Brahma Kumaris na América do Sul, com a meta de entender melhor o conceito da meditação da Brahma kumaris, foi possível deixar claro o que é e o que não é a meditação da Brahma Kumaris. Após ter este conceito mais claro e com a ajuda da Calia, surgiu o manifesto da Brahma Kumaris — e então nasceu o título da Campanha “Quem medita transforma e se transforma”. O que mais você poderia compartilhar conosco sobre a campanha? Que a campanha tem foco principal na transformação de consciência do ser humano. Para isso, a Brahma Kumaris está oferecendo diversas atividades para o público em geral, mas também atividades para aqueles voluntários que já são alunos regulares da Brahma Kumaris e estão se engajando na Campanha, essas pessoas são extremamente importantes para o sucesso da Campanha. *
Erica Berto, gerente de projetos de tecnologia, é aluna e professora da Brahma Kumaris e medita há 9 anos. Ela é parte do time de coordenação da campanha “Quem medita transforma e se transforma”.
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manifesto
“Quem medita transforma e se transforma�
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AS PRINCIPAIS MUDANÇAS... CAPAZES DE TRANSFORMAR... ACONTECEM PRIMEIRO EM NÍVEL ÍNTIMO... COMEÇAM NO SER CONSCIENTE...
QUE SE RECOLHE... MEDITA... SE RECONECTA... COM A SUA ESSÊNCIA... À LUZ DE UM NOVO EQUILÍBRIO... AGE COM MAIS CLAREZA... TOMA DECISÕES MELHORES... IRRADIA BOA ENERGIA... É ASSIM QUE TEM INÍCIO A VERDADEIRA TRANSFORMAÇÃO... É ESSE O TRABALHO QUE MOVE A BRAHMA KUMARIS
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OM POESIA * por Paulo Sergio Barros
Quem medita
muda, dita.
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Meditar é essencialmente experimentar silêncio espiritual. Criar essa experiência significa ir às profundezas da nossa consciência, fundir todas as extensões supérfluas dos nossos pensamentos sobre nós mesmos na pergunta: Quem sou eu? Esse é o pensamento seminal para principiar a meditação, ficar em paz, encontrar o silêncio. Quem aprende a criar tal nível de silêncio encontra o caminho sem fim da transformação. Transformação espiritual é meditação. Quem medita dita! Porque aprende, ensina, lapida-se, transforma-se. Quem medita inspira! Porque influencia tudo que cria: pensamentos, sentimentos, palavras, atitudes, relacionamentos. Quem medita conecta-se! Sobretudo ao encontro silencioso consigo, ao reconhecimento das próprias virtudes e das virtudes dos outros. Ditar, inspirar, conectar-se quer dizer transformar-se e transformar... Meditar é o ato mais sublime, contemplativo e afetivo que alguém pode fazer por si mesmo. Ao mesmo tempo, é um grandioso ato altruísta e abnegado de amor e respeito pelo semelhante, pela Terra, por tudo que vive. edição 07 / ano 02
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OM POESIA * por Paulo Sergio Barros
Quando nos transformamos, transformamos (inspiramos) outros e afetamos positivamente tudo que é vida, impactamos a psicosfera, o ambiente ecológico. Só o silêncio meditativo é capaz de nos fazer enxergar em nós os veios, os nichos e os segredos das nossas virtudes. Só o silêncio apreciativo nos fará estabelecer um diálogo com o eu, ato motriz para o contentamento consigo e com os outros. Só o silêncio qualitativo provocará transformação efetiva, duradoura, profunda no nosso mundo. Mundo marcado por incertezas, medos e suportes “líquidos”. Mundo que nos “educa” para ver o que é feio, depreciativo e rude. Mundo que nos afasta da compreensão, da empatia e da fraternidade. Meditar pode não evitar aflições, injustiças, tristezas... Mas certamente nos torna transformadores qualitativos — seres que transformam fatos adversos em aprendizado, experiências, virtudes....
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Só o silêncio espiritual nos reconectará ao ser supremo: Pai, amigo, professor... Sol, semente, oceano... Para nos transformarmos é imprescindível mergulharmos nesses relacionamentos e acepções atribuídos ao pai da humanidade e ouvi-lo. Meditar é ouvir o que Ele tem a nos dizer. *
Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE.
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Textos retirados de trechos de cartas de Dadi Janki sobre transformação interior
Este é um momento de transformação, quando nós podemos transcender as diferenças que nos separam — ricos e pobres, líderes e seguidores. Precisamos entender que há um Deus e que nós somos uma família mundial. Para ter essa experiência profunda, devemos nos libertar de medo, preocupação e tristeza. E ter coragem, fé e honestidade. Deixem que suas vidas sejam tais que as pessoas digam que nós somos aqueles que irão criar um mundo melhor.
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Crie transformação interior Frequentemente, quando temos uma chance de nos encontrar, falamos sobre como mudar algo em nós mesmos — como criar transformação interior. Quando você tem o sentimento de que quer mudar algo, o passo seguinte é criar pensamentos determinados para fazer isso. Quando você mantém essa coragem com pensamentos determinados, você começa a vê-los aparecer de uma maneira prática na sua vida. Na medida em que recebe a aquisição desses esforços que você está fazendo para autotransformação, você desenvolve fé. E então, você experimenta amor e paz. O melhor método para esse tipo de autoprogresso é fazer a si mesmo duas perguntas: Quem sou eu? A quem eu pertenço? Quando se relembrar das respostas para essas duas perguntas, você se tornará cheio de felicidade.
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Instrumentos para a nossa própria transformação Cada um de nós tem que pensar sobre como podemos ser bons instrumentos para a nossa própria transformação. Pensar sobre a transformação dos outros é um desperdício de tempo. Lembrem-se: “Quando eu mudo, o mundo muda”. A transformação vem ao mantermos a companhia de Deus. Ele não é apenas a Alma Suprema; Ele é meu Pai, meu Professor, meu Verdadeiro Guia e meu Amigo. Manter a companhia Dele traz transformação ao eu. Não devo desperdiçar meu tempo preso em preocupações sobre o corpo, outras pessoas, ou qualquer coisa deste mundo. Eu tenho que prestar atenção em ter yoga (meditação) e então receberei força. Yoga é simples: “Eu sou uma alma, um filho da Alma Suprema”. O poder que estou recebendo está promovendo transformação interna. Vendo minha transformação, os outros terão amor por mim. Essa tem sido a minha experiência.
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“Yoga é simples: ‘Eu sou uma alma, um filho da Alma Suprema’. O poder que estou recebendo está promovendo transformação interna. Vendo minha transformação, os outros terão amor por mim. Essa tem sido a minha experiência” edição 07 / ano 02
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Transforme o hábito de preocupar-se e apressar-se Por que nos tornamos cansados? Porque permanecemos conscientes do corpo. Quando permanecemos em um estado de consciência da alma, podemos receber amor e poder de Deus. Isso nos permite ter compaixão e dar amor. Se continuamos a nos preocupar e a nos apressar na vida, então acabamos nos tornando amargos. Precisamos mudar esse hábito de “preocupar-se” e “apressar-se”. Temos que manter a consciência de “aprender” o tempo todo. Mantenha-se transformando o eu e aceite o que os outros dizem de você como um sinal. Aceite e transforme-se. Não precisamos apontar os erros dos outros. Se eu mudo, os outros me verão e eles mesmos mudarão. Meu dever é ser amoroso com todos. Quando sou cuidadoso comigo mesmo, os outros se tornarão cuidadosos consigo mesmos.
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Semente da verdadeira transformação Aqueles que estão em um caminho espiritual falam sobre luz e leveza. O melhor modo de tornar-se leve e luminoso é conectar nossa mente ao Supremo. Ter uma prática de meditação significa aprender a impedir que sua mente vagueie, puxá-la de volta com tato e conectá-la com Deus. É nessa conexão que a alma se torna pura luz. Essa é a semente da verdadeira transformação. Torne-se ciente de si mesmo como luz e conecte-se com a Única luz verdadeira.
Dadi Janki é yogini indiana, lider espiritual mundial da Brahma Kumaris, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Texas como a mente mais estável do mundo. Esse ano completou 103 anos.
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OM DROPS DE SABEDORIA * por Ken O’Donnell
MEDITAÇÃO E ANSIEDADE Vídeos retirados do canal no Youtube “Viver e meditar” de Ken O’Donnell
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VÍDEOS Clique nos ícones acima para ver os vídeos do canal “Viver e meditar” de Ken O’Donnell
Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há 43 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador para a América do Sul da Brahma Kumaris.
Vídeo 1
Vídeo 2
Vídeo 3
Vídeo 4
Vídeo 5
Vídeo 6
ONDE ENCONTRAR www.youtube.com/viveremeditar www.facebook.com/viveremeditar
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OM COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão
A alquimia da cozinha e do cozinhar Nesta edição, vamos começar pela receita?
MEXIDO DE JACA VERDE Ingredientes 1 jaca verde pequena 1 colher (sopa) de shoyu ½ xícara de azeitonas verdes 1 colher (sopa) de vinagre balsâmico 1 pimentão picadinho 1 tomate picadinho Pimenta, mostarda em pó, açafrão, salsinha e sal a gosto
Modo de preparo Cozinhe a jaca inteira (com a casca) na panela de pressão por 1 hora. Abra a panela na metade do tempo e coloque mais um pouco de água fervendo. Depois de cozida, espere esfriar, descasque com uma faca e desfie (não use o miolo nesse refogado). Refogue o pimentão, junte os temperos, a jaca desfiada, o shoyu, o sal, o vinagre e deixe refogar. Junte o tomate. Quando estiver quase pronto, junte as azeitonas picadas e deixe mais 1 minuto no fogo. Desligue a acrescente a salsa.
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Carne de jaca? Já ouviu falar? Já experimentou? Não? Talvez sim, mas ela e tantas outras novidades da culinária têm ganhado grande repercussão nacional com o avanço significativo de pessoas vegetarianas e veganas no Brasil. Essa dita “revolução veg” está estampada nas capas de revistas de comportamento, estilo de vida, negócios e nos telejornais mais respeitados do país. Bom, mas não é bem sobre isso que gostaria de compartilhar com você hoje. Imagine uma fruta doce, com um cheiro marcante. De repente, por conta de um novo olhar, ela se transforma em uma base para inúmeras receitas de pratos salgados. Isso aconteceu com a jaca. Fico imaginando o tanto que ainda vamos nos surpreender. Agora imagine o quanto poderíamos descobrir se olhássemos para nós mesmos de uma outra perspectiva. Quantos novos valores, qualidades e especialidades surgiriam? Isso
aconteceu comigo depois que coloquei na prática a meditação raja yoga. Estar servindo na cozinha durante esses últimos nove anos me ajudou a ter esse olhar especial sobre mim. Nesse local sagrado me tornei mais paciente, criativa, confiante, cooperativa e um dos pontos mais importantes: aprendi a ter uma atenção mais precisa com os pensamentos, mantendo-os no nível mais elevado possível, já que nesse momento sou responsável pela energia que os alimentos absorverão. Hoje te convido a praticar esse novo olhar sobre si. Aceita? *
Ana Paula Paixão é designer, coordenadora do grupo jovem da BK no Nordeste, professora de meditação Raja Yoga e encantada com a natureza.
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CAMPANHA 40 NOS *
JINGLE Conheça a música especialmente preparada para as celebrações de 40 anos da BK no Brasil:
Meditar é transformar e transforma-se Meditar é transformar e transforma-se Paz, amor, felicidade estão dentro de mim Encontrei o meu caminho, a essência e o sim
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OM line é uma revista digital para quem almeja restaurar o equilíbrio interno.
Uma publicação da Brahma Kumaris Brasil brahmakumaris.org.br/revista 62