Calma
Música instrumental “Quietness”, do álbum “Moods & Modes”, do músico Alex Pochat. Clique no ícone ao lado para ouvir.
* CARTA AO LEITOR *
Saudações de Paz, queridos todos!
Esta é a hora e a vez da CALMA vir aos holofotes! Vida acelerada e repleta de estímulos… Saudades da monotonia e simplicidade de uma vida exclusivamente offline? Precisa não! (como se diz na Bahia). A calma é a virtude guarda-costas da alma. Essa poderosa virtude é capaz de manter-lhe pacífico e cauteloso mesmo no acelerado mundo online. É quase uma receitinha de bolo, quer ver? C de clareza, A de atenção, L de leveza, M de maturidade, A de amor, claro! Com clareza, atenção, leveza, maturidade e amor, você compõe a calma dentro de si e, assim, é capaz de passar por todas as situações sem desespero. Já que é assim, simplesmente VÁ COM CALMA!
Goreth Dunningham e equipe Om Line
24. MATÉRIA DE CAPA
A arte de se acalmar
8. OM PRIMEIRA PALAVRA
Saber que sou uma alma me dá calma
Ken O’Donnell
12.
OM TRANSFORMAÇÃO
Calma: a sabedoria da pausa consciente
Rute Freitas
20.
OM VIRTUDES
Calma, aos poucos tudo se acalma!
Paulo Sergio Barros
28. OM JOVEM
Vá com calma, jovem!
Augusto Zimbres
32. OM INSPIRAÇÃO
Manter a calma e agir com paciência
Ramon Almeida
38.
OM CALMA
Escolha a Calma: um convite à paz por meio de valores humanos
Solange Viana
40.
OM COMIDA PURA
Cozinhar e meditar
Ana Paula Paixão
42. OM ÚLTIMA PALAVRA
Em um estado de calma...
Dadi Janki
PENSAMENTO CLARO... MENTE CALMA... CAMINHO ABERTO!
Vídeo “Pensamento claro... Mente calma... Caminho aberto!”, da Brahma Kumaris Brasil, com Maria Helena Dias. Clique no ícone acima para ver o vídeo.
Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, pelo Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/omlinebrahmakumaris Instagram.com/omlinebrahmakumaris www.brahmakumaris.org.br/revista
EXPEDIENTE
Editora Goreth Dunningham
Design e diagramação
Felipe Arcoverde Revisão
Josélia Ribeiro
Site Ricardo Skaf
Mídias sociais Naiara Rios
Colaboração
Samanta Brandão
Ilustrações: Freepik.com
* OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell
SABER QUE SOU ALMA ME DÁ CALMA
Como viajo muito, tenho estado cara a cara com o perigo várias vezes na minha vida.
Uma vez foi na quase queda de um avião. Era pequeno e de turboélice, indo de Sydney, Austrália, para Canberra, a capital.
Eu sentei junto à saída de emergência. A aeromoça sentou-se na minha frente e perguntou-me se, em alguma emergência, eu poderia ajudá-la. Respondi que sim. Quando o avião foi aterrissar, uma rajada de vento o pegou fortemente de um lado. Durante uns
500 metros, ele estava inclinado em apenas uma roda, ameaçando capotar. O piloto conseguiu controlar o aparelho e levantou voo outra vez. Ele deu três voltas, esperando um momento melhor para aterrissar.
Durante tudo isso, alguns dos passageiros estavam gritando ou rezando, outros apavorados em silêncio.
Meu processo interno foi mais ou menos tranquilo apesar dos gritos e pânico.
Como o piloto conseguiu endireitar tudo, pude observar a sequência dos meus pensamentos durante os minutos de pane. “Parece que há muito vento.
Estamos aterrissando. O avião está inclinando para o lado direito. O piloto conseguiu ajeitar. Ele está decolando de novo...”.
Falei para a aeromoça totalmente pálida com uma expressão de medo estampada no seu rosto. “Não se preocupe, senhora, você tem um bom piloto. Olhe o que ele acabou de fazer.”
Com certeza, pude ver que é o poder acumulado da prática diária da meditação. Como isso me ajudou a permanecer com calma nesta situação e tantas outras.
Em essência, a meditação Raja Yoga inclui a prática de ir além do corpo físico e experimentar as outras dimensões da nossa existência. Sei que eu, como ser, existo antes, durante e depois deste corpo. Eu sou a alma e tenho um corpo. Pronto.
* OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell
“Estou
convencido de que a alma não morre com base na minha experiência. Ela apenas continua com sua jornada. E é uma questão de quanto estamos prontos para essa transição”
Por razões bastante fundamentadas, desempenho meu papel através desta forma, até algum momento futuro em que eu tenha que sair. O que chamamos de morte é apenas a alma deixando o corpo. E se eu deixar esse corpo, definitivamente, há uma razão para isso também.
Claro que tudo isso parece bastante razoável no papel. Mas, definitivamente, na meditação, posso ter a experiência de estar separado desse corpo físico. Quanto mais eu experimentar as dimensões mais profundas da consciência, posso tornar-me desapegado com mais facilidade.
Mesmo assim, as situações descritas acima normalmente trariam um frio à barriga, principalmente porque lembramos da fragilidade do corpo. Mas, se eu lembrar que o ser pensante, que é a energia que dá vida ao corpo, não é físico, posso lidar melhor com isso. O medo da morte não é tanto uma questão de dei-
xar esta estrutura física, mas está relacionado com a incerteza das desconhecidas consequências desta vida. Estou convencido de que a alma não morre com base na minha experiência. Ela apenas continua com sua jornada. E é uma questão de quanto estamos prontos para essa transição.
A situação mencionada acima pode gerar um turbilhão de emoções, que deixa o indivíduo sentindo-se apavorado e ansioso. Mas, mesmo em meio à tempestade, existem maneiras de encontrar o próprio centro e manter a calma.
Eu me concentro naquilo que posso controlar. No caso mencionado, só posso controlar meus pensamentos e sentimentos e nada mais. A prática regular de meditação me convence cada vez mais da verdade desta afirmação. A consciência adquirida assim me permite observar minhas emoções sem julgamento, levando a uma maior calma e resiliência.
Ken O’Donnell é praticante de meditação Raja Yoga desde 1975. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É o atual coordenador da Brahma
Kumaris para a América do Sul *
* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas
CALMA: A SABEDORIA DA PAUSA CONSCIENTE
A PRÁTICA DA PAUSA
CONSCIENTE, COMO ENSINADA
PELA BRAHMA
KUMARIS, CONVIDANOS A CULTIVAR A SERENIDADE MENTAL, QUE NOS PERMITE
ESCUTAR A VOZ DA SABEDORIA INTERIOR
MOMENTOS DE PAUSA CONSCIENTE
E ESPIRITUALIDADE
A espiritualidade ensina que o silêncio interior é o espaço onde a alma pode repousar e renovar-se, permitindo-nos enfrentar os desafios da vida com uma perspectiva mais clara e equilibrada. Essa prática não só nos ajuda a cultivar a paciência e a calma, mas também nos convida a cultivar
“Diante de um desafio, momento de
ou
tensão
agitação externa, é fundamental criarmos momentos de introspecção para que possamos reconectar com a nossa essência e permitir que a mente encontre a serenidade”
essas pausas como uma forma de nutrir a alma, fortalecer o espírito e promover um equilíbrio harmonioso entre a mente, o corpo e o coração, mostrando que a verdadeira calma não é a ausência de problemas, mas a presença intensa no momento em direção a um estado de paz interior que transcende o estresse e a ansiedade. Diante de um desafio, momento de tensão ou agitação externa, é fundamental criarmos momentos de introspecção para que possamos reconectar com a nossa essência e permitir que a mente encontre a serenidade.
Nos momentos de pausa consciente, mesmo breves, podemos interromper o fluxo constante de pensamentos e preocupações e dar espaço para que a sabedoria interior emerja, proporcionando insights valiosos e uma sensação de renovação espiritual. Esses instantes de tranquilidade não são apenas um alívio temporário do estresse, mas sim uma prática que, com o tempo, pode levar a uma mudança duradoura na forma como lidamos com as pressões da vida.
Dessa forma, cultivar momentos de pausa consciente transforma-se em uma prática capaz de revitalizar nossas energias, fortalecer-nos e conectarnos com a essência da vida, possibilitando que enfrentemos as tempestades que aparecem em nosso caminho com mais sabedoria e serenidade.
MOMENTOS DE PAUSA CONSCIENTE E CIÊNCIA
A ciência moderna tem demonstrado que a prática regular de momentos de pausa consciente como meditação reduzem significativamente os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, promovendo uma sensação de relaxamento e bem-estar. Além disso, pausas conscientes têm sido associadas a melhorias na função cognitiva, como o aumento da concentração e da memória, bem como à redução da ansiedade e da depressão.
Por exemplo, um estudo realizado pela Universidade de Harvard revelou que a meditação regular pode reduzir o tamanho da amígdala, a parte do cérebro associada à resposta ao medo e ao estresse. Isso resulta em uma maior capacidade de lidar com situações estressantes de forma mais calma e equilibrada. Outro exemplo vem de um estudo da Universidade da Califórnia, que mostrou que praticantes de meditação exibem uma atividade reduzida na rede neural padrão, responsável pelo divagar da mente, o que contribui para uma maior concentração e clareza mental.
Ao criar um espaço para que a mente se acalme e se desfaça do ruído constante, as pausas conscientes permitem que os indivíduos ganhem uma perspectiva mais clara sobre seus desafios e emoções. Isso facilita a tomada
de decisões mais equilibradas e reduz reações impulsivas.
A IMPORTÂNCIA DA
PAUSA CONSCIENTE PARA
O EQULÍBRIO EMOCIONAL
A pausa consciente é uma prática que envolve a capacidade de interromper a rotina e dedicar um tempo para reflexão, respiração e conexão interna. Este momento de tranquilidade é fundamental para a sustentabilidade emocional, pois permite que os indivíduos processem suas emoções, reduzam o estresse e melhorem a tomada de decisões.
Em um mundo acelerado, a falta de momentânea desconexão pode levar a um esgotamento emocional, interferindo não somente na saúde mental, mas também nas relações interpessoais. Cultivar a calma por meio de práticas como a meditação, ou simplesmente a natureza de uma pausa, contribui
“A pausa consciente é uma prática que envolve a capacidade de interromper a rotina e dedicar um tempo para reflexão, respiração e conexão interna. Este momento de tranquilidade é fundamental para a sustentabilidade emocional, pois permite que os indivíduos processem suas emoções, reduzam o estresse e melhorem a tomada de decisões”
* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas para um estado emocional mais saudável, promovendo a resiliência e uma melhor interação com os outros, essenciais para um convívio social harmonioso e sustentável.
“A prática da calma, especialmente por meio da pausa consciente, também tem um paralelo significativo na sustentabilidade ambiental. A calma, cultivada por meio da contemplação da natureza, ajuda a despertar uma maior sensibilidade ecológica, incentivando práticas de vida sustentável que respeitam e protegem os recursos naturais”
CALMA E CONEXÃO
COM A NATUREZA: SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL E O CUIDADO
COM O PLANETA
A calma e a conexão com a natureza são fundamentais para
promover a sustentabilidade ambiental e inspirar um cuidado genuíno com o planeta. Quando nos permitimos desacelerar e sintonizar com o ritmo natural do mundo ao nosso redor, começamos a perceber a interdependência entre todos os seres vivos e o meio ambiente.
A prática da calma, especialmente por meio da pausa consciente, também tem um paralelo significativo na sustentabilidade
ambiental. A calma, cultivada por meio da contemplação da natureza, ajuda a despertar uma maior sensibilidade ecológica, incentivando práticas de vida sustentável que respeitam e protegem os recursos naturais.
Ao reservar tempo para se conectar com a natureza — seja uma caminhada no parque, a observação das estrelas ou simplesmente o cuidado com uma planta em casa —, as pessoas podem desenvolver um senso mais profundo de pertencimento e responsabilidade pelo meio ambiente.
Essa conexão não apenas promove um estado de paz interior, mas também incentiva ações sustentáveis, como a redução do consumo, a preservação da biodiversidade e a promoção de práticas ecológicas. Ao cultivar a
calma e a presença no momento, estamos não apenas cuidando da nossa saúde emocional, mas também nos comprometendo com o futuro do nosso planeta, criando um ciclo de cuidado que se reflete tanto na nossa vida quanto na coletividade.
INCORPORANDO
PAUSAS CONSCIENTES NA VIDA DIÁRIA
A espiritualidade oferece uma base sólida para a prática da calma e da pausa consciente no dia a dia, permitindo um alinhamento mais profundo com o eu interior e o divino, objetivando atitudes e pensamentos que possam desenvolver o bem-estar, felicidade e harmonia nos nossos relacionamentos, na sociedade e no planeta. Com este objetivo, seguem algumas sugestões:
* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas
Crie espaços para compreender a evolução do tempo no meio ambiente: reserve um espaço em casa ou no trabalho onde possa incluir plantas ou elementos naturais, e utilize-o para momentos de meditação ou pausa consciente. A conexão com a natureza nesses momentos pode não só acalmar a mente, mas também reforçar a compreensão da harmonia da evolução do tempo no meio ambiente ensina-nos que a verdadeira calma reside na aceitação das mudanças naturais e na adaptação serena às transformações que nos cercam.
Crie um ritual de pausa digital: reserve um tempo diário para se desconectar das distrações digitais e se reconectar com a natureza. Isso pode ser feito por meio de uma caminhada pelo parque, jardinagem ou simplesmente sentando-se em um espaço verde. Ao praticar essa pausa consciente, você não apenas reduz o estresse, mas também desenvolve uma maior apreciação pelo meio ambiente, o que pode inspirá-lo a adotar práticas mais sustentáveis, como a redução do uso de plástico ou o cuidado com a biodiversidade local.
Registro diário de calma: dedique alguns minutos do seu dia para escrever em um diário, refletindo sobre as escolhas emocionais que fez e os desafios enfrentados. Esse exercício de pausa consciente não só promove a calma e o autocuidado, mas também reforça o compromisso com a sustentabilidade emocional e ambiental, ao permitir que você acompanhe seu progresso e identifique áreas para melhorias contínuas.
ENTÃO...
A prática da calma, especialmente por meio da pausa consciente com práticas espirituais, contribui para um estado emocional mais saudável, promovendo a resiliência e uma melhor interação consigo e com os outros, essenciais para um convívio social harmonioso, sustentável e pacífico. *
Rute Freitas é praticante de meditação na BK, matemática, mestre em Computação, especialista em Ciência da Mente e Pensamentos Positivos, PNL, terapeuta holística, voluntária da coordenação da Campanha Escolha a Calma e da executiva do Movimento Internacional da Cultura da Paz, em Campinas-SP
* OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros
Calma, aos poucos tudo se acalma!
MESMO QUANDO TUDO PEDE
UM POUCO MAIS DE CALMA.
ATÉ QUANDO O CORPO PEDE
UM POUCO MAIS DE ALMA. EU SEI, A VIDA NÃO PARA.
“Quando o corpo pede um pouco mais de alma”? Quando a própria alma carece de ser ela mesma, ou seja, viver sua paz, seu silêncio, sua harmonia, sua calma. Isso nos custa muito em uma sociedade que nos tem preparado para correr no trânsito, enquanto comemos, tomamos uma xícara de café, trabalhamos, conversamos com um amigo ou um familiar. Às vezes, parecemos uma linha de montagem de uma fábrica, com cada um no seu nicho, sem intersubjetividades. Com frequência, meio máquinas, programadas para seguir algo determinado por outrem. Dessa forma, não apreciamos nosso tempo, não observamos os nossos pensamentos, não apreciamos a presença dos outros. Simplesmente, seguimos um ritmo mecânico, preestabelecido, sem nos darmos conta. Parece que a vida tem o objetivo de seduzir-nos para uma homogeneização marcada por uma dependência do consumismo frenético de objetos, ideias e compreensão do mundo que maquiam a realidade
nos anúncios das mídias, alienando-nos da nossa condição humano-espiritual. É uma busca ilusória pelo que há externamente. O que nos falta para a satisfação pessoal? O que nos impede de desacelerarmos, acalmarmos e mudarmos a direção? Precisamos observar, escutar e silenciar a mente. Alimentá-la com doses de calma várias vezes durante o dia e mudarmos o foco dos pensamentos tensos, das sensações confusas, das decisões erradas, dos relacionamentos sobrecarregados.
A calma é uma virtude silenciosa e paciente que desenvolvemos em estado meditativo, porém visível na palavra, na ação, nos relacionamentos. Nosso grande desafio é praticá-la enquanto imersos em um oceano de agitações, tensões e atrações cotidianas. É possível navegar nesse oceano com calma? Aos poucos, é possível criar ilhas e pontes que nos dão segurança e conexões para um porto seguro.
* OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros *
Sugerimos uma prática efetiva que alguns praticantes de meditação fazem diariamente.
RESERVE UM MOMENTO, UM LUGAR
TRANQUILO... PARE E ACALME-SE
1. Pare um momento. Fique em silêncio mental e calmo.
2. Observe seus pensamentos tensos e dialogue calmamente com eles.
3. Visualize-se caminhando no meio da natureza (um bosque, uma praia etc) ou interagindo com pessoas. Aprecie a beleza, a simplicidade e a quietude da natureza e as virtudes das pessoas.
4. Visualize-se continuando o seu dia pensando, falando, agindo e relacionando-se calmamente.
5. Nesse estado de silêncio, fique consciente de seu ser original. O seu verdadeiro eu: pacífico, amoroso, feliz...
6. Permita emergir de sua mente e coração a beleza e o poder da sua calma. Então, compartilhe-a com as pessoas, a natureza, o mundo...
7. Após alguns momentos, preenchido de calma, volte às suas ações e faça a diferença.
8. Repita este exercício quantas vezes puder durante o dia.
Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE
* MATÉRIA DE CAPA * por Aparecida Batista
Poucas habilidades são tão importantes quanto a capacidade de manter a calma, no entanto, é facilmente esquecida. Nossas piores decisões são quase sempre tomadas em momentos em que perdemos a calma e nos deixamos dominar pela ansiedade e pela irritação. Felizmente, nossa capacidade de manter a calma pode ser praticada e melhorada. Não precisamos aceitar o estado atual das coisas; as nossas respostas aos desafios diários podem mudar. Para nos educar na arte de manter a calma, não precisamos de técnicas sofisticadas, mas simplesmente prestar atenção aos nossos pensamentos. Normalmente, a minha reação diante dos conflitos é de focar na solução, por isso mantenho a calma e o silêncio interno, pois, quando eu experimento alguma situação desconfortável, a minha reação é silenciar e buscar internamente a resposta. Isso é feito de uma forma natural, pois foco sempre na solução, não no problema, vem internamente o sentimento de que vou conseguir vencer e isso me dar coragem para seguir. Outro ponto importante para me fortalecer e manter esse equilíbrio interno é lembrar que sou um ser divino e lembrar de DEUS. Esta prática traz muita segurança e a certeza de que não estou só, e sim na companhia de DEUS. Essa conexão poderosa me acalma, fortalece e protege.
* MATÉRIA DE CAPA * por Aparecida Batista
Toda vez que estou enfrentando algum obstáculo, tenho esse sentimento de coragem para seguir em frente, o medo não me paralisa, crio uma força interna para lidar com aquela situação e vencer qualquer obstáculo.
Umas das coisas que mais me deixa aflita é andar de barco, mas nunca deixei de fazer nenhum passeio devido ao medo. O meu sentimento quando entro em um barco é o de que ele vai virar. Mas, ao invés de ficar nervosa e em pânico, a minha experiência quando entro em um barco é ficar em silêncio e lembrar de Deus, e esperar o final da travessia na certeza e fé de que vou chegar no meu destino em segurança e em paz. Isso aprendi praticando meditação.
Algumas práticas que observo durante o dia e que me ajudam a fortalecer esse estado interno de serenidade e calma:
Focar em pensamentos puros e positivos – Quando observo o mundo dos meus pensamentos e sentimentos, posso desenvolver novas maneiras de responder às situações e eventos que podem ajudar a manter o meu estado mental positivo.
Ouvir mais e falar menos – A mente está sempre formulando respostas com base nas próprias experiências. Mas essa prontidão incessante para a ação causa desgaste desnecessário. Portanto, praticar ouvir mais e falar menos é um bom recurso para manter a calma e
absorver mais aprendizados.
Reserve um tempo para meditar – Escapar um pouco da movimentação intensa do dia a dia é uma medida necessária para manter a calma. Uma dessas atividades que pode trazer resultados positivos na tentativa de atingir a paz de espírito é a meditação.
Meditação é um estado em que se permanece além da consciência do dia a dia, a partir de onde começa o fortalecimento espiritual.
A consciência espiritual nos dá poder para escolher pensamentos bons e positivos em vez daqueles negativos e inúteis. Começamos a responder às situações, em vez de reagir a elas. Começamos a viver em harmonia, criamos relacionamentos melhores, mais felizes e mais saudáveis e mudamos nossa vida de uma forma mais positiva.
Aparecida Batista é professora de meditação Raja Yoga da Brahma Kumaris em Salvador-BA *
* OM JOVEM * por Augusto Zimbres
Vá com calma, jovem!
“Vá com calma, jovem!”. Esta frase pode ser um grande desafio, especialmente para alguém que sente na pele os efeitos do nosso mundo doente e que acredita que pode fazer a diferença.
Para um jovem idealista e sonhador, mas cuja família é pobre e tem dificuldades de provê-lo do essencial, ou é um indígena que não pode expressar livremente a sua cultura, ou sofre discriminação por fazer parte de outro grupo minoritário, ou é refugiado com dificuldades de se inserir dignamente num novo país, ou carrega algum trauma por qualquer tipo de violência extrema, pensar em ir com calma para transformar a sua realidade pode ser muito difícil.
Embora eu, hoje, não me classifique em nenhum desses cinco grupos, o meu idealismo e a minha incapacidade de ser indiferente ao sofrimento do meu irmão ou da minha irmã, sejam conhecidos ou não, me trazem uma forte vontade de fazer algo. Quem sabe também não esteja gravado, em algum canto escondido dentro de mim, uma história semelhante no passado? Não desse corpo, não dessa família física, não dessa cultura, mas em algum lugar do passado dessa energia eterna que dá vida ao personagem atual que leva o nome na assinatura deste artigo.
A certeza que tenho é que possuo uma profunda identificação com o desafio dos jovens de conter a sua ânsia de realizar algo para o bem comum, conter o seu entusiasmo de fazer a diferença na sua comunidade e no mundo, conter a sua paixão de criar uma nova realidade enquanto se sentindo contagiado pelo bem. Conter essa energia intensa e que precisa ser manifestada também é desafiador para mim. Pois, se a urgência é grande para o meu irmão ou minha irmã, também é grande para mim. Mas alguma maturidade que possuo hoje me traz a visão clara de que, sim, é preciso ir com calma. É desafiador, mas é necessário. Pois a minha experiencia me mostra que, na ansiedade de realizar
* OM JOVEM * por Augusto Zimbres
“Estudo e medito para fortalecer essa conexão com a Fonte de paz, que me preenche de calma. E, assim, a minha esperança de um mundo melhor se torna uma certeza”
apressadamente, há um grande risco de colocar os pés pelas mãos. Me mostra que, sem calma, tudo pode dar errado, pode precisar ser totalmente refeito. Então, sim, por maior que seja a urgência, ir com calma é muito necessário.
E, agora, consigo perceber que não existe nenhuma contradição em ouvir de outras pessoas que elas sentem paz na minha presença. Pois a verdadeira paz não é passiva. Como diz a música, “...paz sem voz não é paz, é medo...” E também tenho certeza de que a corajosa Fonte imperecível de paz não pode ficar eternamente de braços cruzados, sem agir, sem compartilhar a Luz da Sua sabedoria e poder para que os Seus doces
filhos possam se libertar das suas escravidões, tanto internas quanto externas. Pois, se não consigo ser indiferente ao sofrimento dos meus irmãos e irmãs, muito menos o nosso Pai.
Estudo e medito para fortalecer essa conexão com a Fonte de paz, que me preenche de calma. E, assim, a minha esperança de um mundo melhor se torna uma certeza. Ela passa a ser preenchida por uma determinação que me permite não ficar pelo caminho, junto com uma sábia paciência de esperar que o fruto das minhas ações amadureça no seu tempo certo.
Com tal equilíbrio, existe consistência para dizer com segurança e firmeza para qualquer jovem idealista ou sonhador: “Vá com calma, jovem!” Pois, assim, você alcança o seu destino, assim nós alcançamos o nosso destino comum. *
Augusto Zimbres é apresentador do canal Inspira Saúde Plena no YouTube. Lidera o movimento jovem da Brahma Kumaris para a América Latina com muito ânimo e entusiasmo
* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida
Manter a calma e agir com paciência
É comum ouvir comentários citando o impacto da apressada vida atual sobre o tempo disponível para realizar tudo o que gostaríamos de fazer. Por sua vez, novas facilidades são criadas para acelerar tarefas com suporte na tecnologia, disponibilizando soluções que, nos afazeres do dia a dia, podem nos amparar
ou confundir. Sistemas e soluções informatizadas, a depender do uso, também são capazes de agilizar o que é indesejável.
Muitas vezes, resta-nos permanecer estáveis diante das circunstâncias do cotidiano, procurando distinguir o que é importante do que é essencial. Com os cuidados necessários na segurança da
informação e dos dados pessoais, sim, podemos usar as facilidades do mundo moderno, sem ser dependentes delas.
A sensação de diminuição do tempo acelera a procura e sustentação de pensamentos lógicos e plausíveis, admitidos pelos condicionamentos pretéritos fixados na memória, portanto, aderentes apenas ao que se considera razoável e aceitável dentro do questionável condão de fortalecer as próprias convicções e verdades relativas. Em notável contradição, essa postura abranda a capacidade de inspiração,
inovação e criatividade, disponível em todos os indivíduos.
Soluções açodadas podem gerar lamentações, arrependimentos e retrabalhos, justificando ditos populares, tais como: “devagar que eu tenho pressa” ou “a pressa é inimiga da perfeição”. Acelerar o fluxo mental não é saudável, vai na contramão da sensatez, distante da noção primária de bem-estar, o que faz lembrar outro provérbio coloquial: “deixe de agonia, viu? Se avexe não!”
Na direção oposta, sabe-se que a paciência não é apatia, mas é
* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida
sabedoria. Agir com calma não é letargia nem submissão, pois somos capazes de agir e oferecer o máximo para desenvolver o que está a nossa frente em benefício dos seres - o que nos inclui -, sem se impactar pelo resultado de cada ação. É possível viabilizar uma “recaída de lucidez” e reencontrar os méritos da quietude, tranquilidade, serenidade, equilíbrio, estabilidade, paz, calma, paciência. Então, será possível perceber que não há paradoxo entre o sucesso e o estado de harmonia, mas as realizações dela advindas perseveram por serem autênticas, pujantes, sublimes. São aderentes ao fluxo natural da existência,
coerentes e orgânicas, o que estimula a sensação de conquista quase na ausência da procura, uma vez alcançada na leveza do esforço sempre necessário. E vale lembrar trecho de uma bela composição de Almir Sater e
Renato Teixeira: “... ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais.”
Na frase, o choro é citado como um lapso de sofrimento, que se conecta não apenas aos apelos materiais, superficiais e perecíveis, como também aos desejos, expectativas e apegos insuflados pelos condicionamentos da mente elaborada que se manifesta na consciência de corpo.
“A busca deste novo padrão de consciência descortina um conjunto de virtudes inatas a serem aplicadas na vida, o que se potencializa, neste momento da história, pela conexão com uma Fonte de Energia disponível numa faixa de frequência mental mais sutil e natural, acessível por meio da meditação, na qual o foco estará no presente - na valorosa sensação de paz, equilíbrio e harmonia - e não nas convicções autogeradas com base nas experiências do passado”
Desprender-se das verdades relativas que conservam pensamentos, palavras e ações aparentes e limitados, enaltece a dignidade, descortina a consciência de alma, afasta o choro, promove o sorriso e faz tocar em frente, sem pressa e sem pausa.
A busca deste novo padrão de consciência descortina um
conjunto de virtudes inatas a serem aplicadas na vida, o que se potencializa, neste momento da história, pela conexão com uma Fonte de Energia disponível numa faixa de frequência mental mais sutil e natural, acessível por meio da meditação, na qual o foco estará no presente - na valorosa sensação de paz, equilíbrio e harmonia - e não
* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida
nas convicções autogeradas com base nas experiências do passado. Assim, percebemos o que realmente somos e não o que imaginamos ser. E aprendemos, de novo, que é possível gerar pensamentos sem a insciente sustentação pretérita dos ditames da mente que fomentam ilusões a serem amorosamente renunciadas, num processo de desapego interior que é estimulado pela apreciação do silêncio, no encontro de novas experiências que nos compõem.
Por si só, o exercício regular da meditação em muito contribui para resgatar o estágio pacífico e manter a calma, agindo com paciência e maior precisão, pensando menos e melhor, sendo um observador desapegado, quase uma testemunha das situações e circunstâncias da vida. E isso produz mais poder e desenvoltura para lidar adequadamente com a realidade como ela é.
“Assim, percebemos o que realmente somos e não o que imaginamos ser. E aprendemos, de novo, que é possível gerar pensamentos sem a insciente sustentação pretérita dos ditames da mente que fomentam ilusões a serem amorosamente renunciadas, num processo de desapego interior que é estimulado pela apreciação do silêncio, no encontro de novas experiências que nos compõem”
As virtudes atuam nos limites das escolhas e reduzem a eventual visão crítica em relação aos outros e a si mesmo, pois a percepção das qualidades e valores essenciais será mais intensa do que a atenção aos defeitos. A calma e a paciência indicam que algo muito especial está para acontecer e sinaliza a direção correta, numa prática consistente para superar as limitações.
Por fim, será preciso preservar a noção primordial de que o mundo físico pressupõe movimento, portanto, “nada é permanente, exceto a mudança” (Heráclito de Éfeso) e, assim, nada deve afetar a coragem, determinação, resignação e capacidade de superação para as necessárias correções de rumos, o que, seguramente recomendará mais calma e paciência. Boa sorte e sucesso. Om shanti! *
Ramon Almeida é engenheiro e voluntário do Centro
* OM CALMA * por Solange Viana
Escolha a Calma:
um Convite à Paz por meio de Valores Humanos
“Em um mundo onde o medo, a raiva e reações violentas são cotidianos, Escolher a Calma surge como uma proposta para nos tornarmos conscientes em eleger como queremos responder a cada desafio, todos os dias”. Como um farol de esperança, coopera na promoção da paz e da não violência por meio da reflexão e prática de valores humanos fundamentais.
Idealizada pela Brahma Kumaris, a campanha “Escolha a Calma” tem como alicerce os 12 valores a seguir: confiança, flexibilidade, respeito, humor, cooperação, paciência, perdão, tolerância, compaixão, humildade, gentileza e amor. Cada um desses valores é uma
ferramenta poderosa para a construção de um ambiente interno e externo mais pacífico e mais humano. Eles fortalecem a paz interior e também influenciam nosso entorno de maneira positiva. Optar pela calma não é uma decisão passiva, mas um ato de força interna e autoconsciência. Incorporar esses valores no dia a dia pode começar com pequenos passos, escolhendo responder com compaixão em vez de irritação, praticando a confiança em situações desafiadoras, ou tolerância em contextos em que há divergência de opinião, promovendo a cooperação no ambiente de trabalho ou em casa.
Convido você a refletir sobre esses valores e identificar maneiras de integrá-los em sua vida pessoal e profissional. Estender a mão para a calma não é apenas um ato de autocuidado, mas um compromisso com a construção de um mundo melhor.
Convido você a se juntar a nós nessa jornada de transformação pessoal e coletiva, adotando uma postura mais consciente e ativa na promoção da paz.
Siga-nos nas redes sociais para se manter atualizado sobre nossas atividades e descubra como você pode contribuir para a disseminação desses valores essenciais. Juntos, podemos fazer a diferença.
Solange Viana é coordenadora nacional da Campanha Escolha a Calma da Brahma Kumaris, aluna de meditação Raja Yoga na mesma instituição desde 2006. Publicitária e formanda em psicologia, pesquisadora, instrutora e trainer em Mindfulness.
ESCOLHA A CALMA POR VOCÊ, PELO OUTRO E PELO MUNDO. /escolhaacalma
* OM COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão
Cozinhar e meditar
Em um mundo que muitas vezes parece estar em uma corrida sem fim, onde o tempo é constantemente contado e cronometrado, há um lugar especial para o ritmo tranquilo e consciente. O ato de cozinhar e a prática da meditação são dois caminhos aparentemente distintos, mas ambos oferecem um refúgio valioso em meio ao caos diário.
Quando nos aproximamos da cozinha com um espírito sereno, transformamos a preparação das refeições em uma prática meditativa. Cada ingrediente, cada passo da receita torna-se uma oportunidade para estar presente e apreciar o momento.
Cozinhar com calma não é apenas uma maneira de preparar alimentos, mas um meio de cultivar uma atitude pacífica. Ao invés de apressar o processo e se preocupar com a lista de tarefas, podemos escolher focar no aqui e agora e lembrar de Deus. Ao picar os vegetais, sentimos a textura e os aromas; ao mexer a panela, notamos a mudança na consistência e no calor. Esses momentos são pequenos pedaços de meditação em movimento, em que cada ação é feita com atenção e intenção.
Assim, da próxima vez que você se encontrar na cozinha ou buscando um momento de paz, lembre-se: vá com calma.
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BOLO FOFINHO DE MARACUJÁ
Ingredientes
• 2 xícaras de farinha de trigo
• 1 xícara de açúcar
• ½ xícara de óleo vegetal
• ¾ xícara de água
• ¼ xícara de maracujá (sem sementes)
• ½ colher (chá) de bicarbonato de sódio
• 2 colheres (chá) de fermento em pó
Preparo
Misture a farinha de trigo e o açúcar e acrescente os líquidos. Deixe para o final o bicarbonato e o fermento. Mexa levemente e coloque para assar em forno preaquecido por 25 minutos.
Ana Paula Paixão pratica meditação Raja Yoga há mais de 14 anos. É
designer, culinarista e encantada com a natureza
* OM ÚLTIMA PALAVRA * por Dadi Janki
Em um estado de calma...
Queridos amigos, Om shanti!
Alguns de vocês perguntaram como manter a calma, apesar de sentirem a pressão do tempo. É muito benéfico estar em um estado de calma, e é possível desenvolver a prática de manter a mente tranquila. Vá para dentro de si com o pensamento claro de que deseja permanecer calmo. Não se permita pensar no passado, e não se preocupe com o futuro. Não fique repetindo coisas do passado na sua mente, e não fique desejando coisas para o futuro. Aprenda a colocar um ponto final nesses pensamentos quando surgirem. Não tenha falsas esperanças para o futuro, mas mantenha a determinação de fazer com que o seu futuro seja benévolo. A paciência é muito valiosa – paciência consigo, paciência com os outros e paciência com o tempo.
Com amor, Dadi Janki
Dadi Janki, yogini indiana, líder espiritual da Brahma Kumaris, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Texas como a mente mais estável do mundo. Deixou o corpo físico e ascendeu ao mundo espiritual em março de 2020
* MEDITAÇÕES OM LINE *
O templo da calma interior
Meditação “Estabilidade emocional - O templo da calma interior”, do canal da Brahma Kumaris Portugal no YouTube, com Mara Gomes. Clique no ícone acima para ver o vídeo
brahmakumaris.org.br/revista