Revista OM Line - 27ª Edição

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Asas da humildade

Nessa vida tão bonita, gosto de apreciar

Aqueles que fazem de tudo e não precisam mostrar

Eles são muito tranquilos e sabem se comportar

Sabem ouvir os outros e também sabem falar

A humildade é um valor que te põe para dançar

Ela se torna uma amiga e te ajuda a voar

Com lindas asas de amor, ensina a respeitar

Ajustar-se a tudo e com todos cooperar

Uma pessoa humilde sempre vai permanecer

Alegre internamente ao ver o outro crescer

A humildade abre as portas, isso você pode ver

Para todos os valores dentro de ti florescer

A humildade faz de você um anjo lindo de se ver

Música “Asas da humildade”, do álbum “Criança Vive Cantando”, da Editora Brahma Kumaris. Clique no ícone acima para ouvir.

Saudações de paz, caro leitor!

Desta vez, o tema é humildade. Virtude tão fora de moda e tão necessária em um mundo cheio de arrogância extrema e egos exacerbados. No quebra-cabeça da vida, a humildade é uma das peças principais se almejo ser feliz.

Sempre procuramos a humildade nos outros. Muitas vezes, esperamos que os outros sejam humildes. Mas, e quanto a cada um de nós? Será que estamos aumentando a nossa humildade dia a dia? É justamente disso que falamos nessa edição!

A revista Humildade: aumente a sua traz reflexões importantes de yogis que se trabalham profundamente para ser cada vez mais humildes. Por favor, leia com muita atenção. Ela foi pensada para ajudá-lo no processo de aumentar a sua humildade. Seja humilde e seja feliz. Uma coisa leva a outra. E boa sorte na jornada!

24. MATÉRIA DE CAPA

Humildade: aumente a sua!

Patrícia Cantalino

8. OM PRIMEIRA PALAVRA

Humildade e um exercício prático para superar o autoengano

Ken O’Donnell

14. OM TRANSFORMAÇÃO

Humildade: uma questão de escolha

Rute Freitas

20.

OM JOVEM

Identidade com humildade para o barco da verdade

Augusto Zimbres

28. OM VIRTUDES

Humildade é grandeza

Paulo Sergio Barros

32. OM INSPIRAÇÃO

O valor da humildade

Ramon Almeida

38. OM COMIDA PURA

O sabor da humildade

Ana Paula Paixão

40. OM ÚLTIMA PALAVRA

Humildade é muito útil

Dadi Janki

DADI JANKI HUMILDADE

Vídeo “Humildade”, da série “Da Terra ao Céu”, com Dadi Janki. Clique no ícone acima para ver o vídeo.

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, pelo Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/omlinebrahmakumaris Instagram.com/omlinebrahmakumaris www.brahmakumaris.org.br/revista

EXPEDIENTE

Editora Goreth Dunningham

Design e diagramação

Felipe Arcoverde Revisão

Josélia Ribeiro

Site Ricardo Skaf

Mídias sociais Naiara Rios

Colaboração

Samanta Brandão

Ilustrações: Freepik.com

* OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

HUMILDADE E UM EXERCÍCIO PRÁTICO PARA SUPERAR O AUTOENGANO

Uma vez, fui convidado a criar e ministrar um curso sobre liderança e autoengano para a equipe principal de uma grande empresa europeia. Fiquei bastante surpreso com esse pedido fora do comum. A diretora de RH me explicou que as vendas do seu produto principal, geradores de plataformas de petróleo de grandes navios, tinha uma lista de espera de oito anos. Desta maneira, a empresa passava por qualquer ciclo econômico

negativo com sucesso. Por outro lado, ela disse que a atmosfera no trabalho era péssima por causa do ego de todos os membros dessa equipe de gestão. Ela disse que não havia ninguém que reconhecesse a falta de humildade.

Refleti profundamente sobre o que fazer para atender esse pedido e tive um toque de desenvolver algo ao redor de uma ferramenta chamada Janela de Johari. É uma estrutura visual que você pode usar para

entender mais sobre seus vieses conscientes e inconscientes. Fazer isso pode melhorar sua autoconsciência e sua compreensão dos outros, que são as bases da humildade na prática. O nome “Johari” é uma combinação dos nomes dos psicólogos Joseph Luft e Harry Ingham, que criaram o modelo em 1955.

Fiz uma lista de 50 adjetivos representando o comportamento humano com alguns sinônimos deliberados. Pedi para cada um fazer uma autoavaliação para identificar cinco desses adjetivos que eles tinham naturalmente e outros quatro que precisavam melhorar. Pedi para que eles fizessem também uma avaliação nesse sentido de cada um dos outros nove membros da equipe e mandar por e-mail.

Uma das características de autoengano é que não percebemos que nossa autoimagem difere da-

“Uma das características de autoengano é que não percebemos que nossa autoimagem difere daquela que os outros têm

de nós. Ou seja, não percebemos um problema de comportamento próprio como um problema”

* OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

quela que os outros têm de nós. Ou seja, não percebemos um problema de comportamento próprio como um problema.

Depois de mandar e receber os e-mails, todos os dez tinham em mãos a autoavaliação e as avaliações feitas por todos os outros. E o exercício foi comparar o que cada um escreveu com o que to-

dos os outros escreveram sobre aquele que mandou.

Por exemplo, a pessoa X colocou que achava que tinha como qualidades naturais que ela é assertiva, confiável, determinada, jovial e aberta. Em relação aos aspectos que ela precisava melhorar, colocou: disciplinada, sensata, flexível, humilde e criativa.

Com todas as folhas na mesa, a instrução foi a seguinte:

Tudo que figura na lista da pessoa X e também na lista dos outros sobre a pessoa X são aspectos que ela revela, o chamado “eu” aberto.

Tudo que figura na lista da pessoa X e não na lista dos outros sobre a pessoa X são aspectos que ela esconde, o chamado “eu” fechado ou oculto.

Tudo que não figura na lista da pessoa X, mas está na lista dos outros sobre a pessoa X são aspectos dos quais ela é cega, o chamado “eu” cego.

O “eu aberto” representa as características de personalidade que o indivíduo sabe e aceita compartilhar com os demais. Um relacionamento efetivo depende de aberturas mútuas cada vez maiores.

O “eu fechado” representa os aspectos que a pessoa sabe, mas esconde dos outros por diversos motivos – medo, insegurança, ambição etc. É a famosa “fachada” ou “máscara”, que é a base do comportamento “defensivo”. Embora haja um limite tolerável, o que alguém esconde do outro pode chegar a dificultar ou impossibilitar suas relações. Num ambiente de equipe ou de relacionamento saudável, os indivíduos tendem a se desabrochar mais.

O “eu cego” refere-se àquilo que não conhecemos ou inconscientemente escondemos, mas que é comunicado aos outros por meio de nossas atitudes e comportamentos. Outras pessoas podem perceber e até rir nas nossas costas. Quando há feedback honesto combinado com humildade e sensibilidade, nós podemos nos conhecer muito mais.

“Quando há feedback honesto combinado com humildade e sensibilidade, nós podemos nos conhecer muito mais”

* OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

Se vocês estão com vontade de fazer isso com seu grupo de colegas, amigos ou familiares, publico a lista dos adjetivos que usei a seguir. Divirtam-se.

Os adjetivos para ajudar a avaliar as qualidades que você tem e as que precisa melhorar

ADAPTÁVEL

ASSERTIVO

ABERTO AMIGÁVEL

APOIADOR

ATENCIOSO

CALMO

CAPAZ

CUIDADOSO

CARINHOSO

CLARO

COMUNICATIVO

CONFIANTE

CONFIÁVEL

CONSTANTE

COOPERATIVO

CORAJOSO CORTÊS

CRIATIVO

CRÍVEL

DECISIVO

DEDICADO

DETERMINADO

DISCIPLINADO

DINÂMICO

DIVERTIDO

EQUILIBRADO

ESPONTÂNEO

ÉTICO

FLEXÍVEL

HUMILDE

IDEALISTA

INSPIRADOR

INTELIGENTE

INTUITIVO

JOVIAL

JUSTO LEAL LÓGICO

MADURO

OBSERVADOR

ORGANIZADO

PACIENTE

PROATIVO

RESPEITOSO

RESPONSÁVEL

SEGURO

SENSATO

SIMPLES SÁBIO *

Ken O’Donnell é praticante de meditação Raja Yoga desde 1975. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É o atual coordenador da Brahma Kumaris para a América do Sul

• Olhe para a lista de qualidades para a sua autoavaliação.

• Escolha cinco qualidades que melhor descrevem você e cinco que você precisa para melhorar (se você acha que existe outra qualidade que não está na lista, pode anotá-la).

• Escolha qualquer 8 a 10 pessoas cuja opinião você confia (não necessariamente apenas os seus amigos). Pode também fazer apenas com os membros de sua equipe.

• Mande a lista de qualidades por e-mail para essas pessoas, pedindo que elas também escolham cinco qualidades que melhor descrevem você e cinco que você precisa melhorar.

• Compilar todas as suas respostas e tabelar vendo as respostas dos outros.

* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas

HUMILDADE: UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

AO AMAR E PERDOAR

OS OUTROS, INDEPENDENTEMENTE

DAS CIRCUNSTÂNCIAS, DESENVOLVEMOS

A HUMILDADE E FORTALECEMOS NOSSOS LAÇOS ESPIRITUAIS.

HUMILDADE E ESPIRITUALIDADE

Na filosofia espiritual oriental, a humildade muitas vezes é integrada com outros valores éticos, como compaixão, amor e compreensão. A humildade é considerada como uma virtude essencial para a jornada espiritual, conduzindo todos a superarem o ego e a se abrirem para a verdadeira compreensão do significado da vida e da realidade.

Sendo assim, ao longo da história, mestres espirituais têm enfatizado a importância da humildade na jornada espiritual de autotransformação. Por exemplo, Brahma Baba (fundador da Brahma Kumaris) ensinava que a verdadeira humildade se manifesta no serviço desinteressado aos outros. Ele acreditava que, ao servir aos outros com amor e compaixão, sem esperar nada em troca, podíamos cultivar a humildade e elevar nossa consciência espiritual.

RESSIGNIFICANDO A HUMILDADE: A PRÁTICA DA AUTOCONSCIÊNCIA

Ressignificar a humildade por meio da prática da autoconsciência é um dos pilares dos ensinamentos. Ela nos convida a compreender que a verdadeira humildade surge quando nos desprendemos das identidades egoístas e reconhecemos nossa natureza espiritual. Ao praticarmos a

autoconsciência e a meditação, nos tornamos capazes de transcender as limitações do ego e desenvolvemos o reconhecimento profundo de nossa natureza espiritual.

A autoconsciência, cultivada com a meditação Raja Yoga, nos permite acessar um estado de clareza interior em que somos convidados a observar nossos pensamentos, emoções e atitudes assim como nossas interações e escolhas diárias diante dos desafios do drama. Quando estamos autoconscientes, podemos desenvolver a humildade e fortalecer nossas habilidades sem exagero ou arrogância.

A humildade, ressignificada dessa maneira, não é considerada um sinal de fraqueza, mas sim uma poderosa demonstração de sabedoria e compaixão, desenvolvendo assim a nossa capacidade de transcender o ego e viver em alinhamento com os princípios espirituais. Essa postura nos permite servir aos outros com

* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas

um coração genuíno e desinteressado, promovendo a harmonia, a paz e o bem-estar nos nossos relacionamentos.

A PRÁTICA DA NÃO VIOLÊNCIA INTERIOR:

HUMILDADE E COMPAIXÃO

Outro aspecto fundamental da humildade espiritual é a prática da não violência interior, pois, ao nos tornarmos conscientes do impacto de nossas palavras e ações, podemos evitar causar dor a nós mesmos e aos outros e nutrir um ambiente de amor e respeito mútuo.

A prática da não violência interior é uma jornada de autoconsciência e autotransformação que busca cultivar harmonia e compaixão na nossa comunicação interior e com os outros seres vivos. Podese considerar que a prática da não violência interior está profundamente conectada com a humildade e a compaixão.

Ao adotarmos uma postura humilde diante de nós mesmos e dos outros, passamos a praticar a aceitação e o não julgamento ante os fatos da realidade como aspectos essenciais da humildade espiritual.

“A prática da não violência interior é uma jornada de autoconsciência e autotransformação que busca cultivar harmonia e compaixão na nossa comunicação interior e com os outros seres vivos. Pode-se considerar que a prática da não violência interior está profundamente conectada com a humildade e a compaixão”

A humildade nos capacita a abandonar a necessidade de dominação e controle sobre os outros, abrindo espaço para a compaixão florescer e se desenvolver.

A compaixão, por sua vez, nos impulsiona a agir com entendimento e respeito em todas as nossas interações, reconhecendo e honrando a humanidade compartilhada que nos une. Isso envolve cultivar a leveza em nossas interações internas, assim como com todos os seres vivos, e praticar a compaixão e autocompaixão nos momentos desafiadores.

HUMILDADE E SUSTENTABILIDADE

A relação entre humildade e sustentabilidade é essencial

para fazer frente aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos atualmente. Com esta compreensão, podemos considerar que a prática da humildade nos conduz a reconhecer nossa interdependência com o meio ambiente e com as gerações futuras, fortalecendo assim o sentimento de adotar práticas mais conscientes e responsáveis em relação aos recursos naturais.

A prática da humildade também nos incentiva a valorizar a diversidade e a interconexão com todas as formas de vida. Isso nos leva a considerar não apenas o impacto imediato de nossas ações, mas também as consequências a longo prazo para o meio ambiente.

* OM TRANSFORMAÇÃO * por Rute Freitas

SUGESTÕES PARA

FORTALECER A HUMILDADE NOS NOSSOS

RELACIONAMENTOS

A humildade espiritual é uma prática profunda e transformadora que nos leva a uma maior consciência de nós mesmos e do divino. Sendo assim, com comprometimento,

determinação e entendimento, podemos fortalecer a prática da humildade, focada nos ensinamentos espirituais, objetivando atitudes e pensamentos que possam desenvolver o bem-estar, felicidade e harmonia nos nossos relacionamentos, na sociedade e no planeta. Com este objetivo, seguem algumas sugestões:

ACEITAR FEEDBACK DE FORMA CONSTRUTIVA

Estar aberto a receber feedback e críticas de maneira construtiva nos ajuda a reconhecer nossas limitações e áreas para crescimento, além de demonstrar respeito pelo ponto de vista dos outros.

PRATICAR A COMPREENSÃO

Compreender que emoções, pensamentos e experiências são diferentes para cada pessoa e dependem da jornada pessoal de cada um. A compreensão nos torna mais humildes ao reconhecermos a humanidade compartilhada por todos nós, independentemente das diferenças de opiniões ou crenças.

CULTIVAR O SENTIMENTO DE GRATIDÃO

Reconhecer e saber expressar gratidão pelas pequeninas manifestações dos cuidados que a vida nos proporciona permite que nos lembremos da nossa dependência mútua e nos ajuda a valorizar as contribuições dos outros seres vivos. A prática da gratidão nos ajuda a conectar com um estado de humildade e a reconhecer a abundância presente em nossas vidas e a generosidade daqueles que nos cercam.

ENTÃO...

Em resumo, a humildade espiritual, de acordo com os ensinamentos, é uma prática profunda e transformadora que nos conduz a uma maior consciência das atitudes e escolhas que praticamos no dia a dia.

Ao cultivarmos a autoconsciência, aceitarmos a vontade divina, praticarmos a não violência interior e nos dedicarmos ao serviço desinteressado, podemos aumentar nossa humildade e encontrar nossa conexão com o divino e amor para contribuir de forma significativa para a paz no planeta.

Rute Freitas é praticante de meditação na BK, matemática, mestre em Computação, especialista em Ciência da Mente e Pensamentos Positivos, PNL, terapeuta holística, voluntária da coordenação da Campanha Escolha a Calma e da executiva do Movimento Internacional da Cultura da Paz, em Campinas-SP *

* OM JOVEM * por Augusto Zimbres

Com coragem, o jovem aceita o desafio de construir uma identidade positiva e saudável, que permita que o barco da sua vida navegue pelos mares do tempo com equilíbrio e segurança. Consciente de que esse barco precisa da estrutura muito sólida de um caráter elevado, ele se prepara para sair em busca de conseguir os materiais adequados para a construção dele.

O jovem coloca no bolso a carteira de identidade da honestidade. Pois sabe que, sem ela, só pode obter materiais no mercado clandestino das aparências externas, em que tudo é comprado com a moeda da necessidade de autoafirmação. E é por ali que o jovem passa no início do seu caminho. Enquanto passa por aquelas lojas “pé sujo”, discerne

que aquele material de baixa qualidade tornaria a estrutura do seu barco fraca e tem a visão de que, em fases mais avançadas da viagem, mesmo que ele tentasse emendar as rachaduras no caráter, mais difícil isso seria.

Ele chega, pois, a uma loja confiável e apresenta essa carteira de identidade. O jovem está na loja da espiritualidade, na qual a matéria-prima é a pureza, o amor e a paz. Ele sabe que esse é o material mais firme que o barco pode receber, e que a estrutura do caráter é muito sólida quando vem da consciência do seu valor enquanto um ser espiritual eterno e imperecível. E, assim, sente que a autoafirmação se torna natural, pois quanto mais ele afirma para si mesmo o quanto ele é verdadeiramente valioso, mais ele reforça essa verdade no seu coração.

E o coração do barco da sua vida é o motor da humildade.

* OM JOVEM * por Augusto Zimbres

“O amadurecimento possibilita que ele olhe para a profundidade e perceba que o mar ao redor desse iceberg é calmo. E, ao observar esses mares, ele pode contar ao Sábio Barqueiro em que parte deles está o iceberg do ego...”

Motor que move o jovem a seguir enquanto aceitando a viagem, aceitando a correnteza, aceitando aqueles que o acompanham no barco, aceitando as bagagens que são levadas nele, aceitando que ele é o zelador desse barco e, principalmente, aceitando o valor singular, a identidade única desse barco naqueles mares.

Antes de subir as âncoras do medo que não mais o prendem ao porto, ele retira do barco o motor envenenado das opiniões externas, pois tem a experiência de que esse motor pode fazê-lo navegar com velocidade por um tempo, mas que isso não vai levá-lo longe. Hoje, ele sabe que elogios e

louvores podem fazê-lo acreditar que o barco da sua vida tem um motor poderoso, mas ele viu na tela da sua mente quão ilusória é a história de que “nem Deus afunda o Titanic”. Claro, Deus não o afundaria, mas o iceberg do ego sim.

A questão é que a maioria desse iceberg está submersa, invisível para quem só consegue enxergar a superfície turbulenta.

O amadurecimento possibilita que ele olhe para a profundidade e perceba que o mar ao redor desse iceberg é calmo. E, ao observar esses mares, ele pode contar ao Sábio Barqueiro em que parte deles está o iceberg do ego. O Sábio Barqueiro, portanto, pode

lhe indicar as melhores rotas para a sua jornada, por onde as hélices desse motor da humildade podem vibrar com ânimo e entusiasmo, para que o barco navegue no seu ritmo e com determinação.

O motor da humildade agrada muito ao Sábio Barqueiro. Ele só pode conduzir o barco se o motor for esse. Enquanto conhecendo novos mares, o viajante tem a realização de que ele próprio não é capaz de conduzir o barco sozinho, mas sim que o seu papel é ajudar o Barqueiro, ser um copiloto da própria jornada, um cocriador das suas rotas. Pois, na companhia do Barqueiro, ele segue confiante de que o barco

pode até balançar em meio às tempestades, mas nunca afundar.

E o destino do barco vai ser um mundo novo, brilhante, maravilhoso. Um lugar onde o velho viajante pode aportar em grande felicidade. Um lugar que ele pode, verdadeiramente, chamar de seu... seu e de todos. Com esse lugar, ele realmente tem uma identificação, sente-se em casa.

No momento atual da minha jornada, posso ver ao longe esse destino. Posso ver as árvores balançando ao vento. Sinto que ele está cada vez mais próximo. Sinto que falta muito pouco para colocar os pés nele. E você, colega viajante, também sente isso? *

Augusto Zimbres é apresentador do canal Inspira Saúde Plena no YouTube. Lidera o movimento jovem da Brahma Kumaris para a América Latina com muito ânimo e entusiasmo

* MATÉRIA DE CAPA * por Patrícia Cantalino

Num universo em que a competição em geral permanece ditando o comportamento no ambiente de trabalho e aparece até mesmo em ingênuas brincadeiras infantis, acabamos por assimilar, mesmo além da consciência, a ideia de que precisamos ganhar, precisamos ser melhores e, bem, um sinônimo disso... precisamos ter razão.

Crescemos com a necessidade de ganharmos nos jogos das palavras. Parece que até ficamos esperando - ainda que ocultamente - o momento de verbalizar: “Não falei?”. Suprir essas necessidades pede um preço um bocado alto: a perda da simpatia do outro, a criação de uma atmosfera de estranhamento, meio densa, meio de desconfiança... constrangimentos alheios e, principalmente, desgaste emocional - dá muito trabalho provar que se tem razão!

Mas, e quando optamos por pagar o preço ao contrário? Pagar o preço de, quando a situação pedir, apesar de saber, ficarmos calados, neste contexto, pagar o preço de perder?

Quando estamos brincando com crianças pequenas, nos é fácil abrir mão de ganhar o jogo, certo? Por quê?

Bom, sabemos que poderíamos ganhar, mas também sabemos que, naquele momento, será mais importante o pequeno vencer... Na vida, só “perde” assim quem já se ganhou dentro de si. Quem sabe sobre humildade.

* MATÉRIA DE CAPA * por Patrícia Cantalino

E vamos combinar... o mundo carece de pessoas humildes, não subservientes - esta conta outra história, pois é a face disfarçada do ego, da codependência afetiva. O mundo já não precisa de ganhadores mentalmente estressados, emocionalmente esgotados pela areia movediça da própria imaturidade. Humildes - preenchidos de razão em seu caráter, em amor próprio e no amor pelo outro. Humildes que zelam por uma atmosfera leve ao seu redor; sim, a humildade refresca a atmosfera e adoça os relacionamentos, pois, ainda que a humildade seja primeiramente do eu para consigo mesmo, quando é genuína a esse ponto, extrapola e colore situações e relacionamentos. Mas, saibamos... o humilde não teme falar o que acha ser correto, não receia se posicionar, se opor, porém sabe como se colocar, mas “dará o braço a torcer” quando enxergar que é o que vale a pena fazer. É verdade, humildade também dá trabalho, o de se fortalecer e ficar no ponto, mas produz tantas bênçãos nos corações que toca, que esse preço se faz por merecer.

Assim como esquecemos que a felicidade, amor e paz são qualidades inatas, são direito de uso da alma, esquecemos a delícia da humildade, guardada em algum canto, reprimida, tímida... escondida atrás da fama (convenhamos, errada) que lhe foi

dada: pessoa humilde é pessoa apagada... E sobre isso, vale pensarmos um bocadinho mais, pois “onde há fumaça...”: humildade sozinha, realmente, pode facilmente deixar a pessoa subserviente e apagar a luz da alma. Humildade que enaltece, que não deixa o “farol baixo”, precisa vir acompanhada de uma boa dose de sabedoria e discernimento!

Pessoa humilde tem, por assim dizer, o invejável, coração tranquilo, a natureza atraente de estar de bem consigo, conseguiu nadar contra a maré das tendências sociais e chegou do outro lado da margem, e esse empenho lhe dá a autossatisfação que lhe basta, aprendeu a saciar em si, sua sede, já não precisa da aprovação do outro.

O mundo precisa da humildade para não ferir, não bajular, não constranger e para fortalecer. Humildade põe, não tira nada.

Então... pelo mundo, pelo outro e, principalmente, por você, hulmildade? Aumente a sua

Patrícia Cantalino é professora de meditação na Brahma Kumaris desde 1998. Atua como assistente da coordenação da BK na região Nordeste

* OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

Humildade é grandeza

A HUMILDADE DE CORAÇÃO NÃO EXIGE QUE TE HUMILHES, MAS QUE TE ABRAS. É O SEGREDO DAS PERMUTAS. SÓ

ASSIM ENTÃO PODERÁS DAR E RECEBER. AONDE QUER QUE VÁS, LEVA O TEU CORAÇÃO.

ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY

Em um mundo cujas relações humanas são demasiadamente influenciadas por arrogância, raiva, ego, falsidade e insulto, as virtudes são raras na maioria das interações. Dentre elas, destaca-se a humildade, virtude inabitual nas formas de comunicação, ações e relacionamentos. O que é humildade? No senso comum, geralmente a humildade é entendida como uma virtude associada à despossessão social, ou seja, fragilidade, pobreza, submissão. Ou assume um duplo sentido, como ressalta o Dicionário Aurélio: Virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza, modéstia, pobreza, respeito, reverência, submissão. Contudo, na acepção espiritual, humildade é grandeza, uma energia que abre caminhos para muitos dos nossos logros. É constituída por um conjunto de outras virtudes que embelezam a alma: leveza, diálogo, amor, respeito, irmandade, aceitação, generosidade, cooperação, equanimidade, dentre outras.

“Contudo, na acepção espiritual, humildade é grandeza, uma energia que abre caminhos para muitos dos nossos logros. É constituída por um conjunto de outras virtudes que embelezam a alma: leveza, diálogo, amor, respeito, irmandade, aceitação, generosidade, cooperação, equanimidade, dentre outras”

* OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

“Não é verdade que, se você for humilde, os outros o oprimirão. É quando você não é humilde que pode facilmente ser influenciado pelos outros, e as coisas parecem difíceis. Quando há humildade, há o poder da verdade. No último, você sabe que alcançará seu objetivo, independentemente do que os outros digam ou pensem”

Para a iogue indiana Dadi Janki, “Não é verdade que, se você for humilde, os outros o oprimirão. É quando você não é humilde que pode facilmente ser influenciado pelos outros, e as coisas parecem difíceis. Quando há humildade, há o poder da verdade. No último, você sabe que alcançará seu objetivo, independentemente do que os outros digam ou pensem”.

O pedagogo Paulo Freire assevera que “A humildade exprime uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém”.

Portanto, uma personalidade humilde é plena e atrai respeito, cooperação e consideração de todos. Há muitas formas de se exercitar a humildade. Cada um pode praticá-la segundo suas experiências, concepções e relacionamentos. Abaixo, alguns exercícios que podem ser úteis para realizá-la:

• escutar mais, falar menos;

• falar mais quando for para encorajar e cooperar;

• falar menos quando for para evitar relações tensas;

• apreciar os talentos e habilidades das pessoas;

• não entrar em competições egoístas;

• aceitar conselhos e ideias que contribuem para seu desenvolvimento pessoal;

• ter bons sentimentos por todos;

• usar mais o nós e menos eu e meu;

• doar com pensamentos, palavras e ações;

• praticar o autorrespeito;

• reconhecer e consertar os próprios erros;

• comunicação positiva e respeitosa;

• usar a autoridade do seu papel sem se impor...

A lista poderia ser mais longa.

Aumente-a ou crie a sua.

Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE

* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida

O Valor da Humildade

Certa vez, um mestre espiritual afirmou que “todos querem se aproximar da felicidade e se afastar do sofrimento”, citando tradições religiosas e espiritualistas como caminhos que levam à real natureza da verdade para esclarecer a sutil diferença entre os meios e o fim da senda espiritual. Nela, é possível desenvolver a

capacidade de ser melhor a cada dia, na busca do bem-estar que revigora a alma, assim como a saúde favorece o corpo.

Como em todo processo, o crescimento pessoal requer foco, dedicação e coragem para agir sem pressa e sem pausa, procurando manter o equilíbrio mental e emocional ao se expressar num

ambiente material onde predomina o estado de mudanças, que fomenta experiências passíveis de acertos e erros, méritos e frustrações.

Neste sentido, cabe refletir sobre uma semente caída ao solo que deseja se transformar numa imensa árvore frutífera. Para tanto, procura nutrientes na terra e capta água da chuva para crescer a cada dia um pouco mais. Convive com ventos fortes, calor e outras intempéries. E persiste ao perceber que o crescimento depende de tudo o que está a sua volta, mantendo-se conectada à terra fértil e compreendendo que assim é o fluxo da existência, o

drama no palco interminável da vida em sua perfeição e beleza.

Na Antiga Grécia, a palavra “humus”, que significa terra, deu origem às palavras “humildade” e “homem”, no contexto da sabedoria que impulsiona o crescimento e o desenvolvimento humano pelo exercício da humildade, em toda a sua grandeza.

* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida

Assim como a semente, carregar o atributo da humildade é não se deixar influenciar por elogios ou difamações nem ser afetado por pessoas ou situações, mas acolher a impermanência e as transformações que ocorrem a cada instante, confiando nas interações como potenciais de conhecimento e com a mente

aberta para seguir adiante na orientação dos novos aprendizados. Com humildade, é possível aceitar que, muitas vezes, algo não está do jeito esperado e que mudanças são bem-vindas, ciente de que pode haver uma forma mais adequada de fazer o que deve ser feito.

A verdadeira humildade germina no autorrespeito criado no processo do autoconhecimento que produz a autoestima e a autossoberania. São condutas sustentadas num padrão de consciência que preserva o senso de simplicidade em sua essência, de consideração por todos e

“A humildade é um valor espiritual, uma demonstração da grandeza da alma que favorece a expressão das virtudes no entendimento de que não somos “tudo” nem “nada”, mantendo-nos desapegados das fraquezas que devemos aprimorar e das qualidades que devemos cultivar, para nos credenciar a oferecer o que temos de melhor no benefício dos filhos de Deus e, assim, retribuir um pouco do que Dele recebemos”

de responsabilidade com a vida, entendendo que há várias noções sobre a realidade que são relativas e não excludentes, mas podem ser compartilhadas.

Portanto, é sempre possível apreciar e se desenvolver nas experiências pessoais e ou coletivas, abolindo a arrogância da superioridade e o acanhamento

da subserviência que nos enfraquecem, pois não há ninguém menor, maior ou melhor do que ninguém, e abraçar, nas relações, a oportunidade de aproveitar o que ainda não sabemos e podemos compreender, investigar, absorver, lembrando uma frase atribuída ao filósofo grego Sócrates: “Só sei que nada sei”.

* OM INSPIRAÇÃO * por Ramon Almeida

É fácil perceber quem é sustentado pela virtude da humildade, visto que age com naturalidade e simplicidade, sendo modesto e despretensioso, sem julgar nem avaliar, posicionando-se como uma testemunha do que observa de forma atenciosa, amorosa e desapegada, assegurando ser um eterno aprendiz que nada merece, mas tem grande apreço, aceitação, paz e pureza diante dos fatos que se apresentam.

A humildade é um valor espiritual, uma demonstração da grandeza da alma que favorece a expressão das virtudes no entendimento de que não somos “tudo” nem “nada”, mantendo-nos desapegados das fraquezas que devemos aprimorar e das qualidades que devemos cultivar, para nos credenciar a oferecer o que temos de melhor no benefício dos filhos de Deus e, assim, retribuir um pouco do que Dele recebemos.

O serviço despretensioso ao próximo também é um atributo da humildade e, quando nos posicionamos como simples agentes da realização, sem nada esperar além da satisfação de ser um instrumento, a tarefa será real e

terá maior valor e precisão. Doar é receber e toda graça retorna em forma de bênçãos, muitas delas enaltecidas pelos bons votos de quem está próximo, fortalecendo a nossa especialidade e compreensão de como ampliar a própria consciência.

Grande demonstração de humildade ocorre quando abandonamos o senso de controle, limitado pelos vícios da consciência de

corpo, para fortalecer a prática dos valores, ilimitados na Consciência de Alma, e, então, nos conectar ao que é Sublime. Humildade é sinal de grandeza cuja semente frutifica. Sendo humildes, abandonamos a arrogância do ego e nos tornamos doadores de felicidade para muitos, inclusive ao doador, sendo abençoados pela Lembrança do Divino, máster doador de Felicidade. *

Ramon Almeida é engenheiro e voluntário do Centro

Raja Yoga Brahma Kumaris

* OM COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão

O sabor da humildade

Na cozinha, a humildade dança no ritmo dos ingredientes, transformando simples elementos em comidinhas deliciosas e cheias de amor. Ela se apresenta não apenas na simplicidade dos pratos, mas também na disposição de aprender e adaptar-se.

Aprender com cada ingrediente, com cada combinação, com cada nova criação... É assim que eu entendo o processo no ato de cozinhar. Com silêncio, humildade e simplicidade. Sem buscar aplausos ou reconhecimento, e sim a satisfação em oferecer o alimento a Deus, nutrir e encantar aqueles ao nosso redor.

Assim como uma receita, a humildade na cozinha requer equilíbrio. Ela nos lembra que, por mais habilidosos que sejamos, sempre há algo novo a descobrir, experimentar e aprender.

Esse tema me lembrou uma receita muito simples e saborosa que testei esses dias. Um cortadinho de abóbora com leite de coco. Vamos lá?

Ana Paula Paixão pratica meditação Raja Yoga há mais de 14 anos. É designer, culinarista e encantada com a natureza

Preparo

Coloque a abóbora e todos os temperos em uma panela e refogue. Acrescente água até cobrir. Quando a abóbora estiver cozida, desligue o fogo e acrescente o leite de coco. Sirva com arroz soltinho e bom apetite!

Ingredientes

• 200g de abóbora cortada em cubinhos

• 1 tomate cortado em cubinhos

• ½ xícara de leite de coco

• 1 colher (chá) de páprica

• ½ colher (chá) de cominho

• 1 colher (sopa) de azeite

• Coentro e sal a gosto

* OM ÚLTIMA PALAVRA * por Dadi Janki

Humildade é muito útil

Há cinco pontos que irão ajudá-lo na sua jornada espiritual.

Primeiro, tenha completa pureza em sua vida – dieta pura, intenções puras etc. Quando há pureza, a verdade age automaticamente. Não precisamos fazer nada para glorificar nosso nome ou o nome de outros.

Em seguida, há paciência e humildade. A virtude da humildade é muito útil.

Precisamos nos tornar sem ego e sem vícios. Quando houver humildade, haverá doçura.

Então, lembre-se desses cinco pontos: pureza, verdade, paciência, humildade e doçura. *

Dadi Janki, yogini indiana, líder espiritual da Brahma Kumaris, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Texas como a mente mais estável do mundo. Deixou o corpo físico e ascendeu ao mundo espiritual em março de 2020

* MEDITAÇÕES OM LINE *

Humildade

Meditação “Humildade”, do canal da Brahma Kumaris Portugal no YouTube, do programa “Luz da Manhã - Para um dia Feliz”. Clique no ícone acima para ver o vídeo

brahmakumaris.org.br/revista

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