OM Line - 10ª Edição

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Mãe de Amor

Mother of Love

Mãe Pegue minha mão Leve-me a um mundo que eu entenda Mãe Leve-me para casa Ajude-me a encontrar a força para continuar

Mother Take my hand Lead me to a world I understand Mother Take me home Help me find the strength to carry on

Tudo o que temos na vida está mudando Mas você é tudo o que eu preciso para me manter calmo

Everything in life we have is changing But you are all I need to keep me still

Mãe de amor Anjo de luz Sou um filho há muito tempo perdido Tão sozinho na noite Mãe de amor Anjo de luz Você salvou essa alma Você me deu visão

Mother of love Angel of light I’m a long lost child So alone in the night Mother of love Angel of light You have saved this soul You have given me sight

Mãe Mantenha-me aquecido Seja sempre meu farol na tempestade Mãe Liberte-me Dê-me asas para voar eternamente

Mother Keep me warm Always be my lighthouse in the storm Mother Set me free Give me wings to fly eternally

Em todo o mundo a maré da guerra continua subindo O sofrimento das crianças enche nossos olhos

Across the world the tide of war keep rising The suffering of children fills our eyes

Mãe de amor Anjo de luz Sou um filho há muito tempo perdido Tão sozinho na noite Mãe de amor Anjo de luz Você salvou essa alma Você me despertou Mãe de amor

Mother of love Angel of light I’m a long lost child So alone in the night Mother of love Angel of light You have saved this soul You have woken me Mother of love

Música de Robin Gibb, do Bee Gees, feita especialmente para Daki Janki em comemoração aos seus 90 anos Clique no ícone ao lado para ouvir a música, em inglês


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CARTA AO LEITOR *

A nossa Dadi Janki partiu deixando atrás de si um rastro de luz. Ela era pop. Ela tinha o espírito jovem, o intelecto brilhante e um imenso carisma! Dizem que existem líderes carismáticos e líderes burocráticos. Dadi Janki, definitivamente, era uma líder carismática! O seu magnetismo era impressionante. Ela atraia multidões por onde passava. Estudantes da Brahma Kumaris, artistas, jornalistas, políticos, religiosos, empresários, adultos e crianças, independente de etnia, cultura ou credo, todos amavam Dadi e sentiam-se amigos próximos dela. Muitas personalidades eminentes derramaram lágrimas de amor em encontros com Dadi. Ela encantava a todos! Ao mesmo tempo, ela era tão simples, tão humilde e tão consciente de que grandioso mesmo é Deus. E ela usou cada respiração sua para glorificar Deus. Ela era, e ainda é, uma verdadeira companheira de Deus!


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CARTA AO LEITOR *

Dadi era tão alegre, divertida, entretenedora e, ao mesmo tempo, tão concentrada, poderosa e firme. Era o equilíbrio em pessoa. Dadi partiu deste plano físico aos 104 anos de idade deixando muita saudade e a certeza de que espiritualmente ela é eterna. Um diamante imperecível e de valor incalculável. Um anjo de luz que espalhou a mensagem de Deus pelos quatro cantos do mundo. Uma mãe de amor que ajudou tantos a se reconectarem com a própria grandeza. Uma professora incansável que ensinava com suas palavras—e mais ainda com seu exemplo—as verdades eternas. Esta edição da Om Line é uma homenagem a essa Deusa da Sabedoria que conseguia ser tão antiga e tão jovem, tão sagrada e tão pop. As mentes de todos vibram amor e bençãos por Dadi Janki. Você viverá para sempre em nossos corações, adorável Dadi! Equipe Om Line



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CARTA AO LEITOR *


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ESPAÇO DO LEITOR *

OM SHANTI!

EXPEDIENTE Editora: Goreth Dunningham Design e diagramação: Felipe Arcoverde Revisão: Alex Pochat e Valéria Ferreira Amores Site: Ricardo Skaf Colaboração: Ana Paula Paixão Ilustrações: Freepik.com

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, através do Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/revistaomline Instagram.com/revistaomline www.brahmakumaris.org.br/revista


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SUMÁRIO *

32. MATÉRIA DE CAPA Uma mulher de sabedoria e mestra de mestres Sister Jayanti

10. BEM-VINDO

16. OM PENSAMENTOS

Homenagem a Dadi Jankiji Sister Mohini

Dadi Janki, a minha professora Asha Didi

12. OM TRANSFORMAÇÃO

20. OM COM O MUNDO

Desejar o bem para todos Brij Mohan

Obrigado, Dadi Ken O’Donnell

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22. OM ESTILO DE VIDA

52. OM APRENDIZ

Alegria, respeito e reverência Luciana Ferraz

O colo de Dadi Janki Goreth Dunningham

26. OM INSPIRAÇÃO

56. OM COMIDA PURA

É tempo de ser inspirado por Dadi Aruna Ladva

Toli de castanhas Brij Bhen

30. OM EXPERIÊNCIA

58. ESPAÇO OM

Experiências com Dadi Janki Ida Meirelles

Silêncio Dadi Janki

38. OM REFERÊNCIA

60. PURITY

Dadi Janki na minha vida espiritual Marli Medeiros (Prem)

Editorial do jornal indiano Purity em homenagem a Dadi Janki

42. OM ATITUDE

66. OM AMIZADE

Janak, a preferida de Deus Patrícia Carvalho

Condolências afetuosas Amigos do Brasil

46. OM ESTILO DE VIDA

72. OM CINE

Amostra de uma yogini real Kátia Roel

Filmes e vídeos sobre a vida de Dadi Janki Brahma Kumaris

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BEM-VINDO * por Sister Mohini

Homenagem a Dadi Jankiji Querida Família Global, Saudações de amor.

A vida de Dadi Janki reflete a luz de Deus em toda a Sua glória. Ela é o intelecto dos sábios. Suas palavras adornavam as almas com profundas verdades que faziam com que elas brilhassem no drishti (olhar espiritual) de Deus. Ela é o coração do mundo. Cada batida de seu coração se dava ao 10

ritmo do serviço do mundo, à medida que tocava o que era genuíno e verdadeiro no coração de todos. Ela é a consciência dessa instituição. Cada um de seus passos sustentava as orientações de Deus, com amor e lei. Talvez seja por isso que o mundo tenha sido obrigado a ficar parado para honrar a passagem de uma alma assim, tão extraordinária. A terra parou e a região sutil abriu suas portas para receber o


Sister Mohini é coordenadora da Brahma Kumaris para as Américas e sua representante junto às Nações Unidas.

“anjo da graça”. Quão orgulhoso Deus deve estar por abraçar sua Janak predileta. Dadi, você sempre nos ensinou a buscar o segredo em cada situação, mesmo quando o significado não estava óbvio. À medida que o significado desse momento específico se revela para nós: Continuaremos a ouvir sua voz angélica de om shanti, om shanti, om shanti;

Continuaremos a ver seu dedo de encorajamento; Continuaremos a ser elevados pela pureza em seus olhos; Continuaremos a seguir os passos de nosso anjo da guarda mais querido e mais amado, enquanto você nos leva além dos limites para novas e maravilhosas alturas. * Sister Mohini Em nome das Américas e Caribe edição 10 / ano 03

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OM TRANSFORMAÇÃO * por Brij Mohan

Desejar o bem para todos Dadi Janki dirigiu a Brahma Kumaris em todo o mundo. Ela era conhecida como “o anjo que voa”, pois tinha mais de 100 anos de idade e, ainda assim, viajava incansavelmente por muitos países. Ela se tornou mestre do próprio corpo. A alma era tão poderosa que, onde quer que ela achasse que podia ser útil—não apenas na Índia, mas também em muitos continentes como Europa e América—, ela ia, ela viajava, ela voava. É um milagre divino Dadi Janki ter conseguido gerenciar, de forma maravilhosa, uma organização 12

tão grande como é a Brahma Kumaris, orientando milhões de pessoas ao redor do mundo. A especialidade dela que me chamou mais atenção foi a de que ela vivia no presente—e sempre desejava o bem para todos em tudo que fazia e praticava. Era uma benfeitora do mundo. Ela tinha o poder de transformar vidas emitindo vibrações poderosas e bons votos. O poder espiritual dela funcionava como um milagre. Lembro-me que há muitos anos tive cálculos renais, removidos na cidade de Ahmedabad. Os cálculos foram desin-


tegrados através de ondas sonoras e, por causa do barulho continuamente martelando no meu cérebro, fiquei extremamente debilitado após o procedimento. Eu nem sequer conseguia me mexer. E de repente, soube que Dadi Janki estava vindo de Londres para Mount Abu. Ela veio no meu quarto e disse: “Vamos, vamos! Se apronte, venha comigo para Mount Abu!”. A situação do meu corpo era tal que pensei ser

impossível viajar naquele momento. Ainda assim, Dadi Janki me preencheu com entusiasmo e, de alguma forma, entrei no carro com ela. Viajei com Dadi, comi com Dadi, sentindo o poder da sua companhia. Conversamos pouco naquele momento, mas suas vibrações mentais eram tão curadoras e poderosas que na hora que cheguei em Mount Abu, às 11h da noite, estava me sentindo normal.

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OM TRANSFORMAÇÃO * por Brij Mohan

Ela foi um instrumento para levar o conhecimento da Brahma Kumaris para fora da Índia, tornando a BK uma organização internacional. Lembro-me também de uma outra situação em que eu estava no centro de Delhi pela manhã conversando alto ao telefone. Naquela época, não havia telefones celulares e Dadi Janki estava descansando no quarto ao lado—passara a noite nesse quarto. Dadi me chamou e achei que ela iria reclamar, chamar a minha atenção por eu estar falando alto ao telefone. Pensei em explicar a ela que era uma chamada de longa distância e que a pessoa só estava disponível naquele horário, que o assunto era urgente e, por isso, eu estava ligando. 14

Mas, quando eu cheguei ao quarto de Dadi Janki, ela me perguntou: era você quem estava falando ao telefone? Isso me fez ter a certeza de que o assunto realmente era sobre o volume de minha voz ao telefone. Eu respondi: Sim, era eu. Ela disse que não sabia com quem e nem sobre o que eu estava falando, mas que estava mandando vibrações positivas e que meu objetivo seria bem-sucedido. Percebi quão positiva ela era, não só nesses acontecimentos, mas em muitos outros ao longo do convívio com ela.


Ao vermos de forma geral o desempenho de Dadi Janki nessa missão divina, de levar a mensagem de Deus a todo o mundo, constatamos que ela realizou um papel único, singular. Ela foi um instrumento para levar o conhecimento da Brahma Kumaris para fora da Índia, tornando a BK uma organização internacional. A motivação de Dadi Janki em suas turnês mundiais sempre foi a de estabelecer uma conexão de amor entre cada indivíduo e Deus, independente da língua, cultura, formação e história. Qualquer alma que entrasse em contato com ela instantaneamente estabelecia um relacionamento pessoal e sentia que todos os seus problemas se derretiam, acabavam, através do drishti (visão espiritual) e de algumas poucas palavras de orientação de Dadi. Dadi Janki facilmente alcançava a essência da questão. Acho que

sua longa convivência com Brahma Baba, fundador da BK, fez com que ela aprendesse a arte de resolver todos os problemas, tornando todos livres de obstáculos. O exemplo de Dadi nos inspira a superar os nossos próprios limites corpóreos, uma vez que, mesmo com tanta idade, ela sempre foi incansável. Dadi Janki Ji tornou a prática do Raja Yoga muito natural e fácil para todos. *

Brij Mohan é um professor sênior de meditação Raja Yoga, com mais de 60 anos dedicados a Brahma Kumaris. É também editor da revista internacional Purity.

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OM PENSAMENTOS * por Asha Didi

DADI JANKI, A MINHA PROFESSORA Na verdade, no meu relacionamento com Dadi Janki, ela sempre foi minha professora, coordenadora e administradora. O que quer que ela sugerisse, eu acatava. Mas havia um relacionamento em particular que tive com Dadi que talvez não tenha vindo a público antes: ela foi o meu suporte. Na vida espiritual existem momentos em que você sente que não conta com mais ninguém exceto com Deus. Como se não houvesse ninguém mais em quem confiar. Dadi Janki foi com quem eu pude falar. Ela funcionava como suporte 16

espiritual para mim. Ela era muito inspiradora. Desde o 1º dia em que nos vimos, ela teve uma atenção especial para comigo, era uma proximidade vinda do coração. Uma vez, eu estava passando por um momento muito difícil. Foi então que Didi Manmohini soube disso e compartilhou com Dadi Janki. Desde então, ela passou a me dar um grande suporte espiritual. Ela começou a me mandar para lugares diferentes a serviço. Mas ela me disse: se você passar por qualquer problema, eu estou com você. Mesmo nos di-


ferentes centros, ela costumava verificar se eu estava bem. Quando me treinou para ser professora e me enviou a serviço, ela falou comigo sobre um ponto que se tornou muito firme em minha mente: você não deve ser influenciada por ninguém e nem deve influenciar ninguém. Foi Dadi Janki quem primeiro me disse isto. Sempre a vi como uma boa professora—e ela sempre será a minha professora. Vejo-a também como a alma que dá suporte e inspira. Sempre que havia alguma confusão na minha mente eu não hesitava em falar com ela. Pode-se dizer que ela era como uma amiga, mas uma amiga de forma respeitosa. Um grande e profundo traço da personalidade dela é que ela não mantinha nada negativo sobre os outros em si. Ela era muito leve. Lembro-me de uma vez em que cometi um erro e estava

muito triste com isso. Não deveria ter acontecido. Foi um erro muito pequeno. Eu estava em uma turnê no exterior e havia um documento a ser entregue ao irmão Nirwair e não entreguei. Eu deveria ter falado com Dadi. Isso foi há 35 anos atrás… Dadi disse: Asha você deveria ter me mostrado. Eu senti que tinha cometido um grande erro e senti tristeza interna. No outro dia, quando fui até ela, eu disse: Dadi, estou muito triste, queria me desculpar. Ela falou: Ah, aconteceu ontem, esqueça! Ela não guardava nenhum rancor e por isso ela era muito leve. E como ela era leve, tinha energia para doar às pessoas—e essa inspiração de doar fez com que ela voasse para diferentes regiões do mundo. Havia em Dadi Janki o desejo puro de que todo o mundo conhecesse Deus e se conectasse a Ele. Por isso, ela estava semedição 10 / ano 03

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OM PENSAMENTOS * por Asha Didi

pre pronta a ir a todos os lugares. Dadi era muito disciplinada. Ela mantinha seu corpo sob seu controle e por isso era muito alerta e ativa e tinha energia para compartilhar com os outros. A primeira vez que fui ao exterior foi em uma turnê por 21 países da Europa. O ponto de partida foi Londres. Quando eu estava partindo de Londres para um outro país da Europa ela disse para 18

Brid Bhen (a responsável pela cozinha): dê alguma comida a Asha, porque na Europa a comida é muito diferente da que ela está habituada. No início da BK no exterior, a comida europeia era bem diferente. Recebi alguns tolis e algumas outras coisas, nada muito especial. Porém, quando eu estava em uma conferência em Frankfurt, Dadi chegou de longe trazendo comida para mim. Isso


foi muito tocante. Ela tinha tanta consideração e amor! Ela cuidava dessas pequenas coisas. Há uma outra história... nós costumávamos encontrar com os VIPs na Índia e Dadi nos dizia: ao encontrá-los, diga-me o horário do encontro para que possamos ter meditação lá em Londres. Ela tinha essa preocupação; de que houvesse mansa seva (serviço com a mente), pois isso ajudaria naquele serviço que estava acontecendo. E ela queria fazer parte daquele serviço. Isso chamava a nossa atenção. As orientações que ela nos dava não eram apenas pontos do conhecimento espiritual—como você se apresenta ou fala com os VIPs—, mas o mais importante eram as vibrações. Dadi costumava fazer isso. Sempre depois dos encontros costumávamos contar a ela o que tinha acontecido, apesar dela estar bem longe, em Lon-

dres. De lá, ela enviava vibrações. Então, isto é algo marcante. Ela era muito espontânea, leve e também sábia. Sabia o que deveria acontecer a cada momento. Também havia nela o hábito de doar a todos. Aprendi este hábito com ela. Quem quer que venha à sua frente, você deve dar alguma coisa. Pelo menos dar uma bênção, algo de bom, uma energia. Isso foi o que eu aprendi com Dadi Janki. *

Asha Didi é diretora do Om Shanti Retreat Centre e uma das principais professoras da Brahma Kumaris na Índia. Tem mais de 40 anos de experiência como professora de Raja Yoga e é palestrante internacional.

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OM COM O MUNDO * por Ken O’Donnell

Quando ingressei na Brahma Kumaris, em Londres, em 1975, tive a fortuna de ter Dadi Janki como minha professora principal. O centro era uma pequena casa 20

em uma das áreas mais pobres do noroeste de Londres. Na primeira vez que a vi, ela descia as escadas estreitas enquanto eu subia. Nós paramos e ela me deu um olhar


tão amoroso por cerca de 30 segundos, em silêncio, e então disse: “Você vai fazer o serviço de Baba (Deus) no mundo inteiro”. Naquele momento, eu não tinha ideia do que ela estava falando. Cerca de quatro meses depois cheguei a Sydney, Austrália, depois de ter estado ausente por dois anos. Dadi havia me dado muita inspiração para ajudar no pequeno centro que tínhamos lá. Em menos de um mês, porém, eles fecharam o centro e eu estava sozinho. Sobrara aquela inspiração para fazer serviço na minha cidade natal. A única ligação que tinha com ela era através das suas aulas, que alguém me enviava todas as semanas e que davam uma compreensão profunda às aulas diárias que nós recebíamos da Índia. Eu até poderia dizer que nasci de seu drishti (olhar espiritual) e fui sustentado e inspirado pela profundidade de suas reflexões. Esses

aspectos, seu drishti amoroso e poderoso e sua sabedoria profunda, é sobre o que mais penso quando lembro-me dela. Ela se mantinha tão estável quando alguma circunstância inesperada acontecia. Ela também era tão forte na sua fé em Deus, em tudo o que acontecia, em si mesma e em todos nós. Essa fé tem me sustentado nessa jornada espiritual sem interrupções até agora. Obrigado, Dadi. *

Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há 43 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador da Brahma Kumaris para a América do Sul. edição 10 / ano 03

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OM ESTILO DE VIDA * por Luciana Ferraz

ALEGRIA, RESPEITO E REVERÊNCIA Foi num fim de tarde fria de janeiro de 1981, em Londres, que encontrei Dadi Janki pela primeira vez. Entrei e sentei em uma cadeira no fundo da sala de meditação, de maneira meio tímida, atenta ao novo ambiente que acabara de conhecer: a casa onde morava Dadi Janki, chamada de Baba Bhavan (residência do Pai). Terminada a meditação, Dadi veio em minha direção, abraçou-me e disse que nos conhecíamos há muito tempo. Neste momento, 22

começou meu relacionamento com aquela que, provavelmente, foi a maior influência em minha vida espiritual. Foi com Dadi que tomei meu treinamento para me tornar uma brahma kumari. Éramos quatro alunas jovens: três australianas e eu. Chamava-me a atenção como aquela alma poderosa exercitava sua capacidade e a minha, indo de um extremo a outro do espectro das qualidades humanas. Em um momento, ela falava de coisas


sublimes e nos convocava a elevarmos nossa consciência a patamares então inimagináveis. Falava de nos tornarmos anjos, de ser necessário o desapego total, pois dizia que o apego cheirava mal. Exortava-nos a ser mães do mundo e a conquistar o descuido e a preguiça. Em outros momentos, com precisão milimétrica, ensinava-nos como dobrar o sari (roupa típica indiana) e colocá-lo embaixo do travesseiro (que funcionava como uma espécie de ferro de passar), ou nos advertia que,

ao cozinhar, nenhum respingo deveria cair no avental, pois indicaria que havíamos falhado. Sua explicação era que sujar a roupa, quebrar um objeto ou tropeçar indicava que não estávamos na lembrança de Baba (Deus, o Pai). Dizia que quando estamos em yoga (conexão) com Baba nenhum erro é cometido. Nosso intelecto fica claro e alerta. Dadi era amorosa, compassiva e generosa na mesma proporção que era exigente, perfeccionista e jamais aceitava desculpas.

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OM ESTILO DE VIDA * por Luciana Ferraz

Logo me aproximei de Dadi com uma vontade sincera em aprender, devido a uma qualidade natural que ela viu em mim: a honestidade. Dadi valoriza muito essa virtude e sempre reforça que aqueles que são honestos (verdadeiros) podem escalar o coração do Pai—e, como foi a minha experiência desde o início, subir também no coração de Dadi. Sempre me senti muito próxima a ela, a ponto de algumas de suas ajudantes terem me chamado a atenção de que eu deveria ser mais cerimoniosa com Dadi. 24

Nessa minha primeira visita à sede da BK em Londres, a caminho de Madhuban, Índia, perguntei a Dadi se eu poderia deixar meu trabalho e me dedicar 100% ao serviço espiritual da Brahma Kumaris. Ela me fez algumas perguntas a respeito da minha família e da minha personalidade e finalizou dizendo que eu a consultasse novamente no final da minha estada na Índia. Foi o que fiz. Eu estava praticando o Raja Yoga desde junho de 1979, ou seja, há apenas um ano e meio, e já residia no primeiro centro de Raja Yoga


em São Paulo. Dadi então respondeu que ela tinha me observado e que me permitiria ser aquilo que na linguagem BK é chamado de “rendida”, ou seja, totalmente dedicada ao serviço da yagya (o fogo sacrificial, uma referência à instituição), por dois aspectos: primeiro, porque minha família apoiava minha escolha e estilo de vida Brahmin (que segue os princípios propostos pela BK). Inclusive minha família tinha propiciado a casa onde funcionava o centro BK de São Paulo. Em segundo lugar, ela viu que eu sou muito dinâmica e organizada, e alertou-me do perigo de quem não trabalha fora ou não tem tarefas definidas se per-

der, em termos de organizar sua agenda e horários. Ela viu que eu não corria o risco de desperdiçar o meu tempo, finalizou. Estas duas orientações se mostraram muito úteis durante esses mais de 40 anos de conexão com a BK em inúmeras situações em que tive de responder a situações semelhantes. É com grande respeito e reverência que, neste momento de desencarne de Dadi, posso agradecer por ela ter sido tão corajosa, inovadora, um dos gigantes espirituais de nosso tempo. E quão afortunada sou de ter recebido seus conselhos, suas correções, seus abraços e saber que esta ligação entre nós é eterna. Om Shanti! *

Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK. edição 10 / ano 03

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OM INSPIRAÇÃO * por Aruna Ladva

É tempo de ser inspirado por Dadi Para mim, Dadi Janki sempre foi como uma mãe e mentora espiritual. Eu a conheci há 39 anos e a amo com muito respeito e carinho. Na verdade, não há ninguém como ela no mundo. Compartilhávamos uma ligação especial—já que vivi com Dadi em Londres por 8 anos, no final da década de 80. Aqueles foram os anos da minha fundação na espiritualidade; estava ansiosa e querendo absorver tudo que Dadi compartilhava porque sabia que seria bom para mim. De fato, acredito que nós temos uma conexão muito profunda, provavelmente de vidas anteriores. 26


Trabalhar com Dadi e assessorá-la em Comunicação e Administração não parecia ser um trabalho. Sempre foi uma honra e um sentimento de aprendizado, mais do que trabalho. Naqueles dias, nós nos sentávamos às 5h da manhã, imediatamente após nossa meditação matinal. E ela ditava para mim as respostas dos faxes e cartas que chegavam de estudantes de todo o mundo. Dadi estava sempre pronta para responder. Seu coração compassivo era completamente consciente de que essas pessoas estavam esperando por uma resposta que pudesse fazê-las recuperar a paz em suas mentes. Sempre havia alguma coisa para aprender de Dadi. Ela nos ensinou a praticar cada ato com sentido e propósito. Se, por exemplo, você estava dando alguma coisa a alguém, ela certificava-se de que você estava dando um momento de sua atenção individual para

aquela pessoa, com amor e reconhecimento. Isso parecia simples… afinal, não são esses os fundamentos das relações? Dadi ensinou-me a dar o que quer que eu tivesse, fosse pequeno ou grande. Ela dizia: mesmo se você não tiver nada, tenha uma face sorridente—e você dará o presente de um sorriso para todos. A razão das palavras de Dadi serem tão poderosas e afetivas era porque ela realmente era a corporificação do que quer que ela falasse. Ela não desperdiçava suas palavras e seu tempo. Ela falava com convicção e experiência. Ela não precisava mentir, convencer ou persuadir. Ela simplesmente falava o que estava em sua mente—e nós ficávamos tocados e inspirados. Esse era o poder da verdade. Uma noite, celebramos os 100 anos de Dadi em grande estilo, que incluiu um bolo, uma banda de música e cantores que fascinaedição 10 / ano 03

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OM INSPIRAÇÃO * por Aruna Ladva

ram a multidão. Dadi nos surpreendeu dançando conosco. Tivemos convidados de toda a região, que vieram para absorver a fragrância de Dadi. Imagine uma vida que é preenchida apenas de boas intenções e ações. E imagine o retorno disto: bênçãos. Só poderia haver felicidade e mais felicidade. Dadi não vivia apenas para si mesma, ela vivia por todos nós. Dadi estava constantemente refletindo sobre os pontos da sabedoria espiritual. Em um programa intitulado “Coração caloroso e 28

mente refrescada”, ela dizia que precisamos estar totalmente conscientes de 5 aspectos para ter uma mente refrescada e um coração caloroso: Pureza, Honestidade, Paciência, Humildade e Doçura. Ela compartilhava: quando você vai às profundezas da pureza, isso é a verdade. Então, passa a existir honestidade na vida. Pureza e honestidade estão interconectadas. Então, vem a paciência (estamos dispostos a esperar). E na humildade não há traço de ego e arrogância. Então, nos tornamos doces.


Se temos ego e arrogância nos tornamos autoritários e nossa cabeça esquenta. Ela dizia que as pessoas somente se tornam livres quando elas se livram do ego e do apego. E que tínhamos que tomar luz e poder de Deus e nos tornarmos “double light”: leveza na forma de facilidade e flexibilidade, sem pesos ou cargas, e luz significando clareza. Dadi sempre dizia que devemos colocar o “A” na frente da tensão. Então, há atenção—e a tensão desaparece automaticamente. A marca de Dadi era dizer “Om Shanti” (eu sou uma alma pacifica) em voz alta 3 vezes e fazer com que todos falássemos juntos. Assim poderíamos nos lembrar porque estamos aqui: o primeiro Om Shanti nos lembra “Quem sou eu?”; o segundo Om Shanti, “A quem eu pertenço?”; o terceiro Om Shanti, “O que tenho que fazer?”. Quando respondemos a estas perguntas damos um sentido à nossas vidas.

Aruna Ladva pratica meditação Raja Yoga a mais de 30 anos e é autora de vários livros e do blog It’s Time: www.itstimetomeditate.org

Desfrutamos da companhia de Dadi e fomos muito, muito afortunados por tê-la tido conosco. Isto foi verdadeiramente uma bênção. Ela era uma deusa viva e constantemente doadora. A fragrância de Dadi vai permanecer mesmo agora que ela se foi. Ela trouxe o refrescamento no meio do calor do deserto e refrescou todos nós. É tempo de ser inspirado por Dadi! * edição 10 / ano 03

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OM EXPERIÊNCIA * por Ida Meirelles

s a i c n e i r e p x E com i k n a J Dadi v

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Enquanto conduzia a meditação nessa manhã veio muito forte a lembrança de Dadi Janki. Lembro-me de sua primeira visita ao Brasil, em São Paulo, quando mencionou: “Eu vejo a mesma limpeza, por dentro e por fora, em todos os centros que visito”. Conduzindo uma aula para nós, em 1981, perguntou: “Quem gostaria de se responsabilizar em dedicar yoga poderoso para o Brasil e assimilar os pontos da murli (aulas de aprofundamento do Raja Yoga)? Escrevam seu nome no papel”. Aceitei o convite e dei meu nome. No momento atual, quero focar mais intensamente nessa promessa, porque também lembrei-me de três pontos de sua aula: “Sejam leais, fiéis e obedientes”. Recebi muitas bênçãos especiais de Dadi quando celebrei meus aniversários em Madhuban—ela fazia com que meus irmãos brasileiros me dessem bênçãos também. Enfim, Dadi foi um grande exemplo, inspiração e instrumento que me tornou mais corajosa, determinada, feliz e cheia de amor por Deus. Om Shanti. *

Ida Meirelles é musicista, coordenadora da BK para a região Nordeste e praticante de meditação Raja Yoga há mais de 40 anos.


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MATÉRIA DE CAPA * por Sister Jayanti

Uma mulher de sabedoria e mestra de mestres Relato retirado do livro “Companheira de Deus”, de Dadi Janki, da Editora Brahma Kumaris.

É possível para um mortal fazer de Deus seu amigo constante? Dadi Janki demonstrou que é possível ter esse relacionamento vivo e preenchido de espiritualidade. Essa talvez tenha sido a maior contribuição de Dadi Janki às vidas de milhares de pessoas—transformar a imagem de Deus de uma figura distante e de respeito cheio de 32

temor para uma de Pai amoroso e Mestre sábio que cuida, apoia, nutre e eleva cada um. Ela pode ser descrita talvez como uma eletricista—podia reparar as conexões interrompidas, reconectar os fios da alma com a Suprema Fonte da Luz e Poder, a Usina Elétrica que é Deus. Com humildade e um coração tão claro que só enxergava


a bondade em cada ser humano, Dadi absorveu a Verdade de Deus tão profundamente que cada respiração a cada momento eram preenchidos com essa sabedoria. O destino levou-me ao contato com Dadi aos meus oito anos. Como criança, as memórias predominantes são do amor de Dadi e seu coração generoso—constantemente compartilhando dons físicos e espirituais. A estabilidade de Dadi

e a vida yogi consistente foram pontos de referência durante os anos da minha adolescência de mudança turbulenta. Quando eu estava pronta para ouvir, Dadi compartilhava percepções que abriram as portas fechadas da minha percepção. Alguns eventos levaram Dadi e eu juntas a Londres em abril de 1974. Viver com Dadi dia e noite foi uma sorte incrível e me capacitou a aprender, fortalecer-me,

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MATÉRIA DE CAPA * por Sister Jayanti

crescer e evoluir. Observei Dadi agindo com as joias do conhecimento espiritual e compartilhando-as a cada momento. Dadi nunca estava muito cansada ou muito ocupada; nunca era muito tarde. Ela mantinha seu canal 34

pessoal sempre limpo e aberto de modo que a luz e o amor de Deus constantemente a preenchiam. Então, ela conseguia sair da frente para que essa luz e amor fluíssem para cada um que entrasse em sua esfera de contato.


Ter sido tradutora de Dadi por vários anos foi uma educação e treinamento únicos. Eu fui uma ‘mosca na parede’, observando almas chegando confusas e aflitas e saindo com clareza, alegria e fortalecimento. A cada

dia, Dadi lidava com centenas, às vezes milhares de pessoas e ela ouvia cada uma com grande consideração e respeito, capacitando-as a verem facetas de si mesmas que sozinhas não tinham sido capazes de ver. Às

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MATÉRIA DE CAPA * por Sister Jayanti

Seu poder do silĂŞncio, preenchido com o amor e a alegria de Deus, mudou visivelmente as atitudes das pessoas.

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vezes sua paciência era desafiada, às vezes sua confiança, mas Dadi nunca perdeu a esperança nas almas ou deixou fugir sua confiança nelas. Ela reconhecia suas qualidades mais claramente do que elas mesmas e capacitava-as a alcançar seu potencial. Brahma Baba confiou-lhe o papel de mestra de mestres. O poder de comunicação de Dadi se estendia muito além das palavras que usava. Cada palavra dita por ela vinha do fundo de sua experiência e aplicação. No entanto, era sua experiência com o poder do silêncio que tinha o maior impacto. Seu poder do silêncio, preenchido com o amor e a alegria de Deus, mudou visivelmente as atitudes das pessoas. A profundidade do equilíbrio emanado de sua presença respondeu a muitas questões. Seu poder do silêncio tornou visão e sonhos uma realidade prática, dissolven-

do muitos obstáculos que apareciam no caminho. Dadi Janki demonstrou o método para transcender todos os limites—idade, saúde, sexo, personalidade e natureza—vivendo sob o toldo de amor de Deus e compartilhando essa proteção com todos. *

Sister Jayanti é diretora da Brahma Kumaris para a Europa e Oriente Médio.

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OM REFERÊNCIA * por Marli Medeiros (Prem)

Dadi Janki na minha vida espiritual Nesses quase quarenta anos na Brahma kumaris, tive a grata oportunidade de ter estado presencialmente com essa personalidade grandiosa que é Dadi Janki por diversas vezes—e também à distância, desfrutando e aproveitando muito de sua sabedoria nata. Uma mente tão sabia que, tanto no “comum”—falando, ministrando aulas, palestras, nos ensinando ou até mesmo nos chamando 38

atenção por alguma falha—quanto nas entrelinhas, tinha como base a sabedoria da doação, da benevolência, do verdadeiro amor com poder. Ouvia muito de alguns que as aulas estavam muito fortes; mas para mim, sempre havia uma lição que apenas teríamos de ressignificar, entender o sinal do benefício e amor genuínos. Sim, sempre amor abnegado, desapegado, sem qualquer interesse pessoal.


São muitos ensinamentos profundos. Eu, particularmente, sempre apreciei e aprecio o forte, o direto, que nos transforma e nos dá poder interior. Compartilho

aqui duas experiências pessoais que tive com ela para ilustrar na prática esta percepção de ter sido irmã, aluna e aprendiz de Dadi Janki por tantos anos.

[01] Em uma de suas visitas ao Brasil, em 1986, quando eu morava em São Paulo, na sede da Brahma Kumaris, ela conduziu um retiro nacional no interior de SP. Eu, muito jovem, estava na infraestrutura do evento e, em um dado momento quando assistíamos à sua aula, ela me percebeu cansada. A maneira de me dar força e reconhecimento foi chamar-me para sentar bem à frente, à sua frente, olho no olho. Eu me enchi de vergonha—como iria estar na frente de Dadi, cansada… Porém,

ela me lançou seu olhar espiritual profundo e muito amoroso cheio de poder, aquilo que chamamos de dristh (visão espiritual), e me chamou de “Shakti”. Esse foi o primeiro nome que ela me deu. Shakti significa poder, o poder de Deus. E assim, o cansaço se foi e me senti com força suficiente para continuar muito animada. Mas esse nome não foi adiante. Ficou apenas comigo, na memória. Cada vez que sinto algum desafio que possa me cansar, lembro-me dessa cena, reporto-me a ela.

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OM REFERÊNCIA * por Marli Medeiros (Prem)

[02] A segunda experiência foi na década de 90. Mais ou menos em 1995, quase 10 anos depois, eu estava na nossa sede internacional, em Mount Abu, Índia, quando houve uma celebração onde todas as Dadis e seniores estavam juntos no palco homenageando uma das Dadis, que faria um tour pela Europa. Senti muito amor entre elas. Fiquei extasiada pela vibração de amor e consideração que estava vendo e experimentando. À noite, Dadi Janki convidou a mim e mais duas 40

professoras, Luciana e Ida, para que compartilhássemos alguma experiência com ela. Essa não era minha especialidade e fiquei por último sem nada dizer. Ela insistiu e compartilhei o que vivenciara pela manhã, a experiência de amor. Ela então, novamente com seu olhar amorosamente poderoso, me disse: é porque você é “Prem” (palavra que significa o sentimento de amor entre as pessoas). Ouvi e novamente fiquei em silêncio. Mas dessa vez ela me carimbou com esse nome.


Insistentemente me chamava de Prem e dizia a todos que havia trocado meu nome. Até que um dia pediu que eu não usasse o outro nome—Marli, como me chamo —e usasse apenas Prem. Só que o sentido disso ainda estava por vir, no dia em que ela me traduziu esse sentimento com o gesto de poder. Não o amor frágil e sim o amor verdadeiro de poder,

Assim lembro-me de Dadi Janki: inspiração de amor, lei, força, leveza, despreocupação, desapego, simplicidade, verdade, amor constante por Deus. Entrega ao Seu Companheiro Deus. Sábia e humilde. Hoje sou tão grata a Deus, à vida e a Dadi pela jornada espiritual segura e cheia de certezas. *

de força, mostrando-me no que eu poderia me tornar para servir e inspirar a todos a terem uma conexão de amor com Deus. Assim, hoje tenho dois nomes, o físico e esse espiritual, que me move e me mostra que amar é sentir verdade, força interior que pode enfrentar e transformar sentimentos e situações. Tocar corações com sentimentos verdadeiros.

Marli Medeiros (Prem) é coordenadora da Brahma Kumaris em Minas Gerais e praticante de meditação há mais de 35 anos.

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OM ATITUDE * por Patrícia Carvalho

JANAK, A PREFERIDA DE DEUS Dadi Janki, nossa pequena imensa inspiração, a líder da Organização Brahma Kumaris e que nos deixou aos 104 anos, é a imagem de quase todas as qualidades de Deus. Espírito tão grande que acomoda todos os paradoxos. A começar pela estatura física—pequenininha e tão grande. Sua presença preenchia espaços e, ao mesmo tempo, em seu quarto e em seu coração, sempre havia a possibilidade de acomodar mais alguém. 42

Complexidade e simplicidade: suas palavras eram fáceis e difíceis de entender ao mesmo tempo. Falava para além da razão, na linguagem da alma, da perfeição. Falava o idioma dos olhos, fazia-se entender e nos entendia no silêncio, sem palavras. Simplesmente estar na frente dela já era uma resposta. Falava de sua experiência como se estivesse narrando a história de qualquer um de nós. Víamo-nos nela, em nossas dificuldades—que se faziam irrisórias frente à sua


clareza absoluta—, mas também víamos nela refletida claramente a meta de cada um de nós. Ela nos via como seremos, além daquilo que imaginamos ser. Dadi Janki foi e sempre será o grande elo de ligação entre o Oriente e o Ocidente. Indiana, mudou-se para Londres, de onde capitaneou com coragem e bravura a expansão da Brahma Kumaris por todos os continentes, sempre apoiada por seus amigos, companheiros de tarefa, e por Deus. Seus amigos eram todos aqueles que se foram antes dela—e que

ela fazia questão de manter vivos em nossas memórias e em nossos corações, nossos ancestrais espirituais. Mas também Dadi Kumarka, dirigente da Brahma Kumaris junto a ela, e Sister Jayanti, sua companheira de serviço em Londres, a quem demonstrava ao mesmo tempo respeito, confiança incondicional e afeto. Tinha a poção da juventude, sabia como manter sua energia sempre jovial, era moderna em sua perspectiva. Nada para ela era impossível—e dificuldade era uma palavra que não existia em seu vocabulário.

Tinha a poção da juventude, sabia como manter sua energia sempre jovial, era moderna em sua perspectiva. Nada para ela era impossível—e dificuldade era uma palavra que não existia em seu vocabulário. edição 10 / ano 03

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OM ATITUDE * por Patrícia Carvalho

Uma das especialidades de Dadi é que ela tinha tanto carinho pelas pessoas que dedicava seu tempo de forma incansável, e realmente acreditava na mudança, na transformação, na realização. Dedicava seu tempo a todos que a ela se aproximavam, de forma próxima, incansável, pessoal. Tinha tempo para todos, mesmo que isso significasse menos tempo para ela. Porque, de qualquer forma, para ela o tempo era uma dimensão vertical e não horizontal. Vivia na dimensão eterna. No final, tinha esse mágico mantra. A cada um que olhava, dizia “Você é maravilhoso!!”; e olhava para outro e dizia “Você é maravilhoso!”; e olhava para as cenas do Drama e dizia:“Maravilhoso!”. E acreditava profundamente nisso. E todos acreditavam também. A maravilha refletida no brilho de seus olhos, até o último suspiro. 44


Nunca nos esqueceremos da lição dos cinco dedos, repetidas no último ano de sua vida incansavelmente. E dos três Om Shantis. Lições simples e tão cheias de essência. Em nosso último encontro, em Londres, perguntou se Dadi também era minha amiga... E me ponho a pensar agora nessa amizade… E na vez em que perguntei se ela me considerava próxima; e ela me respondeu com um abraço. E na vez em que me queixei que não estaria com ela por muitos dias; e ela me mostrou o valor daquele momento presente. A amizade espiritual que Dadi me ensinou não conhece distância, idade, cultura, tempo. E como diz Milton Nascimento, na “Canção da América”:

Hoje, sinto que seu estágio espiritual, fruto de seu empenho incansável, se libertou de forma mágica dos limites do físico, e se tornou disponível para cada um de nós. Basta sentar e senti-la. Naturalmente, de forma doce, sutil. Um anjo que se desprendeu de sua roupa física e se fez ilimitado, acessível, para nos acompanhar até o final. *

Patrícia Carvalho, odontóloga, coordenadora da Brahma Kumaris em Belo Horizonte, MG.

Mas quem ficou, no pensamento voou Com seu canto que o outro lembrou E quem voou, no pensamento ficou Com a lembrança que o outro cantou edição 10 / ano 03

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OM ESTILO DE VIDA * por Kátia Roel

Amostra de uma yogini real Foi em 1994 o meu primeiro encontro impactante com Dadi Janki. Era a minha primeira vez em Madhuban, sede da Brahma Kumaris, na Índia. Eu tinha apenas 21 anos de idade e há um ano frequentava as atividades da BK em Piracicaba. Não sabia nada de inglês e muito menos hindi. Naquele ano, tínhamos apenas aquele complexo de prédios da BK que chamamos de Pandav Bhawan. Um local mágico. Eu estava hospedada em um quarto com várias meninas que vieram de diferentes partes do mundo. Éramos apenas eu e 46

mais uma brasileira (que sabia falar inglês). Em uma das manhãs, antes da nossa tradicional aula matinal (murli), ela me convidou para irmos dizer “bom dia” para Dadi Janki, pois traduziria o que Dadi falasse. Aceitei imediatamente. Chegamos e já havia um grupinho em pé na porta do prédio, onde Dadi ficava. Logo ela chegou. Deu drishti (olhar) tão profundamente amoroso para cada um. Naquele momento, senti como se um tilak de vitória estivesse sendo aplicado no centro da


minha testa. Ali eu comecei a entender um pouco mais sobre a linguagem comum a todos os seres: a linguagem de alma para alma. Dadi falou poucas palavras e não lembro-me de tudo, mas algo ficou grudado em meu coração: “Esta é uma vida de diamante; esses ensinamentos são inestimáveis; o nosso Professor é maravilhoso. Simplesmente

permaneçam com Ele e Ele lhes ensinará tudo!”. E parece que foi uma bênção poderosa que sustentei comigo. Durante muitos anos, Dadi costumava dar aulas todos os dias no período em que ficávamos em Madhuban. Nas várias vezes em que lá estive não perdia uma aula sequer. A sensação era de estar diante de um oceano de edição 10 / ano 03

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OM ESTILO DE VIDA * por Kátia Roel

conhecimento. Muitas e muitas vezes, parecia que ela estava falando diretamente comigo, dando-me insights atrás de insights. Tive a oportunidade de passar alguns meses em Londres. Estava hospedada em uma casa próxima à casa em que ela morava. Eu e um pequeno grupo íamos todos os dias fazer a meditação de amiritvela (4h às 4h45) com ela. Ao término, ela ficava na porta dando drishti (olhar) e segurava um pouquinho a mão de cada um. Um dia o telefone tocou. Era nossa coordenadora internacional àquela época, Dadi Prakashmani, ligando da Índia, e Dadi Janki foi atender na sala ao lado. Eu obviamente não entendia nada, mas entendia uma expressão que, de forma tão atenciosa e amorosa, era repetida muitas vezes na conversa: “haji, haji, ji Dadi, haji, ji Dadi”. Haji ou 48

ji significa “sim”, no sentido de aceitar/concordar com uma tarefa. Ela era tal mestra e ao mesmo tempo tal aluna interessada, respeitosa e obediente. Nesse período, acompanhei um pouco da rotina de Dadi. Ela estava completando 90 anos. Sua rotina era realmente incansável e inspiradora. À época com meus trinta e poucos anos, lembro-me de pensar: “meu Deus, eu não daria conta”. Dadi era realmente consciente da alma, consciente do potencial da alma, mestre de si e do corpo. Não era o corpo que ditava, mas a energia espiritual, o potencial da alma manifesto e, por isso, conseguia tanto. Uma yogini real. Um exemplo de como devemos trabalhar e usar nossa consciência. Dadi teve muita influência em minha jornada pessoal e, em especial, ensinou-me cinco lições muito fortes:


[01] Bom uso de recursos e do tempo. Quando das visitas dela ao Brasil, pude cooperar com Hansa, sua assistente, e via a simplicidade em sua forma de comer; não gostava que jogássemos comida fora. E sempre dizia que tinha apenas 4 conjuntos de sari (roupa indiana), e só. Como explicar que, com apenas uma mala pequena e mais nada, conseguiu expandir o serviço da BK em Londres, de um quartinho para prédios de cinco andares, além do Centro de Retiros em Oxford? Certamente fruto do bom uso de recursos e de seu tempo.

[03] Resiliência e senso de protagonismo. Determinação era bem visível no seu comportamento. Pessoa decidida e líder que movimentava tudo e todos. Uma história que sempre nos contava é que, uma vez, Brahma Baba a testou. Pediu para Mama dizer-lhe que não era mais para vir às aulas matinais. E ela desobedeceu! Ela dava o exemplo de uma música que conhecia quando alguém tinha muita fé em algo: “mesmo que você me expulse, eu jamais lhe abandonarei”. [04] Gosto por refinar, ampliar a capacidade do intelecto. Uma vez, ouvi em uma de suas aulas—e, inicialmente, espantei-me: “quero ter um intelecto como o de Deus”. Ela perseguia a capacidade da bondade Divina. Queria ser capaz de levar muitos outros próximos a Deus. Proximidade significa igualdade/similaridade.

[02] Amor profundo por Deus e Seu propósito. Um dos slogans mais recorrentes de Dadi era “quem sou eu?” e “a quem eu pertenço?”. Amor pela missão especial que ganhou de Deus e pelo anseio profundo de beneficiar, transformar o mundo em um local melhor para todos—e o orgulho puro de estar en- [05] Coração ilimitado/generosivolvida completamente nisso tudo. dade. Certa vez, a assisti querendo edição 10 / ano 03

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OM ESTILO DE VIDA * por Kátia Roel

Uma yogini real. Um exemplo de como devemos trabalhar e usar nossa consciência. Dadi, de coração, curvo-me à dar mais de um toli (docinho) para uma pessoa e a professora BK da- sua vida de inspiração Divina. * quele local não permitiu. Ela cedeu, com humildade—mas ela querer presentear mais do que o planejado era recorrente. Outra vez, eu, a convite de Luciana Ferraz, fui visitá-la em sua sala, em Gyan Sarovar. Ela olhou para o meu casaco com um olhar insatisfeito e pediu para que sua assistenKatia Roel, formação em ciências te pegasse um casaco novinho, com contábeis, coordenadora da Editora Brahma Kumaris e professora de o qual me presenteou. A satisfação meditação Raja Yoga em São Paulo. dela era presentear. E muitos de nós, ao pensarmos em presentes para dar-lhe, tínhamos que pensar em algo em quantidade, que fosse para ela presentear. Esse era o presente que ela gostava. 50


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OM APRENDIZ * por Goreth Dunningham

O colo de Dadi Janki Adorava quando era ela quem conduzia a nossa meditação das 4h da manhã. Era puro poder! Esperava sempre para ser uma das últimas a receber o toli (docinho feito em meditação) que ela fazia questão de entregar ao final das aulas na mão de cada um de nós, alunos da Brahma Kumaris, mesmo que fôssemos milhares. Incansavelmente, ela dava toli a cada um. Seu drishti (olhar de alma para alma) era uma poderosa flecha da verdade. Dadi era séria. Firme. Poderosa. E suas aulas não deixavam 52

pedra sobre pedra. Lembro-me de muitas vezes ter saído de suas aulas me sentindo inadequada. A percepção do que precisava ser transformado em mim crescia quando eu ouvia as palavras mágicas de Dadi. Ela era uma inigualável professora! Ensinava com o exemplo, com as vibrações, com o olhar, com as palavras e, muito mais, com o silêncio. E era também uma mãe. O seu amor de mãe ela expressava no empenho incansável para que nos tornássemos dignos e yogis.


Havia em meu coração um imenso desejo de ser amada por Dadi. De ganhar o seu colo, o seu abraço. Sonhei várias vezes com Dadi Janki me dando orientações ou simplesmente passeando pelo centro de serviço onde moro. Mas, embora a amasse tanto, sempre tive receio de me aproximar. Ela era Dadi Janki! O tempo passou, Dadi fez 100 anos e seu coração de mãe tornou-se um coração de avó: doce, leve, alegre. Passou a dançar e bater palmas ao final das aulas. E todos

nós amávamos aqueles breves minutos de celebração. A energia era alta! Alegria. Muita alegria! Eu sempre dava um jeito de estar bem em frente ao palco, cantando e batendo palmas com Dadi. Meu coração explodia de felicidade! Sempre que ia à India gostava de presenteá-la com tolis e estatuetas de anjinhos. Sentia que ela valorizava esses presentes. E eu ficava feliz quando ela colocava os anjinhos em sua mesinha e queria provar os tolis.

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OM APRENDIZ * por Goreth Dunningham

No ano passado, em uma das úl- ser uma protetora da Chama. Nostimas vezes que encontrei Dadi, ela sos olhos se encontraram e o pacto me deu um longo drishti. Deu-me foi selado. Em silêncio. * seu colo e um silencioso abraço que significou muito mais do que todas as palavras ditas em trinta anos. Era um encontro e uma despedida. Era um indicador de que somos eternamente próximas espiritualmente. Com os olhos, prometi a Dadi que seria uma protetora do conheciGoreth Dunningham é editora da mento sagrado que nos foi confiaRevista Om Line, coordenadora da BK Pituba em Salvador-BA e tem do por Deus e transmitido por ela. mais de 25 anos de experiência como Prometi ser digna e yogi. Prometi professora de meditação Raja Yoga. 54


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OM COMIDA PURA * por Brij Bhen

TOLI DE CASTANHAS Ingredientes

Doce indiano sem glúten e sem lactose

01 xícara de amêndoas 01 xícara de castanhas 01 xícara de pistaches 01 xícara de mel 01 xícara de cerejas frescas 12 sementes de cardamomo Coco ralado

Modo de preparo Torre todas as castanhas em fogo baixo ou no forno por alguns minutos. Moa as castanhas, mas não precisa ficar como uma farinha. Misture as castanhas, amêndoas e pistaches. Derreta o mel em água quente, fora do fogo. Mexa o mel com as castanhas, amêndoas e pistaches. Misture o cardamomo e as cerejas (cortadas em pedaços pequenos). Mexa com colher de pau e veja se consegue enrolar e fazer pequenas bolas. Se necessário, coloque mais mel para enrolar. Passe as bolinhas no coco ralado e deixe secar por 2h. Se preferir pode esticar a massa em uma forma untada e cortar em pedaços.

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Brij Bhen é atualmente a chefe de cozinha de Global Retreat Center, em Oxford, e viveu com Dadi Janki e cozinhou para ela durante muitos anos.

Um dos tolis preferidos de Dadi


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ESPAÇO OM *

Sileêncio v

Texto retirado do livro “Companheira de Deus”, de Dadi Janki, da Editora Brahma Kumaris

Há uma parte de você perfeita e pura. Ela é intocada pelas características menos perfeitas que você adquiriu vivendo em um mundo menos perfeito. Ela é preenchida com qualidades divinas e, sendo assim, está em um estado constante de plenitude de recursos e de bem estar. Sua ausência total de conflito e negatividade de qualquer tipo torna essa parte de você um Ponto de Equilíbrio—uma profunda e enriquecedora experiência de silêncio. Utilize tempo para praticar e alcançar este lugar interno de silêncio. Ele lhe trará incontáveis benefícios: 58


v v

Primeiro, ele lhe permite lidar melhor com seus pensamentos. Você descobrirá, por exemplo, que não há necessidade de pensar tanto enquanto faz algo. Tudo o que você precisa emergirá sem esforço quando simplesmente sentar em silêncio.

v

Segundo, a experiência do silêncio o liberta da garra da sua programação e condicionamento negativos. Você experimentará mais facilmente a verdade da sua paz e dignidade interior. Isso também ajuda a mente a permanecer focada e capaz. Terceiro, o poder do silêncio pode ser compartilhado. À medida que você aumenta sua experiência de silêncio, seu poder pode ajudar aqueles sem poder a continuar seus esforços de autodesenvolvimento e a experimentar a paz. Seu estoque de silêncio, verdade e pensamentos poderosos ajudará outros a irem além, ao ilimitado e ao divino. Parece tão bom “ir além” dessa forma, deixar para trás pensamentos e falas e ficar quieto por algum tempo. É tão refrescante e nutritivo... Forma um hábito. O amor pela introversão espiritual, solitude e silêncio completa nossa vida de um modo tão lindo! *

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PURITY *

Editorial do jornal indiano Purity em homenagem a Dadi Janki “Companheira de Deus” é o título de um dos livros publicados por Dadi Janki, a inigualável líder espiritual que deixou sua vida mortal aos 104 anos no mês passado. Esse título revela o segredo de sua grandeza: ela sempre permaneceu conectada ao Supremo, atraindo força, amor puro e sabedoria Dele—qualidades que foram o fundamento de sua vida. Isso permitiu que ela servisse como um farol de luz na vida de outras pessoas.

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Dadi Janki, que era a dirigente da Brahma Kumaris, gostava de dar mantras sucintos para que outros pudessem alcançar sucesso em seu empenho espiritual. Não eram meras palavras ou teoria, mas sabedoria destilada em décadas de busca obstinada pela perfeição por meio da prática da meditação Raja Yoga. Essa sabedoria era refletida em suas palavras e ações e brilhava em seus olhos. É por isso que a pequenina Dadi, vestida de branco, podia iluminar qualquer lugar com sua presença. “Uma força e um suporte” era um desses mantras, que expressava sua fé e devoção absolutas a Deus. Dadi disse uma vez que a Autoridade Todo-Podero-

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PURITY *

sa era sua companheira, mãe, pai, amigo, amado e satguru. “Esse não é apenas um sentimento; eu tenho a experiência prática disso”, disse ela. “Meu é Um e nenhum outro. Quando eu deixar meu corpo, terei apenas um companheiro”, acrescentou. “Verdade, limpeza e simplicidade” era outro dos seus lemas — e essas qualidades eram muito visíveis em sua vida. Apesar de ser a dirigente de uma grande organização ativa em 140 países, Dadi era simples e econômica. “Não gaste sequer um centavo no meu funeral. Não quero guirlandas de flores”, disse ela mais de uma década atrás. E, quando o fim chegou, esse desejo dela foi realizado. Seus últimos ritos foram desprovidos de

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qualquer adorno, e apenas algumas figuras proeminentes da família Brahma Kumaris estavam presentes durante a cremação devido às restrições de viagens na Índia e em outros países para conter a pandemia de coronavírus. Dadi também era econômica no nível sutil. Ela atribuiu sua energia—aparentemente inesgotável, mesmo na velhice—ao fato de nunca ter desperdiçado tempo ou pensamentos. Ela gostava de lembrar a cada um de sua identidade espiritual, sua relação com Deus e o valor do tempo. Ela fazia isso iniciando cada conversa com as palavras Om Shanti, proferidas três vezes. Por que três vezes?

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PURITY *

Para que cada um refletisse “Quem sou eu, a quem pertenço e qual é o propósito da minha vida?”. Esses lembretes, ela acreditava, eram necessários para manter o foco no empenho espiritual. Mas a vida espiritual, como ela demonstrou, não era apenas um estudo solene e práticas austeras. Para ser agradável, tinha que ser decorada com virtudes, entre as quais cinco ela valorizava mais: verdade, paciência, seriedade, humildade e doçura. Essas virtudes, ela sentia, eram necessárias para permitir que alguém progredisse espiritualmente, sem impedimentos pelos erros ou pelos obstáculos inevitáveis e sem se distrair com as frivolidades e os enganos do ego.

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Dadi serviu incansavelmente em todo o mundo por mais de oito décadas, mas nunca reivindicou nenhum sucesso, sempre dizendo aos outros que ela era apenas um instrumento nas mãos de Deus. Foi esse altruísmo que lhe permitiu fazer o que amava—em suas palavras, “cuidar, compartilhar e inspirar”. Dadi pode não estar mais conosco fisicamente, mas sua vida continuará inspirando as pessoas ao redor do mundo a alcançar a verdadeira grandeza através do poder e virtudes espirituais. *

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OM AMIZADE *

Condol ê n ci as Afetuosas

de alguns dos tantos amigos de dadi janki no brasil

Estamos dirigindo nossos melhores pensamentos para essa alma generosa de Dadi Janki. Agradeço a oportunidade de tê-la conhecido em Madhuban, essa pessoa extraordinária e dona de um magnetismo excepcional. Falei com ela e estive com as mãos dela comigo. OM Shanti. Abraço, Wander Soares — Economista e Professor - SP

Ela marcou tantos milhões de vidas com sua Grandiosa Luz, Pureza, Elevação e Verdade! Já com Baba, em plena Felicidade! Christina Carvalho Pinto — Full Jazz Comunicação - SP

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Associo-me a toda comunidade BK nesse silêncio coletivo de vivenciamento de um profundo sentimento de gratidão e alegria pelo privilégio de termos usufruído da presença da amada Dadi Janki. Ao mesmo tempo, um sentimento de perda silenciosa por sabê-la não mais encarnada entre nós. O notável exemplo de sua vida há de nos manter eternamente unidos. Om Shanti. Rodrigo Loures — Empresário - PR

Queridos amigos e amigas da BK, aqui orando e mandando muita energia para ela. Deixou um lindo legado. Maria Fernanda Teixeira — Empresária - SP

Momento forte para todos nós. Em comunhão amorosa com essa família que tanto amo. Na lembrança!!! Om Shanti!!! Paullo Santos — Unisoes - BA

Definitivamente é o final de um ciclo e hora de continuar o legado da querida e excepcional Dadi Janki. Maria Fernanda Martins — Psiquiatra - SP

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OM AMIZADE *

Acabei de saber da passagem de Dadi Janki. É um momento especial para mim e para toda a família Brahma Kumaris e eu me solidarizo com todos e faço aqui minha oração para que seja uma passagem, sem sombra de dúvidas, iluminada, com o legado que deixou para todos nós. Meu carinho a toda a família Brahma Kumaris. Estela Torreão — Empresária - RJ

Que ela repouse em paz! Missão cumprida com maestria! Magda Pearson — Psicóloga - SP

O mundo BK hoje está de coração ferido. Mas Dadi Janki está mais próxima de todos do que podemos imaginar. Fica sim a saudade, os momentos vividos com ela para o nosso aprendizado. Já foi lembrado que a vida nem sempre segue o nosso querer, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser. Com sua vida dignificadora, levemos em nossa memória as coisas boas e o aprendizado que partilhamos, eternizando assim a presença de quem se foi. À toda Família BK do mundo inteiro, recebam o nosso abraço sentido. Berenice e João Cláudio Carvalho - RJ

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Agradecidos por esta etapa da Jornada Cósmica da Grande Mãe Dadi Janki entre nós, trazendo à memória os encontros no Brasil com Dadi Janki presente, trazendo Luz aos nosso corações, nos unimos à comunidade Brama Kumaris pelo Planeta e dizemos juntos, de coração: “Bem-vinda Dadi Janki à plenitude dos mundos cósmicos ardentes!”. Que seu rastro gigantesco e terno de serviço ao bem de todos, em nossos corações como humanidade, nos impulsione a iluminar todo o Planeta em isolamento físico, em desenvolvimento de solidariedade e cooperação, no aprendizado do caminho da cura que na luz que emana de nossos corações unidos e valorizando toda a criação divina, regenera. Como Casa das Religiões Unidas, unidos afirmamos “O Planeta é Sagrado e quer paz!” Rev Elias — URI - SP

Caríssimas Irmãs da BK Lembramos com muito Amor e Saudade das Irradiações de Luz de Nossa Amável Irmã agora Transcendida, a Luminosa e Radiante Dadi Janki. Que a Fonte Suprema a Envolva e Eleve cada vez mais e conforte os Corações, Mentes e Almas de todos nós que muito a Amamos por aqui. Sucesso Saúde e Prosperidade Sempre Susana Huttner e Sabino Souza — UNISOES - SP

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OM AMIZADE *

Queridos irmãos da BK, O nosso respeitoso silêncio para esta Grande Alma que voou para o mundo sutil. Os sentimentos neste momento são de muita GRATIDÃO E AMOR, porque temos a certeza de que cumpriu a sua bela missão. Para todos nós, ficam os belos ensinamentos, verdadeiros tesouros que guardaremos em nossos corações e que ajudarão a prosseguirmos na nossa caminhada. Gratidão, muita Gratidão e o nosso carinho a todos que compõem essa bela escola espiritual. Com muito amor, Ana Santos — UNISOES - BA

OM Shanti meus amigos queridos e irmãos de caminhada! Meu carinhoso e fraterno abraço pelo passamento de Dadi Janki. Sim, grande exemplo para todos nós, exemplo de Coerência e Amor incondicional! Uma benção tê-la conhecido e ouvido no decorrer da nossa caminhada! Carinhosamente, Simone Ramounoulou — Instituto Antakarana – SP

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É com muita alegria que falo sobre a Deusa da Sabedoria, a estrela incandescente que irradiou meu coração no primeiro momento em que vi sua fotografia, em um folheto comunicando sua presença aqui em Salvador/BA, convidando os baianos a assistirem sua valiosa palestra. Não consegui esquecer aquele semblante radiante de amor, paz e tanta humildade. Não sei explicar, mas senti uma amizade antiga e valiosa. Não tenho a verdadeira palavra para expressar, porém foi como um espelho de Luz que entrou no meu coração. É com muita alegria e respeito que reverencio a espiritualista de todos os tempos! Sei que esta ligação espiritual é eterna. Dadi não se foi, a fragrância de Dadi vai permanecer entre nós! Sua Admiradora, Maria Izabel Palmeira da Silva — Aposentada (90 anos) - BA

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OM CINE *

DADI JANKI Tocando o seu coração FILME Clique na imagem abaixo para ver o último filme feito sobre a vida de Dadi Janki

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DADI JANKI da terra ao céu VÍDEOS Clique nas imagens abaixo para ver os vídeos do documentário “Da terra ao Céu” com Dadi Janki

Vídeo 1 Dadi Janki: Silêncio

Vídeo 2 Dadi Janki: Deus

Vídeo 3 Dadi Janki: Amor

Vídeo 4 Dadi Janki: Destemor

Vídeo 5 Dadi Janki: Determinação

Vídeo 6 Dadi Janki: Verdade

Vídeo 7 Dadi Janki: Cooperação

Vídeo 8 Dadi Janki: Humildade

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AGRADECIMENTO *

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Om shanti... Om shanti... Om shanti... Dadi iniciava cada conversa com as palavras Om Shanti, proferidas três vezes Clique no ícone ao lado para ouvir a voz de Dadi falando 3x “om shati”

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A mente mais estavel do mundo

Em 1978, cientistas do Instituto de Pesquisa Médica e Científica da Universidade do Texas, EUA, examinaram o padrão de ondas cerebrais de Dadi Janki. Ela foi descrita como a mente mais estável do mundo, pois seu estado mental permanecia completamente imperturbável, mesmo durante a execução de exercícios mentais complicados.


Uma publicação da Brahma Kumaris Brasil brahmakumaris.org.br/revista 78


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