Revista OM Line - 14ª edição

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O Pyari Dadi Gulzar Música interpretada por Harish Moyal, cantor indiano, em homenagem a Dadi Gulzar. Clique no ícone abaixo para ouvir a música e ver o clipe.

Dadi G


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CARTA AO LEITOR *

Dadi Gulzar Querido leitor, Saudações de Paz!

Foi uma honra para nós, da revista Om Line, preparar este tributo a um ser tão grandioso como é a nossa amada Dadi Gulzar. Digo é e não foi, porque a alma é eterna, nunca morre, apenas se despede do corpo material. E está alma especial, Dadi Gulzar, com certeza está ainda mais viva! Não só nos corações de todos que tiveram a grande fortuna de conhecê-la e conviver com ela, mas também no sútil, já que agora, ela vive à serviço ilimitado, como um anjo de luz, levando ajuda aonde for necessário. Nesta edição da Om Line, você terá oportunidade de ler tocantes depoimentos de pessoas que conheceram Dadi Gulzar e também ter contato com a sabedoria dela através de algumas das suas aulas publicadas aqui. Poderão ainda, ver fotos e vídeo de Dadi e também ouvir uma música indiana que foi composta especialmente em homenagem à nossa querida Dadi Gulzar.

Dadi G

Gulzar


adi Gulzar *

CARTA AO LEITOR *

É com muita alegria que compartilho com você, uma fotografia. Um dos tantos momentos especiais que tive com Dadi. Que você, através da Om Line e também através do sutil, possa ter um relance da grandeza espiritual da nossa querida Dadi Gulzar! Om Shanti!

Dadi Gulza Goreth Dunningham e equipe Om Line


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ESPAÇO DO LEITOR *

OM SHANTI!

EXPEDIENTE Editora: Goreth Dunningham Design e diagramação: Felipe Arcoverde Revisão: Valéria Ferreira Amores Site: Ricardo Skaf Mídias Socias: Naiara Rios Colaboração: Samanta Brandão e Sandra Costa Ilustrações: Freepik.com

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, através do Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/omlinebrahmakumaris Instagram.com/omlinebrahmakumaris www.brahmakumaris.org.br/revista

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OM APRESENTAÇÃO *



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OM APRESENTAÇÃO *

RAJAYOGUINI HRIDAYA MOHINI (DADI GULZAR) Diretora Administrativa Conjunta da Organização Brahma Kumaris

COMO TUDO COMEÇOU Começou sua carreira como rajyoguini em 1937, na tenra idade de oito anos. Tendo experiências profundas desde o começo, tornou-se reconhecida como uma rajyoguini muito estimada e procurada. Sua presença e orientações iluminavam, facilitando o poder de concentração, paz mental, estabilidade na meditação, controle emocional, etc.


Foi um exemplo brilhante de como viver, ensinar os valores e princípios espirituais elevados que vêm dos ensinamentos do antigo raja yoga. Seu nome significa “aquela que cativa o coração”. Dadi Hridaya Mohini era também afetuosamente chamada de Dadi Gulzar (que significa “jardim de rosas”). Tendo passado por todos os aspectos de treinamento a partir de uma idade tão tenra, ela foi reconhecida como uma grande yoguini. Era comprometida a viver e ensinar os valores e princípios espirituais elevados. Ela também tinha um dom especial de ter experiências de transe e revelar mensagens espirituais.

SERVIÇO GLOBAL Dadiji visitou, a convite, muitos países, no oriente e no ocidente, incluindo Austrália, Japão, Nova Zelândia, Filipinas, Hong Kong, Singapura, Malásia, Indonésia, Sri Lanka, EUA, Brasil, México, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Polônia, Rússia, África, etc. Ela fazia palestras com domínio sobre assuntos conectados a espiritualidade, filosofia, raja yoga, qualidade de vida, etc. Tinha clareza de pensamento, riqueza de experiências e simplicidade de estilo. Dadi Gulzar foi homenageada por muitos Chefes de Estado de diferentes países e foi uma fonte de inspiração por onde quer que passasse. Ela foi também organizadora de diversas conferências, feiras, exibições, campanhas etc a nível nacional e internacional.


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SUMÁRIO *

12. OM PRIMEIRA PALAVRA

22. OM PENSAMENTOS

Experiências com Dadi Gulzar Ken O’Donnell

Silêncio Dadi Gulzar

18. OM ESTILO DE VIDA

26. OM EXPERIÊNCIA

Sua presença e olhar Luciana Ferraz

Simplesmente Dadi Ida Meirelles

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34. OM INSPIRAÇÃO Vivenciando a felicidade interior Dadi Gulzar

38. OM ESTILO DE VIDA A inesquecível Dadi Gulzar Katia Roel

42. OM ATITUDE Dadi Gulzar: A Jóia Incógnita Patrícia Carvalho

46. OM SABEDORIA Algumas palavras de sabedoria de Dadi Gulzar Dadi Gulzar

28. OM REFERÊNCIA

48. OM VIRTUDES

Dadi Gulzar: Minha experiência pessoal Marli Medeiros (Prem)

Dadi Gulzar, um anjo silencioso Paulo Sergio Barros

32. OM TRANSFORMAÇÃO

50. OM DOÇURA

Dadi Gulzar (Rosa) Debora Pita

Nossa querida Dadi Rosângela Palmeira

52. ENTREVISTA OM Perguntas e respostas com Dadi Gulzar edição 14 / ano 04

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OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

Experiências com Dadi Gulzar

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Dadi Gulzar foi certamente uma das pessoas mais marcantes e especiais da nossa família Brahma Kumaris. O nome dela era Hridaya Mohini, aquela que atrai o coração. Carinhosamente, a chamávamos Dadi Gulzar. Dadi significa irmã maior. Ela tinha oito anos quando entrou em contato com Om Mandali, como era inicialmente conhecida a Brahma Kumaris, em 1936. Desde essa idade ela foi dotada de uma visão divina, que lhe revelou um futuro onde os sistemas social, econômico e político se alinharão com os valores humanos mais elevados e onde a paz será a única religião. Ela passou por um intenso treinamento espiritual durante seus primeiros 14 anos na instituição. Desde então, ela tem viajado por toda a Índia e pelo mundo para divulgar o conhecimento espiritual e ensinar a meditação Raja Yoga para ajudar as pessoas a alcançarem a paz interior. Suas qualidades, visão de longo alcance e modéstia inspiraram centenas de milhares de pessoas a levarem uma vida simples, pacífica e espiritual. Era uma personificação das virtudes divinas, uma verdadeira autoridade em espiritualidade, que se refletia em todos os aspectos de sua vida. Tendo passado por um treinamento espiritual edição 14 / ano 04

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OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

abrangente em uma idade jovem, ela acabou sendo reconhecida como uma grande yogini e muito procurada por seus insights sobre como atingir a concentração mental, paz de espírito e estabilidade emocional. Ela irradiava uma serenidade que vinha da profundidade de seu silêncio interior e qualquer pessoa que se aproximava dela experimentava paz e felicidade. Eu a conheci em 1975 em Madhuban, a sede mundial da Brahma Kumaris. Neste momento, ela estava em tal estado de tranquilidade que inspirava silêncio em mim só de olhar. Ela estava se preparando para ser um instrumento de Deus para transmitir algumas orientações para nosso progresso espiritual. Nunca esqueci a mensagem que recebemos através dela. Havia uma pergunta: que tipo de mariposa éramos? Aquela que, ao ver a chama, se entrega à ela? Aquela que dá voltas à chama sem a coragem 14

de se entregar? Ou aquela que dá algumas voltas e depois vai embora? A simbologia da mensagem me tocou profundamente. A chama era Deus e a mariposa, eu. Evidentemente a Dadi Gulzar, era o primeiro tipo de mariposa. Humildemente reconheci naquele momento que eu também queria ser uma mariposa de primeira categoria como ela. Fiquei fascinado ao pensar que um ser humano poderia ser um instrumento para trazer ensinamentos de Deus para nós de uma forma tão mágica. Por causa dessa primeira impressão, sempre a associei ao mais importante de todos seus papéis - de ser este instrumento tão especial e preciso. Nos meus primeiros cinco anos com a Brahma Kumaris, passei de 1 a 2 meses, todos os anos em Madhuban. Me lembro das muitas reuniões que havia com estas Dadis. Com o tempo e observação, comecei a perceber que Dadi Gulzar ti-


nha uma personalidade muito bela. Talvez por isso seu nome carinhoso Gulzar, que é uma flor. Uma natureza muito leve, pura e introspectiva. Ela estava extremamente silenciosa e parecia-me, permanentemente perdida no amor por Deus. Tanto, que se eu a visse cruzando o pátio em Madhuban, só de olhar para ela, me lembrava que

também tinha que ficar na Lembrança de Deus. Quando Dadi Prakashmani, a líder da Brahma Kumaris na época, veio para o Brasil em 1984, mencionei a ela que havia muitos alunos no Brasil que não podiam ir para Madhuban porque o preço das passagens era muito caro devido à grande distância entre o Brasil e a Índia. edição 14 / ano 04

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OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

Dadi Prakashmani ficou emocionada e organizou a vinda de Dadi Gulzar ao Brasil no ano seguinte. A ideia era: se muitos não conseguiam ir á Madhuban, Dadi Gulzar traria a experiência de Madubhan para nós. Quando ela veio, organizamos nosso maior programa público em São Paulo num grande teatro. Tam16

bém organizamos um retiro para alunos da BK, onde tivemos muitas sessões incríveis com ela. De maneira mais sutil, se cumpriu nosso desejo de ter uma experiência de Madhuban. É assim que me lembro dela. Ela tinha um trânsito tão fácil entre o mundo físico e a dimensão mais sutil que ela poderia inspi-


rar todos nós a adotar uma forma angelical facilmente. Com o passar dos anos, me senti ainda mais próximo dela. Todos os anos, realizávamos nossas reuniões de Coordenadores Regionais em Madhuban. Ela também participava de pelo menos uma sessão de cada vez. Só a presença dela gerava um sentimento de confiança tão profundo que tudo o que fizéssemos, teria as bênçãos de Deus e das nossas irmãs sêniores garantidas. Mesmo sendo tão espiritual ela sempre demonstrava profundo interesse nos planos que tínhamos para o trabalho da Brahma Kumaris e para nosso progresso pessoal. Certa vez, ela nos perguntou que esforço especial estávamos fazendo para transformar nossas tendências e hábitos. Todos na reunião compartilharam suas experiências. Ela disse algo que nunca esqueci. Que temos que desenvolver nossas caracterísitcas inatas de perfeição,

mas, ao mesmo tempo, devemos estar muito cientes daquelas características que nos derrubam e que devemos usar a meditação matinal para entregá-las a Deus. Para mim, o que mais me lembro dela, era a perfeita sintonia que ela vivia com Deus. Sua vida foi um exemplo constante e brilhante do que é estar tão perto de Deus e ao mesmo tempo tão amoroso com todos os outros. *

Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há mais de 40 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador da Brahma Kumaris para a América do Sul.

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OM ESTILO DE VIDA * por Luciana Ferraz

Sua Presença e Olhar Pense em alguém sereno, silencioso, que se comunica sobretudo com o olhar e a vibração. Esta é Dadi Gulzar. Seu papel de principal mensageira de transe na Brahma Kumaris criou ao redor dela uma redoma para protegê-la da extroversão, do burburinho, das atividades movimentadas. Ela permanecia horas em transe, e para que fosse um instrumento totalmente sintonizado com o divino, mantinha-se num estado de introspecção.

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Através de sua presença e olhar sentíamos a presença de Deus. Estive com ela inúmeras vezes na India e fui sua anfitriã por três vezes no Brasil. Duas cenas vêm à memória. Eu estava em Shantivan, no campus maior da BK, cerca de 30 km do campus original. Estava me sentindo incomodada com certas dúvidas de natureza espiritual e busquei Dadi Gulzar para esclarecer meus questionamentos. Chamei uma tradutora de minha confiança, já que Dadi apenas fala hindi. A tradutora relatou minhas


perguntas a ela. Dadi teve dificuldade de entender e a tradutora teve que formular por três vezes, de formas diferentes, as minhas questões. Dadi permanecia serena e suave e perguntava: mas qual é o problema? Só então que eu percebi, que para mim algo que parecia uma grande dúvida, para Dadi era algo simples, algo que ela via como natural na nossa caminhada espiritual, parte do nosso amadurecimento. Entendi como o intelecto de Dadi simplificava as questões, e transformava uma mon-

tanha tão grande como os Himalaias em um floco de algodão. Saí daquele encontro aliviada e com a experiência de que Dadi confiava no meu discernimento. Em outra situação, estávamos em São Paulo e tínhamos organizado um encontro com amigos da BK numa linda casa em Alphaville. Foi uma palestra com abertura para perguntas e uma apresentação artística para um grupo de uns 30 convidados. No final do programa, sua assistente principal me procu-

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OM ESTILO DE VIDA * por Luciana Ferraz

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“Dadi Gulzar é a encarnação da serenidade e da simplicidade. Sua postura altiva e gestos graciosos revelam sua realeza. Uma rainha espiritual que reina nos corações de quem a conhece” 20


rou e disse que sabia que o Brasil era famoso pelas pedras semipreciosas e ela queria comprar algumas para levar de presente à Índia. Sugeri que alguém mais levasse Dadi para casa e eu iria acompanhá-la até o centro da cidade onde eu conhecia uma destas lojas. Mas, para a minha surpresa, Dadi quis nos acompanhar. Chegando na loja conseguimos uma cadeira onde Dadi ficou pacientemente aguardando por mais de uma hora, em silêncio, enquanto

suas duas assistentes escolhiam as pedras e eu as assessorava e traduzia. Ninguém que entrasse na loja se aperceberia da personalidade tão elevada e figura importante que ali estava sentada, a não ser pela vibração de paz que ela irradiava. Dadi Gulzar é a encarnação da serenidade e da simplicidade. Sua postura altiva e gestos graciosos revelam sua realeza. Uma rainha espiritual que reina nos corações de quem a conhece. Om Shanti! *

Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK.

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OM PENSAMENTOS * por Dadi Gulzar

Silêncio

Deus nos deu o objetivo de permanecermos pacíficos e espalharmos vibrações de paz. A base disso é ir às profundezas do silêncio, mergulhar fundo no espaço onde nada toca a alma. É a experiência do doce silêncio. Você saberá que chegou lá, porque haverá um sorriso no seu rosto. Seu coração vai continuar querendo experimentar mais. O poder imerso no doce silêncio nos torna muito doces. Indo ainda mais fundo, além disso, é a experiência do silêncio profundo. Esse nível de silêncio cria tal quietude, que você nem 22

quer se mexer. É um silêncio mortal, como o silêncio depois que alguém morreu. No entanto, não é feito de sentimentos tristes; ao contrário, é mais um sentimento de liberdade e o tipo de felicidade que vem disso. Essa é a profundidade do silêncio que precisa ser alcançado. Torne-o um hobby! Depois de sentir o sabor desse tipo de silêncio, você vai gostar muito. Aqueles que sabem se colocar em tal silêncio nunca experimentarão tristeza. De fato, eles removerão a tristeza dos outros. Eles estão plenos do poder espiritual que precisa ser dado aos outros.


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OM PENSAMENTOS * por Dadi Gulzar

“Todas as situações desafiadoras podem ser superadas através do poder espiritual - que é o poder que vem da lembrança de Deus” As pessoas hoje em dia estão tão desapontadas, desanimadas e preocupadas. Uma de nossas tarefas é remover essa preocupação. Seu rosto em si deve fazer isso. No entanto, para ter essa face, você tem que trabalhar para criar esse estágio interno. Todas as situações desafiadoras podem ser superadas através do poder espiritual – que é o poder que vem da lembrança de Deus. Primeiro é o poder da tolerância. Este é o primeiro, porque sem ele, não pode haver felicidade. O segundo é o poder de empacotar, ou seja, colocar um ponto final às 24

situações e pensamentos sem esforço. Quando essa capacidade é poderosa, o intelecto naturalmente deixa de alimentar a tristeza interior que, de outra forma, nos leva a uma expansão das negativas e inutilidades de novo e de novo. Em terceiro lugar é o poder de acomodar. Esse é um poder maravilhoso que nos permite sentir como se nada tivesse acontecido. Existe um frescor total. Em quarto lugar está o poder de enfrentar. O que temos que enfrentar? Quando usamos os três primeiros poderes, descobrimos que na verdade não resta nada para enfrentar.


QUATRO PODERES 1º poder tolerância

3º poder acomodar

Este é o primeiro, porque sem ele, não pode haver felicidade.

Esse é um poder maravilhoso que nos permite sentir como se nada tivesse acontecido. Existe um frescor total.

2º poder empacotar

4º poder enfrentar

Esse poder significa colocar um ponto final às situações e pensamentos sem esforço.

O que temos que enfrentar? Quando usamos os três primeiros poderes, descobrimos que na verdade não resta nada para enfrentar.

Faça desses quatro poderes seus companheiros e todos os outros poderes entrarão automaticamente em ação. Nada pode ser experimentado como um problema quando esses quatro poderes são seus amigos. Esses quatro primeiros poderes são o resultado do conhecimento. Todos os outros poderes são o resultado do yoga. É chamado receber os raios de luz e poder com base em gyan (conhecimento) e

yoga (meditação). Nosso estágio interno precisa basear-se nisso. Este é o empenho adequado para o momento atual. Dar poder espiritual aos outros é expressar amor verdadeiro pela humanidade. Não é simplesmente um serviço a ser feito, é o nosso dever. Temos esse dever para com a nossa própria família. Cumpra este dever com amor e veja quanto poder fluir para você e de você. * edição 14 / ano 04

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OM EXPERIÊNCIA * por Ida Meirelles

Simplesmente

Dadi

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As qualidades de Dadi Gulzar que mais me inspiraram foram: simplicidade, leveza, humildade e doçura. Recebi muito através de seu exemplo e rendição. Quando visitou o Brasil em 1985, eu estava coordenando o Centro BK de Porto Alegre. Ao inspirar uma aluna a permanecer contente, ela falou: “Ida vai estar sempre dançando e cantando” – isso eu nunca me esqueci. Quando visitou São Paulo, houve um programa importante com diferentes religiões e ao falar de suas experiências, Dadi mencionou que aquele foi o programa

que mais apreciou devido ao amor e respeito entre os membros, como filhos do mesmo Pai. Em Madhuban (sede da BK na India), eu apreciava muito as aulas de Dadi pela simplicidade e profundidade de seus ensinamentos. Seu silêncio, realeza e verdade revelam a razão pela qual foi escolhida para ser um instrumento de Deus. Sou muito grata por tudo e por todos esses anos em que pude obter e sentir mais proximidade com o Pai espiritual, através de seu olhar amoroso, puro e preenchedor. Om Shanti! *

Ida Meirelles é musicista, coordenadora da BK para a região Nordeste e praticante de meditação Raja Yoga há mais de 40 anos.

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OM REFERÊNCIA * por Marli Medeiros (Prem)

Dadi Gulzar: Minha experiência pessoal Conheci Dadi Gulzar pessoalmente em março de 1984, primeira vez que visitei a sede internacional da Brahma Kumaris na Índia. Permaneci por lá durante 30 dias, tempo suficiente para observar, prestar atenção e perceber a verdade profunda no comportamento de Dadi. O que me chamou a atenção era sua suavidade, profundidade, humildade, silêncio gentil que vinha de um estado instrospecção

total. Ela era essa pessoa que ao olhar, falar, se expressar, ficava notório que saia das profundezas da alma de forma natural. E mesmo com todo o silêncio e profundidade, junto havia uma nuance de inocência, alegre e feliz. Seus olhos sempre expressavam reconhecimento, amor e aceitação, fossemos quem fossemos. Não importava o nome, o país, a graduação, a profissão, a raça, nada


era importante, a não ser o fato de você ser um filho de Deus. Ela abraçava sem abraçar. Hoje, a humanidade sente tanta falta de um abraço que demonstre amor, afeição e inclusão. Eu aprendi com Dadi Gulzar que os olhos e o sorriso abraçam mais do que mil abraços físicos, incluem sem dizer qualquer palavra. Aliás, os olhos falam mais e com maior profundidade do que as palavras. Ela falava pouco e dizia tudo. Outro fator que sempre me chamou a atenção em Dadi Gulzar era a importância que ela dava ao amor, amor espiritual, Divino e incondicional. Em aulas, em encontros com grupos pequenos, em palestras, ela sempre falava e expressava a importância do amor e do amor de Deus. Compartilhava suas experiências do início da

Brahma Kumaris, a qual ela foi inserida aos 8 anos de idade, sempre relatando experiências de amor. Ela nos reconhecia a distância como uma visão de raio laser. O interesse dela era sentir o quanto tínhamos amor e conexão com Deus. A sua rendição em servir e nos ver felizes era incrível. Incansável. Mesmo se estivesse doente, ela só pensava em nos ver felizes. Era como se cuidar dos seus irmãos espirituais fosse sua missão intransferível e mais importante. Houve uma ocasião quando ela estava com pneumonia, hospitalizada e havia uma reunião enorme com mais de 20 mil pessoas a espera dela. Ela veio, conduziu a reunião, mesmo seu corpo estando muito frágil. No dia seguinte tive a oportunidade de me despedir dela, antes de voltar ao Brasil. E agradeci muiedição 14 / ano 04

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OM REFERÊNCIA * por Marli Medeiros (Prem)

“Com sua pureza da alma, estava sempre pronta a nos mostrar todas as possibilidades da beleza da vida”


to ela por ter vindo nos encontrar mesmo doente. Ela me olhou com a mesma doçura de sempre e falou: Você e todos estão felizes? Então, eu também estou feliz. Aquele momento foi muito tocante. Eu poderia escrever páginas e páginas sobre minhas experiências com Dadi, mas vou terminar com a essência que me faz sentir que ela não nos deixou, apenas mudou a forma de estar conosco. Ela nos mostrou na prática como é possível ser luz conduzindo um corpo, num mundo tão material. Sua inocência a fazia não ver e não saber de nada que não fosse o que ela vivia e acreditava: o amor, a paz, a felicidade e a pureza eram constantemente sua realidade. Um grande exemplo para mim. Gosto muito disto, o silêncio nas palavras e o som do amor nos olhos e no sorriso. Com sua pureza da alma, estava sempre pronta a nos mostrar todas as possibilidades da be-

leza da vida. No meio da realidade feia, transformava o feio em bonito e o impossível em possível. Tudo o que comento aqui está inserido em momentos inesquecíveis de lições práticas que minha percepção conseguiu captar. As religiões falam em anjos de forma romântica, mitológica, religiosa, encantada, mas posso garantir para vocês que eu conheci um anjo aqui na terra: Dadi Gulzar. *

Marli Medeiros recebeu o nome espiritual de Prem de Dadi Janki. Tem 39 anos de experiência como Raja Yogue, membro da Brahma Kumaris. Natural de São Paulo, capital e há 30 anos vivendo em Belo Horizonte.

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OM TRANSFORMAÇÃO * por debora pita

Dadi Gulzar (Rosa) Imagine uma rosa bem fragrante. Aproxime-se. Agora imagine essa rosa transparente; coloque-a diante da imagem de um poderoso ponto de luz, de energia muito pura: Deus. Ela nos deixava ver com clareza a imagem Daquele que ela tinha sempre perto de si. Era assim que via Dadi Gulzar. Quando ela aparecia, sempre sentíamos a fragrância de sua pureza, paz, serenidade, poder... mas sua presença evocava em nós a lembrança de Deus. Ela era realmente transparente. Papel de pilar da instituição Brahma Kumaris, da família Divina: muito forte, profundo e estável. Ainda assim, tão transparente, tão leve, tão além que não parecia carregar nenhum título ou louvor. *

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“Quando ela aparecia, sempre sentíamos a fragrância de sua pureza, paz, serenidade, poder... mas sua presença evocava em nós a lembrança de Deus”

Debora Pita encontrou significado para sua vida há 40 anos com a Brahma Kumaris.

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OM INSPIRAÇÃO * por dadi gulzar

Vivenciando a felicidade interior Om shanti é uma saudação de paz e alguns de vocês responderam muito docemente ao meu Om Shanti para vocês. No entanto, todos sabem que isso significa: “Eu, a alma, sou uma personificação de paz?” É minha experiência que apenas tendo este pensamento, “Eu a alma estou em paz; minha natureza original é ser pacífica”, que podemos transformar sentimentos de angústia em paz. Se eu lhe perguntasse: “Você está feliz?” Tenho certeza de que todos vocês diriam: “Sim... mas nem sempre”. Ainda assim, você está satisfeito com isso? Você deseja ser feliz às vezes ou constantemente? Você quer ser feliz o tempo todo, não é? 34


Diz-se que felicidade, saúde e riqueza são a base do bem-estar. Também é dito que não há nutrição como a felicidade. Coloque 36 variedades de comida de um lado e felicidade do outro lado e veja qual você escolheria. De que serve essa comida se não há felicidade? Que tipo de felicidade termina tão rapidamente? A verdadeira felicidade não está aqui hoje e desaparece amanhã. Perca a sua felicidade e junto com isso você perderá também sua saúde e sua prosperidade. Por isso é essencial cuidar da sua felicidade.

De modo geral, a felicidade desaparece devido a 4 razões: [01] Algum desejo não satisfeito. [02] Pensar sobre os outros, ou seja, o que esse ou aquele estão fazendo. [03] Pensar demais em geral. [04] Sensibilidade, ou seja, ser afetado por crítica, insulto ou difamação. Temos de entender essas causas e terminar com elas. Como? Em vez de pensar sobre o passado – ou mesmo pensar demais no presente – precisamos pensar sobre o que fazer agora, para garantir um futuro melhor. edição 14 / ano 04

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OM INSPIRAÇÃO * por dadi gulzar

É importante perceber, no caso de ser insultado, que essa pessoa não tirou sua felicidade, em vez disso, você entregou sua felicidade. Essa pessoa vai embora, come e dorme confortavelmente... Foi você quem escolheu perder o sono e o apetite, deixando o insulto do outro chegar até você. Com tal compreensão, é possível começar o processo de “deixar ir”. O passado passou! Deixe o passado ser passado! Substitua-o pensando no que você precisa fazer agora, para corrigir as coisas novamente.

Nós conhecemos a sabedoria disso; no entanto, esquecemos repetidamente e, em vez disso, continuamos a pensar sobre o que alguém disse ou fez. Por esse motivo, não é suficiente ter felicidade. Também precisa haver poder espiritual. Poder não se refere apenas ao corpo, é da mente também. Para permanecer feliz no mundo de hoje, tanto o poder de tolerar como o de enfrentar são necessários. Mas quem é a Autoridade Todo Poderosa que pode nos

“Para permanecer feliz no mundo de hoje, tanto o poder de tolerar como o de enfrentar são necessários. Mas quem é a Autoridade Todo Poderosa que pode nos preencher com tal poder? Essa é a verdadeira questão” 36


preencher com tal poder? Essa é a verdadeira questão. Apenas o Supremo é chamado de Todo Poderoso. Os seres humanos podem ser poderosos, mas apenas o Único Supremo é o Todo Poderoso. Somente Dele conseguiremos tal força. Nós mesmos não conseguimos remover as causas de nossa perda de felicidade. Tornamo-nos muito fracos. A mente tem que estar conectada a Deus, porque é assim que a mente pode receber a força necessária para lidar com todas os seus desafios. Esse é o propósito da meditação.

Meditação significa conectar a mente a Deus. No entanto, também precisamos entender o que é a mente antes de podermos conecta-la a Deus. Essa conexão requer uma boa mente. Existem muitas opiniões sobre a natureza de Deus. Por exemplo, na religião hindu, acredita-se que o Supremo esteja além de nome é forma. No entanto, por outro lado, diz-se que Deus está em toda parte, em todas as partículas. Quem é o Supremo, na verdade? Precisamos entender isso para que a conexão possa ser feita. * edição 14 / ano 04

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OM ESTILO DE VIDA * por Katia Roel

A inesquecível Dadi Gulzar Tive a oportunidade de assistir a muitas aulas com Dadi Gulzar. A aula em si era uma experiência única. Lembro-me de uma, em especial, em que ela dizia que deveríamos ser sempre felizes e ela realmente conseguiu nos convencer pelo próprio exemplo. Não há margem para infelicidade se nos lembrarmos desses pontos. Em 2005, Dadi Gulzar esteve no Brasil. Veio acompanhada de sua assistente Neelu, que só falava hindi e uma tradutora da assistente, sis38


ter Uma, que reside nos Estados Unidos. Eu era a ajudante delas em tudo que se referisse a alimentação e outros cuidados com Dadi. Foi uma experiência adorável ver como Dadi simplesmente fluía com o que era decidido pela assistente. Em um dos dia durante sua visita, vimos no passaporte de Dadi, que era aniversário dela. Então, eu disse a ela: “Dadi, hoje é seu aniversário! Feliz aniversário! Vamos celebrar com um grande bolo no retiro que teremos em Serra Negra”. Naquele momento, ela pediu uma lata de doces (tolis), e, aproximando-se de cada uma que estava na casa, dava-lhe um toli e um drishti (olhar amoroso – que, na cultura BK, em alguns momentos funciona como um cumprimento, um abraço sutil). Comentei com ela: “Mas é o seu aniversário, e é você quem nos dá doces e esse carinho sutil?”. Foi realmente inspiradora essa convivência com Dadi e suas assistentes! Arrisco-me a dizer que foi a visita mais inspiradora que tivemos; na minha interpretação, é claro. Para mim, foi uma oportunidade maravilhosa de vivenciar uma proximidade que normalmente não temos quando vamos a Madhuban, em razão do número de pessoas a quem elas têm de dar atenção lá, bem edição 14 / ano 04

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OM ESTILO DE VIDA * por Katia Roel

como da distância existente quanto à cultura e ao idioma. A assistente de Dadi me incumbiu de, sempre que fosse a Madhuban, levar uns saquinhos usados para os docinhos que temos aqui. Um tipo que ela só tinha visto aqui. Havia gostado muito e sempre que eu ia, levava comigo 40

uma boa quantidade deles. Em uma dessas vezes, acho que em 2012, ao entregar os saquinhos, encontrei rapidamente com Dadi Gulzar e contei a ela que normalmente minha mãe sempre ficava preocupada e receosa com relação às minhas idas à Índia, mas que, daquela vez, minha mãe havia enviado lembranças


às Dadis. Ela me deu um olhar tão amoroso! E pegou dois docinhos, colocou-os na minha mão e disse: “Leve para sua mãe”. Em 2015, em um acaso maravilhoso, tive oportunidade de encontrá-la de forma próxima em Madhuban. Essa foto em que estou muito atenta tentando entender o que ela dizia, por intermédio do tradutor, brother Sandeep, mostra um encontro lindo. De

poucos minutos, mas o suficiente para me preencher de uma energia tão benevolente! Certa vez, vi alguém dedicar uma música a ela e eu validei completamente a homenagem. A música era: Unforgetable de Nat King Cole. Sim, inesquecível! Isso é que é você, Dadi Gulzarji! Obrigada, Dadi, por ser tão grande exemplo de tudo que nos ensinou. Om shanti! *

Katia Roel, formação em ciências contábeis, coordenadora da Editora Brahma Kumaris e professora de meditação Raja Yoga em Serra Negra-SP.

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OM ATITUDE * por Patrícia Carvalho

DADI GULZAR A Jóia Incógnita

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Ter a incumbência de escrever sobre Dadi Gulzar em poucas linhas é como deparar-se de frente para o oceano, infindável, secreto e ter que extrair algumas poucas pérolas que possam descrever sua profundidade inteira, dando para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de estar de frente para o oceano a capacidade de experimentá-lo, como se estivessem lá. De todas as lindas memórias que coleciono com tanto carinho, ao longo dessa jornada de 30 anos junto da Brahma Kumaris, nesse caminho sem volta em direção à minha verdade e plenitude, uma das mais especiais, daquelas que nunca se apagam, não importa quantos anos tenham se passado, é a lembrança de um encontro de olhares. Ainda guardando nas feições a presença de Deus, o olhar de Dadi Gulzar tinha esse poder de penetrar nesse lugar secreto da alma, ao qual somente Deus tem

acesso, e despertar a divindade, em um segundo de profundo encontro de almas e autorrealização. “I like you” foi o que ela me disse numa dessas ocasiões únicas, e durante os últimos anos essa tem sido uma das motivações para que eu continue a descobrir tudo que ela viu e que eu ainda não consigo enxergar e nem expressar. Definitivamente Dadi era capaz de ver muito além, no tempo, no espaço, ver a eternidade da alma. Na personalidade de Dadi Gulzar cabiam todos os paradoxos. Se por um lado irradiava a pureza, a inocência e a curiosidade de uma criança, por outro lado tinha essa aura de realeza, como se fosse um Imperador, altivo, maduro, experiente. Sua simples presença inspirava confiança, segurança e reconhecimento. Por um lado era a imagem do desapego, mas por outro lado seu amor e aceitação incluíam todos, com cuidado edição 14 / ano 04

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OM ATITUDE * por Patrícia Carvalho

e atenção. Até o último momento o amor esteve disponível em seu coração. Ao mesmo tempo em que era incógnita, era o elo que mantinha todos conectados, e que conectava o mundo da fala com o mundo de silêncio. Ela entendia todos os segredos e sua serenidade era uma janela para todos esses significados que somente alguém que é tão próximo de Deus pode 44

entender. Simplesmente porque eles residem no silêncio, além das palavras. Seu brilho era divino, radiante e atraía a todos com seu olhar que sempre via além. Sua entrega será um marco para todos nós. Como ela se entregava profundamente à vontade de Deus. Seu tempo, seu corpo, sua mente, seus sentidos. Desaparecia na Sua Presença, e por isso


será reconhecida ao longo dos séculos, na forma de diversos memoriais, pela sua humildade absoluta. A tal ponto que muitos a confundiam com deus. Dadi também era a imagem do masculino/feminino, da alma que vai além de gênero. Um ser andrógino, de uma beleza sobre humana, misteriosa, profunda, sutil, a complementariedade perfeita entre as qualidades masculinas e femininas da alma. Vishnu, em sua presença altiva e equilibrada, Parvati, aquela que ouvia a história de imortalidade em silêncio absoluto, Durga, a “deusa suprema”, requintadamente bela, extremamente brilhante, reconhecida como “a inacessível”, ou “a invencível”. Dadi não tinha a desenvoltura física, não se via Dadi dançando, seus movimentos eram tímidos, mas envolventes. Era tão claro que suas experiências extraordinárias não eram baseadas no cor-

po, que sua dança era com Deus, na intimidade do seu ser. Para todos aqueles que a conheceram um pouquinho e que tinham a sensação de a conhecerem tão bem, fica a certeza de que a alma está livre de tudo aquilo que limitava a sua experiência, pois, mesmo no corpo, há muitos anos ela, permanecia entretida além do drama da vida, numa dimensão de luz, de silêncio. *

Patrícia Carvalho pratica meditação Raja Yoga na Brahma Kumaris há 30 anos, e teve inúmeros encontros inesquecíveis com Dadi Gulzar.

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OM SABEDORIA * por Dadi Gulzar

Algumas palavras de sabedoria de Dadi Gulzar As negatividades não podem vir a uma mente ocupada. Então, mantenham sua mente ocupada. Criem, a cada manhã, uma agenda para a sua mente. Enquanto tomando café, identifique o que você deseja contemplar e o que quer sentir naquele dia: “Agora, 46

eu pensarei sobre isso, e naquele outro momento, sentirei aquilo.” Assim como vocês fazem uma agenda das suas atividades, do mesmo modo, criem um plano para a sua mente. No fim do dia, verifiquem se vocês cumpriram as metas que


estabeleceram de manhã para o seu autoprogresso. Quanto eu realmente segui até o fim? Quão bem eu lidei com quaisquer obstáculos que surgiram? Quando situações desafiadoras emergem, foque sua energia em checar-se, de modo que você fique ciente do que está se passando internamente. Se você não tiver tempo para fazer isso, então faça a sua checagem sempre que parar para beber água. Não há uma lista longa de coisas a checar. Simplesmente verifiquem “Eu estou estável na minha autoestima ou não?”

Se quaisquer pensamentos negativos começarem a surgir, mudem o negativo em positivo. Assim como uma linda rosa fragrante cresce na lama, do mesmo modo, quando algo acontecer, tire algo de bom do que é ruim. Abandone o negativo e volte sua atenção em direção ao positivo. Criem esse hábito agora. Quando há um problema na sua vida, torne-se como uma criança pequena, pense sobre Deus como sua Mãe e entregue o problema a Ele. Aprenda como dar a Deus o que você não quer mais. E lembre-se de que tudo o que você der para Deus não pertencerá mais a você. * edição 14 / ano 04

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OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

DADI GULZAR, UM ANJO SILENCIOSO Quando fui a primeira vez à sede internacional da Brahma Kumaris, em 1995, um dos meus objetivos era conhecer pessoalmente as Dadis (as yoguines originais que fundaram a instituição com Brahma Baba). Tive o privilégio de ter aulas, encontros e piqueniques com as principais Dadis e apreciar as virtudes e o conhecimento espiritual de todas. Contudo, a que mais me causou impacto espiritual foi Dadi Gulzar. Sua presença me inspirava a ser silencioso, 48

como se ela fosse uma “deusa do silêncio”, um anjo de paz, uma yoguine em constante harmonia com Deus. Suas aulas profundas e didáticas me ensinaram que o conhecimento espiritual é simples e fácil quando posto em prática. Seu olhar espiritual (drishti) parecia cuidar de todos como irmãos e irmãs; suas aulas eram um misto de amor de mãe e cuidado de professora. Encontrei-me com ela dezenas de vezes na Índia e uma vez no Brasil. A cada encontro com


Dadi, fortalecia em mim essa imagem de um ser humano próximo de Deus, divinizada, que me inspirava a meditar, silenciar, diminuir a afeição pelas coisas do mundo. Tenho e terei comigo sempre Dadi como uma expressão de felicidade silenciosa, de paz desapegada, de sorriso amoroso, de olhar que leva qualquer um além das referências físicas. Dadi foi minha professora e continuará a me inspirar a meditar, a silenciar, a falar pouco e a desapegar-me. *

Paulo Sergio Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE.

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OM DOÇURA * por Rosângela Palmeira

Nossa querida Dadi

Ao me encontrar com a Dadi Gulzar eu experimentava uma alegria doce. Ao receber o seu sorriso meu coração se alegrava e surgia o sentimento de estar sendo presenteada por Deus. A presença de Dadi Gulzar era sempre suave, silenciosa e humilde. Sua face era despreocupada, o seu olhar era desapegado e amoroso, sua mente pertencia a Deus. Uma alma refinada que em silêncio me ensinou muitas coisas, principalmente que a grandeza de uma alma se revela naturalmente através das suas vibrações puras. *

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“A presença de Dadi Gulzar era sempre suave, silenciosa e humilde” Rosângela Palmeira é contadora, pratica meditação há 23 anos e na Brahma Kumaris atua como professora de meditação Raja Yoga.

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ENTREVISTA OM *

Perguntas e respostas com Dadi Gulzar [01] Como podemos acabar com o ego? O ego é muito complicado. Especialmente o ego sútil de pensar que meu intelecto é mais inteligente do que o dos outros, meu serviço é mais importante ou qualquer reunião menor da qual eu faço parte é o melhor. O ego surge com muita facilidade. O ego é expresso através da consciência do corpo ou da arrogância do corpo. A consciência corporal é quando a consciência é moldada pelo corpo: nossa altura, peso, condição, posição e todas as outras coisas físicas. A essa altura, a alma está profundamente programada para a consciência do corpo, embora isso nos tenha limitado e nos tenha derrubado. 52


A arrogância do corpo é quando penso que meu intelecto é bom e que o modo como penso e como prefiro fazer as coisas é certo e bom. Em certo sentido, a arrogância do corpo é um estado mais perigoso do ego. É o ego do “eu”, o que significa que você sempre pensa que é o seu intelecto que funciona direito; você é quem pensa do jeito certo, seus planos são os certos e todos devem concordar com você. Esse tipo de pensamento cria a maior quantidade de desperdício, porque, na maior parte, tais pensamentos simplesmente criam muitos sentimentos falsos e ilusão. Cada situação desafiadora é a oportunidade de resolver este “eu” e “meu”. Sabemos o que acontece quando o limitado “meu” governa. Treinar-nos a pensar que apenas Deus é “meu” é um bom passo na direção certa, mas além disso, é para nos treinarmos para ter a consciência de ser um instrumento de Deus em tudo o que fazemos. [02] Por que perdemos nossa felicidade de novo e de novo? A felicidade é perdida quando nossos desejos não são satisfeitos, ou somos culpados, acusados ou insultados, e começamos a nos sentir magoados, com dor. É por isso que é tão importante praticaredição 14 / ano 04

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ENTREVISTA OM *

mos ser observadores desapegados, imparciais. Não pense sobre o passado; em vez disso pense sobre o que você pode mudar para que o futuro possa ser diferente. Ache uma solução! [03] Dadi, você poderia nos ajudar a entender melhor a Deus? Como conhecê-Lo, como Ele realmente é e como experimentar o tipo de relacionamento que Ele quer de nós? O que você vê quando olha pra Ele? Assim como todos nós temos um lar aqui neste mundo, há um Lar para Deus acima. Este mundo, aqui, está rodeado de céu, espaço e ar ao redor. O Lar de Deus é diferente; está além do alcance dos cinco elementos da matéria. É feito do elemento de luz. Originalmente o lar de Deus é o nosso lar também. Então, adotamos corpos e entramos nesse mundo físico da matéria. Quando tenho uma visão de Deus, vejo Deus naquele mundo de luz. Há luz em toda parte e dentro desse mundo de luz está Deus, um ponto de luz. Eu também vejo outras almas, pontos de luz, nesse mundo de luz. Essa experiência, o encontro do eu (a alma, o ponto de luz) com o Supremo Ponto de Luz, todos podemos ter. Isso é chamado de yoga. 54


Talvez você não tenha visto isso em uma visão, o que é bom. No entanto, você tem a compreensão de quem você é e de quem é Deus, e assim, através do yoga, esse encontro pode ser experimentado. Há poucas pessoas que foram abençoadas por Deus com o dom da visão divina ou do transe, mas as visões vêm e depois desaparecem. No entanto, a percepção divina (ser capaz de ver Deus através de sua compreensão e experiência) é um presente para todos os filhos de Deus e dura para sempre. É um estágio que pode ser experimentado em todos os momentos, pelo tempo que você quiser. Isso é chamado de reconhecer Deus. Com o seu olho da experiência, seu olho interior, você viu Deus e experimentou Deus. Você conhece Deus. *

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MEDITAÇÃO NA COMPANHIA DE DADI GULZAR

Vídeo produzido por Brigitte Fohanno. Clique no ícone acima para acompanhar a meditação.

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Mais um pouco de Dadi... Clique no ícone ao lado para ouvir e ver a Dadi falando “om shati”

Clique no ícone ao lado para ver o drishti de Dadi

Clique no ícone ao lado para ver e ouvir um tributo a Dadi


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