OM LINE MAGAZINE - EDIÇÃO 04

Page 1


Eu soul

Sou um ser de paz uma estrela imortal eu sou Sou um ser de luz energia pura eu sou No silêncio eu sou energia consciente Uma semente de amor de paz pureza Anima em essência Atma em verdade É o que soul Guardo em minha mente pensamentos sentimentos bons E nas decisões o intelecto lá está Guardo na memória o registro das ações Meus talentos impressões meus valores

Música do Grupo Viratrupe (formado por alunos e professores da Brahma Kumaris Brasil) Clique no ícone a cima para ouvir a música


*

EDITORIAL *

Durante muito tempo alimentamos a ilusão de que a solução dos nossos problemas estava do lado de fora: dinheiro, pessoas, lugares, posição, etc. Apostamos tantas fichas em miragens, colecionamos esperanças e decepções. Essa busca incessante produziu cansaço e desalento. Parece que finalmente estamos nos dando conta de que a solução não está do lado de fora, e sim do lado de dentro. E a meditação é uma excelente ferramenta de autoconhecimento e restauração do poder original do ser. E um ser equilibrado constrói uma vida feliz, mesmo diante dos desafios! Na Brahma Kumaris praticamos a meditação Raja Yoga, que pode ser livremente traduzida como Conexão com o Supremo. É um tipo de meditação muito simples porém extremamente eficaz. Não exige posturas físicas complicadas nem práticas exóticas, mas reequilibra e restaura as forças do ser de uma forma surpreendente. Nesta edição temos uma coleção de dicas, insights e experiências de alguns dos muito especiais praticantes de meditação Raja Yoga, com destaque para os textos de Anthony Strano, Ken O’Donnell e Luciana Ferraz. Muito inspiradores! Tanto a edição passada quanto esta estão bem longas, pedimos perdão por isso, mas simplesmente não conseguimos decidir o que cortar! Então está tudo aí, na íntegra! Ficaremos atentos para que as próximas edições sejam mais enxutas. A equipe Om Line amou preparar esta edição da revista! Esperamos que vocês também apreciem. Bem vindos ao maravilhoso universo da meditação Raja Yoga! Equipe Om Line Magazine


*

SUMÁRIO *

32. CAPA Meditação dos sentidos Paulo Sergio Barros

4


8. OM PROTEÇÃO

48. OM PENSE VERDE

Cuidando do nosso mundo Ken O’Donnell

Na trilha da meditação Sandra Smith

16. OM ATITUDE

54. ESPAÇO OM

Pensamento oriental para mente ocidental Anthony Strano

Conheça os 8 “Rs” da meditação

20. FALA OM

62. OM MEDITAÇÃO

Os 4 passos da meditação Luciana Ferraz

Meditação para uma vida feliz Cesar Gomes

24. OM PENSAMENTOS

66. OM DROPS DE SABEDORIA

Quem medita? Mara Gurjão

Viver e Meditar: Novo canal no Youtube Ken O’Donnell

38. OM COM O MUNDO

68. OM COMIDA PURA

Meditando no trabalho Ramon Almeida

Um doce para o Mais Doce Ana Paula Paixão

44. OM ESTILO DE VIDA

70. MEDITAÇÕES OM LINE

Meditação: uma viagem ao seu próprio interior Soraya Pessino

O doce silêncio Luciana Ferraz

edição 04 / ano 01

5


*

ESPAÇO DO LEITOR *

A linha editorial de abordar a natureza, por meio de seus diversos aspectos, me proporcionou um momento mágico de aprendizado, reflexão, vontade de agir e compartilhar. Uma benção! Gratidão a vocês por essa dádiva! Ideia fantástica, universal e prática numa era digital. Mais um ponto de reflexão facilitado. Sucesso total!

Marcelo Mattos Lomelino (sobre a 3ª edição)

Gal Rosa (via Facebook)

Material de excelente qualidade, tanto no que se refere à criatividade gráfica quanto ao conteúdo abordado.

Andreia Reis (via Facebook)

6


EXPEDIENTE Editora: Goreth Dunningham

OM SHANTI!

Design e diagramação: Felipe Arcoverde Revisão: Brenda Gomes Site: Ricardo Skaf Colaboração: Ana Paula Paixão Ilustrações: Freepik.com

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, através do Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/revistaomline Instagram.com/revistaomline www.brahmakumaris.org.br/revista

edição 04 / ano 01

7


*

OM PROTEÇÃO * por Ken O’Donnell

CUIDANDO

DO NOSSO MUNDO

Texto inicialmente preparado para a Iniciativa Ambiental da Brahma Kumaris www.eco.brahmakumaris.org

8


O planeta Terra é um sistema fechado. Não há entradas físicas de fora da nossa biosfera. Não há lugar algum de destino para todo o “produto” proveniente da vida neste planeta, exceto a própria biosfera. A proporção da espessura da nossa atmosfera em relação à Terra é a mesma que a casca de uma maçã em relação à maçã - em outras palavras: extremamente fina e limitada. Muitos poucos percebem que não há novo ar ou nova água. Não há um incrível “criador de atmosfera”. Nenhuma nova explosão de hidrogênio na presença de oxigênio para produzir H2O. O que temos é tudo o que existe e será. Nossa atmosfera é como uma grande banheira. Há as inumeráveis “torneiras” que despejam todo tipo de substâncias neste banho, provenientes de atividades em nosso planeta, com uma grande contribuição de atividades de inspiração humana. O único “dreno” prático

é o processo de fotossíntese, que requer clorofila suficiente em plantas suficientes (incluindo algas) e árvores para fazer o trabalho. Se a entrada das torneiras for menor que a capacidade da natureza verde de fazer seu trabalho, continuaremos a ter um ar relativamente limpo. Se for maior, estamos com sérios problemas - especialmente se forçarmos a disponibilização de tantas substâncias tóxicas para este banho, ao mesmo tempo em que cortamos as florestas. Este é o X da questão do dilema ecológico / econômico que temos enfrentado cada vez mais nos últimos cinquenta anos. edição 04 / ano 01

9


*

OM PROTEÇÃO * por Ken O’Donnell

Durante a maior parte da história dos seres humanos neste planeta, sempre havia outro lugar para ir. Se as coisas ficassem difíceis devido a doença, fome ou guerra, poderíamos sempre encontrar outro lugar habitável além do horizonte. Nós a tomaríamos por posse ou invasão e todos aqueles denominados como seres “inferiores” teriam que conviver com isto. Nossa ideia do planeta como uma pérola solitária azul, branca, verde e marrom zunindo através do espaço vazio realmente só nos ocorreu, comparativamente, recentemente. Quando os satélites foram capazes de tirar fotos coloridas do planeta Terra e enviá-las de volta para nós. Sua beleza frágil inspirou muitos a ter mais cuidado com ela. Agora, no entanto, não há praticamente nenhum outro lugar para ir, não apenas por causa das restrições de imigração que prevalecem 10

neste mundo politicamente instável. Fronteiras estão fechando enquanto cada nação mantém a bandeira do interesse próprio. Não há praticamente novos lugares. Somos jogados sobre nós mesmos para testar nossa engenhosidade para resolver dois problemas básicos: • Será que podemos projetar sistemas que diminuam o despejo tóxico na atmosfera? • Será que podemos ajudar as árvores e as plantas a melhorarem o seu trabalho? Muitos indivíduos e organizações estão fazendo o seu melhor para nos resgatar destes extremos. A Brahma Kumaris, no entanto, vem explorando a seguinte questão desde sua criação na década de 1930: • Será que podemos mudar a maneira como pensamos e agimos para que possamos garantir o futuro de nosso planeta e de nós mesmos?


Este artigo, em suas 3 partes, trata da conexão entre uma mudança em nossa consciência e seu efeito em nossos mundos pessoal e coletivo. Mudança de paradigma em relação à Natureza Uma tarde numa praia deserta. Um pôr do sol visto de uma montanha majestosa. Um passeio em uma floresta virgem. Quem não sentiria um senso de identificação com a beleza da natureza? A dicotomia para aqueles que são residentes das grandes metrópoles, é que os fins de semana e férias nos nossos refúgios favoritos terminam e somos lançados de volta aos nossos postos de trabalho de onde contemplamos a “Natureza” como


*

OM PROTEÇÃO * por Ken O’Donnell

algo longe do barulho e do caos à nossa volta. Muitos de nós apenas permanecem nesse nível um tanto melancólico e desconectado, sonhando com a próxima oportunidade de voltar a isso. Percebemos a natureza romanticamente como uma espécie de utopia que contrasta com a distopia dos aglomerados urbanos e seu materialismo frenético. A imagem do “nobre selvagem” retratada por Jean-Jacques Rousseau, vivendo harmoniosamente com a natureza, livre dos “males” do egoísmo, inspira muitos fundamentalistas ambientais até hoje.


Por outro lado, a visão antropocêntrica e, infelizmente, ainda muito atual, é que o homem, sendo o principal componente da criação, tem o direito de explorar ad infinitum os recursos naturais do planeta, que foram predestinados a ele por algum decreto divino. Mesmo assim, não podemos negar que outras espécies também têm seu próprio lugar. Há mais micróbios em um centímetro cúbico de solo do que os seres humanos em toda a história. Apenas recentemente, começamos a questionar essas duas posições extremas para encontrar o ponto de equilíbrio. Empresários, políticos, cientistas e cidadãos comuns tentam fazer uma ponte entre a preservação da beleza inerente do frágil planeta azul e o uso racional de seus recursos. A dificuldade, no entanto, é que a própria dialética desses dois extremos, que refletem nossa po-

sição em relação à natureza, está equivocada. Não é uma questão de “o Homem versus a Natureza” ou que ele vem lutando com ela por um longo tempo e agora tem que se vestir com outra mentalidade a fim de “salvá-la”. Até nossos corpos são feitos dos mesmos elementos; é o mesmo ar, água e alimento que sustentam cada uma das moléculas do corpo. As cidades também são apenas a Natureza transformada - as rochas que se tornaram cimento e aço, as árvores que foram convertidas em vigas, pisos e móveis, as florestas antigas acabaram como petróleo e depois como plástico. A natureza não é algo que começa onde as cidades terminam. É tudo o que podemos ver, tocar e sentir. Vale a pena refletir sobre as implicações da física quântica em nossa visão de mundo. Há mais de 80 anos atrás, ela abandonou a divisão entre observador (tiedição 04 / ano 01

13


*

OM PROTEÇÃO * por Ken O’Donnell

picamente um ser humano) e o observado (tipicamente matéria inanimada). Ambos formam um todo. Um influencia o outro. Evidentemente, isso não se refere apenas à Matéria, mas ao que fazemos com ela na construção de uma sociedade. Isso não significa que as entidades conscientes chamadas almas sejam matéria, mas juntas formam todas as situações que compõem nossa realidade aqui. Enquanto continuarmos a ver a Natureza como algo separado, um sujeito passivo como um paciente inconsciente em uma mesa de operação, não vamos entender a profundidade da inter-relação e interdependência entre nós e nosso planeta que tem sido um casamento de longa data, que ficou azedo. A dança entre o observador e o observado implica que os problemas externos na natureza e, portanto, na sociedade, são as 14

manifestações da contaminação e da confusão que reinam dentro de nós. Eles são inseparáveis. A famosa frase de Einstein é importante aqui - “Não podemos resolver nossos problemas com o mesmo pensamento que usamos quando os criamos”. O manual, World Resources (N.T. – ‘Recursos do Mundo’, em tradução livre), uma coprodução do Programa Ambiental da ONU, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Banco Mundial e o WRI – World Resources Institute (Instituto Mundial de Recursos), colocou isso muito claramente: “Nosso conhecimento dos ecossistemas aumentou dramaticamente, mas simplesmente não acompanhou nossa capacidade de alterá-los. Podemos continuar a alterar cegamente os ecossistemas da Terra, ou podemos aprender a usá-los de forma mais sustentável”.


Nossa capacidade de mudar os ecossistemas é proporcional à nossa capacidade de mudar nossa própria consciência. Nosso verdadeiro trabalho vai muito além da discussão de custo-benefício de programas ambientais. Também vai além da discussão sobre as necessidades de outros seres vivos ou o debate sobre o que o desenvolvimento sustentável realmente significa. Em 2008, o mundo atingiu um marco histórico. Pela primeira vez, mais da metade da população humana, 3,3 bilhões de pessoas viviam em áreas urbanas - muitas delas sonhando nostalgicamente com a natureza que existia em um estado mais primitivo e esquecendo que fazem parte dela. Destruir a natureza é destruir a nós mesmos - literalmente. O ponto de partida óbvio para considerar a mudança é entender todo o conjunto. *

Na próxima edição, falarei da importância de cuidarmos de todas as nossas “casas”, do grego ‘oikos’; também, sobre a qualidade da energia espiritual que somos, bem como sobre a interação entre o ser e o meio ambiente. Até lá!

Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há 43 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador para a América do Sul da Brahma Kumaris.

edição 04 / ano 01

15


*

OM ATITUDE * por Anthony Strano

Pensamento Oriental

para

16


Hoje em dia, a maioria das pessoas no Ocidente que deseja aprender como meditar o faz porque quer relaxar. Em um mundo de demandas constantes, no qual tudo parece acontecer na velocidade de um relâmpago, as pessoas querem aprender a técnica de se liberarem de uma série de tensões que elas encaram, encontrar uma calma interior para trazer equilíbrio às suas vidas e manter um estado de espírito positivo. No Oriente, a meditação é uma tradição antiga que envolve bem mais do que relaxar e ser positivo; ela é a forma de iluminar a mente. Uma mente iluminada é preenchida de paz, claridade e gentileza. A claridade capacita o indivíduo a tomar decisões, quer sejam benevolentes e precisas para o eu, quer sejam para os outros; a gentileza protege o eu e os outros dos efeitos nocivos dos desejos negativos da mente. O objetivo da meditação é usar os valores da sabedoria, paz e gentileza a fim de capacitar o indivíduo a controlar a própria mente, mantendo-a em ordem. Todavia, até mesmo nos tempos antigos, considerava-se extremamente difícil controlar a mente. Dizia-se que ela era como o vento: edição 04 / ano 01

17


*

OM ATITUDE * por Anthony Strano

nunca se conseguia apanhá-la ou segurá-la - ela iria para onde desejasse e nenhum ser humano poderia se tornar seu senhor. Em outras instâncias, dizia-se que a mente era como um elefante: extremamente poderoso, mas igualmente gentil e paciente, capaz de fazer muitos trabalhos para o seu senhor. Contudo, quando um elefante fica selvagem, sua gentileza e paciência desaparecem por completo, e ele destrói e danifica tudo no seu caminho. Quando a mente está sob estresse, ela se assemelha a um elefante selvagem, não tem nenhum controle e não pode ser controlada por ninguém. Dominar a mente é considerada uma grande arte que requer tempo, atenção, prática e, acima de tudo, sinceridade do coração, quando os indivíduos verdadeiramente querem mudar as suas formas de pensar. Relaxar, ser positivo, pacífico e gentil requerem 18

uma mudança nos nossos padrões de pensamento e isso só pode acontecer quando olhamos profundamente para o nosso interior. Não importa o quão intensamente tentem, as outras pessoas não poderão nos mudar; devemos ter nossas próprias conscientização e vontade para fazer mudanças por meio de nosso próprio empenho. A mudança permanente e positiva não pode ser imposta pelo exterior; ela é algo que escolhemos. A meditação é a descoberta daquele ponto de silêncio no interior, como o ponteiro de uma bússola que nos guia na direção certa no momento certo. Tornar-se silencioso, estar imóvel num oceano de ações frenéticas e barulhentas é uma escolha que muitas pessoas estão fazendo agora. Quando isso é alcançado, essa imobilidade age na mente como oxigênio, dando ar ao entendimento e enriquecendo


a vida. Claro, a ação é uma necessidade, uma expressão de nós através do tempo, dos relacionamentos e dos papéis que desempenhamos. Entretanto, se de vez em quando não pararmos e ficarmos silenciosos por um tempo, a mente começará a sufocar, os pensamentos correrão como trens-bala e o cérebro se sentirá como se estivesse numa panela de pressão. As emoções entrarão em erupção e reagirão como vulcões, os olhos ficarão tontos de tanta informação e a cabeça se sentirá como uma montanha-russa. Isso é o estresse. A mente necessita vir à tona para tomar fôlego, deixar a selva de pressões, prazos e pressa e diminuir o ritmo para encontrar o ponto de silêncio interior. A meditação é o método para encontrar aquele ponto que recarrega a mente com paz, claridade e equilíbrio. *

Antony Strano foi escritor, palestrante internacional, professor de meditação pela Brahma Kumaris por quase 40 anos.


*

FALA OM * por Luciana Ferraz

Os quatro passos da meditação Procuro um local onde as distrações sejam as menores possíveis, sento-me confortavelmente numa cadeira, ou numa poltrona, ou no chão com as pernas cruzadas e uso os meus pensamentos embasados no conhecimento espiritual para desapegar-me do que está ao meu redor. A atenção no ritmo respiratório pode ser uma ajuda inicial para desligar-me dos ruídos externos, das necessidades físicas, dos meus compromissos de família ou trabalho. Dedico esse tempo ao meu autoconhecimento.

20


“Silêncio é o ponto de chegada e não de partida”

[01] Distanciamento temporário do corpo e mundo à minha volta: recolhimento Volto a minha atenção ao mundo interior como se estivesse viajando para dentro. Começo a olhar e explorar meu universo interno. Observo minha respiração, deixando que seu ritmo seja lento e compassado. Trago a atenção para o movimento de entrada e saída do ar. Posso visualizar que junto com o ar, estou inspirando luz e, ao expirar, estou colocando para fora todas as preocupações, impurezas e negatividades. edição 04 / ano 01

21


*

FALA OM * por Luciana Ferraz

[02] Concentração A prática de pensar de forma positiva e elevada ajuda-me a canalizar o fluxo mental antes esparramado na planície da mente, fazendo com que ele retorne seu curso em direção ao seu destino. Pensamentos comuns, inúteis ou desnecessários vão cedendo lugar a outros pensamentos sobre a minha natureza espiritual. Começo a criar imagens que ancorem esses pensamentos como a de ser uma estrela de luz pulsando no centro da testa, no ponto do terceiro olho, ou a imaginar o fluxo de energia interior como um raio laser direcionandose para o alto. Os sentimentos automaticamente acompanham esse procedimento e vão ficando calmos e serenos.

[03 ] Meditação propriamente dita Quando os pensamentos e sentimentos estão integrados, ao pensar que sou paz, experimento paz. Observo que o conflito tão comum entre a cabeça e o coração deixou de existir. Saber e querer se tornaram iguais. Harmonia e bem-estar prevalecem. A velocidade dos pensamentos diminui e cede lugar à experiência. Passo a vivenciar de forma natural que sou a alma e minhas qualidades inatas sem qualquer esforço. Simplesmente SOU. 22


[04] Silêncio Em muitas linhas de meditação descreve-se o ápice desse preenchimento espiritual como um estado de bem-aventurança, êxtase, graça, autorrealização, iluminação ou samadhi. O que o caracteriza é a experiência pura, o silêncio dos pensamentos, uma felicidade intensa, ao mesmo tempo serena, e a total clareza interior. É quando SABEMOS sem termos que raciocinar, pois estamos sintonizados na fonte de toda sabedoria. Nos sentimos ilimitados e em total integração com Deus e com o universo. Esse estado está ao alcance de todos nós, e não apenas de alguns poucos afortunados. No início, pode ser uma experiência fugaz, mas com a prática, perseverança e disciplina, torna-se mais presente e constante. Ela é fundamental, pois valida nossos esforços e nos impulsiona a continuarmos aprofundando-nos em nosso empenho espiritual.

“Silêncio é plenitude e não vazio”

Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK.

edição 04 / ano 01

23


*

OM PENSAMENTOS * por Mara Gurjão

Quem medita? 24


Tenho pensando muito em unidade. Em como tudo está conectado e como rompemos esta conexão analisando as partes individualmente na suposição de assim as conhecer e compreender melhor. Essa vem sendo a tendência prevalente desde que as coisas se tornaram aparentemente mais complexas. É essa a postura adotada inclusive pela ciência médica. Se estamos em uma consulta com um ortopedista e de repente comentamos que nossas pernas estão inchadas devido a problemas circulatórios, o mesmo diz: “Isso não é comigo. Procure um angiologista.” Ontem liguei para marcar uma consulta com um ortopedista, e o atendente me perguntou: “Para que parte do corpo?” Se você tem catarata, glaucoma e doença na córnea, fica confuso com que especialista marcar. Veja aonde chegamos. Criamos tanta expan-

são. Mas onde está a verdade? Onde estão as respostas? Na expansão ou na essência? E não seria essa essência a própria unidade? Estava em meio a essas reflexões quando recebi 3 solicitações: um vídeo sobre queimar o passado, refletir sobre dharna e escrever sobre meditação. Inicialmente pensei: “Ah, é muita coisa”. Depois veio o sentimento de sentir-se desafiada a encontrar o fio condutor capaz de alinhavar essas três ideias numa unidade. Hoje em Amrit Vela (a meditação que praticamos às 4h da manhã), todos os retalhos se uniram num bonito quadro, dando-me a certeza que tudo faz parte de um todo maior, dividido apenas por nossa percepção fragmentada das coisas. Então vejamos agora como ficou o quadro. Do ponto de vista da Meditação Raja Yoga, como praticada na Brahma Kumaris, meditar é pensar, refletir, lembrar. Sua melhor definiedição 04 / ano 01

25


*

OM PENSAMENTOS * por Mara Gurjão

ção estaria na palavra lembrança. Uma coisa essencial antes de começarmos a meditar é delinear a meta e objetivo de nossa meditação. Essa meta e objetivo devem estar de acordo, ter uma certa coerência com o tipo de experiência que queremos ter e com o resultado que queremos alcançar para nossas vidas. Até onde queremos ir. Com tantos tipos de meditação disponíveis no mercado, faz-se necessário clarear, para nós mesmos, nossos objetivos com a prática. Apesar do espectro amplo de metas e objetivos, há um fio condutor que penso, unifica essas metas e objetivos, que é definido pela resposta que damos a: “Quem Medita?” Sempre que faço essa pergunta aos alunos aqui em Belém, a resposta é a mesma: “EU.” Então pergunto: “Mas quem é esse EU? É o Pedro, o José, a Clarinha? Se o Pedro, o José, a Clarinha forem 26

meditar, sobre o que eles meditarão?” A resposta é: “Sobre suas coisas, sua vida, família, trabalho, preocupações…” Continuando nosso bate-papo, pergunto: “Ok. Quando algo não vai bem em sua vida, quando você está com muita raiva de alguém, quanto tempo (dias, semanas) você permanece com esse assunto em sua mente, meditando sobre ele?” Eles apenas riem… Pergunto: “Como vocês se sentem enquanto estão com suas mentes focadas, meditando sobre esses assuntos?” E a resposta é: “Angustiado, ansioso, com medo, deprimido, com insônia, agitado...” Alguma identificação com eles ou essa é apenas uma peculiaridade das pessoas em Belém? Percebe-se então que o problema não é exatamente de desconcentração ou de falta de prática em meditar, como todos alegam. Mas se realmente há uma insatisfação em relação ao que vêm experi-


“ Uma coisa essencial antes de começarmos a meditar é delinear a meta e objetivo de nossa meditação. Essa meta e objetivo deve estar de acordo, ter uma certa coerência com o tipo de experiência que queremos ter e com o resultado que queremos alcançar para nossas vidas” edição 04 / ano 01

27


*

OM PENSAMENTOS * por Mara Gurjão

“A partir desse eu, dessa nova identidade, tudo mais se redefine. Uma nova consciência sobre si mesmo, uma nova identidade, padrões mentais, emocionais, visão, valores, comportamentos (dharna), tudo muda.” 28


mentando em suas vidas, faz-se necessário uma reeducação dessa mente que promova um novo padrão mental mais elevado e positivo. E para isso precisamos redefinir quem é esse EU que medita, afinal são os pensamentos que saem da sua mente que criam sua realidade. Essa é uma questão primordial para que nossa meditação seja realmente efetiva em promover as mudanças internas necessárias. Do ponto de vista da Brahma Kumaris, esse EU não é o Pedro, o José, a Clarinha, mas a consciência, a energia que dá vida a esses papéis sem a qual Pedro, José e Clarinha nem sequer existiriam. Essa energia é eterna, imutável e transcende esses papéis. É esse EU eterno, imutável, a Vida, a Consciência, a Alma quem medita. Assim como o Pedro, o José, a Clarinha estavam meditando sobre si mesmos, esse EU também medita sobre si mesmo, sobre sua essência

que é Paz, Felicidade, Amor, Verdade, Equilíbrio, Pureza e Poder. Esse EU traz de volta na sua lembrança seus atributos originais, aqueles que possuía antes de ter assumido qualquer papel nesse planeta. E esse é o primeiro foco da Meditação Raja Yoga – EU, a alma. Como energia que sou, EU, a Alma, resido em um universo além desse mundo físico, um mundo de luz, paz e silêncio…meu lar, onde estou lado a lado com meus irmãos e meu Pai/Mãe espirituais. Esse é o segundo foco da Meditação Raja Yoga - Meu Lar/Deus (Pai/Mãe) e meus irmãos. Afinal também me defino através da minha origem, das minhas relações, a que e a quem pertenço. A partir desse EU, dessa nova Identidade, tudo mais se redefine. Uma nova Consciência sobre si mesmo, uma nova identidade, padrões mentais, emocionais, visão, valores, comportamentos edição 04 / ano 01

29


*

OM PENSAMENTOS * por Mara Gurjão

(dharna), tudo muda. Novas relações são estabelecidas mais condizentes com esse novo perfil… até mesmo porque como almas, temos apenas dois tipos de relações: de filho em relação ao Pai/ Mãe (Deus) e de irmão em relação a todas as outras almas. À medida que me redefino, estabeleço uma nova identidade para mim, meu foco de atenção vai mudando mais e mais e as lembranças que afloram em minha memória são as melhores possíveis. Na Brahma Kumaris se diz que: “Quando você morre, tudo está morto para você”. E para mim Meditação tem tudo a ver com essa frase, uma morte em vida para que algo novo nasça. É dar-se a oportunidade desse retorno a sua verdade, origem, essência. E já que a Verdade nos liberta, ela permite voltarmos a nosso estado original de liberdade. É como dizer feliz ano novo de uma outra forma, plagiando a músi30

ca: “Adeus vida velha, feliz vida nova. Que tudo se realize na vida que vai nascer…” Só que para essa vida não desejamos dinheiro ou saúde, que são bens temporários e tangíveis, mas, como almas, o que queremos é um mundo novo, com novas relações, quer sejam elas com meu próprio corpo, com a natureza ou com os outros seres vivos. O que queremos é poder desfrutar dessa grande unidade universal traduzida pelo lema da revolução francesa: “Liberté, Egalité et Fraternité.” As pessoas procuram meditar por vários motivos: para conseguirem dormir, porque são ansiosas, depressivas, hiperativas, têm problemas de relacionamentos, querem relaxar, algumas acho que, até mesmo, para fugirem da realidade mesmo que seja por poucos minutos. Imagine uma cena onde um caçador está matando um mosquito com uma rajada de sua me-


tralhadora, o que você diria disso? Relaxar, ficar zen, fugir da realidade, dormir etc.. O que isso vai nos trazer, se continuamos a ser nós mesmos, interagindo a partir dos mesmos princípios e valores, criando as mesmas realidades, apenas garantindo nosso status quo e o do mundo ao continuar a reproduzir o que mais detestamos? Aonde isso vai nos levar? Fugir da realidade, nos dar bem, ter sempre justificativas para nossos comportamentos, erros, onde isso nos trouxe? O que queremos: usar paliativos ou curar a doença? Identificar a semente de nossos problemas, trabalhá-la, transmutá-la, deixar nosso passado ser passado e

construir um novo futuro para nós e para o mundo. Penso que essas sejam a meta e objetivo últimos da Meditação Raja Yoga. Foi com essa meta e esse objetivo que me aproximei da Brahma Kumaris e é essa mesma meta e esse objetivo que me mantêm aqui depois de 26 anos. E você, o que quer fazer de sua meditação? Até onde quer chegar com ela? Afinal existe hoje no mercado inúmeros tipos de meditação e você pode escolher aquela que mais se adeque a sua meta e objetivo nessa vida. Mas fica a reflexão desse velho provérbio: “Se você não mudar a direção, terminará exatamente onde partiu.” *

Mara Gurjão é odontóloga, pós-graduada em Saúde pública. Professora de Raja yoga e instrutora dos cursos de Qualidade de Vida da Brahma Kumaris há 25 anos. Coordenadora das atividades do Núcleo de Raja Yoga de Belém.

edição 04 / ano 01

31


*

CAPA * por Paulo Sergio Barros

Meditação dos sentidos Meditar traz sensações de leveza, paz e serenidade à mente. É uma espécie de poesia para os sentidos. Ela os educa, em um processo lento, sereno, paciente e tolerante de discernimento e julgamento que vão tornando nossas ações em sabedoria. O poeta Fernando Pessoa diz que “Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais”. A meditação pode transformar todos os nossos sentidos em 32

nobreza, em espiritualidade. Podemos, inclusive, em estado meditativo, irmos além de suas percepções. Sem a experiência da meditação nossos sentidos podem ser grosseiros, usados para nos dar prazeres egoístas, efêmeros e ilusórios.


MEDITAR NOS ENSINA A VER Com os dois olhos – duplo farol apontado para o mar, a terra, o ar, o céu; e com o olho da consciência – bola de cristal, estrela potente que nos faz enxergar o presente, o passado e o futuro. O duplo farol tem um campo de ação limitado e pode perder sua luminosidade. O farol da consciência é de visão múltipla, longo alcance, é meta visão. Refina-se com a luz da meditação, apura o brilho e percepção com o tempo e o silêncio. É olhar espiritual (drishthi) que vê, percebe, entende, sente, experimenta, torna-se... Na espiritualidade precisamos dos três faróis. Mas o farol da consciência, empoderado pela luz da meditação, pode conceder ao duplo farol, a magia de olhar como crianças, sábios, anjos. Ele alcança o nãovisível, percebe e reconhece o farol no meio da testa de cada um. Vai aonde o corpo/sentidos não podem ir:

voa,

encontra,

visualiza,

sente e relaciona-se... edição 04 / ano 01

33


*

CAPA * por Paulo Sergio Barros

MEDITAR NOS ENSINA A OUVIR Precisamos do silêncio para escutar profundamente o que é consciente e inconsciente, os sons presos e inaudíveis nos interstícios da nossa consciência. O silêncio é uma virtude seminal para ouvirmos a nós mesmos. Essa escuta profunda desenvolve em nós a habilidade de discernimento e de discriminação. Silenciar é ouvir nossos barulhos internos e, suavemente acalmá-los com as “palavras” da razão/intuição. Precisamos do silêncio para ouvir o outro, pois nos nossos ruídos não podemos compreender a mensagem alheia, seus desejos, sorrisos, omissões. O nosso tagarelar - sempre vazio de silêncio e atenção - é individualista, egocêntrico; não é conveniente, nem escuta real e respeitosamente. O silêncio nos ensina igualmente ouvir as demandas do nosso tempo: os anseios da humanidade, os clamores da natureza, os sentimentos das mentes, as dores dos corações que pedem:

paz,

respeito,

tolerância, 34

empatia e

boa convivência.


MEDITAR NOS ENSINA A IMPRESSIONAR O OLFATO COM OS ODORES E OS PRAZERES DAS COISAS SIMPLES, BELAS, FRAGRANTES E TORNÁ-LAS VIRTUDES O silêncio nos faz usar o olfato que, como todos os sentidos, deve estar sob nossa inspeção. Odores, como o cheiro do jasmim, da goiaba ou do café nos remetem ao passado, põe-nos no presente ou nos projeta para o futuro. Acessam desejos, expressam virtudes, tocam prazeres que se identificam com contentamento e simplicidade. Acessam a intuição, dão medo, asco etc. A meditação, no seu processo silencioso, minucioso, atento e apreciador atem-se aos odores e sensações do que é belo e do que é vício no ser e transforma tudo em virtude:

fé, tolerância,

esperançacomunhão. e edição 04 / ano 01

35


*

CAPA * por Paulo Sergio Barros

MEDITAR NOS ENSINA SOBRE A ARTE E OS RISCOS DO MAIS EXPLÍCITO DOS SENTIDOS: O TATO Se o tato é razão, conhecimento, toque, percepção, virtude; é também ilusão, superficialidade, sensação/percepção grosseira. Não precisamos do toque para acessar a visão, o olfato, a audição. Podemos saudar alguém com expressão tátil: um aperto de mãos, um abraço... podemos igualmente expressar virtudes: respeito, amizade, diplomacia. Podemos fazer o mesmo com um olhar, um sorriso... pode ter a mesma significação, as mesmas virtudes, pode ir além e ser espiritual. O tato nos dá a sensação carinhosa do abraço amigo, da brisa e do carinho da água sobre nossa pele. Mas pode, se em demasia ou de forma inapropriada, causar atrito, dor, violência, maus entendimentos. A meditação nos ensina a usar o tato para:

aprender,

discernir, respeitar e desapegar-se.

36


MEDITAR NOS ENSINA A DECIFRAR A FUNÇÃO DIVERSA DO PALADAR Esse importante sentido que nos permite reconhecer e sentir os sabores e a textura dos alimentos e das coisas. A meditação sereniza o paladar, esse sentido também ligado ao deleite, à necessidade. Olfato e paladar estabelecem um diálogo estreito no assunto do prazer: é deleitoso o cheiro da goiaba, seu sabor tona o prazer maior. O paladar diferencia o doce e o amargo; aceita e rejeita. A meditação educa o paladar para o necessário, a função, a razão, para não se apegar ao sensorial. Espiritualizado, o paladar é:

aceitação, oferta e

compartilhar.

Quem medita tona-se um artesão dos sentidos, torna-os instrumentos para as ações e virtudes do ser, senhor e mestre que reconhece suas funções e lapida-os, desapega-se, sereniza-os. *

Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE. edição 04 / ano 01

37


*

OM COM O MUNDO * por Ramon Almeida

38


No sentido amplo e em qualquer segmento socioeconômico (entes públicos, empresas privadas ou entidades da sociedade civil), uma organização pode ser considerada como um grupo de pessoas que desenvolvem serviços ou produtos para o benefício de um grupo de pessoas. Para satisfação de todos é de se esperar do primeiro grupo (líderes, funcionários, empregados, colaboradores) um desempenho adequado com bons resultados para o segundo grupo (clientes, comunidades, sociedade). Nem sempre isso é observado, mas a conduta e o destino da organização dependem diretamente do comportamento e atitudes das pessoas que a constituem. Além disso, a intenção que sustenta a geração de benefícios pode oscilar, indo desde a expectativa de contrapartidas atraentes, até a simples satisfação por se perceber como instruedição 04 / ano 01

39


*

OM COM O MUNDO * por Ramon Almeida

mento de uma causa, na qual o cumprimento do papel já representa retorno adequado. Em qualquer hipótese sempre haverá relacionamentos - interpessoais e intrapessoal. Saber lidar com gente é básico nas boas relações, para o que é importante saber lidar consigo mesmo. A percepção e tratamento adequado de hábitos e crenças auxiliam na compreensão e cuidado com os referenciais e convicções alheias, inserindo a meditação e o autoconhecimento num contexto que amplia o sentido e a eficácia na realização do trabalho. 40


A capacidade de lidar com pessoas inclui qualidades como dedicação, integridade, honestidade, sinceridade, empatia, amor, respeito, compreensão, tolerância, dentre outras, demonstradas por aqueles que se esforçam, aprendem com as diferenças e ampliam a consciência. Nas interações durante a realização do trabalho são criadas oportunidade para doar aquisições e habilidades que são fortalecidas no instante da oferta e estabelecem o sentimento de confiança, indispensável para preservar o sucesso das tarefas em grupo. Se o êxito no trabalho está associado à habilidade de interagir com o próximo, é fundamental ter clareza sobre os processos internos do ser humano, com o que passa a ser viável o entendimento das práticas externas, inclusive das outras pessoas. Compreender a si mesmo e as relações com suporte na espiri-

tualidade são aspectos básicos que ajudam na extraordinária jornada da vida. O princípio do saber está na experiência, sem a qual tudo se limita a uma informação. Desde os primórdios, a humanidade busca saber para aceitar e a meditação traz a experiência de revolver a grandeza e valores que permanecem eternamente na alma. Meditar é uma experiência e a meditação Raja-Yoga é um método através do qual é possível compreender, por exemplo, “quem sou eu”, “Quem é Deus”, “como agir nas circunstâncias da existência” e tantas outras percepções espirituais que, em muito, esclarecem, impulsionam e dignificam o nosso percurso pelo mundo material. “Somos todos atores e um ator não pertence ao palco. Ele chega e faz o que precisa de acordo com o roteiro. Ele não se preocupa com o jeito que os outros edição 04 / ano 01

41


*

OM COM O MUNDO * por Ramon Almeida

atores estão atuando e nunca se opõe aos papéis deles. Há tanto desapego quando sabemos que estamos atuando em um drama. Quando somos desapegados, temos livre escolha. Quando somos apegados e excessivamente envolvidos, perdemos clareza. Mas, quando somos observadores desapegados, surge clareza que nos ajuda a tomar uma decisão. Portanto, procure treinar sua mente a olhar para os papéis – seu e dos outros – como um observador desapegado”, ensina o professor BK Prakash Talathi. Revolver o conhecimento espiritual com foco na experiência, apreciar o silêncio, conhecer a si mesmo e, assim, os companheiros de viagem, constituem condutas de imenso potencial para aumentar a inspiração e criatividade que ampliam a produtividade na execução das tarefas numa organização, gerando be42

nefício e satisfazendo quem age e quem é favorecido pela ação. A meditação e o trabalho, juntos, no conhecimento espiritual e na oportunidade de aplicar o que significa ser uma alma, favorecem a harmonia e o equilíbrio entre cuidado e desapego, liberdade e responsabilidade, empatia e respeito, amor e lei, com reflexos positivos para ambos. Meditar consiste em preencher a mente com virtudes inatas, essenciais. Resgatar e ser orientado pela conduta interior, recuperar o poder do silêncio para discernir com maior e melhor convicção, assumir as responsabilidades e cumpri-las com estabilidade, determinação e coragem. Meditar gera energia e força para agir com precisão. A prática da meditação dá suporte à produção de bons resultados no trabalho, alimentando o gratificante sentimento do dever bem cumprido, que se obtém


ao aproximar o preenchimento interior e o êxito exterior. É preciso estarmos certos de que o real e definitivo sentido da meditação e do sucesso está na disposição de trilhar a senda do bem, da verdade e da lembrança, para reencontrar e manter um relacionamento saudável com Deus e, assim, identificar e expressar o que há de melhor em cada um de nós, conduzidos pela plenitude original. Om Shanti. *

Ramon Almeida é diretor administrativo da Brahma Kumaris no Brasil.

edição 04 / ano 01

43


*

OM ESTILO DE VIDA * por Soraya Pessino

Meditação: O conceito de meditação pode sofrer variações de acordo com a religião, contexto histórico e percepção cultural. Não tendo a intenção de focar nessa discussão teórica, esse artigo usa, como referência, o dicionário Aurélio de língua portuguesa que afirma que meditar é sinônimo de pensar sobre algo. Refletir. Partindo desse conceito inicial, é possível ampliar da análise conceitual para os aspectos da sua funcionalidade prática. Se essa reflexão acontecer com efetiva concentração e silên44

cio, a meditação possibilita uma viagem ao seu próprio interior, estar inteiro no momento presente. Essa jornada de introspecção é algo como um redescobrimento pessoal. Mas qual o sentido de praticar isso no mundo contemporâneo? A correria cotidiana permite essas experiências? Os seres humanos não são estáticos, aliás no Universo nada é. A vida muda, e as transformações pessoais são naturais, constantes e necessárias. É possível morrer e renascer em vida. Assim como


umaseu própri viagemo iaonterior a lenda da Fênix, às vezes é preciso incendiar o que está velho para ressurgir mais forte. Nesse processo de combustão interior, é possível queimar os seus vícios, fortalecer as suas virtudes e, assim, com a mente estabilizada, estar com Deus. Por meio da meditação profunda, rítmica, e constante, é possível viver esse renascimento. Assim funciona o que pode-se chamar de fogo da Yoga! Da mesma forma que no mar, em que as águas superficiais são turbulentas e sofrem interferência do externo,

somente quando você mergulha mais profundamente as águas ficam calmas e o barulho cessa. Em silêncio interior, com concentração no momento presente, é possível então meditar. Esse mergulho em si próprio queima o seu apego, suas tristezas e viabiliza o cultivo de seus poderes. Você pode se enxergar como alma, e ficar frente a frente com sua essência espiritual. Momento de uma verdade única, ou da única verdade. Somente com essa consciênedição 04 / ano 01

45


*

OM ESTILO DE VIDA * por Soraya Pessino

cia é possível chegar a Deus, pois quando o homem cala e a mente serena, Deus fala. Parece simples e é. No entanto, é necessário que seja realizado de forma constante. Ao remover as “manchas” incorporadas pela vida corpórea, você limpa seu intelecto, recarrega suas virtudes divinas, amplia espaços para novas experiências e renasce por meio da conexão com sua essência genuína. Mas como colocar isso em prática? Basta parar, estabilizar, lembrar de nosso Pai Celestial, o resto é natural. A limpeza vai acontecendo de forma na46

tural. Essa purificação te permite o encontro com o que existe de belo em você. E, ao estar estável e consciente da sua grandeza como alma, a conexão com Deus flui e você se permite ser amado pelo Pai. Essa reconexão dupla, com você mesmo e com Deus, te traz autoconfiança e poder. Como a flor de lótus, que mantém sua pureza em ambientes lodosos, você estando forte, permanece inabalável diante do cenário externo. Muitas vezes o que acontece ao seu redor não pode ser mudado, mas você pode decidir como vai lidar com isso e se proteger para não ser afetado


Soraya Pessino, graduada em Relações Internacionais, Mestre em Interdisciplinaridade, praticante de meditação Raja Yoga na Brahma Kumaris.

pelo caos do mundo corpóreo. Por tudo isso, a meditação pode ser um caminho simples para lidar com cenários tão complexos como os da atualidade. Isso ajuda na tomada de decisões, redução da ansiedade, aceitação, criatividade, resiliência, entre tantas outras situações. Meditação é amor. Amor por si e por Deus. Com a vida inundada de amor, você passa a perceber mais as belezas naturais, a nutrir sentimentos bons, vibrar bons votos e deixar tudo seguir o fluxo sem (Pré) ocupações. Vive o “agora” com sabedoria. Ao desenvolver o ritmo da

meditação, você já sabe para onde ir, como se renovar e se encontrar com a paz que existe em seu interior. Já conhece o caminho de contato com Deus, e desenvolve diversos relacionamentos com Ele, tais como: pai, mãe, guru, professor. Com a lembrança Dele, você permanece, naturalmente, estável e feliz, sem medos ou ansiedades, pois sabe que não está só e que poderá lidar com as situações com sabedoria em todos os momentos. Em paralelo, recupera sua esperança em dias melhores, pois sabe que em terreno bom e fértil, sempre nascerão novas flores e bons frutos. * edição 04 / ano 01

47


*

OM PENSE VERDE * por Sandra Smith

48


A cada dia tenho a possibilidade de exercer meu livre arbítrio, esta dádiva concedida com a criação aos seres humanos, a fim de lhes permitir o retorno de suas ações e o mérito de suas conquistas. Todo amanhecer traz em si a esperança renovada de um novo começo e a possibilidade inerente de ser melhor. Então, a cada momento do dia posso escolher ser feliz, sendo um doador de bênçãos ou me esquecer da grandeza que me faz um filho herdeiro do Pai. A caminhada da vida é construída um passo após o outro. Há quem tenha medo de dar o primeiro passo, de seguir em frente. O desconhecido por vezes assusta, mas também nos desafia a cada instante. No momento de incertezas e instabilidade, a fé desempenha um papel essencial de tornar possível o impossível. A determinação

dos pensamentos positivos traz a mágica de fazer acontecer. A certeza de que o que aconteceu foi bom e o que está por vir será melhor ainda é a motivação que me faz ir adiante. Sem otimismo a vida perde a graça e parece não fazer muito sentido. Porem, a fé não pode ser cega, o que seria até mesmo uma contradição, uma vez que seu papel é nos fazer enxergar com o olho espiritual, ir além das aparências. Assim, para não correr o risco de cair no buraco de uma fé cega, acreditar deve se pautar na experiência, que nos indica a direção a tomar. Mais que crer para dar o primeiro passo, avançar diante das dificuldades requer propósito. Para isto é necessário ter um intelecto preenchido de entusiasmo, capaz de fazer uma leitura verdadeira de cada situação que se apresenta no caminho. edição 04 / ano 01

49


*

OM PENSE VERDE * por Sandra Smith

Ter clareza de que meu corpo é um templo, que abriga temporariamente o ser imortal que sou. A consciência de ser em essência uma alma traz a visão ilimitada, que me permite dar um salto alto a fim de transpor despenhadeiros e obstáculos. Saber de onde vim e pra onde vou é ter a bússola nas mãos, a indicar o rumo a tomar mesmo nas encruzilhadas mais difíceis. É ler o mapa das estrelas no céu, mesmo nas noites mais escuras. Não se perder no caminho, mas fazer de cada desafio um encontro consigo mesmo. Lembrar-se de Deus nesta caminhada é saber-se nunca estar só, é sentir-se amado incondicionalmente, ter passos seguros a seguir e uma mão amiga sempre estendida pra lhe apoiar. É preciso levar na bagagem o estritamente necessário para não se tornar pesado e cansar 50


“Cada dia pode ser percebido como mais uma etapa de uma trilha sem fim, repleta de recomeços”

no meio da trajetória. Leveza é essencial para acolher o novo, adaptar-se às surpresas, celebrar as conquistas e contemplar a beleza dos detalhes na caminhada. Cada dia pode ser percebido como mais uma etapa de uma trilha sem fim, repleta de recomeços. A meditação é o convite para uma percepção ilimitada desta viagem, através da qual abandonamos a identificação grosseira e limitada de que sou o papel que desempenho, status, posses, nome e títulos. No silêncio da meditação exercito ser um observador desapegado, sentado no trono do autorrespeito, de onde posso ir além da superficialidade das coisas e ouvir o que a Inteligência Maior tem a me orientar. Neste mergulho interior crio o ambiente necessário para reestabelecer minha conexão com o Ser Supremo, o doador de todos edição 04 / ano 01

51


*

OM PENSE VERDE * por Sandra Smith

os poderes, capaz de tornar meu intelecto fortalecido na escolha do melhor caminho a trilhar. Consciente de que sou um ser de luz, reflito minhas especialidades no mundo, estabelecendo relações harmoniosas e preenchidas de valor com os outros e a natureza, sendo capaz de transformar a atmosfera a minha volta. Compartilhar o ser original que sou, de paz, pureza e amor, é seguir a direção certa, abrir caminho para outros que queiram seguir nossas pegadas e semear flores para inspirar os que virão. Agora é um momento de convergência de sendas e o tempo nos chama para um encontro de almas, onde devemos espelhar nossas virtudes inatas uns nos outros para a transformação acontecer. Colocar-se como um instrumento divino nesta transição é se manter estável, sem aceitar elogio ou difamação, coope52

rando para a construção de um mundo melhor. A mudança se inicia por cada um de nós, cultivando a visão de ser incorpóreo, desapegando-se do ego e expressando as virtudes nas ações. A humildade é a grandeza da realeza. Ela nos torna um servidor incansável e um doador constante de bons votos e pensamentos puros para com todos, sendo indulgentes para com os erros e dispostos a perdoar sempre. Um coração honesto, livre de mágoas, ressentimentos e frustrações, estabelece uma conexão potente e segura com o Oceano de Conhecimento, tornando nosso intelecto limpo e capaz de perceber com clareza a verdade. Permanecer num estado meditativo é devolver a qualidade aos meus pensamentos, palavras e ações, reestabelecendo a pureza interior.


“Um coração honesto, livre de mágoas, ressentimentos e frustrações, estabelece uma conexão potente e segura com o Oceano de Conhecimento”

Através da meditação, fortalecemos nossa relação com o divino. O desafio é manter constantemente a qualidade desta ligação com o Único, em especial, nos momentos mais difíceis. Se a conexão estiver fraca, não desista. Dê um passo de coragem na certeza de que há uma mão invisível a lhe guiar de um Companheiro de viagem sempre pronto a dar um passo a mais ao seu lado. É simples, vale a pena tentar. Lembre-se de Deus e curta a trilha da vida meditando! *

Sandra Smith é advogada e praticante de meditação na Brahma Kumaris.

edição 04 / ano 01

53


*

ESPAÇO OM *

CONHEÇA OS 8 “Rs” DA MEDITAÇÃO Texto retirado do livro “Pensamento Oriental para mente ocidental” de Anthony Strano

[1] RETORNAR A meditação é a técnica de retornar às qualidades originais do eu: paz, pureza, amor, felicidade e sabedoria. Somente podemos fazer isso direcionando nossos pensamentos para o interior.

“Eu começo a encontrar minha força original ao juntar as energias da minha mente. Com meus pensamentos concentrados, eu foco em conhecer meu eu verdadeiro”

54


[2] RELAXAR Na meditação, a mente se desconecta dos pensamentos voltados para qualquer coisa externa e se conecta com o eu interior. Dessa forma, ela é capaz de receber correntes positivas da força original do eu: uma fonte pacífica de energia. Contudo, a princípio, pode ser difícil desconectar as muitas tomadas da nossa vida cotidiana: as tomadas do apego, da pressa, da preocupação, da ocupação, etc. Isso demanda um certo esforço.

“Conforme eu me conecto ao ‘ponto fonte’, que está localizado no centro da testa, eu começo a relaxar, remover da mente as tantas tensões e exigências do mundo exterior”

edição 04 / ano 01

55


*

ESPAÇO OM *

[3] RELEMBRAR À medida que a mente relaxa e gentilmente se concentra no “ponto fonte” da energia de paz, o indivíduo começa a lembrar-se da sua identidade espiritual. A razão pela qual as pessoas estão tão desorientadas nas suas vidas e o porquê de elas comumente acharem a vida entediante, desanimadora ou vazia é porque elas esqueceram quem verdadeiramente são.

“Em silêncio, voltando-me para dentro, começo a lembrar do que havia esquecido: eu sou um ser espiritual, um ponto-fonte de energia positiva. Meu espírito é minha realidade!”

56


[4] RELEGAR Conforme lembramos a realidade do eu enquanto um ser espiritual e começamos a experimentar nossa fonte interior de paz, nós relegamos a negatividade da nossa mente: pensamentos inúteis, pensamentos com dúvidas, medos e preocupações- os grandes dragões que dominam nossas mentes constantemente.

“Conforme eu começo a reger minha própria mente, liberto-me da preocupação que prejudica seriamente minha autoconfiança, do medo que sequestra minha coragem e da dúvida que ridiculariza cada tentativa minha de trazer a esperança de volta à minha vida”

edição 04 / ano 01

57


*

ESPAÇO OM *

[5] REAPRENDER À medida que nos tornamos livres, começamos a nos respeitar e reaprender o que significa o valor do nosso eu, da nossa vida e da nossa existência nesse grande teatro da vida.

“Eu sou capaz de entender a eternidade e a espiritualidade e, então, sentimentos da minha verdadeira humanidade emergem”

58


[6] REDESCOBRIR Na medida em que reaprendemos, redescobrimos nossos valores e recursos espirituais e, ao nos dar conta de que eles sempre estiveram lá, resolvemos usar essas verdades intrínsecas e silenciosas, que são a fundação de uma melhor qualidade de vida.

“Eu sou um ser positivo e com propósito, que tem algo único a oferecer à vida”

edição 04 / ano 01

59


*

ESPAÇO OM *

[7] RECUPERAR Conforme começamos a utilizar essas verdades espirituais, nossas forças e qualidades originais são recuperadas. Há uma transição na consciência que possibilita que a autoconfiança se torne um jeito natural de ser.

“Eu me valorizo como sendo um ser de paz e amor e sei que tenho dentro de mim todas as qualidades que preciso para vencer todos os desafios da vida”

60


[8] RECARREGAR O salto de consciência que ocorre quando nos conectamos com nosso eu espiritual interior é uma forma poderosa de recarregar as energias da mente humana. Essa é preenchida com uma profunda tranquilidade que flui para nossos pensamentos e é então refletida nas nossas palavras e ações. Onde há autodomínio e aceitação da vida como ela é, um mundo de nova visão se abre.

“Eu tenho a força interior para abandonar os julgamentos, as insatisfações e a impaciência, e reponho as energias com uma atitude mais positiva”

edição 04 / ano 01

61


*

OM MEDITAÇÃO * por Cesar Gomes

62


No que se refere ao eu, a meditação é útil no processo de desenvolvimento da consciência de quem verdadeiramente somos e dos recursos internos que dispomos. Com a meditação, torna-se tangível uma vivência harmônica, respeitosa, pacífica e feliz. Se expressa, com maior naturalidade, facetas verdadeiras do eu, na forma de virtudes e poderes. Cresce a compreensão sobre quais condutas não correspondem à nossa verdadeira consciência (medo, apego, raiva, entre outros). Gradualmente, é possível neutralizar as ações que causam sofrimento. Do ponto de vista dos eventos (acontecimentos), a meditação capacita o eu a ser equânime diante da adversidade e da bonança. A adversidade é a provocação necessária pela qual é possível crescer. A bonança, uma retribuição pelas boas ações anteriormente praticadas. Desenvol-

ve-se o senso de distância entre o eu e os eventos. Neste espaço interno e particular, o eu interpreta os fatos para o seu benefício e avanço. A alquimia do sofrimento para a felicidade ocorre neste recinto. O senso de justiça apura-se com a prática da meditação. Justiça corresponde à perfeição, leia-se, reciprocidade e complementariedade dos acontecimentos.

“Com a meditação, torna-se tangível uma vivência harmônica, respeitosa, pacífica e feliz”

edição 04 / ano 01

63


*

OM MEDITAÇÃO * por Cesar Gomes

Com a prática da meditação, passamos a desenvolver um relacionamento, também, com o tempo. É possível, inclusive, tornar-se mestres do tempo. Dois aspectos do tempo deixam de exercer, em grande medida, influência sobre o eu – o passado e o futuro. É possível acumular saldo positivo na conta bancária do tempo. Esse saldo cresce na medida em que correspondemos às demandas que se nos apresentam tempestivamente. Se valorizamos o tempo, ele nos retribui. No que diz respeito à prosperidade, a meditação é uma inestimável fonte de riqueza. É um meio de garantir a fortuna do eu. As facilidades materiais observam aquele que dispõe dos recursos que a vida necessita para fluir amorosamente. Se, por exemplo, numa interação, a solução é ser flexível, e se o sou, por aí segue a prosperidade. A meditação Raja Yoga 64

ensina economia no pensar, agir e falar. Inspira abundância no servir. Economia e abundância são dois pressupostos da prosperidade. No campo dos relacionamentos, a meditação nos proporciona benefícios. É uma valiosa ferramenta de superação de traumas e hábitos arraigados que tornam nossa interação com os outros, com a natureza e com Deus difíceis. Com a meditação, o eu torna-se responsável por sua harmonia interna. A interação com as demais pessoas passa a ser reflexo e desdobramento deste relacionamento consigo.


Neste processo, a lembrança de Deus torna-se essencial. Com efeito, somente Ele é constantemente livre, bem aventurado e amoroso com todas as virtudes maximamente reunidas em Si. Ele está constantemente imune às influências das muitas negatividades do mundo contemporâneo, de forma que é o Único capaz de nos fortalecer. A meditação aproxima a nossa natureza à de Deus. Semelhança é proximidade. Sendo próximos de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele em termos de Suas qualidades e personalidade. Com isso, alcançamos uma vida feliz no mundo. Om Shanti. *

“Com a meditação, o eu torna-se responsável por sua harmonia interna”

Cesar Gomes é advogado e praticante de meditação na Brahma Kumaris.

edição 04 / ano 01

65


*

OM DROPS DE SABEDORIA * por Ken O’Donnell

MEDITAÇÃO FÁCIL

Vídeos retirados do canal no Youtube “Viver e Meditar” de Ken O’Donnell

Vídeo 1 Introdução

66 66

Vídeo 2 Preparar-se para meditar

Vídeo 3 Como centrar-se


ONDE ENCONTRAR www.youtube.com/viveremeditar www.facebook.com/viveremeditar

VÍDEOS DA SÉRIE Clique nos ícones abaixo para ver os vídeos do canal “Viver e Meditar” de Ken O’Donnell

Vídeo 4 O assento da consciência

Ken O’Donnell é praticante e professor de meditação há 43 anos. É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. É Coordenador para a América do Sul da Brahma Kumaris.

Vídeo 5 As qualidades do ser

Vídeo 6 Transmitindo suas qualidades

edição edição 04 03 // ano ano 01 01

67 67


*

OM COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão

Umparadoce o Mais Doce Há alguns dias atrás estava fazendo um doce e me lembrei de uma das características mais lindas de Deus, a doçura. Antes da prática do raja yoga sempre percebi Deus como um Pai, aquele que é forte, grande e que sustenta. Sinto que Ele também é isso, mas a minha surpresa maior foi senti-lo como uma Mãe... um Oceano de Amor. O ato de cozinhar está socialmente ligado às mães. A ener-

gia que cuida, protege e nutre. E esse é o relacionamento que mais tenho com Deus. Acho que por ter um encanto e admiração por minha mãe, Jandira. São com esses sentimentos que entro na cozinha. Independentemente do alimento que será feito, a consciência de como se faz é o mais importante. Isso é meditar. Criar pensamentos. Concentrar-se, lembrar de quem sou, lembrar de Deus, das


BOLINHAS DE CHOCOLATE

Ingredientes 1 xícara de aipim 1/3 xícara de leite de coco 2 colheres de sopa de óleo de coco 40g de chocolate armago 75% 2 colheres de sopa de melado de cana 2 colheres de sopa de açúcar de coco 2 colheres de sopa de cacau em pó

minhas qualidades e especialidades... conduzir a mente por um caminho de paz, amor e doação. Vamos praticar essa consciência enquanto fazendo esta receita? Topa? Uma dica: desde a hora da compra dos ingredientes, organização da cozinha até o momento de servir, imagine que Deus é o seu convidado do dia. Como seria fazer um doce para o Mais Doce? Conte pra gente sua experiência. *

Modo de preparo Em uma panela de pressão, cozinhe o aipim até ficar mole. Bate o aipim cozido ainda quente no liquidificador (ou no processador) com o leite de coco e óleo de coco. Derreta o chocolate em banho maria e adicione ao aipim. Acresente os outros ingredientes, exceto o cacau em pó, e bata tudo no liquidificador até virar uma massa homogênia. Leve à geladeira por 1 hora e, depois, enrole as bolinhas. Passe no cacau em pó e sirva.

Ana Paula Paixão é designer, coordenadora do grupo jovem da BK no Nordeste, professora de meditação Raja Yoga e encantada com a natureza. edição 04 / ano 01

69


*

MEDITAÇÕES OM LINE * por luciana ferraz

O DOCE SILÊNCIO Quanto mais recarregados estamos, mais nos sentimos poderosos e em harmonia. Nesse momento, sentimo-nos envolvidos no doce silêncio que é o contato profundo com o nosso interior. A consciência limitada vai derretendo, e o eu verdadeiro reluz na sua forma de alma pura, amorosa e feliz que somos eternamente por detrás das máscaras e disfarces.

Meditação retirada do CD “Meditação Passo a Passo: A magia transformadora do silêncio interior”, de Luciana Ferraz, da Editora Brahma Kumaris Clique no ícone a cima para fazer o download da meditação completa

O silêncio revela o nosso próprio ser, nossas virtudes e potencial escondido atrás do movimento incessante dos pensamentos e sentimentos triviais, comuns e limitados. Reconhecemos quem realmente somos. O silêncio, como um espelho, vai refletindo o que antes era desconhecido e distante: o eu real. Esse doce silêncio produz um estado de total estabilidade.

70

Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK.


Clique na imagem na tela do tablet para ver o vídeo de apresentação da Editora Brahma Kumaris

edição 04 / ano 01

71


OM line é uma revista digital para quem almeja restaurar o equilíbrio interno.

Uma publicação da Brahma Kumaris Brasil brahmakumaris.org.br/revista 72


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.