Auto 82

Page 1

2015

AUTOPEÇAS | 82 Ano 14 | Edição 168

Março | Abril

Novas oportunidades surgem no horizonte

Quem não gostaria de ter uma oficina mecânica perto de casa? Ou, ainda, comprar uma peça ou acessório para o carro sem precisar de atravessar a cidade. A Prefeitura de Belo Horizonte pretende criar na capital uma rede de pólos de comércio e serviços. A idéia é incentivar, em determinados pontos dos bairros, que edifícios dividam suas áreas entre lojas, salas, prestadoras de serviço e moradias. ANITIGOMOBILISMO 20 CARROS ANTIGOS VÃO GANHAR MUSEU NA REGIÃO METROPOLITANA DE BH

OPORTUNIDADES ENQUANTO ALGUNS RECLAMAM DA FALTA DE PEÇAS, OUTROS COMEMORAM ALTA NOS SERVIÇOS

12 18

TECNOLOGIA 16 MERCADO JÁ DEVE SE PREPARAR PARA A CHEGADA DO CARRO ELÉTRICO

GESTÃO JOVENS EMPREENDEDORES PODEM E DEVEM TOMAR AS RÉDEAS DO MERCADO

22


EDITORIAL Jornal do Setor Automotivo Mineiro

Jornal Minas Motor Show

Para onde os ventos sopram

Diretor-Geral: Anderson Rocha Diretor de Publicidade:

Você sabe a origem da palavra oportunidade? Do latim opportunitas, vem da união do prefixo ob-, "em direção a" e da palavra portus, "porto de mar". Inicialmente o termo era usado – pelos antigos romanos - apenas para representar os ventos mediterrâneos que colaboravam para os barcos à vela partirem de, ou chegarem a um determinado porto. Os ventos eram "oportunos" ou "inoportunos" a uma determinada intenção. Portanto, a próxima vez que for usar a expressão "aproveitar a oportunidade", avalie bem todos os ventos metafóricos que sopram a favor e contra, para entender o vetorial da situação e compreender para onde, efetivamente, sopram os ventos do sucesso. Pensando nisso, nessa edição, procuramos apresentar novas oportunidades para o segmento de autopeças. Quem não gostaria de ter uma oficina mecânica perto de casa? Ou, ainda, comprar uma peça ou acessório para o carro sem precisar atravessar a cidade. A Prefeitura de Belo Horizonte pretende criar na capital uma rede de pólos de comércio e serviços. A idéia é incentivar, em determinados pontos dos bairros, que edifícios di-

2 | MMS

vidam suas áreas entre lojas, salas, prestadoras de serviço e moradias. Novas idéias, novas oportunidades. Ainda seguindo a mesma linha de raciocínio, apresentamos duas realidades que se opõe no mercado de reparação. De um lado empresários reclamam da falta de peças. Do outro, proprietários de oficinas que trabalham com ar condicionado veicular comemoram a alta demanda. Em comum, uma certeza: na crise ou na bonança é importante parar para avaliar friamente o cenário. A oportunidade que estávamos desejando pode estar onde menos esperamos. Nas próximas páginas também tratamos de uma turma que não costuma perder oportunidades. A juventude tem um papel amplo, que não se restringi apenas ao que está por vir, mas ao hoje, ao iminente. Ela está presente nos mais diversos setores da sociedade e, com seu ímpeto natural, interfere no agora e escolhe os próximos passos. No dia 30 de março se comemora o Dia Mundial da Juventude. No Brasil - segundo dados do IBGE 2013 - há cerca de 53 milhões de jovens

Marcos Innecco Comercial : José Luiz Innecco Corrêa Diretor de Arte : Marcelo Távora Jornalista: Eduarda Salles Kanitz MG 11609 JP Anderson Rocha, Diretor geral

Secretário: Luiz Henrique Amorin Distribuição Gratuita Via correios Redação: Av. Dom Pedro II,307,

em idade entre 15 e 29 anos, o que representa um quarto da população nacional. Qualificação e educação são essenciais.

Carlos Prates - CEP 30.710-010 Belo Horizonte - Minas Gerais Tiragem: 5.200 exemplares

Para encerrar, apresentamos uma deliciosa mistura de turismo, samba e culinária. A Acadêmicos de Salgueiro, vice campeã do carnaval 2015, levou Minas para a avenida e para o mundo. Sob o tema “Saberes e Sabores de Minas Gerais” – com destaque para a culinarista Dona Lucinha e o livro de sua autoria - a cidade do Serro ganhou notoriedade. Vale a pena conhecer e saborear esse estado repleto de surpresas. Boa leitura!

Contato: (31)3324 2594 E-mail: mmshow@mmshow.com.br Impressão: Imprima Os artigos e matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores.



ACONTECE

Riosulense reforça diferenciais técnicos em encontro

Universal descomplica a vida dos clientes

Alinhar estratégias de trabalho e fomentar novas práticas. Este foi o objetivo do Encontro de Representantes promovido pela Riosulense no mês de fevereiro. Reunindo sua equipe em São Paulo, a empresa abordou os diferenciais técnicos de seus produtos e as ferramentas de vendas e marketing. O encontro anual dos representantes é marcado sempre pelo repasse de importantes informações que servirão de base para a melhoria das ações projetadas.

Descomplique! Essa é a nova ferramenta de Busca de Produtos do Grupo Universal Automotive Systems. Com ela podem ser encontrados, de forma extremamente ágil, mais de 18 mil itens comercializados, por meio de numeração, descrição e aplicação. Informações técnicas e adicionais dos componentes, como foto, peso, lado e cor também estão disponíveis. Ainda é possível aperfeiçoar as ações comerciais com o envio de orçamentos online e promoções em primeira mão.

Este ano o evento abordou três conceitos principais: “Os diferenciais dos produtos Riosulense”, a ação “É motor?! É Riosulense” e a campanha “Rumo aos 70 anos”. De acordo com o gerente de vendas, José Roberto Mayer, a apresentação dos produtos está coesa com a apresentação da importância do mix, tema principal da convenção de 2014. “Focamos nos diferenciais técnicos, pois acreditamos que seja um de nossos principais argumentos de vendas e nos colocam entre um dos principais fornecedores do país”, destacou. Os representantes ainda puderam acompanhar uma avaliação dos resultados de cada uma das linhas de produtos e como a Riosulense está posicionada em relação aos concorrentes. “Todas as ações deste encontro elevaram a motivação da equipe e os conduziram a novas oportunidades de crescimento. Seja pelas ferramentas apresentadas ou pelo conhecimento de nossos diferenciais, nossa equipe está preparada para atuar de forma comprometida ofertando o que há de melhor no mercado de reposição”, pontuou o diretor comercial, Edson Del Fiori

Corteco lança novo retentor A Corteco acaba de anunciar o lançamento do retentor traseiro do virabrequim para aplicação em veículos da Volkswagen: Gol G5, Saveiro G5 e novo Voyage (motores BTJ BPA AT Power 1.0L, 1.6L 8V – a partir de 2006). Trata-se do Retentor 5200T, peça original de montadora que chega ao mercado brasileiro com a chancela da divisão de reposição automotiva da líder mundial em vedações, a Freudenberg-NOK Sealing Technologies. O Retentor 5200T traz consigo a confiabilidade e a tecnologia de ponta que a empresa fornece à montadora. Sobre a peça, a Corteco destaca a excelente fixação no virabrequim por meio da roda fônica reforçada; uso de teflon de alta performance, que proporciona maior vida útil devido à baixa interferência com a pista de trabalho; e maior resistência gerada pela flange em alumínio injetado. Além disso, a peça chega aos reparadores junto com uma bula técnica, que é um “passo a passo” com todos os detalhes do seu processo de montagem para facilitar o processo de aplicação, informa Marcelo Horemans, diretor da Corteco na América do Sul.

4 | MMS

Há quase 40 anos mantendo-se líder e sendo referencia no segmento de ferragens, a Universal distribui seus produtos por meio de um moderno sistema de logística que torna o processo de venda mais ágil e confiável. Além de atender todo o território brasileiro, a empresa exporta para dezoito países com excelência e segurança. Para download da nova ferramenta acesse o site universalautomotive.com.br

Gates e Sogefi apresentam novidades Com mais de quatro décadas de experiência na produção de correias, tensionadores e mangueiras para as montadoras brasileiras, a Gates estará presente na rua principal da Automec com muitas atrações. No estande da empresa (F300), os profissionais poderão conhecer os últimos lançamentos de kits completos para o reparo do sincronismo e acionamento dos acessórios de motores leves e pesados. Os clientes também ganharão o novo catálogo automotivo da marca. A publicação reúne todas as linhas de produtos e traz mais de 10.000 aplicações, além de diagramas e dicas de montagem. As equipes de vendas, marketing, engenharia e assistência técnica do grupo estarão de plantão durante toda a feira, prontas para tirar qualquer dúvida, apresentar as novidades e agendar visitas. Os componentes originais dos veículos brasileiros de maior sucesso - os filtros produzidos pela Sogefi - também estarão em destaque no evento. Com mais de 120.000 aplicações, ele atendem os modelos leves, pesados e agrícolas. Durante a feira, a empresa lançará mais de 500 produtos. Além das linhas Fram e Sogefi Pro, chegará ao mercado a nova marca Purflux, presente em fabricantes


Novo Secretário na região centro-sul O Minas Motor Show parabeniza o novo Secretário de Administração Regional Municipal, da Secretaria de Administração Regional Municipal Centro-Sul, de Belo Horizonte, Sr. Marcelo de Souza e Silva, cujo cargo demanda grande desafio para as melhorias de gestão pública proposta para terceira maior capital do Brasil.

Barros Autopeças chega ao Triângulo Mineiro Minas Gerais, terra de belezas naturais, culinária irresistível e hospitalidade única conta com mais uma unidade Barros. Depois de Belo Horizonte - cidade onde já se encontra instalada uma base comercial bem robusta - agora é a vez de Uberlândia. Além do maior município do Triângulo Mineiro, a Barros Autopeças tem como objetivo abastecer toda a região, envolvendo Uberaba, Patos de Minas, Araguari, Ituiutaba, Araxá, Frutal, Patrocínio e arredores. A Filial Barros Autopeças Uberlândia já está operando desde o início de fevereiro de 2015, coordenada por Daiton Régis Silva, na Avenida Holanda, nº 30, Bairro Tibery. Mais informações pelo telefone (34) 3305 3704.

MicronAir mostra lançamentos na Automec A MicronAir - marca da Freudenberg Filtration Technologies, líder mundial em filtros de ar de cabine ou de ar-condicionado de veículos - mostrará os filtros flexíveis e de carvão ativado que fornece para todas as montadoras na Automec 2015, de 7 a 11 de abril, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Produzidos com alta tecnologia, os produtos originais da MicronAir também estão disponíveis no mercado de reposição automotiva e são reconhecidos por bloquearem a entrada de microrganismos prejudiciais à saúde no interior dos veículos, além do maior conforto que geram aos passageiros. Acerca dos diferenciais dos produtos, o responsável pelo aftermarket da marca, Luciano Ponzio, cita a facilidade de aplicação dos filtros flexíveis e, no caso dos filtros de carvão ativado, a capacidade de impedir a entrada de odores desagradáveis no interior dos veículos, como cheiros de fumaça ou poluição. Em ambos os casos, porém, há ainda o benefício da maior durabilidade quando comparados aos concorrentes. “Nossos filtros originais disponíveis para a reposição têm alta tecnologia e, portanto, apresentam alto desempenho e excelência em termos de qualidade. São peças que contribuem para o funcionamento adequado dos sistemas de ar-condicionado e aquecimento dos veículos e que devem ser substituídas apenas uma vez ao ano ou a cada 15.000 quilômetros, um período que representa o dobro dos outros produtos”, destaca.

Engetran e DHF lançam novos modelos de engates A Engetran e a DHF, fabricantes de acessórios automotivos, trazem ao mercado os lançamentos de engates para o novo Crossfox 1.6 2015 e o novo Fox 1.0 e 1.6 2015. O destaque dos acessórios é o projeto de engenharia, que definiu uma alteração no tubo do engate para fazer um desvio do escapamento com saída dupla. O valor médio sugerido ao consumidor é de R$ 350,00. A DHF está a 18 anos no mercado de acessórios automotivos e se destaca por oferecer tecnologia avançada em sua linha de produtos - engates, cárter de óleo, tampa de válvulas e protetores de cárter - com qualidade e otímo atendimento. A empresa ainda é certificada com o sistema Inmetro e ISO 9001:2008, que resultam na excelência dos seus principais produtos das linhas nacionais e importados. Mais informações em www.dhf.com.br ou pela Central de Vendas, no telefone (11) 4646-7300.

Importadora garante liderança no mercado de autopeças Hoje o mercado é dinâmico. Novos modelos de automóveis chegam cada vez mais rápido ao Brasil e com eles novas peças e novos tipos de câmbio automáticos. A C4 Auto Importadora inaugurada no ano de 1971- é líder de mercado em peças e kits pra transmissão automática e trabalha, também, com peças para motor 302- Galaxie, Landau e Maverik. Ao longo de todos esses anos a empresa construiu uma imagem sólida, possuindo assim, experiência suficiente para proporcionar a seus clientes qualidade e segurança. Com um estoque amplo e componentes de fábricas mundialmente reconhecidas, atende todo o território nacional e quase 100% dos veículos que aqui circulam, com mercadorias de qualidade e preços extremamente competitivos. Tudo isso é reflexo de uma equipe alerta para as necessidades do segmento, tendo como principal característica um atendimento personalizado e único, criando um grande vínculo de amizade e confiança.

5 | MMS


ECONOMIA

É hora de pensar, mudar e ganhar Antonio Moreira de Carvalho

No idioma chinês a palavra crise tem dois ideogramas, que significam perigo e oportunidade. Enfrentar uma crise requer entendimento do ambiente de negócios, preparo para compreendê-la e ações para reagir. Pois bem, na prática, como fazer? Nem sempre é simples, mas uma primeira reflexão leva a crer que, para sair de uma crise, é preciso mudar. No entanto, muitos empresários acreditam que, se o seu negócio funcionou bem até aquele momento, vão conseguir passar por ela sem alterações. Aí é que mora o perigo. Os períodos de turbulência e volatilidade econômica servem, entre outras coisas, justamente para questionar tudo o que você pensa conhecer e dominar tão bem. Basta ler os jornais para comprovar que grandes empresas embarcaram na ilusão de repetir o passado imaginando que iriam obter resultados diferentes. A lista dos que quebraram recentemente é forte evidência de que essa fórmula não funciona. Mudar é preciso, porém, com metodologia e ordem. A pergunta que segue é: por onde começar a mudar? Um bom passo inicial é reavaliar seu plano de negócios. Se você nunca se preocupou em fazê-lo, agora é oportuno e necessário. O mais importante é verificar qual a situação da empresa hoje e para onde o negócio pode e quer ir. Quais são seus objetivos neste novo cenário e o que a sua empresa pode oferecer a seus clientes para se diferenciar? As respostas constituirão um plano de curto e médio prazo. O ponto focal é como sobreviver com solidez aproveitando as eventuais oportunidades. Todo este raciocínio é para dizer que não basta olhar para a área financeira e reduzir custos. Essa pode ser uma estratégia ou medida paliativa, mas a saída definitiva é pensar diferente e fazer mais

fazer o cliente se sentir sempre especial, raro, exclusivo. Idéias inovadoras – Quebre paradigmas. Teste novos conceitos. A hora é propensa para fazer diferente. A espada está no pescoço mesmo. Se muitos clientes conseguem entender que está apertado, porque não compartilhar suas dificuldades e tentar diferente? Será que alguns custos são necessários mesmo? Coloque para fora toda a lista de sugestões de clientes e empregados para mudar coisas que permitam vantagens competitivas no sentido menores custos totais para gerenciar negócios ou ganhos significativo de mercado.

e melhor com menos. Buscar eficiência é o segredo. Esse é um conceito-chave para competir e ajustar nossa locomotiva do sucesso para passar por toda essa turbulência e seguir firme, crescendo. SEGUEM SETE DICAS PRECIOSAS: Mantenha a esperança – A crise vai passar e pode varrer muita empresa. Depois disso vai ficar um espaço a ser preenchido por quem resistiu. Gente que pode pagar e quer ser atendido imediatamente. Chegará a hora do seu grande salto. Segure suas pontas porque essa crise será o maior trampolim do seu sucesso. SEJA MAIS FRIO, MAIS TÉCNICO Pense o que na sua empresa é o essencial, o diferencial? Qual proposta de valor dá para cortar? Concentre todos seus recursos em captação e retenção. Diminuir o esforço em gestão da experiência. A ARMADILHA DO MARKETING. Cuidado com as estimativas comerciais – Para alguns pode parecer que o melhor

momento de investir em publicidade é agora, para segurar o volume de vendas. Contudo é hora de cautela, repense bem nessa hora sobre o seu nicho, sobre qual produto tem mais apelo para os clientes e qual o canal mais eficaz. Sem testes, sem aventuras. SEGURAR PARA INVESTIR – Se você não é capaz de conseguir um super financiamento do BNDES, se sua empresa não é muito rica, não é a sua hora de investir. Não é a melhor hora de aquisições. Novos segmentos, novos projetos, novos produtos podem esperar uma melhor hora. CUSTOS – Reduza os custos, até porque a demanda vai diminuir mesmo. O macete aqui é atacar a gestão de clientes e da experiência do cliente. Você deve ser capaz de repassar custos para o cliente. Algumas vezes ele os aceita super bem. Incentive, por exemplo, buscas na loja ao invés de entrega com motoboy. Pagamento com dinheiro ou cheque ao invés de cartão. Invista a na administração compartilhada, sem, claro, deixar de

EMPRÉSTIMOS – Agora estarão mais caros, com taxas mais altas, pois as incertezas sobre os pagamentos estão maiores.Tente trabalhar mais com o “dinheiro dos outros” consiga mais prazo para pagar seus fornecedores. Evite receber cheques pré-datados ou parcelamentos. Compre com mais folga para seu caixa. Esprema mais seus fornecedores e clientes para você precisar menos de capital de giro. Financiamento para investir, jamais.

*Antonio Moreira de Carvalho é professor de Ciências Políticas e Sociologia do Centro Universitário Fatec.



FROTA RMBH

Frota mineira continua crescendo O Brasil possui mais de 84 milhões de veículos segundo dados do Denatran. Mesmo

com aumento médio de 8,7% ao ano. Para comparar, o crescimento da frota na

em tempos de crise, a frota continua crescendo num universo de mais de 5,5 mil mu-

Grande São Paulo, região com mais automóveis no país, foi de 6,3% ao ano.

nicípios. Minas Gerais tem a segunda maior frota nacional. São 9.147.282 automóveis,

Os dados, do Departamento Nacional de Trânsito e do Instituto Brasileiro de Geo-

ou seja, 9.147.282 oportunidades de negócios.

grafia e Estatística, tomam como base as oito maiores regiões metropolitanas do Brasil

Quando tratamos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os números são ainda

e ainda apontam a proporção entre o aumento da frota de veículos e o da população,

mais impressionantes. Além de possuir aproximadamente 2,5 milhões de carros, a

a cada ano. Enquanto em São Paulo essa proporção é de 6,8, em Belo Horizonte é

frota foi a que mais cresceu no Brasil entre dezembro de 2002 e dezembro de 2014 -

quase o dobro, ficando em 12,8.

FROTA | REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE Posição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Cidade Belo Horizonte Contagem Betim Ribeirão das Neves Santa Luzia Ibirité Nova Lima Sabará Vespasiano Pedro Leopoldo Lagoa Santa Brumadinho Caeté Matozinhos Igarapé Mateus Leme

Frota total 1.596.081 294.030 160.238 88.679 73.108 52.272 39.862 38.853 33.643 27.012 25.570 15.730 15.624 14.222 14.174 12.162

Posição 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Cidade Esmeraldas Sarzedo São Joaquim de Bicas Itaguara Juatuba São José da Lapa Jaboticatubas Raposos Mario Campos Itatiaiuçu Rio Acima Florestal Confins Capim Branco Baldim Nova União

Frota total 11.585 10.769 10.230 8.346 8.235 7.469 6.047 5.415 5.066 4.591 3.702 3.073 2.975 2.919 2.503 2.251


MMS | 9


SUSTENTABILIDADE

Montadoras saem na frente e lembram que economia é dever de todos “Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo!” A impressão de Pero Vaz de Caminha de que os recursos hídricos brasileiros são inesgotáveis foi imortalizada em carta enviada ao rei de Portugal, D. Manuel, em 1º de maio de 1500, e perdura no imaginário de boa parte da população brasileira, 515 anos depois. Esta noção equivocada — que vê um bem finito como infinito — orienta a relação de muitos cidadãos com os usos da água, afirmam os especialistas. Contudo, o que parecia distante chegou de forma assustadora, a crise hídrica esta aí e exige mudança cultural e comportamental. Aproveitando o Dia Mundial da água, comemorado em 22 de março, precisamos entender que o problema é de todos e, se alguém deixar de fazer a parte que lhe cabe, o conjunto deverá pagar. É necessário mostrar aos funcionários e colaboradores que economia no ambiente de trabalho é economia em casa. Se houver racionamento, todos pagarão o preço, independente se estarão no aconchego do lar ou no estabelecimento comercial. A conta vai subir para todos, é hora de pensar na coletividade.

mas em momento como o atual, de séria ameaça de falta deste recurso natural. Dados divulgados recentemente pela ANFAVEA indicam redução de 29% no uso de água por veículo produzido de 2008 a 2011. Na Honda, por exemplo, toda a água de consumo usada nas áreas administrativas e banheiro vêm de poços artesianos do terreno da fábrica em Sumaré, São Paulo. “No setor de pintura a água é usada, tratada e retorna ao pro-

Bom exemplo

cesso. Há muito tempo incentivamos o uso racional e, nos últimos meses, aumentamos as campanhas

Há anos as montadoras promovem medidas e investimentos internos para minimizar sua dependência da água fornecida por companhias de saneamento. Seja por redução de custos ou real preocupação com o meio ambiente, ou ainda ambas, essas ações reduziram o consumo nas linhas de montagem e áreas administrativas e blindaram, de certa forma, as companhias de possíveis proble-

10 | MMS

internas”, afirma Otávio Mizikami, diretor de produção. A Iveco, por sua vez, adotou no primeiro trimestre de 2013 um sistema que permite reduzir pela metade o uso da água necessária para o pré-tratamento de cataforese na pintura em sua fábrica de Sete Lagoas, em Minas Gerais. Assim, foi gerada uma economia de mais de 23 mil metros cúbicos por ano –

o equivalente a nove piscinas olímpicas. Os sprays, que antes usavam água virgem, agora são alimentados por reutilizada do próprio processo, sem influenciar na qualidade. Já em Sorocaba, São Paulo, onde a empresa opera um Centro de Distribuição de Peças, foram investidos R$ 1,5 milhão para instalar um sistema de reutilização de água. A economia chegou a 30% do consumo. Também foi instalado um sistema de captação de águas de chuva, com tanque capaz de armazenar seis milhões de litros. Já a fábrica da Fiat, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é praticamente auto-suficiente, ao recircular 99% da água em sistema próprio. O Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos foi construído em 1998 - e modernizado em 2010 – combinando duas tecnologias que garantem a qualidade do processo. Todos os banheiros da unidade também possuem torneiras com sensores que controlam a saída de água.


Cadeia produtiva As preocupações com a gestão do uso de água descem também os degraus da cadeia, vez que a interrupção de produção em algum fornecedor pode afetar diretamente a linha de montagem. Por isso, as companhias trabalham em conjunto a fim de evitar esse cenário indesejado e catastrófico. De acordo com assessoria da Fiat, o grupo realiza intenso trabalho para apoiar os fornecedores na melhoria da eficiência de suas fábricas e eliminar desperdícios. A Universidade Fornecedores Fiat, criada em 2007, oferece uma gama variada de cursos sobre temas como qualidade, gestão ambiental, melhoria contínua, liderança, entre outros. A questão do uso racional dos recusrsos naturais esta bastante presente nos treinamentos. O Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos foi construído em 1998 ‑ e modernizado em 2010 ‒ combinando duas tecnologias que garantem a qualidade do processo. Todos os banheiros da unidade também possuem torneiras com sensores que controlam a saída de água.

A Ford informou que começou a solicitar aos seus fornecedores - que fazem uso intensivo de água e trabalham em regiões de escassez – para relatar seu consumo de forma voluntária. O objetivo é trabalhar em conjunto para obter reduções e difundir iniciativas de sucesso no mundo, ajudando a reduzir o prejuízo ambiental em toda a cadeia de produção.


COMPORTAMENTO

Descentralização estimula novas oportunidades de negócios

Já pensou em trabalhar, estudar, fazer compras

Os centros foram classificados entre regionais,

também endereços ainda pouco ocupados,

e sair para se divertir perto de casa? Se a res-

intermediários e locais, conforme a abrangência

como a Avenida Heráclito Mourão de Miranda,

posta é sim, adicione ainda a essa lista de facili-

de cada um.

no Bairro Serrano, na Região da Pampulha,

dades ter bem ao lado consultório médico, escritório de advocacia, agência bancárias, restaurantes, oficinas mecânicas, entre outras op-

classificado como centralidade intermediária.

ONDE

Nela, sobram lotes vagos entre galpões e raras residências.

ções. Pois agora pode parar de imaginar e preste atenção à proposta da Prefeitura de Belo Horizonte, que pretende criar na capital uma rede de pólos de comércio e serviços. A idéia é incentivar, em determinados pontos dos bairros, que edifícios dividam suas áreas entre lojas, salas e moradias e, com isso, desafogar o hiper-

Transformar esses pontos em grandes suportes para a população requer mudanças nas regras de uso da via, permissão de maior adensamento populacional e, eventualmente, incentivos fiscais para o comércio e serviços.

Outros focos para investimentos são os bairros Guarani (Norte), Betânia (Oeste) e Santa Amélia (Pampulha), além das imediações da nova rodoviária no São Gabriel (Nordeste), da Avenida José Cândido da Silveira, na altura do

centro, que atualmente concentra um em cada

“O grande objetivo é alterar a origem e destino

bairro Santa Inês (Leste), e Avenida Abílio Ma-

10 pontos comerciais em BH, de acordo com le-

das pessoas, evitando que elas precisem ir ao

chado, no bairro Alípio de Melo (Noroeste).

vantamento baseado em dados da Câmara dos

Centro ou enfrentar grandes deslocamentos

Ainda serão reforçadas ações de expansão nas

Dirigentes Lojistas (CDL).

diários”, explica a arquiteta da Secretaria de

áreas centrais das regiões do Barreiro e Venda

Planejamento Urbano de Belo Horizonte, Lu-

Nova. Apenas a regional Centro-Sul ficará de

ciana Barbosa. Mudança que, associada a outras

fora, uma vez que já conta com uma centrali-

ações, deve gerar um impacto direto no trânsito

dade bem definida.

Apresentada na 4ª Conferência Municipal de Política Urbana, em que cidadãos dão o norte para o crescimento da capital e indicam mudan-

da cidade.

ças na legislação, principalmente no Plano Diretor, o projeto ainda precisa passar pelo crivo

12 | MMS

HIPERCENTRO

dos vereadores, na Câmara Municipal. A

Na lista há avenidas com comércio consolidado,

equipe técnica da prefeitura identificou na ci-

como a Nossa Senhora do Carmo, na Região

dade inteira ruas e avenidas nas quais deve ser

Centro-Sul, Amazonas, na Região Oeste, e

A meta da PBH de espalhar comércio e serviço

incentivado o desenvolvimento de atividades

Pedro II, na Região Noroeste, identificadas

pela cidade e desafogar a área central tem como

econômicas conciliado com o uso residencial.

como centralidades regionais. Mas figuram

ponto de partida um hipercentro saturado.


Novas centralidades em Belo Horizonte

O grande objetivo é alterar a origem e destino das pessoas, evitando que elas precisem ir ao Centro ou enfrentar grandes deslocamentos diários Luciana Barbosa, arquiteta da Secretaria de Planejamento Urbano de Belo Horizonte

Todos os dias, dois milhões de pessoas – 37% da população da Grande BH – passam pelo caldeirão que tem na Praça Sete a principal referência, por onde cruzam

a demanda local aumenta e o comércio é beneficiado. Contudo, ainda não existe a variedade de estabelecimentos necessária. Temos muitos salões de beleza, restaurantes, lojas de vestuários e miudezas. Prestadoras de serviço, por exemplo, não são suficientes”, revela.

91 mil veículos diariamente. Muitos dos freqüentadores estão ali apenas de passagem, levados pelos 3.036 ônibus que têm a área central como destino. Outros vão atrás das conveniências da área, que concentra mais de um em cada 10 pontos comerciais da cidade (10,8%). Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), o Centro de BH conta com 21.141 estabelecimentos do total de 194.420 na cidade e concentra 30% do total de faturamento da capital. Um dia de vendas na região movimenta R$ 22,8 milhões.

INICIATIVA Percebendo os problemas e as carências da capital o administrador, Ricardo Melo Linhares, resolveu apostar na região oeste. Aposentado, ele mora no Buritis há aproximadamente oito anos e conta que vem observando as mudanças que por ali estão acontecendo. “Perto da minha casa, já quase no bairro Palmeiras,

‘fonte : PBH

foram construídos dezenas de condomínios, todos com duas ou mais torres. Agora elas estão sendo entregues e os moradores chegando. Se já é difícil sair e entrar no bairro atualmente, imagino como será com mais esses milhares de pessoas”, afirma. Melo conta que o trânsito é um dos principais problemas. “Quando não vão trabalhar, os moradores evitam sair daqui. Assim,

Exatamente depois de detectar esse espaço no mercado, Ricardo decidiu, em sociedade com um primo técnico em mecânica, abrir uma oficina. Há um ano e sete meses foram abertas as portas do Tech Centro Automotivo. “Resolvi juntar a minha necessidade com a dos outros que moram no bairro. Eu queria trabalhar, mas não estava disposto a encarar o trânsito diariamente. Meus vizinhos precisam consertar e fazer a manutenção de seus carros e também preferem ficar livres do tráfego”, destaca. Segundo o empresário, a localização é o principal atrativo para os clientes. “É claro que oferecemos um excelente ambiente e serviço. Entretanto, antes de entrarem, o que atrai os consumidores é a proximidade de suas casas. A maioria comemora o fato de não ter que atravessar a cidade para trocar uma correia dentada ou trocar uma pastilha de freio”, finaliza

MMS | 13


ACESSÓRIOS

Mercado de acessórios deve se transformar nos próximos cinco anos

O

número de veículos conectados a rede

mundial de computadores chegará a 150 milhões, em todo o mundo, dentro de um intervalo de pouco mais de cinco

anos. A previsão - da consultoria norte americana Gartner - aponta que entre 60 e 75% dessa frota será capaz de consumir, criar e compartilhar dados por meio de internet sem fio. A conectividade acarretará mudança no modelo de negócio tanto no campo dos fabricantes de dispositivos quanto na indústria automotiva. Entra em cena a inovação para adicionar receitas a partir de aplicativos móveis, o que dependerá de uma associação das montadoras com empresas como Google, Apple e Samsung. De acordo com o estudo, a tecnologia de carros conectados acabará por ser mais inovadora e emocionante do que as ofertas atuais de smartphones e tablets. Ele ainda aponta que 58% proprietários de veículos nos Estados Unidos e 53% dos alemães querem que empresas especializadas – e não as fabricantes de automóveis – conduzam a tecnologia nos carros. A Apple já informou que, até 2018, metade de todos os sistemas embarcados em veículos – integra14 | MMS

dos aos celulares – vão usar o próximo “iOS in the Car” da empresa. TENDÊNCIA Segundo Hernane Alves, de 76 anos, fundador da Promotiva, a empresa vem acompanhando de perto as mudanças do segmento. Para ele, o caminho traçado pela informática não tem volta. “Tivemos grandes lançamentos. O GPS, por exemplo, mudou a forma de o motorista lidar com o carro. Contudo, agora é a vez da Central Multimídia, sensores, câmeras de ré e até mesmo dos acessórios interativos para os passageiros dos bancos de trás”, destaca. O empresário também acredita que a evolução do segmento será cada vez mais rápida. Quem não se atualizar vai perder espaço. “As pessoas compram o que temos disponível, hoje, pensando no que teremos amanhã. Todos estão de olho no futuro e querem facilitar o dia a dia dentro de seus automóveis”, conclui. PARCERIA A Ford está se voltando para um de seus primeiros parceiros de tecnologia, a Microsoft, para ajudar a ampliar os serviços de carros conectados da monta-

dora. Entre os recursos que a montadora planeja oferecer - ainda neste ano através de sua Service Delivery Network - está a capacidade de atualizar automaticamente o sistema de informação e entretenimento Sync 3 sem fios. O serviço utilizará a plataforma baseada em nuvem, da Microsoft, e vai permitir que a companhia obtenha mais dados sobre como os proprietários usam seus carros. Segundo o diretor-executivo de veículos conectados e serviços, Don Butler, a intenção é participar ativamente da vida do motorista. “Os dados vão aumentar nossa capacidade de entender a experiência do usuário dentro do veículo, com a permissão consciente dos consumidores", diz. Butler explica que as informações devem ser usadas para diagnosticar remotamente problemas mecânicos ou alertar proprietários e concessionários sobre manutenções programadas. Os dados também podem fornecer detalhes sobre uso do veículo e hábitos de direção dos proprietários para seguradoras. A rede em nuvem da Ford também permitirá que a companhia integre uma gama mais ampla de serviços móveis tanto dentro quanto longe do veículo.


MOTOR USADO E REVISADO Motores a diesel

Motores Nacionais e Importados

Chassi verificado no Cadastro Nacional

Garantia de procedĂŞncia

PEDRO II, 307 | CARLOS PRATES | BELO HORIZONTE | (31) 3201 7033


TECNOLOGIA TENDÊNCIA

Carro elétrico: do papel para a tomada Está na hora de nos preparar para o que antes parecia distante da nossa realidade. De acordo com especialistas, em poucos anos, o consumidor brasileiro terá mais uma opção na hora de escolher o carro. Além dos motores movidos a etanol, gasolina e GNV, o elétrico promete movimentar o mercado, não apenas o automobilístico, mas também os setores que serão beneficiados por esses novos veículos. Embora eles devam começar a chegar no início de 2016, um empreendimento de alto luxo em Alphaville, na Grande São Paulo, já tem previsto no projeto uma garagem adaptada para receber modelos elétricos. Segundo a construtora do imóvel – que também atua em Minas Gerais esse diferencial é pioneiro na construção civil nacional. A novidade aponta para dois importantes pontos. Em primeiro lugar, a área energética do país viverá uma autêntica revolução muito em breve. Em segundo, as grandes capitais brasileiras estão atrasadas em relação à infraestrutura para receber a tecnologia que bate em nossas portas. No projeto imobiliário paulista cinco vagas terão estrutura para fiação e relógios de medição de consumo. De acordo com o diretor superintendente da construtora e incorporadora, Mário Giangrande, a simples medida além de proporcionar a tomada para o carro ser plugado, evitará as intermináveis brigas de condôminos sobre quem irá arcar com o gasto energético. “Pensamos em como estaria o cotidiano das pessoas em 2017. Por se tratar de um prédio de luxo, a probabilidade de um proprietário ter um carro elétrico é grande”, afirma.

Política Recentemente - sob a pressão do setor privado - o governo brasileiro decidiu abrir caminho paralelo ao do etanol. O Ministério da Fazenda anunciou um plano embrionário de estímulo ao desenvolvimento dessa tecnologia. O diretor de relações institucionais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (AN16 | MMS

FAVEA), Ademar Cantero, conta que foi criado um grupo de trabalho, com governo e indústrias, para estudar os estímulos à produção de exemplares elétricos. “Estamos traçando linhas gerais de políticas para a viabilidade da implantação do veículo elétrico no país”, revela. Cantero adianta que os trabalhos envolvem desenvolvimento de produtos e de tecnologias de motorização, políticas de abastecimento, suprimento e rede de distribuição. “O importante é que se discuta uma nova fonte de energia veicular, para ver se vai funcionar ou não no país”, conclui.

Na prática Novidade aqui, no Brasil. Segundo o vice-diretor do comitê de veículos de passeio da SAE Brasil (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade), Jomar Napoleão, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, já está na legislação que as construções novas devem ter adaptações para veículos elétricos, inclusive de shoppings. No que se refere à recarga, as fabricantes desenvolveram dois sistemas, um que carrega 100% da bateria durante sete horas, se plugado em uma tomada de 220 v e, outro, que em 30 minutos abastece 80% da capacidade total do automóvel. É nesta segunda opção que devem se concentrar os postos de abastecimento. Para Jomar, estacionamentos de estabelecimento comerciais, como supermercados, devem fornecer este tipo de auxílio. “Enquanto você faz uma compra, seu carro recarrega”, ilustra. Ainda segundo Napoleão, outro novo conceito de negócio que surgirá com os modelos elétricos é a venda de energia não utilizada, já em estudo na Califórnia. É a chamada rede de energia inteligente ou smart grid. Trata-se de um sistema que permite maior autonomia ao consumidor, que poderá gerar energia e comercializar os excedentes como faz hoje um grande produtor de eletricidade. “Isso será uma revolução na mobilidade”, prevê o representante da SAE.



SETOR AUTOMOTIVO

Da falta à abundância: mercado vive realidades diferentes Apesar da recente queda, as vendas de veículos novos

determinante para a falta de componentes. "Não

IMPORTADOS

sobra para o setor de reparação. A indústria de auto-

cresceram assustadoramente nos últimos anos. No entanto, parece que a indústria de autopeças não es-

Se faltam peças para os

peças trabalhando com sua capacidade máxima já tem

tava preparada para a demanda que surgiria em de-

veículos nacionais, para

tido dificuldade para atender as montadoras", sa-

corrência do grande consumo. É comum ouvir

os importados a situação

lienta.

alguém reclamando que está ou ficou muito tempo

é ainda pior. O presi-

sem carro por não encontrar peças de reposição. Se-

dente da Associação das

Dados da Associação das Oficinas Reparadoras de Au-

gundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Au-

Oficinas Reparadoras de

tomóveis de Minas Gerais (Assora) apontam que o

topeças, a demora está diretamente ligada à falta de

Automóveis de Minas

setor de manutenção de automóveis movimenta,

organização das montadoras e à variedade cada vez

Gerais (Assora), Eduardo

maior de modelos nas ruas. “Há uma preocupação

Viegas, destaca que, com

muito grande com a venda do carro e pequena com o

a espera pela chegada das peças, os carros permanecem

diversas especialidades como funilaria, lanternagem,

pós-venda. Assim, os fornecedores de peças destinam

nas mecânicas por um grande tempo. “Temos que pen-

escapamento e eletricidade, a região possui em torno

até 90% da produção para as montadoras e o resto é o

sar em tudo. Com automóveis parados dentro das ofi-

de três mil oficinas mecânicas e emprega aproxima-

que fica para o mercado”, comenta diretor executivo

cinas, ao preço que é cobrado pelo metro quadrado

damente 21 mil trabalhadores.

da associação, Roberto Monteiro.

hoje, essa demora pesa”, explica.

Eduardo Viegas

mensalmente, cerca de R$ 150 milhões em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Distribuídas entre

NA PELE

De acordo com o dirigente, para a Anfape, o livre mer-

Para o vice-presidente

cado seria a solução mais adequada para o problema. A

do Sindicato da Indús-

De acordo com Neylor Corrêa, da Car Service, o prin-

Associação tenta dar fim aos bloqueios por ações judi-

tria de Reparação de

cipal problema provocado pela falta de peças é a pror-

ciais que as montadoras movem contra os fabricantes

Veículos e Acessórios

rogação do prazo de entrega do serviço. “Atualmente

independentes de autopeças. “Hoje quase 85% das

do Estado de Minas Ge-

o cliente tem pressa e precisa do carro pra ontem.

peças mecânicas e externas produzidas vão para o mer-

rais

(Sindirepa-MG),

Mesmo oferecendo um automóvel reserva, durante um

cado de montadoras, enquanto apenas 15% vão para o

Marco Túlio Starling,

período de 7 a 14 dias, existem casos que a demora é

de reposição. Segundo Monteiro, as montadoras proí-

antes era comum a difi-

superior”, afirma. Ao pressionar as fábricas de autope-

bem a fabricação de peças externas e visuais dos carros,

culdade com os carros

ças, a reposta, segundo Corrêa, é sempre a mesma.

mas, caso permitissem, a dinâmica desse segmento teria

importados. Mas hoje,

“Dizem que não têm previsão de entrega e outras dão

maior fluidez e melhoria o atendimento ao consumidor.

reclama, acontece também com os nacionais. "Além

o prazo de 20 dias úteis, o que significa mais de um mês

“A justificativa é que querem eliminar as fabricantes in-

da marca do carro, a dificuldade de achar peça de-

de espera”, conclui.

dependentes pela má qualidade do nosso produto, mas

pende do ano e do modelo. Existem casos de automó-

todo e qualquer mercado tem coisas boas e ruins. No

veis parados durante noventa dias”, revela. Segundo

Jairo Sylvio de Souza, dono da oficina que leva seu

nosso, a grande maioria é de boa qualidade”, garante.

Starling, a produção recorde de automóveis foi fator

nome, garante que uma das soluções para o impasse seria

18 | MMS

Marco Túlio Starling


MANUTENÇÃO & TECNOLOGIA

a fabricação de peças pela indústria independente. “Não vejo outra solução, a menos

Junto com o aumento nas vendas cresceu também o trabalho nas oficinas. As cida-

que as montadoras também abasteçam as oficinas. Hoje, falta tudo. Porta, pára-cho-

des de Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro constataram que a ins-

que, friso, farol, entre outros. Aceitar o mercado paralelo seria uma alternativa”, ava-

talação e manutenção de ar condicionado dobraram - em comparação ao mesmo

lia. “Embora eu tenha clientes que não aceitem essas peças, porque as considerem

período em 2013 - sobretudo na manutenção e limpeza dos filtros, higienização e

sem qualidade, também existem peças boas nesse segmento”, defende Jairo. Ainda de

troca de aparelhos. Luiz Silviano Costa, da Friomais, conta que muitas pessoas só

acordo com o empresário, puxado pela falta de peças, outro problema tem sido o pa-

percebem a perda de rendimento do ar condicionado quando deixa de esfriar ou

gamento dos serviços pelas seguradoras, que também ficam comprometidos. “Se eu

apresenta um cheiro desagradável de mofo. "Com esse clima, é comum o compressor

faço o pedido de uma peça hoje, a recebo no fim do mês que vem e entrego o serviço

estragar. O número de clientes nessa época chega a ser até cinco vezes maior que

em março, vou receber apenas em abril. Ficamos sem capital e a situação se complica

no inverno, e às vezes precisamos formar fila de espera", ressalta.

ainda mais”, explica. Segundo Costa, quem não comprou o carro com o sistema de fábrica não é O mecânico José Eustáquio Araújo, proprietário da oficina Auto Center, também

obrigado a sentir calor, já que é possível fazer a instalação depois. O equipa-

na capital mineira, afirma que a falta de peças também serve para inflacionar o mer-

mento para carros populares, incluindo serviço, varia de R$ 2.800 a R$ 3.800.

cado. Segundo ele, muitas peças subiram de preço nos últimos meses, aproximada-

“O equipamento é sempre original. Não existe compressor de ar condicionado

mente 20%. "É a lei da oferta e da procura. Está difícil de encontrar, o preço sobe",

paralelo e as lojas costumam oferecer ao cliente um ano de garantia”, explica.

diz. Araújo conta que antes a demora era comum com carros importados, mas,

No caso de carros mais antigos - que não ofereciam ar condicionado nem

agora, mesmo em casos como a Fiat e Volkswagen, a espera tem sido maior. "Por

como opcional - o valor varia entre R$ 4.200 e R$ 5.000.

segurança, marco com o motorista a data de entrega só depois que a peça está garantida", finaliza.

OUTRA REALIDADE Se de um lado os proprietários de oficinas mecânicas reclamam, os donos de estabelecimentos que trabalham com ar condicionado veicular comemoram. Devido ao aumento da violência e das temperaturas, na última década, carros com o acessório deixaram de ser objeto de luxo e se tornaram populares. Dados divulgados pela Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que em

Gestão em tecnologia para todos.

2006 47% da frota produzida pelas quatro principais fábricas do país continham condicionadores de ar. Atualmente, esse índice chega a 80%, também justificado pelo crescimento de renda e aumento da classe média. Hoje os carros das classes A e B já vêm com o aparelho - custando em torno de R$ 1.800.

Maxtec e sua oficina: Cuidamos das máquinas do seu escritório tão bem quanto você cuida das que estão no seu pátio. Gestão em TI e Telecom. Sob medida. Acesse e conheça:

31 Luiz Silviano Costa, da Friomais

3519.8400

facebook.com/maxtecti maxtecti.com.br


ANTIGOMOBILISMO

Mais espaço e destaque para os carros antigos Um verdadeiro tesouro entre quatro paredes. Automóveis antigos, objetos exóticos, eletrodomésticos e utensílios que resistiram ao tempo estão guardados em galpões no bairro Esplanada, região leste de Belo Horizonte. O precioso acervo – com mais de oito mil itens registrados – é resultado da paixão do empresário Jeferson Rios Domingues, de 69 anos, pelo passado. Entre jipes usados na Segunda Guerra Mundial e no golpe militar de 1964, estão jukeboxes, rádios, gramofones, pimballs dos anos 1950, geladeiras a querosene, bicicletas e móveis do Palácio de Versailles, em Paris. Retratando a história e o desenvolvimento da fabricação de automóveis no Brasil e no mundo ainda estão mais vinte automóveis. A baratinha Chrysler, fabricada em 1926, com rodas de madeira e o Cadillac branco de uso pessoal de Juscelino Kubitschek merecem destaque. “Quando comprei essa raridade soube que o ex-presidente abria mão dos carros oficiais, que eram pretos, para dar voltas neste Cadillac branco que um amigo lhe emprestava”, lembra Rios.

MMS | 20

Caçador À busca dessas relíquias, Jeferson esteve na Argentina, nos Estados Unidos e na Europa. Andou também por várias regiões do Brasil procurando motores, maçanetas, para-choques e volantes. “O colecionador quer peças que são inusitadas e que ninguém tem. Para quem restaura nada se perde. Guardo tudo”, explica o bioquímico aposentado que se diverte na seleção, compra e restauração de peças e veículos antigos. Rios chegou a alugar objetos e veículos para compor cenários dos filmes “O grande mentecapto” e “O menino no espelho” e da minissérie “Hilda Furacão”, ambientados em diferentes épocas da capital mineira. Segundo ele, festas de aniversário de 15 e de 60 anos costumam requisitar as antiguidades para a decoração também. Jeferson ainda mantém a primeira bicicleta da Harley-Davidson, uma

bomba de gasolina dos anos 1920, sinos de estação de trens, microscópio do início do século 20, relógios de parede, chopeiras feitas em pinho de riga, câmeras fotográficas, lambretas, lampiões dos tempos de escravidão,


mapas e equipamentos militares dos anos 1940, como morteiro de guerra e canhão antiaéreo.

do ex-beatle Paul McCartney, azul e branco. No total, restaurei vinte carros que agora terão novo destino”, destaca.

“Tudo teve origem quando eu morava em bairro de gente rica, sem ser rico. Não tinha dinheiro para comprar carro novo, como faziam os vizinhos na Cidade Jardim. Quando comecei a trabalhar, comprei um veículo mais velho. Um modelo conversível, de 1948, da montadora tcheca Skoda, que fui restaurando aos poucos, com a compra de sucata. Assim tomei gosto pela coisa!”, revela. Depois Jeferson restaurou uma jardineira, de 1928, adquirida em leilão, que era utilizada no transporte de passageiros. “Em seguida vieram outros carros, como o Standard, igual ao

Mova O destino ao qual Rios se refere é o Museu de Objetos e Veículos Antigos (Mova), que está sendo implantado com recursos da Lei Rouanet, em Nova Lima, em um espaço nobre de 10 mil m² no Alphaville, cedido pela prefeitura por 20 anos. “Nosso projeto propõe a construção de um complexo cultural e de entretenimento temático, para dar a uma coleção de carros e artigos antigos, reunida ao longo de quase 40 anos, uma destinação pública, educativa e cultural que melhor se traduz na forma de museu. Foi um de-

safio de cinco anos adquirir o terreno, aprovar o projeto do museu junto à prefeitura, obter a anuência do Ministério Público e, por fim, o sinal verde do Ministério da Cultura para buscar patrocínio”, salienta. O projeto - orçado em R$ 20 milhões que devem ser arrecadados junto à iniciativa privada - prevê a construção de um prédio de dois pavimentos, que abrigará o museu, reserva técnica, gerenciamento de coleções, pesquisa, biblioteca e sala para oficinas de capacitação para estudantes e comunidade. O anexo terá restaurante, com mostras temporárias do acervo, exibição de filmes e apresentações musicais com repertório correspondente à época. Além disso, será criado

um espaço de entretenimento com café e lanchonete, além de um hotel para carros antigos, onde os colecionadores poderão guardar seus veículos. O Mova ainda abrigará exposições de longa duração, cursos, palestras e workshops. Para compor o acervo, todas as peças passaram por um processo de documentação museológica com arrolamento, inventário, ficha catalográfica, banco de dados, documentação fotográfica, marcação e registro. A entrada para visitação do Mova será gratuita para idosos (acima de 65 anos), crianças até 10 anos e para alunos de escolas públicas. Os demais estudantes pagarão meia entrada e o público pagará ingressos com preços acessíveis.

MMS | 21


TENDÊNCIA

Jovens podem e devem tomar as rédeas do mercado A juventude é o futuro de um país. Essa afirmação, que nos é familiar há muito tempo, já pode ter uma nova versão. Atualmente a juventude tem um papel amplo, que não se restringi apenas ao que está por vir, mas ao hoje, ao iminente. Ela está presente nos mais diversos setores da sociedade e, com seu ímpeto natural, interfere no agora e escolhe os próximos passos. No dia 30 de março se comemora o Dia Mundial da Juventude. No Brasil - segundo dados do IBGE 2013 - há cerca de 53 milhões de jovens em idade entre 15 e 29 anos, o que representa um quarto da população nacional. Por outro lado, o instituto também aponta que a participação do jovem vem caindo no mercado, principalmente para quem tem entre 18 e 24 anos. Há uma parcela dessas pessoas que não querem trabalhar agora, pois preferem estudar, terminar a graduação e continuar na 22 | MMS

faculdade para enfrentar um mercado com mais bagagem lá na frente. FORÇA Em Belo Horizonte contamos com o Centro de Desenvolvimento Lojista Jovem. O CDL Jovem é um órgão complementar da CDL/BH que tem como objetivo desenvolver lideranças, por meio da troca de experiências e contato com o mercado empresarial, de forma inovadora e mobilizadora. Fundada em 1988, a entidade vem contribuindo com suas idéias, sugestões, discutindo as questões conjunturais, aprimorando seus conhecimentos mercadológicos e direcionando-os para as atividades e projetos da CDL/BH.

De acordo com o novo presidente do CDL Jovem, Frederico Papatella, uma das principais missões é transmitir o espírito de associativismo, que motiva a integração e participação de seus membros nas ações realizadas pela entidade. Papatella – que terá gestão entre 2015 e 2016 – destaca que entrou no CDL Jovem há cinco anos a convite do gerente institucional Edilson Cruz. “De lá para cá aprendi as melhores formas para empreender meus negócios, em busca dos melhores resultados. Também fiz grandes amigos e cresci entre acertos e erros”, afirma.


CDL/BH, SOLUÇÕES IDEAIS PARA O QUE VOCÊ PRECISA! Diversifique as opções de pagamentos dos seus clientes com o recebimento de cheques. Fique tranquilo! Com a Garantia de Cheques CDL/BH, você tem a certeza de receber os valores dos cheques, mesmo que sejam devolvidos pelos bancos.*

www.twitter.com/cdlbh

www.facebook.com/cdl.bh

*Respeitadas as condições especificadas em contrato

CDL/BH, o comércio em ação.

Telefone: (31) 3249 1666 Email: saa@cdlbh.com.br www.cdlbh.com.br

23 | MMS


Ainda segundo Frederico – que além de empresário, é bacharel em direito pela faculdade UNA, consultor imobiliário, associado do Instituto de Formação de Líderes, conselheiro fiscal da cooperativa de crédito SECOVI-

Para Falci, a CDL/BH espera uma retomada na economia, mas não tão expressiva já que o aumento dos juros pode atrapalhar a oferta de crédito. “Esperamos uma retomada moderada. O aumento dos juros deve impactar

CRED MG, e suplente no Conselho Estadual da Juventude – é importante despertar no jovem o desejo pelo empreendedorismo e o associativismo.

negativamente, pois dificulta a aquisição de empréstimos, tanto dos lojistas como dos consumidores. Porém, isto se faz necessário para trazer a inflação

“A juventude tem força e coragem para inovar. Temos que apostar nela,

de volta ao centro da meta. Este índice em patamares elevados tem um efeito corrosivo na renda das famílias e tem um impacto

na sua qualificação, e oferecer ferramentas eficazes para que os frutos possam ser co-

negativo similar ao dos juros”, ressalta.

lhidos”, salienta. Apesar das previsões negativas espalhadas por especiaCONTINUIDADE

listas econômicos, Falci diz que com Pimentel, o estado poderá contar mais com o Governo Federal. “O novo go-

Bruno Falci foi reeleito recentemente pre-

vernador deve imprimir uma trajetória diferente. Além

sidente da CDL/BH para o biênio 20152017. De acordo com o empresário, a nova

de ser um grande administrador, ele deve contar com o apoio da presidência, o que é muito positivo”, diz. Ainda

diretoria vai focar em soluções para melhorar as vendas do comércio. “Estamos à

segundo o dirigente, várias questões precisam de urgência. “Temos também a questão da reforma tributária que

frente da CDL/BH para servir e representar o comércio da capital e temos conseguido desempenhar bem esse papel. A reeleição é

há tanto tempo foi anunciada. Ela precisa sair do papel e ser colocada em prática, pois Minas necessita atrair indústrias para fomentar a economia. É preciso também

uma mostra da confiança dos empresários. Nosso principal objetivo é manter o processo de organização financeira e administrativa da entidade, na busca permanente por melhores soluções para os segmentos de comércio e serviços”, explica.

recuperar a confiança dos investidores e da população na política econômica do governo, diminuir o déficit público, cortar os gastos do governo e fazer reformas estruturais para caminhar mais tranquilamente neste ano”, finaliza.



TURISMO

Cidade mineira vira samba e ganha destaque mundial Família Clementino Nunes

A Acadêmicos de Salgueiro, escola que levou Minas para avenida com destaques do Serro, não foi campeã do carnaval 2015 por décimos. Contudo, a agremiação encantou o público com seu samba - Saberes e Sabores de Minas Gerais - e difundiu a história da cidade para Brasil e os mais de 100 países que recebem o sinal da TV Globo. A culinária mineira, com o toque de Dona Lucinha Clementino Nunes, foi exaltada juntamente com familiares e serranos que estiveram na Marques Sapucaí. O Salgueiro entrou na avenida com 3.900 componentes - na madrugada do último dia 16 de fevereiro – e contou uma bela história por meio de 34 alas e seis carros alegóricos. Serro, a 326 quilômetros de Belo Horizonte, foi uma das primeiras comarcas da Capitania das Minas e ainda guarda as características das vilas setecentistas mineiras. O município é rodeado por montanhas e não faltam boas opções para caminhar, descansar e contemplar a natureza. O queijo que se produz por lá se tornou patrimônio imaterial do estado e é a grande vedete de uma festa que ocorre em agosto no Parque de Exposições. Já em julho, acontece a Festa do Rosário, que é uma mistura de religiosidade e folclore. Ao lado das novenas, missas e procissões, a cidade é tomada por um conjunto de danças com figurino colorido, coreografias e música

Paz e natureza Entre alguns distritos do Serro, se destacam a rústica e encantadora Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. O pri-

26 | MMS

sora por 30 anos. Em sua cidade natal, o Serro, foi ainda catequista, salgadeira, doceira, feirante, quitandeira, diretora escolar e, até, vereadora. “O primeiro ingrediente que se põe na panela é o amor. Minha família me ensinou que eu teria que aprender com a faculdade da vida. O que aprendi foi de uma forma prática, desde lavar uma louça, até fazer queijos”, afirma. Ela explica que as receitas não deviam sair de casa. “Não podíamos passar para ninguém os segredos, para preservar nossa cultura. Cada um ensinava as tradições aos seus filhos, tudo conforme as histórias indígenas, africanas e portuguesas”, lembra. A escola encantou o público com seu samba, saberes e sabores de Minas Gerais e difundiu a história do Serro para Brasil pelo mundo. Dona Lucinha Clementino Nunes foi exaltada juntamente com familiares e serranos que estiveram na Marques Sapucaí

meiro, em absoluta harmonia com a natureza, é parada obrigatória na rota entre Serro e Diamantina. O pequeno arraial surgiu no século XVIII, formado por pessoas que vinham em busca de ouro e diamante. Situado nas vertentes da Serra do Espinhaço, a belíssima paisagem, o patrimônio histórico, as cachoeiras, a singela hospitalidade dos habitantes e a deliciosa culinária típica feita em fogão à lenha fazem do local um destino muito especial. Já o segundo é reduto de paz e sossego. O distrito é cercado por cachoeiras como as da Gruta Seca; de São Gonçalo; Pacu; Grota Seca e do Comércio, que é propicia a prática de rapel; além de montanhas como o Pico do Raio e a Lapa da Igreja, com serras que remetem a torres de igrejas. Seu patrimônio histórico, simples e bem conservado, é composto da Igreja Matriz de São Gonçalo, da Igreja Nossa

Senhora do Rosário, da Praça Antônio Félix e dos Muros de Pedra construídos pelos escravos. O Presépio de Dona Lena merece uma visita. Montado em um quarto de sua residência, fica exposto de setembro a novembro e atrai muitos turistas. Ele foi sendo montado ao longo dos anos, uma parte por Dona Lena e outra parte vinda de doações de turistas que trazem novas peças quando retornam em visita a São Gonçalo do Rio das Pedras.

Talento e paladar Maria Lúcia Clementino Nunes, conhecida como Dona Lucinha, é mais do que a cozinheira de mão cheia que criou um dos restaurantes mais prestigiados de Belo Horizonte e do Braisl. É uma mulher que criou 11 filhos e trabalhou como profes-

Literatura Em 2001, junto com a filha Márcia Nunes, historiadora, Dona Lucinha lançou o livro "História da Arte da Cozinha Mineira", nas versões Português e Inglês. Foi na obra – que apresenta para os admiradores de sua cozinha informações da época do ciclo do ouro e do diamante, além de detalhes das receitas mineiras – que o Salgueiro se inspirou para dar um verdadeiro show na avenida. O livro , que explora sabores, aromas e histórias sobre a gastronomia apreciada no interior de Minas Gerais, encantou o casal de carnavalescos da escola, Renato e Márcia Lage. “Devorei o livro. Embora não tenha nascido em um ambiente de fazenda, dá para sentir, pela narrativa, todos os cheiros e gostos das comidas colocadas ali. Só adicionamos nessa panela um temperinho diferente, que é o samba”, conclui Márcia.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.