REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA - Engenheiro do Ano -SME - 2016- Sérgio Cavalieri

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ISSN 2447-813X

Fechamento autorizado Pode Ser aberto Pela ect

Ano 7

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Edição 33 | out- dEz - 2016

tecNologIa e INovação inAtEl na ponta do desenvolvimento tecnológico

mEdAlhA lucAS lopES José Vieira de mendonça Sobrinho foi homenageado pela SmE

REfoRmA dA SEdE A SmE estará de volta a sua tradicional sede na rua timbiras

24º PrêmIo Sme ct&I evento de ciência, tecnologia e Inovação divulga lista de vencedores

SérgIo cavalIerI eNgeNheIro do aNo 2016


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edItorIal | Palavra do PreSIdeNte

Augusto Drummond Presidente da SME

A Engenharia e as expectativas para o futuro O ano de 2016 chega ao fim, sem que tenha havido uma sensível melhora no contexto desfavorável em que se encontra a engenharia. De fato, os novos investimentos tanto esperados, e que poderiam impulsionar a profissão, ainda, não vieram e estão hoje no patamar de 25%, abaixo dos investimentos de 2013. Na falta deles é impossível uma vigorosa retomada do desenvolvimento, que sob o nosso ponto de vista, acabou transferida para 2018, ou quem sabe, para depois. Entendemos ser inadiável o combate a instabilidade fiscal, no sentido de se obter o tão desejado equilíbrio das contas públicas, imprescindível ao retorno da confiança dos investidores. Controle fiscal, mais investimentos, desenvolvimento e engenharia são fatores de uma mesma equação.

Causa-nos enorme indignação ver o quanto a Engenharia foi usada indevidamente, nos últimos anos, para o enriquecimento de muitos, sem qualquer vínculo com a profissão, na obtenção de vantagens ilícitas para seus projetos políticos inconfessáveis nas três esferas de poder. A engenharia precisa urgentemente livrar-se dessa pecha de vínculo com a corrupção, que nada tem a ver com ela. Ao contrário, a engenharia, livre dessa nódoa, que é a corrupção, e de interesses políticos escu-

sos, está pronta para contribuir para um Brasil melhor, como instrumento para mais desenvolvimento, qualidade de vida e bem-estar social.

Mas, apesar de tudo isso, o ano de 2016 não foi totalmente perdido. A SME deu passos significativos para voltar a ser o que foi no passado. No início de 2017, estaremos de volta, após 11 anos, à nossa Casa, a Casa do Engenheiro, à Rua Timbiras, 1514. As obras de reforma parcial do prédio da SME estão bastante avançadas e, ainda que estejamos trabalhando com recursos financeiros limitadíssimos, sem condições de concluí-las integralmente, isso não impedirá de alcançarmos o nosso objetivo: efetuar a mudança da SME para sua sede definitiva. Os trabalhos foram conduzidos pessoalmente pelo Presidente, com a contratação de profissionais necessários em cada área, com uma certeza absoluta: de não admitirmos lançar mão de gambiarras, em hipótese alguma! O que foi feito, foi feito com zelo, preparando a SME para um futuro sustentável, sobretudo por disponibilizar mais áreas que poderão ser usadas pelos profissionais e empresas do setor, em prol da engenharia. A SME precisa e está aberta à contribuição solidária dos associados e profissionais do setor.

Nesta edição da Revista Mineira de Engenharia, é com satisfação que destacamos a escolha do ilustre engenheiro Sérgio Cavalieri para receber a Medalha SME e o Título de Engenheiro do Ano de 2016. Tratase de profissional altamente qualificado, que em sua trajetória tem ocupado posições de comando em relevante conglomerado empresarial; na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), como vice-presidente, sendo reconhecido, dentro e fora do País, como líder da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa – ADCE. Nessa missão, tem tido postura correta e irrepreensível, fundada nos valores do humanismo cristão e da solidariedade humana. Valores tão bem apregoados, nos dias de hoje, pelo brilhante Papa Francisco. Homenagear Sérgio Cavalieri, em 2016, é para nós um privilégio, assim como o foi, em 2014 e 2015, em nossa gestão, com a indicação dos engenheiros Edson Durão Judice e Olavo Machado Jr., respectivamente. Finalizando, transmitimos a nossos leitores o nosso abraço fraternal de Boas Festas e um 2017 de muitas realizações. São os votos dos membros da equipe de funcionários, dos membros dos conselhos Deliberativo e Fiscal e dos diretores da SME.

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veNha Para a Sme comPromISSo com você! a Sociedade mineira de engenheiros, por meio de sua equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.

Por meio de nosso site, da revista mineira de engenharia e da produção de eventos, a Sme tem se tornado, cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu interesse no setor.

em seus 85 anos de existência, a Sme trabalha para integrar, desenvolver e valorizar a engenharia, a arquitetura, a agronomia e seus profissionais, contribuindo para o aprimoramento tecnológico, científico, sociocultural e econômico. comPromISSo com o Futuro aprimoramento profissional e a inovação tecnológica também têm sido uma das grandes bandeiras da Sme para oferecer os melhores serviços para você.

mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou sme@sme.org.br

augusto celso Franco drummond presidente

Janaína maria França dos anjos diretora

alexandre Francisco maia bueno Vice-presidente

José andrade neiva diretor

José ciro mota Vice-presidente

Krisdany Vinicius Santos de magalhães cavalcante diretor

luiz henrique de castro carvalho Vice-presidente marita arêas de Souza tavares Vice-presidente Virgínia campos de oliveira Vice-presidente alexandre rocha resende diretor antônia Sônia alves cardoso diniz diretora Fabiano Soares Panissi diretor humberto rodrigues Falcão diretor

Publicação

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marcelo monachesi Gaio diretor túlio marcus machado alves diretor túlio tamietti Prado Galhano diretor conSElho dEliBERAtiVo ailton ricaldoni lobo presidente conselheiros alberto enrique dávila bravo carlos eustáquio marteleto eduardo Paoliello

Fernando henrique Schuffner neto Flavio marques lisbôa campos Francisco maia neto Jorge Pereira raggi José raimundo dias Fonseca levindo eduardo coelho neto luiz celso oliveira andrade Paulo henrique Pinheiro de Vasconcelos rodrigo octávio coutinho Filho Wilson chaves Júnior conSElho fiScAl carlos Gutemberg Junqueira alvim presidente conselheiros alexandre heringer lisboa João José Figueiredo de oliveira José eduardo Starling Soares marcelo aguiar de campos coordenador Editorial José ciro mota Jornalista Responsável luciana maria Sampaio moreira mG 05203 JP

Revisão Editorial Jalmelice luz - mG 3365 JP jornalismo@sme.org.br projeto Gráfico / design blog comunicação marcelo távora tavora007@hotmail.com (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590 depto. comercial blog comunicação & marketing revista@blogconsult.com.br (31) 3309 1036 | (31) 99133 8590 tiragem: 10 mil | trimestral distribuição regional (mG) Gratuita publicação | SmE Sociedade mineira de engenheiros av. Álvares cabral, 1600 | 3º andar Santo agostinho | belo horizonte minas Gerais | ceP - 30170-917 tel. (31) 3292 3962 sme@sme.org.br www.sme.org.br

Apoio Compromisso, Inovação e Avanço


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REfoRmA dA SEdE A SmE em breve estará de volta a sua tradicional sede, na rua timbiras

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mEdAlhA lucAS lopES José Vieira de mendonça Sobrinho foi homenageado pela SmE

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p&d Equipe BAJA SAE Brasil da ufmG vai disputar a etapa nacional

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EntREViStA Sérgio cavalieri Engenheiro do Ano - SmE / 2016

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JoVEm EnGEnhEiRA patrícia maria Soares, Engenheira de telecomunicações quer fazer a diferença

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tecNologIa e INovação inAtEl na ponta do desenvolvimento tecnológico

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artIgo | cdS/Sme comitê de desenvolvimento Sustentável da Sme

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35ª fEtin feira de tecnologia do instituto nacional de telecomunicação do inAtEl

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24º PrêmIo Sme ct&I evento de ciência, tecnologia e Inovação divulga lista de vencedores

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EnGEnhARiA RoBóticA minas Gerais inicia o primeiro serviço de medicina robótica no hospital Vila da Serra

meStreS de eNgeNharIa José osvaldo Saldanha Paulino

heloISa PaIva exemplo de mãe, mulher e profissional


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NOTAS DO SETOR SmE no copam

os representantes da SmE no copam são: engenheira Janaína frança (titular); 1º suplente engenheiro Adalberto Rezende,

(à esquerda) e o 2º suplente o engenheiro luciano costa (à direita).

A SME participou do processo eletivo de membros da sociedade civil para a recomposição do Plenário, das Câmaras Técnicas Especializadas e das Unidades Regionais Colegiadas (URCs) do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, para o biênio 2016-2018. Ao todo são 258 conselheiros representantes de Organizações Não-Governamentais – ONGs, de Entidades Civis representativas de categorias de profissionais liberais ligadas à proteção do meio ambiente; de entidades reconhecidamente dedicadas ao ensino, pesquisa, ou desenvolvimento tecnológico ou científico na área do meio ambiente e da melhoria da qualidade de vida. A SME irá compor o Plenário do COPAM como membro representativo do segmento de profissionais liberais. Os representantes da SME são: titular engenheira Janaina França; 1º suplente engenheiro Adalberto Rezende, 2º suplente o engenheiro Luciano Costa. Através desse espaço institucional, a SME pretende participar ativamente nas discussões das políticas públicas de meio ambiente do estado de Minas Gerais.

minascon

A Sociedade Mineira de Engenheiros participou, no período de 7 a 9 de setembro/2016, no Expominas, na Gameleira, do Minascon. Com estande próprio na área de infraestrutura, a entidade foi visitada por dezenas de estudantes e professores de engenharias, sendo recebidos pelo presidente da entidade, Augusto Drummond. Considerado o megaevento da cadeia produtiva da construção mineira, o Minascon em sua 13ª edição, foi promovido pela Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado

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Visita

o Eng.º Sérgio cavalieri, homenageado pela SmE com a me-

dalha e o título de Engenheiro do Ano 2016, em visita de

cortesia à sede provisória da entidade, foi recebido pelos presidentes da SmE, Augusto drummond e do conselho de-

liberativo, Ailton Ricaldoni lobo; os vice-presidentes da SmE, José ciro mota e marita tavares.

Engenharia de produção

Será realizado, no dia 20 a 22 de abril de 2017, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fórum Mineiro de Engenharia de Produção dirigido a estudantes, professores e profissionais de Engenharia de Produção, empresas e demais interessados. O tema central é a economia de baixo carbono. Serão debatidos temais tais como: desenvolver a engenharia de produção em Minas Gerais; questões relativas ao mercado e às inovações globais; divulgar os avanços tecnológicos na área; promover uma conversa mais estreita entre empresas e instituições de ensino e pesquisa no campo da engenharia de produção. Mais informação: www.ufjf.br. de Minas Gerais (CIC-Fiemg). Foram realizadas inúmeras palestras e painéis por associações, entidades de classe e universidades ligadas ao setor. Além de um Fórum de Megatendências que abordou a inovação tecnológica no setor da construção civil. Iniciativas pioneiras com a utilização do potencial do computador no setor de construção, nos espaços construídos e na arquitetura. Entre os palestrantes a empresária paulista Anielle Guedes, 30 anos. Proprietária da startup Urban 3D, ela foi eleita pela Forbes um dos 30 empreendedores de maior sucesso no mundo.


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clamper completa 25 anos

circuito liberdade

virgínia campos, marcela França, marita

Sinduscon-mG

ções simples e de sua intuição e experiência como empreendedor. Mas o que mais admiro é sua lealdade a valores como honestidade”, disse. A Clamper, cuja sede fica em Lagoa Santa (RMBH), é referência mundial na pesquisa, desenvolvimento e fabricação de DPS (Dispositivos de Proteção contra Surtos Elétricos). Seus produtos são exportados para 15 países. Sua trajetória de sucesso deveu-se, em boa parte, disse Ailton Ricaldoni, aos amigos e parceiros, a quem agradeceu em seu discurso. Olavo Machado Junior entregou uma placa comemorativa para o fundador da Clamper em nome dos industriais do Estado. divulgação

O presidente do Conselho Deliberativo da SME, Ailton Ricaldoni Lobo, ex-presidente da entidade, comemorou, no dia 21 de setembro, os 25 anos da empresa Clamper, fundada por ele, em 1991. A cerimônia foi realizada no Teatro Bradesco. A comemoração reuniu a diretoria da empresa e funcionários. Compareceram ao evento, lideranças empresariais, políticos e o presidente do Sistema FIEMG, Olavo Machado. O vice-presidente da empresa e filho do fundador, Marcelo Augusto Lobo, lembrou a trajetória do pai, Ailton Ricaldoni Lobo. “Meu pai consegue construir cenários complexos a partir de constata-

O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) completou 80 anos de história e conquistas em benefício da Construção Civil. Para comemorar a data especial, a entidade reuniu executivos, dirigentes de entidades de classe e do setor produtivo, representantes do poder público, em uma solenidade, no dia 29 de novembro, no The One Business, em Belo Horizonte. Fundado em 14 de dezembro de 1936, o sindicato é um dos pioneiros no País. O Sinduscon-MG reúne oito décadas de excelência em serviços prestados com o objetivo de fomentar o desenvol-

homenagem No dia 14 de dezembro, o Engº Civil José Antônio Silva Coutinho, coordenador da Comissão Técnica de Transportes da SME (2015/2016), será um dos homenageados pelas Entidades de Classe, em cerimônia a ser realizada no CREA-Minas. José Coutinho tem, ao longo dos anos, prestado relevantes serviços à SME. Breve currículo do engenheiro José Coutinho: atuou na Agência de Desenvolvimento da

tavares, michele arroyo

No dia 30 de novembro, representes da diretoria da SME reuniram-se com a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), Michele Arroyo e com a coordenadora do Circuito Liberdade, Marcela França. O motivo do encontro foi a proposta de ampliação do Circuito Cultural da Praça da Liberdade. A diretoria da SME, representada por Janaína França, Marita Tavares e Virgínia Campos, levou à presidente do IEPHA a intenção da SME compor o Circuito Liberdade e disponibilizar o espaço de sua sede, na Rua Timbiras, 1514, nas atividades culturais programadas para o Circuito Liberdade. o presidente do Sinduscon-mg, andre de Sousa lima campos, reuniu empresários, dirigentes de entidades de classe e do setor produtivo, também representantes dos poderes públicos e a imprensa para comemorar os 80 anos de história da entidade.

vimento da Indústria da Construção Civil, por meio de iniciativas que aumentam a produtividade, a eficiência e a sustentabilidade das empresas que atuam no segmento. Região Metropolitana de Belo Horizonte (2009/2014); foi membro do Comitê Técnico de Mobilidade Urbana, representando a SME e a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), onde era diretor. Foi diretor de Patrimônio da ACMinas (2008/2010); assessor especial do Programa Trens de Minas da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), em 2004. Foi diretor geral do Ministério dos Transportes (2003/2004), entre outros cargos de destaque no âmbito federal no setor de transportes, em entidades de classe, a exemplo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais(FIEMG), na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e em empresas. Coutinho formou-se em engenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), em 1962.

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de volta para a casa do Engenheiro

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luciana Sampaio moreira epois de 11 anos instalada no terceiro andar do prédio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (CREA-MG), a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) está se preparando para retornar a sua tradicional sede, na rua Timbiras, 1514, região Centro-Sul da capital. Essa que foi uma das propostas da campanha do atual presidente da entidade, engenheiro eletricista Augusto Celso Franco Drummond, acabou se convertendo em um verdadeiro filme de aventuras. Com direito a muitas surpresas desagradáveis, antes do tão esperado final feliz. Depois de vários anos alugado para uma empresa privada, sem qualquer tipo de manutenção, o imóvel foi entregue completamente danificado.

Antes da obra, bastaria uma rápida visita para constatar que a belíssima infraestrutura interna foi totalmente devastada. A situação do piso de granito, no andar térreo, é um bom exemplo. Para revitalizar a pedra foi contratado um sistema de polimento que é executado em oito etapas, com oito tipos de lixas.

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o projeto Iniciada em junho deste ano, a obra incluiu intervenções estruturais como a substituição do telhado – das madeiras até as telhas – impermeabilização das áreas do terraço do terceiro e sexto andares e, também, da caixa d’água, para solucionar as infiltrações, troca de esquadrias e das tubulações de ferro fundido por outras de PVC.

O contrapiso antigo foi completamente refeito para evitar problemas de aderência do porcelanato, instalado no segundo andar, onde funcionará a sede administrativa da SME. Nessa área, o sistema de ar condicionado foi substituído. Os banheiros foram renovados e estão em maior número que no projeto original. Há espaços para reuniões de diretoria e das comissões técnicas, com sistema de proteção de ruídos. Para completar, os dois primeiros andares ganharam um projeto de iluminação especial, assinado pela empresa Gilza Carvalho Luminotecnia. Sem apoio externo e com recursos obtidos por meio de um reembolso devido à SME, a atual gestão realizou a reforma até o 3º andar. O prédio tem seis pavimentos, mas


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A meta é devolver o prédio aos engenheiros e à cidade

de Belo Horizonte como um ponto de encontros, debates e desenvolvimento de novos projetos. Além do espaço

administrativo da SME, há salas de reuniões, miniauditórios e outras áreas que podem ser usadas pelas empresas de engenharia do Estado para diversos tipos de eventos. o recurso disponível não foi suficiente para cobrir as intervenções necessárias. E são muitas! A diretoria tem buscado viabilizar parcerias para concluir as obras.

“Quando começamos a obra não imaginamos o que iriamos encontrar”, afirma Augusto Drummond, que, desde o primeiro momento, tomou a frente da gestão do projeto, confeccionado pela Dávila Arquitetura, para garantir a qualidade do serviço e a correção efetiva dos problemas que afetaram o imóvel. “Nossa preocupação tem sido resgatar a identidade da SME, por meio da sua sede tradicional, que fica em uma região muito valorizada de Belo Horizonte. Esse é um dos grandes anseios dos associados e dos membros dos Conselhos da entidade”, ressalta.

A meta é devolver o prédio aos engenheiros e à cidade de Belo Horizonte como um ponto de encontros, debates e desenvolvimento de novos projetos. Além do espaço administrativo da SME, há salas de reuniões, miniauditórios e outras áreas que podem ser usadas pelas empresas de engenharia do Estado para diversos tipos de eventos.

alessandro marques, augusto drummond e Fernando Sávio melo castro Segundo o engenheiro civil, Fernando Sávio Melo Castro, um dos profissionais que tem acompanhado a execução do projeto, o mais importante de todo o processo tem sido o zelo dos gestores, para que a Casa do Engenheiro volte a ser um local de referência para os profissionais mineiros e brasileiros. 9


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a obra está em fase final de acabamento. em 2017, os profissionais e a cidade terão a “casa dos engenheiros” de volta.

pARcERiA pARA ExcElEntES RESultAdoS O projeto arquitetônico da reforma da sede da SME foi confeccionado pela empresa Dávila Arquitetura, que tem 27 anos de experiência no desenvolvimento de projetos de Arquitetura, Urbanismo, Interiores, Produção de Imagens e Gestão Integrada de Projetos (CIP). O arquiteto responsável, Alessandro Marques, destaca a preocupação do presidente da SME, Augusto Drummond, em fazer uma obra a 10

altura da importância da SME. “A questão é fazer bem feito. A obra ainda não acabou, mas o que já foi feito está bonito. É isso que nos anima a dar continuidade”, enfatiza.

Desde 2002, o escritório da Dávila Arquitetura é certificado com a ISO 9001, tendo sido um dos primeiros no segmento a obter a certificação. Os jovens e experientes arquitetos da empresa estão em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, para combinar a proximidade do cliente com o domínio das características regionais ao conhecimento universal.

O portfólio da empresa é composto por centenas de projetos produzidos e construídos, das mais diversas tipologias, numa expressão da grande capacidade criativa, produtiva e técnica. O status profissional e a qualidade alcançada pelos projetos da Dávila são amplamente reconhecidos pelo mercado, inclusive a partir da obtenção de vários prêmios nacionais. Recentemente, a empresa foi agraciada com o Prêmio Master Nacional do Grande Concurso de Arquitetura Corporativa realizado em São Paulo.


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uma trajetória em defesa da Engenharia para o desenvolvimento nacional

F

FIcha técNIca: Projeto Arquitetônico - dávila arquitetura Iluminação - Gilza carvalho luminotecnia equIPe/meI (micro empreendedor Individual) Wilson Soares da Silva, reinaldo Vieira da Silva, Gevarci de Sousa, Warlan Pereira dos Santos, José Fernandes neto. herbert Gabriel – eletricista

undada em 1931, a SME é uma entidade de ca-

ráter público que visa defender os interesses

dos engenheiros, arquitetos e agrônomos. Va-

lorizar os profissionais por meio da reflexão, estudo e elaboração de propostas e soluções

de questões relevantes para a cidade de Belo Horizonte, para Minas Gerais e para o País.

Ao longo de 85 anos de história, as Comissões Técnicas Permanentes e Grupos de Trabalho têm contribuído de

forma decisiva para o processo de desenvolvimento nacional.

A sede, localizada na Rua Timbiras, nº 1514, simboliza para os engenheiros e para a cidade de Belo Horizonte uma

parte de sua história, por ser o espaço onde os profissionais se reuniam, tanto para o debate quanto para atividades sociais, culturais e de lazer.

A história de construção da sede da SME remonta há

cerca de pouco mais de 40 anos. Em 1974, a entidade ad-

quiriu o terreno, na Rua Timbiras, no bairro de Lourdes,

emPreSaS PreStadoraS de ServIçoS: AMC PortAs ProntAs Areluz Bh – CoMérCio de tintAs e MAteriAis ltdA BArro Preto MetAis ltdA CAsA novA iMPerMeABilizAção Cnr MAteriAis de Construção Cláudio indústriA e CoMérCio CoMiteC – PortAs de Fogo ltdA eMive – segurAnçA eletrôniCA PenAteC FABerteC FABer teCnologiA ind. e CoM. FhAll elevAdores e serviços gl PoliMentos gruPo ArCongel horizonte vidros irMãos BeCker MAteriAl de Construção JAMArAl ConsultoriA

para erguer o prédio que abrigaria as atividades e os even-

lAFAete gestão AMBientAl

ocorreu durante a gestão do ex-presidente Tárcio Primo

loJAs elétriCA

tos. A análise dos projetos para construção do prédio

loMAq – loCAções e CoMérCio

Belém Barbosa.

loJA do PAulo

do Lago Cirne. A obra foi considerada prioritária na

Multirede distriBuidorA

população e o interesse de autoridades, a exemplo do

Ponto do BoMBeiro MAteriAl hidráuliCo

por muitos anos foi membro e conselheiro da SME. A

PortoBello s.A

festivo.

vAreJão dAs tintAs ltdA

O projeto vencedor foi o do engenheiro arquiteto Raul

MerCAntil BoMBAs d’águA

época. A construção da sede da SME atraiu atenção da

otiMA loCAdorA de equiPAMentos eirelli

então governador Aureliano Chaves de Mendonça, que

Phd – BArrAs de APoio eirelli ePP

inauguração aconteceu, em março de 1978, em evento

serrAlheriA renner Aço 11


FotoS - elderth theza

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mEdAlhA lucAS lopES

José Vieira de mendonça Sobrinho foi homenageado pela SmE

luciana Sampaio moreira Em 1960, foi promovido a engenheiro chefe de divisão de usinas. Naquele período, passou quatro meses estagiando na Companhia de Eletricidade da França. Nos anos seguintes, tornou-se chefe de departamento de produção e transmissão (1965/1974).

“Foi uma surpresa que me honrou muito”, afirma o engenheiro eletricista José Vieira de Mendonça Sobrinho, 90 anos. No dia 8 de agosto deste ano, ele foi condecorado com a Medalha Lucas Lopes, uma honraria criada pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), para reconhecer os profissionais que atuam no setor energético de Minas Gerais.

Com 28 anos de serviços prestados à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), entre os quais destaca-se a diretoria de Produção e Transmissão, o engenheiro teve uma atuação de destaque no setor elétrico estadual.

Graduado pelo Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI), hoje Unifei, em 1951, iniciou sua carreira na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na cidade de Volta Redonda (RJ). De 1952 a 1954, trabalhou na Companhia Paulista de Força e Luz, em Campinas (SP), como engenheiro de manutenção do sistema regional de produção, subtransmissão e distribuição. Em dezembro de 1954, ingressou 12

na CEMIG na função de engenheiro auxiliar de divisão de usinas (1954/1955).

Entre os projetos dos quais participou, logo no início da carreira na Cemig, José Vieira de Mendonça Sobrinho destaca o canteiro de obras da Usina Salto Grande, na bacia do Rio Doce. Na época, ele mudou-se para a região e assumiu o cargo de engenheiro chefe de operação, com a responsabilidade de treinar e formar a equipe de operação e manutenção do empreendimento.

Em 1975, foi promovido a superintendente de Produção e Transmissão e acompanhou a construção das primeiras usinas da CEMIG: Jaguara, Itutinga, Camargos e Salto Grande.Ao aposentar-se ocupou o cargo de diretor de Estudos Energéticos e Técnicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Para o engenheiro, que não deixa de se encantar pela grandiosidade da Engenharia, a evolução do setor energético nacional é um processo contínuo. “Enquanto o País estiver em desenvolvimento, as obras serão necessárias. Os melhores aproveitamentos hidrelétricos já foram feitos e o desafio das novas gerações é usar as outras formas de energia, como a solar e a eólica, que têm custos menores”, ressalta.


FotoS - elderth theza

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Homenagens

A cerimônia de outorga da Medalha Lucas Lopes integra a programação anual de eventos da SME. Como acontece tradicionalmente, o evento reuniu engenheiros de diversas gerações e áreas de atuação, empresários e familiares do homenageado. A filha, Moema Gomes de Mendonça, destaca que a Medalha Lucas Lopes foi uma honra para a família. “Neste ano, também estamos celebrando os 65 anos de casamento do nosso pai e de nossa mãe, Ana Júlia de Mendonça”, ressalta. Para ela, que é uma entre os sete filhos do casal, a homenagem não po-

presa e trabalhou com afinco para fazer o melhor, em todas as áreas em que atuou”, destaca.

deria ter chegado em melhor hora. “Crescemos vendo a dedicação do nosso pai em relação aos assuntos do trabalho. Ele vestiu a camisa da em-

O ex-presidente da CEMIG, Guy Vilella e o diretor da CEMIG, Evandro Leite Vasconcelos, que representou o presidente da empresa, Mauro Borges, discursaram e renderam homenagens a José Vieira Mendonça Sobrinho. Da mesma forma, o presidente da FIEMG, Olavo Machado, também, falou sobre a capacidade do engenheiro José Vieira de Mendonça Sobrinho. A solenidade foi dirigida pelo presidente da SME, Augusto Drummond.

trajetória de trabalho e dedicação O engenheiro José Vieira de Mendonça Sobrinho escreveu um discurso especial para a cerimônia de entrega da Medalha Lucas Lopes. Emocionado, delegou ao filho caçula, José Alfredo de Mendonça, a leitura do texto, no qual compartilhou com seus familiares e colegas de profissão a alegria pela homenagem recebida.

José alfredo mendonça lê o discurso escrito pelo pai José vieira de

discurso na íntegra “Meus prezados colegas e amigos, Meus queridos familiares,

Considero-me um homem feliz e realizado!

Profissionalmente, nunca tive a pretensão de me considerar entre os melhores (sem falsa modéstia). Mas, atrevo a me considerar entre aqueles que mais se dedicaram à nossa CEMIG (me permitam continuar sentindo e falando assim), onde vivi quase toda a minha vida profissional! No setor elétrico, estive anteriormente na Cia. Paulista de Força e Luz, então do Grupo AMFORP, onde meu desempenho recomendou minha promoção à chefia divisional de Bauru ou de Ribeirão Preto (não me lembro bem qual delas). Mas, naquele momento, tive conhecimento da criação da CEMIG e de sua necessidade de recrutar engenhei-

mendonça

ros com alguma experiência. Com meus sentimentos nacionalistas, não tive dúvidas em trocar o certo e conhecido pela nova experiência – nossa e mineira! Para se ter ideia do tamanho da Cemig naquele momento, o número de minha matrícula é 598!

Aqui, passo a passo, fiz minha carreira profissional, chegando ao topo, que era a Superintendência. Nesta posição, pude confirmar minha avaliação de que a empresa era administrada e conduzida com seriedade, independência e correção, o que me deu certeza de que havia escolhido o caminho certo! Depois de alguns anos neste cargo, fui elevado à Diretoria, por recomendação do saudoso e íntegro governador Aureliano Chaves, tendo sido mantido pelo ilustre governador Ozanan Coelho. 13


FotoS - elderth theza

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mEdAlhA lucAS lopES

guy vilella, evandro leite vasconcelos, augusto celso drummond, olavo machado Jr. e o homenageado José vieira de mendonça Sobrinho

Posteriormente, o insigne goverTodos, cada um a seu modo, trilhanador Francelino Pereira me ram caminhos dentro de princímanteve no cargo por mais um pios éticos e de justiça. A ela, mandato. Em 1982, afastei-me da filhos, noras, genro e netos, dedico Diretoria para me dedicar a uma meu amor incondicional. campanha política, visando a eleNão posso finalizar estas breves pager-me deputado estadual. Emlavras sem fazer um agradecimento bora tenha recebido milhares de especial ao prezado e leal amigo votos dos colegas da CEMIG (e Roberto Ayres, mentor e incentivade amigos, correligionários e condor desta homenagem.Também ao terrâneos), não fui eleito, e julguei amigo e colega Aloisio Vasconcemais ético renunciar ao cargo de los, companheiro e colega de muiJosé vieira de mendonça Sobrinho Diretor. Em seguida, me aposentos e bons trabalhos na CEMIG, tei, mas ainda por um tempo me que o apoiou prontamente. dediquei à engenharia, trabalhando, em Brasília, numa empresa prestadora de serviços, até voltar à minha ciAgradeço ainda ao colega Augusto Drummond, ilustre dade natal. Ali colaborei, primeiro com a cooperativa Presidente da instituição que muito me honra com esta de cafeicultores, como presidente e, posteriormente, medalha. com a Santa Casa de Saúde, como seu provedor. Em Agradeço ao nobre Diretor-Presidente da CEMIG, Três Pontas, pude dedicar-me também à música, soMauro Borges, gentil anfitrião desta solenidade. prando meu saxofone na corporação musical da cidade Nesta retrospectiva, não posso deixar de citar o (Banda Luis Antônio Ribeiro). nome do ilustre Guy Villela, ex-diretor e ex-presidente Saudoso dos filhos, resolvi retornar a Belo Horizonte, da CEMIG, com quem trabalhei alguns anos, e de quem onde resido até hoje. Em toda essa trajetória, tive o aproveitei muito saber e a quem dedico sinceros sentiapoio irrestrito da minha fiel e inseparável companheira mentos de amizade. Ana Júlia, em cuja modéstia está uma mulher sábia, que Faço também referência especial à colega e amiga Marita muitas vezes me alertou e me sugeriu caminhos a trilhar. Arêas, diretora da SME e líder dinâmica da classe. Aos amiE que também nos deu adoráveis filhos, que só faltam gos e familiares aqui presentes o meu abraço afetuoso”. adivinhar nossos desejos para torná-los realizados. 14


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o homenageado celebra a condecoração junto com familiares

o presidente da FIemg, olavo machado, cumprimenta o homenageado

olavo machado, evandro vasconcelos, o homenageado José vieira, augusto drummond e guy vilella

levindo eduardo coelho Neto, evandro leite vasconcelos, ailton ricaldoni lobo e augusto drummond

José vieira recebe a medalha lucas lopes sob aplausos

Familiares acompanham atentos a solenidade de entrega da medalha

José vieira de mendonça ao lado da esposa ana Júlia gomes de mendonça e Suzanne Beaudette

augusto drummond, marita tavares e José vieira de mendonça

após solenidade, a confraternização de amigos, familiares e colegas

evandro vasconcelos, diretor da cemig e José vieira de mendonça


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Foto : dAniel CerqueirA

eNtrevISta | eNgeNheIro do aNo 2016

Sérgio Cavalieri recebe o título de Engenheiro do Ano, uma homenagem da Sociedade Mineira de

Engenheiros (SME) aos profissionais que se destacam na área de Engenharia em Minas Gerais

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“Os negócios, assim como a política e as ONGs só podem ser conduzidas com ética”

m

luciana Sampaio moreira

uito se fala sobre a responsabilidade empresarial nos cenários de crise e retração econômica. No entanto, além da geração de empregos e de resultados financeiros, as organizações têm um papel fundamental a cumprir para a continuidade do processo de desenvolvimento nacional. Aos 63 anos, o engenheiro civil e empresário Francisco Sérgio Soares Cavalieri, ou Sérgio Cavalieri, como é mais conhecido, completa, neste ano, 40 anos de graduação na Universidade Mackenzie de São Paulo. Além de projetos e empreendimentos de sucesso no currículo, ele é um dos engenheiros/empresários mais respeitados pelos seus pares, nessas duas importantes áreas de atuação, não apenas pela competência técnica e gerencial que tem desenvolvido, ao longo dos anos, mas pelo trabalho incansável de divulgação do conceito de ética empresarial.

Em 12 de dezembro, Sérgio Cavalieri vai receber o justo e merecido título de Engenheiro do Ano, uma homenagem da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) aos profissionais que se destacam na área de Engenharia em Minas Gerais. O evento é parte das comemorações oficiais do Dia do Engenheiro, celebradas dois dias antes. A cerimônia será realizada no auditório do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (SicepotMG), na região Oeste da capital mineira. como o Sr. recebeu a notícia de que será o Engenheiro do Ano 2016? Com enorme alegria e entusiasmo. Escolhi minha profissão com total convicção, tenho grande paixão pela Engenharia, pela engenhosidade do ser humano, pela sua capacidade criativa e pela contribuição que a Engenharia dá para o mundo e para as pessoas. Este reconhecimento vindo de uma entidade tão tradicional e respeitada como a SME, só faz aumentar minha alegria. Acredito que é o prêmio que todo engenheiro aspira receber na sua vida profissional. 17


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por que o Sr. decidiu estudar Engenharia? Certamente por influência do meu avô materno e meu pai que eram engenheiros. O Grupo ASAMAR, fundado em 1932, teve como primeira atividade a construção pesada, empreitadas de obras públicas. Eu vivi minha infância e adolescência sempre ouvindo falar de obras. Como sempre fui muito curioso, acompanhava meu pai e tios em visitas a canteiros de obras. Algumas das minhas férias eu passei em acampamentos, acompanhando a movimentação das máquinas, caminhões, e demais equipamentos de terraplanagem, cortando morros, fazendo aterros, pavimentando rodovias, assistindo montagem de formas, ferragem e concretagem de obras de arte; construção de viadutos, pontes e túneis. Tudo me deixava extasiado. Desde cedo, senti grande atração pela Engenharia. dentro do setor empresarial mineiro, o Sr. apresentou aos seus colegas de atividade a AdcE. como nasceu essa instituição e como o Sr. se engajou nesse projeto? A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) foi fundada no Brasil, em 1961, por doze empresários paulistas, entre eles o 18

meu pai. Esse movimento empresarial teve sua origem na Europa, em 1931, e é o mais antigo, o maior e mais respeitado movimento mundial de responsabilidade socioambiental empresarial. Me engajei, efetivamente, neste movimento por convite de um tio, em 1989. com base nos ensinamentos de Jesus cristo, os participantes dos eventos promovidos pela AdcE são apresentados a um modelo de gestão responsável e viável. o Sr. considera possível empreender e administrar uma empresa tendo como base uma conduta ética? Tenho absoluta convicção que no mundo atual, onde a tecnologia da informação e da comunicação torna tudo transparente, conectado e interdependente, os negócios, assim como a política e as ONGs, só podem ser conduzidas com ética. Sem ética, respeito às leis, liberdade exercida com responsabilidade, verdade, justiça, nada feito. Nada prospera e nem terá sucesso. Cada vez mais, a sociedade cobra dos empresários e das empresas esta postura. Empresas de Engenharia do Brasil estão experimentando a mão forte da Justiça nos casos de corrupção. muitos executivos estão presos, enquanto os políticos permanecem soltos. como isso

deve servir de lição para outras organizações? como deve ser a relação das empresas com o governo? Boa parte dos políticos ainda estão soltos, mas creio que é questão de tempo. Como muitos têm foro privilegiado, o processo é mais lento. Acredito que ninguém passará incólume, pois a própria sociedade vai cobrar para que sejam investigados, julgados e punidos, se delitos forem comprovados. A grande crise que o Brasil atravessa foi sobretudo resultado de uma crise ética, moral e de valores. Estamos passando por grande sofrimento, com desemprego, pessoas, famílias e empresas perdendo seus patrimônios, ficando mais pobres ou até mesmo quebrando. Isto tem de resultar em um aprendizado para a sociedade brasileira. Precisamos ter a consciência que não se constrói uma nação sem valores, educação de qualidade, cidadania, ética, responsabilidade e respeito às pessoas e às leis. Precisamos ter a coragem de mudar a forma que fazemos nossas escolhas e mudar nossas atitudes, e isto depende de cada um de nós. O relacionamento entre os setores privado e público deve ser transparente, verdadeiro e probo. De uma maneira didática,


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Precisamos ter a consciência que não se constrói uma nação sem valores, educação de qualidade, cidadania, ética, responsabilidade e respeito às pessoas e às leis.

Atualmente, o Sr. atua como presidente do conselho Administrativo da AlE combustíveis S.A., e acionista do Grupo ASAmAR. como o Sr, conduz o seu trabalho? O Grupo ASAMAR é um grupo familiar investidor em vários negócios e em setores diferentes. Os representantes das famílias acionistas que trabalham no Grupo ASAMAR têm um papel mais estratégico que operacional. Por este motivo, atuamos nos conselhos de administração das empresas, traçando estratégias, montando equipes, acompanhando o desempenho, gerenciando riscos e identificando oportunidades. Outra responsabilidade importante que exercemos é a de assegurar que nossas empresas operem de forma ética, dentro dos valores que professamos, atendam às necessidades e aspirações de todos os stake-

holders, inclusive os acionistas, é claro.

se qualquer agente público ou privado não tiver coragem de contar para seu filho algo que ele fez, então, é porque não deveria ter tomado aquela decisão.

Felizmente somos um time de seis pessoas e os meus sócios apoiam minhas atividades fora do âmbito empresarial e assumem um pouco mais de tarefas para que eu possa me dedicar à ADCE/UNIAPAC, FIEMG, CNI, Pacto Global da ONU e outras ONGs que eu participo com muito gosto. A gestão cristã de uma empresa tem reflexos sobre a gestão de pessoas? como isso pode acontecer nas empresas? Definitivamente, sim. Esta é a principal bandeira que defendo. A gestão baseada em valores e, independentemente de questões religiosas, estou convencido que os valores cristãos são uma excelente base e orientação para a condução dos negócios. Isto porque colocam o ser humano no centro da atividade econômica e empresarial. Quando os gestores atuam desta forma. As empresas se tornam mais humanas, mais competitivas, atendem melhor a sua missão de contribuir para a sociedade, e acabam gerando maiores lucros, reconhecimento dos clientes e maior sustentabilidade no longo prazo.


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eNtrevISta | eNgeNheIro do aNo 2016

Quais os seus projetos para o futuro? tem algum que possa adiantar? Continuar trabalhando que é algo que sempre fiz com grande intensidade e prazer. Graças a Deus, tenho boa saúde e muita disposição para continuar aplicando o que aprendi como engenheiro, e ao longo de 40 anos de vida profissional. Quero buscar novos conhecimentos, contribuir para o desenvolvimento das empresas que já somos acionistas e, quem sabe, ajudar a criar novas. Meu desejo é poder dedicar mais tempo para a ADCE, em especial para o programa Empresa com Valores, que tem como objetivo implantar no Brasil a cultura da gestão baseada em valores. Este é meu sonho que, em algumas décadas, os empresários, dirigentes de empresas, empreendedores executivos, gerentes, tenham este modelo como uma prática normal e usual no seu dia a dia. Acredito que somente desta forma conseguiremos erguer 20

uma nação respeitada, mais evoluída, onde seus cidadãos tenham elevada autoestima e sintam verdadeiramente orgulho de ser brasileiro. Qual mensagem o Sr. enviaria para os seus pares engenheiros-empresários neste momento da história nacional? Estamos no meio de uma fortíssima crise econômica e financeira que teve origem na falta de ética, de valores, e de compromisso com o bem comum. Espero que o sofrimento de muitas empresas que quebraram, que estão em recuperação judicial e, especialmente, os 12 milhões de desempregados, tenha servido de lição para todos nós. É preciso seriedade e compromisso na condução dos bens públicos e privados. As leis existem para ser respeitadas. O “jeitinho brasileiro” de burlar as regras, a tolerância às pequenas transgressões, os atalhos, tudo isto pode propiciar algum ganho ou

vantagem de curta duração. Mas, no longo prazo, não compensam, pois geram perdas ou passivos muitas vezes impagáveis, para não citar eventuais desfechos como os da Lava Jato. Além do mais, atitudes deste tipo minam o caráter da sociedade e corroem a confiança, que é o ingrediente fundamental para um bom relacionamento entre as pessoas e o funcionamento da economia e dos negócios. O empresário tem de conquistar admiração da sociedade, mirando primeiro o bem desta mesma sociedade e depois o lucro. Deve produzir bens e serviços de qualidade e realmente úteis. Gerar bons empregos e bem remunerados, criar riqueza de maneira sustentável e distribuir com justiça. Enfim, não há mágica. Há, sim, muito trabalho, persistência e dedicação, para dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo.


85 anos trabalhando com ética e compromisso Fundado em 1932, o Grupo Asamar atua em diversos segmentos de mercado (distribuição de combustíveis, construção e incorporação, desenvolvimento imobiliário, produtos e construção em aço, reflorestamento, energia renovável e tecnologia da informação) sempre de forma ética e comprometida com seus clientes e com a sociedade. Destaca-se no setor imobiliário apresentando soluções completas, que vão desde construções que utilizam estrutura metálica ou convencional, à comercialização de unidades prontas (comerciais, residenciais e apart hoteis), atendendo incorporadoras, construtoras e o cliente final. Se você vai construir ou adquirir um novo imóvel, faça-nos uma consulta e conte com ética e compromisso de um dos mais tradicionais grupos empresarias do Brasil.

Apart Hotel BH Platinum

Edifício Comercial Concórdia Corporate - Nova Lima

Edifício Comercial Senado Petrobras - RJ

Condomínio Residencial Ópera Parque - BH

GRUPO ASAMAR • Rua Paraíba, 1000 - 3º e 15º andares - Funcionários - Belo Horizonte/MG • (31) 3261-2600


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projetos dos quais participou ao longo da carreira - Expansão do Forno III da Fábrica de Cimento Montes Claros. - Substituição Energética de óleo para carvão vegetal da Fábrica de Cimento Montes Claros - 1a fábrica de cimento do mundo a funcionar 100% com carvão vegetal - Implantação do sistema de uso de óleo combustível ultra viscoso nos fornos da Fábrica de Cimento Montes Claros. 1a fábrica de cimento do mundo a queimar óleo ultra viscoso com injeção de vapor à baixa temperatura (150 graus C) - Desenvolvimento e implantação do processo de produção utilizando argilas pozolânicas para a fabricação de cimentos especiais resistente a sulfatos e de baixo calor de hidratação - Implantação de um dos maiores projetos privados integrados de agricultura, pecuária e energia (produção de etanol) do Norte de Minas, com área irrigada de 2.000 ha - Desenvolvimento de tecnologia e processos de queima de madeira para a produção de carvão vegetal, desde a geometria do forno, tamanho da madeira, empilhamento, 22

tempo de queima, sistema de ventilação, atingindo taxa de conversão de 1,4 estéreis de madeira por m3 de carvão vegetal - Fundador da empresa ALE Combustíveis, em 1996, empresa que saiu do zero até se tornar a 4a maior distribuidora do País, com 2.000 postos com marca própria, e faturamento de RS$ 12 bilhões ano, o que a classifica entre as 50 maiores empresas do País e as 10 maiores do setor de comércio. - Fundador da empresa ALE Gás com o objetivo de suprir o mercado com gás natural comprimido para clientes não atendidos por gasoduto (gasoduto virtual). Está empresa foi vendida para a White Martins. - Um dos mentores e responsáveis pela expansão dos negócios do Grupo ASAMAR, nos últimos 20 anos, que incluiu a criação, além da ALE de empresas como a Metro e MASB (construtoras e incorporadoras), C Sul (urbanizadora), Ativas Data Center e do ingresso do Grupo na Codeme Engenharia, Metform Produtos de Aço e Metasa Indústria Metalúrgica.


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FELICIDADE É PODER COMEMORAR COM QUEM A GENTE GOSTA.

ALE. 20 anos com você. Há 20 anos, começamos a traçar a nossa trajetória. Em nosso caminho, fizemos amigos, conquistamos clientes e parceiros. Juntos, crescemos e surpreendemos. Hoje somos a 4ª maior distribuidora de combustíveis do país e trabalhamos para ser a 1ª na preferência dos brasileiros. Porque, para nós, mais importante que ser a maior é buscar, a cada dia, fazer sempre o melhor. ALE. Com orgulho, com alegria, com você.

/PostosALE /ALECombustiveis /ALECombustiveis /ALECombustíveis www.ale.com.br


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tecNologIa e INovação

clima favorável para o desenvolvimento tecnológico luciana Sampaio moreira Com 51 anos de fundação, o Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) é uma instituição de ensino sem fins lucrativos que ofereceu, pela primeira vez na América Latina, o curso de Engenharia de Telecomunicações.

Hoje, com os cursos de Engenharia de Telecomunicações, Engenharia Biomédica, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia da Computação e Tecnológico nas áreas de Automação, Gestão e Redes, a instituição também oferece programas de especialização, mestrados, cursos de extensão e EAD. A área de 75 mil metros quadrados abriga mais de 40 ambientes de laboratórios tecnológicos, biblioteca com mais de um milhão de títulos eletrônicos, acervo físico extenso, teatro e incubadora com capacidade para receber mais de 24

20 empresas e o Centro de Competências para PD&I. A instituição já formou mais de 7 mil profissionais. 5G que abre fronteiras

Entre os projetos em desenvolvimento pelo Inatel, está a tecnologia 5G. Entre os dias 9 e 11 de novembro deste ano, o coordenador de pesquisa do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR), Luciano Leonel Mendes, que representa as pesquisas realizadas no Brasil, proferiu palestra sobre os estudos realizados no País.

A comitiva incluiu o coordenador geral do CRR, professor Marcos Câmara Brito, professores e pesquisadores da USP, do CPqD e representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O INATEL é o articulador desse grupo.


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O laboratório que tem uma equipe de 30 profissionais desenvolve projetos também nas áreas de Comunicação Via Satélite, acesso a Banda Larga e Comunicação Ponto a Ponto, com foco na expansão da conectividade para a última fronteira que é a região rural do País. “Estamos lutando para incluir aqueles que ainda não têm acesso à internet no 5G”, enfatiza o professor. Os destaques são as zonas rurais e as estradas. O projeto já tem dois anos de duração. Segundo Luciano Mendes, a equipe domina o conhecimento teórico e está na fase de prototipagem, para criar uma estação de celular que funcione de acordo com a nova tecnologia.

Paralelamente, o laboratório vai desenvolver tecnologia local, para fortalecer a indústria brasileira e, ainda, formar recursos humanos (RH) para operar a rede 5G e fortalecer a produção acadêmica nacional. “Pela primeira vez, o Brasil não é apenas um consumidor, mas desenvolvedor de uma nova tecnologia”, destaca.

Ele explica que a tecnologia 5G vai trazer funcionalidades e serviços, até então inimagináveis, com tempo de resposta de rede (latência) menor e a possibilidade de conectar, além das pessoas – o que já é feito – milhares de dispositivos diferentes, desde que a rede seja adaptada para esse fim. A tecnologia da Internet das Coisas (IoT) ganhará o espaço ideal para o seu desenvolvimento em escala.

na palma da mão

No laboratório Wiriless and Optical Convergent Access (WOCA), os trabalhos têm como norte a convergência do sistema de comunicação ótica e o sistema sem fio, para melhorar a mobilidade e a flexibilidade.

professor Arismar

cerqueira Jr.

É lá que são desenvolvidos projetos de pesquisa para radares. Nos últimos dez anos, todos os equipamentos brasileiros do gênero tiveram a participação do Inatel. Segundo o professor e pesquisador, Arismar Cerqueira Jr., por meio de parceria com a indústria, são desenvolvidos artigos que foram usados em grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016, shows e visitas oficiais, como a do Papa Francisco.

As antenas do Inatel são usadas pelo Exército Brasileiro. Como a tecnologia não para, o WOCA já está desenvolvendo dispositivos para a rede 5G. Recentemente, depositaram patente de uma tecnologia de amplificador da 5G que cobre todas as redes, desde a 1G. 25


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tecNologIa e INovação

o campus também é um laboratório

No INATEL, a Internet das Coisas (IoT) tem lugar certo, no Inatel Competence Center (ICC). “A pesquisa precisa de tempo para testar e aprimorar um novo produto/serviço, mas o mercado requer soluções rápidas. O tempo dos dois setores é diferente. Por isso, temos pessoas dedicadas para fazer a transferência de tecnologias para o mercado”, afirma o gerente de Desenvolvimento de Negócios do INATEL, professor Leandro Guerzoni. Professor

Leandro Guerzoni, gerente de

Desenvolvimento de Negócios do INAtEL

O INATEL tem 30 anos de relacionamento com o setor produtivo. O resultado dessa aproximação é uma série de parcerias com empresas para pesquisa e desenvolvimento. “O IoT é um tsunami tecnológico que está chegando, ainda, de forma tímida, perto do que vai ser. A nova onda é quando as coisas estiverem conectadas a internet”, explica. O Smart Campus é um projeto em curso que transformou o Inatel em laboratório para o desenvolvimento dessa tecnologia. Cada poste tem um dispositivo que os conecta entre si e com a rede, para enviar dados de consumo, gestão manual ou automática dos dispositivos e obter informações sobre consumo de tensão e de corrente, com acesso remoto. O objetivo é gerar informações e dados 26

que serão usados pelos empreendedores para que possam desenvolver novos aplicativos. “Hoje estamos promovendo a redução do consumo de energia elétrica no campus. Mas há outras tecnologias já desenvolvidas. O desafio do Inatel é integrar todas elas”, argumenta. tecnologia Social O Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia Assistiva (CDTTA) trabalha para atender a demanda do mercado para clientes que são portadores de necessidades especiais.A equipe multidisciplinar atua em 13 projetos que, uma vez desenvolvidos, são apresentados à indústria. Mas há casos em que o Inatel é “provocado” a apresentar soluções. Segundo a coordenadora de projetos, Rani Alves, a tecnologia assistida tem uma aplicação localizada, já que as deficiências são específicas. “Não há produção em escala. Trabalhamos em parceria com outras universidades para agilizar os testes clínicos, uma etapa que acontece após a apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa”, analisa. Entre os projetos, há diversos jogos de computador que foram especialmente desenvolvidos para favorecer a recuperação de movimentos dos membros superiores. Com um sistema de gestão diferenciada, esses softwares têm se tornado mais efetivos nesse tipo de tratamento. O principal é que a legislação de inclusão nacional, que entrou em vigor, em 2016, garante direitos para os portadores de deficiência. “Agora, de certa forma, conseguimos ter mais participação desse público, para desenvolvimento e testes porque são eles os usuários finais”, afirma a coordenadora.


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um veterano na incubadora

Ex-aluno do INATEL decide empreender e volta para a academia Com 59 empresas já graduadas, a Incubadora do Inatel tem um programa de três estágios para startups que têm origem em projetos de pesquisa ou iniciativas empreendedoras na área de tecnologia.

Além de alunos da instituição, o setor também recebe ex-alunos que querem empreender. Aos 56 anos, o engenheiro de Telecomunicações e Eletrônica, graduado pelo INATEL em 1988, Neiriberto Azevedo, sempre alimentou o sonho de ter o seu próprio negócio. Morando em São Paulo e com um bom cargo em multinacional por 17 anos, ele aproveitou que os filhos quiseram estudar em Santa Rita do Sapucaí para fazer o caminho de volta.

“Conheci toda a estrutura da incubadora.Tinha uma ideia, apresentei o projeto e fui aprovado”, lembra. O engenheiro colocou o seu sonho em prática. Constituiu a empresa Photon Tic Energit – Energy Solutions e iniciou a etapa de desenvolvimento do produto: um sistema de eficiência energética que faz todas as leituras elétricas individuais, por cada circuito, do estabelecimento, com geração de relatórios e gráficos, por meio de um software específico.

neiriberto Azevedo, engenheiro

de telecomunicações e Eletrônica, graduado pelo inAtEl.

Graduada em 2016, a startup saiu do campus do INATEL para uma sede própria em Santa Rita do Sapucaí. A empresa tem sete empregados que atuam nas áreas de gestão, desenvolvimento e comercial. A linha de produção é terceirizada. “As empresas de Santa Rita do Sapucaí garantem o suporte para esse tipo de projeto”, afirma.

Com foco inicial em pequenas e médias empresas, o sistema desenvolvido pelo engenheiro tem despertado o interesse de grandes organizações que pretendem investir em eficiência energética para reduzir custos operacionais.

“Voltei a morar na cidade. Meus filhos não estão trabalhando comigo. Antes, precisam conhecer a estrutura de outras empresas de mercado para poder agregar valor ao negócio da família”, conclui. 27


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FetIN | tecNologIa e INovação

mais um salto tecnológico na 35ª edição da fetin

N

luciana Sampaio moreira

este ano, a Feira de Tecnologia do Instituto Nacional de Telecomunicações (Fetin/Inatel) completou 35 anos. Iniciativa dos estudantes da instituição, o evento realizado entre os dias 26 e 28 de outubro, reuniu alunos dos cursos de Engenharia Biomédica, Engenharia da Computação, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Telecomunicações, Tecnologia em Automação, Tecnologia em Gestão e Tecnologia em Redes, que desenvolveram mais de 200 projetos nas áreas de Internet das Coisas (IoT), automação, computação, saúde e bem-estar. Passaram pela quadra da instituição, que foi totalmente ocupada por estandes, 7 mil visitantes. Ao final do evento, o que eles ganharam? Segundo o coordenador do evento, professor Wanderson Saldanha, desde a criação da Fetin, os alunos participam de forma absolutamente voluntária, apenas pela oportunidade de apresentar à comunidade acadêmica e à população de Santa Rita do Sapucaí, um dos resultados do modelo de formação adotado pelo Inatel: o gosto por Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

O tema central do evento foram as 17 metas de Desenvolvimento Sustentável definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015. “A ideia foi muito bem

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aceita pelos alunos. No Inatel, além da formação técnica, também temos uma abordagem humana que diferencia nossos alunos e ex-alunos junto ao mercado”, afirma o professor. Sob demanda Empresa constituída por alunos do curso de Engenharia Biomédica, em fase de pré-incubação no Inatel, a Phyision Soluções Hospitalares reuniu quatro alunos que se propõem a desenvolve projetos customizados para atender as demandas da área de biossegurança, com foco no conforto do paciente e, também na melhoria da qualidade de trabalho dos profissionais.

Estudante do oitavo período, Letícia Borsato, 21 anos, apresentou a esterilizadora UV Cleaning, que é usada para equipamentos médicos e odontológicos. O produto foi desenvolvido em parceria com uma empresa e um hospital de São Paulo. A Smart Medical Bed é uma “cama inteligente” com uso indicado para os pacientes que têm úlcera de pressão (escaras). O equipamento controla a pressão do paciente sobre o colchão e facilita a mudança de posição, para evitar esse tipo de problema.


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Estudante do

oitavo período de Engenharia Biomédica,

letícia Borsato.

“Embora isso tudo possa parecer novidade no Brasil, essas tecnologias já são usadas em outros países, com efeitos

positivos para os pacientes e, também, para os profissionais, com opção de controle por meio de aplicativos. A

tecnologia vai permitir aos profissionais acompanhar mais

pacientes . A Telemedicina está crescendo demais”, ressalta.

tecnologia para as pessoas O estudante de Engenharia de Telecomunicações, Luiz Adalto Silva Diniz, 20 anos, e a aluna de Engenharia de

Computação, Maria Tereza Rossi de Castro, 20 anos, apresentaram o “Finder Beloved”.

maria tereza Rossi de

castro, aluna de Engenharia de computação e

luiz Adalto Silva diniz, estudante de Engenharia de telecomunicações.

“Esse projeto é fruto de uma experiência familiar. A avó paterna da Maria Tereza tem Alzheimer e saiu de casa sem que ninguém percebesse”, comentou Luiz Adalto Diniz. Para reduzir essas ocorrências, eles desenvolveram um rastreador que, colocado de forma discreta no idoso, permite o acompanhamento por meio de um aplicativo de smartphone ou software para computadores. Como tudo que é bom pode melhorar, os estudantes acreditam que o sistema também pode ser usado para acompanhar crianças, adolescentes, animais de estimação e bens móveis, como veículos e motocicletas. “O diferencial é que o aplicativo tem o funcionamento fácil. Na pri-

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Fetin | tecnologia e inovação

meira etapa, desenvolvemos um protótipo para a plataforma Androide, mas vamos expandir para outas e também para a versão Web”, adianta a futura engenheira de Computação. Coisas inteligentes

Na área de IoT, a Smart Pool é um sistema de gerenciamento de piscinas que foi desenvolvido pelos estudantes Rodrigo Ribeiro Prado, Eduardo Rafael Paranho, José Edilson Vieira Júnior e Álvaro Augusto do Prado Ferreira, dos cursos de Engenharia Elétrica, de Controle e Automação, de Computação e de Telecom. Todos têm menos de 24 anos.

O objetivo inicial do projeto é evitar afogamentos. “O sistema permite medir a pressão e a temperatura da água. Esse dado é enviado para uma plataforma que desenvolvemos e o cliente tem acesso a um gráfico que demonstra essas alterações, com notificação por e-mail ou sonora, em caso de mudança”, explica Rodrigo Ribeiro Prado. No segundo estágio de desenvolvimento, os estudantes pretendem criar um sistema que torne a gestão da piscina doméstica mais simples, com controle da temperatura da água. “Queremos fazer parcerias com empresas

Rodrigo Ribeiro Prado, Eduardo Rafael Paranho, José Edilson Vieira Júnior e Álvaro Augusto do Prado Ferreira

que fabricam piscinas que poderão instalar o dispositivo

para facilitar a manutenção. Além dos alarmes de segurança, será possível controlar o acesso à instalação, principalmente fora do horário autorizado para uso, PH e nível de cloro”, explica.

Mas, para o serviço ficar completo, os profissionais que

trabalham na área também terão que se capacitar. Afi-

nal, o uso da tecnologia é um facilitador que não dispensa a atuação humana.


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FotoS : aleSSandro carValho

EVENTO SME

24º Prêmio Sme de ciência, tecnologia e Inovação divulga lista de vencedores

E

m cerimônia realizada no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), no

último 29 de novembro, foram conhecidos os ven-

cedores da 24ª edição do Prêmio SME de Ciência,

Tecnologia e Inovação. A premiação foi criada pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), na década de 1990, para incentivar

o engajamento dos estudantes de Engenharia, Arquitetura e Agronomia em projetos de pesquisa. Esse é um dos eventos mais importantes do calendário anual da entidade.

Augusto celso

franco drummond, presidente da SmE

O presidente da SME, Augusto Celso Franco Drummond, deu boas-vindas à plateia que reuniu autoridades, empresários do

setor de Engenharia e de Educação, representantes de diversas entidades, professores, estudantes e familiares. Ele agradeceu o

apoio da FIEMG, SICOOB Engecred, Senge-MG, IETEC e Paiva Piovesan Softwares para a realização do Prêmio. “Com esse Prê-

mio nós pretendemos escrever caminhos para a Engenharia, nos

próximos anos. Os engenheiros têm todos os atributos para

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atuar para o desenvolvimento do País e para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirmou.

marita Arêas de Souza

tavares, vice-presidente da SmE e coordenadora do prêmio ct&i

A vice-presidente da SME e coordenadora do Prêmio, Marita Arêas de Souza Tavares, ressaltou o trabalho da comissão julgadora, composta por 70 engenheiros de diversas áreas do conhecimento, que selecionaram, entre os 37 trabalhos inscritos, os 22 finalistas e, na fase final, os vencedores. “Foram 70 juízes que participaram desta edição”, destacou. Os projetos apresentados contemplaram as diversas especialidades da Engenharia: Civil, Elétrica, Mecânica, Mecatrônica, Controle e Automação, Telecomunicações, Eletrônica, Computação,Agronomia, Química, Materiais, Metalurgia, Mineração, Produção, Nanotecnologia, Bioprocessos, Biomédica e Geologia. “Até recentemente, os jovens engenheiros tiveram oportunidades interessantes para iniciar suas carreiras. O momento atual é adverso, mas é possível driblá-lo com tecnologia e inovação”, enfatizou.


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O superintendente de Desenvolvimento Industrial do Sistema IEL/FIEMG, Adair Evangelista Marques, avaliou a parceria com a SME para a realização do Prêmio. “Essa é uma possibilidade de contribuir para que alunos e professores possam aprimorar seus trabalhos de pesquisa, para dar respostas aos desafios que o setor produtivo apresenta diariamente, em especial na área industrial.

Adair Evangelista marques, superintendente de

desenvolvimento industrial doinstituto Euvaldo lodi de minas Gerais - iEl/fiEmG

A FIEMG já tem dois programas de formação especialmente concebidos para os estudantes de Engenharia. Um deles é o “Futuros Engenheiros” e o outro “Engenheiro Empreendedor”. Segundo Marques, a parceria com as universidades mineiras tem sido proveitosa, pois gera conhecimento prático, que pode ser aplicado para o desenvolvimento do País.

palestrante douglas

Alexandre Gomes Vieira,

phd e pesquisador na área de Engenharia Elétrica

Diretor executivo da Enacom Innovation Group, doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-doutor em Computação pelo Imperial College London e empreendedor, Douglas Alexandre Gomes Vieira, PhD, é um dos pesquisadores da área de Engenharia Elétrica do CNPq que não está na academia. “Temos que quebrar o paradigma de que mestrado e doutorado é apenas para dar aula. O conhecimento pode ser aplicado em outras áreas, inclusive para empreender e criar produtos e serviços inovadores”, afirma.

Autor de mais de 50 publicações científicas, sendo algumas em cooperação com pesquisadores de renome de diversos países como Inglaterra, França e Estados Unidos, ele proferiu a palestra “Inovação e Empreendedorismo em Engenharia”. “A inovação envolve muito dinheiro e os outros países já perceberam isso. As possibilidades de inovação tecnológica são um caminho a percorrer”, observou. Entre elas, o engenheiro destacou a internet das coisas, a área de segurança e de dados, que permitirão fazer uma previsão do futuro. A gestão de projetos também segue a mesma tendência.

Os vencedOres

O estudante de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Eduardo Quaresma Gonçalves, 24 anos, foi o grande vencedor da noite. O seu projeto “Equipamento Inteligente de Fototerapia Neonatal para Redução da Morbidade e Mortalidade Infantis”.

Em 2013, ele foi classificado, mas não recebeu premiação. “Eu estava com expectativa muito grande”, declarou. O seu projeto é uma resposta a uma demanda da área médica. “Logo no início, eu me sensibilizei com a proposta, porque envolve a área de saúde e, mais especificamente, neonatais que, se não recebem o tratamento correto da doença, podem ter sequelas graves como cegueira ou paralisia cerebral. Mas há casos de óbitos também”, explica.

Para ele, a Engenharia pode ser aplicada em diversas áreas, sempre para garantir maior conforto para as pessoas.

Eduardo Quaresma Gonçalves é o vencedor da competição

Para dar continuidade ao processo de desenvolvimento do produto, ele e mais três colegas já constituíram a startup As 31, que está incubada na UFOP. 33


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eveNto Sme O curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) ficou com a segunda e com a quinta colocações. A mesma equipe, formada pelos estudantes Marcus Túlio Ribeiro de Lima, João Ricardo da Silva e Luan Pascoal da Costa Andrade, apresentou dois projetos distintos. O primeiro “Matriz Tátil: Dispositivo para Comunicação de Surdocegos” ficou com o segundo lugar. O outro, “Provendo Acessibilidade com Android e Wifi: um sistema para identificação de aproximação de ônibus”, criado para auxiliar os cegos, ficou com a quinta colocação.

Marcus Túlio Ribeiro de Lima, 24 anos, representou os colegas na cerimônia. “Eu vim mais para ver o que as outras equipes desenvolveram. Não pensava nesse excelente resultado, mas saio daqui feliz com o resultado que alcançamos”, comemorou.

O terceiro lugar também ficou com a UFSJ. As alunas do curso de Engenharia de Bioprocessamento desenvolveram “Embalagens com Nanotecnologia aplicada para Aumentar a Vida de Prateleira da Goiaba”. São elas: Camila Cristina Vieira Velloso, Ana Manuella Fernandes Gomes, Cecília Lisboa Fraga Silva, Daniele Gonçalves de Oliveira, Júlia Moreira Silva e Letícia Persilva Fernandes. A porta-voz do grupo, Camila Velloso, não esperava ganhar o prêmio. “Estávamos confiantes no nosso trabalho, que também dá uma resposta prática a uma demanda do mercado”,disse.

Para desenvolver esse projeto, as estudantes se basearam em dados da Embrapa. “O Brasil é o maior produtor de goiaba da América Latina e o sexto mundial, mas só 0,05% da fruta é exportada por causa da vida útil da fruta. Então, resolvemos ajudar a goiaba”, brincou. A estudante tem expectativa de usar a nova embalagem em outras frutas e legumes que também são frágeis. 34

A estudante de Engenharia Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mariana Marques Pinheiro, ficou com a quarta colocação, com o projeto “Desenvolvimento e Avaliação de um Simulador para Treinamento de Operador – Estudo de Caso: Moinho Vertical na Indústria do Cimento”. Tímida, ela não esperava o prêmio.

O projeto é fruto de uma iniciativa da UFMG, “EmpresaEscola”, que é direcionado para os estudantes que estão em fase de conclusão de curso. “Fiquei muito surpresa com o resultado, mas estava confiante porque essa é uma demanda real da indústria”, explicou.

A professora, engenheira química e mestre pela UFMG, diretora da Optimus Engenharia, Joana Pretz municiou a aluna das informações necessárias para o desenvolvimento do projeto. “Com esse simulador é possível treinar o operador sem riscos de acidente. Outro ponto positivo é que esse método permite avaliar o profissional e retornar apenas para corrigir os pontos falhos”, destacou.

A menção honrosa foi para os alunos de Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Mecânica da UFOP, Alexandre Souza Santos, Alan Alves Colona, Eduardo Filipe Pereira Maciel, Felipe Seguchi Orlette, Rodrigo Marcos Venâncio e Sandro Geraldo Alves Sobreira. O trabalho apresentado foi “Desenvolvimento de Controle de Navegação para uma Cadeira de Rodas Elétrica: Instrumentação e Controle aplicados à Acessibilidade”. O porta-voz do grupo foi Rodrigo Venâncio, 25 anos. “Nosso projeto está em fase inicial. A fase de protótipo foi bem positiva. Nossa ideia é criar um sistema simples e barato, que possa ser usado pelo maior número de pessoas”, adiantou.

O produto é direcionado para pessoas cegas ou que não conseguem movimentar as mãos para controlar a cadeira de rodas. Dessa forma, o acompanhante anda na frente e o cadeirante o segue, sem que haja esforço extra para os dois. Segundo o estudante, o projeto nasceu como um trabalho para a matéria de Robótica e ganhou uma amplitude maior.

O professor colaborador da UFOP e pesquisador do Instituto Tecnológico Vale, Gustavo Freitas, é um dos responsáveis técnicos pelo desenvolvimento do sistema. “Nesse caso, temos a união entre a universidade e um centro de P&D privado. O projeto terá continuidade como trabalho de final de curso.Teremos boas notícias por aí”, comemorou.


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Vencedores do 24º Prêmio SMe de Ciência, tecnologia e inovação Além da premiação em dinheiro - R$ 10 mil (1º lugar), R$ 6 mil (2º lugar), R$ 5 mil (3º lugar), R$ 4 mil (4º lugar) e R$ 3 mil (5º lugar) – todos os vencedores receberam o software financeiro “Finance V15 Standard”, da Paiva Piovesan, que também ofereceu duas vagas de estágio remunerado na área de desenvolvimento.

O primeiro colocado ganha uma pós-graduação pelo IEtEc, na área de Gestão de Projetos. A instituição também presenteou os demais vencedores com um curso de gerenciamento de projetos (EAD), com duração de 24 horas/aula. O Prêmio ct&I foi instituído com base em legislação e normas do conselho Federal de Engenharia e Agronomia, cONFEA, do conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais, cREA-MG e do conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, cAU-BR.

1º eduardo Quaresma Gonçalves Curso : engenharia de Controle e automação - UFoP

Marcus túlio ribeiro de Lima / João ricardo da Silva / Luan Pascoal da Costa andrade Curso : engenharia elétrica - UFSJ

trabalho: equipamento inteligente de Fototerapia neonatal para redução de Morbidade e Mortalidade infantis

trabalho: Matriz tátil: Dispositivo para Comunicação de Surdocegos

Mariana Marques Pinheiro Curso : engenharia Química - UFMG trabalho: Desenvolvimento e avaliação de um Simulador para treinamento de operador – estudo de Caso: Moinho Vertical na indústria de Cimento

Marcus túlio ribeiro de Lima / João ricardo da Silva / Luan Pascoal da Costa andrade Curso : engenharia elétrica - UFSJ trabalho: Provendo acessibilidade com anDroiD e WiFi: Um Sistema para identificação de aproximação de Ônibus

Eduardo Bento Pereira, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSJ

Honra ao

Mérito

3º Camila Cristina Vieira Velloso / ana Manuella Fernandes Gomes / Cecília Lisboa Fraga Silva / Daniele Gonçalves de oliveira / Júlia Moreira Silva / Letícia Persilva Fernandes Curso : engenharia elétrica - UFSJ trabalho: embalagens com nanotecnologia para aumentar a Vida de Prateleira da Goiaba

Honra ao

Mérito

alexandre Souza Santos / allan alves Colona / eduardo Filipe Pereira Maciel / Felipe Seguchi orlette / rodrigo Marcos Venâncio / Sandro Geraldo alves Sobreira Curso : engenharia de Controle e automação / engenharia Mecânica - UFoP trabalho: Desenvolvimento de Controle de navegação para uma Cadeira de rodas elétrica: instrumentação e Controle aplicados à acessibilidade

O Prêmio também reconheceu a universidade com o maior número de trabalhos classificados para a última fase de avaliação. Neste ano, a vencedora foi a UFSJ. O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da instituição, Eduardo Bento Pereira, não escondeu o orgulho por receber essa homenagem. “É fruto de um trabalho que temos feito há vários anos. Neste ano, a apresentação dos projetos é fruto da motivação e das iniciativas dos alunos. Estou feliz por saber que temos estudantes que estão dispostos a contribuir, de forma efetiva, para solucionar problemas práticos. Para a UFSJ esta é uma grande conquista”, concluiu.

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SME CT&I

A solenidade teve a participação de lideranças empresariais e políticas, engenheiros, formadores de opinião e diretores da SME

Joana Bretz, Mariana Marques Pinheiro, e Professor Alessandro Moreira

Jorge Raggi, Jacqueline Castro e José Ciro Mota

Gustavo Medeiros Freitas, Luiz Gonçalves Santos, Alexandre Souza Santos, Magda Aparecida de Souza Santos, Juliana Mayuni, Mariana Souza Santos e José Alberto Naves Cocota Júnior

realIzação

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aPoIo

Douglas Alexandre Gomes Vieira, Fabiano Silva e Marcelo Mota

Krisdany Cavalcante,Virgínia Campos e Fabiano Panissi


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Vencedores do 24º Prêmio SME de CT&I recebem cursos gratuitos de especialização e Pós-Graduação do IETEC

Homeageados com placa de Menção Honrosa pela participação de destaque.

Vencedoras do 3º lugar valorizam seu professor pela conquista.

Fabiano Panissi, Douglas Alexandre Gomes Vieira, Marita Arêas de Souza Tavares, José Ciro Mota, Newton Velloso e Krisdany Cavalcante

Débora Lima Prota e Tânia Cristina Lima

Mariana Marques Pinheiro e Joana Bretz

Alessandro Fernandes Moreira, Augusto Drummond, e Adair Evangelista Marques

Werner Rohlfs e Júnior Lopes

Marcus Túlio Ribeiro e Thais Miranda Carvalho

Douglas Alexandre Gomes Vieira e Adair Evangelista Marques

Eduardo Bento Pereira e Janaína França

Estudantes recebem certificados de participação

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P&d EnGEnhARiA RoBóticA

minas Gerais inicia o primeiro serviço de medicina robótica no hospital Vila da Serra

O

luciana Sampaio moreira

relacionamento promissor entre Engenharia e Medicina não é novidade. Afinal, a evolução do cuidado com a saúde (health care) passa, de forma obrigatória, pelo aparato tecnológico que, a cada nova versão, ganha mais espaço nos hospitais e clínicas médicas para facilitar a vida dos profissionais, agilizar os diagnósticos e a recuperação dos pacientes.

A última novidade desse encontro entre Engenharia e Medicina está instalada em uma sala especialmente preparada, no Hospital Vila da Serra, em Belo Horizonte. Com o projeto Da Vinci – Cirurgia Robótica, o estabelecimento inaugurou com antecedência essa tecnologia em relação as próximas décadas. O equipamento produzido pela empresa norte-americana Intuitive Cirurgical é um robô para uso médico. O investimento na aquisição do robô e em adequação de infraestrutura chega a U$ 3 milhões (cerca de R$ 10 milhões). O diretor científico do hospital, Antônio Eugênio Motta Ferrari, ressaltou a parceria com a FELUMA para esse novo projeto, que aumenta muito o aparato tecnológico da instituição e oferece mais um campo de trabalho para os médicos mineiros. “Dentro de 90 dias, o equipamento será substituído por outro, mais novo. O nosso desafio será acompanhar essa tecnologia”, enfatiza. O primeiro procedimento realizado foi uma prostectomia radical (retirada da próstata), na sexta-feira, 16 de setembro. O médico urologista do Vila da Serra e diretor técnico

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dr. José Eduardo távora, urologista e diretor técnico e coordenador do projeto

do projeto, José Eduardo Távora, foi o responsável pela cirurgia. Ele é um dos urologistas mineiros que estão tecnicamente qualificados para usar o Da Vinci. Seu processo de capacitação foi realizado por meio de intercâmbios com instituições de ensino norte-americanas.

“Entre as vantagens desta nova tecnologia está a visão tridimensional e ampliada em 12 vezes da área, o que facilita a manipulação de tecidos mais delicados e reduz os traumas decorrentes, como sangramentos”, afirma. Ergonomia O Da Vinci também oferece melhores condições de trabalho para os médicos, que fazem todo o procedimento assentados. A mão robótica substitui a humana, com um ganho considerável, já que o robô gira em 360 graus, enquanto o punho humano não ultrapassa os 180 graus. Graças a essas vantagens, o tempo da cirurgia é reduzido, bem como o período de internação e de recuperação do paciente.


divulgação

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“Tudo que acontece no sistema, em cada uso, é controlado. Por via remota, conseguimos ver toda a rede de sistemas por um acesso remoto de monitoramento, o software entende que é uma falha crítica que pode ser solucionada, em mais de 60% dos casos, sem ter que parar a máquina” tiago Alexandre de oliveira, Engenheiro de mecatrônica industrial, pela uninoVE

O presidente da FELUMA, Wagner Eduardo Ferreira, disse que a Faculdade de Ciências Médicas já lançou a primeira turma de especialização em Cirurgia Robótica, que já está fechada. O conteúdo também deve ser incluído na grade curricular dos estudantes da graduação, na disciplina de Técnica Cirúrgica. Segurança Embora o procedimento seja médico, a presença do engenheiro é parte integrante de todo esse sistema.Técnico em eletrônica, especialista em equipamentos biomédicos e finalizando o curso de Engenharia Mecatrônica Industrial, pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE),

Tiago Alexandre de Oliveira, 32 anos, é um dos profissionais qualificados para fazer o acompanhamento do equipamento, por meio remoto ou presencial.

de monitoramento, o software entende que é uma falha crítica que pode ser solucionada, em mais de 60% dos casos, sem ter que parar a máquina”, afirma.

“Tudo que acontece no sistema, em cada uso, é controlado. Por via remota, conseguimos ver toda a rede de sistemas por um acesso remoto

Segundo Tiago de Oliveira, o usuário final do sistema é uma vida que tem que ser cuidada com segurança.

Em outubro, ele esteve na reunião anual da H Statner para a América Latina, nos Estados Unidos. Com mais de 3 milhões de procedimentos cirúrgicos realizados no mundo, desde 2008, apenas 0,15% foi convertido para técnica tradicional ou laparoscópica, em função de intervenções ou falhas do sistema.

É por esse sistema remoto que o técnico detecta, também a necessidade de substituir peças. “Não é necessário parar o sistema mais que duas vezes ao ano para revisão”, explica. A cada semestre, o sistema é parado para a manutenção semestral, que tem duração de cinco a sete horas, para realização de um protocolo de testes.

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p&d

engenharia na teoria e na prática luciana Sampaio moreira

Em março, a equipe BAJA SAE Brasil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai disputar a etapa final nacional da competição Baja SAE BRASIL, na cidade de São José dos Campos (SP), promovida pela Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE).

Para essa prova, que é passaporte para a etapa internacional – com prêmios em dinheiro - a equipe composta por 26 estudantes das Engenharias de Produção, Mecânica, de Controle e Automação e Elétrica, entre os quais duas mulheres, já está preparando um novo veículo, com novidades que farão a diferença, frente aos outros participantes. Em setembro, a Baja ficou com o primeiro lugar na etapa Sudeste, realizada na Escola de Engenharia de Piracicaba (SP). A equipe conquistou o primeiro lugar no Enduro de Resistência e na prova de Suspension & Traction; segundo lugar em Apresentação de Projeto e quinto lugar em 42

Manobrabildade. Esse conjunto de resultados levou a equipe da UFMG ao primeiro lugar geral da competição. Para esse campeonato, o veículo off-road da modalidade Baja foi confeccionado em aço, com motor a gasolina e peso de 155 quilos, para vencer os diversos obstáculos do percurso da prova. Criado há 19 anos, por iniciativa de 12 alunos que queriam participar das competições Baja SAE, que estavam começando no Brasil na época, o projeto continua atraindo futuros engenheiros. Um deles é Bruno Gomes Angelo, 19 anos, que está no quarto período do curso de Engenharia Mecânica. “Entrei na equipe Baja UFMG porque vi uma ótima oportunidade de colocar em prática os conceitos que são apresentados em sala de aula”, analisa. Mas não é só isso. A participação em uma iniciativa do gênero também torna o aprendizado mais interes-

sante, principalmente nos primeiros períodos, quando o currículo é repleto de matérias básicas. Somado a isso, a possibilidade de participar das diversas etapas da construção do veículo, que participa de competições promovidas SAE em âmbito regional, nacional e internacional, é outro ponto que chama a atenção dos estudantes que pretendem aprender a trabalhar em equipe, nas áreas de Mecânica, Eletrônica e, também, Gestão.

“Com esse projeto, aprendi muitos conceitos técnicos que, no curso, são vistos apenas em períodos mais avançados. Muitas vezes, precisamos aprender matérias por conta própria, com o intuito de desenvolver o projeto e buscar inovações. No trabalho em grupo aprendemos a dividir tarefas para ganhar eficiência e dinamismo”, afirma. Além disso, o contato com a parte prática ajuda a fixar os conteúdos


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A possibilidade de participar das diversas etapas da

construção do veículo é um ponto que chama a aten-

ção dos estudantes que pretendem aprender a trabalhar em equipe, nas áreas de Mecânica, Eletrônica e Gestão.

teóricos. Outra parte importante do trabalho da Baja é possibilitar que os estudantes iniciem uma rede de networking. Segundo Bruno Angelo, são os alunos que fazem contato com fornecedores e potenciais patrocinadores. “Com isso, aprendemos a lidar sempre com grandes empresas, o que pode nos aproximar do mercado de trabalho”, aponta. O coroamento do trabalho são as competições em que o carro é testado. Desde o projeto em si, performance – por meio de provas de aceleração, velocidade, capacidade de fazer curvas, transpor obstáculos e de tracionar grandes cargas. Outra prova avalia a resistência, em um enduro que tem quatro horas de duração. “Durante a temporada temos

uma competição regional, uma nacional, e se ficarmos entre os 3 primei-

ros colocados da etapa nacional, classificamos para competir o mundial nos Estados Unidos”, adianta.

As tarefas de cada área são divididas pelos membros de Gestão. Dentro

da equipe há uma divisão em sistemas do carro: chassi, freios, suspensão, direção e powertrain, além da

Eletrônica. Cada subsistema tem um chefe responsável. Primeiro é feito um levantamento das tarefas a serem feitas, junto com os chefes de subsistemas. Após isso, os trabalhos são divididos pelo Núcleo de Gestão entre

os membros de cada subsistema, para garantir que tudo seja realizado dentro do prazo previsto.

Doutor em Engenharia Mecânica pela UFMG e atual coordenador do curso de graduação em Engenharia Mecânica, o professor Fabrício José Pacheco Pujatti, 39 anos, responsável pela equipe Baja SAE BRASIL, comenta que já passaram pelo projeto cerca de 200 alunos de graduação, de diversas áreas.

Para ele, projetos como o Baja são importantes para a formação do engenheiro porque os alunos conseguem, ainda, na universidade, ter acesso à realidade do mercado de trabalho. “Primeiramente, o trabalho em equipe e a multidisciplinaridade são importantes para o engenheiro, que nunca vai trabalhar sozinho e precisará saber como lidar com pessoas de outras áreas, e respeitar di43


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p&d

Para esse campeonato, o veículo off-road da modalidade Baja foi confeccionado em aço, com motor a gasolina e peso de 155 quilos, para vencer os diversos obstáculos do percurso da prova. ferentes opiniões.Além disso, a cons-

A equipe é mantida, principalmente,

Centro de Tecnologia da Mobilidade,

as fases específicas de um projeto,

iniciativa privada.“A universidade for-

equipe”. As organizações geralmente

trução do protótipo antecipa todas

desde sua concepção, fabricação e testes”, enfatiza.

pelo apoio da UFMG e empresas da nece todo o tipo de recursos, desde

financeiro até o espaço físico no

onde fica a oficina e demais salas da

patrocinam a equipe com serviços, produtos e recursos financeiros.

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Fotos dos locais

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PARA REALIZAR GRANDES PROJETOS É PRECISO TER VISÃO DE FUTURO. O Sistema FIEMG parabeniza Sérgio Cavalieri, Presidente do Conselho de Administração da Ale Combustíveis, eleito Engenheiro do Ano pela Sociedade Mineira de Engenharia. Uma conquista que reconhece toda a competência deste grande empresário e profissional.


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JoVEm EnGEnhEiRA | pAtRíciA mARiA SoARES

Engenheira de telecomunicações quer fazer a diferença luciana Sampaio moreira Entre 2003 e 2013, o número de mulheres que ingressou em cursos de Engenharia no Brasil aumentou 132,2%, segundo um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), feito para a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), divulgado neste ano.

Embora elas ainda sejam apenas 13,6% dos profissionais registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), ante 78,3% dos homens, uma coisa é certa, as engenheiras vieram para ficar e, principalmente, construir carreiras de sucesso. No caso da engenheira de Telecomunicações pela Universidade Fumec (2010), mestre em Telecomunicações pelo Inatel (2014) e professora universitária, Patrícia Maria Soares, 30 anos, a escolha da profissão foi fruto de incentivo do pai,Vicente Soares, que atua na mesma área escolhida pela caçula.

No entanto, para ela, o mercado de engenharia ainda não sabe conviver com as mulheres.“Os homens nos julgam inferiores tanto pela nossa capa46

cidade intelectual quanto pela física. Com isso, as engenheiras são impedidas de exercer determinadas funções ou ocupar cargos de destaque”, afirma. Portanto, a Engenharia continua a ser vista pela sociedade como uma profissão “para homens”. Mas ela não se dá por vencida.“Mesmo com essa situação, continuo persistindo na construção e consolidação da minha carreira. Na minha opinião, não há distinção entre engenheiros e engenheiras”, pontua.

Além da oportunidade de compartilhar experiências e informações dentro de casa, a engenheira também adquiriu um “feeling” que só tem quem convive diariamente com um bom profissional. “O mercado em Telecom, a exemplo de outras profissões, é sazonal. Depende do quanto se tem para investir em desenvolvimento e tecnologia. Mas existe um fato incontestável, a ciência nunca para de evoluir. Isso garante aos profissionais da área um estudo permanente. Se em um determinado momento a economia está mais lenta, é hora de investir

em conhecimento e se qualificar para a retomada que sempre virá”, afirma.

Patrícia Soares ama o que faz e, principalmente, a área em que decidiu atuar. E isso também tem uma boa explicação. Afinal, o mundo não seria o mesmo sem as telecomunicações. “Todos os eventos mundiais estão diariamente em nossos televisores. A internet nos conecta aos assuntos locais e globais com um simples clique. Utilizamos dispositivos móveis como celulares e tablets para nos interligar com o nosso cotidiano”, provoca.

Esse é um movimento que não vai parar. Ao contrário, segundo a engenheira, a tendência para a próxima década é que os dispositivos das residências sejam cada vez mais interativos. Na mesma linha de raciocínio, o número de smart cities (cidades inteligentes) deve aumentar, assim como a oferta de novos serviços endereçados para a comunidade, por meio dos espaços virtuais. Em outras palavras, em se tratando de tecnologia, o cenário é sempre de transição. “Nos próximos anos, fare-


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engenharia continua a ser vista pela sociedade como uma profissão “para homens”. Mas ela não se dá por vencida. “Mesmo com essa situação, continuo persistindo na construção e consolidação da minha carreira. na minha opinião, não há distinção entre engenheiros e engenheiras” mos parte de uma nova história mundial”, adianta. Esse novo capítulo inclui a tecnologia máquina a máquina (M2M) que coleta dados por sensores, enviando-os para um software por meio de uma rede sem fio. Em seguida, a Internet das Coisas (IoT) que conecta dispositivos eletrônicos como os eletrodomésticos e eletroportáteis com a internet.

Tais tecnologias supramencionadas virão maciçamente ocupar a vida da população mundial. “E os desafios continuam, como exemplo a holografia que deverá estar disponível, em meados da década de 2020, e, ainda, sem tempo estimado, o teletransporte”, prevê. A docência tem sido um desafio para Patrícia Soares. Segundo a engenheira, o maior de sua carreira até

agora. “Por um momento, achei que fosse impossível conciliar a docência com a atuação no mercado empresarial. Mas aprendi na vida que, quando temos dedicação e amor pelo que fazemos, o universo conspira a nosso favor. Desde que me propus a conciliar os dois trabalhos, não houve um final de semana em que eu não tenha me dedicado”, enfatiza.

Nas aulas, ela usa a experiência adquirida em campo para apresentar aos alunos uma prévia do que eles encontrarão, quando estiverem “na ativa”. Para tanto, mantém um ritmo constante de estudo conjugado com novas experiências. “Não conheço outra forma para evoluir”, constata.

O próximo passo será o doutorado. Atualmente, a professora leciona Física, Eletricidade e Magnetismo, Ele-

tromagnetismo (propagação de ondas), Estatística e Probabilidade. E, também, orienta trabalhos científicos interdisciplinares. Mas ela também tem planos para o futuro. O primeiro deles é continuar a carreira acadêmica, para proporcionar aos alunos uma abordagem de conteúdo diferenciada, incentivar a criatividade e preparar novos engenheiros para o mercado de trabalho. No âmbito particular, Patrícia Soares pretende aprender mais sobre gestão de pessoas e administração empresarial. Nas horas de lazer, ela gosta da presença da família, do namorado e dos amigos. Ela também gosta de cozinhar e de praticar Yoga, para estar em contato com a sua essência.

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cdS | Sme

comitê de deSenVolVimento SuStentÁVel

tEcnoloGiAS dE REcupERAção tÉRmicA E EnERGÉticA dE RESíduoS SólidoS Vírgilio Almeida medeiros daniel Enrique castro - Professor do CEFET-MG, Centro Federal de Ensino Tecnológico de Minas Gerais Mestrado em Engenharia de Energia Disciplina: Energia e Meio Ambiente -Trabalho Acadêmico RESumo O aumento da população, o crescimento do consumo dos alimentos e a alta demanda por bens duráveis e não duráveis, têm ocasionado o consequente aumento da geração de resíduos sólidos, e por isso, muitos países têm procurado soluções ou métodos mais adequados para tratar e dispor seus resíduos. A utilização dos aterros sanitários têm sido a opção tradicional porém, seus custos têm se elevado devido às novas regulamentações, necessidade de controles dos lixiviados, coleta de gases e principalmente em relação à distância aos principais centros produtores. Assim, têm crescido o conceito de reciclagem de materiais e a recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em todo o mundo. Segundo Rogoff & Screve (2011) a União Européia reduziu os aterros municipais em 65% e passou a construir plantas industriais de recuperação de energia, as WTE`s (Waste-to-Energy). Atualmente existem 456 plantas industriais deste tipo na Europa e mais de 1.350 no mundo. Este artigo apresenta um resumo das principais tecnologias de recuperação energética utilizadas nas WTE`s comparando suas eficiências térmicas, energéticas e econômicas. O autor conclui que a tecnologia de gaseificação térmica e a vitrificação dos resíduos através da tecnologia de plasma à arco é a mais adequada para tratar os resíduos no longo prazo. palavras-chave: Recuperação Energética; Resíduos Sólidos Urbanos (RSU);Viabilidade técnica e econômica.

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intRodução Em 2011, as plantas de recuperação energética de resíduos da Europa (CEWEP, 2015), atenderam 14 milhões de habitantes com energia elétrica (31 bilhões de kWh) e energia térmica (78 bilhões de kWhte) a partir de 78 milhões de toneladas de resíduos domiciliares. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a geração total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil, em 2013, foi de 76,4 milhões de toneladas. Nesse mesmo ano, foram gerados apenas 1,2 milhões de kWh de energia a partir dos resíduos sólidos no Brasil em apenas dois aproveitamentos de gás de aterro sanitário (ABRELPE, 2013), informação confirmada pelo Balanço Energético Nacional (BEN, 2014). Comparando o cenário europeu com a realidade brasileira verificamos o enorme potencial energético proveniente do RSU ainda não aproveitado no Brasil. A questão que se segue é: qual a tecnologia mais adequada para a recuperação energética que poderia ser aplicada no país? E outra: Nossa legislação atual autoriza tal tecnologia? A resposta à primeira pergunta é que a tecnologia de Pirólise (CHEN et al., 2015), tem se destacado como a alternativa mais atraente do ponto de vista da recuperação energética para resíduos sólidos urbanos, analisando o estado da arte das tecnologias disponíveis, os reatores e os impactos ambientais envolvidos nesses processos. Em análise semelhante com resíduos perigosos (XIN, et al., 2010) verificou-se que as substâncias tóxicas presentes nos resíduos foram vitrificadas pela tecnologia de plasma à arco e se tornaram inertes, com a eliminação de mais de 99,9%


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Vírgilio Almeida medeiros

daniel Enrique castro

de dioxinas e furanos. Os cristais cerâmicos resultantes (BAOSHAN et al, 2014) não apresentam problemas ambientais e podem ser aproveitados comercialmente. Em uma revisão das tecnologias (LOMBARDI et al., 2015) considera-se que as eficiências dos processos de recuperação de energia a partir de resíduos está entre 30-31%.

(substequiométrica), usando o calor para produzir um gás de síntese (syngas) com temperatura entre 650-1200oC; a Pirólise-Gaseificação, que é uma variação do processo de pirólise em que um gaseificador é acoplado ao reator de pirólise. Este equipamento adicional produz maior quantidade de gás a partir dos líquidos e gases resultantes da etapa de pirólise. O processo utiliza o oxigênio do ar e/ou vapor para as reações de gaseificação, operando entre 750-1500oC (DAFRA, 2013); A Gaseificação convencional que é um processo térmico que converte os resíduos no gás de síntese usando uma quantidade limitada de ar ou oxigênio.As temperaturas das reações de gaseificação convencional são entre 790 °C e 1.650 °C. Já a Gaseificação de Plasma à arco (MORRIN et al., 2014) é um processo de pirólise de alta temperatura no qual os resíduos sólidos orgânicos (materiais baseados em carbono) são convertidos no gás de síntese, enquanto materiais inorgânicos e minerais serão vitrificados (glassy-rock) como subproduto na escória. O gás de síntese é gerado em uma atmosfera deficiente de oxigênio que é predominantemente composto de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2).A alta temperatura deste processo é criada por um arco elétrico e a injeção de um gás inerte que é convertido em plasma (SITES, 2007). O reator para tal processo opera tipicamente entre 4.000 °C e 7.000 °C. Por fim, o processo de Incineração (mass burn) pode ser definido como um processo de combustão que utiliza excesso de oxigênio e/ou ar para queimar os resíduos sólidos, operando entre 500 e 1200oC (SAINI, 2012 e OUDA, 2015).

A segunda pergunta poderá ser respondida, a partir da Lei nº 12.305, de 2 de Agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), bem como estabelece as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, as responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. No Art. 3º do Capítulo II: das definições, a Lei, somente considera como rejeito, os: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. O item IV do artigo 7o relativo à adoção das tecnologias aplicáveis, sugere: “a adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais“. Portanto, qualquer prática ou tecnologia de processamento de resíduos deve ser licenciada.Tal tecnologia deve ser limpa e ambientalmente correta, ser economicamente viável e socialmente inclusiva. O processo de conversão térmica de resíduos com recuperação de matéria e energia é apresentado neste trabalho como solução para atender plenamente a Politica Nacional de Resíduos Sólidos. tEcnoloGiAS diSponíVEiS As principais tecnologias disponíveis atualmente para a conversão térmica de resíduos (YOUNG, 2010) são: a Pirólise, que é um processo endotérmico, que compreende a decomposição térmica de materiais orgânicos em uma atmosfera deficiente em oxigênio

As tecnologias apresentadas, menos a incineração, têm como subproduto o gás de síntese, que pode ser convertido em energia elétrica ou térmica através de diferentes métodos, e ainda como energia química usando catalisadores, tipo FisherTropsch para produzir uma ampla variedade de gases ou produtos químicos como o hidrogênio, etanol, metanol, álcoois mistos, olefinas, gás liquefeito de petróleo, querosene, ceras, amônia e gás natural sintético, e pela abordagem bioquímica usando bactérias específicas para a conversão do syngas em gás natural ou combustíveis como etanol, metanol e metano (BRUNNER et al., 2015).

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artIgo cdS | Sme

compARAção do REndimEnto EnERGÉtico E dAS REcEitAS

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Foram incluídos tÊrmicos anterior os cinco processos descritos %;@/ C13@; </>/ / 5/?37471/HG; 1;9 '8/?9/ F >1; 3?@3? <>;13??;? /<>3?3:@/9 <>;0839/? /9073:@/7? 23 3?1;/93:@; 23 17:D/? 3 3?1L>7/? mente: gaseificação de plasma à arco, gaseificação convencional, Como os processos gaseificação-pirólise, pirólise, e incineração. A tecnologia o processo maior geração que presentou com de tÊrmicos sob têm opçþes semelhantes, e observando-os o prisma energia, foi a tecnologia de Gaseificação de Plasma à Arco, de da geração de eletricidade gås de síntese, foram a partir do de- vido às altas no processo. A tecnolo temperaturas envolvidas terminadas e econômicas e comparadas as eficiências tÊrmicas gia da Gaseificação de Plasma à Arco (LECKNER, 2015) possui das tecnologias descritas (YOUNG, 2010) e (JENKINS, 2005). tambÊm os eficiência seguintes atributos combinados: 1) alta 2) flexibilidade tÊrmica; de processo para diferentes resíduos sólidos; 3) prÊ-tratamento mínimo/prÊ-seleção dos resíduos >.B692@>6. 1; ()+ sólidos; 4) produção gås de síntese para em de a conversão fontes lí de energia como vapor, eletricidade ou combustíveis 5) apelo ambiental como o subproduto sólido quidos; vitrifi cado da escória (ZHANG, 2013), que pode ser usado como $.@2>6.8 construção e a utilização síntese do gås de para material de $.@J>6. '.<28 '8E?@60;? 12 &A@>;? $2@.8 8A9L:6; ,61>; &>4G:60. '.<28H; *;@.6? 0;:?@>AIH (2726@;? produzir vårios enquanto qualquer produtos energÊticos, ; 06B68 gasosos por processos ambien efluentes podem ser tratados

;9<;?6IH; 4>.B69J@>60. @L<60. <.>. .:E86?2 1.? @20:;8;46.? -&+% tais aceitĂĄveis a ne atualmente; 6) minimizada, se nĂŁo eliminada cessidade de aterros sanitĂĄrios; 7) capacidade de processar e eliminar os resĂ­duos dos aterros existentes. <2>02:@A.8

uma unidade båsica de planta Utilizou-se industrial padrão mun dial para cada tecnologia. a quantidade Atribuiu-se de 500 ton/dia de RSU (ver composição gravimÊtrica no Gråfico 1), utilizando cada um dos cinco processos tÊrmicos e foi considerado como opção, a produção de síntese. de eletricidade a partir do gås

Os parâmetros tÊcnicos analisados em cada processo tÊrmico/tecnologia foram utilizados para determinar a produção de energia líquida de eletricidade enviada para a rede, por tonelada de resíduos sólidos urbanos (RSU) processados. Os parâmetros econô- micos foram determinados a partir do investimento inicial (6%, 20 anos), operação e manutenção (7% ao ano), subprodutos da produção e venda, alÊm dos resíduos produzidos e seus custos de descarte. Os resultados obtidos do artigo do Dr. Gary C.Young na referência: The Regional Municipality of Halton, Step 1B: EFW Technology Overview, May 30, 2007 Submited by Genivar, Rambooll, Jaques Whitford, Deloitte & URS, Regional Municipality of Halton, 1151 Bronte. Road, Oakville, ON L6M 3L1 são apresentados na Tabela 1, a seguir

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Anual Para a anålise da Receita Líquida (Net Annual Revenue) ana lisou-se a venda de energia gerada a partir do RSU gaseificado e venda de resíduos A incineração dos processos. apresentou re- sultado negativo e as demais tecnologias indicam um valor posi

tivo (antes dos impostos). A vantagem da tecnologia de

gaseificação a arco Ê que a escória Ê um produto comercial utili- de pavimentação e a receita zado como um material rodoviårio das vendas favorece (BAOSHAN, a receita líquida anual et al., 2014). Os resultados podem ser observados na Figura 2:

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As tecnologias de tratamento de resĂ­duos tambĂŠm foram anali sadas no Reino Unido (DEFRA, 2013) e (DEEGAN, 2010) apon como tam as ATT`s (Advanced Thermal Treatment) os processos modulares mais apropriados para operarem no tratamento dos RSU em mĂŠdia e grande escala.

cerca de US $ 16 milhþes por ano. Sendo o capital investido de cerca de US $ 130 milhþes. A uma taxa de alimentação de 454 toneladas/dia de resíduos (500 toneladas/dia), a receita líquida anual antes de impostos Ê cerca de $ 5 milhþes/ano em 4,5 ¢/kWh, R $ 7 milhþes/ano em 5,5 ¢/kWh, e US $ 9 milhþes/ano em 6,5 ¢/kWh. O capital investido seria de cerca de US $ 102 milhþes. A instalação de gaseificação plasma à arco com uma capacidade de 900-1000 toneladas/dia gera uma receita líquida anual antes de impostos de entre US $ 15 milhþes e 23 milhþes dólares por ano, dependendo do preço de venda de energia elÊtrica. Custo de capital Ê cerca de US$154 milhþes (ANUBHAV OJHA et al., 2012). Quanto à produção de energia líquida de plantas de gaseificação de plasma à arco, são estimadas em cerca de 21 MW, 30 MW e 43 MW para uma capacidade de 450-500 ton/dia, 650-700 ton/dia e 900-1000 ton/dia de resíduos, respectivamente.

A Tabela 2 apresenta a mÊdia dos custos de instalação de plantas de recuperação energÊtica de RSU. Foram analisadas plantas in diferentes capacidades (ton/dia de resíduos sólidos dustriais de urbanos) diversas vapor e me que apresentaram receitas (como tais ferrosos e não ferrosos para reciclagem) e diferentes preços de energia elÊtrica (centavos US$/kWh). de venda de

Uma revisão de ambos os fatores de anålise: a produção de energia para rede e economia de escala para os cinco tipos de tecnologias de processo de gaseificação tÊrmica, mostra que o plasma à arco produz cerca de 740-816 kWh/ton de RSU em comparação com apenas cerca de 621-685 kWh/ton, com a tecnologia de gaseificação convencional.

A Gaseificação de Plasma à Arco pode, portanto, ser considerado o processo de gaseificação tÊrmico mais eficiente, embora a Figura 2 mostra que a gaseificação convencional Ê um concorrente provåvel.

AVAliAção EconĂ”micA Nos Estados Unidos, estudo realizado (BERENYI, 2013) sobre os benefĂ­cios econĂ´micos do setor de recuperação energĂŠtica de resĂ­duos apontam que nas 86 plantas presentes em 25 estados, geram 5.350 empregos diretos e 8.557 indiretos, alĂŠm da injeção de US$ 5,6 bilhĂľes por ano na economia. Isto porque a AgĂŞncia de Proteção Ambiental americana determinou a priorização da construção das plantas com recuperação de energia antes da adoção da tecnologia de aterros sanitĂĄrios (EPA, 2015).

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impActoS AmBiEntAiS

Essas a capacidade mínima anålises sugerem que viåvel (break de uma gaseificação de plasma even) instalação de à arco estå perto de de cerca de 200-300 ton/dia. Com uma taxa de avanço cerca de 650-700 toneladas/dia, a instalação de gaseificação de à arco gera de US$ 10 milhþes anualmente em ter- plasma cerca mos líquida antes de receita anual de impostos (receita total anual total anuais), for de menos das despesas se a eletricidade a 4,50¢/kWh. preço à rede 5,50 vendida Com um de venda de o faturamento líquido anual antes de impostos Ê cerca ¢/kWh, de por US $ 13 milhþes ano. Para a eletricidade vendida em 6,50 ¢/kWh, a receita líquida anual antes de impostos pode chegar a

A matÊria prima (RSU) Ê completamente gaseificada, enquanto o material não combustível, incluindo o vidro e os metais ficam reduzidos em um material inerte vitrificado que pode ser utilizado na indústria da construção civil ou em pavimentação de estradas. Todos os outros produtos como a ågua do lavador de gases e o material recolhido no filtro ciclone podem ser reciclados (ROGOFF, 2011). Fatos confirmados pelo trabalho (DEEGAN et al., 2012) que utilizando-se resíduos perigosos no reator de plasma, indicaram que as emissþes estavam abaixo dos índices das emissþes permitidas pelas normas europeias.

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concluSão Finalmente, considerando que a tecnologia de Gaseificação de Plasma à Arco apresenta uma geração de energia elÊtrica maior que demais tecnologias existentes para uma mesma quantidade de RSU; Ê a tecnologia que oferece menor impacto ambiental; as anålises financeiras foram realizadas sob o prisma do preço da energia elÊtrica fornecida ao Sistema ElÊtrico, outras receitas poderão ser obtidas com a utilização do reator para destruição de resíduos industriais e perigosos cujas taxas são superiores aos valores pagos para resíduos sólidos urbanos; o Aterro Sanitårio Ê uma tecnologia em desuso em países desenvolvidos; a tecnologia de incineração

(combustão) Ê questionada ambientalmente e as demais tecnologias de pirólise e gasificação são utilizadas em instalaçþes modulares e em laboratórios de pesquisa em estågio prÊ-comercial, conclui-se portanto o presente trabalho, asseverando que a Gaseificação de Plasma à Arco Ê uma tecnologia economicamente viåvel para o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. AlÊm disso, a tecnologia de gaseificação de plasma à arco pode minimizar, se não eliminar a necessidade de aterros sanitårios e tambÊm eliminar aterros existentes. Resíduos antigos em aterros sanitårios existentes podem ser removidos e utilizados como fonte suplementar para uma instalação de gaseificação de plasma à arco.Atualmente existem mais de 40 plantas utilizando essa tecnologia, como

a Usina Eco-Valley em Utashinai, no JapĂŁo, processa 300 ton/dia de RSU e resĂ­duos perigosos com tecnologia da Westinghouse, Europlasma, Phoenix e Tetronics (INTECH, 2012). Ă€ tĂ­tulo de sugestĂŁo, os prĂłximos passos desse trabalho, seriam a instalação de um projeto piloto com essa tecnologia para o tratamento de resĂ­duos no Brasil. Constitui-se um grande desafio mas, sua visibilidade e Know-How uma vez adquiridos, trarĂŁo novos negĂłcios para o setor e certamente o apoio social e ambiental necessĂĄrios para sua propagação. artigo completo com referĂŞncias estĂĄ disponĂ­vel no site da Sme : www. sme.org.br/artigo-resolidos

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mEStRES dE EnGEnhARiA | JoSÉ oSVAldo SAldAnhA pAulino

o diferencial é gostar do que faz luciana Sampaio moreira

Independente do tema – ou da matéria - uma boa aula começa com uma definição ou desafio. O engenheiro eletricista, professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atual chefe do Departamento de Energia Elétrica da instituição, José Osvaldo Saldanha Paulino, 59 anos, sabe muito bem como provocar os seus alunos sobre os desafios e caminhos das Engenharias. Dessa forma, ao final de cada encontro com os alunos, nos últimos 36 anos de atividades docentes, e de 20 disciplinas lecionadas, ele também consegue responder, de forma clara, o porquê de ter escolhido a sala de aula como local de trabalho. Nas suas palavras, a “Engenharia é arte de fazer a natureza trabalhar a nosso favor”. Mas não é só isso. Explorar e utilizar os recursos naturais de forma eficiente, respeitando o meio ambiente é uma das grandes tarefas da sua área de atuação. Mas ele demonstra paixão quando fala sobre a Engenharia Elétrica. “É uma das áreas de maior desenvolvimento, nos últimos anos, já que trata da geração, transporte e distribuição da energia elétrica, e também de sua utilização por meio de sistemas de computação, telecomunicação, robótica, biomédica, microeletrônica, compatibilidade eletromagnética, entre outras áreas afins”, anuncia. Sim, em se tratando de Engenharia, não há como extinguir os problemas. Haverá sempre uma pergunta a ser respondida, um produto a ser desenvolvido e uma técnica e ser aprimorada para gerar melhores resultados. Graduado em 54

Engenharia Elétrica (1979), mestre em Engenharia Elétrica (1985), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutor em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp (1994), o professor atua nas áreas de Alta Tensão, Compatibilidade Eletromagnética, Descargas Atmosféricas e Proteção. Ele também é bolsista de produtividade em desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora Nível 2 do CNPq. A sua trajetória como professor foi lenta e gradual. Ainda na graduação, José Osvaldo Paulino descobriu o temido Cálculo no Instituto de Ciências Exatas (ICEX). Foi monitor da disciplina e deu os primeiros passos para a pesquisa científica no Departamento de Física, onde fez Iniciação Científica e Pesquisa Tecnológica no Laboratório de Técnicas Digitais do Centro de Computação (Cecom). Para quem quer aprender, um tema leva a outro. Do Cecom, onde foi estagiário, descobriu a Engenharia de Alta Tensão na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), como estagiário do setor de projeto de subestações (OT/OS-3). “Fui viver minha paixão pela alta tensão no Laboratório de Extra Alta Tensão (LEAT), onde fui estagiário do saudoso professor Ênio Medeiros Cunha”, lembra. Em paralelo com esse estágio, ele também foi monitor da disciplina Conversão da Energia. Junto com os colegas, passou a ministrar aulas práticas sobre o tema. Depois foi presidente do Grêmio Eletricista, outra experiência que apontou seu caminho rumo ao magistério.


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O engenheiro eletricista,

professor titular da UFMG e

atual chefe do Departamento

de Energia Elétrica da instituição, José Osvaldo Saldanha Paulino

O conhecimento do passado garante a construção de um futuro

melhor. Precisamos de professores com um nível cultural mais

elevado e abrangente. Precisamos combater a hiperespecialização

Da academia, mantém contato com a iniciativa privada. Por meio da Fundação Cristiano Ottoni, da Escola da Engenharia da UFMG, ele tem trabalhado, de forma intensa, em vários projetos de consultoria e de pesquisa, para grandes e pequenas empresas de Engenharia.

área de Engenharia. “Acho que gostar do que faço gera um grande diferencial. Sempre gostei de dar aulas, fazer pesquisa e conviver com os alunos”, enfatiza o professor.

Ele atua na área de Distribuição, desde 1983, quando coordenou um grande projeto de pesquisa financiado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Desde aquela época, passou a lecionar alguma disciplina relacionada com esse tema. Entre os anos de 1980 e 1990, o professor coordenou projetos de pesquisa financiados pela TELEMIG e pelo então CPqD TELEBRAS (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da TELEBRAS), atual Fundação CPqD, voltados para o estudo de interferências de redes elétricas e descargas atmosféricas em redes de telecomunicação e telefonia.

Como gestor, o trabalho do professor José Osvaldo Paulino também merece destaque. Atualmente, o Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) possui 50 professores doutores que atuam em vários projetos de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de Engenharia Aeroespacial, Engenharia Ambiental, Engenharia Mecânica, Engenharia Civil, Engenharia Química, Engenharia de Minas, Engenharia de Metalurgia e Arquitetura. Os departamentos de Engenharia Elétrica e Eletrônica são responsáveis diretos por três cursos de graduação (Engenharia Elétrica, Engenharia de Sistemas e Engenharia de Controle e Automação).

A partir destes estudos, o professor ganhou expertise na área de Compatibilidade Eletromagnética que visa o estudo das interferências eletromagnéticas entre equipamentos e, também, nos seres vivos. Na sala de aula ele consolida a experiência que adquiriu como cientista da

Conforme o último ranking de graduações divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, o curso de Engenharia Elétrica da UFMG está na segunda posição, ficando atrás apenas do curso da UNICAMP. Pelo ranking do MEC (último ENADE) o programa mineiro ficou com o primeiro lugar geral.

professor-Gestor

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mEStRES dE EnGEnhARiA | JoSÉ oSVAldo SAldAnhA pAulino A pós-graduação em Engenharia Elétrica da UFMG recebeu o nível 7 (maior nível), na última avaliação da CAPES. Apenas três cursos de pós-graduação em Engenharia Elétrica no País têm esse nível de qualificação.“Manter essa máquina funcionando não é tarefa trivial. Os desafios são enormes, principalmente neste momento, em que as verbas estão escassas e o País passa por uma crise de grandes proporções. O Departamento atua em quase todas as áreas da Engenharia Elétrica para manter o atual padrão de qualidade no ensino e na pesquisa. Esse é o maior desafio”, afirma. Para o professor, a carreira escolhida vale muito. “Não ganhei dinheiro, mas tive uma vida digna e muito proveitosa. Convivi com muita gente e principalmente com gente nova.Viajei muito e mantive a minha mente aberta e ocupada. Para quem gosta de gente, a atividade de professor é uma dádiva. A profissão tem suas agruras, como qualquer outra, mas as coisas boas acabam compensando. Se tivesse que escolher novamente acho que escolheria ser professor mais uma vez”, resume. Mas ele adverte que, os engenheiros que pretendem se dedicar à docência precisam se qualificar.“Estudem muito, não só Engenharia, mas um pouco de tudo. Leiam de tudo. Um romance bem escrito nos dá mais informação sobre um povo do que uma viagem de curta duração ao país. O conhecimento do passado garante a construção de um futuro melhor. Precisamos de professores com um nível cultural mais elevado e abrangente. Precisamos combater a hiperespecialização”, alerta. De acordo com o José Osvaldo Paulino, é preciso manter contato permanente com as empresas e com o mercado.“A maioria dos professores hoje em dia não exerceu a profissão

de engenheiro. Formaram, fizerem seus cursos de pós-graduação e viraram professores. O contato com as empresas através de projetos de pesquisa e atividades de consultoria permitirá ao jovem professor o exercício da Engenharia que, aliada aos seus conhecimentos acadêmicos, irá transforma-lo em um bom professor de Engenharia”, aconselha. Com a proximidade da aposentadoria – teoricamente dentro de três anos – ele avalia os rumos da sua carreira como engenheiro. A pretensão inicial é ficar por mais algum tempo na UFMG, para dar continuidade aos projetos de consultoria. Ele, também, pretende escrever mais dois livros, pelo menos. “Só irei me aposentar se as regras da Previdência mudarem drasticamente”, comenta. Um deles foi em conjunto com ex-alunos, atuais colegas de profissão e engenheiros da Clamper, empresa que financiou o projeto. A obra agrega a experiência da empresa com o conhecimento da academia, abordando a questão de segurança de equipamentos elétricos e eletrônicos contra surto elétrico. Ele tem o plano B. Se tiver que aposentar, vai exercer a Engenharia por mais algum tempo para, depois se dedicar a dois prazeres antigos: livros e filmes.“Na vida acadêmica, adquiri o gosto pela leitura. Hoje sou um leitor voraz de livros técnicos e não técnicos, sendo que, nos últimos anos, a literatura não técnica tem ocupado a maior parte do meu tempo. Com a facilidade de acesso a filmes, acabei tornando-me um cinéfilo amador, um hobby que divido com minha esposa”, explica. Com três filhos adultos, ele já espera o momento de se tornar avô. “No momento, tenho o cachorrinho de minha filha para olhar, nos finais de semana”, disse, bem-humorado.



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Justa homenagem a heloisa Paiva em 9 de maio de 1937, em Porto real de são Francisco, hoje iguatama, cidade do centro-oeste mineiro, nasceu heloísa Paiva de oliveira, filha do respeitado farmacêutico João Apolinário e da aguerrida elvira de Paiva oliveira, a segunda de oito irmãos. A família mudou-se para Bambuí, onde ela viveu a maior parte de sua infância e adolescência. Jovem ainda demonstrou os traços da inabalável guerreira que iria se tornar num futuro não muito distante. os estudos começaram em Patos de Minas, para onde se deslocava de ônibus, fazendo baldeações, com muito sacrifício. ela sabia que precisava ser diferente da média para se destacar. os anos se passaram e ampliouse a principal característica de heloísa, a persistência. não haviam barreira, dificuldade ou limitação, que a impedissem de buscar incansavelmente os seus objetivos. Casou com Floriano garcia Costa, engenheiro e associado da sociedade Mineira de engenheiros (sMe), e passou a ser heloísa Paiva de oliveira Costa, a dona quita. teve dois filhos, Florence e Fabiano Costa, que criou com autoridade ímpar e muito amor. A propósito, a devoção a família era outra especialidade da dona quita. não existia defeito, ainda que evidente aos olhos do mundo, para ela nos seus. entenda por seus, realmente todos os seus... Filhos, irmãos, principalmente, sobrinho, entre outros. “todos lindos e inteligentes”, como dona quita os definia. os quatro netos, david, 8 anos, João e Miguel, de 5 anos e Pedro, de 2 anos, eram, como dizia, a razão do viver dela, nos últimos tempos. Foi professora e bibliotecária da rede estadual por anos. seus alunos certamente se lembrariam da competente, dedicada e brava (talvez mais da braveza...) profissional que era. e dessa veia acadêmica, surgiu aquela que, provavelmente, foi a obra de maior sucesso de heloísa, o famoso “Curso de Atualização Cultural para Mulheres”. o projeto que teve um começo tímido, no início dos anos de 1980, com cerca de vinte e poucas alunas no Colégio santa dorotéia, mudou-se para a sede da sociedade Mineira de engenheiros e transformou-se em uma marca registrada da sociedade belorizontina. neste curso passaram mais de 1.000 alunas, durante os 35 anos de funcionamento, ininterrupto, como frisava a idealizadora desse incrível projeto. Muitas honrarias foram prestadas, como o título de Cidadã honorária de Belo horizonte, e Mérito educacional concedidos pela Câmara Municipal. na coordenação do Curso, heloísa demonstrou mais uma de suas características marcantes, a iniciativa e pró-atividade. organizava com maestria palestras com temas variados e atuais com os mais renomados nomes em diversos setores. heloisa Paiva de oliveira Costa faleceu, no dia 11 de novembro de 2016. sem dúvida nenhuma, uma guerreira, um exemplo de mãe, mulher e profissional. deixa escrita uma bela história para jamais ser esquecida!


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