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mobilidade elétrica
from Blueauto#58
by Blueauto
ALERTA VERMELHO
Henrique Sánchez
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Presidente da UVE Associação Utilizadores Veículos Elétricos
Otema e título deste artigo surgiram após ter visto o mais recente documentário de David Attenborough, “A Terra no Limite: A Ciência do Nosso Planeta”. Considero-me uma pessoa bem informada, no entanto, pude con rmar que a situação atual do Planeta Terra e as condições que permitem aos Humanos aqui viver poderão estar seriamente em causa. Este documentário está disponível na Net ix e desde já aconselho o seu visionamento.
Este documentário baseou-se no mais recente estudo do Centro de Resiliência de Estocolmo, da Universidade de Estocolmo (Stockholm Resilience Centre / Stockholm University) levado a cabo pelo cientista Johan Rockstrom. Nele procurou-se identi car quais os limites da Terra, quais são essas fronteiras que, se ultrapassadas, põem em risco o futuro da Humanidade no Planeta Terra. Foram identi cados nove limites, dos quais dois ainda não estão quanti cados. Em relação aos restantes sete foi criada uma escala de três níveis: Verde - ainda seguro, Amarelo – zona de
incertezas com aumento substancial do risco e Laranja –
risco muito elevado, ultrapassadas as zonas de incerteza. Aqui estão os níveis identi cados, fruto da investigação de vários cientistas ao longo de dezenas de anos: 1) Destruição da camada de ozono (verde) 2) Perda de Biodiversidade e extinção de espécies (laranja) 3) Poluição de produtos químicos nocivos (não quanti cado) 4) Alterações Climáticas (amarelo) 5) Acidi cação dos oceanos (verde) 6) Ciclo da água e consumo de água doce (verde) 7) Alterações dos sistemas terrestres, des orestação (amarelo) 8) Nitrogénio e fósforo uem para a biosfera e os oceanos (laranja) 9) Emissões de aerossóis (não quanti cado) Temos 9 limites, dos quais 2 não quanti cados, 3 verdes, 2 amarelos e 2 laranjas. São justamente os amarelos e os laranjas e a sua conjugação que poderão levar-nos para um caminho apocalítico, que urge evitar e que ainda temos uma pequena janela de oportunidade para o fazer.
Os Limites da Terra
Todos temos acompanhado – diariamente – a profusão de fogos, inundações, secas, barragens a níveis extremamente baixos, lagos que secaram, rios com caudais que põem em causa a sua sobrevivência, etc… No entanto, tudo parece continuar, ano após ano, como se nada se passasse, como se fosse uma inevitabilidade à qual não podemos escapar e que “no futuro” tudo se resolverá. Pois, creio bem que não, e o que está a desenvolver-se aos nossos olhos é demasiado grave e exige que todos nós nos interessemos pelo tema. Vou apenas referir alguns exemplos bem recentes, pois creio que todos temos presentes as imagens que vemos diariamente na comunicação social. No Reino Unido, nos arredores de Londres, incêndios devastaram alguns bairros destruindo dezenas de habitações como se fossem cabeças de fósforo a arder, os comboios suspenderam a sua atividade pois não estão preparados para
temperaturas a rondar os 40 graus Celsius (só têm aquecimento, não dispõem de ar condicionado), a pista do aeroporto de Luton, a norte de Londres, derreteu pelas elevadas temperaturas, os bombeiros ingleses não têm equipamentos, nem viaturas para combate a incêndios orestais ou rurais, estão apenas equipados para incêndios urbanos. Este exemplo alerta-nos que vamos ter de nos adaptar às novas condições, que já aí estão, não é uma questão de “se”, é mais quando, e o mais rápido possível.
Incêndio nos arredores de Londres
Poderia também referir a seca extrema do rio Pó em Itália, o lago Baikal (a maior reserva de água doce do Mundo) no sul da Rússia, perto da Mongólia, que atingiu níveis críticos em 2015, o mar de Aral que se estende do Cazaquistão ao Uzbequistão, o mar Cáspio situado entre a Rússia, o Azerbaijão, o Irão, o Turquemenistão e o Cazaquistão, ou as barragens portuguesas que estão a atingir limites mínimos muito perigosos, que poderão pôr em causa não só o abastecimento de água para a agricultura, mas também o próprio abastecimento de água potável para as populações.
Barragem do Lindoso Mar Cáspio
Mar de Aral
Depois dos incêndios gigantescos na Austrália, Sibéria, Suécia, este ano tivemos incêndios no Alasca, em Marrocos, além dos incêndios recorrentes na Califórnia (incontroláveis), na Alemanha e na República Checa, na bacia do Mediterrâneo, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Croácia, etc. Os incêndios, além da destruição imediata da fauna, da ora, das orestas, de vidas humanas, das emissões de CO2, destroem milhares de ninhos de aves, dizimam pequenos roedores, répteis e insetos, destroem todo o ecossistema e a biodiversidade, fundamental para a sobrevivência da espécie humana. O panorama é devastador, as perspetivas são muito sombrias, no entanto existe uma janela de oportunidade para invertermos a atual situação, mas tal exige de todos nós mudanças efetivas – o tempo das palavras terminou! Alguns exemplos do que já está a ser feito e do muito que podemos e devemos fazer. De destacar uma série de nove documentários coproduzidos pela RTP e pela Fundação Gulbenkian, do melhor que se tem feito, não só do ponto de vista técnico, da investigação subjacente, como dos exemplos práticos que nos apresenta. A série chama-se, muito apropriadamente, Planeta A, a ver com muita atenção. Um exemplo que vem do Brasil. O famoso fotógrafo Sebastião Salgado e a sua mulher Lélia Wanick plantaram 2