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editorial
JoĂŁo Compasso
Foto: Hugo Valente
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EDITOR A edição de julho foi, sem dúvida, a mais musical da recente história da BOSSA. Com gigantes da música, a nossa capa foi dedicada ao octogenário Hermeto Pascual, que aniversariou no passado 22 de junho. Conversamos com ele em Bangu, uma simplicidade e grandeza típica de mentes brilhantes. Ele tocará na Espanha em julho, um mês atípico que reunirá vários outros grandes nomes da música popular brasileira. Outros dois fantásticos artistas dos quais sou fã incondicional, Toquinho e Maria Creuza, também receberam a nossa equipe para nos contar sobre suas carreiras e trabalhos. Por fim, o fantástico saxofonista Leo Gandelman tocará dentro da programação Veranos de la Villa e foi entrevistado em nossa Bossa Tv. Fomos ao restaurante mais querido de Barcelona, o Manga Rosa, que inaugurou um novo local. Com o mesmo encanto e charme, o lugar é maior e se identifica mais como restaurante do que como bar. Porém, mantém tudo o que oferece no outro. Vale a pena conferir! Está cada vez mais gostoso fazer a revista. As ideias para inovar e tornar o conteúdo ainda mais interativo e orgânico nos fazem trabalhar cada dia mais duro. Agradeço a generosidade das pessoas as quais têm feito parte desta grande família. Aproveitem. Evoé
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SUMáRIO
22 –
Soul Brasileiro
Ludmila e Marcia fundam a Crokinha
8 – Entrevista
Toquinho e Maria Creuza
Em plena forma, os precursores da Bossa Nova fazem uma turnê na Europa. A dupla se apresenta em 4 cidades espanhola.
12 – Gurmet
Manga Rosa, o segredo da fusão hispano-brasileira
O bar brasileiro mais autêntico de Barcelona abre sua versão restaurante.
16 – BOSSA FM
Festas que movem o nosso Brasil
O “colecionador de boas músicas”, Rodrigo da Matta, lista algumas festas imperdíveis “made in Brazil”.
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Os quitutes brasileiros invadem a Espanha. E a responsável é a franquia Crokinha.
24 – Rio#16
Guia prático das Olimpíadas 2016
Dicas de hospedagem, ingressos, transporte e documentação para você viver o melhor das olimpíadas do Rio#16.
30 – Be Natural
O segredo do óleo de coco.
Saiba os benefícios do óleo natural tendência do verão.
Capa Foto: Divulgação do artista Execução: Gonzalo López de Egea Idealização: Trasto Creativo
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56 – Trend
Sing, conectando através da música
34 – Especial
Hermeto Pascoal
O mestre dos sons – como é conhecido – chega a Espanha para fazer o que mais sabe, som. Com recém completos 80 anos, ele concedeu uma entrevista a nossa equipe desde sua casa em Bangu.
É a rede social do momento, conecta “cantores de banheiro” a profissionais. Conheça essa nova febre mundial.
60 – Voluntariado Alto Arapiuns
Conheça esse grupos de voluntário que decidiram unir forças e atuar por um bem coletivo, a humanidade.
46 – Agora
64 – Quixote Macunaíma
Um dos artistas brasileiros mais requisitados na Espanha, Carlinhos Brown, desembarca a Madri para tocar no Festival Cultura Inquieta.
Uma profunda reflexão sobre os desafios enfrentados pelo Brasil para provar que pode realizar as Olimpíadas como qualquer país desenvolvido.
Carlinho Brown na Espanha
Por que o Rio não é Barcelona?
54 – Samba
Os 100 do Samba
O Embaixador Paulo Alberto Soares e o Diretor executivo da FCHB, Francisco Gallo, escrevem os 100 anos do samba.
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staff DIRETOR João Compasso EDITORA BARCELONA Daniela Pacheco REDAÇÃO Clarice Compasso Daniela Pacheco DESIGNER Gonzalo López de Egea Gómez - Trasto Creativo. COLABORAÇÃO Flávio Carvalho, Juliana Bezerra, Rafaella Marques, Tahone Jacobs, Luzie Lima, Suzana Paquete. Michele Vasconcelos, Rodrigo da Matta, Fernanda Medeiros, Tati Sato, Aline Navarro REVISÃO Claúdia Maciel CONTATO editor@revistabossa.com +34 64 007 41 77
DEPÓSITO LEGAL M-10540-2016 As opiniões expressas por nossos colaboradores são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.
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entrevista
Juliana Bezerra
“A Bossa Nova não tem tempo nem idade” Foto: divulgação artista.
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Não é todo dia que se tem a oportunidade de ver e ouvir um dos “mentores” de um dos ritmos que se eternizará em toda a historia mundial da música. Toquinho e Maria Creuza são referências mundiais e defendem com maestria um ritmo autenticamente canarinho: a Bossa Nova. O cantor e compositor Toquinho e a cantora Maria Creuza se apresentam dia 5, em Madri, no Real Jardim Botânico e em Barcelona, dia 8, no Festival Jardins de Pedralbes. Considerados como grandes vozes e intérpretes da MPB, os dois voltam à Espanha, onde não faziam show juntos desde 2009. BOSSA - Ano passado, Caetano e Gil fizeram pela Europa a turnê “Dois amigos - um século de música” e foi um sucesso retumbante. Em outubro de 2016, teremos uma homenagem a Tom Jobim e Frank Sinatra, no Teatro Real. E agora, em junho, vocês trazem este show para Madri. O que explica o contínuo interesse pela Bossa Nova e a MPB em todo mundo? Toquinho: A Bossa Nova não tem tempo nem idade, tornou-se perpétua pela beleza de sua estrutura melódica, rítmica e poética. Faço parte da geração privilegiada que herdou dela essa revolucionária forma musical e que a cultiva ainda em suas composições, fazendo com que o mundo renove seu interesse pela nossa música. BOSSA - Vocês já se apresentaram na Espanha várias vezes e sempre com sucesso. Como é a receptividade do público espanhol? Toquinho: Há muitos anos a Espanha faz parte de nosso roteiro de shows, não só em Madri, mas em tantas outras cidades e em todas elas sempre fomos recebidos com muito carinho. O povo espanhol carrega a música nas veias e essa característica se estende também para outras tendências musicais, e a música brasileira é muito apreciada por aí. BOSSA - O show de Madri vai reviver aquele histórico encontro de vocês com o Vinícius, em Buenos
Aires. Ele ainda faz muita falta na carreira de vocês? E na música brasileira em geral? Toquinho: Vinicius de Moraes deixou um legado poético e musical que jamais se extinguirá, cultivado e renovado pelas novas gerações. Tenho o privilégio de fazer parte desse legado e de consolidá-lo ao longo de minha carreira, mantendo-o vivo em minhas apresentações. BOSSA - O que podemos esperar deste show na Espanha? Vocês cantarão em espanhol? Há alguma parceria prevista com algum artista daqui? Toquinho: Será uma retrospectiva de nossas carreiras, apresentada de uma maneira intimista para que o público possa sentir mais de perto o sentido e o conteúdo das canções. Maria Creuza canta com simplicidade canções que o público gosta de ouvir. Assim como eu, pode-se dizer que ela também é uma herdeira da Bossa Nova e nossas carreiras tiveram um impulso maior na mesma época, depois da temporada de shows com Vinicius de Moraes em La Fusa, em 1970. São fatores que nos aproximam e nos mantêm atuando juntos até hoje. Toda essa junção artística dá ao show a dinâmica que atrai e faz do público um coadjuvante ativo. Não há previsão de participação de artistas espanhóis nesses concertos, até mesmo pelo fato de eles serem temáticos, em homenagem ao emblemático disco que gravamos em 1970 e que ainda continua em catálogo. BOSSA - Vocês gostariam de deixar alguma mensagem para o público, em especial o brasileiro residente na Espanha? Toquinho: Que saibam desfrutar do que a Espanha tem de especial em suas cidades seculares, sua arte, sua culinária, seu futebol encantador, e, quando der saudade do Brasil, corram atrás de nossa música assistindo nosso show. “A Bossa Nova não tem tempo nem idade, tornou-se perpétua pela beleza de sua estrutura melódica, rítmica e poética. Faço parte da geração privilegiada”
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MC entrevista 2
Dani Pacheco
aría reuza
Um encontro que aconteceu em plena efervescência criativa dos anos 70 no Brasil, onde a Bossa Nova invadia cada canto do país. Onde lendas da música brasileira, como Tom Jobim e Vinicius de Moraes, encantavam com seu ritmo faceiro e poemas musicados. A cantora baiana tinha acabado de chegar da Bahia e o paulista Toquinho estava no comecinho da sua carreira quando o poetinha Vinicius de Moraes (1913-1980) os convidou para uma turnê pela Argentina e Uruguai. Foi aí que surgiu uma grande história de um encontro regado a músicas, palavras, sonhos, desencontros e muita arte. Os então novatos Toquinho e Maria Creuza lançavam, com o já grande poeta Vinicius de Moraes, um dos discos ao vivo mais marcantes da era da bossa nova: Vinicius de Moraes en La Fusa, gravado em Buenos Aires. Ficaram registradas lá versões de clássicos como “Samba em Prelúdio” (Baden Powell/Vinicius), “Eu Sei que Vou te Amar”, “Se Todos Fossem Iguais a Você” e “Garota de Ipanema” (as três últimas de Vinicius e Tom Jobim).
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A arte do encontro ou do reencontro.
O sucesso da turnê, claro, devidamente endossado pelo poetinha da Bossa Nova (como era conhecido Vinicius de Moraes) foi tão marcante que o triunfo se repete em belos e marcantes reencontros entre Toquinho e Maria Creuza, como esse que acontecerá no dia 8 de julho, às 22h, no Festival Jardins Pedralbes (Auditori Aire Lluire. Avda. Diagonal s/n - Jardines del Palau Reial de Pedralbes). No repertório, estarão clássicos da Bossa Nova como: “Tarde Em Itapuã”, “Regra Três”, “Morena Flor” e “A Tonga da Mironga do Kabuletê” grandes parcerias de Vinicius e Toquinho. Confira a entrevista que a cantora Maria Creuza concedeu para a REVISTA BOSSA. BOSSA - Agora em julho, em Barcelona, você vai se apresentar no Festival Jardins Pedralbes ao lado de Toquinho. Como foi esse reencontro com Toquinho? Maria Creuza - Sempre que as nossas agendas permitem, renovamos o prazer do reencontro!. É
Maria Creuza - Ele é e será sempre nossa inspiração. É o nosso eterno parceiro. BOSSA - Envaidece-lhe ser conhecida como a cantora preferida de Vinicius ou considera ser uma grande responsabilidade? Maria Creuza - Envaidece-me, claro, mas também é uma grande responsabilidade. BOSSA - O que mudou na sua vida depois do lançamento do Vinicius de Moraes en La Fusa, aliás, disco considerado um dos mais importantes da era da Bossa Nova? Maria Creuza- Mudou os rumos da minha carreira. Eu era recém-chegada da Bahia e me definiu como cantora, marcou minha imagem no Brasil e no mundo.
bom lembrar que começamos junto com Vinicius de Moraes num momento que foi definitivo em nossas carreiras. BOSSA - Como foi o processo de escolha do repertório deste show? Já que vocês sempre fazem shows juntos. Tem alguma regra em especial? Maria Creuza - Não temos nenhuma regra especial, pois com um repertorio tão vasto e com canções tão conhecidas do público, é só escolhermos aquelas que sabemos que estão esperando no nosso show. BOSSA - Poderia contar sobre um momento inesquecível que você viveu ao lado de Toquinho durante um show?
BOSSA - O que os brasileiros e o espanhóis podem esperar deste show? Maria Creuza - O reencontro de nós dois no palco vai significar o quanto a música nos une, sem barreira de idiomas, para o público local que espera ver uma homenagem de uma cantora que, até hoje, passados 40 anos, tem uma linda história para CANTAR e contar. Tudo isso junto ao último parceiro de um poeta e compositor que deixou um legado extraordinário que segue incentivando as carreiras de muitos artistas de todos os lugares. E, por fim, gostaria de dizer que espero que nos recebam de braços abertos, com carinho e aplausos!
Maria Creuza - Ah, foram tantos os momentos inesquecíveis. Talvez a emoção que senti quando o poeta me apresentou pela primeira vez na Europa, em Paris, no teatro Olímpia, esteja entre os momentos mais marcantes. BOSSA - E, Vinicius de Moraes… Pode-se dizer que, de alguma forma, ele também participa dessa parceria musical? O que ele representa para você?
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gurmet
Redação
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anga Rosa O segredo da fusão hispano-brasileira. O prestigioso restaurante brasileiro abre mais um local, desta vez em Eixample.
Foto: Tânia Maria.
Sem dúvida, hoje, o Manga Rosa é o restaurante referência em gastronomia no contexto Brasil na cidade de Barcelona. É o querido dos brasileiros, dos espanhóis e dos “gringos”. Vários rostos famosos desde rappers americanos, cantores, futibolistas, como também atores brasileiros, espanhóis e americanos, já foram vistos nesse aconchegante restaurante. A ideia inicial, quase 10 anos atrás, era abrir um bar brasileiro. Frente às necessidades e desejos de se tornarem únicos no que ofereciam, mudaram a proposta para uma cozinha fusionada hispano-brasileira. A mistura deu certo. Segundo os proprietários, o Manga Rosa tem clientes fiéis, tanto europeus como brasileiros, que frequentam o local desde os primeiros dias de funcionamento. A coxinha é uma das únicas que manteve sua receita tradicional. Uma simples mudança, como estar espetada por um palito de churrasco, transformou-a em pincho e multiplicou a números estratosféricos sua venda. É o carro-chefe do Bar,
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na Calle Blai, 31. Assim foi com o pão de queijo, o quibe e a picanha servida com pão de alho. “Tudo foi de uma forma muito intuitiva, fomos experimentando e brincando com as fusões. Não éramos empreendedores do meio gastronômico. “No Brasil éramos do ramo de gráfica e tivemos que fechar as portas depois de 11 anos. Foi quando decidimos vir para cá”, revelou Adriano, um dos fundadores do restaurante. Situado próximo à Praça de Catalunha, entre as estações de metrô “Diagonal” e “Passeig de Gracia”, o restaurante está no coração de Barcelona, mais precisamente na Calle Consell de Cent, 220. Além da excelente comida e bom trato, o Manga Rosa sempre foi marcado por uma decoração underground e muito contemporânea, pois buscou fugir dos clichês dos restaurantes brasileiros. “O
nosso diferencial é a nossa decoração. Os europeus acham muito bacana, ao mesmo tempo em que choca a maioria dos brasileiros, porque não estão acostumados a ver algo assim em outros bares e restaurantes brasileiros”, afirmou o proprietário. O novo local é maior, tem uma cozinha mais preparada. Moqueca e picanha com purê de mandioca serão alguns dos pratos que podem ser encontrados no novo restaurante que abrirá para o almoço. “Buscamos uma maneira prática de trabalhar, servindo com eficiência e qualidade. Porém, todos os pratos são muito elaborados. A moqueca, por exemplo, vamos servir na telha, como no Brasil, só que na teja de los calçots, típica da Catalunha”, informou Cláudia, proprietária do local.
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Não faltarão no novo local os famosos coquetéis que tornaram o Manga rosa famoso. Além da caipirinha, do mojito e das diferentes cervejas importadas, a casa conta com uma primeira linha de coquetéis que tem um papel muito importante no Manga Rosa. São tão protagonistas como a comida e pretendem se renovarem a cada dia para o bem estar dos clientes. “Os coquetéis são fundamentais no nosso restaurante, eles têm um papel muito importante no Manga Rosa. Os clientes adoram”, concluiu Adriano.
RESTAURANTE MANGA ROSA Calle Consell de Cent, 220 (M) Passeig de Gracia ou (M) Diagonal
BAR MANGA ROSA Calle Blai, 31 (M) Poble Sec
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bossa fm
Rodrigo da Matta
FESTAS QUE MOVEM O NOSSO BRASIL E O MUNDO A BOSSA FM inicia uma rota pelas festas mais divertidas e inusitadas do Brasil. Sabe aquele evento que se faz lembrar para sempre?
Ela surgiu através da criação do Coletivo Pilantragi em 2012, com objetivo de difundir a cultura nacional através da música e da arte.
E para começar esta série de reportagens, escolhemos duas festas nascidas na cidade de São Paulo, a “Pilantragi” e a “¡VENGA-VENGA!”.
Uma festa necessária para um Brasil que por muito tempo olhou pra fora e não soube enxergar o valor da sua cultura. Um movimento de resgate da música brasileira, mas também de exaltação do novo, da vanguarda artística atual.
Começamos pelas duas exatamente porque a ¡VENGA-VENGA! está nesse momento em sua turnê intitulada “Apoteosis” e porque a Pilantragi chegará pela primeira vez na Europa, no dia 06 de agosto, em Madri. PILANTRAGI Origem: São Paulo Desde: 2012 Proposta musical: Música Brasileira em Geral Fãs no Facebook: 25.000 Seguidores no Instragram: 2.400 A Pilantragi é uma das festas brasileiras mais influentes da cena alternativa.
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O mais impressionante é o fato de ser uma festa que acontece semanalmente, sempre às quintas-feiras. Já foram realizadas mais de 280 edições e o público não para de crescer. Mas como nada cai do céu, os créditos vão ao criador deste
Paulo. E, neste ano de 2016, foram aproximadamente 30 mil pessoas seguindo o bloco. Além de tudo, a Pilantragi também realiza festas gratuitas, e de muito sucesso, espalhadas por lugares e instituições da capital paulista. projeto: Rodrigo Bento. Desde o nascimento da Pilantragi, sua vida mudou completamente. O cara não pára. E em 4 anos foram muitas discotecagens pelo Brasil afora. E como a Pilantragi se trata de um coletivo, o mérito do sucesso também se dá a todos os envolvidos, que abraçaram a causa e fazem um trabalho bravíssimo. Atualmente a festa mantém residência no Mundo Pensante, espaço multicultural no bairro do Bixiga, em São Paulo. BLOCO DE CARNAVAL DA PILANTRAGI Muito além da festa semanal, a Pilantragi é pilar de diversas intervenções culturais e artísticas. Em 2013, a Pilantragi ganhou as ruas de Perdizes com seu bloco de carnaval. Em fevereiro de 2014, reuniu cerca de 15 mil pessoas. No ano seguinte, o bloco levou mais de 25 mil pessoas para a zona oeste de São
Mas pra fechar e pra vocês terem ideia da dimensão que a coisa tomou, eles lançaram o projeto Pilantragi na Estrada que realizou edições espalhadas por todo Brasil: Amazônia, Bahia, Minas Gerais, entre outros. BOSSA FM e PILANTRAGI EM MADRI No mês de Agosto, em parceria com a BOSSA FM, a Pilantragi chega com tudo em Madri! No dia 6 de agosto de 2016, a cobertura do hotel “ME Madrid”, na Plaza Santa Ana, abre suas portas mais uma vez para uma festa brasileira e de sucesso mais que garantido. ¡VENGA-VENGA! Origem: São Paulo Proposta musical: Global Bass Desde: 2013 Fãs no Facebook: 12.300 Seguidores no Instragram: 2.400 VENGA daqui, VENGA de lá! Só se escutava VENGA, VENGA, VENGA com a passagem de Ricardo Don e Denny Azevedo por Ma-
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dri. Criadores da ¡VENGA-VENGA!, passaram pelo programa DJ CHAT da BOSSA FM e compartilharam uma curadoria musical que transcende culturas, ritmos e estilos. Extravagante e transcendente. Com uma pesquisa musical voltada para o folclore de diversas culturas, o “movimento itinerante cultural” ¡VENGA-VENGA!, é uma festa que oferece um ambiente de experimentação e extrema liberdade. A arte vai além de ser vista, ela é sentida. Tudo que está ali é parte da festa, tudo se manifesta. É quase como quando alguém te provoca e você, sem pensar muito, reage. Pois é isso aí! Prepare-se para ser provocado, instigado e, por que não, excitado? Uma cor, um som, um cheiro, uma imagem, um arrepio. Tudo pode, tudo é permitido. O que não é permitido na VENGA é a falta de autenticidade. Na festa você vai ver um blend de muitas vertentes artísticas: performances, instalações, artes gráficas e multimídia, circo, música, artes cênicas e, claro, música BOA! A VENGA trata de apropriações culturais, migrações, diversidade sexual e exploração urbana, e pretende renovar e reestruturar os símbolos culturais, temperados por muita sinestesia e hedonismo na interação com o público. O movimento é liderado por Ricardo Don e Denny Azevedo. Eles adotaram um estilo de vida de dar inveja: 6 meses no Brasil e 6 meses viajando pela Europa. Nada mau, né? E, a cada ano, eles trabalham uma identidade para uma turnê que inicia no verão europeu e termina no verão brasileiro! O nome da atual turnê é “Apoteosis”.
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Em seus três anos de existência, o movimento participou de importantes festivais de rua como a “Virada Cultural “de São Paulo e de Belo Horizonte e “SP na Rua”, além de criar o “CIGA-NOS”, uma procissão que mixa o carnaval tradicional com a cultura cigana. A ¡VENGA-VENGA! já tem mais de 40 edições, sempre em locações inusitadas e históricas, com seu conceito “Oásis Urbano Efêmero”. Internacionalmente, a experiência “VENGA” já transitou pela Espanha, Turquia, Alemanha, Croácia, Portugal, entre outros.
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BOSSA FM
Rodrigo da Matta
DJ CHAT Uma das missões da BOSSA FM é resgatar as raízes da música brasileira e dar visibilidade àqueles projetos atuais de qualidade indiscutível. E, para a gente, “missão dada é missão cumprida”. O “DJ CHAT” é um programa para você escutar o melhor da nossa música através daqueles que dedicam a vida a pesquisar e a compartilhar o conhecimento. A proposta é chegar até DJs, pesquisadores e amantes da música brasileira ao redor do mundo, e descobrir um pouco de suas influências dentro da cultura brasileira. O primeiro programa contou com o músico e pesquisador Junior Santos que por muito tempo vinculou muitas pérolas da música brasileira em canais de YouTube e grupos do Facebook e para isso contava com a parceria e curadoria do mestre Ed Motta. Sem contar que Junior é um exímio baterista! No segundo episódio, fomos a Londres entrevistar a duas figuras fundamentais para a difusão da MPB no cenário europeu: Lewis Robinson e Duncan Ballantyne. Lewis é o criador do selo “MAIS UM DISCOS” que publica exclusivamente a música do Brasil. Duncan é o assessor de imprensa na Inglaterra de nomes como Elza Soares e, além disso, é o criador da “Tiger’s Milk Records” que investiga e publica os grooves da música peruana. O episódio número 3 conta com o DJ brasileiro residente em Berlim chamado Hélio Pelosi aka HP76. Grande colecionador de discos e criador da aclamada festa Cooking Brazilian Beats, que, no mês de março, teve sua estreia com a casa cheia na sala Junco em Madri. Além dessas feras, o DJ CHAT receberá grandes nomes como o DJ Corysco de Niterói, que está em turnê pela Europa, DJ Shantisan da Áustria, DJ Kosta da Bulgária, DJ Mako de São Paulo, DJ Rodrigo Bento (Festa Pilantragi de São Paulo), DJs Denny Azevedo e Ricardo Don (Festa ¡VENGA-VENGA! De São Paulo) e muitos outros! Fiquem ligados nas novidades através da www.bossafm.com/#djchat
Foto: Nathan Thrall.
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sOUL BRASILEIRO
Redação
Coxinha brasileira pronta para conquistar a Espanha A franquia espanhola fundada por duas brasileiras está à frente de um grande desafio: conquistar o público espanhol. Arraigados a sua culinária, a resistência espanhola termina ao dar a primeira mordida na tentadora Crokinha, que surgi da mistura do “croquete espanhol” com a coxinha brasileira. Além das tradicionais coxinhas de galinha, a franquia possui risole de carne, pão de queijo e churros brasileiros. Marcia Pereira e Ludmila Assis Mendonça são brasileiras, se conheceram na Espanha e há um ano decidiram juntas dar vida a um novo projeto, o Crokinha. Ambas com experiência no mundo empresarial, mas com histórias diferentes. Marcia chegou há 10 anos em Madri com a ideia de passar uma curta temporada. “Quando cheguei aqui a ideia era passar 3 meses na casa de uma amiga. Tudo mudou quando me apaixonei tanto pela Espanha como por um espanhol e foi aí que decidi ficar”, contou Marcia. No início ela trabalhava com estética, a mesma profissão que possuía em Madri. Poucos anos depois abriu o seu próprio negócio em uma zona nobre da cidade. Foi nesse momento que ela conheceu a Ludmila, que era sua cliente. A conexão foi imediata, “de-
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do mundo da restauração e casa de festas, tanto brasileiros como espanhóis. Além que vendermos também para privados que desejam fazer sua própria festa”, explica a proprietária sobre as ações da Crokinha que não apenas fornece, como também participa de grandes eventos. No próximo 16 de julho, a marca será a representante da gastronomia brasileira no evento “20 dias para o Rio”, realizado pela Fundação Cultural Brasil Espanha e Embaixada do Brasil. O projeto nasceu com a ideia de ser uma franquia, tendo como plano levar a Crokinha para diferentes cidades espanholas, como também a outros países europeus. “Criamos um conceito parecido com o “100 montaditos” para as lojas físicas. Produto de qualidade, acompanhado de bebida a um bom preço”, concluíram as empresárias. cidimos trabalhar juntas, eu na área de estética e ela com aulas de pilates”, revelou Marcia. “A minha história e a da Marcia começou praticamente juntas. Ela tinha um Centro de Estéticas e eu tinha dentro do centro um estúdio de pilates. Mesmo com a minha formação acadêmica ter sido em direito, eu sempre tive esse espírito empreendedor”, acrescentou Ludmila.
Interessados em abrir uma franquia da Crokinha, ou conhecer seus produtos? Entrem em contato ou visite a loja.
Apesar de ser jovem, Ludmila Assis tem uma historia de empreendedorismo de veterano. Além do estúdio de pilates, já teve restaurantes na Espanha e na França, além de lojas no Brasil. “Eu estava pensando em voltar ao Brasil, quando a Marcia me convidou para fazer parte do projeto, foi quando eu decidi ficar. [...] Para desenvolver o conceito, a gente tem toda uma equipe por trás. Foram contratadas uma agência de publicidade em São Paulo e uma assessoria na Espanha. Então foi tudo muito bem pensado e planejado, aos poucos a gente foi sonhando e criando”, esclarece Ludmila. Com um produto potente, de qualidade e com um preço competitivo, elas criaram uma marca forte que atende desde o varejo até o atacado. A loja física está em Moncloa, Madri, mas eles distribuem o produto congelado para restaurantes de toda a Espanha. “Já temos muitos parceiros dentro
Crokinha Madri Calle Gaztambide, 32, Madrid 916 21 60 80
www.crokinhas.es
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rio #16
Redação
Guia prático das Olímpiadas 2016 Tudo que você precisa saber sobre as olimpíadas no Rio. Dicas práticas sobre hospedagem, transporte e ingressos. Há apenas um mês do maior evento esportivo do planeta, nossa equipe preparou um guia para você não entrar em “roubadas” na sua sonhada viagem às olimpíadas 2016, realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro.
Passaportes e Vistos
“Airbnb”.
Só serão aceitos no Brasil passaportes que possuem a data de caducidade superior a seis meses da data de saída do país. Esse é um detalhe que pode trazer muita dor de cabeça para sua viagem.
Para os que desejam ter preços mais econômicos e viver uma experiência autêntica, existem quartos para alugar na Rocinha e Vidigal que também estão na Zona Sul. É preciso ter cuidado, porque ainda que sejam comunidades recentemente pacificadas, pode ser perigoso e os serviços são escassos.
O brasileiro naturalmente não precisa de visto para entrar em seu próprio país. Não se exige visto aos que possuem passaportes da América do Sul e de alguns países europeus, como a Espanha. Apenas durante o período dos jogos, o Brasil isentará o visto obrigatório aos norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses que queiram entrar e permanecer no país entre 1º de junho e 18 de setembro.
A zona mais privilegiada para se hospedar no Rio de Janeiro é a Zona Sul. É onde está a praia e os famosos calçadões, é a parte mais segura da cidade e onde tem bares e restaurantes que estão mais preparados para receberem os turistas. Bairros como Copacabana e Barra da Tijuca possuem bastante opções de aluguel. O ponto negativo é que não está próximo da Cidade Olímpica.
O Rio não é uma cidade barata e sofre com a falta de estrutura para receber a quantidade estimada de turistas estrangeiros, por volta de 500 mil - à parte os turistas nacionais. Apesar do incremento de quartos na rede hoteleira, superando quase o dobro do exigido pela COI, é uma tarefa quase impossível encontrar um quarto econômico para agosto. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), 90% dos leitos já estão reservados. As alternativas são pousadas, hostel e casas que se alugam por temporada. Apesar de não ter o conforto e serviços oferecidos pelos Hotéis, essas opções hoje são muito seguras. No caso do aluguel de casas ou quartos por temporada, existe uma interação com a população local que não se encontraria em hotel. Uma página na web que funciona em todo o mundo e tem credibilidade é a
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Hospedagem
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Transporte
Sem dúvida o transporte mais barato de se locomover pela cidade é o público. Para isso, foram criadas e reestruturadas linhas de metrô, de ônibus (o BRT - Bus Rapid Transit), o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), trem, taxi e bicicleta. Os ônibus possuem um serviço ininterrupto de 24h. O metrô possui 2 linhas que cobre de forma mais abrangente a Zona Sul, Centro e Zona Norte, levando inclusive ao maracanã, um dos palcos das olimpíadas. A tarifa do metrô é unitária e custa R$ 4,10, um pouco mais de 1 euro. O preço é um pouco mais em conta para a rede de trens urbanos, custando R$3,70. Não esquecendo o BRT como opção, que custa R$3,80. O transporte tem linhas exclusivas que conectam bairros de uma forma mais rápida e confortável se comparado ao tradicional ônibus. Para usar o BRT é preciso um cartão (R$ 3,00) para inserir os créditos. Esse mesmo cartão pode ser usado também no ônibus e metrô. A fama dos taxistas cariocas não é das melhores, de modo que a forma mais segura é usar os aplicativos, onde estima-se o preço que deverá ser pago, evitando dores de cabeça. Entre os aplicativos de táxi, dois são mais populares: o 99Taxis e Easy Taxi. O Uber também funciona com eficiência no Rio.
Ingressos
Evite Cambistas! Por mais atraentes que possam parecer suas propostas, ou que você deseje ver determinados jogos, evite comprar fora dos pontos oficiais. Assim, a melhor opção é adquirir online na pagina oficial dos jogos. A partir do mês passado, a compra de ingressos começou a ser feita de forma direta nas bilheterias, que estarão localizadas em todos os locais de competição (Barra, Maracanã, Deodoro e Copacabana), além das Cidades do Futebol (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Manaus).
TELEFONES ÚTEIS POLÍCIA FEDERAL – 194 POLÍCIA MILITAR – 190 CORPO DE BOMBEIROS – 193 BATALHÃO DE POLÍCIA EM ÁREAS TURÍSTICAS (BPTUR) - (21) 2332-7928 / 2332-7937 Endereço: Rua Figueiredo Magalhães, 550 - Copacabana DELEGACIA ESPECIAL DE APOIO AO TURISMO (DEAT) - (21) 2332-2924 Endereço: Av. Afrânio de Melo Franco, 159 - Leblon CORPO MARÍTIMO DE SALVAMENTO – (21) 23322062 / 2332-2057 Endereço: Praça Coronel Eugênio Franco, 2 – Copacabana AEROPORTO INTERNACIONAL TOM JOBIM (RIOgaleão) – (21) 3398-5050 Endereço: Av. Vinte de Janeiro, s/nº - Ilha do Governador AEROPORTO SANTOS DUMONT – (21) 3814-7070 Endereço: Praça Senador Salgado Filho, s/nº Centro RODOVIÁRIA NOVO RIO - (21) 3213-1800 Endereço: Av. Francisco Bicalho, 1 - Santo Cristo 4444
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foodlovers
Tati Sato
A Sociedade (Secreta) Gastronômica Adoro comemorar meu aniversário. Costumo sempre tirar o dia de folga e, se posso, viajo. Se consigo, além de viajar, também comemoro com meus amigos durante toda a semana com jantares ou sair para beber algo. Que maneira melhor de comemorar o dia de uma foodlover Trotamundos como eu, não é, minha gente? Como Madri me dá esse dia de presente - é feriado! Eba! - nem preciso pedir o dia e, neste ano, decidi visitar meu amigo Luizinho em Zarautz, a rainha das praias de Guipúzcoa, no País Basco. A região, além de linda, é internacionalmente conhecida pela sua gastronomia. E não sou só eu que o digo: a região tem inúmeras estrelas Michelin e, segundo a revista especializada Restaurant, quatro dos sete melhores restaurantes do país estão lá. Desde sempre, tinha vontade de ir a San Sebastián pelo festival internacional de cinema, um dos maiores do mundo. Já fui e um dia comento sobre minha experiência com os pintxos de Donostia. Desta vez, no entanto, não havia Festival de Cinema, mas havia a oportunidade de conhecer uma Sociedad Gastronómica. A Andrea, uma grande amiga uruguaia que mora no Brasil, já havia comentado delas, mas nunca pensei que tivesse a oportunidade de visitar uma. Então, quando o Luizinho me falou que íamos jantar em uma Sociedad Gastronómica, fiquei bem empolgada: como, para mim, sociedad soava como se fosse algo exclusivo, pensar que iria a um evento exclusivo relacionado a comida fez minhas células adiposas vibrarem de alegria!
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As Sociedades Gastronômicas, como são conhecidas na região de Guipúzcoa, equivalem às peñas espanholas: são locais com cozinha industrial onde se reúnem pessoas pertencentes a um mesmo grupo, em geral cooperativas de trabalho. Embora os ingredientes comuns – como sal, açúcar e azeite – façam parte da dispensa, os ingredientes principais da comida – como a carne – tem que ser levada. Alguns membros do grupo reunido cozinham para os demais e, no final, tudo que foi consumido é dividido entre as pessoas. Bastante justo! Até pouco tempo, as “sociedades” eram exclusivas para homens: não havia nenhuma mu-
lher como sócia. Hoje, as coisas mudaram, mas, ainda assim, poucas mulheres o são – acho que demora um pouco para se mudar as tradições... Enfim, os sócios pagam uma cota mensal que cobre os gastos gerais e, no caso de não sócios, só se pode entrar quando se é convidado. A sociedad que fomos era dos pescadores subaquáticos e, embora seja bastante exclusivo, o ambiente era bem familiar. Amigos que se reuniram para comer e beber. As bebidas fazem parte da dispensa comum e podem ser pegas diretamente na geladeira. Mas calma porque elas não são gratuitas: no final de cada refeição, elas também entram na divisão dos gastos.
O sócio que nos convidou foi o responsável pela cozinha naquele dia. Primeiro, comemos uma salada que estava deliciosa, mas o rei da noite foi o segundo prato: um pulpo a la gallega que estava simplesmente IN-CRÍ-VEL. O polvo tinha sido recém pescado pelo pai do cozinheiro, o que o transformou no polvo mais fresco que comi em toda minha vida e isso faz toda a diferença. Comi tudo o que podia – não conseguia parar de comer! Aliás, comi tanto que quase não consegui comer o terceiro prato, um frango com batatas. As garfadas eram intercaladas por conversas e risos. Mais vinho. Mais pulpo. Mais risadas. E assim passei as vésperas do meu aniversário, em um clima de descontração e muita comida. Melhor forma de terminar/começar o ano de uma taurina! <3
dia de brasil
Bianca Alencar
Tudo pronto para o 8º Día de Brasil Com eventos paralelos, grandes nomes da música brasileira e uma completa oferta gastronômica, o Festival Día de Brasil 2016, programado para o dia 4 de setembro, das 12h às 22h30, promete ser a melhor edição de todas. O Día de Brasil em Barcelona, realizado no Parc del Fòrum, que a cada ano conquista um público maior (em 2015 contou com 15.500 visitantes) este ano estará repleto de novidades, grandes atrações musicais e eventos paralelos. O show mais esperado é o do recifense Lenine, cantor, compositor e produtor musical que, com trinta anos de carreira e dez discos gravados, é um dos nomes de maior referência da MPB. Ele apresentará canções de seu último disco Carbono. Também subirão ao palco cantoras de destaque na atual cena musical brasileira como Mariene de Castro e Verónica Ferriani. O quarto convidado que vem do Brasil é Chambinho do Acordeón, cantor, sanfoneiro e também agora famoso como ator, escolhido para protagonizar o filme Rei do Baião, Luiz Gonzaga, documentário sobre este grande nome do forró. Novidades Além das grandes atrações musicais, o evento contará este ano com novidades em sua estrutura física. Da zona Vip do Festival Día de Brasil, o melhor ângulo do evento, os participantes terão todo o requinte, animação e conforto de um espaço de primeira linha. São 100 metros quadrados de onde se poderá ter uma visão privilegiada das grandes atrações musicais. No intervalo dos shows, haverá um DJ ao vivo animando a festa nesta área. A estrutura do local contará com banheiros, atenção médica, estilização de camisetas e uma completa estrutura VIP de comida e bebida.
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Outro carro-chefe do evento, o espaço gastronômico, atração que dura todo o dia, este ano contará com opções para todos os paladares. Estarão presentes 13 restaurantes de comida brasileira e cinco de culinária latina, inaugurando o espaço “Comidas do Mundo”. De maneira que será possível degustar delícias do Brasil e também de seus países vizinhos, tudo a preços populares. Eventos paralelos Nits de Brasil Além das diferentes opções de diversão no dia 4 de setembro, este ano, o festival começará uma semana antes com a estreia do Nits de Brasil. Durante quatro dias precedentes ao evento, de 30 de agosto a 3 de setembro, será possível conhecer o talento de brasileiros que vivem e atuam em Barcelona, de forma totalmente gratuita. A cada noite, haverá música brasileira em bares da zona de ócio de Barcelona. “Será uma forma de potencializar e engrandecer o festival reconhecendo talentos brasileiros que realizam sua carreira em Barcelona”, comenta Amaranta Mirabell Fornari, programadora do evento, que em breve anunciará os artistas e bares escolhidos. Mostra de cinema O festival também se estende uma semana depois do evento. A III Mostra de Cinema Brasileiro Día de Brasil traz este ano a Barcelona seis obras (quatro de ficção e dois documentários) que revelam um Brasil cotidiano e que cresce em criatividade em meio a intensas tempestades de crises sociais. ¨São filmes que desdobram temas do nosso cotidiano, vividos por pessoas ou personagens simples e ao mesmo tempo complexos. Ao olhar e mostrar a vida de uma maneira singu-
lar, fazem um convite muito especial à experiência cinematográfica”, comenta a curadora da mostra, Ana Rosa Marques. O filme premiado Boi Neon, do pernambucano Gabriel Mascaro abre a mostra, tendo sua pré-estreia no festival em Barcelona. ro. e Ou ão d d r Este ano também contaremos com a preo oC grup sença de uma das diretoras dos filmes mo o c a eir projetados. Dácia Ibiapana dirigiu o docu- Capo mentário Ressurgentes, um espelho atual da realidade social do país. O filme enfoca as ações dos movimentos sociais autônomos em Brasília, formado especialmente por jovens, entre os anos 2005 e 2013. O outro documentário da mostra é sobre violência e falta de justiça. Orestes, filme produzido em São Paulo por Rodrigo Siqueira, explora os múltiplos sentidos e efeitos da justiça ou da ausência dela. Os filmes Para Minha Amada Morta, dirigida por Aly Muritiba e Mate-me por favor, primeiro longa metrada. gem de Anita Rocha, completam a programação da pera is es a m ão mostra. atraç eéa in n e L Atividades Paralelas E como não poderia faltar, esta edição do Festival oferece atividades que são sucesso anualmente, como a Batucada, representada este ano pela Escola de Samba Unidos Barcelona, e a já tradicional roda de capoeira coordenada pelo grupo Cordão de Ouro. E como a cada ano, o evento também se dedica às crianças com a presença do Espaço Infantil, que oferece atividades programadas pela Associação de Pais Brasileirinhos. Das 12h às 18h, haverá uma programação especial em um espaço ambientado para os meninos e meninas. Entre as atividades previstas, haverá oficinas, shows infantis, pintura de rosto e brincadeiras tradicionais infantis. Ingressos antecipados: Os ingressos antecipados para o 8º Día de Brasil já estão à venda no site Atrapalo.com, a preços promocionais por tempo limitado. ne Marie
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be natural
Tahone Jacobs
Ingrediente mágico e natural para seus cabelos: óleo de coco Famoso e querido pelos mais “naturebas”, o óleo de coco não faz maravilhas só na cozinha. Ele também possui propriedades incríveis para a pele e para o cabelo. Se você acha que seu cabelo está seco, destruído pelo sol, sem brilho e elasticidade, sem volume e com as pontas meio rebeldes, fazer uma máscara usando óleo de coco, pode ajudar e muito. Listamos 10 benefícios de utilizar o óleo de coco nos seus cabelos, confira!
1- Penetra no eixo do fio: a maioria dos óleos, apesar de selar a superfície do fio, não penetra até o feixe. O óleo de coco, por ter baixo peso molecular, alimenta o fio desde seu interior. 2- Suaviza o cabelo seco: um pouquinho de óleo de coco, se usado como um tipo de “silicone”, suaviza e tira o arrepiado dos fios sem dar peso. 3- Sela as escamas: o óleo de coco envolve o fio com uma camada protetora combatendo a eletricidade estática. 4- Aumenta o brilho: devido à grande quantidade de ácido graxos, reconstrói e fortalece os fios ajudando a combater os danos causados por agentes externos. 5- Melhora o crescimento dos fios: o segredo está em fazer semanalmente uma massagem no couro cabeludo com o óleo de coco e deixar agir por aproximadamente meia hora. 6- É bom para qualquer tipo de cabelo. Hidrata e nutre os cabelos secos e quimicamente tratados e regula a oleosidade e o pH dos fios finos. 30
Redação
be natural
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8- É antibacteriano e antifúngico. O que significa que ajuda no tratamento da caspa e seborréia. 9- É rico em nutrientes essenciais para um crescimento saudável como vitaminas E, K e ferro. 10- É fácil de comprar e possui preços acessíveis. Modo de uso: Passe em todo o cabelo da raiz até as pontas. Massageie bem o couro cabeludo e, em seguida, coloque uma toalha molhada e morna, deixando agir por 30 minutos. O mais prático é fazer isso antes do banho e depois lavar como de costume. É importante lavar bem para que ele não fique oleoso depois, principalmente pra quem tem o cabelo fino. O resultado? Muito melhor do que o esperado! O cabelo fica hidratado e com muito mais volume e flexibilidade. Fica bonito mesmo, com cara de recém saído do salão. As pontas ficam hidratadas e modeladas. Na minha opinião, entre fazer a hidratação uma vez por semana em casa com uma máscara convencional ou com um óleo puro, qualquer que seja ele, o resultado usando o óleo é melhor a longo prazo. Muitas vezes a hidratação comum dá um “tapa” na aparência ressecada, mas não trata em profundidade. Testem em casa, mas lembrem-se, na hora de comprá-lo, de certificar se o produto é realmente 100% óleo de coco e que não está misturado com outros ingredientes. E para quem nunca experimentou é legal saber que ele é um óleo transparente, mas que em temperaturas abaixo de 24ºC ele solidifica e fica uma massa branca. E que ele tem outras mil funções na beleza e na saúde, vale muito a pena investir. Apesar do calor ser fundamental para o óleo penetrar no fio, não é recomendado usá-lo enquanto você toma sol, pois como qualquer outro óleo, ele pode “fritar”. Bom verão!
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especial
João Compasso
Foto: Aloizio Jordão
HERMETO PASCOAL O Mestre dos sons traz a música universal à Espanha.
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“[...] uma música que toca na Espanha, não quer dizer que.. ela seja desse país, porque a música é como o vento”.. Com recém-completados 80 anos do dia 22 de junho, Hermeto Pascoal está com turnê marcada pela Europa, em especial, Espanha. Nascido em Olho d´Água, um pequeno município do estado de Alagoas, Hermeto é filho da Dona Divina e Seu Pascoal – cujo nome era Pascoal José da Costa. O sobrenome de Hermeto surgiu do nome do seu pai, dado na época em que prestou o serviço militar. Curiosidades à parte, Hermeto ficou conhecido por ser o bruxo, mestre, mago dos sons. Desde pequeno esses sons da natureza o fascinaram. Quando criança criou o seu primeiro pífano a partir de um cano de mamona de abóbora. Ele acredita que é possível “tirar som” de tudo, pois a natureza é feita de sons. Começou a tocar sanfona de oito baixos aos 7 anos quando decidiu, de forma autodidata, pegar o instrumento do seu pai. Com apenas 14 anos foi para o Recife, trabalhou em rádios locais e junto com seu irmão mais velho e o grande Sivuca, formaram o trio “O Mundo Pegando Fogo”. Com 18 anos, casado, Hermeto descobriu o piano. Aos 22 foi ao Rio e logo a São Paulo. Hoje vive em Bangu, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde nos concedeu por telefone a entrevista. Atualmente, Hermeto Pascoal apresenta-se com cinco formações: Hermeto Pascoal e Grupo; Hermeto Pascoal e Aline Morena; Hermeto Pascoal Solo; Hermeto Pascoal e Big Band; e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Para a Espanha, Hermeto vem com o seu grupo. Tocará em Vigo, Bilbao, Barcelona, Valência, Valladolid, Las Palmas, Tenerife e Madri. BOSSA – Hermeto, o que é a música universal? Hermeto Pascoal – A ideia da música universal é misturar os ritmos. Através da música a gente se comunica com o mundo. Ela não tem fronteiras. Por exemplo, por ser do nordeste, as pessoas pensavam que eu só tocava forró, o que não era verdade. Eu tocava vários tipos de música do mundo. Quando estive viajando pela Europa e
pelo mundo, eu comecei a ver que era tudo igual, que sempre tem gente que quer ser melhor do que os outros por ser egoísta. E na verdade, isso não existe. O que existe é que cada um tem sua contribuição, toca algo que outro não toca. E é a junção de tudo isso que forma essa música universal. Sem preconceitos e prezando pela qualidade. Essa comunicação da música é o que a torna universal. Antes mesmo da internet eu recebia cartas e assim estávamos integrados ao mundo inteiro. Para poder tocar, a primeira coisa que se deve é sentir. Para isso, não precisa muito trabalho. Quem pode sentir está com tudo. Logo depois é o saber que vem muito forte. BOSSA – A harmonia para Hermeto Pascual. Hermeto Pascoal – A harmonia é como a mãe da música. Ela é quem inspira tudo na música. Para mim quando você forma um acorde, você está formando um cacho de uva e cada uva dessa é uma nota. Logo vêm as notas soltas, as notas voando como passarinhos. BOSSA – Dentro do conceito de música universal que rompe fronteiras, como você entende a resistência musical que existe na Espanha com a música brasileira e vice-versa? Hermeto Pascoal – A música não pertence a nenhum país do mundo e nem a ninguém na terra. Eu digo isso porque converso com Deus e minha religião é a música. Ele me disse que a nossa religião é o dom que cada um leva para fazer o que sabe de melhor dessa vida, mas as pessoas misturaram as coisas. Eu não estou criticando nenhuma religião. A minha maneira de ver é que ninguém é dono da música. Se há uma música que toca na Espanha, não quer dizer que ela seja desse país, porque a música é como o vento, é da Espanha para o mundo, do Brasil para o mundo. Universalidade é justamente isso: voar. BOSSA – Hermeto, você ficou conhecido por fazer som de tudo, de todas as coisas. Como funciona isso?
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1 de julho - Vigo - Imaxinasons 3 de julho - Bilbao - Getxo Jazz Festival 5 de julho - Barcelona - Jamboree Jazz Club 6 de julho - Valência - Valencia Jazz Fest 12 de julho – Valladolid - Valladolid Univ. Jazz 13 de julho - Las Palmas - Canary Islands Jazz Fest 14 de julho – Tenerife - Canary Islands Jazz Fest 16 de julho – Madrid - Teatro Circo Price
H e r m e t o Pascoal – Eu acho que tudo é música, tudo é som. Eu agora estou fazendo som com vocês. A música está em todos os contextos, está na volta da gente para o nosso planeta, está na chegada da gente, está em tudo. A coisa mais realista do mundo é a música. O mais importante é fazer o que se ama, acreditar nisso e respeitar a si mesmo e ao próximo. Eu sofri muito preconceito, as pessoas me diziam “você é louco de tocar essa chaleira enferrujada”, eu nem respondia nada, porque eles não mereciam minha resposta. Eu me respeitava e acreditava no meu trabalho. Hoje eles têm até vergonha disso. BOSSA – E como surgiu essa história de bruxo, mestre? Como você vê isso tudo?
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Fotos: Sandro Guerra de Goes
Hermeto Pascoal – Quem colocou esse nome em mim foi uma grande jornalista na época, chamada Ana Maria Bahiana, que logo depois foi viver pela Europa. Quando ela colocou esse nome, “O bruxo do som”, foi uma revolução. Todo mundo me ligava perguntando se eu tinha ficado chateado com ela. Mas não, eu até gostei, apenas me assustei um pouco por não entender muito bem. Ela me explicou que eu era um bruxo porque quando eu pegava os meus instrumentos, eu fazia mágica, eu era imprevisível.
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that good trip
Suzana Paquete
Bate-volta de Madrid:
Paddle Surf e Rota das Caras na represa de Buendia
O verão finalmente chegou à Espanha e a partir desse mês vou dar dicas de passeios imperdíveis para fazer perto (ou longe) de Madri. Se você quer passar um dia divertido de sol e calor, refrescando-se enquanto aprende um esporte novo, minha sugestão é que você vá ao Embalse de Buendia praticar SUP, mais conhecido como Stand Up Paddle ou simplesmente Paddle Surf, como o esporte é chamado aqui na Espanha. Ele consiste em ficar em pé sobre uma prancha que é mais larga e mais estável que as de surf e, com o remo, você pode se movimentar e ir avançando no braço da represa onde a água é bem calma, cristalina e geladinha. Há algumas empresas que fazem o passeio na região, mas eu recomendo a Multiaventura Buendia (www.multiaventurabuendia.es). Eles levam todo o material, incluindo o colete (que é obrigatório) e um guia que acompanha no percurso. Dependendo do tamanho do grupo, a atividade pode custar a partir de 20€ por pessoa por meio dia. O local fica a cerca de 2 horas de Madri.
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É bom frisar que todo mundo vai se molhar, vai cair na água várias vezes, e que no começo dá uma tremedeira básica ao subir na prancha pela primeira vez, mas logo cada um encontra o seu equilíbrio e daí é só desfrutar. Leve o seu próprio lanche para fazer um piquenique e muita água, porque no local não há nada. Depois da atividade aquática, aproveite para conhecer a curiosa Rota das Caras (Ruta de las Caras), que fica bem perto dali. São 18 rostos esculpidos nas pedras da região em 1992, uma obra dos artistas Jorge Maldonado e Eulogio Reguillo para fechar com chave de ouro um dia no meio da natureza de Buendia. Suzana Paquete é jornalista e travel blogger de Curitiba. Vive há 11 anos em Madri e adora explorar cada canto escondido da Espanha. Ela escreve sobre viagens e o Caminho de Santiago no blog (http://www.thatgoodtrip.com).
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Opinião
Dr. Antônio Peres
Os “tupiniquins people”, o “Brexit” e a oportunidade do “Brasentry” O Brexit é um fenômeno surpreendente e irreversível. É como o fim de um noivado que nunca se convertera em casamento por total desinteresse de uma noiva reticente em contrair núpcias, uma vez que sempre teve a absoluta certeza de ser a melhor e mais aristocrática de todas as pretendentes ao matrimônio. O escrutínio do último 22 de junho revelou um resultado que se afigura como a expressão máxima da célebre fleuma britânica, de um povo indiscutivelmente capaz de feitos brilhantes como “vencer a invencível armada” e colonizar metade do planeta. Esse mesmo povo agora opta pelo enorme desafio de eleger a via insular, em plena época do gregarismo que a globalização inspira, do associativismo que o comércio exterior atual sugere, do diálogo exaustivo decorrente do cenário macroeconômico, mundialmente complexo e desfavorável. Mas, quem sabe, a mãe da Revolução Industrial não esteja vendo algo em termos de tendência que não vimos ainda, reverenciando a tão propagada expressão cunhada pelo britânico Shakespeare, de que “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia”. A verdade, entretanto, é que nós, digamos, meros “tupiniquins people”, temos agora, a oportunidade de ouro de vendermos nossas “jabuticabas”! Atribui-se a Thomas Edson a didática frase: “um gênio se faz com 99% de transpiração e 1% de inspiração”. Então, parodiando o respeitável anglo-saxão, percebo que o Brasil pode estar prestes a ter uma oportunidade única com o tsunami macroeconômico que o Brexit certamente gerará, como já começara a fazê-lo, com a inolvidável e histórica sexta-feira 23, em que a libra esterlina despencou a patamares nunca vistos há 30 anos. E, em se es-
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forçando bastante (coisa com a qual estamos mais que acostumados, porque somos brasileiros), com uma política internacional bem ajustada, um planejamento diplomático quanto ao comércio exterior bem elaborado, uma postura arrojada e proativa de abordagem aos negócios internacionais, como há muito não se vê, quiçá desde Rui Barbosa, possa afigurar-se no horizonte, de fato, “a oportunidade de vendermos as nossas jabuticabas”. Será a chance que o fenômeno do “Brasentry” pode apresentar, em contraposição ao “Brexit”! Sim, existe uma possibilidade de que os grandes investidores internacionais, individuais, ou grupais; públicos, ou privados, habituados a investirem na Europa, “cismados” com os riscos que a instabilidade que o “Brexit” inspira - tanto assim que agências de avaliação de risco já repensam a posição da Inglaterra no cenário macroeconômico mundial e já tem quem fale em crise sistémica europeia comecem a olhar para os países emergentes com mais simpatia e apetite, vendo neles a máxima segurança que todo investidor espera. Ainda que o Brasil não tenha tido, ultimamente, uma audiência internacional das mais honrosas no cenário político, não se pode deixar de considerar que:
1. A segurança jurídica no Brasil é inquestionável.
A “Operação Lava-Jato” tem dado uma demonstração inequívoca disto. Nunca tantos ricos e poderosos infratores foram, em lapso temporal tão breve, presos e processados no Brasil e, quiçá, poucas vezes na história da humanidade.
2. Nossa segurança legislativa também é aceitável. O processo de impedimento da Presidente da
República trafega em vias da mais soberana democracia e garantia da ampla defesa e do contraditório, a ponto de Fernando Collor de Melo fazer lembrar que no tempo dele não fora tão complexa e delongada a sua instrução probatória.
3. As decisões com reflexos sociais e gerais são
tomadas com segurança no Brasil. O nosso infante Código de Processo Civil, após anos de reflexões legislativas, teve uma vacância, antes de entrar no cotidiano dos brasileiros, de um ano, para que nos acostumássemos com ele. Decisões muito menos importantes quanto o “Brexit”, tardam meses entre a Câmara, o Senado e o veto presidencial, em debates, para serem aprovadas. Falar-se em uma escolha com reflexos individuais e globais tão sérios como o “Brexit”, no Brasil, da forma como que fora conduzido, estão fora de cogitação. Este tipo de insegurança de podermos dormir sendo parceiros comerciais de 27 nações e acordarmos sem nenhum deles por decisão unilateral, não a temos em hipótese nenhuma.
4.
O Brasil é um mercado consumidor voraz e praticamente imune a crises, onde nasce um consumidor a cada 19 segundos. A rede de supermercados “El Día” tem 800 franquias. O Banco Santander, que despencou no IBEX-35, em poucas horas, no fatídico “Viernes-23”, perdendo 20% de seu valor, tem tido um lucro fabuloso, ano após ano, mais do que qualquer operação sua em qualquer outro lugar do mundo. A Telefônica, que perdeu mais de 16% do seu valor naquela mesma data, reina absoluta como maior operadora do País. Estamos entre os 5 maiores consumidores mundiais de vários produtos como perfumes, geladeiras, sapatos, cervejas, computadores, motocicletas, papel higiênico e muitos outros.
5.
Nossos fundamentos macroeconômicos estão sólidos. Enquanto o IBEX-35 teve o pior desempenho de sua história no “Viernes-23” superior a 12% e as bolsas mundiais despencaram, a de São Paulo teve perdas dentro de um dia habitual de pessimismo macroeconômico, fechando com perdas
de 2,82%, porém acumulando o Ibovespa alta semanal de 1,15% e mensal de 3,37%, demonstrando uma notável performance. O Brasil, apesar de grande exportador, detendo inclusive superavit expressivo com relação ao Reino Unido, explora ainda pouco de seu potencial com o comércio exterior, podendo, através de uma boa política neste setor, melhorar bastante seus números, pois enquanto as exportações representam somente 12% de nosso PIB, na Índia já o é em 24%, enquanto que na Espanha, 32%. O Brasil acaba de fechar, por exemplo, com a Espanha, um acordo de cooperação bilateral nas áreas tributária e aduaneira, afigurando-se como ótimo sinal de possível início desta venturosa fase de incentivos ao comércio exterior, como aqui acima defendida e sugerida.
6. A Espanha que pode - e provavelmente o fará -
recrudescer sua parceria com o Brasil diante deste novo quadro mundial que o “Brexit” inspira, é, há mais de vinte anos, um dos maiores investidores internacionais no nosso País, onde mantém, com cerca de 200 grandes empresas, cerca de 64 bilhões de dólares em capitais aportados. É dizer, concluindo, que o todo poderoso Reino Unido (UK) “pode” ter - movido por um inconsequente e excessivamente orgulhoso espasmo separatista - cometido um inesquecível erro histórico, com consequências desastrosas para o mundo, com sua precipitada pretensão de “separação trágica” nas palavras do “The Economist”. A menos que não estejamos avaliando tão bem quanto pensamos esta escolha e suas consequências. A menos que um humilde e constrangedor arrependimento após um melhor refletir sobre os resultados que o mundo experimenta (nada inerente à fleuma britânica) afigure-se no horizonte próximo, é a hora da humildade brasileira, dentro da imagem que algumas potências internacionais têm de nós - de “tupiniquim people” mais mundialmente simpáticos e receptivos impossível sinalizarmos: “gringos, estamos aqui e queremos vender jabuticabas!”.
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terra brasilis
Fernanda Medeiros
DROPS DE DOPAMINA Brasil na primeira página dos tabloides mundiais em semanas alternadas. As notícias não são boas. Desta vez, relatam a incidência de um estupro coletivo com uma vítima adolescente e movimentos sociais contra a violência de gênero a nível extremo. Não era para menos. A notícia abalou o mundo e as organizações internacionais por tamanha barbárie. Definitivamente, gostaríamos que as notícias fossem outras. Já não sabemos se a crise política e econômica aflora os graves problemas sociais do país ou se ela é uma consequência deles. De uma maneira ou de outra, estamos mais sensibilizados pelo momento que o Brasil está atravessando. Com tanto negativismo em torno de tudo o que estamos lendo e vendo, a incredulidade vai ganhando espaço e fica cada vez mais difícil sonhar com um país melhor. Qual é o seu nome? República Federativa do Brasil. Idade? 516 anos. Seu endereço? Sou o 5º maior país do mundo e o maior de toda a América Latina. Minha localização está na América do Sul. Conte-me um pouco a sua História. Fui descoberto em 1.500 d.C por portugueses navegantes. Meu idioma é o português. Mas não é o mesmo português europeu, já que Portugal considera que seja assim. Este idioma sofreu algumas modificações por causa da mistura de raças e das culturas.
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Meu nome é proveniente de uma espécie da vegetação típica, o pau-brasil. Minha primeira capital foi Salvador da Bahia. Posteriormente, passou a ser o Rio de Janeiro. Atualmente, a capital federal é Brasília, uma cidade nascida de um projeto arquitetônico e urbanístico, localizada no centro do país, no Planalto Central. A cidade recebeu este nome a partir do meu. Meus primeiros habitantes foram os índios, mas esta sociedade foi praticamente extinta na época da colonização. Contudo, ainda é possível encontrar algumas poucas tribos ao norte, em zonas mais isoladas das cidades. Os primeiros nativos realmente estão muito esquecidos e desintegrados da sociedade atual. O tupi, idioma dos índios, está muito presente nos nomes de cidades em todo meu território, mas há muito pouca informação sobre ele. E soa tão bem na minha Geografia...
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Depois da colonização dos índios, começaram a chegar os primeiros navios da África, trazendo consigo toda a dor de uma raça dominada e rendida. Naquela ocasião, o que prevalecia era a força do mais forte sobre o mais fraco. O lema era a submissão e eu me chamava Colônia. A colonização foi um período muito duro tanto para os índios, habitantes nativos, como para os africanos recém-chegados neste país desconhecido, nada familiar e nada acolhedor. Depois de algum tempo, esta nova sociedade ganhou sua merecida liberdade e adaptou-se ao novo entorno. Sem dúvida, foi um grande passo a favor do desenvolvimento social. Então, passei a chamar-me Império. E pode ser que a colonização tenha tido um terceiro momento, não nos mesmos âmbitos do passado por imposição de força, mas de poder. Uma colonização permitida e alienada originou-se com o sistema capitalista predominante no norte das Américas quando já tinha adotado o nome de República. Este sistema tem como objetivo principal o consumo. Tem mais poder quem tem maior capacidade de aquisição. As pessoas passaram de “ser” a “ter”. Ante os olhos das Ciências Sociais, a partir daquele momento, a sociedade se “coisificou”. Houve uma inversão de valores. O capitalismo já é um pouco mais atenuado que no período inicial, mas é um sistema sedimentado na cultura brasileira e que não poderá ser desvinculado dela, pelo menos nos próximos anos. O que lhe traz aqui? Os problemas sociais. Durante todos os períodos do meu desenvolvimento, sempre ofereci uma infinidade de recursos naturais e suficientes para abastecer toda minha população. Entretanto, isto não é possível. Os recursos naturais não são nossos e há uma má distribuição de renda. Há muita distância entre as pessoas que têm “poder” e as pessoas que não. A organização social está baseada na desigualdade e isto está gerando inúmeros
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conflitos. E muitos deles estão cada vez mais longe do controle das autoridades. Sinto-me culpado por gerar cidadãos que tenham incorporado a violência no seu dia-a-dia como um acontecimento habitual. Acredito que sou o responsável por desconectar o conceito de violência do que realmente é. As pessoas perderam a capacidade de avaliar e classificar o que é aceitável do que é intolerável e crime. Está havendo uma perda de contato com a realidade. Tudo o que eu vi nos últimos dias me faz pensar... Questiono o futuro deste país onde temos as raízes ancoradas e não encontro explicações lógicas. Procurei coerência em tudo o que aconteceu no Brasil e dentro do que li, encontrei consolo na Psicologia. De maneira geral, esta ciência sempre me atraiu e tenho o costume de ler muitas matérias e livros sobre o assunto. Tenho uma especial inclinação à teoria “junguiana” porque a vejo como um método mais fácil de lidar. Mas Jung não foi suficiente para poder compreender o que está acontecendo com a sociedade brasileira. Tive que livrar-me dos meus prejuízos e adentrar um pouco mais no mundo do seu antecessor, Freud. Uma linha da Psicologia obscura que, em alguns momentos, associo a algum filme conhecido. E encontrei algumas respostas. O que poucas pessoas sabem sobre Psicologia é que cerca de 80% das informações que se captam na hora de emitir um diagnóstico provêm da formação profissional na área e dos pacientes. Os outros 20% vêm da precisão deste olhar e estudo interior. Todos os dias, estamos submetidos a sensações provocadas pelos meios de comunicação e por outras pessoas. E devemos ter consciência disto. Devemos saber como aprender a tratar este tipo de influência e transformá-la em algo positivo. Sabendo isto, também devemos considerar que, em algum momento, os problemas podem superar nossa capacidade própria de afrontar a realidade. Ainda assim, existe alternativa: a química.
O que chegou a sua mente ao ler o que escrevi acima é a química que talvez você utilizasse. Certamente estou dando margem a muitas interpretações, mas meu objetivo é despertar-lhe. Despois de ter visto tudo o que vi nos meios de comunicação e internet, posso afirmar que minha relação com o Brasil deixou de ser emocional e passou a ser química. Drops de Dopamina1 se regulam com cápsulas de Risperidona2. Deve-se começar com pequenas doses e quando o organismo acostumar-se, se aumenta a dose. Uma das alternativas do tratamento químico é omitir o diagnóstico do paciente porque, em um momento de desorganização de ideias, a primeira reação será a rejeição do medicamento. Por isto, em alguns casos, a inconsciência pode constituir um fator positivo e decisivo no sucesso do tratamento. Se optarem por esta orientação, os profissionais da área devem tentar estabelecer um laço de confiança com o paciente afim de que o preconceito se dissipe da análise clínica e dê lugar à cura, dentro do seu tempo. De maneira geral, há muito pouco acesso às informações sobre doenças mentais. Muitas delas têm uma conotação negativa e por esta razão não são aceitas socialmente. No meu delírio, o Brasil ainda me dá motivos para seguir acreditando nele. ADVERTÊNCIA: A Risperidona é um medicamento controlado que não deve ser usado em nenhuma hipótese como auto-medicação. O uso inadequado pode trazer sérias consequências à saúde do indivíduo. Consulte sempre um especialista. NOTA: Este texto é uma homenagem a todos os profissionais da área de Psicologia e Psiquiatria. São estes profissionais que enfrentam e superam todos os dias a barreira do preconceito e da aprovação social. São estes profissionais que acolhem os casos marginalizados com tanto cuidado e carinho, da maneira mais adequada. E por que não incluir, também, os profissionais que abandonaram a profissão para transmitir-nos e ensinar-nos suas lições através de livros incansáveis de como trabalhar a nossa Inteligência Emocional?
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agora barcelona
Dani Pacheco
Capoeira: muito mais do que uma expressao artistica cultural do Brasil Ninguém fica imune ao toque do berimbau, muito menos à força ritmada dos atabaques ou do jogo de pernas e da malandragem que faz de sua roda um mundo. Uma imensidão de histórias, diferentes lutas e dores escondidas. E, por que não dizer de injustiças? Sem perder a ginga a capoeira segue escrevendo entre vielas e cantigas a história do Brasil. A capoeira já se tornou até patrimônio cultural da humanidade reconhecida pela UNESCO. Mas, ainda falta muito para o reconhecimento do verdadeiro papel desta manifestação genuinamente brasileira na história do Brasil. Aliás, falta aos brasileiros um pouco mais de brasilidade. A capoeira sobrevive e a cada dia está sendo cada vez mais admirada em terras estrangeiras por toda a sua carga história e pela ousadia, em todos os sentidos, daqueles que a praticam, vivem dela e dos que nunca deixaram desaparecer. Sempre regada de um clima de respeito, tradição, cores, musicalidade, história e luta a roda de capoeira apresenta uma força maior, um aspecto espiritual. Seus cânticos muitas vezes narram causos que podem ser de amor, histórico, de disputa, aviso, lendas de deuses e orixás, que compõem o sincretismo, as manifestações culturais dos africanos e seus descendentes no Brasil.
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Nascida no Brasil, a palavra capoeira, originada do tupi-guarani, significa “área de vegetação rasteira”. De acordo com a história, a origem da palavra se deve à formação dos quilombos, já que os escravos eram obrigados a se esconder nos matos para fugirem. Com o início da colonização, os portugueses viram no trabalho escravo um instrumento para o desenvolvimento desejado por eles. Assim, já no início do século XVI, milhares de africanos foram desembarcados em terras brasileiras. E, como nenhum povo vive eternamente sob a escravidão, pelo menos de forma consciente, eles começaram a lutar. Mesmo não tendo acesso a armas nem a qualquer outro recurso de guerra. Encontraram em seu corpo e no desejo de ser livre suas grandes armas. Aqui cabe ressaltar que aquela visão romântica da princesa boazinha que assinou a Lei Aurea para que acontecesse oficialmente a liberdade dos escravos, esconde muitas e muitas lutas. Como mostra o trecho da canção do Mestre Toni Vargas, “Dona Isabel, que história é essa de ter feito abolição / De ser princesa boazinha, que libertou a escravidão / Tô cansado de conversa, tô cansado de ilusão / Abolição se fez com sangue que inundava este país / Que negro transformou em luta, / Cansado de ser
infeliz / Abolição se fez bem antes / e ainda há por se fazer agora / Com a verdade da favela, / E não com a mentira da escola…” Uma das influências da roda de capoeira trazida da África se deu a partir de jogos como a “dança das zebras”, disputa festiva pelo amor de uma mulher. Outras surgiram da observação do comportamento de alguns animais brasileiros, particularmente o lagarto, a cobra e a onça, que atacam e defendem-se com destreza, ajudou na formação de um conjunto de movimentos que reuniu então a agilidade, a técnica e a força. “Na roda de capoeira a linguagem corporal tem muita importância, constituindo um saber pautado nas diretrizes dos mestres, passadas ao longo dos tempos, que podem também representar a vida real, com seus embates, ginga, malícia e ludicidade”, comenta Mestre Semente (foto), carioca que há 12 anos vive e divulga a capoeira na Espanha. Outra diferença emblemática acontece no batizado que inicia o capoeirista no “mundo da capoeira”. Tradicionalmente os alunos candidatos jogam com mestres, contramestres ou alunos formados, recebendo no final do jogo seu “apelido” que o acompanhará durante sua trajetória na modalidade. A tradição vem dos períodos em que estava proibido jogar capoeira e para não correr o risco de entregar um parceiro terminava por conhecer somente o apelido e nunca o nome verdadeiro.
No mês passado, aconteceu o VII Seminário Internacional de Capoeira que, durante seis dias, realizou, em Terrassa – Barcelona, diferentes atividades culturais e mostrou um pouquinho da riqueza da diversidade histórica e artística do Brasil que é a capoeira. Seu anfitrião foi o Mestre Semente. O evento contou com a participação de mestres e contramestres brasileiros que vivem no Brasil e no Exterior. Dentre eles: Mestre Espiga, Mestre Apache (os dois do Rio de Janeiro), Mestre Panaca (Hungria), Contramestre Pitomba (França) e Contramestre Kiko (Espanha). Sem contar que participaram do batizado em terras espanholas mais de 150 pessoas que foram chamados pela magia da capoeira e a riqueza da história brasileira. “A capoeira não é você entrar numa roda e jogar com outra pessoa. É muito mais do que isso. É quando uma pessoa se entrega de corpo e alma. É quando você se permite sentir. Sem preconceitos. Sem mentiras. Você consegue se envolver na magia que juntamente ao coro, ao toque, as palmas, as crenças terminam por provocar sentimentos de resistência, vontade, determinação, disciplina, companheirismo, entre outros. A capoeira é bem mais do que luta, dança, arte ou magia.”, conclui Mestre Semente. OLHO “Meu mestre me disse um dia, ‘menino, preste atenção: vou lhe ensinar a capoeira, tenha muita devoção, a capoeira é uma arte que se aprende de coração, a capoeira se faz com o tempo e esse tempo vai demorar, vai crescendo bem treinado para o seu corpo aprimorar, minha vida é capoeira, mas eu sou capoeira. Olha a manha, mandinga e oração, capoeira é religião’ (cantiga anônima).”
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agora madri
Redação
"Cultura Inquieta”
revoluciona seu festival com o anúncio surpresa do artista Carlinhos Brown. Carlinhos Brow foi a estrela escolhida para fazer o encerramento da sétima edição do festival getafense. O anúncio foi feito de surpresa e agradou. No mesmo dia (que será uma noite brasileira) se apresentará o músico brasileiro Vaudí, que atualmente mora em Oviedo e é bastante conhecido do grande público na Espanha. Sem dúvida, Carlinhos é um dos músicos brasileiros vivos com mais prestigio na Espanha. Tem seu público cativo e promete lotar o Polideportivo de San Isidro no dia 22 de julho. O show dos brasileiros fará parte do tradicional Festival da Cultura Inquieta, que festeja sua sétima edição. Conhecido por ser um verdadeiro difusor da alegria e igualdade entre os homens, Antonio Carlos Santos de Frits – nome de batismo de Carlinhos Brown, que mudou seu nome em homenagem a Henry Brown Box, um escravo Africano-Americano que obteve a sua liberdade após viajar em uma caixa de madeira -, começou a tocar o pandeiro ainda criança na favela do Candeal (Salvador). A percussão transformaria sua vida. Começou a tocar com grandes nomes, como Luiz Caldas e Caetano Veloso. Com Timbalada, conquistou o Brasil e o mundo. Música para todos os gostos e idades. Funk, soul, blues, flamenco, rock, hard rock, hip-hop, clássica fundida ou samba pode ser ouvido ao longo de quatro semanas. O Festival Cultura Inquieta trará grandes nomes, como Tomatito, Índia Martinez, Chambao, Aurora & Os Traidores, Pink Tones, Ara Malikian, Guadalupe Plata, Tony Manero Foundation, Red Baron, Nik Oeste ou Muchachito, entre outros. Os bilhetes para este imperdível evento estão disponíveis para 30 e 38 euros em venda antecipada na bilheteria:
festival.culturainquieta.com.
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Redação
agora madri
Douglas Aguiar
volta a Madri com sua “Boca a Boca” De volta a Madri para uma série de três apresentações, o compositor e intérprete Douglas Aguiar, que viveu por muitos anos na capital espanhola, já tem agenda de shows confirmada na terrinha. Dia 14/07 no Liber Arte Cantina, apresentará composições próprias e músicas que o acompanham desde sempre em sua trajetória musical. No dia 15/07 é a vez do ForAll Band e, por fim, no dia 17/07 tocará no Maloka, fazendo versões da MPB, músicas do mundo incluindo repertório do The Clan B e algumas surpresas. Em todas as apresentações contará com a participação de grandes músicos como Alexis Balanowsky, Hamilton Bonfim, Rogerio de Souza, Leticia Malvarez, Javi Castiñeiras, Diego Ebbeler, entre outros.
“Bilíngue e multi rítmico” - assim se define o primeiro trabalho discográfico do músico, concebido através de uma busca sonora do artista paulistano radicado na Espanha, envolvendo suas experiências no país espanhol, inclusive como professor de língua portuguesa em Madri. O CD “Boca a Boca” faz um passeio pela cultura hispano-brasileira, transitando entre o tradicional e o moderno. Produzido por Ro Fonseca na Baticum Produtora de som, o projeto se desenvolveu em meados 2007 com a intenção de mesclar os universos vividos e vistos pelo artista. A proposta é trazer um trabalho inovador em ideias, arranjos e textura. Explorar o máximo do que existe em termos de efeitos e sons processados, sem perder a qualidade e a intenção do show ao vivo, do violão e da voz.
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agora madri
Juliana Bezerra
Flesh
A coreógrafa e bailarina brasileira Poliana Lima apresentou, ao lado da bailarina lituana Ugne Dievaityte, sua nova criação “Flesh”(Carne), nos Teatros Luchana. Além da capital espanhola, Flesh já foi apresentado na Lituânia e agora será levado a um dos maiores festivais de arte da Europa, o Festival Fringe, em Edimburgo. O novo trabalho nasceu a partir de uma obra anterior, “Es como ver nubes”, criada em 2014, onde as duas bailarinas exploraram movimentos surgidos a partir da cabeça. Contemplado com uma residência artística pelo XVI Certamen Coreográfico de Madrid, as artistas continuaram suas investigações; porém, em Flesh, fizeram o caminho inverso, imaginando um corpo sem cabeça. “Como seria um corpo sem cabeça?” questiona Poliana Lima, natural de São Paulo “Seria um corpo sem identidade e que é facilmente tratado como coisa” conclui a coreógrafa. Desta maneira, Poliana Lima e Ugne Dievaityte realizam gestos onde a cabeça está ausente levando o espectador a questionar sobre identidade e a natureza física do corpo. Assim como nas obras anteriores, troca de ideias com a parceira é fundamental. “Trabalhar com a Ugne tem algo de complementaridade, pois a gente tem um movimento similar, mas ela é loira e eu sou morena” explica a coreógrafa. Igualmente, a iluminação, assinada por Pablo Seoane e a trilha sonora de Pablo Sánchez Pulido ajudam a deixá-las, literalmente, sem cabeça. No palco, as duas se fundem em um só corpo e realmente fica difícil diferenciá-las levando-nos a indagar sobre a individualidade e a personalidade humana. Uma reflexão que sentimos na carne.
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Juliana Bezerra
agora madri
Nuvem Congelada
Também outro bailarino e coreógrafo brasileiro que se destaca nos palcos madrilenos. Natural do Paraná, Woody Santana é professor e coreógrafo da companhia Elephant in the Black Box e colabora como bailarino com a Companhia Carmelo Segura. Além disso, criou o projeto o Duo Displaced, ao lado da bailarina portuguesa Joana Brito, com quem criou a peça Nuvem Congelada. A obra foi escolhida para integrar o Festival Talent Madrid 2016, no Teatro Canal, e foi apresentada na cidade de Santander no teatro Conde Duque e, em junho, nos Teatros Luchana.
Diante da aceitação do público e da crítica, os bailarinos criaram uma outra coreografia chamada “Perfume Goiaba”. “As duas discutem relações. ‘Nuvem Congelada’ aborda uma relação mais patológica, de quem domina mais o outro. Por sua vez, ‘Perfume de Goiaba’, retrata apenas um instante na vida de um casal, como se fosse a fragrância de um perfume. Uma das fontes de inspiração para esta dança foram as canções de Lindomar Castilho” conta Woody Santana, formado pela FAP de Curitiba. No Brasil, Santana integrou companhias de dança como a Cisne Negro e o Balé da Cidade de São Paulo. Após estas experiências, decidiu vir a Madri para fazer mestrado na Universidade Rey Juan Carlos até ser aprovado para integrar a companhia Elephant in The Black Box, fundada pelo bailarino francês Jean-Philippe Dury. Foi lá que ele conheceu Joana Brito. Ainda este ano, o bailarino pretende criar a terceira parte do espetáculo e leva-lo a festivais no Brasil, Portugal e na Espanha.
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agora madri
Redação
16 de julho: ¨20 dias para o Rio¨
Madri celebra a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro Cultura brasileira e esporte se fundem no evento ¨20 dias para o Rio¨, um torneio de padel com partidas de exibição disputadas por profissionais brasileiros do World Padel Tour. O evento acontecerá no dia 16 de julho no Club Pádel Suizo, localizado em Alcobendas, Madri, por ocasião dos 20 dias para a celebração dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. A jornada esportiva, de acesso gratuito, comandada pelo prestigioso jogador brasileiro de padel, Lucas Cunha, oferecerá a oportunidade de sentir e vivenciar a cultura do Brasil por meio da gastronomia típica do país, sua dança e música ao vivo. O evento começará às 11h e se estenderá até as 20h.
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Durante o acontecimento, serão disputados um torneio de padel e partidas de exibição com a presença dos jogadores brasileiros do World Padel Tour, Lucas Cunha e Marcello Jardim, ao som de músicas brasileiras selecionadas pelo DJ da Matta. Segundo Marcello, o evento é uma grande oportunidade para estimular o esporte. “O padel é um
Lucas Cunha e Marcello Jardim.
DJ Rodrigo da Matta.
esporte que está em pleno auge na Espanha com uma quantidade muito grande de jogadores e é normal que seja um atrativo para qualquer evento que se faça em solo espanhol, mesmo que no Brasil não se conheça muito o esporte. É uma excelente notícia que existam iniciativas como essa da fundação e com apoio da embaixada para dar mais visibilidade ao nosso esporte”. Além de assistir às partidas, o público poderá desfrutar do ritmo do grupo de percussão Coco Malangão. Também desfrutará da gastronomia brasileira e do serviço de entretenimento para crianças disponibilizado pelo Funny Camp.
O padel atualmente não é um esporte olímpico, mas como tem se desenvolvido, é apenas uma questão de tempo. “O padel por ser um esporte novo e, por isso, ainda não existem países suficientes, mais acredito que no futuro será olímpico. Eu acho muito provável, mas em um futuro distante, pois o COI exige um número muito alto de países com Federações.”, afirmou o jogador que atualmente é o 17º melhor do mundo. Organizado pela Embaixada do Brasil e a Fundação Cultural Hispano-brasileira, o torneio ocorrerá em um entorno natural e privilegiado que é o Club de Pádel Suizo. O evento tem como objetivo promover o esporte e mostrar o que o Brasil oferecerá aos atletas e visitantes durante as primeiras Olimpíadas celebradas na América Latina.
Club de Pádel Suizo | Calle de Cuesta Blanca, 147, Alcobendas 16 de Julho, das 11h às 20h. Entrada livre.
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samba
OS
100 ANOS DO SAMBA
“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é É ruim da cabeça ou doente do pé Eu nasci com o samba, no samba me criei E do danado do samba eu nunca me separei”. - Samba da Minha Terra
Esse refrão bem humorado da famosa canção de Dorival Caymmi resume bem como o brasileiro comum entende o samba. Para nós, brasileiros, o samba é muito mais do que um gênero musical. É parte integrante da identidade nacional. Apesar de ter dimensões continentais, de Norte a Sul, onde tem Brasil, tem samba. 2016 é um ano especial para os amantes do samba: neste ano, celebram-se os 100 anos do samba. Ainda que simbólica, a data escolhida como a do nascimento do samba é 1916. Naquele ano, teve lugar o primeiro registro documento oficial do samba: trata-se da música “Pelo Telefone”, de Donga. No entanto, está claro para todos que 1916 não corresponde à sua real origem histórica. Muito antes disso, nos quilombos, nas senzalas, nos fundos de quintais, nas periferias do Rio de Janeiro, da Bahia, e de todos os lugares do Brasil, o samba já existia como música viva. Na verdade, o surgimento do que hoje denominamos samba se confunde com a formação sóciocultural do próprio Brasil. É o resultado de séculos de colonização, período em que houve a mistura de povos de três continentes distintos: o português, o africano e o indígena. Dessa mistura, até então inédita, surgiu a base do que se tornaria uma nova cultura, com novos costumes, nova culinária e novas manifestações artísticas, como o samba.
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A aceitação da mestiçagem (e do samba) como pilar da identidade brasileira não veio fácil. No final do século XIX, quando o Brasil havia recém abolido a escravidão (1888), iniciou-se entre os intelectuais brasileiros uma discussão sobre a construção da identidade nacional que focava nos supostos problemas da mestiçagem e da “inferioridade” racial do negro, que impediriam o progresso do país. A “solução” que esses intelectuais higienistas pregavam era o “embranquecimento” do Brasil, por meio do estímulo à migração branca (europeia) e a adoção de costumes e modelos tipicamente europeus. Aos poucos, autores como Gilberto Freyre (de “Casa Grande & Senzala”, 1933) e Sérgio Buarque de Holanda (de “Raízes do Brasil”, 1936) ajudaram a romper com esses pensamentos preconceituosos, por meio do reconhecimento à contribuição do negro no processo de formação do caráter nacional. A popularização do samba – a expressão mais conhecida da coletividade das comunidades negras – por todo o Brasil, principalmente a partir das décadas de 1930 e 1940, foi instrumental para a deslegitimação dessas teorias racistas, e ajudou na formação de um conceito de identidade nacional baseado na diversidade cultural e na mestiçagem. Hoje, não importa a etnia, o credo, a idade e a classe social, todo brasileiro tem o ritmo do samba correndo em suas veias. Na verdade, já há algum
tempo que o batuque, a cadência e as melodias do samba conquistaram os corações de platéias em todo o mundo. Por essa razão, em 2005, a UNESCO reconheceu o samba como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A riqueza cultural do samba é tanta que dele foram originados novos ritmos igualmente célebres e reconhecidos internacionalmente, como a bossa nova, o samba-de-roda, o samba-enredo das escolas de samba, o pagode, o chorinho e o samba jazz. Como homenagem aos “100 anos do Samba”, o Governo do Brasil e a Fundação Cultural Hispano-Brasileira (FCHB) estão organizando em 2016 diversos eventos e concertos para celebrar este fenômeno cultural brasileiro.
Paulo Alberto Soares Cónsul-Geral do Brasil em Madri
Um dos eventos centrais será o concerto de samba jazz do saxofonista brasileiro Leo Gandelman, no Teatro Circo Price, no contexto do Festival Veranos de la Villa, em 7 de julho, em Madri. Em sua apresentação, Leo Gandelman fará um passeio pela história do samba, interpretando clássicos de Noel Rosa, Nelson Cavaquinho e Tom Jobim, entre outros, e nos transportará aos anos 50-60, quando a linguagem brasileira da improvisação misturou, pela primeira vez, o samba instrumental e o jazz. O concerto de Leo Gandelman contará com a participação de Jayme Marques como artista convidado, e é ideal para todos os amantes do Brasil e da música brasileira, do samba e do jazz.
Francisco Gallo Diretor Executivo da FCHB
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Trend
Luzie Lima
Sing
A REDE SOCIAL DE KARAOKÊ QUE VIROU FEBRE MUNDIAL
Sem sombras de dúvidas a rede social da moda é o Sing! Composto por amadores da música, anônimos e profissionais, o Sing é um karaokê onde você pode cantar com cantores famosos, amigos que moram em outro continente ou fazer um solo “a la” Céline Dion. Ou seja, os cantores de chuveiro já podem expor (ou não) seus dotes artísticos ao mundo na rede social mais trend e musical do momento. O mais bacana é poder compartilhar sua música com o público ou em suas demais redes sociais. O Sing é um aplicativo do Smule e funciona como u m
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karaokê portátil, no qual você pode cantar a qualquer hora e em qualquer lugar desde que tenha um smartphone e conexão à internet. O aplicativo também permite gravar áudio ou vídeo da sua música. Existem dois tipos de pacote: básico e VIP. O último custa a partir de 2,99 euros e tem mais ferramentas como,
por exemplo, a opção de cantar com outros usuários.
A interatividade é tão louca no Sing que dá origem a histórias incríveis. O Gerente de Vendas de um Hotel, Danilo Lima (@danlima10), desde que descobriu o Sing tem acumulado seguidores e atraído olhares de uma multidão, inclusive de artistas brasileiros. Hoje, pode-se considerar que ele é uma celebridade com quase 20 mil seguidores. “Tenho carinho por todos. Gostaria de ter tempo para poder escutar e curtir todas as músicas que cantam comigo”, disse Danilo. Devido ao seu sucesso, “o negocio tomou outras proporções”, afirmou o paulista, que projeta uma carreira artística. “Eu tenho interesse. Eu sonho com a possibilidade de uma carreira artística, me imagino ali no palco”, concluiu.
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Já Marta Andrade (@MartaAndrade13), 35 anos, Pós-Graduada em Finanças, Marketing e Empreendedorismo, de São Paulo, entrou no App para relaxar no trânsito. “Quem canta, seus males espanta” diz Marta. Ela confessa que nunca ensaia ou regrava, mesmo que gere erros. “Regravar quando erro está fora de cogitação. Gosto de manter a espontaneidade.”, acrescenta.
Andrade
Atenciosa com seus seguidores, ela tenta responder a todos. “Gosto de ouvir as pessoas, de saber que alguém dedicou de 2 a 4 minutos para se dis-
anda Rizzi
A ordem aqui é se divertir e ser feliz, porque “quem canta, seus males espanta”!
Fernanda Rizzi (@SGB_Nandarizzi), fã de carteirinha da Ivete Sangalo, possui uma voz muito similar a da sua musa. “Adoro o estilo dela, a energia que ela tem, o timbre de voz dela, enfim, todo o seu carisma e o principal de tudo: a paixão e dedicação com que ela canta, todos conseguem sentir isso ao vê-la cantar. Sou muito fã desde muito nova. Muitas pessoas dizem que eu tenho o timbre de voz parecido com o dela e me sinto muito honrada por isso”, disse Fernanda.
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Existem também os perfis de artistas e qualquer usuário tem a possibilidade de poder cantar com eles. Esse foi um dos fatos que aumentou o número de adeptos brasileiros. Em pouco tempo, alguns usuários se destacaram nesse “Big Brother da Música”, tornando-os verdadeiras celebridades no Sing (e quiçá, fora dele).
trair comigo. Não gosto de comentar por comentar. Não quero seguidores, quero amigos”, afirma Marta. Diferente do Danilo, ela nunca pensou em ir além do Sing, “nunca objetivei carreira artística. E quanto a sonhar, sonho em poder manter meu bom humor, seja no anonimato, ou não”, conclui.
Atualmente ela vive em Boston e apesar de não ter muito tempo para se dedicar, procura não deixar o seu canal sem música. “Quando vejo que determinada gravação está próxima de vencer, eu gravo outra”, confessa a cover de Ivete. Ela entrou no aplicativo para se divertir. “Eu entrei no Sing por diversão por gostar de cantar, não sabia que iria gerar tantas opiniões positivas ao meu respeito. O Sing me trouxe essa oportunidade, de pessoas que até conviviam comigo e não sabiam que eu cantava, poderem me ouvir. Quando eu postei minha primeira música, muitos duvidaram que era eu que estava realmente cantando. Foi aí que eu pensei: isso é um bom sinal, quer dizer que gostaram”, revelou Fernanda. Guaraci Dias (@_TNT_GuaraciDias) O mais veterano desta turma, Guaraci Dias (@_ TNT_GuaraciDias), registrado a mais de 1 ano e 2 meses no Sing, graças a “um amigo que é viciado em novos apps”, sempre gostou de cantar. Dependendo da disponibilidade, ele pode passar uma tarde inteira cantando. Como trabalha em horários
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diferentes durante a semana, esse professor de biologia e pesquisador, procura aproveitar cada hora vaga para cantar alguma coisa. “O Sing virou uma espécie de terapia que alivia o estresse do dia a dia”, afirmou. Dependendo do dia, ele chega a publicar umas 5 músicas, fora parcerias e participações em músicas de grupo. Para esse paranaense radicado na “cidade maravilhosa”, ensaiar não faz parte dos seus hábitos. “Eu geralmente canto de primeira!”, disse. O começo era bem diferente, segundo ele, escasso de músicas brasileiras e usuários. “Quando entrei no Sing, o aplicativo era dominado por estrangeiros e músicas brasileiras inexistiam, então comecei a conhecer muitas músicas internacionais”, finaliza Dias.
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Dan ilo
Lim a
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VoluntÁrio
João Compasso
Um olhar ao Alto Arapiuns Ação privada desenvolve pensamento coletivo como solução para problemas sociais
Um paraíso na terra, o rio Arapiuns é dotado de uma beleza imensurável. As comunidades que o cercam – cidades ribeirinhas – vivem entre a beleza e as consequências de estarem isolados, ou melhor, abandonados pelo poder público. O acesso é difícil e quase não chegam serviços básicos para o pleno desenvolvimento humano. O Programa Alto Arapiuns de Desenvolvimento Sustentável (PAADS) foi criado para dizer um sonoro “não” a essa omissão. Decidiram então trabalhar para a transformação social do local. Comandado pelo aviador e comandante Lelis Fachini Filho, o projeto é a única alternativa da região na luta contra a desigualdade. “Eu tenho convicção que os problemas sociais devem ser encarados como problemas da sociedade, em outras palavras, a gente só vai conseguir resolver essa questão de desigualdade, no dia que a gente conseguir ter uma consciência coletiva mais abrangente no nosso país”, explanou o comandante. Ele destaca que a desigualdade aliada ao pensamento individualista atrofia nossa sociedade. “Em
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países em desenvolvimento, para não dizer subdesenvolvidos, existe uma desigualdade social enorme, tanto é que quando se fala do Brasil, temos que perguntar de que Brasil estamos falando. Porque tem o Brasil de gente rica, abastarda, que teve todo o tipo de oportunidade e o Brasil pobre, de pessoas quase sem oportunidades e de pobreza extrema. Hoje vivemos em uma sociedade individualista. Para você ter uma ideia, se por exemplo alguém mora em um bairro e sente que existe um problema da falta de segurança, o pensamento individualista (ao invés de tentar entender o que esta causando a insegurança e tentar resolver o problema) é levantar mais o muro da sua casa ou colocar cerca elétrica, criando assim a ilusão de estar resolvendo o problema. O que ocorre com isso é apenas o mascaramento da realidade e o problema da insegurança continuará a existir. A pobreza material e principalmente intelectual, acaba se tornando um campo muito fértil para a
tos Fo ale oV ug :H nte
corrupção e todo tipo de exploração acontecer.” Partindo da premissa da coletividade e sustentabilidade, o projeto mobiliza recursos humanos e materiais em ações participativas que contribuem para a saúde sistêmica e emancipação das comunidades do Alto Arapiuns. Assim, o grupo procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Dentro dessa concepção, o desenvolvimento abrange as esferas sociais, econômicas e culturais dos seres humanos, convivendo em harmonia com o meio ambiente. “Quando você coloca o setor privado a serviço do social, você pode perceber como é possível com pouco dinheiro fazer muita coisa. Nós estamos chegando há 4 anos e meio de atividade e já atendemos cerca de 800 a 900 crianças. Foram 5000 procedimentos odontológicos, 3 estações de comunicação via satélite (que já salvaram 27 vidas), 20 módulos agrícolas e apenas agora passamos dos 300 mil reais de investimento. Com pouco dinheiro podemos fazer muita coisa. Tratamos o dinheiro doado como se fossem investidores de
uma empresa de capital aberto e precisamos dar um retorno ao investidor, mostrando que o dinheiro dele foi investido da melhor forma possível e produzindo o máximo que aquele dinheiro poderia produzir“, explica Fachini. Infelizmente as ajudas, que ocorrem em forma de doações, são escassas. “A partir da iniciativa privada conseguimos combater a pobreza visando um futuro melhor. Nos países desenvolvidos existe uma consciência coletiva mais definida. Porém, lá também existe um apoio por parte do governo, o que não acontece aqui não Brasil. Vários dos voluntários que trabalham no projeto, por vezes precisam tirar do próprio bolso alguma ajuda para que o projeto continue vivo”, conclui o comandante. Na Espanha, um núcleo comandado pelo músico Pedro Moreno realizou um evento beneficente para arrecadar fundos ao projeto. O evento que mistura música ao vivo, com comida e bebida em troca de uma colaboração de 10 euros (revertidos para o projeto), deverá acontecer uma vez por mês em Madri, no Restaurante Ciudad de Tui. Conheça mais sobre o projeto e colabore.
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agenda
TOQUINHO E MARIA CREUZA
HERMETO PASCOAL
IRON MAIDEN
CARLINHOS BROW + VAUDÍ
SEAL
5 de julho | 21h30| 39€ Real Jardín Botánico Alfonso XIII| Avenida Complutense, s/n
16 de julho | 20h30 | Desde 30€ Teatro Circo Prince | Ronda de Atocha
13 de julho | 21h | Desde 60€ Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid
22 de julho | 21h | Desde 30€ Polideportivo San Isidro, Getafe
22 de julho | 20h30 | Desde 50€ Real Jardín Botánico Alfonso XIII
Um dos maiores músicos instrumentalistas da atualidade no Brasil, Hermeto Pascoal, aos 80 anos, faz sua turnê na Europa, passando na Espanha, em Madri.
Um dos maiores grupos de Heavy Metal com mais de 30 anos de carreira apresenta seu álbum “The Book of Souls”.
Carlitos Marron, assim ele é conhecido na Espanha e no Brasil é, sem dúvidas, um dos maiores sucessos de seu tempo. Está de volta aos palcos espanhóis para fazer um show no Festival Cultura Inquieta.
Uma das maiores vozes da música negra volta à cena com o seu disco “Seal 7”.
Esses dois fantásticos músicos se unem em uma turnê pela Europa. Em Madri, tocam no Noches del Botánico 2016, uma oportunidade excelente para prestigiar esses dois grandes da música brasileira.
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Madri
Barcelona GAFIERA MIÚDA
TOQUINHO E MARIA CREUZA
FORRÓ BOBÓ
ARERÊ SPLASH
SAMBA REGGAE BARCELONA
7 de julho | 21h| Desde 6€ Plaza de la Ciència de Cosmo Caixa
6 de julho | 20h | Desde 10€ 8 de julho | 22h | 16€ Jardins Palau Reial Pedralbes | Av. Diagonal, 686
10 de julho | 14h30 | Desde 8€ CEM Bogatell | Calle Carme Amaya 4/6
17 de julho | 10h | Desde 15€ Illa Fantasia | Autopista C-32 Salida 92
23 e 24 de julho | 16h | Desde 10€ Boca Nord | Calle Agudells, 37- 45
Após o sucesso do Forró Feijoão, o projeto, que promete um mergulho à cultura e culinária brasileira, volta com o bobó de camarão e forró.
A festa brasileira de boas vindas ao verão terá este ano grupos como: o Yorubahia e a batucada “Ketubara”, além de oficinas infantis e muita culinária brasileira.
O grupo brasileiro faz parte de um projeto que inclui museu, filme e show. Na ocasião será exposto o filme “A Pesquisa de Fogo” (Jean-Jacques Annaud, 1981). Dia 18/07 farão nova apresentação e o filme será o “Birdman”.
Em Barcelona, os consagrados artistas farão parte do Festival Jardins de Pedralbes 2016, dando peso ao festival.
Master Classes de percussão afro-brasileira e dança, culinária e shows, em dois dias de festival.
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QUIXOTE macunaíma
Flávio Carvalho
2016, um ano olímpico para o Brasil. Por que o Rio não é Barcelona? Aumentou o número de convites que tenho recebido para fazer conferências sobre o Brasil neste ano sensacional que estamos vivendo. Com frequência, pedem-me para falar de dois assuntos principais: Dilma e Olimpíadas, não necessariamente nessa ordem. Antes era para falar do mosquito do Zica, mas (in) felizmente, agora depois que o catalão Pau Gasol questionou sua ida aos Jogos do Rio por causa do mosquito, o vírus englobou-se dentro do assunto olímpico. Escondeu-se. Menos mal? Quando antes me chamavam, a um sociólogo, pra falar de tal mosquito, eu achava tão incrível que recomendei várias vezes que fosse, em meu lugar, a maior autoridade da Organização Mundial da Saúde no tratamento das doenças tropicais como essa. Conheci pessoalmente o Dr. Pedro Albajar Viñas, brasileiríssimo, que mora entre Barcelona e Genebra, denunciando as precariedades da saúde pública em relação às doenças
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tropicais desassistidas. Fazia isso desde muito antes, quando ninguém sabia o que era Zica. Só ele. No dia seguinte ao conhecê-lo, vi-o junto ao Messi, fazendo um trabalho beneficente para a sua fundação na luta contra a
“a imprensa internacional insistirá, até o dia da inauguração, em demonstrar essas debilidades de organização” doença de Chagas - uma das poucas doenças mundialmente reconhecidas que leva o nome de um cientista brasileiro em sua homenagem. Por outro lado, nessas conferências, como estive achando difícil misturar as duas coisas, criei uma expressão de duplo significado, do jeito que gosto: 2016, um ano olímpico para o Brasil. O adjetivo olímpico tem me servido
para falar dos Jogos sob uma perspectiva de comparar-se a uma corrida de obstáculos, de desafios e de superação. Primeiro porque na história de organização das Olimpíadas, nunca antes, houve país que ganhasse o concurso de realizá-las em um cenário de crescimento econômico de mais de 5% ao ano, no Governo Lula, com um índice de popularidade em níveis celestiais. Assim como ninguém imaginaria que esse mesmo evento pudesse ser realizado com um indicador econômico negativo de 3% e um governo no mínimo carente de legitimidade, Temer, com sua popularidade infernal. Outra coisa que tem provocado bastante interesse é falar de onde eu falo: de Barcelona, a outra cidade maravilhosa que inaugurou um mito de modelo urbanístico de organizar olimpíadas. Mito? Tento explicar. Primeiro que não ocorreu tudo às mil maravilhas em Barcelona naquele 1992. Evidentemente, as Olimpíadas são um evento
midiático mundial incomparável, tão potente que qualquer sujeira sempre será jogada para debaixo do tapete. O Brasil, quanto a isso, pode ficar tranquilo que não será a primeira vez na história das Olimpíadas que, infelizmente, isso acontece. Ou alguém acha que as câmeras de televisão pagas pelas grandes empresas patrocinadoras mostrarão sujeira? Uma colega que trabalha para o Museu Olímpico de Barcelona já me avisou que a imprensa internacional insistirá, até o dia da inauguração, em demonstrar essas debilidades de organização. Principalmente porque os jornais sabem que sempre vendem mais quando carregam nas tintas vermelhas. Para o bem ou para o mal. Depois, essa mesma colega não me fez esquecer que quando ganhamos a sede dos jogos desbancamos quem? Qual foi a cidade que perdeu pro Rio? Madri! Já imaginaram o monte de dinheiro que uma cidade como Madri deixou de ganhar por perder os Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro? Madri, da eterna rivalidade com... Barcelona.
“Se for o Temer que inaugure os jogos, colocará toda a culpa de desorganização na Dilma, como se ele não tivesse sido o seu vice-presidente” Essas rivalidades idiotas que se inventaram, um dia, alguns políticos e que o povo às vezes segue. Não conheço melhor pessoa que explique o mito desse tal modelo de Barcelona para organizar os jogos do Rio do que o urbanista catalão Jordi Borja. A grande diferença é que, basicamente, Barcelona diferenciou-se do Rio, ao aproveitar-se um planejamento público estratégico que já estava em andamento desde a entrada da Espanha na União Europeia. É essa a origem do modelo de Barcelona como um mito para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Não poderia ser diferente. Eram catalães os urbanistas técnicos e ex-gestores públicos que ajudaram o governo carioca
a idealizar o planejamento estratégico do Rio desde os anos 90. Haviam sido contratados pelo governo carioca justamente por haverem realizado as Olimpíadas e somente disseram ao Rio aquilo que não deveria ser feito. E, ilogicamente, os governos do Rio fizeram todo o contrário e insistiram em não seguir suas recomendações: não tentem imitar Barcelona; não se pode aplicar tal modelo como uma receita de bolo; os contextos fazem muita diferença. Deu no que deu. Agora é festa! Se o Governo Temer seguir caindo pelas próprias pernas, a Dilma poderia voltar e jogar toda a culpa nos golpistas. Ninguém sabe o que pode acontecer. Se for o Temer que inaugure os jogos, colocará toda a culpa de desorganização na Dilma, como se ele não tivesse sido o seu vice-presidente. Se os Jogos Olímpicos do Rio forem um sucesso, os méritos serão de um modelo olímpico catalão, que os próprios idealizadores catalães dizem que não existe... Uma verdadeira maravilha! Boa festa. E aquele abraço.
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