BOSSA #8 | Dezembro 16

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8 dezembro #

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editorial

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JoĂŁo Compasso


EDITOR O ano de 2016, sem nenhuma dúvida, ficará para a história do Brasil. Foi um ano ímpar onde o país se projetou internacionalmente por albergar o maior evento esportivo do planeta. As olimpíadas e paraolimpíadas do Brasil, apesar dos pesares, foram realizadas com excelência. Neste ano também comemoramos o centenário de um dos nossos ritmos mais característicos. Cem anos de vida, de alegria e samba, que trouxeram à Espanha e à BOSSA artistas da grandeza de Maria Creuza, Toquinho, Pedro Miranda, Roberta Sá e Verônica Ferriani. O NOVOCINE completou 10 anos de magia e encanto. Com sessões cheias, a mostra de cinema se firma como a principal difusora dos filmes brasileiros na Espanha. Essa edição contou com a presença da diretora Lô Politi, do filme Jonas, que nos cedeu uma entrevista. Mas nem tudo foram flores. No âmbito político o país passa por um momento difícil e que sem dúvidas ficará marcado em sua história. Esse também foi o ano do nascimento da BOSSA. O que começou como um projeto cheio de sonhos e uma aposta por inovar o conceito de divulgação cultural no contexto Brasil, já se materializou em oito números. Tudo isso não seria possível sem a comunidade Bossa, essa que cresce a cada edição e que integram todos vocês que tem a revista nas mãos. Obrigado pelo apoio e confiança. Vocês são BOSSA! Que venha 2017 cheio de boas energias e situações que inspirem o nosso melhor. Feliz natal e um ano novo cheio de amor.

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SUMáRIO

16 / 20 – Trip

8 – Entrevista

Lô Politi e seu Jonas A diretora esteve em Madri para apresentar o seu filme no Novocine.

11 – Comportamento

Não minta para mim! Já imaginou se fosse possível descobrir todas as mentiras que contam para você de forma instantânea? Ricardo Ventura tem a resposta.

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Cinéfilos

Anna Mulayert

A diretora, ícone da cinematografia brasileira na Espanha, traz o seu segundo filme aos cinemas espanhóis.

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O caminho de Santiago feito para sentir Já imaginou qual é a sensação de fazer o caminho de Santiago sem poder vê-lo? Ricardo Carvajal Oliveira guiou José Vicente, deficiente visual, pelo Caminho Inglês.

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Be Natural

Máscara facial

Acne insistente? Já tentou de todo?

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BOSSA FM

Funk you! A festa que salvou a minha vida.


Capa Foto: Divulgação do artista Execução: Gonzalo López de Egea Idealização: Trasto Creativo

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/ 17 28 – Trend

Espumas borbulhantes: para além do natal Como escolher o melhor espumante para as celebrações do final de ano?

31 –Agora Espanha

A sensibilidade de Marcelo Mendonça Conheça esse artista radicado na Espanha e sua arte.

52 – Foodie Lovers

Ceia natalina a la Espanha Os costumes mudam, a ceia muda, mas o significado é o mesmo.

56 – Quixote Macunaíma

Presente, passado e futuro dos brasileiros na Espanha e na Europa. Dicas especiais para os brasileiros que estão na Espanha.

44 – Vejo BOSSA

BOSSA em constante transformação Mutante, dinâmica, BOSSA.

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staff DIRETOR João Compasso EDITORA BARCELONA Daniela Pacheco REDAÇÃO Clarice Compasso Daniela Pacheco DESIGNER Trasto Creativo. COLABORAÇÃO Flávio Carvalho, Juliana Bezerra, Rafaella Marques, Tahone Jacobs, Luzie Lima, Michele Vasconcelos, Rodrigo da Matta, Tati Sato, Aline Navarro REVISÃO Claúdia Maciel CONTATO editor@revistabossa.com +34 64 007 41 77

DEPÓSITO LEGAL M-10540-2016 As opiniões expressas por nossos colaboradores são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.

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entrevista

Redação

A DIRETORA ESTEVE EM MADRI PARA APRESENTAR O SEU FILME NO NOVOCINE Última sessão do último dia do Novocine no cinema Berlanga. O local estava lotado de espectadores com ânsia pelo cinema brasileiro. O filme Jonas foi sem dúvida um dos mais aclamados na edição do Novocine 2016. A salva de palmas para a diretora Lô Politi comprova o sucesso. A história se desenvolve dentro de uma baleia gigante, que na verdade é o carro alegórico da escola de samba Pérola Negra. Uma história de amor onde as barreiras sociais se tornam maiores do que o sentimento nutrido. A BOSSA esteve conversando com a diretora do filme, Lô Politi, no tradicional Café Gijon em Madri onde ela falou um pouco sobre o filme.

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BOSSA - O filme faz uma alusão à história bíblica do profeta Jonas, onde estar dentro da baleia representava o inferno para o profeta. Porém, no filme, essa ideia não está tão clara, pois apesar daquela situação ser o fim para Jonas, também representa a esperança no amor. Lô – Sim, a baleia representa o céu e o inferno. Por um lado, é claramente o inferno pelo que vai acontecer na vida dele. Mas o período do que ele está vivendo e que ele cria para ele é o céu. A referência bíblica na verdade é bem suave. A comparação entre o Jonas bíblico e o do filme tem mais a ver com a negação deles em não aceitar o que se revela para ele, do que qualquer outra coisa. BOSSA – A gravação foi feita durante o desfile de carnaval? Lô – Construímos uma baleia e a colocamos dentro da escola de samba. Contudo, só poderíamos filmar no desfile oficial das escolas de samba sem atrapalhar o desfile. Desta forma, só nos restava filmar no desfile das campeãs. E mais: para a escola que estávamos usando na trama, a Pérola Negra, desfilar nas campeãs, ela precisava ser campeã, senão a gente não poderia filmar. Todo mundo estava louco, me perguntando o que faríamos se ela não fosse campeã e eu sempre dizia, “ela vai ser campeã”. Até hoje o pessoal da escola brinca me chamando de profeta. BOSSA - Você tem uma história longa como diretora de publicidade. No mundo do cinema, você também tem uma história bastante densa como produtora e assistente de direção. Já no longa Jonas você dirige e também assina o roteiro. Foi difícil dar esse passo? Lô – Tive que parar tudo para poder fazê-lo. A verdade é que eu comecei a trabalhar no cinema com 16 anos. Só que chegou uma hora que acabou o cinema no Brasil, no governo Collor. Eu fiz o último filme dessa fase, em São Paulo, como assistente de direção e aí fui para a televisão onde fiquei por 4 anos. Quando o cinema começou a ter espaço novamente, eu voltei para ele. Só que

também comecei a fazer publicidade e rapidamente já estava dirigindo. É muito difícil fazer cinema, porque você não tem espaço no filme dos outros. Então ou você faz o seu filme como diretora ou você não tem o que fazer. Por isso demorei algum tempo até poder parar tudo e poder fazer o meu filme. BOSSA - Falando um pouco sobre o roteiro, você decidiu fazer um longa e começou a escrevê-lo, ou você já o tinha há algum tempo e agora foi o momento de dar vida a essa história? Como foi o processo de criação? Lô – Isso estava dentro de mim porque a história me é muito familiar. Não a história do Jonas com a Branca, mas esse tipo de relação social que o filme explora, entre uma menina mais rica e um rapaz mais pobre em um bairro que permite isso como a Vila Madalena. Permite até certo ponto, porque é um bairro que reúne pobres e ricos, então acaba existindo uma convivência em assuntos comuns a pobres e ricos, como é o caso do Carnaval, no qual juntam-se todos. É uma convivência que parece tranquila, mas que tem uma barreira social incrível e é essa a história entre a Branca e o Jonas, que conviveram muito proximamente quando criança, mas que quando crescem são impossibilitados de seguir com essa relação devido a essa barreira. BOSSA - Nos últimos anos surgiram muitos filmes que retratam, de forma protagonista ou em segundo plano, as diferenças sociais no Brasil. A exemplo temos os da Anna Mulayert e do Fellipi Barbosa, que também estiveram no Novocine. Você acha que isso é uma tendência hoje em dia? Lô – Acho que é uma tendência devido aos ganhos sociais que surgiram no país. Temos que nos questionar e fazê-lo é um bom sinal. Os diretores que você citou e eu temos o mesmo incômodo com a forma que se construíram as relações entre essas duas esferas. O que ocorre é que a “elite” e a pessoa que trabalha na casa da gente desenvolvem uma relação de afeto, mas até certo ponto e isso incomoda. Talvez a geração da minha mãe

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esteja mais acostumada com isso, mas a minha geração não e acho que a Anna e o Fellipi também sentem essa mesma inquietude. De alguma maneira esses três filmes são de pessoas que se incomodaram com isso. Eu tenho mais dois roteiros sobre a isso, um deles explora essa relação em primeiro plano e outro em segundo. Isso está dentro de mim e, sobretudo no bairro, e isso é muito forte. BOSSA - A escolha do elenco foi bem acertada. Como foi a preparação dos atores, alguns tão jovens e que carregavam nos seus personagens tanta densidade? Lô – Tivemos uma preparadora de elenco chamada Ariela Goldman, que foi muito bacana. No meio do caminho chegou o Tom, o que foi bom, pois nós também precisávamos de uma referência masculina, especialmente pelo o menino pequeno. Não de uma energia masculina, mas pela relação de meninos, de irmandade. Mas quem fez essa primeira leitura com todo o elenco foi ela e foi muito intenso. O elenco não era muito conhecido e isso foi bom porque eles tiveram disponibilidade para trabalhar por 2 meses de ensaio.

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comportamento

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Redação


Não minta para mim! Já imaginou se fosse possível descobrir TODAS as mentiras que contam para você de forma instantânea? E se você pudesse saber se a pessoa com quem conversa está sendo sincera ou não? Se realmente seu marido/esposa estava preso no trânsito ou fazendo outra coisa? E se soubesse se aquele vendedor ainda está escondendo alguma informação sobre a negociação? Se fosse possível entrar literalmente na cabeça das pessoas? Loucura? Ficção? Série de TV? NÃO. Encontramos no Brasil um profissional, multifacetado, especialista em Programação Neurolinguística, Metalinguagem, Psicólogo e Mestre em comunicação persuasiva, com vídeos com mais de 2 milhões de views justamente entrando na mente das pessoas e descobrindo o que realmente elas estão pensando, mas não estão dizendo. Venha conhecer Ricaarrrrdo Ventura, sim, é assim que ele se apresenta em seu canal do YouTube, onde anda fazendo muito sucesso e barulho. Escritor, palestrante e treinador, Ricardo tem um currículo extenso e clientes importantes que o contratam principalmente para aprimorar seus times de venda ou formar palestrantes/treinadores internos. Nos seus vídeos, ele analisa políticos, pastores, presidentes ou pessoas comuns que são acusadas de estupro, mortes, brigas e sem o

peso que o tema traria normalmente. Mas como ele faz tais análises? Perguntamos e ele não só contou, como disse que iria ensinar aos nossos leitores da BOSSA o que ele faz no seu canal www.RicardoVentura.TV, em seu programa Não Minta Pra Mim. “Todos nós somos mentirosos, contamos de três a quatro mentiras a cada 10 minutos de conversa. [...] São desde as mentiras sociais sobre a beleza do novo corte de cabelo da colega do escritório, passando pela alegria de ter encontrado aquele amigo antipático ou que o trânsito é que foi culpado pelo nosso atraso. Até as mais sérias quando refutamos que matamos alguém. O mais interessante é que para nosso inconsciente, não importa se estamos dizendo que gostamos daquele presente horrível ou negando um estupro, nosso corpo vai revelar de forma inconsciente se o que realmente estamos falando é verdade ou não”, comenta o psicólogo. Seu canal deu um salto espantoso em números de inscritos quando ele analisou a morte trágica de um ator da Globo protagonista da novela das 21h. Uma morte envolta em muitos mistérios e coincidências. Este Ator, Domingos Montagner, fazia par romântico com Camila Pitanga na novela Velho Chico. E na trama ele já havia morrido afogado nas águas do rio, mas voltava após sessões Xamânicas de uma tribo de índios. Na morte real, ele e a atriz Camila Pitanga foram tomar banho, sozinhos, em uma parte deserta do rio. Ele morre afogado e ela consegue escapar. Pronto, o cenário para fofocas e especulações pipocaram por todas as partes. Primeiro por serem ambos casados (não entre eles) e estarem sozinhos, pelas

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coincidências e depois pelo fato desse ator ser muito carismático. No meio desse turbilhão, Camila cede uma entrevista ao programa Fantástico na Globo contando uma história no mínimo curiosa. Pimba! Neste ponto entra nosso entrevistado, o especialista em linguagem não-verbal, Ricardo Ventura. “Estava muito claro que havia muitas incongruências na versão dos fatos quando Camila relembrava a cena toda. Fiz as análises de forma imparcial como tem que ser, utilizando técnicas da leitura corporal, não-verbal, micro expressões e metalinguagem.” Talvez, amigo leitor, você esteja se perguntando: mas, afinal, o que são essas técnicas e como isso pode ser possível? Perguntamos exatamente isso ao nosso Carl Lightman-Brasileiro (na série da Fox chamada Lie to me – um especialista chamado Carl Lightman faz exatamente o que Ricardo Ventura faz para solucionar crimes e dar veracidade ou não às declarações das mais diversas desde as de políticos até pessoas que estão sendo acusadas por alguma coisa. Só que lá é ficção, nosso especialista Brasileiro analisa casos reais). “Existem muitos padrões e movimentos do corpo, dos olhos, da metalinguagem (entonação, ritmo, formalidade, informalidade, tempos verbais e etc.) que revelam se o que está sendo dito está congruente com o que o corpo diz, ou seja, se o inconsciente está alinhado com as declaraçõesverdade- ou se está incongruente – mentira.” Sugerimos que assistam um vídeo-análise para verificarem estes padrões (www.ricardoventura. tv). Perguntamos ao Ricardo Ventura se ele poderia passar alguma técnica que mesmo sem vídeo nós poderíamos aprender. “Sim. Por exemplo, quando uma pessoa mente ela tende a mudar seu ritmo de voz (se fala devagar, começa a falar rápido ou vice-versa), seu jeito de se expressar (se é uma pessoa quieta, começa a gesticular muito ou vice-versa). Se ao contar uma coisa ou fazer uma declaração, esta pessoa começa a coçar o rosto, nariz, nuca, cabeça, etc.,

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aqui teremos um grande indício de que o que está sendo dito não é uma verdade. Outro fator é que normalmente as pessoas tendem a buscar lembranças olhando de forma involuntária para sua esquerda, ou seja, coisas que realmente ele viu ou ouviu. Se ela olha de forma involuntária para direita corre o risco que aquela informação seja falsa. Um exemplo: Se eu te perguntar qual era a cor do cabelo da sua professora do primeiro ano primário, muito provavelmente você vai posicionar seus olhos mais tempo para esquerda (ou seja, algo que realmente aconteceu e você sabe a resposta). Caso você pergunte ao seu marido quem estava com ele jogando bola na noite passada e ele olhar para a direita... Bom, ele pode estar criando aquela cena naquele momento, pois quando olhamos para direita, normalmente buscamos imagens e conversas que nunca aconteceram.” Mas o autor que dá palestras e treinamentos e têm clientes do mundo todo que procuram suas formações em linguagem persuasiva para vendas e a formação em oratória profissional alerta: “Tome cuidado para não sair agora acusando as pessoas de serem mentirosas. Tudo isso que eu falei tem suas particularidades e devemos sempre entender todo o contexto da cena. Então lá vai um conselho para aprender mais e de graça: assistam meus vídeos no YouTube.” Gostaram? Para conhecerem mais sobre o especialista em linguagem persuasiva e polígrafo humano visite seus sites: www.RicardoVentura.com.br – sobre o autor www.RicardoVentura.TV


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cinéfilos

Redação

ANNA MUYLAERT UM ÍCONE DA CINEMATOGRAFIA BRASILEIRA NA ESPANHA

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Na edição passada dedicada ao cinema brasileiro e, em especial, à décima edição do NOVOCINE, abordávamos a indiscutível expansão e penetração da cinematografia brasileira na Espanha nos últimos anos. Se existe uma clara representante desse movimento, ela é a cineasta, roteirista e produtora Anna Muylaert, cujos dois últimos filmes estrearam nos cinemas espanhóis em 2015 e 2016.

distribuído pela Caramel Films em junho do ano passado e teve uma resposta tão positiva por parte do público espanhol que a distribuidora aumentou consideravelmente o número de copias previsto inicialmente. Agora Muylaert estreia no dia 2 de dezembro em diferentes cidades espanholas o “Mãe só há uma”, traduzido para “Madre solo hay una” na Espanha e distribuído pela Karma Films.

O primeiro foi o “Que horas ela volta?”, na Espanha conhecido como “Una segunda madre”. O filme foi

Nos anos 90 Anna começou a trabalhar como roteirista depois de estudar cinema na Escola de


Comunicação e Artes da USP. Dentre seus filmes conhecidos, destacamos os emblemáticos “Durval Discos” (2002) e “É Proibido Fumar” (2009). Em 2012, começou também a produzir seus filmes e em 2015 se consolidou como uma das cineastas mais importantes do Brasil graças ao sucesso internacional alcançado pelo “Que horas ela volta”. Essa positiva repercussão fez da cineasta jurada de prêmios da famosa Academia de Hollywood. Muylaert forma parte de um reduzido grupo de mulheres que conseguiram chegar ao topo de suas carreiras e a partir da qualidade do seu trabalho, alcançar posições até então ocupadas apenas por homens. Situação que possibilitou ser a porta-voz das cineastas mulheres no Brasil, criando uma associação que conseguiu a equiparação de gênero nos jurados que elegem os projetos financiados pela ANCINE (Agência Nacional de Cinema do Brasil). No momento, Muylaert está preparando um documentário sobre o impeachment e escrevendo o roteiro de seu próximo filme, no qual abordará o machismo com humor, porém, sem abrir mão do contexto social. De alguma forma, atualmente, você é uma diretora que tem mais projeção do seu trabalho na Europa. Em apenas dois anos tivemos dois dos seus filmes nos cinemas espanhóis. Porém, essa não é a realidade da maioria dos filmes nacionais que, sabemos, ainda têm pouca penetração nos cinemas daqui. Por qual motivos avalias que teus filmes são tão bem aceitos no exterior? Creio que o “Que horas ela volta?” é um filme muito brasileiro e ao mesmo tempo muito universal. Ele ganhou prêmios em Sundance e Berlim e vendeu para muitos países da Europa e do mundo. O meu nome ficou conhecido e agora ficou mais fácil gerar interesse pelo meu trabalho. Comparando seus últimos dois filmes, ainda que sejam ficções, você traz de forma muito realista questões comuns às novas gerações, tanto no que diz respeito às relações sócias como na

forma de encarar a sexualidade. Essa escolha se dá pela intenção de se refletir a nova juventude brasileira? Ou podemos dizer que parta do desejo como artista de que exista esse câmbio sócio educacional em suas temáticas? Eu quis fazer esse filme como um projeto pequeno de baixíssimo orçamento (400 mil) para poder experimentar novas coisas, trabalhar com atores desconhecidos e equipe jovem. Também por isso centrei a narrativa no personagem adolescente e usei sua rebeldia para discutir a ideia de individuação, afinal são os jovens que mudam o mundo e ambos os filmes tratam de mudanças contemporâneas. Em “Que horas ela volta” e em “Mãe só há uma”, suas equipes, tanto técnica quando de elenco, são compostas majoritariamente por mulheres. Você acredita ser mais fácil trabalhar com elas? Eu tenho nas minhas equipes muitas mulheres sim, mas não as escolho por serem mulheres. Eu escolho as pessoas pela qualidade do seu trabalho. Por acaso, são mulheres. Por exemplo, a fotografa de “Mãe só tem uma” é uma uruguaia que fui catar lá em sua terra natal e não porque embaixo da saia há uma mulher, mas sim porque seu trabalho é excelente. No Festival de Valladolid, aqui na Espanha, a maioria dos filmes premiados era de mulheres. As mulheres que estão fazendo cinema, estão fazendo com muito coração, com muita coragem e, por isso, acabam tendo muito sucesso. Esses dois últimos filmes têm relevância de cunho social e, segundo informações, o seu próximo filme vai continuar nessa linha, já que tem relação com o machismo a partir de um ponto de vista mais cômico, porém, sem perder a seriedade com a qual o tema deve ser tratado. Sim, eu estou começando agora. Meu próximo projeto vai ser sobre o que é ser mulher. Como eu sou mulher, acabo trazendo o ponto de vista da mulher também para o cinema, o que eu acho muito importante, já que a nossa história, em todos os países, foi contada não apenas por

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homens, mas pelo lado masculino, pelos valores masculinos. Como diretora mulher, vou tender a recontar a nossa história ou pelo menos a acrescentar outro ponto de vista. Para a mulher as coisas são mais difíceis, ela é agredida, ela é humilhada, quase diariamente, pelos estereótipos de gênero, e isso é considerado normal. Muitas vezes a gente nem percebe que está sendo humilhada porque isso é tão normal... O filme vai tentar reabrir essas chaves com humor, mas de tal maneira que você dê risada, mas também perceba que esse desrespeito contínuo à mulher não é algo que se deva continuar. É algo que não é bom, nem para mulheres, nem para homens, nem para as crianças. É um filme muito crítico, mas engraçado, mas eu só estou começando a escrever, então não sei, vamos ver... Você acredita que o cinema pode mudar a realidade? Com esse filme, você espera criar um debate sobre o tema? Sim, creio que se um filme tem a capacidade de levantar debates na sua sociedade, isso é extremamente positivo tanto para o filme quanto para os espectadores. Portanto sim, meu próximo filme pretende divertir, mas também discutir esse tema que se tornou um dos meus favoritos já que o meu sucesso no Brasil gerou mal estar em certos setores do mercado cinematográfico local. Você mesma sofreu o machismo. Depois de 20 anos eu fiz um filme (Que horas ela volta?) que teve uma importância muito grande, tanto no Brasil quanto fora. Foi exibido em mais de 30 países e eu acabei alcançando uma posição de destaque. E justamente quando ultrapassei esse teto de cristal, o limite que a sociedade impõe às mulheres, foi o momento da minha vida em que eu mais sofrei o machismo, os ataques. Foi muito chocante. Quando mais me realizava, mais fui atacada. Chegou um ponto que comecei falar isso nas entrevistas e então soltei a seguinte frase: “O homem não está acostumado a ver a mulher no papel protagonista”, e essa virou uma frase muito emblemática. O que acabou me tornando um

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símbolo da mulher cineasta e da mulher no cinema brasileiro. Isso aconteceu não de forma premeditada, mas sim porque estava sendo atacada. Alguém estar nesse lugar é muito importante, seja eu ou outra pessoa, mas como cineasta continuo sempre pensando na qualidade dos filmes, quanto mais filmes bons possa fazer, mais a minha carta vale. Só que é isso, a carta da mulher sempre vale metade. Estou lutando para que a carta da mulher valha o mesmo que a do homem. Valha o que tem que valer. Você virou um símbolo para suas colegas cineastas. Acredito que essa coisa de símbolo é como uma moda, hoje sou eu, amanhã é fulana, depois de amanhã beltrana. O importante é continuar produzindo coisas relevantes tanto para mim como para o público. Mas graças ao seu trabalho foi criada uma associação de mulheres cineastas. A partir do momento em que ganhei importância e tive o microfone para falar a frase que acabei de citar, formou-se um grupo de mulheres do audiovisual e também da ANCINE, que conseguiu implementar uma norma na qual todo edital tem que ter paridade de gênero no jurado. Metade de homens e metade de mulheres. Claro que isso vai refletir na escolha dos projetos. Você acredita que essa exposição ativista contra o machismo tem um preço alto e pode limitar os seus trabalhos? Não. Acredito que ficar calada sobre abusos e ataques machistas, isso sim com certeza pode e limita os meus trabalhos. Na verdade, eu acho que o fato de eu ter aberto uma discussão tão importante só tem ajudado a mim e ao mercado.


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trip

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Redação


O CAMINHO DE SANTIAGO FEITO PARA SENTIR Já imaginou qual é a sensação de fazer o caminho de Santiago sem poder vê-lo? Ricardo Carvajal Oliveira guiou José Vicente, deficiente visual, pelo Caminho Inglês. Uma experiência mágica e única.

Em 2015, quanto estava fazendo o Caminho Francês, na etapa entre Carrion de Los Condes e Sahagun, em um momento de reflexão enquanto andava pelas mesetas sozinho, Ricardo fechou os olhos e tentou sentir o Caminho pelo cheiro da uva nas plantações ou o som do vento entre as árvores. Assim, com os olhos fechados, decidiu fazer o Caminho guiando um deficiente visual. Ao regressar ao Brasil, conversando com amigos peregrinos, Suzana Paquete do blog “THAT GOOD TRIP” e com Marcio Faria e Natália Esteves do projeto “EVOLUINDO POR AI”, essa ideia virou um sonho e com planejamento e apoio desses amigos esse sonho se concretizou. Conheceu o “Zé” (apelido carinhoso do José Vicente) no grupo “AMIGOS PRA VALER”, uma entidade de São Paulo que visa promover uma integração entre pessoas com e sem deficiência visual indo a passeios em cinemas, parques, teatros e museus. A proposta não demoraria muito e o Zé não pensou duas vezes em encarar o desafio. Antes de pegarem o avião, os dois treinaram no Brasil as adversidades que encontrariam. “Em um treino coloquei uma venda nos meus olhos e fui guiado para que eu pudesse sentir como é caminhar sem ver e tentar perceber o Caminho como Zé pode sentir”, disse Ricardo.

BOSSA – Por que o Caminho de Santiago? O que ele tem de tão fascinante? Ricardo - Sempre tive um carinho grande pela Espanha, por ser a terra de meus avós que foram para o Brasil e não tiveram oportunidade de voltar. Além disso, sou apaixonado pelo povo espanhol com sua receptividade e simpatia. Todas as vezes que pude vir à Espanha sempre fui muito bem tratado por todos. Por esse interesse nas terras de Cervantes, conheci o Caminho de Santiago de Compostela e comecei a pesquisar sobre o assunto, até que lendo alguns livros de peregrinos, o sentimento de caminhar foi crescendo. BOSSA – E o que o Caminho tem de tão fascinante? Ricardo - O que ele tem de fascinante? O Caminho é mais que fascinante, ele é mágico, envolvente, sedutor e transformador. Chega a ser inexplicável sentir toda aquela energia ao percorrer trilhas centenárias, onde existe uma verdadeira pureza, bondade e fraternidade entre os peregrinos. BOSSA – O que foi diferente agora que você percorreu o Caminho pela segunda vez? Ricardo - No primeiro Caminho tive o objetivo de conhecer a sua essência, além do aspecto re-

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ligioso, uma vez que nos confrontamos com Igrejas e Catedrais maravilhosas como Burgos, Leon, Astorga e Santiago. Destaco também o lado espiritual, por percorrer lugares de energia tão intensa como os Pirineus, Alto do Perdão, Cruz de Ferro e o Cebreiro. Não esquecendo o elemento histórico, já que cruzei cidades importantes e “pueblos” encantadores como Pamplona, Logroño, Molinaseca e Ponferra - da, entre outros tantos lindos e importantes. Tive como maior sentimento nesse primeiro Caminho, o verdadeiro espírito peregrino. Conhecer cada pessoa, cada sofrimento, cada história, cada superação e cada vitória no melhor que há no Caminho, o compartilhamento do autoconhecimento. Nesse segundo Caminho o objetivo foi outro. Além de conhecer novos trechos - Caminho Inglês e o de Finisterre - o foco era explorar a percepção do Caminho por todos os sentidos complementados com a visão, procurando formar “Um novo olhar sobre o Caminho”.

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BOSSA – Quais foram as principais dificuldades que vocês dois enfrentaram? E quais foram as coisas mais surpreendentes que aconteceram durante o Caminho? Ricardo - Não podemos falar que tivemos dificuldades, tudo no Caminho acontecia a nosso favor, parecia que Santiago conspirava em prol do nosso objetivo. Até mesmo a chuva e o frio serviram como aprendizado e oportunidade de sentir a natureza. Algumas pequenas observações que posso fazer nesse sentido, são os obstáculos encontrados referentes à falta de acessibilidade para deficientes visuais em alguns pontos das cidades. Com relação aos momentos mais surpreendentes, além de explorar e sentir o Caminho através dos sentidos em sua máxima percepção, foi o de conhecer pessoas maravilhosas que nos ajudaram e apoiaram durante nossa Caminhada. Após a passagem por Santiago de Compostela, iniciando o Caminho de Finisterre, estávamos conhecidos por todos e eram momentos especiais os que vivíamos com pessoas magníficas que também queriam vivenciar um pouco dessa nossa experiência. BOSSA – Você acredita que esse ato em conjunto pode provocar um debate social sobre a acessibilidade? Essa também foi a intenção de vocês? Ricardo - Com certeza, em muitos momentos passávamos por situações no que tange a questão da acessibilidade, alguns positivos outros negativos, e de certa forma muitos peregrinos queriam aprender com essas percepções. Houve diversos momentos que peregrinos vinham até nós para relatarem que também estavam vivenciando o “Um novo olhar sobre o Caminho”, acompanhando nossas histórias e explorando por si mesmos seus demais sentidos, podendo assim perceber o Caminho de forma mais intensa. Em Santiago, uma peregrina alemã confidenciou que em vários trechos do Caminho fechava os olhos para poder sentir mais forte os cheiros e sons. Muitos vinham até nós para agradecer a


transformação da percepção sobre o Caminho a partir do momento que conheceram o projeto. Essa não era nossa intenção inicial. Sempre quisemos apenas Caminhar. BOSSA – O Caminho inspira reflexões profundas, inclusive existenciais para alguns. Como era o dia a dia de vocês dois? Conversavam muito? Ou o silêncio predominava? Ricardo - De certa forma tínhamos sempre uma rotina normal de peregrinos, acordávamos, arrumávamos a mochila, tomávamos café, caminhávamos, conversávamos entre nós e outros peregrinos, procurávamos um albergue, nos alimentávamos e íamos descansar. Conversámos muito durante a caminhada, ocorria uma interação muito boa entre outros peregrinos, nos bares e nos albergues. Como qualquer peregrino, também havia momentos de silêncio, mesmo próximos um do outro, caminhávamos às vezes por muito tempo sem falar, mas apenas para pequenas reflexões e depois algumas delas compartilhávamos entre nós. BOSSA – E nestas reflexões em conjunto, o que debatiam? Ricardo - Muitas das nossas reflexões estavam nas coisas mais simples da vida. Como lidar com os problemas rotineiros diante da grande capacidade que um deficiente visual tem em superar facilmente os obstáculos, na maioria, impostos pelo próprio desconhecimento da sociedade. O Zé, com sua maneira simples de encarar a vida, mostrava sempre como resolver problemas aparentemente complexos por quem não tem deficiência visual de forma prática e fácil. Porém, o mais interessante foi o objetivo alcançado pelo projeto “Um novo olhar sobre o Caminho”, ao explorar os sentidos do Zé para montar o retrato do Caminho com sua forma de olhar. Pude constatar que o deficiente visual tem uma capacidade muito grande de enxergar o mundo além em relação a uma pessoa que não possui deficiência.

Através do TATO, ele conseguia sentir o Caminho tocando nas estátuas, sentia a diferença do solo ao pisar em cascalhos e piso pavimentado, memorizava os ambientes dos albergues e podia sentir o carisma dos peregrinos pelo aperto de mão. Através do OLFATO, ele conseguia perceber a brisa da chuva se aproximando, o cheiro das plantações da Galícia, do pasto dos animais e o preparo da comida pelo cheiro das chaminés. Através da AUDIÇÃO, ele percebia a passagem de um avião, o canto dos pássaros, o latido dos cães, buzinas dos trens, carros se aproximando e sinos das igrejas badalando. Através do PALADAR, sentia a diferença do aroma do café de uma região para outra, do sabor dos sucos e experimentava a vasta culinária galega. Porém, com a VISÃO, foi que ele mostrou-me a capacidade de ver o Caminho de uma forma que não percebia, numa riqueza de detalhes, complementando com os demais sentidos. Assim, o propósito inicial do projeto mudou com o segundo Caminho. O que antes era uma tentativa de montar um retrato para ele de “Um novo olhar sobre o Caminho”, passou a ser o deslumbre não somente do Caminho de Santiago de Compostela com outro olhar sobre a trilha, mas sim com “Um novo olhar sobre a vida”. BOSSA – Essa história termina com o fim do caminho? Ou existirá um próximo desafio? Se sim, qual seria? Ricardo - Com tudo isso, chegando na etapa final dos dois Caminhos, o Inglês e o de Finisterre, mudando nossa concepção sobre o OLHAR do CAMINHO e da VIDA, não paramos de Caminhar e Evoluir nunca, não alcançamos somente o “Fim do Mundo” - como é conhecido Finisterre e Muxia - mas sim o “Começo do Céu”. Não paramos por aqui. Logo teremos novas Caminhadas.

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be natural

Tahone Jacobs

ACNE INSISTENTE? JÁ TENTOU DE TUDO?

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Você já reparou que por mais produtos para acne que você use e por melhor que eles sejam, nem sempre o resultado é o esperado? Tenho a pele seca e atópica, por isso nunca sofri realmente com esse problema. Porém, um pouco de acne todo mundo já teve na vida e no meu caso com a pele seca assim, uma espinha pode levar meses para desaparecer. Uma dica caseira e super simples de fazer é a máscara facial de aspirina. Tirando proveito deste princípio ativo você pode facilmente aniquilar as bactérias que são causadoras número 1 desse problema. A aspirina (ácido acetilsalicílico) é basicamente ácido salicílico (aquele presente em tratamentos para a acne, porém em concentrações maiores): um beta hidroxiácido capaz de limpar profundamente os poros e matar as bactérias se usado topicamente. Essa receita não serve apenas na guerra constante de quem tem a pele oleosa, mista e/ou acneica, mas também para quem sofre com a vermelhidão intensa e sensação de incômodo na pele. Quem não tem nada para reclamar também pode se beneficiar dessa dica. Diferentemente de quase todas as soluções caseiras, essa tem efeito imediato e é muito fácil de fazer. Coloque duas ou três aspirinas na mão e adicione algumas poucas gotas de água sobre elas. Espere até que elas se dissolvam formando uma pasta e aplique no rosto todo deixando secar por aproximadamente cinco minutos. Enxague e siga como de costume. Você também pode adicionar mel na mistura para garantir uma pele mais nutrida e radiante. Muito importante: sempre que aplicar qualquer produto ou tratamento na pele, fazê-lo com as mãos limpas. O ideal antes de aplicar uma mascara também é que o rosto esteja limpo.

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bossa fm

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Rodrigo da Matta


! U O Y K N . A U D I V F INHA

M A U O V L A S E U Q A T ES

AF

Em 2008, iniciei uma temporada em Curitiba que se estenderia por quatro anos. Sabe quando você chega para viver em uma cidade nova e está sedento para entender como ela se move? Já estava perdendo as esperanças, até o dia em que eu finalmente conheci a festa Funk You.

nacional e internacional e está consolidada mais do que nunca.

nos anos de 2011 e 2014 com um palco dedicado ao conceito Black.

Na Funk You você escuta não só música internacional, mas também grandes nomes que marcaram a história do movimento black brasileiro, como Tim Maia, Gerson King Combo, Sandra de Sá e muito mais.

No dia 17 de dezembro, a festa realiza a última edição de 2016 no Jokers, em Curitiba.

Uma viagem entre os clássicos, além de sons raros e cuidadosamente selecionados que marcaram a história da black music ao redor do mundo.

Para terminar, meu sincero FUNK YOU para todos vocês!

Fiquem ligados no facebook: www.facebook.com/funk.you. cwb/

Salve! A Funk You é uma festa exclusivamente com música “Negra”, batidas quentes extremamente dançantes. Do Funk old School ao new School, Breaks, Disco e Hip Hop, apresentando aos amantes da noite e da boa música muito mais que uma simples festa de Black Music. Com pouco mais de oito anos de existência, a festa virou referência de Funk e Breaks em Curitiba. Realizada mensalmente e comandada pelos Dj´s Murillo Mongello e Schasko, a festa recebe convidados da cena

Ao longo dos oito anos de existência a festa já recebeu grandes nomes como DJ Hum, DJ Morenno Mongelos, DJ Rich Medina, DJ Allen Rosa, DJ Soneca, DJ Wash, DJ Soul Slinger, Di Melo, Charlie e Os Marretas, NEGOMUNDO, VJ Toshiro Fabio Arida entre tantos outros. A Funk You também marcou presença no festival Tribal Tech

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Trend

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Eduardo MuĂąoz

Es p umas borparbaulalhantĂŠm edos: natal


Vamos admitir, muitos de nós sentimos uma admiração e tanto pelas borbulhas. Sempre que ouvimos o barulho da garrafa finalmente sendo aberta depois de dias observando-a, sentimos que nosso coração começa a bater mais forte. Desfrutamos de momentos de felicidade e nossos músculos faciais relaxam com um sorriso tímido. O fato de aquela espuma subir rapidamente ao ritmo das intrépidas e extrovertidas borbulhas atrai a nossa atenção e desperta nossas emoções. Grandes acontecimentos e difíceis conquistas da vida nos levam às borbulhas espumantes, quando então nos permitimos um brinde ao amor, à felicidade e à alegria. Podemos nos perguntar, então: como deveriam ser os vinhos espumantes? O gás carbônico é o principal componente do espumante. Deve ser abundante, para dar volume na boca, e muito bem diluído, para dar persistência. Por isso o tamanho da borbulha é importante. Quanto menor o tamanho, menor o volume de gás que se perde e maior o tempo durante o qual o espumante desprende gás (persistência). Mas quais são as origens do vinho espumante? Se não fosse a descoberta “casual” do famoso monge beneditino francês Dom Pérignon, no século XVII, hoje talvez não fosse possível brindarmos com espumante. De acordo com a lenda, Dom Pierre Pérignon, que também era tesoureiro da abadia de Hautvillers, ao tomar pela primeira vez o vinho espumante Champagne “descoberto” por ele, teria dito: “estou bebendo as estrelas”. O método de produzir vinhos nessa região foi melhorado ao longo dos séculos e ficou conhecido como método tradicional ou Champenoise. Até hoje é a forma mais copiada no mundo inteiro. Vinhos espumantes no mundo Além do famoso champagne francês, também podemos encontrar vinhos espumantes feitos em todo o planeta. Graças aos efeitos do câmbio climático, hoje é possível encontrar espumante da Inglaterra à Austrália, sem esquecer dos principais produtores europeus, como Itália, Alemanha e Espanha. O consumo de vinhos espumantes cresce a cada dia e, embora o champag-

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ne esteja alguns anos à frente do resto dos espumantes por sua história e savoir faire, novos concorrentes aparecem numa velocidade luz para fazer frente à tradicional e pioneira forma de elaborar essa bebida. No Brasil também podemos encontrar vinhos espumantes no sul do país como a Serra Gaúcha ou o Planalto Catarinense. Mas o atrativo principal destes vinhos está ainda ligado à sua condição de produto de luxo relacionado ao sucesso. Enquanto as classes populares continuam brindando com Sidra Cereser em suas festas e celebrações, Moët & Chandon tornou-se uma das marcas favoritas de quem procura festejar seus sucessos com certo glamour. As borbulhas são sinônimo de luxo e diversão. Que o diga Zeca Baleiro, que em sua música Babylon faz exatamente essa associação nos versos “baby i’m so alone, vamos pra Babylon, viver a pão-de-ló e moet chandon”, tornando a marca popular, talvez mais conhecida que bebida devido ao preço. E se alguém quiser beber, também há outros vinhos que prescindem de borbulhas.

Eduardo Muñoz, Sommelier de OFFwines

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Redação

agora espanha

A sensibilidade de Marcelo Mendonça Há quase 5 anos entre o Brasil e a Espanha, o artista visual Marcelo Mendonça vem mostrando a que veio com exposições e feiras de arte em cidades europeias como Roma, Bolonha, Pádua, Viena, Barcelona e Madri. Em 2014 sua Mostra na Áustria o concedeu o título de Embaixador da Paz pela Universal For Peace Federation – Entidade Consultiva da ONU, pelo seu Projeto A Flor da Pele, com uma temática que trata de direitos humanos e sustentabilidade. Aliás, sua trajetória é marcada pela sua militância junto às causas sociais desde que começou em Salvador, sua terra natal, a fotografar personalidades brasileiras e internacionais abraçando crianças com HIV-AIDS, em prol de arrecadar fundos para uma Instituição na periferia da cidade. Além disso, Mendonça tem um vasto trabalho visual na música, pois como diretor de arte no Brasil, trabalhou nos projetos visuais de shows de nomes como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Maria Gadú, Djavan e criou capas para projetos fonográficos de muitos outros, entre eles Gerônimo, Mariene de Castro, Flávio Venturini e ainda o americano Clifton Daves, autor da canção “I Never Can Say Goodbye” gravada por Michael Jackson. Confiram a conversa que a revista Bossa teve com o artista. Bossa - Marcelo, como nasceu a exposição A Flor da Pele e como ela se propagou tanto no Brasil e no exterior? Marcelo Mendonça – Nasceu a partir de minha inquietude frente às inúmeras debilidades sociais que afligem o meu país. No início eu queria apenas pintar o corpo de uma pessoa e fotografa-la

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como um lamento no próprio corpo, uma dor à flor da pele sobre a temática do desmatamento na Amazônia, pois eu tinha sido convidado para participar de uma coletiva em Salvador com o tema de arte sustentável. Com o sucesso da obra e a quantidade de veiculação na mídia local, me senti comprometido a caminhar para uma exposição individual que tivesse mais obras e que abrangesse mais temáticas. Bossa – A partir de então o Projeto A Flor da Pele, que trata de questões sociais, contou com a colaboração de famosos do mundo todo como os ativistas Kweku Mandela (Neto de Nelson Mandela) e Vovô do Ilê Ayê e ainda artistas como o ator Carlos Areces (Los Amantes Pasajeros, de Pedro Almodóvar) e Flávio Venturini, que posaram para sua obra. Como aconteceram os convites para estas pessoas? M a r c e l o Mendonça Algumas delas são pessoas de minhas relações e por isso eu conheço bem suas causas sociais, então a partir disso

eu criava um motivo para pintar nos seus corpos e os convidava. Outras foram a casualidade do encontro, como o Kweku Mandela, que tinha saído da África do Sul para visitar uma casa com crianças com HIV-AIDS em Salvador, a Instituição Beneficente Conceição Macedo, na qual eu já colaborava há muito tempo. Alguns dos que posaram souberam através de alguma mídia e se apresentaram para mim contando que gostariam de fazer parte do projeto. A Flor da Pele tem o objetivo de comparar problemas sociais do mundo, com os problemas sociais encontrados no Brasil e os modelos foram escolhidos a partir de questões que eles viveram de fato, ou então que tenham um verdadeiro compromisso por alguma causa. Então o fato de ser uma personalidade famosa é uma coincidência, pois neste projeto há em sua grande maioria pessoas totalmente anônimas, porém que lutam, vivem ou acreditam em uma causa social. Bossa- Quantas pessoas posaram para o projeto A Flor da Pele e de que lugares são? Marcelo Mendonça – Em média 50 pessoas posaram e são de países diversos, como Brasil, Venezuela, Argentina, Cuba, México, Espanha, Itália, Áustria, Hungria, Macedônia, Líbano, Gana, Angola, África do Sul, China, Síria, Malásia e outros países.

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Bossa – Todos que foram pintados de cada país citado tem alguma conexão em debilidades sociais com o Brasil? Pode citar um exemplo? Marcelo Mendonça- Sim. Por exemplo, pintei o ator Antonio Cerezo, um mexicano, sob o tema do desaparecimento e violência contra mulheres, esse é um tema recorrente tanto no México, quanto no Brasil. A questão de raça e xenofobia, quando pintei o ativista Siwar Ala, Curdo da Síria, e sobre a intolerância religiosa, quanto pintei no corpo do ator Santi Senso, recém-terminado de gravar o Filme 33, em que ele protagonizava Jesus Cristo. A intolerância religiosa é um tema que se agrava no Brasil massacrando as religiões de matriz Africana. Bossa – Seu atual projeto se chama Reverso Paralelo. Do que se trata? Marcelo Mendonça - Esse novo projeto é o contrário do anterior, “A Flor da Pele”. Com cinco anos de investigação de temas sociais, percebi que eu precisava investigar o indivíduo, o que está dentro de cada um e o que dá origem ao seu comportamento quando interage com a sociedade. Então foi deixar de pintar a pele, para criar seus âmagos, seus sentimentos, suas histórias, o íntimo que é capaz de exteriorizar e causar os danos sociais que tratei no projeto anterior. Parafraseando Marisa Montes, é como haver discutido em seu momento o “Universo ao seu redor” e agora ter entrado no “Infinito Particular”, dois projetos que caminham lado a lado, paralelos, para entender o que acontece com o indivíduo e o mundo. Neste caso, como estudo o íntimo, minha relação com o projeto é total, pois ele conta muito do que vivo interiormente e, por isso mesmo, muitas obras são autorretratos.

positivos, tudo de maneira bem transparente, para visualizar o que existe dentro de cada indivíduo. Bossa – Você compõe um grupo de artista na Espanha? Onde fica seu Ateliê? Marcelo Mendonça – Este ano quando participei da Estampa Contemporary Art Fair, no Matadero Madrid, recebi o convite para participar do grupo Cantueso 23 e compartilharmos um galpão em Tetuán, num clima bem alternativo, estilo novaiorquino. No meu grupo estão pessoas talentosíssimas como Alejandra Domic, Almudena Casas Carmona, Ana Retra Moriyón, Beth McGowan, Cristina Valves Curra Rueda, Guillermo Alvarez, Jorge Borondo, Laura Peralba e Maria Álvarez. Bossa – Tem alguma exposição em vista? Marcelo Mendonça – Sim, meu projeto passou em um edital no Brasil e estamos nos trâmites para que aconteça a exposição no início de 2017, em Fortaleza.

Bossa - A técnica é a mesma do projeto anterior? Pinturas em corpos? Marcelo Mendonça - Não há pinturas nos corpos, o processo técnico também é o contrário. Neste caso a fotografia vem antes e depois a pintura. As fotos são a base para minhas pinturas, digitalizo e imprimo em frames e acetatos. Ainda uso dis-

www.marcelomendonca.es Instagram: @marcelomenart

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agora espanha

Redação

Vaudí Cavalcanti grava o seu novo disco e precisa de sua ajuda O músico e compositor brasileiro radicado na Espanha, Vaudí Cavalcanti, está trabalhando no seu novo disco. O projeto chamado Groove Brasil faz parte da celebração dos 25 anos da carreira do músico. Segundo Vaudí, Groove Brasil é um trabalho que envolve muita dedicação e amor. “Será um disco especial, onde trago a música de baile do Brasil dos anos 70 e 80, muito Funk, Samba-rock, mas também Bossa nova e Samba”. O disco conta com a colaboração de convidados de luxo que, de uma forma ou outra, estiveram presentes na vida artística do artista durante esses 25 anos de carreira. Porém, para tornar este projeto realidade sem o apoio de nenhuma multinacional, ou empresa discográfica, ele decidiu lançar uma campanha de financiar para o seu novo disco. “É uma forma de venda antecipada do disco e de entradas para o show”, explicou Cavalcanti.

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O objetivo é arrecadar 5 mil euros. As colaborações podem ser feitas de 10 a 450 euros e terão uma espécie de recompensa dependendo da quantidade que for aportada. O prazo de entrega será no dia 8 de abril, onde se realizará um show no Teatro Filarmónica de Oviedo. Acesse e conheça mais sobre o projeto.


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Redação


Let í c i a e sua flauta mágica

A flautista Letícia Malvares, natural do Rio de Janeiro, viveu em sua cidade natal até chegar a Madri em janeiro de 2015. Flautista com formação acadêmica e grande experiência com a música brasileira e com o flamenco, fez parte da Itibere Orquestra Família, dirigida por Itiberê Zwarg, (baixista do grupo do lendário Hermeto Pascoal há mais de 40 anos) por 10 anos. Foi na orquestra que obteve o que considera a sua formação musical, durante seus muitos ensaios por muitos dias e muitas horas durante esses 10 anos. Também com a orquestra lançou 3 discos: “Pedra do Espia”, “Calendário do Som” e “Contrastes”, além de tocar em grandes teatros do Brasil e da América do Sul. Poucos sabem, mas no Brasil existe uma enorme cena de música e dança flamenca e em lugares que extrapolam o eixo Rio –São Paulo. Letícia faz parte dessa história, e ao lado de grandes nomes do flamenco do Brasil, como Fernando De La Rúa, também participou de diversos concertos ao lado de expoentes espanhóis desta arte como Domingo e Inmaculada Ortega, Carmen La Talegona e Belé López, entre outros. Também é integrante da

Companhia de Arte Flamenca, onde a fusão entre o flamenco e a música brasileira é evidente. Como não podia deixar de ser, também tem vivência na cultura popular com o grupo “Barravento”, que se prepara para lançar seu primeiro disco em 2017. Na Espanha formou o “Dúo Arabiando”, onde ao lado do guitarrista Fernando De La Rúa, trabalha repertório de música brasileira e flamenca, autoral e versão, no qual vez ou outra aparece a mistura dos 2 estilos. Também faz parte da “Roda de Choro de Madrid” e do “Samba de Terraza”. Apesar de não viver mais no Brasil, segue em conexão, fazendo trilhas e produções musicais daqui para lá e de lá para cá. Letícia segue presenteando os que gostam de boa música. “A música me leva para os lugares mais inesperados, física e emocionalmente. E eu pelo menos tento sempre seguir a minha intuição e fazer o que ela, a música, me pede”, afirmou a musicista.

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Encontro de Natal para brasileirinhos

agora madri

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Redação

O Natal é uma época mágica e maravilhosa, principalmente para as crianças, na qual propomos estimular de forma lúdica o conhecimento de nossa cultura natalina por meio de um Encontro de Natal. O Encontro de Natal é uma atividade cultural para promover o uso da Língua Portuguesa como Idioma de Herança e está pensado especialmente para as crianças brasileiras residentes na Espanha. É a oportunidade perfeita para interagir com os conterrâneos e assim participar brincando do verdadeiro espírito do Natal. Com a visita do Papai Noel, elas podem entregar a cartinha preparada no próprio evento, assegurando amplo e descontraído exercício da língua da portuguesa. Não só as crianças se enternecem com uma linda história de Natal e cantam “em português” as belíssimas canções natalinas. É um projeto voluntário, sem ânimo de lucro, bolado e realizado por e para a Comunidade Brasileira. Os fundos para realização do projeto são obtidos por donativos recebidos da própria comunidade brasileira. Dia: 10 dezembro 2016 Horário: das 17h as 19h30 Lugar: Colégio Maior Universitário Casa do

Brasil, Madri, Espanha Apoiam o projeto: Break Coffee 689 44 11 89 Colégio Maior Casa do Brasil www.casadobrasil.org / Dulce Madrid www.dulcemadrid.es Esteticista Ana Paula Pereira 674 571 293 Kibom, Productos de Brasil 692 677 055 O Músico Pedro Moreno Produtos Natura, Eliete Nogueira da Silva 663 323 841 Restaurante, Bar e Churrascaria Vila Brasil http://www.vilabrasil.es/ Revista Bossa Tartas de Ana 910 072 855 Thiago Andreolli Fotografia http://www.thiagoandreolli.es/ Unigran Net Espanha 662 148 906 Projeto Português como Idioma de Herança – ENCONTRO DE NATAL 2016 Info: Regina de Fátima Storniolo Machado Tel. +34 608 572 333 E-correio: encontrodenatalmadri@gmail.com


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Dani Pacheco

MiraMundo lança seu novo disco em Barcelona Uma miscelânea de ritmos, palavras, sentimentos e ideias onde todas as possibilidades de fazer e ser arte se misturam com o sentimento mais puro do gostar do gosto simples de estar vivo sob a ótica de várias culturas. É mais ou menos assim que o grupo musical Miramundo, em seu disco de estreia, apresenta-se no próximo dia 10, às 21h30, no CAT -Centre Artesà Tradicionàrius BCN, em Barcelona. Um coletivo de músicos profissionais e amigos que escrevem e executam canções para serem partilhadas com o seu público em todos os tipos de ambiente, desde pequenos clubes de jazz até grandes teatros. Foi com esta prosposta que o Miramundo surgiu em 2003 e já se apresentou em países como Suíça, Suécia, Áustria, Itália, República Checa, Eslovaquia, Polônia, Estados Unidos e, claro, Brasil e Espanha. A missão do MiraMundo é viajar para todos os cantos do planeta e compartilhar sua coleção de músicas que vão desde a mais íntima até a mais divertida festa que vai atmosfera. As harmonias vocais e histórias próprias convidam os ouvintes para uma viagem mágica. O músico brasileiro-japonês-italiano-português Luiz Murá deixou o Brasil para buscar música e inspiração de diferentes culturas. Nessa viagem, ele conheceu muitos músicos e artistas que tinham a mesma alma “gipsy-traveller” que ele. Naquele encoder MiraMundo nasceu.

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Segundo o idealizador do grupo Luiz Murá, foi em Barcelona que ele encontrou o que já levava no sangue: a mistura dos povos. E esta identidade multicultural o cantor e compositor expressa na sua música. Depois de lançar um disco no Brasil, o “Juquehy”, de 2008, Luiz Murá seguiu na Europa com a produção de seus discos. Em 2012, gravou um CD na Suécia e, no ano seguinte, outro em Barcelona. Em 2015, lançou o disco “Mar” e, agora, o “Miramundo”. Este trabalho é composto de canções autorais e releituras que buscam conexões entre a música de países de praticamente quase todo o mundo. E termina por fazer acreditar que lugares como Japão, México, Brasil e Inglaterra podem estar mais perto do que se imagina. MiraMundo é a fusão de músicos de diversas partes do mundo. Luiz Murá conheceu em Barcelona o violinista italiano Agostino Aragno, o baixista mexicano Ernesto Vargas e a cantora catalã Desirée Garcia Miras. Juntos formam MiraMundo, que através da música e da poesia buscam conexões entre as diversas tradições musicais do mundo, cantando em diferentes idiomas, como: japonês, português, espanhol, francês, turco e inglês. Sem contar que no processo de criação também trabalharam com músicos de Marrocos, Nepal, Turquia, Colômbia e Espanha. É música para agradar o mundo todo.

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agora barcelona

Dani Pacheco

Barcelona foi palco do maior Congresso de Samba de Gafieira da Europa Samba de gafieira, samba-canção, samba de roda, samba-enredo, pagode… Uma coisa é certa! Até mesmo para os brasileiros não é tão fácil, quando se trata de samba, conseguir defini-lo em categorias. O que é unanimidade é que o samba é a dança e o gênero musical considerado dos elementos mais representativos da cultura popular brasileira. Dependendo do tipo de samba, a música é feita com violão, viola ou cavaquinho acompanhado de instrumentos de percussão (atabaque, berimbau, chocalho e pandeiro). O samba de gafieira é um estilo de dança de salão derivado do maxixe dançado no início do século XX. E, neste ano, o Spai Carioca promove nos dias 2, 3 e 4 de dezembro a sexta edição do Congresso Internacional Spai Carioca de Samba Gafieira, em Sant Boi, Barcelona “Esta iniciativa é o resultado de um grupo de pessoas de amantes Barcelona Samba Carioca, mais geralmente conhecido como Samba de Gafieira”, uma forma de dança cada vez mais conhecido e praticado na Europa, mas ainda pouco desenvolvida em nosso país, devido especialmente à falta de profissionais para ensinar e se espalhar”, segundo os organizadores. Cada vez mais, aumenta o interesse pela cultura brasileira na Espanha. E um dos destaques é justamente o Samba de Gafiera, que tem como dife-

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rencial a atitude do dançarino frente à sua parceira: malandragem, proteção, exposição a situações surpresa, elegância e ritmo. SAMBA O samba foi introduzido no Brasil no período colonial pelos escravos africanos sendo, portanto, um estilo que provém da fusão entre as culturas africana e brasileira. Inicialmente, as festas de danças dos negros escravos na Bahia eram chamadas de “samba” e a manifestação durante muito tempo foi considerada um estilo de música e dança criminalizado e visto com preconceito, devido a suas origens negras. Há controvérsias sobre a origem da palavra “samba”, mas provavelmente advém do termo africano “semba” que significa “umbigada”. O samba está presente em todas as regiões brasileiras. Conheça alguns tipos: - Samba de roda: o samba de roda está associado à capoeira e ao culto dos orixás. Essa variante de samba surgiu no Estado da Bahia no século XIX, caracterizado por


palmas e cantos. Nela, os dançarinos bailam dentro de uma roda. - Samba-enredo: associado ao tema das escolas de samba, o samba-enredo é caracterizado por apresentar canções com temáticas de caráter histórico, social ou cultural. Essa variante de samba surgiu no Rio de Janeiro na década de 30 com o desfile das escolas de samba. - Samba-canção: chamado também de “samba de meio de ano”, o samba canção surge na década de 20 no Rio de Janeiro e se populariza no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Esse estilo é caracterizado por músicas românticas e ritmos mais lentos. - Samba-exaltação: o marco inicial desse estilo de samba é a música “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso (1903-1964), lançada no ano de 1939. Caracterizado por letras que apresentam temas patrióticos e ufanistas. - Samba de gafieira: Esse estilo de samba é derivado do maxixe e surgiu na década de 40. O samba de gafieira é uma dança de salão cujo homem conduz a mulher acompanhados por uma orquestra com ritmo acelerado. - Pagode: Essa variante do samba surgiu no Rio de Janeiro na década de 70, a partir da tradição das rodas de samba. Caracterizado por um ritmo repetitivo com instrumentos de percussão acompanhados de sons eletrônicos.

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VEJO BOSSA

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Cooperativo de designers


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MUDANÇA Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros. Viva outros romances. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias. Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.

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Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa. Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda ! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena !!! Clarice Lispector

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Art Direction: Michelle Vasconcelos - michellevvasconcelos@gmail.com - @michelle_ vasconcelos Fotógrafo: Mario Trueba - mariotrueba@gmail.com - @mariotrueba Styling: Maria Grabiela Borroeta - arq.mariabarroeta@gmail.com - @gabrielabj Wendy Zhou Yang - zhou.yang.wendy@gmail.com - @wendyzhouyang Collaboration: Escuela Dmad - @dmadmadrid White Lab - @white_lab_madrid 49


trend

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Marco Cruz


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foodlovers

Tati Sato

Ceia natalina Dezembro é mês de festas! Pessoalmente, essas datas têm gosto agridoce e, às vezes, um tanto amargo. Herança dessa vida de estrangeira que escolhi. Lembro que há mais ou menos 20 anos nossa! Tudo isso? - caminhava pela Avenida Paulista pensando o quanto amava o Natal. Amava. Não o amo tanto mais assim. Além do sentimento de paz e harmonia que tomava conta de mim, era uma época de família. Era tempo de comer o tender da minha mãe e a sobra do peru na casa da minha tia. Era um mês de família e de comilança, um mês que, durante minha infância quase toda, passei no litoral norte em São Paulo. Comia as uvas - do jeito brasileiro e não ao ritmo espanhol - e as gomas de romã, para guardar as sementes. Comíamos peixe na véspera de Ano Novo, sempre - para que o ano seguinte caminhasse para frente. Usava roupa íntima nova e sempre buscava alguma roupa branca nova para pular as sete ondinhas logo depois que o relógio marcava a meia-noite e todos se abraçavam.

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a la Espanha De repente é a minha memória saudosista de tempos que muito provavelmente não voltarão. Esse é o meu décimo Natal morando no exterior e, de certa forma, tudo mudou. Os hábitos mudaram e as tradições também. Já não como mais peru no Natal ou peixe no Ano Novo, mas, agora, como peixe na noite do dia 24 e ave na véspera do Ano Novo (como assim?). Hoje, passo as festas com roupas de inverno, tentando manter um saudável e bonito equilíbrio entre o conforto e um pouco de estilo, o que nem sempre é fácil. Aqui, anseio pelo cordeiro com batatas panaderas - fatias finas de batata assadas, com

cebola e muito azeite - que serve minha sogra dia 25 e descasco minhas 12 uvas para não engasgar durante as 12 badaladas do relógio no dia 31. Aqui ouço “La Gran Noche” mil e uma vezes depois de brindar o novo ano com cava e como torrones no lugar de panettone. Mas, como sempre, tenho a esperança de que o ano que se inicia será melhor que o anterior. Agradeço 2016 com todo o meu coração. Foi um ano lindo. E que todos tenham um ótimo Natal, seja ele com peru, tender, cordeiro ou porco. Porque Natal, apesar da comilança que se supõe dessa data, é uma data de amor, independente da religião ou do prato que se tem em cima da mesa. E, só por segurança, comam as 12 uvas da sorte com roupas íntimas novas. Nunca se sabe, né? E até 2017 – quando a comilança promete continuar!

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agenda

Madri

ENCONTRO DE NATAL

10 de dezembro | 17h | Gratuito Casa de Brasil | Av. Arco de La Victoria, 3 A comunidade brasileira se junta para organizar um natal muito especial para os pequenos. Uma programação que conta com pinturas no rosto, contos natalinos, música com Pedro Moreno e claro, o Papai Noel.

LA BOSSA MAYOR 8 de dezembro | 20h30 | Desde 10€ Galileo Galilei | Calle Galileo, 100 A Bossa Nova é a inspiração desse grupo espanhol. Porém, o show vai além da bossa, entrando pelo samba com muito ritmo.

CRYSTAL FIGHTERS 11 de dezembro | 19h30 | Desde 35€ WiZink Center | Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid O terceiro álbum da banda indie Inglês, ‘Everything Is My Family’, volta aos palcos com único show em Madri.

BRAZILIAN JAM SESSION Toda quinta-feira | 21h Alive! | Calle Felipe Neri, 4 Uma noite de microfones abertos de músicas brasileiras em Puerta de Sol. Todos estão convidados para cantar ou dançar.

FEIJÃO COM SAMBA 11 de dezembro | 14h | Gratuito VOC | Calle Rosario Pino 15 A feijoada brasileira mais tradicional de Madri segue firme com muito samba e alegria.

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Barcelona TROPICAL NYE 2017 31 de dezembro | 21h | Desde 20€ Up&Down | Avinguda Dr. Marañón, 17 O ano novo mais tropical e brasileiro de Barcelona. Organizado pelo Nits Brasil, a festa será comandada por Yorubahia e DJ, que prometem virar a noite com muita animação.

BAILE PERFUMADO 8 de dezembro | 22h | Desde 6€ Grizzly 72 Sports bar | Gran Via de les Corts Catalanes, 586 O tradicional forró das quintas-feiras, completa um ano de existência. Victor Salvatti, João Silva, Anatol Eremciuc, Ed Moreira e Sergio Ferreira compõem o grupo forrozeiro.

MANUEL CARRASCO 28 de dezembro | 21h | Desde 28€ Palau Sant Jordi | Paseo Olímpico, 5 O cantor ourense volta a se apresentar com o seu novo trabalho, chamado Bailar ao Viento.

D’DOM - JAM SESSION BRASIL Todo domingo | 20h30 | Grátis Soda Acústic | Carrer de les Guilleries, 6 A Jam Session brasileira continua aos domingos. Eles vão desde choro, baião, samba, bossa nova até ritmos como o hip hop e funk.

CARLOS RIVERA 14 de dezembro | 21h | Desde 25€ BARTS | Av. Del Paral•lel, 62 Um festival de música brasileira com o Grupo Revelação, Mc Guimê, Diego Faria.

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QUIXOTE macunaíma

Flávio Carvalho

Presente, passado e futuro dos brasileiros na Espanha e na Europa. Vais a Berlim? Não podes deixar de ir na Livraria, um dos mais importantes centros culturais brasileiros da Europa, com as melhores atividades. Lá, um velho amigo pernambucano, Edney, vende todos os livros brasileiros sobre o Brasil e em português que desejares, pela Internet. Se estiveres em Londres e precisar de algo, a Casa do Brasil, do Carlos Mellinger, é o mais recomendável. Carlos, um dos melhores ex-árbitros de futebol que o Brasil já teve, foi Conselheiro Representante dos Brasileiros na Europa, eleito, como eu. Em tempos de Brexit, no Reino Unido também encontrarás a ABRAS, Associação de Brasileiros, dirigida pelo Laércio que chegou há anos como entregador de pizzas e hoje é um vigoroso empreendedor. Uma das mais antigas e importantes associações de brasileiros na Europa, a Casa do Brasil de Lisboa, está aberta aos brasileiros, cada dia. Em Amsterdam, Marcos Viana, teólogo, coordena

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a Comunidade Cristã e é o atual presidente do CRBE. Na Bélgica, encontrará a associação ABRAÇO, que trabalha, principalmente, com os brasileiros em situação irregular. Na Suíça, Irene e Rubens Zwetsch, o Linha Direta, o Conselho Brasilei-

“EM BARCELONA, A CIDADE QUE JÁ FOI UM DOS MAIORES REFERENTES DE ASSOCIACIONISMO BRASILEIRO, PERDEMOS, HÁ DOIS ANOS, PELA CRISE” ro. Na Itália, na França, na Áustria, o Maiz... não faltam associações. Em cada país, encontrarás, por exemplo, uma Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros (como a nossa APEC), dezenas de associações e grupos de capoeira, pontos

de cultura, pontos de memória como os da Capoeira Angola Vadiação e da Associação de Pais de Brasileirinhos na Catalunha, em Barcelona, ou em Madri... A Espanha anda carente desse tipo de associações de trabalho direto de apoio aos brasileiros, principalmente os mais necessitados – salvo a honrosa exceção da Associação Amigos do Brasil nas Ilhas Baleares. Falta trabalho de base social principalmente para os brasileiros mais necessitados. Famílias inteiras em situação de vulnerabilidade social, os que mais sofreram com a crise econômica na Espanha, que atualmente possui os piores indicadores de desemprego. Posso estar equivocado, mas a Espanha já teve todas essas boas associações, que eu gostaria de ter mais notícias e pode ser que estejam ou não, ainda, em atividade: somente em Madri, com ou para os brasileiros, havia a AHBAI (de apoio ao imigrante), NEBE (Núcleo de Entidades), AME (Mu-


lheres Empreendedoras), APLEPLES (de Professores de Português), Span Brasil, El Camino, entre outras. Para mim, não é nenhuma coincidência que todas me lembrem os nomes de mulheres, colegas brasileiras que estão ou estiveram à frente dos trabalhos: Izildinha, Rosângela, Fabiana, Sandra, Mônica... Eu bem sei que o perigo desse artigo não são os nomes que eu me lembro de citar, mas a injustiça com os nomes que deixei, até mesmo por falta de espaço. Em Barcelona, a cidade que já foi um dos maiores referentes de associacionismo brasileiro, perdemos, há dois anos, pela crise, a mais antiga de todas, a saudosa Amigos do Brasil, da qual tive o orgulho de ser o último presidente. Entregamos a chave para não sermos despejados exatamente quando estávamos prestes a completar 40 anos de existência ininterrupta! Não poderia deixar de citar, especialmente, a Associação Coletivo Brasil Catalunya, que ajudei a fundar, em 2007, e segue até hoje realizando diver-

sas atividades (agora com novas propostas como a ACCB, Associação Cultural Catalano Brasileira, a nova associação de brasileiros na Espanha, brasileiras em Barcelona, etc.). Por sorte, aí estão Movida Brasileña, Amigos da Democracia, Diversia, Fuxico, o Comitê de Apoio ao MST... Cada uma “na sua praia”. Sem falar no que foi um dia a ABRAE, Can Brasil, La Casa Creativa, a Rede de Brasileiros em Barcelona, na Espanha, na Europa. E não somente promovendo festas e eventos culturais, mas em tudo aquilo que significa defender nada mais que nossos direitos, nossa cidadania. Evitando que a discriminação, o preconceito e a xenofobia contra os imigrantes os criminalize e jogue todas as culpas sobre as famílias que apenas vem em busca de trabalho e melhores condições de vida. Não esqueçamos que seguem sendo impedidos de entrar na Europa, pelo que na época se chamou de Diretiva da Vergonha (restrições de direitos contra a livre circulação de pessoas). Dezenas

de brasileiros e imigrantes em geral, cada dia, barrados nos aeroportos de fronteiras do chamado Espaço Schengen. E que as previsões das próximas eleições apontam o aumento de votos para a ultradireita e para o novo nazi-fascismo europeu, absolutamente anti-imigração. Não nos surpreendamos, infelizmente, ao pensar que Trump é um fenômeno somente dos Estados Unidos. E tudo isso ocorrerá em um período dessa nova crise política e econômica no Brasil, que incentiva cada vez mais os brasileiros a emigrar, desesperançados com esse novo cenário de governo ilegítimo. É hora de somar esforços, unir-se, associar-se. E não somente ficar esperando dos consulados, com seu papel determinadamente limitado em tudo aquilo que pode e que não pode fazer pelos brasileiros no exterior. E então? Vais a Berlim, a Praga ou a Estocolmo? Se me escreves, pelo menos um bom contato eu poderei te recomendar... cbrasilcatalunya@ gmail.com Aquele abraço.

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