9 janeiro #
Fotografía © Arturo Mieussens. Espectáculo Night, de Cristiane Azem y Myriam Soler. Dançarina: Nerea Luceafarul.
editorial
2 João Compasso
EDITOR Fechamos o ano de 2016 invocando a ode ao movimento, à mudança, ao dinamismo... de Edson Marques e a aposta pelo risco da Clarice Lispector. Abrimos este novo ano fazendo nossas as palavras do último projeto da coreógrafa Cristiane Azem, Meta Metáfora Metamorfoses, para mostrar essa necessidade de mudar para crescer e evoluir. Escolhemos Bossa como cabeceira porque é uma palavra pequena, mas grande em significado. Bossa é um sentimento, uma atitude, uma maneira de ver e viver a vida. Ser Bossa é não ter nem entender de fronteiras, viver a multiculturalidade e a diversidade, todas elas, características intrínsecas do Brasil e seu povo. A cada novo ano se supõe um novo desafio, esse ano não seria diferente. Queremos honrar nosso nome e quebrar as barreiras para que a riqueza e a enorme força cultural, artística e de tendências do Brasil e da América Latina cheguem e inundem cada esquina da geografia espanhola. Dinamismo, transformação, evolução, meta, metáfora, metamorfose... Novos tempos se aproximam e a comunidade Bossa os viverá intensamente.
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SUMáRIO 24 –
Be Natural
26 –
BOSSA FM
Ácido Retinóico Conheça a nova tendência em tratamento facial.
METAMO 8 – Entrevista
Royer Matos Ator brasileiro ganha espaço na televisão espanhola
14 – Cinéfilos
Cinema Novo, Cinema Livre Estreia na Espanha Cinema Novo, do diretor brasileiro Eryk Rocha.
20 –
ART.e
Guilherme Oliveira O diretor brasileiro se destaca no circuito audiovisual com produção autoral.
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Vitrolinha A festa que nos traz de volta a boa música em vinil
Capa Fotografía © Emilio Tenorio. Espectáculo Night, de Cristiane Azem y Myriam Soler. Intérpretes Mariángeles Calleja y Nerea Luceafarul.
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OFORSE 28 – Trend
Festivais de Vinho: beber e dançar As regras em busca da harmonização.
31 –Especial
A culinária brasileira em Barcelona A versátil culinária brasileira se destaca no circuito gastronômico de Barcelona
52 – Foodie Lovers
Roscón de Reyes Uma tradição do mês de janeiro.
56 – Quixote Macunaíma
Ano novo na Espanha 13 coisas para se fazer na Espanha em cada mês do ano novo
46 – Vejo BOSSA
BOSSA em constante transformação Mutante, dinâmica, BOSSA.
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staff DIRETOR João Compasso EDITORA BARCELONA Daniela Pacheco REDAÇÃO Clarice Compasso Daniela Pacheco DESIGNER Trasto Creativo. COLABORAÇÃO Flávio Carvalho, Juliana Bezerra, Rafaella Marques, Tahone Jacobs, Luzie Lima, Michele Vasconcelos, Rodrigo da Matta, Tati Sato, Aline Navarro REVISÃO Claúdia Maciel CONTATO editor@revistabossa.com +34 64 007 41 77
DEPÓSITO LEGAL M-10540-2016 As opiniões expressas por nossos colaboradores são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.
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entrevista
Redação
Royer Matos Ator brasileiro ganha espaço na televisão Espanhola
Brasileiro e talentoso, Royer é uma jovem promessa na televisão espanhola. Atualmente interpreta a personagem “João Constanza” na série Centro Médico, do canal TVE. O acompanhamos em uma sessão de fotos onde fomos muito bem recebidos. Conversa prazerosa e cheia de boas energias, assim foi ditada nossa entrevista.
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“Por mais que tenha iniciado como ator no Brasil, aqui foi onde cresci nessa área.”
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BOSSA – “ Royer Matos”… acho que não conheço ninguém com esse nome, pelo menos com esse “Y” em vez do típico “G”. Um nome diferente, não? RM – (risos) Pois é, é um nome diferente, muita gente tem dúvidas se realmente é meu nome ou se é um nome artístico. Na verdade é um apelido, porque antes de ter uma carreira artística construída, esse nome surgiu na minha vida, meu nome de registro é Rogério (risos). Então, quando cheguei na Espanha há 10 anos, encontrei uma certa dificuldade de aceitação do meu verdadeiro nome e uma chefe que tive começou me chamar assim, Royer. Eu achei um nome curto e com bom som, decidi assumir. Logo, veio bem como nome artístico e acabou ficando. BOSSA – Então você já está na Espanha há 10 anos. O trabalho artístico teve a ver com a tua vinda? RM – Sim, já estou aqui a um tempinho. Na verdade vim para viver uma experiência fora do Brasil, tinha a intenção de ficar 2 anos e voltar para Cuiabá, minha cidade natal, porém as minhas perspectivas mudaram e entre idas e vindas me apaixonei pela Espanha. Por mais que tenha iniciado como ator no Brasil, aqui foi onde cresci nessa área. BOSSA – Como foi esse início, ainda no Brasil? RM – Sempre me chamou a atenção tudo que estava relacionado às artes e tinha muito interesse na interpretação. Desde a época do colégio, eu já participava em todas obras teatrais, inclusive de outras turmas porque era um “fominha” de palco (gargalhadas). Lembro que em um mesmo ano cheguei a fazer 4 personagens, isso sem falar das comemorações como Independência do Brasil, etc.… que eu me caracterizava de personalidades, indígenas e por aí afora. Deveria ter uns 10 anos, e já sonhava com os grandes palcos, porém, para mim, era um sonho impossível. BOSSA – Por que?
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RM – Eu achava que era um sonho impossível, porque não morava em uma grande cidade, porque não tinha nenhuma referência artística dentro do meu círculo familliar. Vivia em um mundo social e cultural muito distante do teatro e da tv. Mas, o tempo passou e comecei a ver uma brechinha, uma pequena possibilidade de chegar a esse objetivo, porém iria custar muito esforço. BOSSA – Foi quando mudou para Espanha… RM – Ainda não. Chegou a época do vestibular e passei pra Licenciatura en Artes pela UFMT, então comecei a minha imersão no mundo artístico. Conheci a diretora de teatro musical, Simone Pompeo, e foi como um amor à primeira vista. Foi minha grande mestre, minha primeira professora de expressão corporal, minha primeira diretora, foi onde tudo começou. BOSSA – Então você começou a atuar profissionalmente primeiro nos palcos. RM – Sim, meu grande objetivo sempre foi o audiovisual, porém o teatro tambem é inspiração, é vocação… e me encontrei ali, nos palcos, fazendo um palhaço. Foi a minha primeira passagem. Naquela primeira apresentação não duvidei, era onde eu mais me sentia realizado. Desde então, sempre estive envolvido com o mundo teatral de alguma forma, é um bicho que te pega e não solta nunca mais. Logicamente, é um mundo muito difícil desde o ponto de vista econômico. Atores de teatro sobrevivem, sobretudo o teatro independente, razão pela qual sempre tive que compaginar o teatro com outras áreas profissionais. BOSSA – Ou seja, sempre trabalhou em outro ofício e paralelamente dedicava horas ao teatro… RM – Sim, sou professor e barbeiro. Profissões que gosto porém tenho claro que quero dedicar mais e mais ao segmento audiovisual.
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que e a ç n a i r sde c e d a v a j e ue alm q a i c [...]” n ê o i v r i e t p e j x b e o a o esse d n “Uma nov a z i t e r conc u o t s e m i por f
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BOSSA – E quando veio para Espanha? RM – Mudei para a Espanha em 2007, na ocasião era tudo uma aventura, porém passou o tempo e gostei cada vez mais da cultura, do povo, da forma de viver e fui ficando. Não demorou muito e comecei a participar de uma Cia teatral, onde fiz diferente trabalho como “Por culpa de la Crisis” e “El zoo de cristal”. Até que em 2015 recebi o convite do ator e diretor Roberto Cordovani para participar 3 projetos da Cia teatral dele em Lisboa e não pensei duas vezes, em menos de um mês mudei para a capital portuguesa e comecei a trabalhar com eles.
RM – 2017 vem com algumas novidades que ainda não posso falar, porém digo que estou muito ansioso, porque vejo meu trabalho funcionando e isso é muito bom em um mercado tão competitivo quanto a TV hoje em dia. Com determinação e muito esforço, não existem objetivos impossíveis.
BOSSA – Claro, trabalhar com Roberto Cordovani já era um prêmio, não? RM – Imagine, fiquei alucinado. Ele tem um talento incrível, só trabalha em grandes produções. Fiquei muito feliz pela oportunidade. Trabalhei com ele no espetáculo “Cabaret Lola”, “A Rainha da Neve” e “Anna Sullivan e Helen Keller – A luta pela inclusão social”. Fizemos duas temporadas em Lisboa, foi uma experiência enriquecedora que me permitiu crescer muito como ator. BOSSA – E Como surgiu a oportunidade de trabalhar na tv? RM – Faz uns dois anos que comecei a ver a possibilidade de experimentar novas experiências, e iniciei meu caminho diante da câmeras. No início é difícil, como tudo. Porém em 2016, recebi a convocatória para fazer uma personagem na série Centro Médico do canal TVE. Fiz o teste e terminei ganhando esse personagem. Uma nova experiência que almejava desde criança e que por fim estou concretizando esse objetivo, que não para por aí, quero seguir lutando e procurando construir uma história legal nessa área que tanto gosto. BOSSA – Quais são os novos projetos para esse novo ano?
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Cinema Novo, Cinema Livre
cinéfilos
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Adriana Cursino
Acaba de estrear na Espanha o último filme do diretor brasileiro Eryk Rocha. Cinema Novo, chega com prêmios importantes, como o de melhor documentário em Cannes, Prix Lòeil D`or, Best Documentary, Colón de Plata Festival de Huelva. Trata-se de um ensaio fílmico composto integralmente por materiais de arquivo: trechos de filmes, entrevistas com diretores do Cinema Novo, noticiários da época. Tudo isso foi resultado de uma vasta pesquisa, que durou anos, e um trabalho de montagem fino. Pode-se dizer que o filme “nasce de dentro”, no sentido de que foi feito pelos filhos de dois dos “cabeças” do Cinema Novo, Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, e o produtor Diogo Dahl, filho de Nelson Pereira dos Santos. A intimidade com a qual o filme manuseia as imagens e os discursos é precisa, íntima e reverenciadora dos aspectos essenciais do movimento que seguem fundamentais hoje em dia. Aí está uma das grandes belezas deste ensaio: trazer à tona um cinema construído com admirável pulsão criativa. Além da proximidade (literalmente) familiar que o diretor tem com o tema, estamos diante de um magnífico e suntuoso filme, que sabe retratar uma época que desapareceu, sem deixar o ar de algo antigo, mas acionando a vida dos discursos que reúne. Há um distanciamento e, ao mesmo tempo, um conhecimento que potencializa a importância do que é dito, que permite ao espectador conectar tais ideias com os tempos atuais. 1962. Entrevistas começam a ser feitas pelo crítico e diretor Alex Viany, no Rio de Janeiro, com o intuito de compreender o que estava mudando no cinema, o Cinema Novo, essa “coisa nova que então corria desabaladamente, como o próprio Brasil”1. A ideia de fazer um livro surgiu no começo dos anos 1980, seria um livro que reuniria entrevistas realizadas com os jovens di-
retores do Cinema Novo a partir de 1962 até meados dos anos 1980. As entrevistas foram organizadas pelo crítico José Carlos Avellar para sua publicação em 1999, com o título de “O processo do Cinema Novo”. A pregunta central de Viany era: “o que é o Cinema Novo?”. “Tratava-se de debater aquela espécie de vale-tudo, de uma reinvenção do cinema ou da invenção de um país entre a realidade e o sonho”2, como dizia Avellar. Viany tentava compreender o que estava mudando no cinema do Brasil, guardando a espontaneidade das conversas e uma imagem viva do cinema brasileiro. Segundo Avellar, o livro foi preparado como se Viany estivesse montando um documentário em som direto, ordenando um copião de longos planos-sequência em torno de uma vontade de se inventar e orientado pela sua própria resposta, a que dá à Revista Novos Rumos, em abril de 1962: “Cinema Novo? É o que ainda não é. Tratemos de construí-lo, cada qual dentro do estilo e do rumo que escolher”3. 2016. Já se passaram mais de 54 anos desde que foram filmados os três “filmes-farol”, que marcam o início do Cinema Novo, Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos), Os Fuzis (Ruy Guerra) e Deus e o Diabo na terra do Sol (Glauber Rocha). Muitas vezes, a ideia de cinema como ação política, como uma “questão de verdade”4 (Paulo César Sarraceni), pode parecer datada. Mas é certo que o cinema de agora permanece vinculado a uma necessidade de se referir à realidade brasileira, ao que vivemos, ao que ocorre ao nosso redor, ao desejo de criar uma “imagem”, uma “forma”, uma “cara” para compreender o que vivemos e o que somos. Passados tantos anos, Cinema Novo, vem mostrar o vigor das ideias do movimento, do compromisso de traduzir o Brasil numa
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linguagem nova de cinema. De seguir a busca de entender este país. “A vontade de querer descobrir o Brasil nos levou a descobrir um estilo, uma linguagem, uma forma de contar bem brasileira”, diz o cineasta Cacá Diegues num fragmento de Cinema Novo. Uma pregunta absolutamente atual, presente em obras mais inquietas, mais autorais, do cinema brasileiro de agora. O que vemos em Cinema Novo é que muitos filmes e pensamentos reunidos resistem ao tempo, não somente pelo impacto estético (e épico) de muitas sequências, pela construção dos personagens mas, principal-
mente, pelo compromisso político e ético com a realidade brasileira. Os filmes do Cinema Novo tiveram a virtude de atingir com precisão questões cruciais do sistema político e social brasileiro, dos nós e entraves provenientes de uma sociedade escravocrata, desigual, de golpes, de um sistema político arcaico, mas de muito misticismo e uma vigorosa riqueza cultural. Estes traços, esse corpo a corpo com a realidade segue pulsante na produção contemporânea mais autoral, como Cinema Novo, de Eryk Rocha. Pela via sensorial e intuitiva, Eryk reafirma a importância do compromisso de questionar o mundo, de pensar numa coletividade que caiba nos dias de hoje. Não é pouco. A geração do Cinema Novo viveu o golpe e revelou um
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Brasil em transe. As gerações posteriores seguem na busca por compreender e traduzir em imagens o Brasil atual. O distanciamento reflexivo que Eryk Rocha constrói no filme é brilhante. A interferência nas sequências, a montagem e o tratamento de som, deixa o espectador livre para experimentar os fluxos: sonoros, de imagem, de pulsão de afeto com imagens extraídas de mais de trinta obras produzidas entre as décadas de 60 e 70. Personagens que correm, esbanjando energia, buscam algo, assim como a câmera, em diversos
movimentos – travelling, na mão, aéreas, planos de ângulos inusitados –, que almejam reinvenção. “Naquele tempo havia um vazio cinematográfico”, dizia Joaquim Pedro numa sequência do filme. A respiração é ofegante, talvez dos dois lados da câmera, existe vida que pulsa e que move. Fragmentos de comentários indicam as ideias, “uma imagem brasileira de acordo com nossas ambições de transformação do Brasil”; “cinema de ruptura”, “gramática, expressão, nova cara”, “o povo brasileiro na tela, cinema novo”, “processo revolucionário”, “sujeito da história”. Palavras essenciais, lanternas para um cinema novo, movimento que ganhava corpo no início dos anos 60 e “foi se criando na
medida em que foi sendo feito” (Mario Carneiro). “Cinema, Cinema, o assunto é cinema”, assim dizia Glauber Rocha. “O princípio foi humano e individual, apoiado por um grupo que queria fazer um cinema diferente daquele que vinha sendo feito… um cinema que fosse integrado na realidade cultural brasileira”, dizia Nelson Pereira. “… Foi a consciência de um grupo de que os problemas humanos não eram somente de ordem individual, mas se inseriam dentro de um momento histórico determinado”,
diz, Ruy Guerra. A ideia de coletividade, de percepção histórica presente nas palavras do cineasta permeia nossa existência, sobretudo nos tempos atuais, marcados por intolerância e impasses político-sociais não resolvidos, mas que têm origem similar, no caso do Brasil, a não distribuição de riquezas, a histórica concentração de poder nas mãos da elite que resulta na desigualdade social. Para Glauber, “…o cineasta brasileiro antes de despertar uma consciência para o cinema, despertava uma consciência política do fenômeno”. A visão de mundo, de cinema, que Eryk Rocha vem expressando em sua obra composta por excelentes filmes como Campo de Jogo (2015), Jards (2012),
Transeunte (2010), Intervalo Clandestino (2006), Rocha que voa (2002), entre outros, certamente ilumina o campo da produção brasileira de traço criativo e questionador. Grande virtude é reconhecer na experiência do passado centelhas de luz que quanto mais brilham, mais se fazem perenes. Eryk Rocha faz um repasso na história do cinema brasileiro centrado nos anos 60, baila livremente pelos arquivos grandiosos daquele momento. Para Leon, “não se pode falar de cultura sem falar de política, não se pode falar de política e não falar
das liberdades individuais” mas, antes de tudo, “… mais importante de que discutir as questões relativas ao processo econômico e de censura especificamente, é discutir aquilo que se vive no cotidiano mesmo… a cultura no sentido mais amplo das relações sociais e do processo da criatividade humana em determinado país e época… a participação de todos no processo geral da sociedade brasileira. Leon conclui, “a participação só existe quando não existe o medo”. Cinema Novo é cinema livre. Para Glauber, “o movimento do cinema novo não existe… existe a ideia. A ideia é eterna, o novo é eterno, de forma que essa ideia prosseguirá”. Cinema Novo, de Eryk Rocha, dá nova vida ao que de fato tem importância.
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Entrevista
Redação
Guilherme Oliveira Faz cinema para gringo ver. Se você ainda não o conhece, escutará muito o seu nome 18
“A competitividade é alta e o egoísmo ou a prepotência fazem parte do dia a dia de muita gente desse grêmio artístico.” Diretor, ator, roteirista, produtor e incrivelmente proativo. Poderíamos dizer que Guilherme Oliveira é um artista multifacetado e que não espera as coisas acontecerem. É um dos fundadores da produtora OCARA, que produz web series e filmes premiados no circuito. BOSSA – Como foi sua vinda para a Espanha? R.: Saí do Brasil com apenas 10 anos, junto à minha família e passei minha adolescência em Portugal. O Brasil sempre esteve presente na minha vida, seja pelo idioma, seja pelos brasileiros emigrantes que viviam lá, seja pelo futebol, pelas novelas, pelas praias, seja por Zé Pequeno ou Capitão Nascimento, decerto que a saudade é forte, mas seja por trabalho ou por estudos, continuei pela Europa. Minha carreira futebolística acabou aos 15 anos quando eu descobri o teatro, o cinema e o Youtube. Contar histórias é um privilégio, saber contá-las passou a ser o meu maior objetivo. Comecei a estudar em Portugal, porém foi na Espanha minha formação. Em 2009/2010 entrei em um centro dramático em Aragón, a “Escuela Municipal de Teatro de Zaragoza”, por 4 anos, logo diversos cursos em diferentes escolas de Aragón, Madri ou Barcelona, seja de produção, direção ou roteiro. BOSSA – Como você descobriu o audiovisual? R.: Eu sou ‘noveleiro’, ou era pelo menos, na Espanha não passam as novelas que nós brasileiros sempre gostamos. Porém, foi entre 2005 e 2006, com a criação do Youtube, que comecei a gerar conteúdo, uma coisa ou outra que viralizou, outras fazem parte da mais profunda “deep web”. Até chegar em “Cañas” houveram muitas tentativas que pouco a pouco me foram ensinando o caminho certo. BOSSA – Qual é o teu maior desafio para trabalhar com artes aqui na Espanha?
R.: No princípio, como ator, sem dúvida o idioma. Tinha muita vergonha no começo de tudo, a falta de vocabulário, encenar personagens em um idioma que você não controla. Me encontrei com gente maravilhosa pelo caminho, mas também me encontrei com gente maldosa. Saber dançar e cantar na chuva é obrigatório, porém, trabalhando todos os dias e ter muita paciência é possível qualquer coisa. BOSSA – Você sente uma especial dificuldade por estar em Aragon e não no eixo, Madri-Barcelona? R.: Aragón é uma zona bonita, Zaragoza é uma cidade tranquila, como sede para nossa produtora é fundamental, porém é certo que viver em uma capital como Madri ou Barcelona significa mais possibilidades, mais janelas que se abrem. Zaragoza às vezes pode ser claustrofóbica, pela mentalidade de alguns, círculos fechados onde existem poucas possibilidades de entrar. A competitividade é alta e o egoísmo ou a prepotência fazem parte do dia a dia de muita gente desse grêmio artístico. Por isso fizemos o nosso próprio círculo, criamos nossa própria OCARA, porém deixamos as portas abertas, gente de Aragón, de Andalucia, Pais Vasco, Equador, Argentina, Brasil, etc. Não importa de onde vêm, e sim que compartilhem a mesma paixão e tenha essa força e vontade de fazer coisas. BOSSA – Você se especializou em Web Serie. Quais são as vantagens de trabalhar na internet? R.: Qualquer conteúdo que você realiza e sobe na rede, é como enviar por uma janela ao mundo. Pessoas de qualquer ponto do planeta podem te ver. A forma que você promove, a estratégia que você utiliza, é o que vai marcar o sucesso ou fracasso de um determinado conteúdo ou outro. É certo que se trata de um formato novo, web serie está para as séries assim como o curta-metragem está para o filme. Vivemos num mundo onde as
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séries têm cada vez mais qualidade, Westworld, Game of Thrones, House of Cards, Stranger Things e tantas outras que marcaram o último ano e os últimos anos, valorizando assim, o formato. Essa narrativa de capítulos, porém mais curtos, a cada dia, está ganhando mais seu espaço, com festivais, novas plataformas e cada vez mais público. BOSSA - Além de muitos curtas-metragens, você assina a direção de duas web series: Cañas, na qual você também trabalha como ator em 40 dias, que ganhou alguns prêmios. Especialmente a última, possuía um grande roteiro e tinha um excelente nível técnico. É rentável produzir essas web series? Quais são as saídas? Você tem pretensão de vender para televisão? R.: Sim, com Cañas, além do mais foi quando ganhamos o nosso primeiro prêmio em 2015 no PradoReal WebFest que se realiza em Soto de Real, Madri. Realmente é só o começo, em 40 dias se diz muito “Esto sólo acaba de empezar” porque é verdade. Em 2013, realizei a minha primeira web serie, depois de algumas tentativas anteriores e
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outros projetos, porém Cañas foi onde pude encontrar um universo de possibilidades e ao mesmo tempo ter personalidade. Rentável de momento não é, porém te abre outras portas que, sabendo utilizá-las, pode ser bastante benéfica. Para 2017, em OCARA existe um total de 4 ou 5 web series e series em projeto, entre outros como programas como OZONE, algo parecido ao Omeleteve, Jovem Nerd ou Pipocando, porém em Zaragoza, na Espanha, esse tipo de conteúdo, apesar de ter como plataforma principal a internet, é possível vender à televisão. Hoje em dia, Atresmedia, Mediaset ou TVE possuem suas próprias plataformas (Flooxer, Mitele, etc.) e surgem cada vez mais, a tendência e que isso continue crescendo. Um novo tipo de televisão está surgindo, HBO, Amazon, Netflix, SmartTV. Dentro de pouco tempo tudo será uma mesma coisa. BOSSA – Geralmente você trabalha com o mesmo grupo de atores. Vocês são um coletivo?
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“Eu digo que estamos fazendo fogo com pauzinhos. Para que haja fogo é preciso constância, trabalho e muita fé” R.: Grande parte dos atores com quem trabalhei foram companheiros da “Escuela Municipal de Teatro de Zaragoza”. O grupo que realizou Cañas 2, logo se juntou e criamos OCARA, uma produtora com muita paixão, tanto pelo teatro quanto pelo audiovisual. Nosso espaço de trabalho é um espaço coworking, diferentes disciplinas juntas, um espaço para compartilhar o que se sabe e fazer o que a gente mais gosta. Atualmente, com os protagonistas de 40 días, Christian Andrade e Claudia Sancho, estou digirindo um texto que também escrevi chamado Blur, que ao mesmo tempo também será uma web serie. A história dos protagonistas antes do espetáculo teatral. No final de Janeiro no Salón del Cine y Series de Barcelona, esse será um dos vários projetos transmidiáticos que levaremos buscando financiamento. Assim como La Guerra, capítulo que atuei com Roberto Millán e a última temporada de Cañas que dessa vez também contará com roteiristas, diretores e atores de Cañas e outras web series da Espanha. BOSSA – O crescimento das produções na internet é notório, inclusive pela facilidade de poder gravar e publicar. Vocês enxergam que é um
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mercado difícil de se destacar? Qual é o segredo do sucesso? R.: Tudo faz parte de um enorme plano. O primeiro é fazer, criar uma personalidade, criar um universo e ter paciência, muita paciência. Quando o plano é grande, é mais fácil se perder, porém é como ver um mapa de uma cidade e buscar o ponto redondo que indica que “você está aqui”. Eu digo que estamos fazendo fogo com pauzinhos, para que haja fogo é preciso constância, trabalho e muita fé. Web series, videoclipes, séries, publicidade, programas, teatro, arte digital, animação, documentários, reportagens, filmes, eventos, festivais, enfim… são infinitas as possibilidades, você só precisa começar por algum lado, começar de algum ponto e seguir em frente. BOSSA – Como você enxerga a função das produções audiovisuais na internet? R.: É uma alternativa ao formato tradicional, um mundo cheio de possibilidades a um click de distância. É positivo, é perigoso, é atrativo, vejo um motor criador de oportunidades.
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be natural
Tahone Jacobs
ÁCIDO RETINÓICO O ácido retinóico uma forma de pró-vitamina A e seus efeitos variam de acordo com a concentração utilizada e do tipo de tratamento empregado. Os dermatologistas e esteticistas costumam usar concentrações mais altas a fim de esfoliar a pele mais profundamente promovendo uma renovação celular mais rápida. Nos cremes de uso noturno, ele aparece em proporções menores tendo efeito mais leve e resultado visível a médio e longo prazo. Os tratamentos à base de retinol são eficientes por causa da leve e constante exfoliação que estimula a formação de colágeno. Este, quando realizado em casa, implica no uso de algum cosmético contendo tal substância, no mínimo, duas vezes por semana, dependendo do estado da pele. Pessoas com peles sensíveis não devem usar continuamente o ativo – o melhor é fazer o uso em dias alternados (um sim, outro não) – e antes de começar o tratamento, fazer um teste em uma
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pequena área da pele e ver se esta não apresenta nenhum tipo de reação como coceira, vermelhidão ou forte irritação no local. Embora se saiba que o uso do betacaroneto proteja a pele contra agressões solares, o uso de produtos contendo ácido retinóico deve ser sempre noturno, pois ele deixa a pele fotossensível. Durante o tratamento o ideal é evitar o sol e, em caso de exposição, usar um filtro solar com FPS 50. Se a pele não estiver bem protegida, o problema pode ser agravado, chegando a fazer com que surjam novas manchas. A partir de quatro semanas, aproximadamente, a pele se mostra mais luminosa e uniforme. Outra grande aliada à iluminação da pele é a alimentação. Alguns alimentos ricos em retinol e que devem ser consumidos frequentemente, são as frutas e verduras de cor amarelo-alaranjada e vegetais com as folhas cor verde-escura.
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bossa fm
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Rodrigo da Matta
VITROLINHA, A FESTA QUE NOS TRAZ DE VOLTA A BOA MÚSICA EM VINIL Discos, vinis, LPs ou “bolachões” estão de volta com toda força. Sou suspeito, porque, além de DJ, sou colecionador de vinis e amante de uma linda vitrola. Quanto mais vintage e retrô, mais apaixonante.
no Rio de Janeiro; no épico Prato do Dia, na Casa Brasilis e no Sobrado, em São Paulo.
Vitrolinha é o nome da festa que nasceu na minha querida cidade, lar de Araribóia e dona de uma das paisagens mais belas do Brasil: Niterói.
Estes foram alguns DJs que já tocaram na Vitrolinha: DJ Tudo, David Tabalipa, Rodrigo da Matta, Cliffy, Corysco, João Pinaud, MB Groove, Tuta, Ruderal, Formiga, Gabriela Ubaldo, Pagu, Jada, Alex Paz, Calani, Fabio Kura, Gustavo Magoo, Liz Tibau, Mohamed Malok e muito outros.
A festa foi idealizada pela DJ Tatá Ogan e teve sua primeira edição no ano de 2007, no São Dom da Praça da Cantareira, uma zona com muitos bares e ponto de encontro de jovens e amantes de boas festas, além da fama de ser a parte boêmia da cidade.
Vale destacar que a Vitrolinha tem um DNA de desenvolvimento da política cultural. No ano de 2014, juntamente com os coletivos Ocupa Lapa e Vinil é Arte, realizaram uma ocupação embaixo dos emblemáticos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro.
A festa aprecia a cultura do vinil e a ocupação de espaços públicos. Além de ser uma festa ideal para escutar “joias da música”, algumas ainda desconhecidas, entre a diversificada gama de gêneros musicais brasileiros. Sons que, na maioria das vezes, não foram lançados em nenhuma outra mídia senão em vinil.
Foi um dia memorável para todos que passaram por ali. Além das pérolas tocadas pelos DJs, houve um cortejo de tambores de Olukum que interagiam com eles. Uma vibe incrível no coração do Rio de Janeiro. “Os gringos ficaram loucos”, diz a idealizadora Tatá Ogan.
Nos 10 anos de existência, já aconteceram mais de 200 edições em Niterói, nos Arcos da Lapa,
Se você tá em busca de diversão e música boa tocada 100% em vinil, confira o calendário Vitrolinha pelo Facebook da festa. Bons grooves pra vocês.
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Trend
Eduardo Muñoz
Festivais de vinho: beber e dançar
Vinho e música podem parecer uma estranha combinação, não é? Estamos acostumados a ouvir os expertos falarem que para acompanhar alguns pratos não podemos deixá-los à nossa intuição, porque existem regras de harmonização. E as regras amigos meus, sempre estão aí fora para que sejam seguidas. Mas, quem está atrás dessas estupendas regrinhas e com que interesse?
É uma pergunta que eu me fiz a um tempo atrás e ainda não consegui resolver. Quantas vezes
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vocês quiseram conectar seu corpo com o espírito para sentir as notas musicais se apoderarem de si? Sonharam em sentir o corpo fluir, deixando expressar essas emoções tantas vezes reprimidas? Sem dúvida são instantes mágicos nos quais a felicidade consegue bater à porta de nossos corações. É isso o que a música faz em nós, traz novamente uma luz de esperança e dá combustível para seguir sonhando. Assim como a música toca o coração, o vinho consegue mexer com nossas percepções e sentidos, mudando a nossa capacidade sensitiva.
Contudo, este tandem (vinho e música) não tem tido o sucesso esperado. Culpar a cerveja ou outras bebidas espirituosas é uma técnica demasiado recorrente. Se bem, é certo que as grandes marcas (de cerveja e espirituosos) fazem campanhas ferozes para ligar sua imagem aos jovens que frequentam os festivais de música mais chiques, é verdade também que o vinho parece ter desaparecido do mapa. Poderia ser que o vinho, por seu legado cultural e seu rol socioeconômico, tivesse mais dificuldades para mexer com um público jovem e sem prejuízos. Daí as dificuldades da indústria vinícola para se desprender dessa imagem antiga e ultrapassada que invade o subconsciente da juventude. Porém, amigos meus, como sempre tivermos a tentação de visualizar o copo meio vazio, existe diante de nossos olhos uma oportunidade de ouro para quem tiver a coragem e intuição para pôr em prática. O mundo está virando rapidamente e as novas tendências do vinho natural estão chegando a todos os rincões do planeta. Com estes vinhos nus, desprovidos de um passado limitante, temos a possibilidade de harmonizar essas duas disciplinas que tão bem se podem complementar. Porque, para produzir um bom vinho e uma boa música é necessário muito trabalho, amor, dedicação e, sobretudo, inspiração. Festivais de vinho e música no mundo A tendência mundial parece nos indicar que a música é cada vez mais suscetível de ser harmonizada com outras disciplinas artísticas e gastronômicas. Não podemos esquecer que o vinho é um alimento, e possui um rol decisivo para alimentar as mentes mais inquietas. Exemplo disso é o Krug Island Festival, um projeto criado pela maison de champagne Krug, no Reino Unido, com uma curadoria de primeiríssima qualidade, tanto no
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quesito musical, quanto gastronômico. No Brasil, temos dados que vêm a confirmar esta tendência, o Festival Internacional de Vinhos e Jazz já é considerado o maior do gênero na América Latina. Um dos maiores êxitos deste festival é que o público tem opções de alimentação variada e uma carta de vinhos para harmonizar paladar e audição. A grande produção de vinhos no sul do país, o enoturismo na região e o grande número de apreciadores de jazz em Curitiba, tornaram possível a organização deste festival. Por isso amigos, não percam mais tempo, vinho e música devem unir seus corpos e mexer com nosso espírito ainda jovem. Bebam e dançem.
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Bianca Alencar
especial
A versátil culinária brasileira se destaca no circuito gastronômico de Barcelona Com opções para todos os paladares, a gastronomia brasileira está muito bem representada em Barcelona. Muitos restaurantes na cidade refletem a tradição, suas tendências, criatividade e o multiculturalismo do Brasil que marca sua variada culinária. Dos restaurantes tradicionais aos contemporâneos, e recentemente abertos, é possível degustar seus pratos mais típicos, bem como conhecer as novidades presentes no circuito gastronômico atual
do país. E, como o Brasil se construiu com tantas influências, os brasileiros se destacam ainda na gastronomia internacional e em fusões de culinárias do mundo, como se pode comprovar também em Barcelona. Nesta edição, destacamos seis destes locais, que estão entre os melhores da cidade. Atendimento especial, ambiente agradável e um rigoroso critério de qualidade no preparo dos alimentos são algumas das suas características principais.
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tos típicos mais famosos do Brasil. Sem sombra de dúvidas, a feijoada é o carro-chefe do restaurante, seguida da picanha e do acarajé, especialidade que a cozinheira nordestina eventualmente oferece dentro de uma promoção imperdível: acarajé e cerveja por apenas cinco euros. Outras estrelas do local são os salgadinhos, sempre frescos. A coxinha é a mais pedida, mas também tem bolinho de bacalhau, empadinha, esfiha, risoles de camarão e pão de queijo. Seus doces e sobremesas também são irresistíveis. Os campeões de pedidos são o mousse de maracujá e os pudins, de leite condensado e de coco. Não faltam ainda deliciosos bolos como o de cenoura e o de milho.
Cantinho Brasileiro, 19 anos de tradição e hospitalidade O Cantinho Brasileiro é um lugar para os brasileiros matarem as saudades de casa, daquele cheirinho de comida da mãe, num ambiente simples e acolhedor. O local é referência na cidade há 19 anos e oferece a autêntica comida caseira do Brasil. Sendo considerado o restaurante brasileiro mais típico de Barcelona, é ponto de encontro de residentes e de amantes de todo o mundo da cultura e culinária do país. Com mais de 30 anos de experiência como cozinheira, Angela de Assis, proprietária do local, é responsável pelo cardápio que passeia pelos pra-
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Visitas ilustres Com tantos anos de tradição em Barcelona, o Cantinho conquista não só por seu apetitoso cardápio. Este local, com ares de típico boteco brasileiro é comandado pela alegria e recebe, eventualmente, visitantes ilustres. Um grande apreciador e visitante assíduo do local é o cantor Mano Chao, que passa às vezes só pra dar um abraço e tomar uma cachacinha com a dona. ¨A última vez que ele veio estávamos apenas eu e meu irmão e o cantor nos prestigiou com um showzinho privado cantando músicas de Luiz Gonzaga. Foi maravilhoso¨, lembra Ângela. A lista de famosos que já apareceram de visita inclui outros ilustres, como Carlinhos Brown, Ronaldinho Gaúcho e André Gonçalves. Os personagens conhecidos costumam aparecer a qualquer hora do dia ou da noite, e de surpresa. Mas, as horas mais animadas do Cantinho são as das noites do fim de semana, regadas a caipirinha, cerveja e boa conversa. A animação fica também por conta da música, com os clipes projetados na televisão do local. Entretanto, para que o Cantinho mantenha essa tradição de ponto de encontro à noite, os clientes devem respeitar as leis do silêncio e não pertur-
bar os vizinhos. Ângela se lamenta da alta multa que recebeu recentemente porque algumas pessoas conversavam na frente do seu local. ¨É muito difícil trabalhar a semana inteira, durante todo o dia, para ter que pagar multa. Não tenho como me responsabilizar pelo barulho que fazem na rua¨, desabafa. Assim, fica o aviso para aqueles que querem passar agradáveis momentos à noite no Cantinho. Quando sair para fumar, ou desfrutar do ambiente externo, silêncio, por favor. E assim, podemos contribuir para que o lugar continue sendo um lar doce lar por muitos anos mais. Serviço: Horário: das 11h30 às 2h, diariamente. Endereço: Rua Ample, 43 Preço médio: pratos para uma pessoa, entre 10 e 14 euros.
Brazilian World Café representa melhor fase do Sabor do Brasil
Após sete meses fechado, o Sabor do Brasil, conhecido restaurante de entregas em Barcelona, está de volta! Agora sob a marca Brazilian World Café, o local se consolida como referência em serviços de caterings e entregas, e se renova na variedade e qualidade oferecidas na Cafeteria, aberta há cinco meses. Sinônimo de comida farta e saborosa a bom preço, o local já tem uma ampla e fiel clientela brasileira e conquista, cada dia mais, o público catalão. Além dos elogios publicados na internet e recebidos durante o atendimento pessoal no local, os números comprovam o êxito desta etapa. ¨Só na Cafeteria, se consomem mais de 30 quilos de picanha por semana. Sinal que estão gostando muito¨, conclui Anailson Lourenço Moreira, proprietário do local. Os salgados, uma variedade de até 18 itens, também merecem destaque. ¨Procuramos que apresente o ponto máximo de maciez da massa e um tempero especial¨, ressalta Anailson. Além do preparo, é
valorizada a qualidade dos ingredientes com que trabalham no local. O feijão tropeiro, por exemplo, outro campeão de pedidos, é preparado com farinha grossa importada do Brasil. A picanha, o estrogonofe e a mandioca são as estrelas dos menus diários, tanto entre brasileiros como entre espanhóis que passam pelo local diariamente. Para adaptar-se ao novo público espanhol crescente, foi criado o cardápio gourmet. Além dos pratos combinados, agora é possível pedir da forma espanhola, escolhendo entre pratos de entrada, principais e sobremesas. Pra começar bem o dia As opções para almoço e jantar são muitas, mas o café da manhã na Cafeteria também é farto, com pão de queijo recém-saído do forno e lanches com pães assados na hora. O local serve ainda diferentes sucos de frutas brasileiras, ótimas pedidas para começar o dia com muita energia. Sem contar que à tarde, é possível recordar no local aquele típico momento brasileiro do bolo e café. Uma boa sugestão é experimentar um bolo de cenoura, milho ou prestígio (apenas alguns dos muitos doces do local), acompanhado de um café de grãos selecionados (80% brasileiro e 20% colombiano). O extenso cardápio também está composto de porções diversas e alguns produtos específicos, como as panquecas e os pastéis de feira. Com tanta produção local, o Sabor do Brasil continua forte com sua oferta de caterings, com serviço completo de atendimento e cardápio. E, para completar, a empresa fornece diferentes produtos para aproximadamente 20 restaurantes em Barcelona, a maioria brasileiros. Não só por isso, a concorrência para Anailson é uma aliada. Ele vê com bons olhos a abertura de novos restaurantes de culinária brasileira em Barcelona: ¨o desafio é necessário, você tem que mostrar que é melhor e o seu concorrente tentará
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fazer o mesmo. E quem ganha é o cliente¨, conclui. Serviço Horário: De segunda a sábado, das 8h às 22h, domingo e feriado, das 9 às 18h. Endereço: Rua Dois de Maio, 281 Preço médio: Menus entre 10 e 15 euros.
Rio D.O.C. – Denominación de Origen Carioca, mais que um lugar para comer bem O Rio D.O.C. – Denominación de Origen Carioca – é o lugar ideal para quem quer fazer do momento da comida algo mais que matar a fome ou saciar a vontade de comer algo tipicamente brasileiro. Se não tiver pressa, o cliente pode passar ali horas sem se entediar. Além de oferecer um cardápio variado e de qualidade indiscutível, o local convida a conhecer mais sobre cozinha, na t e o r i a e na prática. O amplo e moder-
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no espaço, com divisórias de vidro, se divide em cafeteria, biblioteca e uma sala para cursos, equipada com uma moderna cozinha. A estrutura reflete a ideia inicial do projeto. O objetivo dos proprietários, Patrícia e Brunno Guimarães, era que a cafeteria, a livraria e a escola de cozinha funcionassem simultaneamente. Porém, atualmente, a estrela do local é a cafeteria, onde se concentrou a mior parte do público. Prova do sucesso que faz o cardápio local, sob responsabilidade de Patrícia, que também é chef. Há opções para todos os gostos e ocasiões. Todos os pratos, salgados e doces, são preparados artesanalmente, inclusive o açaí na tigela, que pode ser personalizado, acrescentando ou excluindo ingredientes. Mais parecido a uma lanchonete e cafeteria, ainda que não seja um restaurante propriamente dito, de segunda à sexta-feira tem o famoso Prato Feito, com picanha, arroz, feijão e batata frita. ¨Não somos um restaurante de comida, mas tentamos dar soluções¨, diz Brunno. Aos sábados, há costelão de boi e aos domingos, a tradicional feijoada.
MPB e salgados Outra atração do fim de semana no local são os shows de música brasileira, que animam o happy hour às sextas-feiras. Neste dia, os salgados são expostos na barra e podem ser provados por unidade. Destacam-se os dadinhos de tapioca (massa de tapioca com queijo) e as coxinhas. Ótima
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oportunidade para começar a se apaixonar pela culinária brasileira. O cardápio de degustação também é uma boa opção para conhecer um pouco mais da gastronomia do Brasil, sem precisar se arriscar com um grande prato. De entrada, serve-se pão de queijo e caldinho de feijão, de segundo, um sortido de salgados (coxinha e quibe), e, para completar, sobremesa e café. Além das delícias do cardápio, o D.O.C. oferece ainda outras maneiras de desfrutar da gastronomia. As portas da sua livraria estão abertas a todos os clientes interessados. Ali se pode consultar mais de 400 exemplares da literatura gastronômica de vários países. O espaço para a escola de cozinha também continua ativo e pode ser alugado para cursos ou eventos. Além disso, no local, é possível comprar produtos típicos para levar. Os pães de queijo congelados são de qualidade incomparável, segundo Brunno. Serviço Horário: de terça a quinta-feira, das 9h às 21h. Sexta-feira e sábado, das 10h às 22h. Às segundas-feiras está fechado. Endereço: Rua Sardenya, 56, local 3 Preço médio: menus a partir de 9,90 euros
Vilmar, cozinha internacional, com toque brasileiro O jovem Brasil é o país da mistura, berço de grandes comunidades imigrantes que participaram tanto na criação da sua gastronomia como da cultura. Conhecedores desta realidade, os idealizadores do restaurante Vilmar criaram um projeto de cozinha internacional diferenciado. Ali é possível degustar pratos sofisticados de vários países, preparados com um inconfundível toque brasileiro. ¨A ideia era agradar um público abrangente, não só o brasileiro ¨, comenta Dayse Soares, uma das proprietárias do local.
O objetivo já foi alcançado. Em menos de um ano de funcionamento, o local conquistou clientes de várias nacionalidades. Estrangeiros de passagem por Barcelona se encantam tanto com o lugar que deixam de conhecer outros restaurantes locais. ¨Há turistas, por exemplo, que passam quatro dias em Barcelona e jantam todas as noites aqui¨, comenta Carlos Vilmar, sócio de Dayse. O cliente se sente seduzido pelo local antes mesmo de entrar. De limpeza impecável e atendimento personalizado, o restaurante possui uma decoração requintada e sóbria. A reprodução da calçada de Copacabana que decora as paredes do seu interior (o projeto arquitetônico do local é do espanhol Carlos Ojinaga) é o único, porém bem destacado, detalhe que faz referência ao Brasil no salão. Na cozinha, o bom gosto e originalidade ficam por conta dos pratos constantemente renovados, inspirados em conceitos da alta gastronomia. O objetivo é oferecer uma experiência única, a partir de maravilhosos contrastes de sabores, texturas e cores (a apresentação dos pratos também merece destaque). Um exemplo destas receitas cheias de nuances é o cordeiro com redução de framboesa, acompanhado de purê de beterraba, novidade do cardápio que já é sucesso..
Viagem gastronômica E se quiser fazer uma viagem gastronômica através das delícias encontradas no local, não faltam
opções. Por exemplo, para conhecer um pouco da culinária italiana, se recomenda provar o Ta- gliatelle ao limone, que leva nata e um toque de cachaça e é servido com rúcula e brotos de rabanete. Já o salmão cru ao molho shoyu alude à gastronomia asiática. Este prato é servido com rúcula e alho poró. O cardápio passeia ainda por muitos outros países, como Portugal e França. E claro, por Brasil e outros países latinos. A picanha ao molho chimichurri, famoso no Uruguai, é outro dos seus pratos estrela. E, ainda que no cardápio não se priorize a gastronomia brasileira, os almoços aos sábados são verde-amarelos, com pratos típicos como moqueca e feijoada. A variedade de sobremesas diárias também é para brasileiro nenhum reclamar. Quindim, brigadeiro e beijinho estão entre os preferidos. O horário também é abrasileirado. O almoço começa ao meio dia e não tem hora pra acabar, ao contrário de muitos locais espanhóis que abrem das 14h às 17h. ¨Aqui a gente não fecha para almoço¨, brinca Carlos Vilmar, sócio de Dayse. Serviço Horário: de segunda a sábado, das 12h às 0h Endereço: Rua de Rosselló, 209 Preço médio: pratos, 35 euros; menus, a 14,90 euros
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La Carioca Tapioquería, comida criativa e saudável A La Carioca Tapioquería é o mais novo pedacinho do Brasil em Barcelona e o primeiro lugar especializado em tapiocas da cidade que, c o m ape-
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nas três meses de vida, já é um sucesso. O público respondeu positivamente ao local desde o dia da abertura, segundo as proprietárias Mariana Nogueira e Daniela Pazos. Motivos para o êxito não faltam. Além de original, o espaço acompanha a forte tendência gastronômica atual de oferecer uma alimentação saudável, com criatividade. Para seguir esta linha, quase todos os ingredientes utilizados ali são de procedência orgânica ou similar. Além disso, o cardápio passa por constantes renovações e as novidades incluídas refletem também o paladar dos clientes. O produto estrela do local tem tudo a ver com esta tendência de comer algo gostoso e saudável. A tapioca, feita de farinha de mandioca, conquistou prestígio nos últimos anos graças a seu rico poder nutricional e por não levar glúten, proteína ultimamente abolida de muitas dietas. Na Tapioquería, a tapioca pode ser provada com 10 diferentes tipos de recheios. A Tapioca Brasil é a mais pedida. Sua combinação de carne seca com banana e queijo coalho lhe confere um contraste de texturas e sabores que costuma agradar a todos os paladares. A segunda preferida é a Vegana, recheada de champignon, guacamole e
rúcula. Mas, geralmente, a procura maior é pelos sabores mais típicos do local. Assim que a Catalana (de presunto serrano) agrada, por exemplo, aqueles que querem provar algo da Catalunha. Entre as tapiocas doces, as preferidas são as de Nutela (combinadas com morango, banana ou coco) e a de doce de leite com coco. Outras delícias do Brasil O resto do cardápio, que por sinal é bem amplo, oferece opções para provar outras diferentes delícias brasileiras, como pão de queijo, açaí, coxinha, bolos e doces. Além de inovar em sabores e apostar em produtos saudáveis, a Tapioquería segue outra tendên-
cia atual. Já se tornaram famosos seus brunchs, servidos de quarta a domingo. Panquecas, ovos Benedict, pão de queijo e sucos se destacam entre os pedidos. Se quiser ir de fim de semana, bom chegar cedo ou fazer reserva, porque, com poucas mesas e capacidade para 20 pessoas sentadas, o local fica cheio já nas primeiras horas do dia. A La Carioca também se destaca no happy hour, com seus aperitivos e suas caipirinhas gourmets, preparadas com cachaça Premium, açúcar diluído e frutas orgânicas. A mais famosa e original é a de açaí. Outra que já caiu no gosto da clientela é a de manga com coco. Em resumo, cardápio e atendimento de primeira. Certamente, sempre que sobra um tempinho, as
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proprietárias adoram conversar com os clientes, saber opiniões e explicar os produtos.
Serviço Horário: De quarta-feira a sábado, das 11h às 16h e das 18h às 22h. Domingos, das 11h às 16h. Endereço: Rua Ginebra, 2 Preço médio: Entre 6 e 15 euros (tapiocas e caipirinhas a partir de seis euros)
Brigadier, a casa do doce mais querido do Brasil em Barcelona O brigadeiro, o doce mais querido do Brasil, deixou de ser presente apenas nas festas de criança e encontros em casa. A aproximadamente dois anos, pode ser encontrado em várias brigaderías do país, onde é preparado com chocolates nobres e possui diferentes sabores. Reformulado, o produto se tornou tão famoso, que já caiu no gosto de outros países. Em Barcelona, o brigadeiro conquistou o europeu através da Brigadier, onde há 30 versões do doce, além de uma completa oferta de bolos e outras delícias tipicamente brasileiras. O brigadeiro tradicional é o campeão de pedidos entre os brasileiros, já o de crema catalana conquistou os clientes catalães. O de coco, o irresistível beijinho, o de tapioca e o de pistache também
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estão entre os mais recomendados. Podem ser provados por unidade ou em porções. Também vendidos em caixa, são uma ótima opção para presentear os amantes desta especialidade. Além do produto estrela do local, os bolos, autenticamente fofinhos, como no Brasil, também são sucesso na Brigadier, onde todos os produtos são preparados artesanalmente. Com duas fartas camadas de recheio, há opções para todos os gostos. São mais de 10 tipos de bolos no cardápio da loja e, a cada dia, há seis sabores disponíveis no local. São servidos em pedaços generosos e podem ser comprados inteiros também. Entre os campeões de pedidos, estão os de brigadeiro, de cenoura, doce de leite com amendoim, maracujá e o Red Velvet (recheado de mousse de mascarpone). Mas quem quiser por encomenda alguma receita nova, é só pedir, que podem ser preparadas ao gosto do cliente.
Salgados Entre tantas sobremesas deliciosas, as atrações salgadas do local também superam expectativas de paladares exigentes. O pão de queijo é, sem dúvida, o mais pedido. Também são servidas tapiocas, diariamente, presente em 11 sabores. As mais populares são as de carne seca e a de frango, ambas com catupiry e, entre as que são doces, se destaca a de brigadeiro com coco. Também tem coxinha, quibe, esfiha, empadinha de frango, bolinho de queijo, risoles de presunto e queijo e de milho verde com catupiry, e ainda, o saboroso enroladinho de queijo e presunto. Com um cardápio abrangente, a Brigadier, é indicada para todas as horas do dia, ainda
que seja mais frequentada à tarde. É o momento preferido para degustar um pedaço de bolo com café ou outra sobremesa. Ainda que não esteja localizada na parte central da cidade, a loja atrai turistas e muitos outros clientes que moram longe e não se importam em cruzar a cidade para degustar suas delícias. Serviço Horário: De segunda a sexta-feira, das 9h às 23h. Sábado, das 10h às 16h. Endereço: Rua París, 79. Preço médio: pedaços de bolo (3,50 euros), brigadeiros unidade (1,50 euros, o preço pode diminuir de acordo com a quantidade pedida). Seis unidades de salgados (5 euros). .
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Rodrigo da Matta
“NA MINHA CASA” ESTREIA VERSÃO RADIOFÔNICA NA BOSSA FM “Na Minha Casa” é um programa que nasceu em 2015, na casa de seu apresentador, Adolar Marin. Ele, literalmente, abriu a porta de sua casa para receber talentosíssimos músicos brasileiros e bater um papo super descontraído e recheado de muita música boa. E a boa notícia é que neste mês de janeiro, o “Na Minha Casa” estreará na BOSSA FM com programas lançados a cada quinzena. Originalmente, o programa é emitido por vídeo através do canal de YouTube do “Na Minha Casa”. Quando iniciamos a conversa com a produtora do programa, Solange Rocco, foi quase amor à primeira vista e a BOSSA FM deu início a esta parceria. O DNA do programa está totalmente alinhado com o da BOSSA FM, pois, além de contar com uma curadoria musical fantástica, traz à tona aqueles talentos que, em muitas vezes, não ganham a visibilidade midiática que merecem. Já foram 22 programas com grandes nomes da música brasileira, como Zeca Baleiro, Filó Macha-
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do, Sonekka (Caiubí), Élio Camale, Amauri Falabella e muitos outros. O “Na Minha Casa” sempre trará para você três artistas por programa, em três diferentes quadros. O programa começa com um bate papo com música ao vivo. No quadro “Dica Sem Jabá”, Adolar apresenta lançamentos do cenário musical brasileiro. No “Quadro sobre Quadro”, apresentaremos um artista plástico e sua obra. Você poderá conferir todas as referências no site da BOSSA FM. (www.bossafm.com). O programa conta com a brilhante apresentação de Adolar Marin, produção de Solange Rocco e direção, edição e técnica de Fernando Freitas. Você também pode colaborar com essa iniciativa fantástica apoiando o crowdfunding do programa através do site https://recorrente.benfeitoria. com/programanaminhacasa. Fiquem ligados na BOSSA FM - Música brasileira em contexto.
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agora espanha
Redação
Meta Metáfora Metamorfose
Fotografía © Emilio Tenorio Dançarina: Myram Soler
Essas três palavras, carregadas de significado, dão nome à última proposta cênica da coreógrafa Cristiane Azem que faz parte do núcleo de ensino Mujeres Malditas, realizada no seu Estudio de Danza y Arte de Madri. Um projeto que nos cativou desde o início, uma vez que reflete perfeitamente O Espírito Bossa.
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treou no Teatro Galileo de Madri com grande sucesso de público e crítica.
Em suas criações, Azem integra diferentes disciplinas artísticas, tanto no processo de criação quanto no produto cênico, dando lugar a espetáculos de dança cheios de metáforas e significado.
Agora, Cristiane Azem começa o processo de criação Meta Metáfora Metamorfoses, uma sinergia entre a língua castelhana e a língua portuguesa desde a poesia. As letras de poetas como Fernando Pessoa, Federico Garcia Lorca, Alejandra Pizarnik, Miguel Hernández, Rosalía de Castro, Cecília Meireles, Ferreira Gullar e Borges serão a fonte de inspiração para metáforas que se plasmarão no palco através da dança.
No núcleo de Mujeres Malditas, Azem leva suas alunas através de um intenso e profundo processo de imersão na literatura, nas artes plásticas e no contexto social de diferentes épocas. A primeira encenação que nasceu deste projeto foi a Night, um show impressionante com toques góticos e dança butoh que se inspirou nos poetas malditos e na literatura fantástica do final do século XIX. O espetáculo, criado junto com a dançarina espanhola Myriam Soler, es-
Nascida em São Paulo e descendente de libaneses, Cristiane Azem, vive em Madri há mais de 20 anos, onde, além de trabalhar como bailarina e coreógrafa, ela dirige, junto com o artista multidisciplinar Fernando Cea, o Estudio Cristiane Azem Danza y Arte e é produtora artística. Seus shows, muitos deles resultado de núcleos didáticos como o de Mujeres Malditas, foram lançados na Europa, Ásia e África, totalizando mais de 40.000 espectadores.
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VEJO BOSSA
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Cooperativo de designers
Art Direction: Michelle Vasconcelos - michellevvasconcelos@gmail.com - @michelle_vasconcelos Fotรณgrafo: Mario Trueba - mariotrueba@gmail.com - @mariotrueba Styling: Erika Suarez - kaagutz@gmail.com - @kagutzphotoTeresa Sรกnchez - t.sanchezmadruga@ gmail.comAurora Cortes Esbri - auroracortesesbri@gmail.com - @cortezbri Models: Silvia Sรกnchez - sc.silvia@outlook.es - @silviasanchez_ Collaboration: Escuela Dmad - @dmadmadrid White Lab - @white_lab_madrid
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trend
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Marco Cruz
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foodlovers
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Tati Sato
Roscón de Reyes Depois de toda a comilança de final de ano, no dia 01 de janeiro começa, no Brasil, a época de dietas – isso é, se você não for de São Paulo e decidir comemorar o aniversário da cidade com o tradicional bolo do Bixiga (eu não iria). Como não acredito em dietas, essa premissa não se aplica a mim. No entanto, se se aplicasse, considerando a gordola que sou, estaria no país correto: a comilança aqui se estende até o Dia de Reis, dia 06 de janeiro! Woohoo! Se você mora na Espanha há certo tempo, já percebeu que o Dia de Reis é o Natal para os espanhóis. Se não, explico: é nesse dia que os Três Reis Magos, depois da tradicional Cabalgata de los Reyes, trazem o presente das crianças. Então, quando todos voltam para a casa, as crianças abrem os presentes e, junto com chocolate quente – com ou sem álcool – dividem o tradicional Roscón de Reyes, que é uma rosca doce recheada. Em cada rosca, haverá uma figura e um feijão branco: quem receber a figura, será o premiado com o tesouro do roscón; àquele que receber o pedaço com o feijão, será o responsável por pagar o mesmo. Essa tradição vem do século II a.C., quando se festejava o fim do período mais escuro do ano, com as festas dedicadas ao deus romano Saturno. Durante a celebração conhecida como “las Saturnales”, esse doce era o mais típico, embora seu formato fosse outro. Durante o século III d.C., passou-se a esconder um feijão branco que era símbolo de prosperidade e fertilidade sendo, portanto, um símbolo de boa sorte. O significado do feijão mudou durante a Idade Média. Durante a época das festas, os nobres escolhiam uma pessoa insignificante para que se transformasse em rei por um dia. Mas eles não faziam isso por bondade: embora a inversão de
papéis funcionasse e o rei do feijão pudesse mandar e desmandar enquanto os pícaros da corte riam dos cavalheiros, as coisas voltavam ao seu normal no dia seguinte. Quando o dia acabava, o rei do feijão recebia seu castigo e se tornava um palhaço. Já durante todo o mês de dezembro, é possível comprar esse pastel em praticamente todos os supermercados e padarias. O tradicional pode ser recheado com chantilly, cabello de ángel (que é um doce de abóbora), creme de chocolate ou creme pasteleiro. Como o raio gourmetizador chegou ao velho continente, também é possível encontrar sabores gourmet desse doce tão tradicional, o de castanha e marron glacê ou morango ácido e champanhe, da La Rosconada (http://www.larosconada.es/), o de geleia de framboesa e banho de cacau Sacher, da Pastelería Nunos (http://www. pasteleria-nunos.es/) ou o de massa de brioche com água de flor de laranjeira da Moulin Chocolat (http://www.moulinchocolat.com/). Acho que nesse ano compro algum gourmet para provar. O roscón de reyes (bolo de Reis, como é conhecido em Portugal e le Gâteau des Rois, na França) não é meu doce favorito, mas eu gosto da tradição. Gosto das reuniões e o roscón nada mais é que uma desculpa para sentar à mesa, com mais comida, para mais um tempo de sobremesa. A sobremesa espanhola, não a brasileira, melhor esclarecer! ;) E Feliz 2017! Abre parênteses: pouco a pouco, a tradição do Papai Noel está sendo introduzida forçada na Espanha. Particularmente, acho um pouco desesperador para os pais e parentes das crianças, que desembolsam uma grana absurda em menos de dez dias e nem são reconhecidos – afinal, Papai Noel e os Três Reis são os que recebem os louros. Enfim, como já cantava Titãs, capitalismo selvagem, oh oh oh! Fecha parênteses.
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agenda
Madri
FITUR 2017
De 18 a 22 de janeiro | Desde 9€ IFEMA | Av. Partenón, 5 A maior feira de turismo da Espanha conta com a presença brasileira.
ATLANTIC SONS FESTIVAL Até 30 de março | 20h30 | Desde 20€ Teatro Nuevo Apolo | Plaza Tirso de Molina, 1 Festival de música portuguesa. Contará com a presença de Dulce Pontes, Rodrigo Leão, Misia, Katia Guerreiro e outros artistas.
SERGIO PEREIRA 11 e 26 de janeiro | 21h00 | Desde 8€ Sala Clamores (11/01) | Moe Club (26/01) Compositor e violonista brasileiro Sergio Pereira apresenta seu novo álbum Swingando na Espanha. Um disco que recria a atmosfera mágica de lugares como Rio de Janeiro ou Nova York, fontes de inspiração para o artista.
BRAZILIAN JAM SESSION Toda quinta-feira | 21h Alive! | Calle Felipe Neri, 4 Uma noite de microfones abertos de músicas brasileiras em Puerta de Sol. Todos estão convidados para cantar ou dançar.
JOSÉ MERCÉ 19 de janeiro | 21h | 25€ Teatro Circo Prince | Ronda Atocha 35 Um dos maiores nomes do flamengo se apresenta no festival Interfest, apresentando o seu disco novo, Doy la cara.
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Barcelona BAILE PERFUMADO 12 de janeiro | 22h | Desde 6€ Grizzly 72 Sports bar | Gran Via de les Corts Catalanes, 586 O tradicional forró das quintas-feiras, completa um ano de existência. Victor Salvatti, João Silva, Anatol Eremciuc, Ed Moreira e Sergio Ferreira compõem o grupo forrozeiro.
BERTÍN OSBORNE 16 de janeiro | 21h | Desde 50€ Gran Teatre del Liceu | La Rambla, 51 Um dos rostos mais conhecidos na TV, Bertín volta ao cenário ao rítimo de swing e Big band. O disco Crooner é diferente .
D’DOM - JAM SESSION BRASIL Todo domingo | 20h30 | Grátis Soda Acústic | Carrer de les Guilleries, 6 A Jam Session brasileira continua aos domingos. Eles vão desde choro, baião, samba, bossa nova até ritmos como o hip hop e funk.
SALVADORE ADAMO 01 de fevereiro | 21h | Desde 18€ Palau de la Música Catalana | Sant Pere Més Alt, s/n O cantor italiano volta aos palcos espanhóis, dessa vez para apresentar o seu novo disco, La grande roue.
CHAMBAO 03 de fevereiro | 21h | Desde 18€ Palau de la Música Catalana | Sant Pere Més Alt, s/n A cantora apresenta seu novo trabalho, Nuevo ciclo, inovando no seu estilo.
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QUIXOTE macunaíma
Flávio Carvalho
13 coisas para se fazer na Espanha em cada mês do ano novo 1.
Começar bem é começar com uma boa festa brasileira. Sempre digo que para cada dia do ano haverá um show, roda de samba, de choro, de capoeira, etc. bem pertinho de você, e sem que você saiba. Onde eu moro, não conheço brasileira mais festeira que a gaúcha Daniela Fabiano, de Sitges. (E a Bárbara, o William, o Rodrigo, o pessoal da Associação Fuxico...) Na manhã do sábado, telefonei para a Daniela e não pudemos nos encontrar porque a guria estava... numa festinha infantil!
2.
Em 2017, a terça-feira de carnaval coincide com o meu aniversário. Inesquecível! Não se surpreenda se nos encontrarmos, fantasiados, na Escola de Samba Unidos de Barcelona. Os europeus ficam de boca aberta ao encontrar-se com uma Escola de Samba em pleno inverno, com tudo o que um bom carnaval brasileiro merece.
3. Se
eu fosse você, no mês de março aproveitaria
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para agendar a resolução de qualquer serviço consular. Senão, acabarás deixando para os meses onde todo mundo viaja, no meio ou no fim do ano, quando os agendamentos são sempre
“[...] na Escola de Samba Unidos de Barcelona. Os europeus ficam de boca aberta ao encontrar-se com uma Escola de Samba em pleno inverno” mais difíceis de conseguir. Ou então, deixe tudo para última hora, como sempre. Mas depois não reclame! Por outro lado, no dia 17 de março, dia Mundial do Teatro, faremos outra Oficina, bem brasileira. Fique atento! No dia 8 de março, dia delas, também sei de coisas
que a mulherada brasileira já está preparando...
4. Há 10 anos exatos, fun-
damos o Coletivo Brasil Catalunya, em pleno dia do índio brasileiro, 19 de abril. Thafkeane Fulniô é uma autêntica índia que eu conheço de Pernambuco. Mais brasileira, impossível! O seu marido, Jaime, celebra, todo dia 8, a cada mês, uma festinha, grátis, na sua loja de bijuterias (chamada... 8), em pleno coração de Barcelona. E, não esqueça: em abril, a Revista Bossa completa o seu primeiro aninho. Vai ter festa! Vai ter Bossa! E eu estarei lá.
5. Em maio, aproveite para
descansar. Não fazer nada também é muito importante. É uma das melhores coisas que podes fazer por si mesmo. Experimente. Você mesmo – o seu corpo, sua mente – se agradecerá.
6. Se
você gostava das festas de São João no Brasil, quando lá era inverno, a festa daqui que eu mais
recomendo é a véspera de São João, inaugurando a chegada do queridíssimo sol de verão. Só quem enfrentou o frio que eu passei ontem, por exemplo, sabe o que isso pode significar para um brasileiro que escolheu estes cantos do mundo para morar.
7. Tens filhos? Férias esco-
lares! E agora? Desde que a APBC, Associação dos Pais (e Mães) de Brasileirinhos na Catalunha inauguraram as atividades de colônia de férias, ficamos todos um pouquinho mais tranquilos. E não deixe de olhar os calendários de Fiestas Mayores de cada pueblo. Diversão garantida – e muitas vezes gratuita, o que é muitíssimo importante, nessa crise econômica espanhola que massacrou as nossas vidas.
8.
VERÃO! Enfim, agosto. Não preciso dizer nada mais. Mas se você quiser conhecer a Festa de Padroeiro mais típica (Festa Major), com mais tradição e cultura popular, completamente grátis, nas ruas, com a maior diversidade de shows, torres humanas (comigo lá no meio!); o melhor vinho branco (barato) e o bom cava catalão. Venha para a minha cidade do coração: Vilafranca del Penedès, capital do vinho. Quando eu não estiver, por acaso, na praia, pro-
meto apresentar-te o melhor.
9. Setembro.
Não perca tempo: www.diadebrasil. es. Confira você mesmo. Só para ter uma ideia, em 2016 teve Lenine. E eu, claro, o entrevistei para a Bossa. Confira também. E se, afinal, como se espera, houver Referendo sobre a Independência da Catalunha, o tempo vai esquentar mais ainda – e o Mundo inteiro vai estar de olho para o que acontece na Espanha. Eu já tenho a minha opinião. Não deixe de ter a sua ou pelo menos de estar bem informado, seja em que sentido for. Votar é o melhor que pode nos acontecer. Quem ainda fica pensando que a política é coisa somente de políticos, depois não pode vir reclamando, de tudo o que mexe, interfere, com a sua própria vida, da sua família, dos seus amigos...
Voltar é o melhor que pode nos acontecer.”
Aliás, se você não é da capital, aproveite pra conhecê-la. Algum dia da sua vida, as pessoas de boa vida, não podem deixar de “tapear” por Madri.
11. No dia 15 de novembro,
dia da República brasileira, em pleno Reyno Monárquico de España, sempre comemorávamos o aniversário da Associação Amigos do Brasil, em Barcelona, nessa mesma data. Tenho certeza que em 2017 faremos algo para manter viva a chama da saudade dos mais de 40 anos de promoção da cultura brasileira.
12. Dezembro é o mês da
reivindicação dos nossos direitos, como cidadãos do Mundo. No dia 10 é o dia dos Direitos Humanos; dia 18 é o dia dos Migrantes, como todos nós. Mas em 2017, em dezembro, o evento mais esperado é a comemoração dos 10 anos redondinhos de criação da Rede de Brasileiros no Exterior. Quer saber mais? Quer participar? cbrasilcatalunya@gmail.com. No Facebook: Flávio Carvalho ou Quixote Macunaíma. No Tweeter: @1flaviocarvalho.
10. Outubro tem dia das 13. E crianças. Em Madri, assim como em outras cidades, a brasileirada nunca deixa de comemorar, com atividades infantis e pra toda a família.
não esqueça: todo dia é dia de viver intensamente, recomeçar e comemorar. Feliz 2018, 19, 20… e aquele abraço!
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Errata: A autoria do poema de nossa capa da edição de dezembro não é da Clarice Lispector, mas sim do escritor, Edson Marques.
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