CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC – CAMPUS SANTO AMARO Bacharelado em Publicidade e Propaganda.
AUTOR: KARINA GHIZZI MAZONI
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
NO MEU PÉ DE SERRA, A TRAGETÓRIA DO FORRÓ.
SÃO PAULO 2014
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC – CAMPUS SANTO AMARO Bacharelado em Publicidade e Propaganda.
AUTOR: KARINA GHIZZI MAZONI
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
NO MEU PÉ DE SERRA, A TRAGETÓRIA DO FORRÓ.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda, sob orientação do Prof. Felipe Barros.
SÃO PAULO 2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela vida. Aos meus pais por terem se dedicado de corpo e alma para minha educação e me ajudaram a crescer cheia de bons exemplos. Dedico de todo o meu coração ao meu orientador Felipe Barros, quem me auxiliou em todas as etapas deste projeto com total conhecimento, me reanimando sempre que ameacei fraquejar. Agradeço aos entrevistados Paulo Rosa, proprietário da casa de shows Canto da Ema que me recebeu por diversas vezes de portas abertas, e as bandas Rastapé e Falamansa que contribuíram muito com o material desde documentário com suas experiências e vivencias.
RESUMO
Neste projeto foram abordadas as diversas apresentações do gênero musical forró, tais como sua origem, surgimento, variações e também como as mesmas foram transformadas a fim de percorrer novas regiões do país e aproximar outros públicos e novas faixas etárias de ouvintes. Este projeto foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, na região de São Paulo. O objetivo principal é a produção final de um material em formato de curta metragem sobre o assunto tratado.
Palavras - chave Música, ritmo, nordeste, mercado musical e forró.
SUMÁRIO
1
O NORDESTE BRASILEIRO .................................................................................................... 7
1.1 A invenção do forró ........................................................................................................ 9 1.1.1 O nascimento do forró pé de serra ............................................................................... 10 2
VARIAÇÕES RÍTMICAS ........................................................................................................ 12
2.1 Principais artistas .......................................................................................................... 13 2.1.1 A evolução do mercado ................................................................................................ 22 3
O FORRÓ UNIVERSITÁRIO .................................................................................................. 23
3.1 Principais artistas .......................................................................................................... 24 3.1.1 Públicos e locais ........................................................................................................... 29
INTRODUÇÃO
Neste projeto foi analisado a origem do estilo musical forró, uma de suas vertentes, o forró universitário e suas variações de ritmo e publico. Apresentado não somente no universo musical, mas deve ser visto principalmente como um grande objeto cultural no qual carrega em sua composição uma gama de acontecimentos históricos que o faz importante para compreensão da identidade cultural nordestina e brasileira.
Com base nas informações históricas é possível compreender de maneira clara toda a relação do forró com a região do Nordeste do país e, ao longo dos anos com as demais regiões, principalmente com o Sudeste brasileiro. É apresentado também as etapas deste gênero musical como auge de sucesso, momentos de fragilidade, de declínio absoluto até o surgimento de novas variações.
Esta pesquisa inicia-se aproximadamente nos anos de 1940 com o eterno musico Luiz Gonzaga, nesta época o forró começou a conquistar o publico nordestino com seu ritmo formado pelos os instrumentos sanfona, triangulo e zabumba. A partir de agora iremos mergulhar nas evoluções e história deste ritmo que além de ser uma lenda na musica brasileira, é um grande material histórico/cultural do país.
7
1
O NORDESTE BRASILEIRO Quando se pensa em nordeste logo se lembra de uma região seca e de uma população
pobre e fragilizada, mas esta região possui grande contribuição para a cultura brasileira quando se diz respeito a musica, dança e culinária.
O Nordeste brasileiro é composto dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, mais o Território Federal de Fernando de Noronha e parte norte de Minas Gerais (GARCIA, CARLOS 1985), com território de 1660 359 quilômetros quadrados de grandes variações climáticas, culturais e até populacionais. De acordo com Carlos Garcia, em seu livro “O que é o nordeste brasileiro”, o nordeste é dividido em quatro grandes regiões naturais: Mata (região coberta de florestas), Agreste e o Sertão (região de clima semiárido onde a seca prevalece por grandes períodos, clima que ocupa 60% do nordeste), e Meio Norte (área que interliga o Nordeste e o Norte ao Centro-Oeste do Brasil).
Ao se tratar da cultura desta região, é possível observar grande variedade como as danças populares que acontecem em cada estado como na Bahia em que se vê o Maculelê, no Piauí com a Marajuda, Reisado e Cavalo Piancó, no Ceará vemos o Coco, Caninha Verde, Torém, e muitas outras que fazem parte das características regionais de cada estado [GARCIA CARLOS, 1985]. O forró teve inicio nas regiões próximas a Pernambuco, porém, espalhou-se
rapidamente pelos estados e logo tomou conta de todo o nordeste. “Do Sertão a Catinga, Como lhe chamavam os índios Caos de pedras cinzentas cravadas Em desordem no chão de argila seca Paisagem dura, angulosa, trágica, Visão que se estende até o infinito... ¹”
____________________ ¹Trecho da obra: O povo Brasileiro, cap. 06. RIBEIRO, Darcy, 2000.
8
Nas musicas destas regiões nordestinas podemos observar a presença de um importante personagem, o Vaqueiro. Como já dizia Luiz em suas musicas: “O bom vaqueiro Traz sempre no alforge Farinha seca Rapadura, carne assada Mas tem um ponto fraco Que é um vicio que num foge Samba de fole Com mué desocupada
Êi, êi, gado Êi, êi, gado Êi, êi, êi, êi, êi, êi, êi, êi, êi, boi...”²
É denominado Vaqueiro o homem forte e corajoso que se arrisca pelos caminhos áridos da caatinga para cuidar do gado. Seu trabalho diário é percorrer as fazendas em patrulha para que nenhum gado solto se perca deste território. Realiza também a contagem e marcação. Nos períodos de seca o Vaqueiro guia o gado por grandes percursos em busca de água e comida, ele zela pela segurança da criação, quando a seca tarda a passar ele realiza o trabalho de corte e queima de cactos (denominados de xiquexiques e mandacarus) para servir aos animais. O vaqueiro é facilmente reconhecido por suas vestes, chamada de Gibão, esta roupa é produzida de couro cru que seca ao sol e serve como armadura para enfrentar os caminhos difíceis e espinhosos. Mais que uma proteção o Gibão é visto como uma farda, motivo de grande orgulho aos vaqueiros. Em seus caminhos é característico ouvir em seu cantar o chamado “Aboio”, canto usado para conduzir o gado e que transmite seus sentimentos em versos a sua vida trágica e lúdica. Este herói do sertão somente pausa de sua rotina diária por dois acontecimentos: as festas religiosas, que indica a fé destes nordestinos, normalmente ___________________ ²Trecho da canção “Vida de Vaqueiro” composição de Luiz Gonzaga. ³Significado de Profano de acordo a consulta em 08 de novembro de 2014 disponível em: http://www.dicio.com.br/profano/ : Que é estranho à religião ou não está de acordo com os preceitos religiosos. Que desrespeita a santidade de coisas sagradas: ações profanas diante dos preceitos bíblicos.
9
são marcadas por missas, procissões e cavalgadas e as profanas³, festas onde acontecem competições de vaquejadas, pegas-de-bois e cavalgadas.
1.1
A invenção do forró A origem da palavra forró possui duas explicações para o seu surgimento, a primeira
hipótese é vista como mais popular, segundo o professor e folclorista Pernambucano, Valdemar de Oliveira, nas décadas de 1920 e 1930, as empresas inglesas, "Pernambuco Tramways Power Company Limited, e Great Western Railway Company" que vieram para o interior Pernambucano no intuito de construir ferrovias, promoviam grandes festas, a principio para pessoas importantes da sociedade, porém em determinados eventos o convite era estendido para funcionários e moradores da região, nestas ocasiões havia os letreiros "for all" ( que significa “para todos”, na língua inglesa), sendo pronunciado popularmente de "forró". Nestas festas predominavam vários estilos musicais, compostas principalmente pelos instrumentos, triângulo, sanfona e zabumba. A segunda hipótese levantada pelo historiador e também folclorista, Luiz da Câmara Cascudo, cujo acredita que a tese do "for all" não passa de uma lenda e que na verdade a origem do forró se deu do termo africano forrobodó¹, assim eram chamados os bailes da ___________________ ¹Significado de Forrobodó de acordo a consulta em 13 de abril de 2014 em http://www.dicio.com.br/forrobodo/ “Festança, baile caseiro, bem animado, com comezainas e bebidas. Festejo popularesco e ruidoso. Confusão, desordem, algazarra.
10
região, e com o passar do tempo pela facilidade da pronúncia foi reduzida para "forró". Esta versão é a mais aceita pelos os historiadores, pelo fato de possuir indícios de citações do forrobodó no século XVII, bem antes da vinda dos ingleses para o Brasil [MARCONDES, 2000]. Independente da origem pode-se entender que se trata de uma festa pelo som do triângulo, sanfona e zabumba, cujo compunham vários ritmos dentre ele o xaxado, baião, xote, coco e pé de serra.
1.1.1
O nascimento do forró pé de serra Considerado o primeiro estilo de forró, o Pé de Serra nasceu por volta de 1940,
(SILVA; LEANDRO, 2003), caracterizado pela combinação de instrumentos sanfona, triangulo e zabumba pode ser diferenciado pela forma de se dançar que consiste no ato de arrastar os pés, sendo chamado posteriormente de Arrastapé. Neste período de surgimento, o ritmo foi divulgado por Luiz Gonzaga que fazia sucesso com a sua primeira musica: Vira e mexe. Apresentava-se na televisão e aos poucos foi propagando o ritmo por todo nordeste. Com seu primeiro grande sucesso musical chamado Chamego, ganhou grande destaque e começou a tocar em bailes, bares, festas na região sudeste do país principalmente no Rio de Janeiro. Aos poucos Luiz Gonzaga foi espalhando seu contagiante talento pelo Brasil, lançando musicas como Asa Branca, classificada a principio como xote e hoje uma eterna lenda do forró no país. Com o grande sucesso de Gonzaga surgiram ainda mais músicos que chegaram para engrandecer o forró pelo país, podemos destacar como grandes músicos deste ritmo Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Marinês, Dominguinhos, Mestre Zinho, Os 3 do Nordeste, entre outros que iremos citar no decorrer deste projeto. Em destaque a musica mais conhecida de Luiz Gonzaga, Asa Branca. “Quando olhei a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
11
Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornalha Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração.”
Luiz espalhou suas músicas por todo o país, disseminando e consolidando-o como patrimônio nacional, a partir daí o ritmo partisse para outros caminhos. Hoje o forró é dividido em várias vertentes, em sua maioria mais conhecidas no nordeste do país.
12
2
VARIAÇÕES RÍTMICAS Hoje, o forró possui algumas variações de ritmos, nestes pode ser observado
alternações instrumentais e também nos passos usados nas danças entre casais. O Forró Pé de serra ou forró tradicional é conhecido como o ritmo em que deu origem ao forró no Nordeste do país, é caracterizado por ter como fonte de inspiração artística o universo rural do sertanejo, no Nordeste. É tocado por trios compostos de zabumba, sanfona e triângulo (SYLLOS; MONTANHAUR, 2002), instrumentos que deram origem ao ritmo. É dançado entre casais e a grande característica é o ato de arrastar os pés, neste inicio o forró acontecia em locais abertos e secos e esta forma de se dançar ajudava a evitar a poeira.
O Baião surgiu na mesma época que o Pé de Serra e também teve como principal criador Luiz Gonzaga, o ritmo se diferencia do forró pé de serra por ter características parecidas com as danças de cultura africana como o Lundu¹. Este ritmo é dançado com passos bem marcados e em uma velocidade um pouco mais forte, onde o cavalheiro guia a dama em passos rápidos. Já o Xote possui raízes europeias, onde era dançado em salões urbanos, ao chegar em nosso país foi adaptado por Luiz Gonzaga que o nomeou desta maneira, malandro e/ou xote de forró, assim foi chegando aos locais rurais do país e hoje é também apresentado por trios e bandas jovens como Bicho de pé, Circuladô de Fulô e Aurélia Meireles, Rastapé e Falamansa. Caracteriza-se por ter um ritmo calmo, onde se dança de corpos colados. Pode ser visto como uma dança romântica. O Xaxado é uma dança típica nordestina que teve origem por volta de 1920, este ritmo começou a ser exercitado pelos Cangaceiros da época de Lâmpião. O nome dado possui duas versões diferentes, uma delas se refere à onomatopeia em que diz respeito à maneira de dançar e ao barulho das alpercatas que os cangaceiros usavam nos pés. Também podemos destacar uma segunda versão sobre a origem do nome xaxado, este seria uma dança para se usar coreografias, nesta época também se distinguia o nome xaxado para o som produzido e a dança no qual era realizada neste som seria a dança pisada. O principal divulgador deste ritmo não poderia ser outro, Luiz Gonzaga semeou o ritmo em todo o nordeste e Brasil. ___________________ ¹ Lundu trata-se de um gênero musical de origem africana no qual chegou ao Brasil no final do século XVIII. O ritmo foi criado a partir dos batuques dos escravos e foi muito praticado por eles, onde usavam da dança e canto para expressar manifestações, suas origens e a cultura que pregavam. (Referencia: http://www.brasilcultura.com.br/cultura/lundu-dancas-e-ritmos-do-brasil/)
13
2.1
Principais artistas Desde o inicio do forró tradicional até o total sucesso alcançado por Luiz Gonzaga em
outras regiões do país, houve simultaneamente, um surgimento de outros grandes nomes da musica brasileira que participaram da história do forró, neste capitulo será apresentado um pouco da historia e a contribuição de cada um deles na criação e formação do forró. Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga do Nascimento considerado o grande propagador, compositor e cantor do forró era pernambucano e nasceu em 13 de dezembro de 1912 na cidade de Exu/PE. Quando pequeno Luiz Gonzaga, chamado como Lula pela família e conhecidos, ajudava seu pai com o seu trabalho, fazendo e consertando sanfonas, sendo o estopim para seu talento com este instrumento, já que aprendeu a tocar por intermédio de seu pai Januário, que ensinou o garoto e desde então se encantou pelo fole. Aos 8 anos foi chamado para substituir um sanfoneiro ausente em uma festa tradicional no terreiro de um fazendeiro, essa foi sua primeira apresentação pública que se tem notícia. Lá Luiz conquistou a simpatia de todos com seu talento e carisma. Em sua adolescência acabou ficando conhecido pelas cidades vizinhas e aos 13 anos Luiz comprou sua primeira sanfona com dinheiro fruto de um empréstimo concedido pelo coronel Manoel Ayres de Alencar e passou a trabalhar com ele a fim de quitar sua divida. Na mocidade, Gonzaga serviu por alguns anos o exercito brasileiro deixando de servi-lo em 1939
14
tentou retornar a sua terra Natal, mas acabou ficando no Rio de Janeiro onde fez sucesso tocando ritmos da época como valsa, tango, choro, foxtrotes entre outros. Ao fim de 1940 e inicio de 1941 Luiz Gonzaga, depois de muitas tentativas, ele realizou mudanças em seu repertório e conseguiu ser aprovado em primeiro lugar em um show de calouros de Ary Barroso, na radio Tupi onde iniciou um novo grande período de sucesso e passou a ser visto como o maior sanfoneiro do nordeste, e até do Brasil. Em 1945 foi gravado seu primeiro disco como cantor e dai por diante sua carreira de sucesso seguiu em crescimento com a gravação de muitos outros CDs. Neste mesmo ano conheceu Humberto Teixeira com quem manteve uma grande parceria e em 1951 foi consagrado o Rei do Baião juntamente com Humberto Teixeira chamado de Doutor do Baião.
Nos próximos anos Luiz continuou a fazer sucesso por todo o Brasil e chegou a tocar em outros países vindos a falecer em agosto de 1989, aos 76 anos deixando marcado na cultura musical brasileira centenas de musicas. Durante sua vida, Luiz obteve ajuda de vários compositores que foram parceiros e peças fundamentais para todo o sucesso deste artista, a seguir é possível conhecer um pouco mais da história de cada um deles.
Miguel Lima Foi o primeiro parceiro musical de Luiz, conhecendo-o em 1941, com ele compôs sucessos como Xamego, Cortando Pano e Dezessete e Setecentos.
José Marcolino
15
José Marcolino nasceu em 28 de junho de 1930 na cidade de Sumé na Paraíba, fazia grande valorização às tradições nordestinas e tinha muito contato com os cantadores de prosas sertanejas da época. José compunha suas musicas inspirado pelas paisagens, cheiros, cores e amor do Nordeste, assim falava em suas composições sobre o Cariri² e a vida dos nordestinos.
Marcolino tentou, por diversas vezes contatos por cartas com o Rei do Baião, mas nunca obteve retorno. Certo dia ele descobriu que Luiz estaria em sua cidade e logo tratou de procura-lo para apresentar suas musicas, foi tratado com certa indiferença e saiu deste curto encontro com certo desanimo, mas Marcolino não desistiu e continuou a tentar apresentar suas composições e logo conseguiu, Luiz aceitou gravar as musicas de Marcolino e o convidou para ir até o Rio de Janeiro onde deram inicio a uma grande parceria que renderam musicas como: Reboco, Pássaro Carão, Saudade Imprudente, Cacimba Nova, Serrote Agudo entre outras.
Em 19 de setembro de 1987 José Marcolino sofreu um grave acidente de carro e veio a falecer deixando sua marca na carreira de Luiz Gonzaga com suas musicas.
Humberto Teixeira
16
Nascido em 1915 na cidade Iguatu/CE, Humberto foi um grande parceiro de Luiz Gonzaga na composição de suas musicas e contribuiu diretamente ao sucesso do baião por todo o Brasil. Aos 15 anos foi para o Rio de Janeiro em busca dos estudos, formou-se em direito e aumentou seus conhecimentos culturais e musicais. Humberto já provia de grande paixão pela musica e, via seu cunhado Lauro Maia conheceu Luiz Gonzaga, este encontro ocorreu em agosto de 1945 onde Luiz apresentou a Humberto suas ideias referentes à divulgação do forró.
Humberto se interessou em propagar esta musica em sua terra e nos grandes centros do país e neste mesmo dia os dois já iniciaram a composição de Asa Branca e No Meu Pé de Serra. Com essa parceira o Baião passou a ser destaque na Musica Popular Brasileira. O Doutor do Baião, como era chamado, passou a sua vida se dedicando a politica e a brilhante parceira com Luiz Gonzaga, com ele participou da composição de musicas como: Baião, Juazeiro, Mangaratiba, Vai Saudade e muitas outras. Humberto faleceu e m 1979 aos 64 anos deixando um grande legado que está presente nas musicas cantadas por Luiz.
Zé Dantas
Nascido em 27 de fevereiro de 1921, José Dantas Filho nasceu na cidade de Carnaíba/PE. Mudou-se ainda garoto para Recife onde participou de elaborações de jornais estudantis, assim que alcançou a maioridade iniciou participação em programas da Rádio
17
Jornal do Comércio, considerada a mais importante do Nordeste. Zé Dantas tinha grande conhecimento ás tradições sertanejas e já compunha musicas baseado neste universo.
Conheceu Luiz Gonzaga em um grande hotel em Recife, com timidez mostrou suas composições para o rei do baião que se encantou e decorou algumas delas, prometeu gravá-las em seu próximo disco. Nos anos 50 Zé Dantas, já formado partiu para o Rio de Janeiro onde fez residência no Hospital dos Servidores e, pela proximidade nesta época com Luiz a parceria de ambos chegou ao auge, juntos eles compuseram muitos sucessos como: Vem morena, Riacho do Navio, Sabiá, A volta da asa branca, Acauã, e muitas outras.
Zé Dantas faleceu em 11 de março de 1962 deixando grande contribuição a carreira e sucesso de Luiz Gonzaga e a musica nacional brasileira.
Onildo Almeira
foi poeta e musico e compôs em sua vida mais de 500 musicas. Sua parceria com Luiz Gonzaga iniciou-se em 1957 quando Luiz gravou sua musica: Feira de Caruaru, esta que ganhou o mundo e foi tocada em mais de 43 países. Luiz Gonzaga gravou pouco das musicas de Onildo, pois ambos trabalham de maneiras diferentes, Onildo gostava de compor sozinho e já Luiz sempre entregava suas bases
18
musicais para que seus parceiros elaborassem as letras. As musicas gravadas por Luiz foram A hora do adeus, Sanfoneiro Zé Tatu e Aproveita Gente.
João Silva
João Leocárdio da Silva nasceu em 16 de agosto de 1935 na cidade de Arcoverde/PE, aos 17 anos já compunha e mudou-se para o Rio de Janeiro onde se apresentou no programa “Domingueira” na rádio Mayrink Veriga e cantou “Crepúsculo sertanejo”. Conheceu e iniciou parceira com Luiz Gonzaga em 1960, com ele lançou grandes sucessos como a marcha junina “Piriri”, “A sanfona do povo”, “Não foi surpresa”, “Crepúsculo sertanejo”, “Garota Todeschini”, “Lenha verde”, “Meu Araripe” e muitas outras. João compôs mais de 2.000 canções e trabalhou junto a grandes músicos como Dominguinhos, João do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, entre outros. Foi também um grande produtor musical, onde animou a produção de discos de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Trio Nordestino.
Dominguinhos
19
Nascido em 12 de fevereiro de 1941 na cidade de Garanhuns/PE, José Domingos de Moraes, filho de mestre Chicão, que afinava e tocava fole de oito baixos. Dominguinhos, como era chamado começou a tocar pandeiro quando tinha apenas 7 anos em um trio formado por mais dois irmãos, tocavam em feiras livres e em porta de hotéis. Conheceu Luiz Gonzaga ainda pequeno, Luiz viu o menino tocando na porta de um hotel e se encantou pelo talento de Dominguinhos, assim entregou o endereço de onde morava no Rio de Janeiro para que o menino lhe procurasse. Em 1954 Dominguinhos foi morar com sua família no Rio de Janeiro, e lá procurou Luiz Gonzaga que o apadrinhou e lhe deu sua primeira sanfona.
Neném do acordeon, como passou a ser chamado de Dominguinhos, passou a tocar em restaurantes e bares no Rio de Janeiro e logo foi convidado para tocar em shows de grandes cantores como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Betânia. Assim Dominguinhos começou a se destacar no universo musical e aos poucos passou a tocar seu forró por todo o Brasil, realizou parcerias com grandes músicos como Anastácia, Chico Buarque, Nando Cordel e Gilberto Gil. Com eles gravou grandes sucessos como “Tantas Palavras”, “De volta para o meu aconchego”, “Isso aqui ta bom demais” e muitas outras.
Dominguinhos faleceu em 23 de julho de 2013 deixando grande contribuição para a música nacional.
Marinês
Inês Caetano de Oliveira nasceu em 16 de novembro de 1935 na cidade de Recife/PE, mudou-se para a Paraíba ainda criança, a música já estava em suas essências, pois seu pai era seresteiro e sua mãe cantora em igrejas. Com 10 anos começou a participar de concursos de calouros, se inscreveu em um concurso de uma rádio local e decidiu acrescentar
20
Maria antes de seu primeiro nome. Casou-se aos 14 anos com um sanfoneiro chamado Abadias e em 1949 formaram uma dupla chamada “Casal da Alegria”, No inicio dos anos 50 o zabumbeiro Cacau uniu-se a eles formando o Trio “Patrulha do Choque do Rei do Baião”. O Trio passou a fazer shows nas cidades em que Luiz tocaria, assim iam anunciando a vinda do Rei do Baião.
Na cidade de Propriá/SE, Marinês conheceu Luiz Gonzaga e na mesma noite fizeram um show juntos e Luiz a nomeou Rainha do Xaxado. Marinês foi a primeira mulher a participar de um grupo de forró. Marinês veio a falecer aos 71 anos vitima de um AVC em 2007 deixando uma lista de sucessos musicais como Saudade de Campina Grande, Sou o estopim, História de Lampião e muitos outros.
Jackson do Pandeiro
José Gomes filho nasceu em 31 de agosto de 1919 na cidade de Areia/PE, filho de cantadora de coco, o menino cresceu ouvindo os sons de zabumba e ganzá. Aos 13 anos foi morar em Campina Grande onde trabalhou como entregador de pães e em serviços gerais. Aos 17 anos aceitou um convite para trabalhar como baterista no Clube Ipiranga, nesta época já era chamado de Jack, apelido que ganhou na infância. Em 1939 conheceu e formou uma dupla com José Lacerda, irmão de Genival Lacerda. Já no inicio de 1940 mudou-se para João Pessoa, onde continuou a tocar em bares e cabarés. Em 1948 foi trabalhar em uma emissora de radio chamada Jornal do Comércio em João Pessoa e foi neste momento que lhe foi sugerido a mudança de nome para a Jackson, pela melhor sonoridade e pronuncia.
21
Aos 35 anos, Jackson do Pandeiro gravou seu primeiro grande sucesso chamado “Sebastiana” de Rosil Cavalcante e logo em seguida gravou um segundo sucesso, “Forró em Limoeiro” de Edgar Ferreira. Jackson casou-se pela primeira vez em 1956 com Almira Castilho com quem formou uma dupla, ele cantava e ela dançava ao seu lado nos shows, em 1957 Jackson se separou de Almira e casou-se novamente com a baiana Neuza Flores, com quem permaneceu até pouco antes de seu falecimento. Jackson mudou para o Rio de Janeiro neste mesmo ano e onde trabalhou na Radio Nacional lançando sucessos como: “O Canto da Ema”, “Um a Um”, “Xote de Copacabana” e “Chiclete com banana”. Jackson dividiu palco com Dominguinhos por diversas vezes e chamava atenção por sua maneira de se apresentar, sempre dançando no palco. Aos 63 anos Jackson do Pandeiro faleceu em um hospital em Brasília, vitima de uma embolia pulmonar.
Elba Ramalho
Elba Maria Nunes Ramalho nasceu em 17 de agosto de 1951 em Conceição do Piancó/PB, aos 11 anos foi morar em Campina Grande junto a sua família e foi nesta cidade que iniciou sua vida artística em participações em teatros e corais da escola onde estudava. Tinha grande influencia pela musica que partia de seu pai, João Nunes que, além de agricultor foi instrumentista de orquestra.
Elba cantou pela primeira vez como vocalista em shows de Alceu Valença nos anos de 1974 a 1979, neste mesmo ano lançou seu primeiro disco que contava com participações especiais de Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Zé Ramalho, Vinicius Cantuária, entre outros. Em 1980 lançou seu segundo disco onde gravou grandes sucessos
22
como “Porto de Saudade” de Alceu Valença, “Légua Tirana” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e “Imbalança” de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Até os dias atuais Elba continua fazendo muito sucesso por onde passa e representa o forró pé de serra por todo o país.
2.1.1 A evolução do mercado Vimos acima que Luiz Gonzaga e todos os artistas que surgiram com ele neste ritmo tiveram dificuldade em tornar o forró tradicional um sucesso. Desde o inicio, eles tinham uma visão clara sobre o processo evolutivo do forró, viam que teriam que se esforçar muito para que o forró continuasse nas mídias e não caísse no esquecimento, por isso, investiram forte no rádio como canal de propagação da musica e como forma de aproximação dos artistas e seus ouvintes. As grandes mídias da época não apostavam muito no forró devido à competitividade entre outros ritmos da época, como a Bossa Nova. O forró era visto como algo regional e por mais que Luiz fosse convidado para tocar nos melhores clubes das cidades, ainda havia uma grande resistência da classe média que rejeitava suas musicas devido ao seu sotaque “carregado”. Como solução para isto, Luiz começou a passar suas canções para outros intérpretes como Ivo Curi e Camélia Alves e só mais tarde ele conseguiu cantar suas próprias canções, começando pelo Nordeste e ganhando o país. Luiz, desde o início possuía uma visão de mercado para as musicas que produzia como se tratasse de uma marca a cada ritmo dinamizando assim sua carreira artística (SILVA, L. EXPEDITO). (Primeiro inventou o chamego, depois o baião, xaxado rótulo para dançar inspirado na dança solitária dos cangaceiros de Lampião) (VIANNA, 1999:56). Por volta de 1950, Luiz se concretizou como ídolo e o Baião estava totalmente aceito pela sociedade da época, em todas as classes e passou a fechar contratos com grandes empresas como patrocínios em suas turnês e parceria com a principal Igreja Nordestina, onde era devoto. Com o passar dos anos o forró tradicional (pé de serra), foi perdendo força devido ao surgimento de novos ritmos como a Bossa Nova, mesmo assim Luiz Gonzaga não deixou a peteca cair e continuou a tocar o que mais gostava na vida, o forró. O retorno do forró nas grandes mídias teve início da década de 90, onde se inicia dois rítmos que trouxeram o forró novamente ao topo de todas as paradas de sucesso: o Forró Universitário e o Forró Eletrônico.
23
3
O FORRÓ UNIVERSITÁRIO O forró universitário é conhecido como uma nova versão do forró tradicional, uma
adaptação do forró nordestino com o pop rock, uma maneira de aproximar o publico das grandes metrópoles ao rítmo. O início desta nova categoria do forró deu-se por volta de 1975 (primeira fase) e se reestruturou durante a década de 1990 (SILVA, EXPEDITO), inserindo novos instrumentos como guitarra, contrabaixo e bateria juntamente com os tradicionais: sanfona, triângulo e zabumba. O ritmo é assim nomeado devido aos seus idealizadores serem literalmente universitários e tocarem a principio apenas como uma diversão, sem grandes shows. Hoje pode ser observado que os apreciadores deste ritmo não são somente estudantes e sim vários grupos de pessoas com estilos e classes sociais diversificadas. A primeira nova categoria do forró em 1975 iniciou-se com artistas como Jorge do Altinho, Alcimar Monteiro, Petrúcio Amorim e Maciel Melo, além de artistas que maior se destacaram no inicio da segunda fase como Elba Ramalho, Alceu Valença, Gonzaguinha, Zé Ramalho, Fagner e Geraldo Azevedo, mas a grande explosão do forró universitário se deu um pouco mais a frente, a partir de 1975 quando apareceram novas bandas e trios que trouxeram o forró ao auge novamente como: Banda Falamansa, Banda Mafuá, Trio Virgulino, Trio Sábia, Rastapé, Forró Sacana, Mestre Ambrósio, Cascabulho, entre outros. Em São Paulo o forró ressurgiu em uma casa de shows pertencente à ONG chamada Espaço Cultural Projeto Equilíbrio, lá houve os primeiros novos shows de forró que se estenderam para toda a cidade de São Paulo, dando base para a inauguração de várias casas exclusivas de forró tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, algumas destas casas se mantêm ainda hoje graças aos apreciadores fieis deste ritmo. Precisamos citar como principal incentivadora Lu Brandão mãe de dois grandes músicos da cultura brasileira, Branco Melo (Titãs) e Paulinho (defensor da musica Black no Brasil). Ela incentivou muito para que, o projeto Equilíbrio que nasceu com a ideia de apresentar aos jovens a historia de Luiz Gonzaga e do forró do sertão e acabou sendo primordial para o grande estouro deste ritmo no Sudeste do país. Podemos também citar um segundo projeto de Lu Brandão que ajudou muito no sucesso do forró, o Forró da Baronesa, que teve como proposta levar a historia e a cultura do Nordeste aos jovens e principalmente divulgar o forró não se limitando somente a dança. No fim da década de 90 houve um grande momento do forró pelo país, onde bandas que iniciaram anos antes disseminaram suas musicas nos canais de rádio e fizeram muito sucesso.
24
3.1
Principais artistas Neste capítulo, iremos abordar a historia das primeiras bandas de forró universitário,
estas continuam em atividade e algumas delas participarão da segunda fase deste projeto, iremos colher os depoimentos destes artistas que continuam trazendo em suas musicas o som do Sertão brasileiro, mas com temas relacionados à suas vivencias atuais. Estas músicas trazem assunto que aproximam ainda mais o publico jovem, pois muitas falam de amor, adolescência, viagens e universidade.
Falamansa
Podemos destacar como principal pulverizador do forró universitário a banda Falamansa, formada por cinco integrantes no fim dos anos 90, iniciou-se a partir de um concurso musical de faculdades e logo depois fez grande sucesso com a primeira musica, Asas. “Cê parece um anjo Só que não tem asas Oh, meu Deus quando asas tiver Passe lá em casa...
E ao sair Pras estrelas eu vou te levar Com a ajuda da brisa do mar
25
Te mostrar onde ir
E ao chegar Apresento a Lua e o Sol E no céu vai ter mais um farol Que a luz do teu olhar...” A banda conta com Tato Cruz no vocal, triangulo e violão, André Canônico baterista, Josivaldo leite que é sanfoneiro e Douglas Machado que toca Zabumba. Quando se trata de discografia, a banda Falamansa faz muito sucesso, já lançou 10 discos e neles o público entra sucessos como “Xote dos Milagres”, “Rindo a toa”, “Confidência”, “Medo do Escuro”. Bicho de pé
A banda Bicho de pé surgiu também em 1998 trazendo como principal diferencial a potente voz feminina de Janaina Pereira, a banda chegou à marca de 120 mil cópias com o primeiro disco “Com o Pé nas Nuvens”. O grande sucesso chegou mesmo em 2004 quando foi lançado o segundo disco “Que Seja”, com participação de Dominguinhos e Caju e Castanha. A música de maior sucesso da banda é a denominada “Nosso Xote”. A Bicho de pé é formada por Janaina Pereira (voz, triangulo e pandeiro), Potiguara Menezes (guitarra e arranjos), Daniel Teixeira (contrabaixo) e Chica Brother (Percussionista). “Moreno me convidou para dançar um xote Beijou o meu cabelo cheirou meu cangote Fez meu corpo inteiro se arrepiar Fiquei sem jeito e ele me acolheu junto ao peito
26
E foi nos braços desse moreno Que eu forroziei até o dia clarear
Oi oi oi oi oi oi me encantei por teu olhar Moreno chega mais pra cá Meu dengo vem me chamegá Oi oi oi oi oi oi teu jeito de balanciar O corpo inteiro Faz meu coração bater Ligeiro assim eu vou me apaixonar...”
Rastapé
Já a banda Rastapé formou-se em 1999, e estão prestes a lançar do sétimo disco da carreira. A banda é formada pelos mesmos integrantes desde seu surgimento, no vocal, triangulo e violão conta com Jorge Filho, sanfoneiro e principal fundador da banda Seu Jorge, Guitarrista e compositor Chiquinho, no Baixo o neto de Seu Jorge, com apenas 16 anos Pedro e na Zabumba Maza. Além destes integrantes que são todos familiares a banda Rastapé ainda conta com músicos que auxiliam nos shows com instrumentos como percussão, flauta e bateria. A banda continua fazendo muitos shows e sucesso por todo o Brasil, sempre lutando para que este movimento nunca se acabe. Como principal sucesso podemos citar a música “Colo de Menina”, esta que fez a banda ser conhecida por todo o país e a vender mais de 1 milhão de cópias nos anos 2000.
27
“A lua quando brilha, falo de amor No gingado desse xote, sinto o teu calor À noite acordado sonho com você, Híê! Hiê! Hiê! O som ligado e fico perturbado Sem ter o que fazer
E tento sair dessa rotina Não quero não, colo de mamãe Só quero colo de menina E pouco a pouco conquistar teu coração...”
Trio Sábia
O Trio Sábia surgiu em 1985 na cidade de São Paulo, formado atualmente pelos músicos João Oliveira (o Tio Joca), José Menezes (Zito) e José Aluízio a banda está em sua terceira formação, onde sempre permaneceu seu criador Tio Joca. Possuem em sua história mais de dez LP’s e cinco CDs e hoje são considerados um dos maiores trios de forró do Brasil e fazem shows por todo o país, ajudando a manter o forró pé de serra sempre vivo. Podemos citar entre diversas canções deste Trio a musica Feliz de Novo. “Meu bem você me trouxe a felicidade Há muito tempo eu não sabia o que era amar Você chegou pra me tirar da solidão E com jeitinho conquistou o meu coração Meu grande amor não posso te perder
O que eu mais quero é ser feliz de novo Tocar seu corpo e sentir o teu calor
28
Beijar teu corpo mergulhar nessa paixão E esquecer de toda aquela solidão E viver só pra você Meu bem, meu bem E viver só pra você...”
Trio Virgulino
Um dos mais antigos Trios de Forró, o Trio Virgulino nasceu em 1980 em São Paulo, iniciado pelo pernambucano Adelmo Nascimento que veio para a capital paulista em busca de oportunidades na musica, conheceu Enok Virgulino e seu irmão Jaime assim que chegou e logo montaram um trio que, a princípio sem a intenção de manter um ritmo tão nordestino na cidade grande. Quando parecia que o sucesso não iria aparecer em suas carreiras eles participaram de um show de calouros onde Enok substituiu um violeiro com sua sanfona no acompanhamento dos demais calouros, o radialista Geraldo Pinhaneli logo se encantou com o talento e contratou o Trio Virgulino para participarem de todos os programas, em apenas três dias já eram muito conhecidos na cidade de Americana/SP e conseguiram destaque em todo o interior paulista. Em 1982 Jaime resolveu voltar para Pernambuco e Roberto que já era amigo de Enok assumiu a Zabumba do trio. Hoje o Trio Virgulino já possui 11 discos gravados e uma grande contribuição na historia do forró. Como maiores sucessos podemos citar as musicas “Forró Lunar”, “Preciso do teu sorriso” entre outras. “Preciso desse seu amor Ai amor
29
Mas como preciso Não posso mais viver Sem os teus beijos Seu sorriso Não posso ficar sem você Pois viver sem você É viver pra chorar Fala meu amor diga meu amor
Que não vai judiá comigo Espera meu amor Fica meu amor Então me leva pra morar contigo...”
3.1.1
Públicos e locais Em São Paulo há locais onde ainda se dança muito forró pé de serra, podemos citar
como principais casas exclusivas de forró o Canto da Ema, Remelexo e Vila Baião, estas são casas que possuem sua programação voltada exclusivamente ao forró universitário. Observando publico destas casas é possível perceber a grande variação de idade, que pode variar de 18 a 60 anos. Este público, em sua grande maioria é formado por amantes deste ritmo e são clientes fiéis destes locais. É preciso destacar o grande esforço feito pelas casas de forró para manterem sempre vivo em tanto tempo de atividade, estas foram inauguradas e tiveram grande procura entre 1999 a 2003 e depois, com o surgimento de outros ritmos populares como o Sertanejo Universitário, começaram a perder o grande publico jovem, recebendo apenas este publico fiel. Hoje, pode-se observar que estas casas fazem muito sucesso com os jovens e adultos que não deixam de curtir o bom e velho forró pé de serra. Entre as bandas e trios que se apresentam nestas casas, podemos observar variedades propostas por cada grupo, são arranjos e composições diferentes que agradam a todos os estilos de publico. Também é possível perceber o esforço feiro por estas casas para manter características diferentes, para fazer isso procuram tocar épocas diferentes do forró. Mas
30
independente de concorrência o objetivo de todas elas são o mesmo, manter o forró vivo nas metrópoles e por todo o país. O que mantem este ritmo ainda forte, principalmente na região sudeste do Brasil é esta tribo de forrozeiros que levam este ritmo como estilo de vida, acompanha e cria eventos pela cidade a fim de unir amantes do forró como uma grande família. Ao adentrar estes eventos podemos logo perceber a interação que há entre estas pessoas, muitas não se conhecem, mas se identificam e fazem novas amizades graças ao forró. Cada vez mais o forró está ganhando espaço e amantes paulistanos que frequentam casas de shows, fazem eventos ao ar livre com entrada gratuita, isso atrai muitos curiosos que acabam se apaixonando pelo ritmo nordestino. Além disso, podemos observar que há muitos nordestinos que vieram a São Paulo em busca de novas oportunidades e encontram nos shows de forró uma maneira de estarem mais próximos de sua cultura, de sua terra natal.
Pista do Canto da Ema - Pinheiros/SP
31
Espaço Villa do Baião - Av. Luis Dumont Villares/SP
Pista de dança Remelexo Brasil – Pinheiros/SP
Saindo um pouco da cidade de São Paulo, não podemos deixar de destacar os eventos que acontecem na cidade de Itaúnas/ES. A pequena vila surgiu em XVII e é localizada ao Norte do Espirito Santo, próximo a fronteira com o estado da Bahia. A cidade é coberta por dunas de areia e banhada pelo rio Itaúnas, este que separa dos estados do Espirito Santo e Minas Gerais. Itaúnas é considerada como o paraíso dos forrozeiros, pois é conhecida como A Terra do Forró. Todos os anos no mês de Julho acontecem o único festival que promove novos artistas, bandas e trios de forró no Brasil, o FENFIT – FESTIVAL NACIONAL FORRÓ DE ITAÚNAS. Este festival é a porta de entrada de muitos grupos de forró pé de serra para se tornarem conhecidos, além da premiação em dinheiro e a oportunidade de gravação do primeiro CD, o festival ainda atrai um publico importante de todo o país que levam as novidades apresentadas no festival para seus estados. Com inicio em 2001 o
32
FENFIT como uma continuidade de um movimento de forró que aconteceu em 1980, o festival contribuiu para muitas bandas de forró universitário ficaram conhecidas e cresceram no meio, podemos destacar como já vencedores do festival as bandas Falamansa, Rastapé, Trio Virgulino, entre outras e ainda abrindo portas para as reapresentações de importantes trios deste ritmo como Trio Sábia, Trio Nordestino, Trio Juázeiro, Os três do Nordeste e outros. Este movimento é uma atração entre os amantes do ritmo e todos os anos trás muitos turistas a região, além de contribuir em uma grande proporção para que o forró continue vivo.
33
CONSIDERAÇÕES De acordo com todo o material histórico apresentado podemos observar que este ritmo musical percorreu um caminho de grandes dificuldades, mas obteve muitas vitórias. Com o passar dos anos o sucesso de seus idealizadores foi ofuscado por novos ritmos e artistas, porém, o forró se manteve forte e lutando para não desaparecer. Com o surgimento do movimento histórico de forró universitário, o ritmo voltou a fazer sucesso, principalmente entre os jovens. Atualmente é possível perceber que e ritmo continua forte graças aos amantes de forró que realizam eventos e lotam casas de shows para mantê-lo sempre vivo.
Sobre as variações musicais neste ritmo, podemos observar que o forró universitário trata-se de uma continuidade do forró tradicional adaptada para um novo tipo de publico, as mudanças destes trabalhos podem ser observadas nos arranjos, instrumentos utilizados e também nas letras das canções, porém, não é correto dizer que o forró universitário é uma nova versão de forró e sim que ele é uma continuação do ritmo que trás em sua bagagem vivencias diferentes das que Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro e todos os demais músicos que iniciaram o forró e a carreira no nordeste. Além disso, poderá ser observado no vídeo de continuidade deste projeto que as principais bandas da atualidade de forró carregam na bagagem grande influencia de cantores e compositores da época de Luiz Gonzaga, isso porque o forró que eles gostam de fazer é sim o mesmo feito por Gonzaga, porém, com adaptações para a região e publico atual.
A finalização deste projeto se dá com a produção de uma curta metragem que conta toda esta história com personagens que participaram diretamente de muitas destas fases e principalmente deste surgimento do forró universitário do sudeste Brasileiro. Conversamos com bandas, professores, fãs e donos de casas noturnas afim de entender melhor esta evolução e este publico tão diferenciado que o forró trás.
34
REFERÊNCIAS
SILVA E. Leandro. Forró no asfalto: mercado e identidade sociocultural, São Paulo, Anna Blume, 2010. GARCIA, Carlos. O que é o nordeste brasileiro, 2ª edição, São Paulo, Brasiliense, 1985. C. Quadros Junior & C.M Volp – artigo: Forró Universitário: a tradução do forró nordestino
no
sudeste
brasileiro,
2005.
<Disponível
em:
http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/11n2/12JAC.pdf >. Acessado em 25 de Abril de 2014. MARCELO, Carlos e Rodrigues, Rosualdo. – O Fole Roncou! Uma história do Forró, Rio de Janeiro, Zahar, 2012. SYLLOS, G.; MONTANHAUR, R. Bateria e contrabaixo na música popular brasileira. Rio de Janeiro: Lumiar, 2002. ROCHA, Gilmar. Cultura popular: do folclore ao patrimônio AYALA, Marcos e AYALA, N. Inez Maria. Cultura Popular no Brasil Gonzaga, de Pai para Filho. Direção: Breno Silveira, produção: Conspiração Filmes. São Paulo (BR): DOWNTOWN FILMES, 2012. http://www.revivendomusicas.com.br/biografias_detalhes.asp?id=367 http://www.recife.pe.gov.br/mlg/gui/Biografia.php http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Jo%C3 %A3o+Silva&ltr=J&id_perso=976 http://www.e-biografias.net/dominguinhos/ http://www.tribunadabahia.com.br/2013/05/31/marines-era-rainha-do-xaxado http://dancas-tipicas.info/regiao-nordeste.html
35
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Elba+Ra malho&ltr=e&id_perso=113 http://www.bichodepe.com.br/home/ http://www.rastape.com.br/ http://www.triosabia.com.br/ http://triovirgulino.com.br/ http://forrodeitaunas.com/festival/index.php