PERSONAS ARTIFICIAIS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO

CHARLES BRENDO MOURA DE LIMA

PERSONAS ARTIFICIAIS

SÃO PAULO 2016


CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO

CHARLES BRENDO MOURA DE LIMA

PERSONAS ARTIFICIAIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência para obtenção do Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Orientadora: Isaura da Cunha Seppi

SÃO PAULO 2016


Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Lima, Charles Brendo Moura de Personas Artificiais / Charles Brendo Moura de Lima - São Paulo (SP), 2016. 105 f.: il. color. Orientador(a): Isaura da Cunha Seppi Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Comunicação social Hab. Publicidade e Propaganda) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2016. Personas Artificiais, Identidade, Indústria Cultural I. Seppi, Isaura da Cunha (Orient.) II. Título

“Se você quer fazer parte desse mundo, Jenny, as pessoas irão falar. Eventualmente. Você tem que decidir se tudo isso vale a pena.” Blair Waldorf


Esse trabalho é sobre vivências, talvez se eu não tivesse saído da minha zona de conforto e experimentado possibilidades nunca chegaria a esse momento e as reflexões que vieram junto dele. Personas artificiais é sobre o que eu vivi e as pessoas que passaram pela minha vida durante esses 4 anos de curso. Todas as lições, dificuldades, aprendizados e experiências que vivenciei esses anos moldaram quem eu sou hoje e o que serei daqui para frente. Agradeço a Isa Seppi, que foi a melhor orientadora que eu pude ter. Obrigado por sempre me incentivar a ir mais longe. Nunca vou esquecer de você e de tudo que me ensinou durante esses meses de convivência. Quando te conheci eu via o mundo e a cultura pop sob uma perspectiva limitada

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e, hoje, sairei dessa graduação com uma nova visão sobre tudo o que se refere a cultura pop e indústria cultural, sem você não seria possível chegar a essas reflexões. Obrigado por aparecer na minha vida! Agradeço também ao Enrico Trevisan por ter me questionado tanto a respeito da minha real inquietação, fazendo com que eu refletisse. Sua contribuição atrelada à orientação da Isa Seppi me ajudaram a realizar um dos meus melhores trabalhos. Durante esses 4 anos de cursos tive diversos professores e professoras, porém houve uma que marcou a minha vida e nunca vou me esquecer de tudo que aprendi com você, obrigado Rose Maciel por sempre acreditar em mim e me mostrar que posso ir além das minhas próprias expectativas, você me fez perceber que sou capaz de alçar vôos cada vez mais altos. Um agradecimento especial ao Raphael Mauro, um amigo que o curso me proporcionou. Obrigado por sempre acreditar nas minhas ideias, sempre conseguindo captar a essência do projeto e se jogando de corpo e alma. Também queria agradecer ao Vinicius Neri que emprestou sua


RESUMO

imagem para que eu criasse a imagem da Victoria Verdot. Para finalizar agradeço a minha família que sempre esteve do meu lado

O trabalho propõe um projeto de intervenção nas redes sociais, que discute as per-

me apoiando e me dando forças. Queria dizer que amo muito vocês e que

sonas artificiais e a sua relação com o público que consome essas imagens

mesmo eu mudando ainda continuo sendo o Brendo que vocês conhecem

criadas pela indústria cultural. A pergunta que foi o elemento gerador do proje-

e viram crescer.

to é: até que ponto a sociedade contemporânea é refém das personas artificiais?

Esses 4 anos foram um processo de transformação, descobertas, sensa-

O objetivo principal desta pesquisa é estudar a criação das personas, que são ima-

ções, libertação, momentos felizes e tristes, mas se eu não tivesse vivi-

gens que são consumidas na mídia pelas massas, e, o efeito que causam na atual

do tudo isso, não me transformaria na pessoa que eu sou hoje.

sociedade com seus discursos, atitudes, comportamentos.Pesquisas teóricas e análises foram feitas para se descobrir o surgimento do mito e como esses estereótipos, atrelados as imagens de atrizes de cinema , foram construídos até os dias de hoje. O projeto criou uma persona com bases nos estereótipos estudados que com um perfil nas redes sociais interagiu com o público alvo e dessa experiência alguns dados puderam ser levantados no sentido de responder a pergunta inicial. Palavras Chaves: Personas artificiais, Identidade, Indústria Cultural.


ABSTRACT The work purpose an intervention project in social medias, to discuss the artificial personas and their relation with the public that consumes those images created by the cultural industry. The question that we want to answer with these project is: How and until when the contemporary society will be hostage to artificial personas? The main goal of this research is to study the creation of those personas, which are in the present society with their speeches, attitudes, behaviors. Theoretical researches and analyzes were made to discover the birth of this myth and how these stereotypes, coupled with the images of movie stars, have been built nowadays. The project created an artificial persona based on this stereotype studies and a profile in social media, has interacted to the target audience and from that experience some indicators came out helping to answer the initial question. Keywords: Artificial Persona, Identity, Cultural Industry.


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O trabalho consiste em um projeto experimental, que constituiu na criação de uma personagem e seu perfil na rede social Facebook, para observar e questionar como o público, movido por necessidades artificiais, consome imagens e produtos relacionados a essas personas, criadas pela indústria cultural e comandada pelo capitalismo . O trabalho focaliza, as personas que chamaremos aqui de artificiais e a relação do público com elas. Busca-se realizar uma discussão sobre o que esse consumo de Personas/imagens, causa a pessoas que, segundo Bauman (2008), podem ser definidas como sociedade de consumidores. “A sociedade de consumidores, em outras palavras, representa o tipo de sociedade que promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida e uma estratégia

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existencial consumistas, e rejeita todas as opções culturais alternativas.” ( BAUMAN, 2008, p.71).

Nessa mesma linha, Bauman (2008), ainda acrescenta que: o capitalismo feroz e o consumo acelerado fazem com que a indústria continue criando essas personas, que serão instrumentos para que outros consumam e continuem alimentando os cofres das grandes corporações e fazendo os consumidores se tornarem reféns de imagens, abandonando assim o livre arbítrio da escolha para seguir seus ídolos. Com esse trabalho se pretende fazer uma análise de como a criação de personas artificiais afeta, diretamente e indiretamente, uma fatia específica da comunidade que designaremos nesse trabalho como LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Transexuais.). Pretende se identificar padrões estéticos e comportamentais para que então se compreenda essas personas, sob o ponto de vista na construção da identidade e comportamento deste grupo específico da sociedade contemporânea. O terceiro capítulo, estuda o contexto em que o fenômeno estudado aconte

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ce ou seja, discute a indústria cultural e tudo que representa. Principalmente, as mudanças que aconteceram ao longo dos anos.Além disso, também falaremos sobre o papel da mídia na construção da identidade da sociedade.. No quarto capítulo será analisado o surgimento das paixonites e dos diversos tipos de mulheres objetos que a indústria cultural cria ao longo dos anos, fazendo um panorama de como os estereótipos presentes nessas imagens evoluíram. Também será abordado o consumo de imagens e o papel da publicidade nesse processo.Também será abordado o consumo de imagens e o papel da publicidade nesse processo. O quinto capítulo estabelece um recorte da comunidade LGBT que é o grupo

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da geração Millenialls na cidade de São Paulo, para analisar a relação desse público com as personas e divas pop. Ainda nesse capítulo ressaltamos a importância da internet nesse fenômeno da comunicação de massa e de como as redes sociais contribuem para alimentar e difundir as personas artificiais tornando-se relevante vitrine para o estudo proposto.

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Será que se as pessoas soubessem que os ídolos ou imagens que consomem, são cheios de estereótipos e clichês ainda continuariam a segui-los? A partir dessa pergunta surgiu a motivação para esse trabalho de pesquisa, que procurara entender a relação do público com a persona ou imagem que seguem nas redes sociais. Sempre fui um apaixonado pelo universo da cultura pop (cinema, musica, televisão) e desde minha adolescência, até os dias de hoje, acompanho os conteúdos que a indústria cultural cria. Durante muito tempo segui imagens como as que serão abordadas nessa pesquisa, porém houve um momento em que me questionei sobre o que consumia, a partir dessa inquietação surgiu minha motivação para falar do o tema, tendo

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como principal objetivo entender a relação criada entre a persona e seu público. Esse projeto de pesquisa foi muito importante, pois muitas das coisas que estudadas durante o desenvolvimento foram vividas por mim. No decorrer do processo, com o auxílio dos autores estudados, comecei a observar as imagens que segui e acompanhei durante anos, sob um novo olhar, enxergando outra perspectiva o que considerei como o ideal por muito tempo. Marilyn Monroe foi o ponto de partida deste projeto. No início eu enxergava sua imagem como algo glamuroso e luxuoso, conforme o que a mídia vendia a respeito dela, mas no decorrer da pesquisa analisei sua imagem e comparei com sua história pessoal e fui descobrindo a quantidade de estereótipos e clichês que estavam e estão presentes, até hoje, em sua imagem que em muito diferem de sua real pessoa. A partir da observação foi possível estabelecer uma ligação com a lenda da “loira burra” e a evolução desse estereótipo ao longo dos anos. Porém, estudar isso não era minha principal inquietação. Ao ouvir uma pessoa de fora, enxerguei que a real situação que gostaria de entender era a relação da comuni-

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dade LGBT com as personas, ou simplesmente as divas pop que, na maioria das vezes, têm suas imagens construídas apelando principalmente para a sexualização, materialismo, superficialidade, vulgaridade e clichês. Depois da descoberta do real propósito deste trabalho, a imagem de Marilyn deixou de ser o centro do estudo, passando a tornar-se apenas referência para a criação da persona que seria inserida nas redes sociais. Minha intenção era mostrar, de uma forma diferente, para uma fatia específica da comunidade LGBT o consumo das personas e os valores que são consumidos.

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Quando se fala de indústria cultural

a exploração do trabalhador, a divi-

danças que as máquinas trouxeram

A cultura culta (midcult) se comunica

pode se pensar em um leque de op-

são de trabalho. Estes são alguns

para vida das pessoas, a indústria

com um público diferenciado, ofere-

ções, com diversas maneiras de ex-

dos traços marcantes da sociedade

do capitalismo criou uma cultura que

cendo conteúdos com valores cultu-

plicar o mesmo tema. Uns a definem

capitalista liberal, onde é nítida a

abrange as massas e vende produ-

rais e não voltados tanto ao consu-

como algo positivo, enquanto outros

oposição de classes e em conjunto

tos e serviços atrelados a valores,

mismo. Isso faz com que o público

veem negativamente. Teixeira Coelho

começa a surgir a cultura de mas-

status e signos. Isso fez com que ob-

passe a questionar e refletir, bem di-

(1980), acredita que esse fenômeno

sa.’’(Coelho, 1980, pg 10 e 11).

jetos e coisas tangíveis e intangíveis

ferente dos que consomem a cultura

fossem trocadas por dinheiro, fazen-

de massa, onde existe apenas a op-

começou após a criação da prensa

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móvel de Gutemberg, que desenca-

que veem essa indústria como uma

do prosperar a indústria de consumo

ção do conteúdo de entretenimento e

deou o surgimento dos primeiros jor-

ferramenta para transmitir conteúdo

em movimento constante.

sempre voltado ao consumo e exclui

nais, romances de folhetim e meios

cultural para pessoas, usando o veí-

de comunicação possibilitando assim

culo como meio de comunicação que

O objetivo principal da indústria cul-

o surgimento de uma indústria mi-

leva apenas cultura para uma grande

tural é entreter, vender produtos e

Fica perceptível que a indústria cultural

lionária, controlada pelo capitalismo

massa.

serviços, propagando assim a dis-

cria conteúdos para as diferentes clas-

que utiliza a cultura/entretenimento

Teixeira Coelho (1980) define cultu-

seminação de classes. A partir daí

ses sociais, com o objetivo de propagar

como ferramenta que fatura milhões

ra de massa como um tipo de ma-

criam-se dois tipos de produtos cul-

e disseminar suas ideias, gerando ten-

todos os anos.

nifestação cultural ou simplesmente

turais: os de massa e os midicult. A

dências.

entretenimento, criado por terceiros

diferença entre ambos é o público e

Adorno e Horkheimer acreditam que

para a população consumir, tendo

os valores empregados em cada um

“Chama-se de cultura de massa toda aquela ideia,

a indústria cultural desempenha o

seu objetivo principal o lucro e mais

deles.

perspectiva, atitude, imagem e outros fenômenos

papel parecido com alguns regimes

nada, ou seja, tudo o que é criado

que são preferidos em um consenso comum, con-

totalitários, ao promover a alienação

dentro dessa indústria é feito com a

tendo o mainstream 2 de uma dada cultura. “

de um grande grupo de pessoas que

perspectiva de gerar dinheiro para

(PETRIN, 2014).

seguem o que ela dita como sendo

seus idealizadores. Segundo esses

o certo. Também existem estudiosos

autores, o nascimento dessa indústria aconteceu durante a revolução

‘’A indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem como funções do fenômeno da industrialização [ … ] o uso crescente da máquina e a submissão do ritmo humano de trabalho ao ritmo da máquina,

industrial, um período onde aconteceram diversas mudanças na sociedade e houve a predominância do capitalismo como modelo econômico global. Com a revolução industrial e as mu-

a crítica.

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1 É um subproduto da indústria cultural por tomar emprestado procedimentos, colocado valores superiores e diferenciados que fazem o consumidor acreditar que está tendo uma experiência de cultura diferenciada ( culta) ou consumido obras de grade valor cultural.

2 É um termo utilizado para definir algo que é uma tendência ou moda de fácil acesso as classes dominantes.

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Pode-se dizer que a cultura de massa foi criada pela indústria e mídia, para fazer as pessoas consumirem e se adaptarem aos padrões e hábitos estipulados pela sociedade industrial, gerando assim uma sociedade enquadrada e controlada pelas re-

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timento planta-se a importância. De fato, fuga,

si mesmo diante da sociedade. Uma das pri-

mas não, como pretende, fuga da realidade

meiras funções por ela exercida seria a narcoti-

perversa, mas sim do último grão de resistên-

zante, obtida através da ênfase ao divertimento

cia que a realidade ainda pode haver deixado,

em seus produtos [ . . . ] por outro lado, com

A libertação prometida pelo entretenimento é

seus produtos a indústria cultural pratica o re-

a do pensamento como negação.‘’ (ADORNO,

forço das normas sociais, repetidas até a exaus-

2013, p.41).

tão social e sem discussão. Em consequência, uma outra função: a de promover o conformis-

do público LGBT em relação ao conteúdo de entretenimento musical da indústria cultural. Faremos uma interação por meio das redes sociais, onde uma persona criada especificamente para esse projeto intermediará um conteúdo cheio de estereótipos, clichês e etc.

gras do capitalismo. Dinâmica dife-

Essa indústria

rente da observada em países com

também faz a distinção do seu público,

outros sistemas econômicos.

com base na classe social, direcionan-

Essa alienação vem do fato do capita-

‘’O fato de oferecer ao público uma hierarquia

do como as pessoas de determinado

lismo forçar o público a adaptação em

de qualidade em série serve somente à quanti-

Isso nos leva a perceber que, mes-

grupo devem agir, seguir e ser, ou seja,

uma realidade pré-determinada, dizen-

ficação mais completa. Cada um deve se com-

mo que não precise, o indivíduo vai

o conteúdo que chega até as massas

do o que deve ser consumido, seguido

portar, por assim dizer, espontaneamente, se-

continuar comprando para suprir as

é selecionado pelas grandes corpora-

e comentando. Dentro dessa lógica,

gundo o seu nível, determinando a priori por

necessidades criadas. Dentro desse

ções como sendo o correto para elas.

as grandes corporações ditam o que a

índices estatísticos,e dirigir-se à categoria de

contexto, observamos que para con-

Em seu livro “O que é indústria cultural”,

sociedade deve seguir a cada época,

produtos que foi preparada para o seu tipo ‘’.

seguir se comunicar com as massas

Teixeira Coelho diz que toda indústria

fazendo as pessoas trabalharem mais

(Adorno, 2002, p.10).

e projetar necessidades artificiais, a

carrega traços de seu criador. Nesse

e mais para consumirem e se sentirem

indústria cultural usa veículos de co-

sentido, no capitalismo, por trás da cul-

incluídas na sociedade.

municação como intermediador entre

tura e entretenimento, tudo que é cria-

a mensagem e o consumidor.

do é direcionado para o consumo e in-

Essa é uma das motivações desse tra-

indústria cultural está sempre ofere-

teresse das grandes corporações, que

balho. A partir dessa percepção, obtive-

cendo novos conteúdos para os dife-

‘’Divertir-se significa estar de acordo [...] A

se beneficiam com esse sistema eco-

mos a motivação para estudar o tema

rentes tipos de pessoas e classes so-

diversão é possível apenas enquanto se isola e

nômico, vendendo o falso prazer que,

e entender o papel da indústria cultural

ciais, visando sempre o lucro.

se afasta a totalidade do processo social, en-

segundo a escola de Frankfurt, pode

na criação da identidade do consumi-

quanto se renuncia absurdamente desde o iní-

ser definido a partir da alienação e das

dor. Também buscamos o papel das

‘’A partir desse ponto de vista e consideran-

cio à pretensão inelutável de toda obra, mesmo

necessidades que são criadas, geran-

personas, que estão entre a indústria

do, primeiro, que a indústria cultural tem seu

da mais insignificante: a de, em sua limitação,

do assim uma sociedade consumista.

e o consumidor final, compartilhando

berço propriamente dito apenas a partir do sé-

conteúdo.

culo XIX, de capitalismo dito liberal, e, segun-

refletir o todo. Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor,

‘’A cultura de massa aliena, forçando o indiví-

mesmo onde ela se mostra. Na base do diver-

duo a perder ou a não formar uma imagem de

mo social. ‘’ (Coelho,1980, p.23).

Para suprir as constantes necessidades artificiais que o capitalismo cria, a

do, que a indústria cultural atinge seu grande

Dentro desse tema, focamos como

momento com o capitalismo de organização

objeto de estudo o comportamento

ou monopolista, ficaria claro que a indústria e

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todos os seus veículos, independentemente do conteúdo das mensagens divulgadas, trazem em si, gravados a fogo, todos os traços dessa ideologia, da ideologia do capitalismo [ … ] É que a força da estrutura, da natureza, das condições originais de produção da indústria cultural apresenta como maior do que a força possível das mensagens veiculadas , que se vêem anuladas ou grandemente diminuídas pelo poder da estrutura.’’ (Coelho, 1980,p.35 e 36).

de representar um papel escolhido,

giu a necessidade de entender mais

hoje todos têm mais liberdade para

Não se pode culpar as pessoas ou

sobre esse processo de identificação e

serem o que desejam e assim se

nomeá-las alienadas. A sociedade

o papel da mídia nesse contexto. Essa

transformarem conforme o tempo e

está tão acostumada ao fenômeno

questão coincide com o objetivo princi-

as situações. Sendo assim, a cons-

de identidades mutáveis, que mes-

pal deste trabalho, que é compreender

trução da identidade nos dias de hoje

mo se fosse revelado que a indústria

a produção de personas e o seu com-

é feita pouco a pouco, sempre está

cultural, atrelada ao capitalismo, cria

portamento nas redes sociais, entendo

sujeita a modificações.

essas ideologias para estimular as

assim o que leva as pessoas a se iden-

pessoas a mudarem, o ser humano

tificarem com as imagens e o conteúdo

“podemos escolher e criar – e recriar – nossa

continuaria agindo da mesma forma,

propagado por elas.

identidade à medida que as possibilidades de

apenas para se sentir em grupo.

A MÍDIA E A IDENTIDADE

vida mudam, se expandem ou se contraem”.( ´´ segundo o folclore antropológico e

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tipos”. (Kellner, 2001, p.307).

A partir desta problemática, sur-

Kellner, 2001, pg.296).

“Hoje a identidade torna-se um jogo de livre

Observamos que atualmente as pesso-

sociológico, nas sociedades tradicionais a identidade

as se cansam facilmente de suas pró-

era fixa, sólida e estável. Era função de papéis sociais e

A citação acima, explica perfeitamen-

que ele é capaz de apresentar-se numa grande

prias identidades, querendo ser aquilo

de sanções religiosas capazes de definir o lugar de cada

te o que acontece em uma sociedade

variedade de papéis, imagens e atividades, sem

que ele ou ela visualiza na mídia como

um no mundo ao mesmo tempo e de circunscrever

que possui identidades em constante

se preocupar muito com as modificações, as

sendo o ideal. Assim criam-se crises

rigorosamente os campos depensamento em com-

mudança. O fenômeno é uma pro-

transformações e as mudanças drásticas.”(Kell-

que as fazem questionar sobre o papel

portamento´´.(Kellner, 2001,p.295).

blemática conflitante sem real liber-

ner, 2001, p.316).

que exercem. Tal fator tem as transformado em pessoas individualistas, que

escolha, uma representação teatral do eu, em

dade para escolha, já que as opções Vivemos tempos em que a mídia/

apresentadas não passam de ilusões

Nos dias de hoje as pessoas estão

publicidade influenciam diretamente no

criadas por uma indústria capitalista

mais suscetíveis a terem identidades

Sabemos que as pessoas mudam

comportamento e na criação da iden-

que vive dessas mudanças artificiais.

múltiplas e com a enxurrada de con-

conforme o ritmo ou direções da vida,

tidade das pessoas. Se antes o co-

que são livres para se transformar de

nhecimento, caráter e profissão eram

“A cultura da mídia põe à disposição imagens

meno fica ainda mais evidente. Isso

acordo com as opções apresentadas.

passados de geração para geração,

e figuras com as quais seu público possa identi-

leva a crises de identidade ou ques-

Entretanto, muitos vinculam essas

hoje é possível perceber que as pesso-

ficar-se, imitando-as. Portanto, ela exerce im-

tionamentos sobre “quem eu sou”,

transformações aos modelos forneci-

as seguem mais a mídia que a família,

portantes efeitos socializantes e culturais por

“eu não quero ser essa pessoa”, “eu

dos pela indústria cultural, em busca de

como influenciadora na construção da

meio de modelos de papéis, sexo e por meio

preciso mudar” transformando assim

uma identificação com a sociedade, ou

identidade.

das várias “posições de sujeito” que valorizam

os indivíduos em marionetes ligadas

certas formas de comportamento e modo de

a imagens e bens de consumo.

só ligam para as realizações pessoais.

para se sentir parte de um grupo. Se antigamente havia a necessidade

teúdo e imagens recebidas, o fenô-

ser enquanto desvalorizam e denigrem outros

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A publicidade e a identidade

sempre perfeita e feliz, isso faz com

identidade [...]” ( Kellner, 2001, p.297).

que seus 3 milhões de seguidores

O quesito de individualidade quando se

“A propaganda vende produtos e visões de

também busquem isso para sua pró-

fala de identidade, pode ser explicado

mundo por meio de imagens, retórica e slo-

pria realidade, moldando-se e trans-

na citação acima. Querendo ou não

gans justapostos em anúncios nos quais são

formando-se para ficarem parecidos

nossa sociedade busca a sensação

postos em ação tremendos recursos artísticos,

com a representação de felicidade

de exclusividade e até mesmo o status

psicológicos e mercadológicos. Tais anúncios

mostrada.

de se diferenciar da multidão, muitas vezes, para conseguir isso, os consu-

expressam e reforçam imagens dominantes de sexo, pondo, homens e mulheres em posições

“Na modernidade, a identidade torna-se mais

midores compram produtos e serviços

de sujeito bem específicas.” (Kellner, 2001,

móvel, múltipla, pessoa, reflexiva e sujeita a

que vendem esses valores e sensações

p.322).

mudança e inovações”. ( Kellner, 2001.p.295).

artificiais, apenas para se diferenciar das pessoas, criando assim uma nova

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identidade que se adequa a sociedade.

A publicidade ao dizer “seja quem

Querendo ou não, dentro de toda

você quiser”, “se permita”, “busque

peça publicitária ou anúncio existe

o melhor para você” ou “descubra o

uma mensagem/valor a ser vendido

Atrelado aos meios de comunicação,

novo” está comunicando aos consu-

e passado para os consumidores do

a publicidade influencia diretamente a

midores que sempre é preciso mu-

produto. A publicidade faz isso com

vida das pessoas e para continuar dia-

dar e se transformar, criando assim

sucesso à anos, porém com o surgi-

logando com o consumidor de hoje, ela

pessoas que são moldadas para es-

mento das novas tecnologias foi ne-

precisou se renovar e descobrir novas

tarem sempre mais antenadas, atua-

cessário evoluir e se adaptar peran-

formas da mensagem chegar até o pú-

lizadas, modernas e jovens. Com as

te as tendências do mercado, para

blico final.

redes sociais isso se tornou mais la-

continuar comunicando através de

tente, pois o tempo todo as pessoas

imagens as sensações contínuas de

querem mostrar a realidade em que

novas possibilidades.

vivem, o que fazem e afins, tornandose imagens que consomem outras

“Nas sociedades de consumo e de

imagens. Um exemplo claro disso,

predomínio da mídia, que surgiram depois

é uma blogueira e personalidade da

da segunda guerra mundial, a identidade tem

internet. Gabriela Pugliesi, que trans-

sido cada vez mais vinculada ao modo de ser, à

formou sua vida em um grande diário

produção de uma imagem e a aparência pesso-

online. O principal trabalho da blo-

al. É como se cada um tivesse de ter um jeito,

gueira é publicar fotos da sua vida,

um estilo e uma imagem particulares para ter

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As paixonites

sumo, a indústria criou tipos de mulheres para representar diferentes

Nos dias atuais, esse fenômeno já vi-

perfis, tonrando assim mais fácil a

rou algo rotineiro para a sociedade que

identificação com todo tipo de públi-

vê a exposição como natural, porém na

co.

época de Florence Lawrence era algo totalmente diferente fãs admirarem e

Em seu livro, Lipovetsky defende que

se identificarem com determinados ar-

o principal objetivo das paixonites,

tistas.

era fazer com que o público se identificasse facilmente com a imagens

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Lipovetsky cita em seu livro que a roti-

das estrelas e passasse a seguí-las

na das estrelas, fez com que mulheres

de uma forma extremamente consu-

comuns copiassem o estilo, visual e até

mista.

mesmo o jeito de falar das atrizes. Ou seja, a indústria cultural do cinema tor-

Moda e Comportamento

nou-se um veículo próprio para a propagação de estereótipos na sociedade.

Durante a 2ª Guerra Mundial, ocor-

A citação abaixo explica esse processo

reram diversas mudanças signifi-

de identificação.

cativas na sociedade, em relação a hábitos e estilos, entre elas a mulher

“As estrelas despertam comportamentos mi-

precisou ser independente e tomar

méticos em massa, imitou-se amplamente sua

as rédeas da situação. Na década

maquiagem dos olhos e dos lábios, suas mími-

de 40, a moda mudou com a escas-

cas e posturas.’’ (LIPOVESKY, 1989, p.214).

sez de tecidos e os fechamentos das maisons. As mulheres da época

Para afirmarmos que Hollywood cria

precisaram mudar seu estilo para se

mulheres objetos, cheias de estereó-

adaptar a situação, passando assim

tipos e formas para agradar tanto ho-

a reformarem o que vestiam. Foi nes-

mens quanto mulheres, é preciso voltar

se período que começou a produção

aos anos 50, em uma retrospectiva de

em massa de roupas.

como o feminino era visto na época. Para suprir as necessidades de con-

O estilo da mulher que vivia no perío-

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do da guerra, se caracteriza com um

ao perceber isso, confronta suas alu-

podia ter o estilo ingênua como Grace Kelly e Audrey Hepburn ou sensual e

visual com cabelos mais longos, pre-

nas dizendo que elas podem ter uma

fatal como Rita Hayworth e Ava Gardner, porém existiam duas mulheres que

sos com grampos e pouca maquia-

vida diferente, com trabalho, estudo

oscilavam entre esse estilos e são consideradas musas desse período, Ma-

gem já que nessa época havia es-

e não vivendo apenas na função im-

rilyn Monroe e Brigitte Bardot.

cassez de matéria prima e as roupas

posta. O filme resume bem como a

tinham uma pegada mais masculina,

mulher era vista nos anos 50. A ci-

O termo “mulher objeto” pode ser explicado como outra citação de Lipovetsky,

o que remetia a um estilo das roupas

tação abaixo foi tirada do filme e re-

que explica como uma persona é construída.

de militares. Todas possuíam cintura

sume completamente a mentalidade

marcada e o comprimento dos vesti-

que as mulheres da época tinham

“A estrela é imagem de personalidade construída a partir de um físico e de papéis feitos sob medi-

dos eram mais longos. Após algum

sobre seu papel na sociedade.

da, arquétipo de individualidade estável ou pouco cambiante que o público reencontra em todos

tempo, uso da calça se popularizou

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os seus filmes.”( LIPOVESKY, 1989, p.214 ).

entre as mulheres, junto com os con-

“Nosso dever e obrigação é assumir

juntos, as cores eram mais sóbrias e

nosso lugar no lar, criando os filhos

Para mostrar os diferentes tipos de “personas objeto” analisaremos algumas

os chapéus mais populares.

que perpetuarão nossas tradições

atrizes da época e os tipos de personagens que as mesmas representavam,

no futuro. Devemos ponderar que a Com o fim da guerra e a volta dos ho-

Srta. Katherine Watson decidiu de-

mens para suas famílias, tradições

clarar guerra ao sagrado matrimônio.

como: submissão, feminilidade e ca-

Sua doutrina subversiva e política

samento precoce voltaram em voga.

encoraja nossas alunas a rejeitarem

As revistas femininas foram grandes

os papéis para os quais nasceram.

aliadas da indústria cultural.

Katherine está nos impedindo de fazer o que nascemos pra fazer”.

O filme O Sorriso de Monalisa, de 2003, estrelado por Julia Roberts

A Mulher Objeto

mostra a realidade da mulher dos anos 50. Roberts vive Katherine Wat-

Após a guerra o período de escassez

son, uma professora de arte moder-

acabou e com isso surgiram cente-

na que vai dar aula em uma escola,

nas de novos produtos para corpo

para moças muito famosas nos Es-

e cabelo. A aparência feminina tor-

tados Unidos, formando apenas alu-

nou-se um dos temas centrais dessa

nas para serem esposas e donas de

época. A mulher era induzida a bus-

casa exemplares. Katherine Watson

car novamente sua feminilidade, ela

35


Audrey Hepburn

Marilyn Monroe Pode ser definida como loira platinada, cheia de curvas e que exala sensualidade. Ficou conhecida somente como um objeto sexual sem talento, muitos a definem como uma boneca inflável em carne e osso criada apenas para aguçar a sensualidade e desejo dos homens.

Atriz britânica que ficou reconhecida como ícone de moda e sofisticação. Está presente em várias listas como uma das melhores atrizes de todos os tempos. Diferente de Marilyn e Brigitte, que exalavam sexualidade e sensualidade, Audrey sempre fez personagens marcantes, chiques e ingênuas. Seu visual e os cabelos pretos e curtos foram copiados por milhares de mulheres, tanto que até os dias de hoje ela é musa dos fashionistas.

Ava Gardner Atriz americana reconhecida por sua beleza, talento, olhar fatal e corpo escultural. Fez diversas personagens sensuais e fatais, mas diferente de Marilyn não foi só reconhecida como um símbolo sexual.

Brigitte Bardot

36

Atriz francesa que começou a carreira como modelo e logo recebeu oportunidades para trabalhar no cinema. Uma de suas características marcantes era a beleza natural e os cabelos loiros que chamavam a atenção, junto ao misto de sensualidade de mulher com o jeito de menina. Foi considerada um grande símbolo sexual na época, porém diferentemente de Marilyn teve seu talento reconhecido.

Grace Kelly

Atriz norte americana de muito sucesso e prestígio, foi reconhecida por seu talento e classe, sendo considerada um ícone da moda. Além de ser atriz Grace também foi princesa de Mônaco e o mundo parou para ver seu casamento com o príncipe Rainer terceiro. Seu visual exalava uma beleza natural e ingênua e seus cabelos loiros eram copiados por milhares de mulheres que queriam parecer com a princesa/atriz.

37 Elizabeth Taylor Atriz inglesa que ficou conhecida por seu talento e polêmicas. Possuía beleza inconfundível e cabelos pretos, que viraram ícones junto com sua imagem e extravagâncias chamando assim mais atenção que seu próprio trabalho. Viveu cercada de luxo e glamour tendo um dos salários mais caros da época. Ela é reconhecida como uma das melhores atrizes de todos os tempos, junto com outro time seleto de estrelas.

Rita Hayworth Atriz americana que virou ícone de beleza por seus cabelos ruivos e corpo escultural. Começou como dançarina de cabaré e decidiu mudar para carreira de atriz. Aos poucos, se tornou um objeto sexual da época e fez muito sucesso interpretando personagens fatais e sensuais como Gilda, seu maior sucesso da carreira. Depois desse papel ela não conseguiu outros papéis destaques.


Após analisar essas atrizes percebe-

logo remetemos a Monroe, que foi

se que Hollywood cria diversos tipos

construída a partir de diversos este-

de personas ou estrelas. Lipovesky

reótipos machistas.

fala em seu livro que a mídia indivi-

38

dualiza as pessoas pela diversidade,

Ao analisar as atrizes da década de 50,

então podemos dizer que a necessi-

ficou visível que cada uma delas car-

dade de apresentar tantas mulheres

regava estereótipos e tipos em suas

objeto, nos anos 50, e até os dias

imagens. O objetivo principal do tra-

de hoje, acontece pelo simples fato

balho é entender o papel das per-

de terem a persona que agradaria a

sonas na multiplicação de conteúdo

cada tipo de pessoa. Por isso, exis-

da indústria cultural e como funciona

tem as personas apenas sexys e sem

esse processo. Para isso é necessá-

conteúdo, as clássicas e chiques, as

rio observar a evolução das mesmas

fatais e sensuais, as glamorosas e

ao longo dos anos, avaliando assim

etc. Criando assim, mulheres objetos

se a indústria continua criando per-

que podem vender diversos tipos de

sonas cheias de estereótipos como

imagem, produto e status.

Marylin.

Do ícone a celebridade

Para uma análise mais específica serão escolhidas atrizes loiras, da década de 80 até os anos 2000, para

“As imagens midiáticas possuem um enor-

fazer um contraponto com a imagem

me poder (conferido pela reprodutibilidade)

de Marilyn Monroe. Após a avaliação

e atingem uma capacidade e penetração nun-

iremos observar se a indústria de

ca sonhadas anteriormente”. (JUNIOR, 2014,

entretenimento continua machista e

p.76).

rotulando as estrelas como fazia antigamente.

Marilyn Monroe é um dos maiores ícones criados por Hollywood, sendo inspiração até os dias de hoje para moda, música, arte entre outros. Quando se fala em mulher objeto,

Michelle Pheifer Conhecida por seu cabelos loiros que a acompanharam por toda sua carreira e pela ótima forma. Michelle é conhecida principalmente pelos filmes de drama, a maioria de suas personagens são mulheres batalhadoras, mães de família em dramas familiares que viraram sua marca registrada, porém fez alguns filmes de comédias românticas e de aventura/scifi onde interpretou mulheres sexys , ambiciosas e etc.

Melanie Griffith

Atriz americana conhecida pelo excesso de plásticas. É mundialmente famosa por ser símbolo sexual em filmes como “dublê de corpo” e “totalmente selvagem”, onde suas personagens tinham diversas cenas de nudez e sexo. Um fato curioso é que a mesma recusou diversos papéis onde interpretaria mulheres fatais. Fez outros personagens em comédias e filmes de drama, porém ela é mais conhecida por filmes que exalam nudez e sexualidade. Além disso, Melanie teve sua imagem atrelada a problemas com álcool e drogas.

39

Jessica Lange

É uma atriz e fotógrafa, vencedora de dois Oscars e muito reconhecida pela crítica especializada. Era também modelo quando foi convidada para interpretar o papel principal no filme “King Kong”, onde virou símbolo sexual. Após a filmagem interpretou outros papéis, na maioria de drama. Teve sua imagem de volta aos holofotes em 2010, ao entrar no elenco da série de terror “American Horror Story”.

Meryl Streep É considerada uma das melhores atrizes de todos os tempos. Com mais de 19 indicações ao Oscar e 3 estatuetas, Meryl é conhecida pela sua versatilidade de papéis, pois interpretou diferentes tipos de personagens desde os anos 80. Em sua filmografia destacam-se principalmente as personagens fortes, batalhadoras, independentes e a frente do seu tempo. Diferente de outras atrizes que se apoiavam na beleza para ter sucesso.


Sharon Stone

É uma atriz e modelo americana que ganhou fama mundial com sua cruzada de pernas no filme “ Instinto Selvagem”, uma das cenas mais famosas do cinema até os dias de hoje. Com a repercussão do filme ela foi capa da revista playboy e se tornou um objeto sexual da época. Fez outros filmes, interpretando na maioria personagens sexys, superficiais e problemáticas, porém, sem muito sucesso.

40

Jodie Foster É uma atriz , produtora e diretora americana reconhecida pela crítica. Vencedora de dois Oscar, começou sua carreira ainda criança. Grande parte de seus papéis são como mulheres fortes, guerreiras, inteligentes e ambiciosas, a maioria deles em filmes de drama e suspense.

Alicia Silverstone Conhecida como a queridinha dos adolescentes dos anos 90, ficou famosa ao interpretar a personagem principal no filme “As Patricinhas de Beverly Hills”, uma comédia lotada de estereótipos e que reforça os ideais capitalistas.Em outros filmes interpretou personagens extremamente sexys como a Bat Girl, em “Batman e Robin”.

Gwyneth Paltrow Atriz americana e vencedora do Oscar, ficou conhecida pelas comédias românticas onde viveu personagens fúteis e bobas que sempre buscavam o amor, abusando da sexualidade. Também fez alguns filmes de dramas e aventura, porém até hoje, é conhecida como atriz de comédia para o público feminino.

Jennifer Aniston É uma atriz americana que nos anos 90 foi a queridinha da América por ser uma das protagonistas na famosa série “Friends”. Após o fim da série se dedicou a comédias, onde sempre interpretou personagens que abusam da sensualidade, na maioria das vezes solteiras, a procura de um marido.

Renée Zellweger Atriz americana vencedora do Oscar e de outros prêmios. Sua carreira é dividida entre filmes de drama e comédias românticas, interpretou diversos tipos de mulheres, das mais dramáticas e sofredoras até as cômicas como Bridget Jones que vivia procurando um amor, até chegar as extremamente sexys como Roxie de “Chicago” e as independentes.

Meg Ryan

Uma Thurman É uma atriz americana conhecida por ser musa de Quentin Tarantino. Ficou conhecida pelos filmes de ação, drama e algumas comédias românticas. A maioria de suas personagens são mulheres fortes, independentes e lutam pelo que querem e acreditam, porém foram as personagens fortes de “PulphFiction” e “Kill Bill” que ela a tornaram reconhecida até os dias de hoje.

É uma atriz americana que ficou famosa por meio das comédias românticas, onde interpretava mulheres a procura de amor. A partir de pesquisas, é possível descobrir que ela tentou diferentes papéis para fugir do estereótipo da “boa moça”.

41


42

Sarah Jessica Parker É uma atriz americana que ficou conhecida mundialmente ao interpretar a personagem principal na série “Sex and the City”, onde todos os episódios e filmes que se derivaram dela encontrase product placement ( anúncios inseridos em filmes) e reforça os ideais do capitalismo. A personagem de Sarah é uma escritora que se muda para Nova York em busca de amor, sexo e grifes .

Brittany Murphy Atriz americana que ganhou fama nos anos 90 ao fazer “Patricinhas de Beverly Hills”, porém foi entre 1999/2000 que ela ganhou o status de estrela devido sua atuação em comédias românticas. A maioria de suas personagens eram problemáticas, desajuizadas e sempre enfrentavam problemas de auto-aceitação. Brittany morreu em 2009 e seus últimos papéis foram de mulheres problemáticas, viciadas em drogas.

Reese Witherspoon

Charlize Theron É uma atriz americana vencedora do Oscar que ganhou popularidade entre 1999/2000. É conhecida principalmente pelos seus filmes de drama e aventura/scifi onde interpretou, em sua maioria, mulheres fortes, decididas, problemáticas e algumas vilãs. Pode-se observar em sua carreira que as personagens não são voltadas para o lado sensual, porém, Charlize fez diversos comerciais de perfume onde interpreta mulheres extremamente sensuais e fatais.

É uma atriz e produtora americana vencedora do Oscar que é conhecida mundialmente pelo papel em “Legalmente Loira”, onde interpretou uma típica patricinha americana. Reese fez mais comédias românticas e filmes de drama onde interpretou mulheres decididas, auto suficientes e algumas submissas. Poucas de suas personagens abusavam da sexualidade e sua carreira pode ser definida como um misto de papéis, onde ela conseguiu interpretar vários tipos de mulheres: das ingênuas e fatais as decididas que buscavam

Nicole Kidman É uma atriz australiana,a maioria de seus filmes são dramas e suspenses. No início da carreira interpretou personagens sensuais e fatais, porém de acordo com a fama começou a escolher seus papéis, optando por personagens fortes, dramáticas e batalhadoras e algumas que exalavam sexualidade. Seu papel de maior destaque foi em “Moulin Rouge”. Após esse filme foi considerada uma sex symbol.

Cameron Diaz

É uma atriz americana conhecida por suas personagens sexys em comédias. A maior parte dos papéis foi interpretando loiras sensuais, a procura de um amor e problemáticas. Foi com o filme “As Panteras” que ela atingiu o nível “sexy symbol”. Para tentar desvincular um pouco a fama de atriz de comédias, fez alguns filmes de drama que não fizeram tanto sucesso.

43

Scarlett Johansson

É uma atriz e cantora americana conhecida pela beleza exuberante, corpo escultural e o título de “sexy symbol”. Sua carreira começou nos anos 90, mas foi nos anos 2000 que explodiu mundialmente. Grande parte de suas personagens são sexys e sensuais, sendo algumas mocinhas, problemáticas, fatais, guerreiras e super-heroínas, mas em todos os filmes as personagens possuem momentos que mostram a beleza e o corpo de Scarlett.

Kate Hudson É uma atriz americana conhecida por suas personagens nas comédias românticas, virando assim marca registrada até os dias atuais. Elas costumam ser extremamente sexys, problemáticas e buscar um amor.


A citação acima explica o raciocínio

Rachael Mcadams

É uma atriz canadense que começou sua carreira fazendo filmes destinados ao público jovem, ao participar de “Meninas Malvadas’’ atingiu o ápice de sua carreira ao interpretar uma adolescente mimada, consumista e que só liga para aparência. Porém foi em “Diário de uma paixão” que sua carreira mudou e ela começou a fazer filmes de drama, romance e suspense, interpretando diversos tipos de mulheres, ou seja, ela conseguiu tirar o estereótipo dos filmes “teens” e fazer outros tipos de projetos não comerciais.

44

Depois de analisar essas estrelas

que diz “É preciso morrer uma estre-

dos anos 80, 90 e 2000 podemos

la para nascer outra”. Se aplicarmos

concluir que Hollywood continua es-

isso desde a morte a Marilyn, pode-

tereotipando as mulheres de forma

mos concluir que as indústrias cul-

machista de diferentes forma. Em

turais nunca deixaram de produzir e

contraponto durante os anos 50 es-

criar atrizes objetos para agradar os

ses tipos mudaram, já que nas déca-

diversos tipos de público.

das anteriores era possível observar mais mulheres interpretando perso-

Baseadas na imagem de Marilyn

nagens secundárias aos homens.

Monroe, surgiram diversas outras

Sendo assim, dos anos 80 para cá

imagens de atrizes loiras que foram

Mary Kate e Ashley Olsen

as mulheres estão interpretando per-

criadas para trabalhar no segmento

São duas atrizes americanas que hoje se dedicam a car-

sonagens principais fortes, batalha-

cultural. Através da análise podemos

reira de moda, mas nos anos 90/2000 estiveram em

doras e independentes, entretanto,

observar que determinados tipos de

cena fazendo filmes que eram sucesso entre o público ado-

o tipo sensual, fútil, submisso e de

atrizes participaram somente de fil-

lescente. Sempre interpretaram irmãs que buscam aven-

mulher fatal ainda continua em evi-

mes para adolescentes, “comédias

tura e romance. Atualmente as duas abandonaram a car-

dência atrelado a comédias român-

besteirol” e romances. Sendo assim

reira de atriz para cuidar do império de moda que criaram.

ticas, onde interpretam-se mulheres

é possível perceber que a indústria

que procuram um amor, passando a

cria essas mulheres e as padroni-

ideia que a pessoa precisa ter um re-

za em um só gênero, onde ela vai

lacionamento para ser feliz.

dialogar principalmente aplicando o

Paris Hilton

conceito de paixonite explicado por “Assim, há tempos as imagens procedem de

Lipovesky.

Socialite que ficou famosa ao ter um vídeo de sexo vaza-

outras imagens, se originam da decoração de

do na internet, ganhando assim notoriedade. Com isso

outras imagens. Teríamos aí o primeiro degrau

esteve em diversos “realitys shows” e recebeu convites

da iconofagia. As imagens que povoam nossos

para participar de filmes onde interpretou personagens

meios imagéticos se constituem em grande

“Iconofagia e a devoração de imagens, jun-

fúteis e extremamente sexualizadas.

parte, de ecos, repetições e reproduções de ou-

tamente com a voracidade por imagens e a gula

tras imagens, a partir das imagens presentes

das próprias imagens.” (JUNIOR, 2014, p.73)

no grande repositório”.( JUNIOR, 2014, p.74).

A iconofagia

45


“Ao consumir imagens, já não as consumi-

Para entender porque alguns seres humanos tornam-se vítimas tão fácil

“As imagens têm apenas uma chance de

do capitalismo e da indústria cultural,

alcançar o status da vida: quando elas buscam

é preciso estudar o livro de Norval

nos olhos de seus espectadores a profundida-

Baitelo Junior - A Era da Iconofagia,

de perdida [...] Com a reprodutividade ocor-

que fala sobre o poder e influência

re, portanto, a primeira inversão: as imagens

que as imagens tem na vida das pes-

é que nos procuram.” (JUNIOR, 2014, p.68).

soas. A citação abaixo explica o que acontece quando temos contato com

função biombo. Em vez de remeter o mundo e as coisas, elas passam a bloquear seu acesso, remetendo apenas ao repertório das próprias imagens.” (JUNIOR, 2014, p. 74).

A indústria cultural continua a produzir personas, pois querendo ou não elas se tornam grandes veículos de massa e conseguem emitir a mensagem, fazendo assim com que ela chegue ao público alvo e faça nova-

Ao consumir apenas o que imagens

mente a roda do capitalismo girar.

dizem, o indivíduo está se privando Segundo Norval, o ser humano

do poder de escolha, ou seja, que-

“Assim como somos possuídos pelos deuses

busca algo em que se apegar, seguir,

rendo ou não ao seguir personagens

que possuímos, somos possuídos pelas ideias

ouvir e escutar. As imagens expostas

a pessoa está contribuindo para que

que possuímos.”(MORIN, 2000, p. 154 - 155).

“As imagens se converteram em nosso ar-

pela indústria cultural passam isso,

a indústria do capitalismo continue a

quivo histórico, em nossa memória coletiva, e

criando assim uma profunda identifica-

agir.

cada vez mais aspiram colonizar nosso futuro,

ção com o público. Para explicar isto

nosso imaginário, nossos desejos. Recorda-

temos como exemplo o cantor de soul

“Consumimos imagens em todas suas formas:

ditar nesta ideia de mundo e viver

mos, pensamos, sonhamos através de imagens

Sam Smith, que antes de estourar em

marcas, modas, grifes, tendências, atributos,

conforme esta estatística. A citação

que invadem nossa existência, afastando-se da

2014 para 2015 com “Stay With Me”,

adjetivos, figuras, ídolos, símbolos, ícones e

acima diz exatamente isso, o ser hu-

vida real, projetando-nos em uma dimensão

assumiu sua homossexualidade para

logomarcas.” (JUNIOR, 2014, p.74 ).

mano passa a ser aquilo que acredita

virtual em que os sentidos e as linguagens do

o público. Após esse fato a popula-

nosso corpo são substituídos pelas imagens

ção LGBT e apoiadores dos mesmos

Com o capitalismo, criou-se uma

privando as pessoas de escolherem

que as máquinas criaram para nós.” (FLÓRES, 2014

passaram a ter um carinho maior a

sociedade

consu-

seus próprios caminhos, ditando que

, p. 09).

tudo que se referia a imagem dele, se

mista, narcisista que é apegada a

ela pode seguir apenas “x, y, z” e

identificando e consumindo ainda mais

marcas, valores e status. Atrelados

com isso eles conseguem definir as

Para a atual sociedade é normal

duro que ele vendia. É isso que, basi-

a isso criou-se a ideia de sermos o

pessoas em grupos que não se mis-

receber milhares de imagens ao re-

camente, a indústria cultura. faz isso

que possuímos, transformando pes-

turam.

dor todos os dias. Na década de 50,

com o público, trazendo imagens

soas em imagens que consomem

após a 2ª Guerra Mundial, esse fe-

montadas para o dia a dia das pes-

imagens. Se antes eram as imagens

nômeno tomou proporções maiores

soas, fazendo com que elas tenham

que vinham até os consumidores, a

e a indústria cultural trabalhou muito

uma relação muito forte de fã/admi-

situação se inverteu, atualmente nós

“Nas cidades em que vivemos, todos nos

na criação de imagens que fizessem

rador. Vivemos em um período que

estamos indo até as imagens e as

deparamos com centenas de imagens publi-

seus consumidores acreditar naque-

as pessoas devoram imagens como

devorando, praticando assim a ico-

citárias a cada dia que passa. Nenhum outro

le produto e serviço.

se fossem alimento.

nofagia.

gênero de imagem nos defronta com tanta fre-

imagens.

46

mos por sua função janela, mas sim por sua

Se consumirmos imagens que dizem que o mundo é “x, y, z”, vamos acre-

ou consome. A indústria cultural está extremamente

O Papel da publicidade

47


quência.” ( BERGER, 1999, p.131).

ferramenta que presta serviço às

mais suscetíveis a aderirem ao padrão

metáfora, que buscam representar

Podemos definir que a comunicação

indústrias, criando necessidades e

de vida vendido pela mídia. Outro fator

necessidades que o capitalismo an-

começou quando os homens das ca-

vontades que não existem para fazer

interessante é que assim como a moda,

seia.

vernas pintaram os primeiros dese-

as pessoas continuarem consumindo,

que resguarda referências antigas e as

nhos nas paredes, isso foi evoluindo

fazendo assim com que a roda do capi-

traz de volta em outra roupagem, a pu-

até chegar a linguagem que conhe-

talismo sempre continue girando.

blicidade faz o mesmo.

cemos hoje. A publicidade surgiu

48

com o objetivo de anunciar produtos

“A publicidade nos convence dessa transfor-

“O abismo entre o que a publicidade re-

e serviços para as pessoas e ao lon-

mação ao mostrar pessoas que aparentemente

almente oferece e o futuro que promete, cor-

go dos anos ela foi se modificando

se transformaram e são, em vista disso, invejá-

responde ao abismo entre o que o espectador-

até chegar na era digital, onde exis-

veis. O estado de ser invejado é o que constitui

comprador sente e aquilo que gostaria de ser.

tem mais interações entre os consu-

o glamour. E publicidade e o processo de fabri-

Os dois abismos se tornam um ; e, em vez do

midores e as marcas.

car glamour.” ( BERGER, 1999, p.133).

abismo individual ser ultrapassado pela ação ou pela experiência vivida, ele é preenchido

A publicidade auxilia a indústria cul-

Gilles Lipovesky diz em seu livro, “O

com glamorosos sonhos acordados.”

tural na construção dos estereótipos,

Império do Efêmero”, que a indústria

( BERGER, 1999, p.150).

arquétipos e discursos, transforman-

cultural cria paixonites e usa a publi-

do tudo isso em imagens e levando

cidade para criar o glamour, fazendo

A publicidade anda junto com o ca-

para a sociedade que é o destinatá-

com que as pessoas se identifiquem

pitalismo, para continuar gerando

rio desses conteúdos. A Unidade 7

com o estilo de vida delas e queiram

dinheiro sem se importar com as

do livro Modos de Ver, John Berger

ser como elas.

consequências na vida das pesso-

nos diz: “Estamos agora de tal modo

as, pois o foco é sempre gerar lucro,

habituados a sermos o destinatário

“A publicidade gira em torno de relações

porém existem casos em que ela é

dessas imagens que mal notamos a

sociais, não em torno de objetos. Sua promessa

usada para o bem. Como por exem-

totalidade”. Ou seja, já estamos tão

não é de prazer, mas de felicidade: felicidade

plo quando uma grande marca apoia

acostumados com a enxurrada de

julgada de fora, por outros. A felicidade de ser

uma causa, ou cria campanhas em

imagens que a publicidade nos trans-

invejado é glamour.” ( BERGER, 1999, p.134).

que o objetivo não é a venda direta.

mite que virou uma coisa normal.

John Berger ao dizer que a publiciJohn Berger em seu livro, “Modo de

dade não fabrica o sonho, mas sim

Seria errôneo dizer que a publicida-

Ver”, diz que o objetivo da publicidade

necessidades que farão com que as

de é a culpada pela criação dos es-

é fazer as pessoas ficarem insatisfeitas

pessoas queiram algo, nos mostra

tereótipos, pois ela é apenas uma

com o próprio estilo de vida e estejam

que a indústria cria sempre sonhos-

49


Persona

vendem essas “máscaras” criadas

Durante o desenvolvimento des-

dos, estereótipos e comportamentos.

com o objetivo de propagar conteú-

te trabalho evidenciamos a palavra

50

‘’persona’’, pois de acordo com as

Ao longo da pesquisa teórica ficou

pesquisas realizadas, a Indústria

claro que as imagens que a indústria

Cultural cria ‘’personas‘’ cheias de

cultural cria são nada mais que “per-

estereótipos, clichês e discursos

sonas artificiais”, ou seja, os artistas

prontos para lançá-las na sociedade

vendem sua imagem para a indústria

de consumidores. Para entender o

cultural e interpretam um persona-

significado de persona é preciso cir-

gem artificial, calculadamente criado

cundar algumas de suas suas defi-

para atingir um público-alvo, tendo

nições como por exemplo no teatro.

sua mensagem, temática e conteúdo destinados a esse grupo de pessoas

‘’A palavra latina persona indicava inicialmen-

que serão seus seguidores ou fãs, e

te a máscara usada pelo ator, através da qual

por consequência, consumidores de

a voz devia ressoar. Por extensão, a palavra

seus produtos, filmes e espetáculos.

passou a designar não apenas o personagem representado pelo ator mas também as más-

Assim, ao vender sua imagem para

caras usadas pelas pessoas em sua vida social:

a indústria, a identidade dessas per-

assumir uma persona significa, coloquialmen-

sonas, para o público, é a da imagem

te, assumir um papel social, uma identidade,

criada e não a sua própria. Um bom

correspondente ao status social, ao trabalho,

exemplo disso é o da atriz Marilyn

profissão, a maneira encontrada por cada um

Monroe, que ficou conhecida apenas

para se apresentar ao mundo e se relacionar

como um símbolo sexual.

com os outros’’. ( Furtado, 2013, p.28).

Essa artificialidade pode ser vista Ao analisar a citação acima e trazer

de diferentes ângulos, porém, todos

para o contexto deste trabalho, obser-

sempre beneficiam o capitalismo, fa-

vamos que a indústria cultural cria ano

zendo a indústria girar. Como diz Bau-

após ano novas personas e esses artis-

man em ‘’Vidas de Consumo’’ (2008),

tas/cantores, atores, personalidades

as pessoas estão tão acostumadas a

51


52

consumir imagens de consumo que

cabelo, novo aparelho eletrônico e

causa. Um exemplo disso no Brasil

diferenciação tem o objetivo de ge-

uma parte delas não consegue mais

afins. Essas divas são criadas cheias

é a marca de cosméticos Avon, que

rar identificação com foco no con-

identificar. A maioria dos ícones que

de estereótipos como veremos mais

mudou seu posicionamento mos-

sumo, pois esse é um dos motores

seguem são apenas instrumentos ar-

adiante, e são vendidas como ob-

trando em uma série de peças de

da indústria cultural. Por outro lado,

tificiais de uma indústria voraz, que

jetos sexuais tendo, na maioria das

comunicação que todos têm direito a

percebemos que os discursos são

vê os consumidores como espelhos

vezes, sua imagem sexualizada até

usar maquiagem sendo homens ou

sempre parecidos e as diferenças

daquilo que eles desejam que a so-

o seu total esgotamento quando são

mulheres. Tal campanha fez muito

marcantes estão relacionadas à al-

ciedade seja.

substituídas por novas.

sucesso nas redes sociais, gerando

guns aspectos da personalidade e

um engajamento muito grande da

estilo desses artistas.

A partir desses conceitos, tentamos

Atualmente, a comunidade LGBT

própria comunidade LGBT e em seus

mostrar a influência da Indústria Cul-

é um dos maiores públicos-alvo da

simpatizantes.

tural na criação de personas e o efeito

indústria cultural. Só no Brasil, o

que essas imagens causam na vida

consumo dos LGBT’s é quatro ve-

Podemos perceber que o principal

é possível encontrar características

das pessoas que consomem o con-

zes maior do que os outros grupos

diferencial desse público é que eles

que fazem a comunidade LGBT se

teúdo propagado por elas, tentando

sociais, segundo levantamento do

são consumidores fiéis desses artis-

identificar. Muitas delas passaram a

entender as motivações do público

portal UOL. Consumindo mais e com

tas. Consomem produtos e serviços

defender causas ligadas aos gays e

que segue essas imagens lotadas de

maior poder de compra, esse grupo

atrelados a suas imagens, como:

tem instituições e projetos sociais,

estereótipos e quais características

desperta o interesse das grandes

perfumes; roupas; sapatos; joias; li-

além disso, estimulam “empodera-

identificadoras de seu público-alvo.

empresas e ganha relevância.

nhas de maquiagem e afins, o que

mento”, poder, confiança, aceitação,

leva muitas marcas a associarem

auto estima, liberdade sexual, amor

Segundo Franco Reinaudo, diretor

seus nomes a essas artistas para es-

próprio e sexo.

do Museu da Diversidade de São

tarem em contato com esse público.

As Divas e a comunidade LGBT

Quando analisamos de maneira mais profunda a imagem dessas estrelas

Dessa forma, esse grupo de pes-

A Indústria Cultural constantemente

Paulo, estima-se que cerca de 10%

fabrica divas pop que podem ser de-

da população mundial seja lésbica,

Como foi ressaltamos anteriormente,

soas vê essas mulheres como alia-

finidas como sendo cantoras, atrizes,

gay, bissexual ou transgênero. Para

a indústria cria diversos tipos de ar-

das, amigas, irmãs ou simplesmen-

modelos e personalidades que são

ele, a maior dificuldade das grandes

tistas com diferentes tipos atitude e/

te como algo que eles querem ser

as preferidas da comunidade LGBT

marcas em falar com esse público é

ou expressão. Essa estereotipação é

ou conquistar um dia. Talvez essa

(lésbicas, gays, bissexuais, travestis,

que muitas não se posicionam como

visível no segmento das divas, onde

identificação

transexuais e transgêneros) e tem o

a favor da causa, porém, de uns

existe a uma divisão com várias op-

comunidade LGBT, mesmo com a

objetivo de continuar suprindo as ne-

anos para cá é possível ver algumas

ções de artistas para agradar aos

evolução dos anos e os direitos con-

cessidades do mercado como, por

marcas nacionais e internacionais se

mais diversos públicos presentes

quistados, ainda sofre muito precon-

exemplo, de um novo visual, corte de

reposicionando e mostrando apoio a

dentro da comunidade LGBT. Essa

ceito perante a sociedade e enxer-

aconteça

porque

a

53


gam nessas mulheres algo a que se apegar e confiar.

54

cilite essa identificação”. (LONGO, 2016).

que não as contesta e que sempre

mais intensidade a essas divas e en-

A citação acima complementa toda a

está apto a aceitar o surgimento de

contra em suas imagens apoio sua

discussão abordada ao mostrar que

novas divas dentro desses padrões.

autoafirmação.

Do mesmo modo que existe a pro-

o público LGBT é ensinado a endeu-

dução voltada para as massas e a

sar essas mulheres e sempre espe-

Outro ponto a ser observado é a

O fã não enxerga que está consu-

produção voltada para os intelectu-

rar delas perfeição, beleza, musicas

percepção daqueles que não estão

mindo uma imagem cheia de estere-

ais, quando se fala de divas é pos-

pop dançates e etc, os transforman-

incluídos dentro dessa comunidade,

ótipos pré-moldados para propagar

sível perceber que a indústria cria e

do em consumidores de imagens es-

mas que também podem vir a con-

os ideais capitalistas. Para ele, tudo

direciona algumas para a massa e

tereotipadas e artificiais. Talvez seja

sumir esses produtos ou não. Dian-

que a sua diva pop está dizendo, é

outras para um público diferencia-

por esse motivo que muitas divas

te desse fenômeno há que se pen-

autêntico. O fã não as observa como

do, com discursos opostos para es-

pop passam por problemas emocio-

sar quanto ao efeito dessas práticas

intermediárias entre a indústria cultu-

ses dois públicos. No entanto, nos

nais chegando até a situações limite

na vida desse público, entre outras,

ral e os consumidores, como alguém

dois casos essas artistas abraçam

como os colapsos nervosos. O fardo

coloca se a questão de que aque-

que ajuda a formar uma base de con-

a comunidade LGBT, mostrando seu

e as cobranças, tanto da mídia quan-

les que “consomem” as divas pop

sumidores que age e consome aqui-

apoio diretamente e indiretamente,

to do público, tem afetado diretamen-

podem estar perdendo seu tempo

lo que lhes foi imposto como sendo

salvos algumas exceções que não

te essas artistas.

e vida, vivendo em função de uma

o ideal.

imagem que foi construída especial-

expressam sua opinião sobre assuntos envolvendo a militância LGBT,

Consideramos

problemática

mente para propagar os conteúdos

Ao consumir personas artificiais, o

mas ambos os públicos os conside-

enorme continuar estereotipando as

da indústria. Porém, é necessário se

público-alvo, sem saber, acaba se

ram mesmo assim.

mulheres em categorias/tipos e in-

colocar no lugar do fã para entender

moldando conforme o que lhes é im-

serí-las em um rol de consumo para

como essa relação, esse vínculo é

posto como certo, abrindo mão de

‘’Por outro lado, somos o público-alvo de uma

uma população que objetiva se sentir

criado.

sua própria identidade para seguir

produção cultural que exige um tipo de atitude

integrada dentro de uma comunida-

específico dessas mulheres, um tipo de beleza

de.

uma

dentro de determinados padrões e uma sensu-

o que a grande massa está fazenEntendemos que as pessoas pre-

do para se sentir incluído no grupo

cisam de algo para acreditar, se

o que pode ser visto inclusive como

alidade maquiada em trajes minúsculos, cabe-

Ao analisarmos determinado grupo

apoiar. Algumas buscam isso em ri-

uma forma de alienação ou evasão

los esvoaçantes e cirurgias plásticas [...] Não

LGBT, percebemos que a maioria

tuais tradicionais, na fé. Outras, são

da realidade.

sei se existe uma solução para esse problema

das divas amadas por esse público

midiatizadas e depositam esse senti-

– se é que é um problema – a curto prazo. Não

propagam e tem sua imagem cons-

mento nos ídolos pop. Dentro desse

Nesse contexto percebe se que al-

sei se deveríamos parar de endeusar essas mu-

truída a partir de estereótipos e cli-

contexto, percebemos que a comuni-

gumas pessoas buscam aceitação

lheres, inclusive porque talvez seja a própria

chês. Esse público está tão acostu-

dade LGBT, diferentemente dos ou-

e para isso, abrem mão de sua pró-

situação especial da homossexualidade que fa-

mado a consumir essas imagens,

tros grupos sociais, se conecta com

pria identidade e viram personas ar-

55


tificiais, mudando seu modo de falar

estudada, os transformando em is-

e agir, como se a vida passasse a

cas para uma indústria milionária

ser um placo e sua identidade um

que cria um conteúdo estereotipado,

personagem. Quando analisamos a

sexualizado, repleto de clichês, le-

comunidade LGBT podemos ver que

vando esse público a viver, ser, fa-

dentro dela existem diversos tipos de

lar conforme aquilo que lhes é dado

públicos dos mais diferentes níveis

como modelo a ser imitado e seguido

que consomem conteúdos diferen-

até que surja um novo.

ciados, no grupo estudado é possível observar que todos compartilham do

A INTERNET

mesmo interesse porém com algu-

significa ‘’teia de alcance mundial’’) não são sinônimos, embora frequentemente utilizamos esses termos como tal. Na realidade, a www é um espaço que permite a troca de informações multimídia (texto, som, gráficos e video) através da estrutura da internet”. (Monteiro, 2001, p. 2).

redes sociais e aplicativos de comunicação do que por ligação telefônica ou outro meio. Atualmente se pode fazer quase tudo pela internet, desde pedir comida a encontrar relacionamentos. As redes sociais trouxeram mudanças significativas para a vida das pessoas, a ponto de muitos não conseguirem mais viver sem esse

O word wide web foi desenvolvido na

serviço.

década de 90 por Tim Bernes- Lee A internet é uma rede que possibilita

para suprir a necessidade de com-

O avanço da tecnologia e da mobili-

a conexão de milhares de computa-

partilhar conteúdos acadêmicos, em

dade possibilitou ainda à sociedade

Outro questionamento se dá sob o

dores, na qual qualquer pessoa que

forma de texto, imagem onde o usu-

a chance de ficar conectada o dia

ponto de vista ético, e nos pergun-

estiver conectada pode acessar e

ário consegue acessar por meio de

inteiro em qualquer lugar graças aos

tamos se o que a indústria cultural

compartilhar diversos tipos de conte-

um mouse e de um navegador para

smathphones, que possibilitam na-

faz ao criar personas artificiais pode

údo. O surgimento da internet trouxe

se fazer as pesquisas.

vegação na internet.

ser considerado, anti ético a partir do

uma revolução no mundo das comu-

momento em que se vende para as

nicações, mudando o jeito de se co-

Nos anos 90 o www foi disponibili-

‘’pode se dizer que a internet é um meio de

pessoas valores e ideais como se

municar e se informar.

zado para todas as pessoas e com

comunicação que se enquadra no dispositivo

isso grandes empresas do ramo da

todos e todos na qual não há distinção entre

mas divergências.

56

“A internet e a WWW ou wordwide web (que

fossem verdades absolutas , fazendo com que seja necessário curvar

Originada nos anos 60, com o objeti-

informática

seus

emissores e receptores. Ela proporciona in-

se a eles para se adaptarem social-

vo de ser uma ferramenta de comu-

browsers e a internet começou a ser

teração entre locutor e interlocutor, uma vez

mente. Assim, nos dias de hoje não

nicação militar alternativa, na qual

comercializada, com isso foi aconte-

que, na rede qualquer elemento adquire a

se pode dizer que a nossa socieda-

se poderia compartilhar informações

cendo a disseminação dos computa-

possibilidade de interação, havendo interco-

de tem uma identidade fixa, pois ela

com rapidez e flexibilidade, foi ape-

dores pessoais e o crescimento da

nexões entre pessoas de diferentes lugares do

está constantemente sendo influen-

nas nos anos 80 que começou a ser

rede para a sociedade.

planeta, facilitando, portanto, o contato entre

ciada pela cultura da novidade e do

usada como ferramenta de centros

descartável.

de pesquisa em universidades e no

Dessa maneira, o consumo das per-

meio acadêmico para comunicação

sonas artificiais e divas pop afeta

e compartilhamentos de pesquisas.

diretamente a comunidade LGBT

desenvolveram

A internet e a comunicação

elas, assim como a busca por opiniões e ideias convergente.’’ (Galli, 2002).

Sabemos que nos dias de hoje as

Segundo Jenkins (2009) estamos

pessoas se comunicam mais pelas

vivendo a cultura da convergência,

57


onde as velhas e as novas mídias

formações, propagando sua opinião

a essa colaboração que vem acon-

obrigatório ter sido criado pela indús-

colidem, onde mídia corporativa e

e pensamentos que ficam disponí-

tecendo, como os famosos financia-

tria cultural para fazer sucesso, tudo

mídia alternativa se cruzam. Quan-

veis para qualquer pessoa no mundo

mentos coletivos, onde usuários aju-

depende do nível de acessos e da

do se analisa a Internet é possível

acessar.

dam as pessoas a conseguirem um

interação e resposta do público.

determinado valor em troca de uma

enxergar características de outros

58

meios de comunicação como o jor-

‘’Bem vindos ao novo mundo das wikinomi-

recompensa ou simplesmente aju-

Desta maneira, percebemos que a

nal, radio, televisão, telefone, ou

cs, onde a colaboração em massa transformará

dam por que acreditam no projeto.

indústria cultural deixou de ser o úni-

seja, é uma ferramenta que possibi-

todas as instituições [...] essa nova participa-

‘’O acesso crescente á tecnologia da

co centro de produção de conteúdo,

lidade a junção de diversos veículos

ção atingiu um ápice no qual novas formas

informação colcoa nas pontas dos

a popularização da internet, redes

em uma única interface.

de colaboração em massa estão mudando a

dedos de todas as ferramentas ne-

sociais e novas mídias, deu lugar

maneira como bens e serviços são inventados,

cessárias para colaborar, criar valor

aos usuários que, querendo ou não,

Em seu livro Cultura da convergên-

produzidos, comercializados e distribuídos

e competir.’’ ( Williams e Tapscott,,

viraram concorrentes dessa indústria

cia, Jenkins (2009) diz que as mídias

globalmente [ ... ] no entando, nunca antes os

2007,p.21).

milionária ou ainda propagadores

não irão morrer. Elas vão evoluir e se

indivíduos tiverem o poder ou a oportunidade

transformar ao longo dos anos, e, a

de se conectar livremente em redes de colabo-

Entendemos que a internet permite

internet possibilita esse conexão. Se

ração. ‘’ ( Williams e Tapscott, 2007, p.20).

uma interação diferenciada que ou-

Quando se observa o comportamen-

tros veículos de comunicação não

to de algumas pessoas na internet é

antigamente precisavamos receber

dos valores dessa indústria na rede.

informação de diversos meios de co-

Wikinomics foi um termo criada por

conseguiam possibilitar. O que tem

possível perceber que algumas de-

municação, hoje se tem acesso a mi-

Don Tapscott e Anthony Williams

acontecido ultimamente é que os in-

las veem esse ambiente como um

lhares de conteúdos e informações

para falar da colaboração em massa

fluenciadores dos dias de hoje não

lugar onde se pode falar e propagar

em áudio, vídeo, foto, texto em um

e como isso tem mobilizado o mun-

foram criados pela indústria cultu-

o que quiser ou vier a mente porque

único clique.

do. No livro de mesmo nome lançado

ral, a maioria deles surge na internet

o ambiente virtual sugere essa total

em 2007, eles citam exemplos como

compartilhando seu próprio conteúdo

liberdade.

A internet possibilita ao seu usuário

o do wikipedia, que é uma enciclo-

e ganhando público e abrangência.

a chance de se comunicar por diver-

pédia livre onde os próprios usuários

sos meios, transformando assim o

inserem o conteúdo. Hoje na internet

Um exemplo disso é o cantor cana-

ternet constrói-se, a partir da lingua-

modo de interagir. Nos dias de hoje,

existem diversos sites e portais que

dense Justin Bieber, que começou a

gem comum, adptando vocábulos e,

por exemplo, um indivíduo não pre-

são movimentas pela contribuição

carreira postando vídeos no youtube

em grande parte, por meio de em-

cisa ser mais jornalista para ser um

de usuários. Dessa forma, quando

que tiveram vários acessos e fizeram

préstimos da língua inglesa. Desse

produtor de conteúdo e formador

se analisa o mercado da internet é

uma grande gravadora descobrir seu

modo talvez seja possível dar, como

de opinião. Pessoas comuns estão

possível ver diversos tipos de negó-

trabalho e contratá-lo. Isso nos leva

certo, o fenômeno da globalização.

virando geradoras de noticiais e in-

cios, projetos saindo do papel graças

a crer que nos dias de hoje não é

A partir dos anos 2000, quando a so-

Para Galli (2202) a linguagem da in-

59


ciedade passou a ter mais acesso a internet, começaram a surgir redes de comunicação que mais tarde fo-

ficaram conhecidos como miillenialls.

Os Millennialls

se preocupar com as crises e ins-

as metas que são estipuladas pela

tabilidades do mercado. Já os mil-

sociedade como ser bem sucedido,

lenialls não são totalmente ligados

casamento, filhos e realizações pes-

ao dinheiro e procuram a felicidade

soais.

acima de qualquer coisa. Buscam

ram chamadas de redes sociais. Atualmente, existem diversas com

É considerada millennial ou simples-

sempre viver novas experiências

As grandes empresas perceberam

temáticas e públicos diferentes. Des-

mente geração y o conjunto de pes-

e

sua

o potencial dessa geração e estão

de os anos 2000 até os dias de hoje,

soas nascidas nos anos 1990. Essa

personalidade com o seu modo de

mudando sua comunicação e con-

surgiram diversas redes como por

geração nasceu em um período que

vestir e falar, consumindo marcas

ceitos para atrair esses jovens, pois

exemplo Fotolog, Myspace, Orkut e

os avanços tecnológicos e a internet

que vendem valores nos quais

eles são consumidores que estão em

afins. O que pode-se observar das

estavam em crescimento e expan-

acreditam e não gostam de rótulos e

processo de criação da identidade.

redes sociais e que em sua maioria

são.

denominações.

Muitas vezes, consomem produtos

sensações,

expressam

e serviços apenas pelo status inse-

elas são substituídas por outras mais

60

novas ou que englobam diversas em

Segundo os teóricos, os jovens que

‘’O cientista político americano Ronald In-

rido nele para se sentirem aceitos

uma como por exemplo o Facebook

fazem parte dessa geração podem

gleheart acredita que indivíduos como os mil-

pela sociedade e as marcas, para

que possibilita ao usuário compar-

ser definidos como pessoas preocu-

lenials que tem necessidades vitais atendidas,

atrair esse público, vendem ‘’status’’

tilhar foto, vídeo, texto, gif, meme,

padas com o ambiente, que querem

passam a priorizar temas menos materiais.

e ‘’sensações’’ de exclusividade e

transmissões ao vivo e chat.

estar em um lugar onde se sintam

Essa mudança para uma agenda ‘’pós - ma-

unicidade.

bem, por isso, procuram trabalhar

terialista” vai influenciar o modo que pensa-

Quando analisamos a comunicação

com atividades que tenham propósi-

mos a política e a nossa vida geral [...] ques-

voltada ao público-alvo desse proje-

to. A geração y também tem a vonta-

tões como a busca da felicidade, o sucesso na

to, que será explicado melhor mais

de de mudar o mundo, são ativistas

carreira e a valorização da transparência se

O projeto experimental teve como

à frente, percebe-se que no ambien-

digitais e lutam por causas via inter-

tornam centrais na vida dessa geração. ‘’ (Ab-

objetivo entender a relação das per-

te virtual essas pessoas usam muito

net. São indivíduos que não vivem

dalla, 2014, p. 38).

sonas com a comunidade LGBT, que

gírias, emoticons (símbolos gráficos

sem a tecnologia e dispositivos mó-

para representar sentimentos), gifs

veis e não imaginam sua vida sem

Ao que percebemos, esses jovens

sas subdivisões. Fazer o projeto com

(imagens animadas) e memes (ima-

celular, internet e redes sociais

buscam se sentir realizados tanto na

foco em atingir todas essas pessoas

vida pessoal quanto na profissional

seria uma tarefa muito complicada,

gens com legendas voltados ao lado

Público-alvo

é um grupo muito grande com diver-

do humor) para se comunicar e se

Outro ponto a ser observado é que a

e a busca por encontrar o que lhes

pois nem todos que fazem parte des-

expressar, aderindo a novas formas

geração y cresceu cercada de mimos

realiza demanda grande parte de

sa comunidade consomem o mesmo

de se interação e que essa nova for-

pelos pais e familiares, diferentemen-

suas vidas, o que os torna reféns

tipo de conteúdo.

ma de se comunicar e compartilhar

te da geração x que tinha preocupa-

de suas próprias expectativas e os

conteúdo é peculiar a aqueles que

ções de moradia, construir família,

pressionam para conseguir realizar

Visando resultados mais consisten-

61


tes foi escolhida uma parcela espe-

transmitem.

cífica de público que faz parte desse

62

Segundo um estudo mundial de so-

de conteúdos da indústria cultural

cial midia intilulado We are Social

e divas pop, que são pessoas

grupo. O grupo escolhido no con-

Pensando nisso, a persona criada

2016, no Brasil existem 120 milhões

que usam seu tempo para falar e

texto LGBT foi o dos millennials que

Victoria Verdot terá características

de pessoas conectadas na internet.

enaltecer o trabalho do seu artista

caracterizados como a geração co-

de um jovem transgênero que faz

Destas pessoas, apenas 103,0 mi-

favorito e não os veem como uma

nectada que não vive sem internet,

parte da geração y e dessa comu-

lhões estão conectadas nas redes

imagem totalmente estereotipada.

redes sociais e tecnologia.

nidade LGBT, sendo totalmente de-

sociais. Ainda de acordo com os da-

pendente da internet e redes sociais

dos, o tempo em média que o brasi-

Esse público foi escolhido proposital-

Esses jovens moradores da cida-

e que ainda está em processo de

leiro fica na internet via computador

mente como objeto de estudo, pois

de de São Paulo têm entre 16 e 24

construção de sua própria identida-

ou notebook é de 5 horas e 14 minu-

os LGBT millennials porque perce-

anos, estão entre o ensino médio e

de, sendo influenciado constante-

tos. Por celular e dispositivos móveis

beu se que apesar doas pesquisas

superior e a maioria trabalha. Seus

mente pela Indústria Cultural. Essa

a estimativa é de cerca de 3 horas e

informarem que são definidos pela

principais interesses são consumir

identidade como se pode observar é

56 minutos. Desse total de pessoas

sociedade como pessoas que não

tudo que se refere as divas pop e

algo construído de fora para dentro

conectadas a internet 93, 2 milhões

acreditam em rótulos, porém o que

outros conteúdos atrelados a elas,

e não o contrário como seria natural.

acessam diretamente por celular as

se pode verificar é que há uma par-

redes sociais. As redes sociais mais

cela de consumidores de status e

dentro e fora da internet. Em sua maioria veem as divas pop como um

Por isso, busca felicidade e realiza-

acessadas pelos brasileiros são o

sensações efêmeras e ao consumir

exemplo a seguir, enxergando nelas

ção pessoal e cresceu com a ideia

facebook, seguindo por whatsapp e

a imagem de personas e divas pop

algo positivo, um exemplo a seguir.

de que só seria feliz se trabalhasse

messenger. Dentre os usuários do

contradizem a ideia de que são pen-

Outra característica dessa parcela

fazendo o que gosta, movido pelo

facebook no Brasil a maior abran-

sadores independentes.

da comunidade LGBT é que eles de-

princípio do prazer, buscando sem-

gência de perfis é de pessoas entre

fendem com unhas e dentes essas

pre superar suas expectativas, ser

20 a 29 anos, sendo 18% mulheres e

Deste modo o projeto se propôs a

artistas e se inspiram nelas e nos

única e exclusiva.

17% homens.

verificar a hipótese levantada nos questionamentos e para isso apoiou

conteúdos propagados por essas imagens para construirem sua iden-

Somando essas características e os

Dentro desse contexto, os millen-

se nas teorias estudadas para elabo-

tidade.

assuntos que envolvem a Indústria

nials são um público bem grande e

rar uma persona artificial que tornou

Cultural criou se esse personagem

para segmentar a comunicação foi

possível criar uma situação contro-

Essa parcela do público utiliza inten-

simulacro com traços que pretendem

escolhido como objeto de pesquisa

lada por meio de uma simulaçãode

samente as redes sociais, propagan-

empatizar com

esse público por

uma parcela desse público. Assim,

perfil no facebook como forma de es-

do sempre conteúdos referentes as

meio de um perfil numa rede social

elegemos um grupo LGBT entre 16

tabelecer uma comunicação o públi-

divas pop não se importando com o

buscando, identificação e interação.

a 24 anos, moradores da cidade

co-alvo e a partir das interações bus-

São Paulo, consumidores assíduos

car as respostas para as questões

tipo de discurso que essas imagens

63


do projeto. Todo o conteúdo propagado pela personagem usou as possibilidades que a plataforma permite como por exemplo o uso de memes, gfis e etc. Após a execução do projeto foi possível levantar dados sobre a relação desse público com as personas e saber como os diferentes tipos de discurso que serão abordados durante a ação das mídias sociais afetaram a relação desse público com a persona criada.

64

65


O projeto

continuariam a seguir personas se

Nome: Victoria Verdot

soubessem que suas imagens são construídas sob diversos estereótipos e clichês? A maneira encontra-

Objetivo

da para transformar os conteúdos estudados nesta pesquisa em uma

66

Este projeto experimental teve como

ação nas mídias sociais, foi através

objetivo geral responder a pergunta

da criação de uma persona artificial

inicial proposta nessa pesquisa que

que foi construída com base nos te-

é entender “ se as pessoas souberem

mas abordados durante a pesquisa,

que os ídolos ou imagens que conso-

juntando com interesses do público

mem, são cheios de estereótipos e

alvo, construindo assim uma imagem

clichês, e manipulações ainda conti-

com que o público possa se identifi-

nuariam a segui-los?’’. Com apoio do

car.

conteúdo teórico, aplicando o que foi estudado em uma intervenção nas

O público alvo foi uma parcela es-

redes sociais foi criada uma persona

pecífica da comunidade LGBT que

seguindo os moldes das personas

faz parte da Geração Millenial, nas-

estudadas que se comunicaria com

cida após o surgimento da internet

o público GLS nas redes sociais.

e das tecnologias, muitos desses jovens millennials ( nascidos a partir

O objetivo específico desse trabalho

dos anos 90 até 2004) não imagi-

foi tentar entender porque a comuni-

nam suas vidas sem a internet, redes

dade LGBT segue essas personas e

sociais, celular e tecnologia, sendo

o conteúdo propagado por elas.

usuários assíduos das mesmas e

Intervenção

a persona criada Victoria Verdot foi moldada como parte dessa geração que é totalmente dependente das

O projeto de pesquisa foi uma in-

redes, busca um propósito de vida e

tervenção nas redes sociais com o

está na busca de sua identidade.

objetivo de

responder a pergun-

ta inicial do trabalho: As pessoas

O Facebook foi a ferramenta encon-

67


trada para ser o canal entre a perso-

falam sobre esses temas .

na ( Victoria Verdot) e esse público totalmente segmentado , pois dentre

Ao longo dos dias da intervenção

as redes sociais foi a que ofereceu

a persona (Victoria Verdot) mudou

mais possibilidades como por exem-

seu discurso e se questionar sobre

plo o uso de texto, foto, vídeo, gfis e

o que ela é o real significado de

memes, mensagens inbox, comparti-

tudo. Quando foi confrontada por

lhamento de postagens e afins. Den-

alguns usuários que a criticarão por

tre as opções que o Facebook ofere-

meio de comentários, ela fez uma

cia foi escolhido fazer um perfil, pois

reflexão sobre tudo o que ela repre-

ele possibilita colocar os interesses,

senta e propaga passando a ver os

gostos, visões de mundo e afins.

conteúdos da indústria cultural sob uma nova perspectiva, mostrando

68

A imagem de Victoria Verdot foi

que ela é mais que um estereótipo

construída a partir das análises das

ou uma imagem que consome outras

atrizes estudadas dos anos 50 até

imagens cheias de clichês trazendo

chegar aos anos 2000, com ba-

a tona questões como identificação,

ses nos estereótipos encontrados

representatividade e os próprios es-

nessas imagens foi se construindo

tereótipos que estão presentes nas

quem Victoria seria, criando assim

imagens das divas pop.

uma imagem cheia de estereótipos e clichês que propaga conteúdos da

Kellner diz em seu livro a cultura da

indústria cultural e tem um discurso

mídia ( 2001) que as pessoas mol-

totalmente sexualizado e fútil, vendo

dam sua identidade conforme as

apenas o lado glamouroso das coi-

imagens que seguem. A partir desse

sas tendo Marilyn Monroe e outras

conceito que a imagem de Victoria

divas pop como seu modelo de vida.

foi desenvolvida, com o objetivo de

Victoria é uma consumidora assídua

mostrar que algumas pessoas, para

dos conteúdos da indústria cultural

se sentirem aceitas e inseridas pela

e tudo que se refere a essas divas,

sociedade, moldam sua identidade

no seu perfil ela curte perfis desses

e se transformam em uma persona

artistas e páginas de pessoas que

artificial para se sentir parte de algo.

69


A ação aconteceu no Facebook du-

é a filha mais nova e tem uma irmã

ções e aprendeu a cuidar de si mesmo.

quer e não desiste até conseguir,

rante duas semanas começando no

mais velha chamada Olívia, sua fa-

Durante o período em que esteve

é totalmente livre de preconceito e

dia 12 de outubro com término no

mília é dona de uma vinícola em Mi-

fora Victor conheceu mais sobre ser

rótulos, se considera uma embaixa-

dia 22 de outubro de 2016, onde a

nas Gerais, morou parte da sua vida

transgênero, pessoas que também

dora do vale dos homossexuais, é

Victoria Verdot se comunicou com os

em Belo Horizonte onde ficou até os

se sentiam como ele e como fun-

uma pessoa bem-humorada que ri

usuários e propagando dois tipos de

15 anos.

cionava a cirurgia e voltou para o

de tudo, adora festas, drinks, com-

Brasil decidido a fazer a cirurgia, po-

pras, viajar e conhecer lugares no-

Desde pequeno Victor nunca se re-

rém sua família não aderiu a ideia e

vos, seus defeitos são ansiedade e

conheceu como menino e desde

disse que ele precisava pensar antes

perfeccionismo. Escolheu cursar pu-

cedo seus pais perceberam isso e

de tomar uma atitude pois eles acha-

blicidade, pois segundo um teste vo-

Foi proposta a criação de uma per-

consultaram especialistas e diversos

vam que Victor era gay é não trans-

cacional esse era o curso ideal para

sona que se chamará Victoria Ver-

médicos para saber o que estava

gênero.

ela.

dot, e para isso foi preciso dar vida a

acontecendo, o diagnóstico foi que

essa personagem criando uma histó-

Victor não se identificava com o cor-

Se matriculou no curso de publicida-

Muitos lidam com a sexualidade

ria, características, interesses, modo

po masculino, passou sua vida entre

de numa conceituada universidade

como um tabu porém para Victoria

de falar e estilo para que o tom da

psicólogos e médicos.

de São Paulo onde cursou 3 semes-

isso é algo natural e ela se define

tres, foi na faculdade que ele ouviu

como uma pessoa totalmente sensu-

discursos e conteúdos

A persona

70

comunicação e linguagem seja com base na identidade que foi construí-

Sua família sempre teve boas condi-

falar sobre o cartunista Laerte Cou-

al que não se priva de nada quan-

da para a personagem.

ções o que possibilitou diversas via-

tinho e sua transição até se auto de-

do o assunto é prazer e realização

gens, experiências, roupas de grife

finir como transgênero. Mesmo sem

pessoal, ama seu corpo e faz de tudo

A personagem foi criada com carac-

e afins, sua relação com seus pais

fazer a cirurgia Victor aderiu a iden-

para se manter gostosa, para isso se

terísticas e traços que farão um pú-

sempre foi complicado, pois Victor

tidade de Victoria e se revoltou com

mantem em dietas e exercícios físi-

blico específico dentro da comunida-

nunca se enquadrou nos padrões

sua família por eles não aceitarem

cos. Seus principais vícios são redes

de LGBT se identificar, ela foi criada

de sua família como sua irmã, o que

que ele fizesse a operação, construiu

sociais, chocolate, selfies , realitys

com base nos conceitos estudos na

causava muita briga entre eles.

uma identidade feminina com base

shows e drinks com azeitonas.

naquilo que ele sempre acompanhou

parte teórica deste trabalho.

Sobre

Aos 15 anos se mudou para o Ca-

e acreditava ser o modelo certo de

Entre seus maiores sonhos, Victoria

nadá onde cursou o Ensino Médio.

mulher/ representação feminina para

deseja ter seu próprio reality show,

Esse período fora é considerado por

ser aceito pela sociedade.

uma linha de roupas e ter um arquivo confidencial no Faustão. A persona-

Victoria Verdot Lima nasceu como

ele como a melhor experiência de

Victor em São Paulo, no dia 21 de

sua vida, onde descobriu mais sobre

Victoria Verdot pode ser definida

gem que mais a define é a Serena de

julho de 1991 , filha de Olavo e Noeli,

si, conheceu novas pessoas, sensa-

como uma jovem que sabe o que

Gossip Girl, pois ela representa tudo

71


família evitam falar sobre. Quando é

identidade e estilo próprio fazendo

do a Britney disse que adorou o seu

questionada sobre, muda de assun-

diretamente referências a elas usan-

cabelo.

Sua relação com sua família não é

to ou usa seu senso de humor para

do as mesmas poses, roupas, aces-

das melhores, pois eles não aceitam

sempre sair por cima , prefere ser

sórios e maquiagens iguais a essas

Sua vida é bem agitada e seus prin-

o seu estilo de vida e consideram

vista como uma vadia do que como

artistas para tentar se parecer com

cipais hobbies são fazer compras e

que ela está desperdiçando sua vida

uma vítima ou aberração, se inspirou

elas.

ir para balada, Victoria é uma fre-

nas noitadas em vez de se dedicar a

nas personagens de filmes e nas di-

escola e trabalho. Seu primeiro em-

vas para virar a Victoria Verdot que

prego foi aos 23 anos em uma agên-

todos gostam e seguem, pela primei-

cia de publicidade no departamento

ra vez em sua vida ela se sente feliz

Sua maior paixão é Marilyn Monroe a

Nova York, Milão e Ibiza, porém pre-

de marketing, porém pediu demis-

e realizada.

qual considera como seu exemplo de

fere as são GLS onde toca todas as

mulher, Victoria tem tudo referente a

músicas que ela gosta. Seus melho-

que Victoria quer ser um dia.

são pois não acreditava naquilo que

72

Interesses

quentadora assídua da noite paulista tendo já ido na maioria das baladas. Suas baladas preferidas ficam em

estava fazendo nem na graduação

O estilo de Victoria pode ser definido

Marilyn e discorda totalmente das

res amigos sempre foram gays e lés-

e resolveu trancar a faculdade em

como algo vulgar, com roupas que

pessoas que a julgam como apenas

bicas então ela mesma se considera

busca de um propósito da vida, usa

remetem a sensualidade mostran-

um símbolo sensual, ela enxerga a

como uma hetero dentro do vale dos

esse tempo livre na internet e fazen-

do seu o corpo e as curvas. Na sua

imagem de Marilyn como glamuro-

homosexuais .

do compras.

concepção o que é bonito precisa

sa, luxuosa, e sempre quis ter uma

ser mostrado não importa a ocasião,

vida assim cheia de glamour, amigos

Suas maiores preocupações são fi-

Sua principal prioridade é encontrar

para ela a mulher não pode ficar de-

famosos, fãs e etc, desde pequena

car sem bateria e 3G e não poder co-

o que realmente gosta pois ela não

sarrumada e sem maquiagem nun-

seu sonho é ter cabelo loiro igual o

mentar as coisas nas redes sociais.

quer se tornar aquelas pessoas que

ca, pois o rosto e o cartão de visita

de Marilyn.

Sua rede social favorita é o Face-

vivem a vida inteira fazendo o que

de qualquer mulher.

não acredita. Enquanto não acha o

Seu cabelo é loiro por causa de Ma-

Victoria além de Marilyn sempre con-

te vida fora das redes sociais, para

propósito curte a vida no limite até

rilyn Monroe que é sua maior inspi-

sumiu a música pop e tudo que se re-

ela não poder usar as redes sociais

encontrar o seu caminho ou um ho-

ração de vida, seu estilo reflete isso

fere a mesma, se considera a maior

no trabalho e algo contra o direito de

mem rico para te bancar para não

mostrando que ela é uma mulher

conhecedora dos assuntos pop sa-

se expressar.

ficar dependente do dinheiro do pai.

sensual e fatal podendo ser definida

bendo todas as músicas, coreogra-

como uma mistura de Marilyn com

fias e afins, já viu quase todos os

Victoria não gosta de falar sobre o

Britney Spears, santa e ao mesmo

seus artistas preferidos ao vivo. Para

fato dela ser transgênero nem de sua

tempo fatal.

ela o momento ápice de sua vida foi

Após ser criticada nas redes sociais

vida antes de se identificar com sua

Se inspira no estilo e no modo de

conhecer Britney Spears durante um

Victoria começa a repensar as coisas

atual identidade, tanto ela quanto sua

falar das divas para construir a sua

Meeting Great em Las Vegas quan-

e se questionar sobre de fato o que

book, Victoria acredita que não exis-

A Mudança

73


Marina And The Diamonds pode se

é, porém continua com sua vida nor-

ver uma crítica social ao capitalismo

mal porém ao ir em uma festa com

e a indústria cultura que ajudou na

suas amigas no meio da noite ao se

construção do projeto e da criação

Em seu livro ‘’vidas de consumo’’

olhar no espelho da balada Victoria

da imagem da persona desenvolvido

Zygmunt Bauman coloca sua opinião

não se reconhece mais e começa

no projeto experimental .

sobre a nossa atual sociedade que a

a refletir sobre tudo e as mudanças

74

do desejo e a distância temporal entre este e

ela representa e quem ela realmente

Zygmunt Bauman

sua satisfação, assim como entre a satisfação e o depósito de lixo. A síndrome consumista envolve velocidade, excesso e desperdício. ‘‘( Bauman, 2008, p.111).

cada dia consome mais e mais sem

Bauman acredita que quando a pes-

que aconteceram na sua vida desde

Bauman falava dos efeitos que o

necessidade para se adequar aos

soa está alienada a respeito do capi-

que começou a assumir uma identi-

consumismo causa na sociedade e

padrões da indústria.

talismo ela deixa de seguir sua pró-

dade feminina.

como as pessoas viram reféns des-

Após essa festa ela volta para casa

sas imagens no disco de Marina

‘’Em primeiro lugar, a preocupação de ‘’es-

como sendo uma necessidade ,se

com essa ideia na cabeça pensando

(Electra Heart) vemos uma persona

tar permanecer á frente’’(á frente de tendência

tornando em imagens de consumo

no que ela virou e se ela realmente

criada cheia de estereótipos e tipos,

de estilo – ou seja, no grupo de referencia, dos

que consomem outras imagens.

está feliz, começando a ver que nes-

mostrando como a indústria cultural

‘’pares’’ , dos ‘’outros que contam’’, e cuja apro-

se último ano ela viveu como uma

faz essas subdivisões nas mulheres

vação ou rejeição traça a linha entre o sucesso

personagem para ser aceita pelas

e com o seu pop art Warhol mostra o

e o fracasso‘.’ ( Bauman, 2008, p.107).

pessoas, mudando completamente e

efeito negativo que essas imagens,

passando por cima de seus valores

como por exemplo as citadas em

Essa citação explica perfeitamente

roe e das loiras como meu objeto de

éticos para se adaptar a um grupo

Electra Heart tem para a sociedade

como nossa sociedade está aliena-

pesquisa, comecei a pesquisar temas

social.

de consumidores que se tornou em

da pelo capitalismo e consome todos

relevantes e encontrei o trabalho da

Nesta transformação, Victoria usa-

imagens que consomem outras ima-

seus discursos, ideias e padrões e

cantora inglesa Marina Diamandis

rá as redes sociais para falar sobre

gens.

para se adequar as modas e neces-

que tem atualmente três discos lan-

sidades artificiais criadas pela indús-

çados, e seus dois primeiros traba-

tria .

lhos The Family Jewels (2010) que

suas reflexões e o que a levou a assumir aquela identidade e etc.

Referências

Analisar o trabalho deles foi muito

pria opinião para seguir o que ditam

Marina and the Diamonds Ao definir a imagem de Marilyn Mon-

importante para o desenvolvimen-

criticava o “american way of life” e a

to do projeto a opinião deles envol-

‘’A síndrome cultural consumista consiste, aci-

indústria do entretenimento e Electra

vendo a indústria cultural e consumo

ma de tudo, na negação enfática da virtude de

Heart (2012) podemos encontrar di-

As atrizes estudadas nessa pesqui-

ajudou na construção do discurso a

deixar para depois e da possível vantagem de

versos estereótipos que nos fazem

sa tiveram suas identidades constru-

ser discutido no projeto, que segui-

se retardar a satisfação – esses dois pilares axi-

relacionar com Monroe e outras per-

ídas cheias de clichês e estereótipos

rá a linha usada no trabalho de ser

lógicos da sociedade de produtores governa-

sonas criadas pelas indústria cultural.

e quando você analisa o trabalho de

contra ao que a criação de personas

da pela síndrome produtivista [ . . . ] também

Zygumunt Bauman, Andy Warhol e

representa.

encurta radicalmente a expectativa de vida

Em seu estudo de caso sobre o dis-

75


76

co Electra Heart, Danielle Katrine

tasse diversos tipos mulheres, obje-

bum, e relacionar cada faixa com os

tipos atrelados a ela.

define o álbum como um disco con-

tos criadas pelas indústrias culturais,

estereótipos encontrados em cada

Homewecker ( Destruidora de Lares )

ceito criado com a ideia de abordar

todos esses tipos de mulheres que

uma das faixas com os encontrados

um determinado tema, sendo assim,

ela interpreta lembram Marilyn Mon-

nas atrizes analisadas.

os principais assuntos discutidos ao

roe. Durante a fase de divulgação

longo das 17 músicas que fazem

do disco e na turnê do álbum Mari-

parte dele são a Cultura pop, capi-

na adotou um visual platinado que

talismo, american way of life, as re-

remetia ao loiro de Monroe. A per-

Fala basicamente como Hollywood

- Mulher devoradora de homens que

presentações da mulher e os estere-

sonalidade da personagem era um

estereotipa a mulher como objeto.

quer ter todos.

ótipos e arquétipos envolvidos nelas

misto de sensualidade e drama, na

Nessa música vemos o lado da per-

- Mulher sendo estereotipada como

em forma de crítica social. Durante o

maioria de seus filmes nosso objeto

sona objeto como se ela estivesse se

destruidora de lares.

processo de criação do disco Mari-

de pesquisa interpretou loiras burras

descrevendo, como uma mulher fútil

- Mulher fatal , sensual e formosa.

na Diamondis dizia que interpretava

que só pensam em arrumar um bom

que liga apenas para aparência e o

- Mulher que liga apenas para beleza.

diversos tipos de mulheres e que ne-

partido e ser materialistas, no disco

corpo.

Que foram estereótipos encontrados

nhuma a representa, outro fato que

podemos ver essas nuances.

É uma das músicas que mais se relaciona com o meu tema, pois

Bubblegum Bitch ( Vadia chiclete )

nela é possível encontrar diversos estereótipos como :

em quase todos os filmes de Marilyn . Primadona

a autora destacou em seu estudo foi

Starring Role ( Protagonista )

que Electra Heart desconstrói a ideia

No seu disco de 2010, Marina já

do sonho americano, mostrando a

mostrava sua opinião contra ao que

Retrata uma mulher sexy symbol

vida de uma persona e suas várias

Hollywood faz ao transformar pesso-

e descreve como ela é irresistível ,

Mostra uma mulher que está can-

facetas, não enaltecendo, mas sim

as em imagens mas foi com o álbum

sexy e vulgar , materialista e muito

sada de ser vista como coadjuvante

criticando esse estilo de vida.

de 2012 que sua crítica social se

narcisista que consegue tudo o que

e um objeto sexual , ela quer ser a

aprofundou e ela mergulhou fundo

ela quer.

protagonista da sua própria história e

‘’ O sonho americano consiste basicamente na

para conseguir mostrar os estere-

crença de que os Estados unidos são a terra

ótipos que a indústria rotula as mu-

da oportunidade, liberdade, felicidade, pros-

lheres as classificando em diversos

peridade, onde se obtém sucesso e a aparên-

tipos, gêneros para gerar identifica-

Outra música que fala sobre quando

aulas de teatros e cursos, as pes-

cia é seu principal reforço. ‘’ (Katrine, 2012,

ção com os mais diferentes tipos de

uma mulher descobre que ela é apenas

soas e a indústria apenas a veriam

pg.107).

pessoas.

um objeto sexual na mão das pessoas.

como uma loira sexy e burra e talvez

A música retrata bem Norma Jean que

por isso ela não conseguia papéis diferentes durante sua carreira.

ser levada a sério. Um dos principais Lies ( Mentiras )

dilemas que Marilyn vivia era que por mais que ela se esforçasse, fizesse

O disco narra a vida da personagem

Após fazer a análise do disco como

interpretou a maior sexy symbol que já

Electra Heart que pode ser relaciona-

crítica foi realizada uma nova apre-

existiu Marilyn Monroe que não aguen-

da como se a persona dela interpre-

ciação de 12 das 17 músicas do ál-

tou viver com esse rótulo e os estereó-

The State of Dreaming ( O estado de

77


sonho )

longo da música a imagem dessa

conflitos e problemas e desistiram

- seja pura.

Fala de uma mulher que percebe sua

estrela e descrita como alguém que

dela e mesmo com todos esses de-

- seja uma jogadora , não se apegue

vida como uma eterna farsa, pode-se

cometeu muitos erros se arrepende

sencontros ela nunca desistiu de en-

a um relacionamento ou relação.

relacionar muito com a vida Marilyn

de todos, que quer ser loira e ter mui-

contrar o amor. Podemos relacionar

- mulheres são destruidoras de cora-

Monroe, que em vários momentos

tos homens apaixonados por ela.

essa persona que Marina interpreta

ções.

com Monroe.

admitia que quando tentava dormir se sentia como uma farsa, um dos

Valley of the dolls ( Vale das bon-

seus principais questionamentos era

ecas)

Em seu primeiro disco Marina já faSex Yeah ( Sexo sim)

ra pop e personas artificiais, duas

que as pessoas só a reconheciam

78

lava dos temas envolvendo a cultu-

como a loira sensual e se esquecem

A música basicamente fala de quan-

Uma das faixas que mais podemos

faixas se encaixam perfeitamente

da Norma Jean como se a sua per-

do a persona criada ou inventada ,

encontrar a crítica social de Marina

nos temas abordados nesse proje-

sona criada passasse por cima de

domina o ser humano a ponto dele

a indústria que quer vender coisas

to experimental, Na faixa Hollywood

sua identidade real .

não se reconhecer mais e virar

através do sexo e muitas vezes usa

podemos ver uma crítica social ao

apenas uma representação. O que

pessoas como objetos para vender

‘’American Way of Life e aos padrões

aconteceu com Marilyn Monroe que

um produto ou serviço essa é uma

estipulados que as mulheres devem

foi apenas vista como suas persona-

das músicas que podemos encontrar

seguir para serem bem sucedidas,

Uma das faixas mais representativas

gens e não como a pessoa que ela

elementos do termo ‘’paixonite’ cita-

ricas e bonitas, a música diz coisas

do disco que descreve como as in-

era Norma Jean, ao pesquisar sobre

do por Lipovetsky no seu livro Impé-

como ‘’Hollywood infectou seu cére-

dústrias culturais usam o poder para

ela descobre- se que a mesma gas-

rio do Efêmero.

bro ‘’ e ‘’Isso é apenas uma vida de

controlar as mulheres para trans-

tou anos de sua vida e muito dinhei-

formá-las em objetos para vender

ro como a psicanálise para conseguir

How to be a Heartbreaker

produtos e serviços. Talvez seja por

entender isso e tentar resolver esse

(Como ser uma destruidora de cora-

isso que a cada ano surgem novas

problema de personalidade.

ções )

Em “I am not robot” ( Eu não sou um

É uma música que define como

robô) podemos ouvir um discurso

a indústria cultural via a mulher ,

que Marina fala como as indústria

apenas como uma submissa que

cultural tentam transformam pessoas

A música descreve uma mulher fa-

tinha de obedecer seu marido, a

em personas para virarem um pro-

tal que destrói as pessoas que se

música fala de como uma mulher

duto e consequentemente um robô

Relata a imagem de uma mulher nar-

relacionam com ela , Marilyn ficou

tem de ser para agradar os homens

escravo do capitalismo a serviço do

cisista , que quer ser uma estrela do

conhecida como devastadora, pois

e ser uma destruidora de corações.

entretenimento.

cinema. O jeito que essa persona é

todos os homens que se relaciona-

Segue abaixo alguns estereótipos

retratada remete a Marilyn, pois ao

ram com ela não aguentaram seus

citados na música :

Power & Control ( Poder e controle )

estrelas para manter o mercado do capitalismo aquecido. Teen Idle ( Adolescente desocupada)

Radioctive ( Radioativo )

farsa’’ que são assuntos que ela explorou bem em Electra Heart .

Analisando as faixas podemos con-

79


cluir que esse é um álbum concei-

discurso fala e uma fala de Bauman

fama sendo conhecido até os dias de

tual, que reflete sobre nossa atual

em “ Vidas de Consumo”, combina

hoje.

sociedade que e influenciada por

perfeitamente com esse fato de Elec-

personas que viram paixonites e

tra Heart não ter virado um debate na

Warhol foi um designer, fotógrafo,

movimentam a indústria cultural. Ao

sociedade, o ser humano se tornou

publicitário, cineasta americano que

dizer que não quer ser uma popstar

um devorador de imagens e apenas

ficou conhecido mundialmente pelos

pode-se entender que Marina não

as consome sem rebater o que elas

seus trabalhos dentro e fora do Pop

quer ser uma Marilyn da vida. Talvez

dizem.

Art. Em seu trabalho ele demostra

a escolha de fazer a crítica social em forma de música, foi a forma que ela usou para que a mensagem chegas-

ANDY WAHROL E O POP ARTE

sa e “American Way of Life”, e usava os conteúdos que a própria indústria criava para fazer .

se a um público maior, e com isso

80

sua opinião contra a cultura de mas-

criar debates na sociedade e mesmo

‘’ O termo popular, ao menos no sen-

fazendo parte da indústria do entre-

tido que tem na Europa, é impróprio :

Warhol trabalhou muito com foto-

tenimento ela deixou claro que não

a Pop art não a criatividade do povo,

montagem e na maioria de suas

quer ser transformada em uma per-

e sim a não criatividade da massa.

obras eram as estrelas do cinema e

sona. O que nos mostra que as pes-

É verdade que manifesta, acima de

da música que apareciam como ob-

soas que fazem parte desse mun-

tudo, o desconforto do individuo na

jeto principal, dentre eles personali-

do sabem disso e mesmo assim se

uniformalidade da sociedade de con-

dades como Elvis Presley, Elizabeth

submetem a ser transformados em

sumo. ‘’ ( Argan, 2006 , p.575).

Taylor, Marlon Brando e Marilyn Monroe que ficou imortalizada no quadro

personas para atingir um sucesso ou Diferentemente dos outros tipos de

de Andy logo após a sua morte .

arte, o Pop Art não seguia as normas

Pintar esses quadros com famosos

Por mais que a ideia do álbum fosse

da academia, ele foi um movimento

era a maneira de Andy expressar

fazer uma crítica social ele foi consu-

artístico sem muita técnica, poden-

sua crítica ao consumismo e ao fato

mido como apenas mais um álbum

do ser definido como uma arte figu-

dessas imagens não produzirem

pop e as questões e estereótipos

rativa que era contrária a cultura de

nada significativo para a sociedade

atrelados nas músicas não foram

massa e o ‘’American Way of Life’.

e por essas pessoas serem infelizes

discutidas ou viraram debates, mos-

Esse movimento aconteceu na déca-

e com problemas, mostrando que a

trando que o público esta tão acos-

da de 50 em vários países, porém foi

mesma indústria que te leva ao topo

tumado a consumir essas imagens

com o trabalho do americano Andy

também levara ao fundo do poço. A

que não ligam mas para o que seu

Warhol que ganhou notoriedade e

reprodução em massa de sua arte

status social.

81


representa perfeitamente o que a in-

man está certo ao falar que nossa

mento. No livro: A era da iconofagia

persona será colocada em prática

dústria cultural faz com as pessoas

sociedade de consumidores virou re-

de Norval Baitelo Junior, diz que as

os conceitos estudados na pesquisa

todos os dias ao inserir personas ar-

fém de imagens e consome apenas

pessoas estão tão acostumadas a

teórica sobre identidade, identifica-

tificiais no nosso convívio, a ponto de

status e estereótipos sem ligar para

consumir essas imagens que já virou

ção, indústria cultural , estereótipos

as pessoas comprarem o artista so-

o que ela representa. Um exemplo

uma coisa rotineira. A partir desse

e afins. A mudança de discurso da

mente pela sua imagem do que pelo

claro disso é o famoso quadro da

pressuposto surgiu o projeto expe-

persona teve como objetivo enten-

significado.

sopa Campbell que virou um hit e a

rimental. Nesse sentido, o projeto

der se o mesmo público que seguiu

sopa passou a ser consumida pois

consistiu na criação de uma perso-

Victoria Verdot com o conteúdo que

Segundo Rose Barbara ( 1999 apud

virou algo com um significado e as

na que possuirá características que

propagava acompanhará seu novo

Taborelli, pg.178) talvez as gerações

pessoas compram apenas por esse

façam o público alvo se identificar,

posicionamento e questionamentos

futuras venham a considerar Andy

valor que foi agregado a ela, não por

com isso será colocado em prática

que a personagem fará a respeito de

[...] o santo prostituto da história da

seu gosto/sabor.

tudo o que foi abordado neste traba-

si própria e da indústria cultural, es-

lho em forma de conteúdo juntando

perando que esse público comece a

arte que [ ...] aceitou passivamente

82

a atenção de um público [ ... ] que

Mesmo não querendo se tornar uma

com outros assuntos da indústria

consumir os conteúdos da indústria

compra o artista no lugar de sua obra

estrela como as que ele criticava em

cultural que serão propagado pelas

e das divas pop sobre outra perspec-

suas obras, Warhol virou uma e pas-

redes sociais onde a persona (Vic-

tiva.

A citação acima complementa perfei-

sou a conviver rodeados de estrelas

toria Verdot) conversou e interagiu

tamente a premissa que esse traba-

e assim como John Lennon que foi

com as pessoas em seu perfil do

lho pretende propor ao falar de per-

morto por um fã, ele teve esse mes-

Facebook durante um certo período,

sonas artificiais e o efeito que elas

mo destino.

comunicando um discurso totalmen-

A linguagem usada no projeto foi

te estereotipado, fútil e sexualizado,

uma linguagem de internet que foi

porém ao longo do projeto a persona

feita nas redes sociais pela persona

irá mudar o seu discurso assumindo

Victoria Verdot na sua página pesso-

causam na sociedade, e o trabalho de Warhol é uma prova viva que a

METODOLOGIA

nossa atual sociedade já está acos-

LINGUAGEM

tumada a consumir imagens lotadas

Neste trabalho foi discutido o pa-

uma postura totalmente diferente,

al onde dialogará com seu público

de estereótipos a ponto de que até

pel das personas na multiplicação

vendo sobre outra perspectiva que

por meio de gírias, memes, gifs

os dias os trabalhos de Andy são

de conteúdo e o papel da indústria

tudo que ela representa, consome

relevantes e são comprados por mi-

cultural. Nesse processo para en-

e fala se questionando sobre tudo o

O projeto teve início com a criação

lhões, pois as pessoas querem ter

tender como isso afeta diretamente

que Victoria Verdot representa hoje e

da página da personagem no Face-

aqueles status que ter um determi-

o comportamento e a formação da

no que ela realmente quer ser.

book que será o veículo de comuni-

nado quadro, pôster, foto tirada por

identidade desse público que é um

ele em casa pode agregar em sua

consumidor assíduo de conteúdos

Na segunda parte da intervenção

seguindo os conceitos do bufão na

vida social, demonstrando que Bau-

da indústria ligados ao entreteni-

logo após a mudança de discurso da

Commedia Dell arte, que era um

cação entre a persona e o público,

83


personagem que satiriza a própria imagem e fazia as pessoas rirem. A

Resultados

se comunicou com os usuários que

seu jeito vulgar de ser é uma de suas

lhe mandaram mensagens.

personagem Victoria Verdot seguirá

Primeiro Discurso

essas nuances, todos os resultados

Durante a primeira semana da ação

conteúdos sempre remetem a sexo,

obtidos com o projeto serão coleta-

Victoria Verdot propagou os discur-

vendendo uma imagem totalmente

dos e transformados em uma série

sos abaixo:

sexualizada e vulgar, passando para

maiores qualidades, seu linguajar e

as pessoas que ela era apenas um

de infográficos que explicam a re-

84

Vulgaridade : Victoria acredita que

lação do público com os diferentes

Adoração a Marilyn e as divas pop

rosto bonito sem conteúdo se orgu-

tipos de discursos abordados pela

Victoria venera imagens de artistas

lhando de ser vista sob essa pers-

persona e os conteúdos abordados

como Marilyn Monroe, Britney Spe-

pectiva .

por ela.

ars e das divas pop se inspirando nelas no seu dia a dia, porém Marilyn

Propósito: Victoria acredita que a

e seu exemplo de vida e busca em

vida deve ser curtida ao limite com

seus filmes dicas e conselhos.

festas, bebidas, sexo, compras elas vai finalmente encontrar o seu pro-

Materialismo: Victoria é uma pes-

pósito, ela largou a faculdade e em-

soa totalmente consumista e ligada

prego pois não se identificava e se

a marcas e a bens de consumo, para

via fazendo publicidade pelo resto da

ela o objetivo de vida e encontrar um

sua vida.

homem rico que lhe possibilite uma boa vida sem que ela precise traba-

Egocentrismo: Victoria acredita que

lhar.

só o que ela acredita, consome e diz é uma verdade incondicional, não

Apelo sexual: Victoria acredita que

aceitando ser criticada ou contraria-

uma das melhores características

da pois apenas sua opinião merece

dela é ser alguém totalmente sexual,

ser ouvida.

apelando para vulgaridade para conseguir as coisas, passando para os

Interações ocorridas :

seus amigos do Facebook que eles

das interações ocorreram por meio

precisam usar roupas curtas e jus-

de curtidas, comentários, também

tas, ficar com diversas pessoas, ser

houveram interações por meio de

sempre sexy e sensual.

chat onde a persona Victoria Verdot

A maioria

85


Segundo Discurso

parte, conseguindo ver que ela vivia e vendia uma farsa, não se reconhe-

Após ser criticada por um usuário

cendo mais quando se olha no espe-

do Facebook que foi em seu perfil

lho.

e disse que ela era apenas fútil e

86

propagava conteúdos que remetiam

Marilyn Monroe: Victoria sempre

a prostituição, materialismo, aliena-

venerou Marilyn e outras estrelas,

ção, Victoria passa a ver as coisas

porém depois de ser confrontada por

sob outra perspectiva porém o pon-

um usuário no seu Facebook que

to de virada que a faz realmente ver

criticava tudo o que consome, ela

que ela estava apenas vivendo uma

foi pesquisar o que Marilyn realmen-

mentira foi quando um cara que ela

te era e começou a ver aquela ima-

estava afim não quis ficar com ela,

gem que durante tanto tempo foi seu

devido ao que ela representava.

exemplo de vida com outros olhos,

Nesse segundo discurso os conteú-

não querendo ser apenas um este-

dos são focados em mostrar que a

reótipo e acabar como ela, passando

persona criada começava a enxer-

a ver todos os conteúdos e imagens

gar que ela é apenas uma cópia das

que consumia de uma nova forma.

imagens que ela sempre seguiu que para se transformar naquilo que ela

Consciência: Victoria percebe que

queria consumiu como sendo o cer-

virou um reflexo das imagens que

to.

consumia e que começa a perceber o quanto moldou sua identidade para

Identidade: Victoria moldou sua

ser parecida com as imagens que ela

imagem e construiu sua nova perso-

seguia e quanto isso foi prejudicial

nalidade conforme as imagens que

para ela. Decidida a mudar realmen-

ela seguia, se transformando em al-

te de vida e afastar da internet, e usar

guém totalmente sexualizada, vulgar

o seu tempo para se reencontrar.

e fútil, durante essa sua mudança ela consegue perceber que tudo o que

Interações ocorridas : Quase não

ela fez para se sentir aceita e inseri-

houveram interações e o engajamento

da pelo grupo social na qual ela fazia

dos usuários com os conteúdos propa-

87


gados por Victoria nessa mudança de discurso foram muitos poucos, pode-se observar que os comentários e curtidas que apareceram foram de pessoas que não se engajaram com os primeiros conteúdos postados.

88


Outro fato interessante e que os usu-

quais Felipe questionando Victoria

O principal objetivo de Victoria ao

ários que conversaram com a perso-

sobre como ela conseguia as coisas,

propagar esses dois tipos de discurso

na via chat com a mudança de dis-

elogiava sua beleza e dizia desejar

foi perceber se o público continuaria

curso, não se interessaram mais por

um dia ter o seu estilo de vida.

a seguir e interagir com sua imagem, mesmo sabendo que ela era apenas

ela e os conteúdos propagados pela mesma.

90

Durante o tempo em que Victoria

uma imagem simulada a partir de um

conversou com Felipe foi possível

conjunto de estereótipos.

Com a ação no Facebook foi possível

analisar, pela sua fala, que ele que-

concluir que o público-alvo deste pro-

ria ser como ela e entender como

Durante o tempo que publicou conte-

jeto de pesquisa está apto a consumir

era a vida dela. Outra coisa que ficou

údos que remetiam a Marilyn, divas

imagens que propagam conteúdos e

perceptível foi que, mesmo não con-

pop, festas, sexo e materialismo, as

discursos semelhantes aos que Vic-

cordando com as ideias que Victoria

pessoas interagiram e se comuni-

toria propagou na primeira parte da

expôs como sendo verdade incondi-

caram com ela. Com a mudança de

ação. Durante essa fase houve um

cional, ela conseguia fazer ele mudar

posicionamento foi possível observar

engajamento maior do público em

de ideia e concluir que, se seguisse

que parte dessas pessoas que se-

relação a persona e aos conteúdos

as dicas e os conselhos dados por

guiam Victoria começaram a parar

postados no perfil, gerando assim

ela, sua vida seria melhor.

de curtir suas postagens e se desinteressar pelos assuntos que eram

curtidas, comentários e interações. Kellner (2001), diz que as pessoas

postados. Um exemplo disso é que

Foi possível observar que esses usu-

se moldam conforme as imagens

o usuário que mais se relacionou

ários viam como algo normal o com-

que acompanham. Desta maneira,

com a persona na primeira fase da

portamento e discursos feitos por

usando como base a interação com

ação perdeu interesse por ela e nun-

Victoria durante a primeira parte da

esse usuário, podemos concluir que

ca mais a procurou para saber sobre

ação. Entre as pessoas que interagi-

ele tem tendência a moldar sua iden-

sua vida. Ficou nítido que os usuá-

ram com a persona, uma se destacou

tidade para ser como Victoria e se-

rios presentes no seu perfil não se

desde o início, quando Victoria enviou

guir imagens que propaguem conte-

interessaram pelos questionamentos

a solicitação de amizade. O usuário,

údos semelhantes. Observamos em

que Victoria fez a respeito de quem

que aqui chamaremos de Felipe, se

relação ao usuário que ele está na

ela era e no que se transformou para

interessou pela imagem e os conte-

fase de descobrimento de seu ‘eu’,

ser aceita. Os usuários que comenta-

údos que eram expostos. Com esse

moldando sua personalidade e, ao se

vam e curtiram seus posts no come-

usuário houve uma comunicação

deparar com a imagem de Victoria, a

ço da ação deixaram de interagir a

por meio de mensagens ‘inbox’, nas

enxergou como um modelo de vida.

partir do momento que a personagem

mudou o seu discurso.

Ainda não se é possível fazer uma conclusão a respeito da intervenção feita , pois é preciso de mais tempo da personagem no ar para captar os dados necessário para conseguir concluir sobre o comportamento/consumo da parcela da comunidade LGBT estudada com as personas artificias, o projeto precisa de uma continuidade onde será explorado mais o segundo tipo de discurso e os temas abordados neste trabalho.

Podemos dizer com o que foi coletado que esse assunto resulta em uma problemática que precisa ser debatida, pois é muito preocupante saber que o público estudado está se adaptando a apenas consumir imagens sexualizadas e cheias de estereótipos. Bauman (2008) diz, em Vidas de Consumo, que as pessoas se transformaram em imagens que consomem imagens, ou seja, uma pessoa que consome apenas imagens que propagam conteúdos parecidos aos que Victoria propagou, molda sua identidade para ficar parecida com a imagem que

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segue, criando assim uma paixonite que, de acordo com Lipovestky, faz você enxergar aquilo que consome como uma verdade incondicional. Talvez esses usuários não percebam que as personas que eles seguem são artificias, cheias de estereótipos e clichês, pois lhes foi ensinado que apenas imagens que propaguem conteúdos assim são o exemplos a serem seguidos.

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Esse trabalho mudou minha vida pois me fez ver sob uma nova perspectiva o consumo de personas e conteúdos da indústria cultural, enxergando essas imagens e tudo que representam com um olhar mais critico, entendendo o que o consumo dessas personas pode causar na sociedade. A pesquisa bibliográfica que fundamentou esse trabalho me dez perceber o quanto é prejudicial para é para as pessoas consumir imagens como a de Victoria Verdot que são carregadas de estereótipos e clichês, transmitindo assim uma série de conteúdos que remetem a sexualização, vulgaridade e etc. O principal objetivo da ação no facebook foi dialogar com o público sobre o consumo de personas, mostrando uma pessoa através do seu perfil se questionando sob o que representa e dialogando ao mesmo tempo o quanto e prejudicial moldar sua identidade para ficar parecido com as imagens que

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se segue com foco em se sentir inserido na sociedade. A partir da ação pode-se concluir que o público estudado nessa pesquisa está destinado a apenas consumir imagens que conteúdos parecidos com o de Victoria Verdot pois foi esse tipo de imagem que lhes foi ensinado como o certo a seguir. Esse tema precisa ser discutido pela comunidade LGBT que é uma das maiores consumidoras de produtos e serviços da indústria cultural. Espero que após ler esse trabalho as pessoas comecem a analisar melhor as imagens que seguem e acompanham. Essa experiência me modificou como publicitário pois me fez questionar o meu papel como profissional da área me fazendo repensar o tipo de profissional que eu quero ser no mercado. Da mesma maneira que a publicidade pode ser usada para propagar causas e ajudar uma serie de pessoas também pode ser um meio para vender, discursos e ideologias parecidas com a que Victoria Verdot propagou. Hoje vejo sob uma nova perspectiva o papel da publicidade/comunicação na formação da identidade das pessoas. Com esse trabalho descobri que

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não quero ser um profissional que passara por cima dos meus dilemas éticos para vencer na área, seguirei na área mais com um olhar mais consciente e exercendo meu papel como comunicador com responsabilidade e ética. Eu não sei onde a vida vai me levar mas as reflexões e aprendizados adquiridos durante o desenvolvimento desse projeto de pesquisa nunca vou esquecer, torço para que assim como aconteceu comigo, você se questiono e pense sobre o tipo de conteúdo e as mensagens que as imagens que você segue propagam .

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