Revista Brasil Construção Ed 19

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Índice Editorial

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Quase tudo paralisou. Nós não!

Fato concreto

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Infraestrutura ganha plataforma de BIM que opera na nuvem

Entrevista

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Recife mostra inteligência nos planos de infraestrutura

Empreiteira

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Engeform mostra ocupação de espaço na construção civil

Capa

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Escavadeiras cavam seus novos horizontes de mercado

Telecom

Conheça mais notícias do setor de construção lendo o QRCode ao lado com seu celular ou tablet.

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Infraestrutura de telecom está pujante

Saneamento

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Iguá Saneamento: uma “startup grande” no setor

Expediente Publisher: Carlos Giovannetti Reportagem Especial: Rodrigo Conceição Santos Editor Executivo: Nelson Valêncio Edição: Canaris Informação Qualificada Reportagem: Nelson Valêncio e Rodrigo Conceição Santos Comercial: Carlos Giovannetti e Ernesto Rossi Mídias Digitais: José Roberto Santos Projeto Gráfico e Editoração: Mônica Timoteo da Silva Contato: redacao@brasilconstrucao.com.br Telefone: (11) 3241-1114 Endereço: Rua São Bento, 290 – 2ª Sobreloja – Sala 4 CEP: 01010-000 – São Paulo – SP

Concretagem Produtiva

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Alvenaria estrutural é solução para construção habitacional de qualidade

Artigo

A Revista Brasil Construção é uma publicação mensal de distribuição nacional, com circulação controlada, dirigida a todos os segmentos da indústria de construção imobiliária e industrial, ao setor público e privado de infraestrutura, à cadeia da construção envolvida em obras de transporte, energia, saneamento, habitação social, telecomunicações etc. O público leitor é formado por profissionais que atuam nos setores de construção, infraestrutura, concessões públicas e privadas, construtoras, empresas de projeto, consultoria, montagem eletromecânica, serviços especializados de engenharia, fabricantes e distribuidores de equipamentos e materiais, empreendedores privados, incorporadores, fundos de pensão, instituições financeiras, órgãos contratantes das administrações federal, estadual e municipal.

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Dr. King, arquitetura e desabamento: tudo como sempre.

Canaris Content

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Comunicação crítica ganha espaço com nova geração de tecnologias

Brasil Construção

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Editorial

Paralisada: esse é o adjetivo que melhor classifica a infraestrutura nacional. Em

junho, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) encomendou estudo da InterB para mensurar o volume de obras inacabadas no Brasil. Os resultados trouxeram diversas conotações e tomaram como base obras de investimento do governo federal incluídas no plano “Agora é Avançar”. A primeira conotação é do copo meio vazio, pontuando que a conclusão de 7,4 mil obras paralisadas – incluindo as de grande porte, como as Ferrovias NorteSul e Oeste Leste, e as de pequeno porte, como creches e escolas – exigiria R$ 76 bilhões em investimentos. Mesmo assim, de acordo com a pesquisa, faltariam outros bilhões para um processo efetivo, já que há obras municipais e estaduais paralisadas e que não estão nesse mapeamento. Outra conotação, vendo o copo meio cheio, é a da própria CBIC, que estima que a retomada das obras federais incrementaria 1,8% do PIB no curto e médio prazo. Hoje, isso representaria R$ 115,1 bilhões anuais.

Quase tudo paralisou. Nós não! Fato é que otimista ou pessimista, a projeção não se concretiza e o governo enfrenta uma crise fiscal absurda, o que reduz ainda mais as expectativas do mercado. Não bastasse essa inércia, a Feira M&T Expo, organizada pela Messe Muenchen e pela Sobratema e que poderia funcionar como chá de ânimo para o setor, foi adiada em razão da greve dos caminhoneiros. O ponto de encontro passou de junho para novembro, e lá se vão mais seis meses nos quais, provavelmente, pouco ocorrerá. A contrapartida, caro leitor, está aqui, nas próximas páginas. Enquanto o mercado continua inerte, acreditando em velhos preceitos e refletindo isso na comunicação, a RBC, em parceria com o InfraROI e a Canaris Informação Qualificada, anda para frente. Nós planejamos e assumimos novos modelos de comunicação, cuja publicidade é baseada em conteúdo produzido por jornalistas experientes. A coluna Canaris Content, publicada nas três últimas edições, é o expoente disso. Boa leitura. Carlos Giovannetti Publisher

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Fato Concreto

Infraestrutura ganha plataforma de BIM que opera na nuvem A Construtivo, empresa de TI focada em engenharia e construção, complementou seu portfólio e passa a representar a norueguesa dRofus com uma plataforma que opera no universo de BIM e que atende projetos de infraestrutura como a construção de aeroportos e hospitais. A nova plataforma faz a ponte com soluções modeladores como Revit e Graphisoft e sistemas 4D e 5D como Navisworks e Solibri. Esqueça as siglas e entenda: na prática, o dRofus organiza toda informação em nuvem e cria um fluxo sem interrupções desde a fase de planejamento até a operação, “conversando com todos os softwares”. A Construtivo já tem uma plataforma similar, chamada Colaborativo, mas com o foco na gestão de documentos e que atualmente também foi ampliada para atender a mobilidade de frente de obra, incluindo registro de não conformidades e diários da construção. Segundo a Construtivo, as atividades cobertas pela dRofus são feitas manualmente ou em planilhas Excel, o que limita a colaboração. A aplicação da plataforma já acontece em projetos complexos, incluindo aeroportos, terminais portuários e usinas. “Na Europa, quase todos os aeroportos e hospitais utili-

zam a solução, com o aeroporto de Oslo sendo destaque no último congresso de BIM na Espanha”, informa a Construtivo. Na América Latina, segundo a companhia brasileira, existem casos como o aeroporto do México. A aplicação no Brasil acontece em pesquisas em projetos de hospitais e habitação de interesse social, mas deve ser ampliada. Um dos focos seriam os projetos de parcerias público privadas (PPPs) e o setor de incorporadoras, que

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ganham musculatura em governança a partir do controle que o software fornece. “A consistência, processamento e disponibilização dos dados pelo dRofus garante que o “I” do BIM seja colocado em prática, melhorando a geração de valor em empreendimentos de construção durante todo o seu ciclo de vida, que vai desde a concepção, o projeto, a construção até a manutenção”, explica o CEO do Construtivo, Marcus Granadeiro.


Fato Concreto

Caterpillar alcança marca de 50 mil tratores produzidos no Brasil Uma unidade do D6K marcou a produção de 50 mil tratores da Caterpillar no Brasil em maio. Esse tipo de equipamento é fabricado no país há quase 50 anos e hoje a fabricante dispõe de nove modelos em sua linha de produção nacional. A variedade de tratores é uma das responsáveis por posicionar a fábrica de Piracicaba (SP) como a de maior variedade de produção de equipamentos da marca em todo o mundo. O primeiro equipamento de esteiras produzido pela Caterpillar no Brasil foi o trator D4D em 1969. As esteiras, inventadas há mais de cem anos por Benjamim Holt, um dos fundadores da Caterpillar, viabilizaram essa e outras produções. Para o futuro próximo, a Caterpillar adianta que lançará o décimo modelo de trator, destinado a assentamento de tubos, no Brasil. “Os tratores de esteiras fazem parte da história da construção do Brasil. Todas as grandes obras tiveram a participação dessas máquinas: da construção de Brasília à Hidrelétrica de Itaipu. Estamos orgulhosos por alcançar este marco de

50 mil unidades, que consolida a tradição da Caterpillar na produção de tratores de esteiras no país”, diz Odair Renosto, presidente da Caterpillar Brasil.

Indústria de materiais de construção segue crescendo em 2018 Pelo quarto mês consecutivo, a indústria de materiais de construção apresenta crescimento. Em abril, o avanço foi de 4,5% em relação ao mesmo mês de 2017. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o crescimento é de 1,9%. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), os segmentos de produtos para base e acabamento de obras foram os que mais avançaram em abril. Os produtos de base registraram aumento de 6,7% e os de acabamento 1,4%. O resultado acumulado é superior à projeção do ano, no entanto a associação entende que poderão haver variações pontuais nos resultados mês a mês, fazendo com que a previsão para o fechamento de 2018, com alta de 1,5%, seja mantida. Tal resultado indicaria 2018 como um ano de inflexão para o segmento da construção, precedendo a retomada de um crescimento mais robusto. As vendas ao varejo, seguidas das vendas ao segmen-

to imobiliário, devem ser as impulsionadoras do setor neste ano. Obras de infraestrutura têm sua retomada prevista apenas para 2019. “Nossos estudos vêm confirmando as expectativas de nossos associados. Vale lembrar que estamos sujeitos à diversas externalidades, como flutuações do câmbio, mudanças no acesso ao crédito, alterações nas regras de financiamento imobiliário, eleições, entre outras, que podem trazer efeitos ao desempenho do setor da construção civil. Em face ao que temos até aqui, a Abramat mantém sua projeção de crescimento de 1,5% no faturamento da indústria de materiais de construção” conclui Rodrigo Navarro, presidente da associação.

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Infraestrutura puxa crescimento da Danfoss mundialmente O lucro líquido da Danfoss cresceu 22% mundialmente no primeiro trimestre do ano e o setor da empresa de maior desempeno foi o Power Solutions, que fornece soluções hidráulicas para veículos fora-de-estrada. Essa demanda está alta nos EUA, Europa e China, puxada pelos investimentos em obras de infraestrutura. Em sonante, as vendas da Danfoss aumentaram em 37 milhões de euros, somando 1,47 bilhão de euros (crescimento de 9%) nos três primeiros meses do ano. O aumento das vendas elevou os lucros (EBIT) em 19%, saltando para 166 milhões de euros. O lucro líquido cresceu 22%, totalizando 113 milhões de euros. “Vemos as tendências globais como a urbanização, a digitalização e a eletrificação decolando. Além disso, a eficiência energética passou para o topo da agenda global como um elemento crucial e eficiente no combate à mudança climática e à poluição do ar. Essas fortes tendências tornam a Danfoss relevante como nunca antes, e nos dão uma forte plataforma para

investir em novas tecnologias que se ajustem às necessidades do mundo e de nossos clientes”, diz Kim Fausing, presidente e CEO da companhia. O primeiro trimestre de 2018 mostrou um crescimento contínuo na América do Norte, na Europa e na China. O crescimento foi mais significativo no mercado chinês – onde investimentos pesados em soluções amigas do clima e de baixo consumo de energia, como grandes bombas de calor e a expansão de sistemas de aquecimento distrital, levaram ao aumento da demanda por tecnologias Danfoss. “Conseguimos um forte impulso em todos os nossos segmentos de negócios e é muito positivo que o progresso seja alavancado por nossas iniciativas de crescimento direcionadas. Naturalmente, também beneficia nosso negócio que os níveis de investimento em geral e, especialmente, dentro de uma infraestrutura nova e moderna sejam altos agora, e isso nos dá um forte começo para continuar nossos investimentos em crescimento”, diz Kim Fausing.

Kim Fausing, CEO e presidente da Danfoss

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JCB nomeia novo distribuidor no Pará e Amapá

A fabricante de equipamentos móveis pesados JCB informou na semana passada que o Grupo Revemar passa a distribuir os produtos da marca nos estados do Pará e Amapá. O grupo atua há mais de 30 anos com especialidade na comercialização e locação de automóveis, caminhões, motocicletas, máquinas agrícolas e implementos, além de negócios relacionados às áreas de siderurgia e agropecuária. “Estamos otimistas. Já inciamos nossas operações com um volume de máquinas interessante e esperamos até o final do ano inserir mais de 50 unidades novas no mercado”, diz Indalecio Chini, diretor da Revemar Segundo Fábio Santos, gerente de desenvolvimento de distribuidores da fabricante, com a Revemar a JCB do Brasil passa a ter 12 distribuidores distribuídos pelo país.


Fato Concreto

Brasil e América do Norte puxam crescimento da Gerdau A Gerdau anunciou a ampliação de 23% na receita consolidada no primeiro trimestre deste ano. O resultado é o melhor desde 2014 e representa um montante de R$ 10,4 bilhões. As vendas físicas, no período, cresceram 8%, alcançando 3,9 milhões de toneladas, enquanto que a produção de aço atingiu 4,2 milhões de toneladas, volume 4% superior aos três primeiros meses do ano anterior. A geração de caixa operacional (EBITDA) consolidada ajustada, por sua vez, chegou a R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre, o que representa um crescimento de 74% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Fechamos os três primeiros meses de 2018 com lucro líquido ajustado de R$ 451 milhões, o melhor resultado trimestral dos últimos quatro anos. Seguimos focados em nossas prioridades: ampliar a rentabilidade e competitividade de nossas operações, assim como reduzir o endividamento”, diz Gustavo Werneck, diretor CEO da Gerdau. “Realizamos uma gestão austera do ca-

pex (custos de aquisições) e das despesas com vendas, gerais e administrativas, e conseguimos gerar fluxo de caixa livre positivo, que alcançou R$ 65 milhões no primeiro trimestre, revertendo um padrão histórico de sazonalidade no período”, salienta. Segundo ele, a Gerdau também melhorou os indicadores de endividamento líquido e esse bom desempenho reflete o processo de transformação que a empresa atravessa e que é marcado pela aceleração digital de várias frentes. As operações no Canadá, nos Estados Unidos e no México (não incluem usinas de aços especiais) comercializaram 1,7 milhão de toneladas no primeiro trimestre, apresentando expansão de 7% perante o mesmo período do ano passado. As vendas realizadas pela Operação de Negócio Aços Especiais (incluem usinas no Brasil, nos Estados Unidos e na Índia), por sua vez, totalizaram 514 mil toneladas, 17% superior em relação ao primeiro trimestre de 2017.

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Entrevista

Recife mostra inteligência nos planos de infraestrutura Por Nelson Valêncio

A gestão atual da capital pernambucana reduziu o número de secretarias municipais de 23 para 15 e, nessa reorganização, a área de habitação ficou sob o guarda-chuva da Secretaria de Infraestrutura. A sinergia entre as duas pastas permitiu o uso mais inteligente dos recursos segundo o titular Roberto Gusmão, secretário de Infraestrutura de Recife. Nessa entrevista, concedida no mês passado na sede da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), ele fala como a nona cidade mais populosa do país tem encaminhado suas demandas em áreas como iluminação, coleta e destinação de lixo, entre outras iniciativas. Confira. Revista Brasil Construção (RBC): Como foi a reorganização das secretarias e que projetos podemos destacar na pasta?

Roberto Gusmão (RG): Tínhamos 23 e passamos a ter 15, sendo que algumas delas viraram secretarias executivas. A de Infraestrutura absorveu, por exemplo, a de Habitação. Há muita simbiose, incluindo engenharia e planejamento de projetos. Há vários em andamento, como o de recuperação de calçadas, o de contenção de encostas e o de recuperação do patrimônio histórico da cidade. Um destaque é o Projeto Capibaribe, que usa recursos do PAC Mobilidade, iniciativa do governo Dilma com recursos do BNDES. Trata-se de um projeto premiado internacionalmente e que propõe a interação da cidade com seu principal rio, com base nas ideias desenvolvidas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Recife iniciou uma conversa com o Ministério das Cidades na época (a partir de 2014)

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calçadas não é simplesmente aumentar a largura, mas considerar outros fatores, inclusive a arborização. RBC: As ciclovias entram nesse processo? RG: Sim. Temos dificuldade para o uso de ciclismo então precisamos adequar os modais: onde não possível colocar uma ciclovia de fato ou uma ciclofaixa, podemos integrá-las ao modais existentes. É preciso um ordenamento para ter grandes quadras e grandes corredores, o que demanda uma integração com a Secretaria de Mobilidade Urbana.

Roberto Gusmão, secretário de Infraestrutura de Recife

para usar os recursos em outro tipo de intervenção urbana que não a construção de pistas para desafogar o trânsito. E com a compreensão da Caixa Econômica Federal. São R$ 57 milhões ao todo, dos quais a primeira intervenção consumiu R$ 30 milhões. RBC: Onde entram as calçadas nesse processo? RG: Entendemos que as calçadas fazem parte da mobilidade urbana e fomos a única cidade que pediu para incluir a recuperação dessa infraestrutura, priorizando o pedestre. A visão de Recife segue uma tendência mundial de foco no pedestre e no transporte coletivo. A cidade tem quase 500 anos e não foi feita com um ordenamento urbano que contemplasse o crescimento. É uma cidade de aterro; cresceu em cima da necessidade de se ter habitação, mas com um cenário de áreas alagáveis e que apresenta problemas de drenagem. Foi muito arborizada e, além disso, as ocupações tiraram espaço das calçadas. Agora, temos que refazer um padrão mínimo, inclusive com estudos que indicam se a faixa estabelecida nas vias suporta o trânsito e prioriza o transporte coletivo. Ampliar as

RBC: Como a cidade está na área de limpeza urbana? RG: Há mais de oito anos Recife cumpre os requisitos de disposição final de resíduos e não trabalha com aterros tradicionais. Com isso, houve a iniciativa de fechar o aterro da Muribeca, que reunia mais de 1,5 mil catadores, estabelecendo o destino final em dois aterros privados. O problema não é a coleta de lixo - 95% da população brasileira tem isso – e sim a disposição final (60% não têm dentro das especificações). Toda coleta em Recife é feita e acompanhada com o monitoramento totalmente automatizado, inclusive a varrição e capinação. Os dados são coletados online a partir de chips embarcados nos veículos e enviados via satélite a uma central. Temos um software específico para isso e é um exemplo de iniciativa de cidade inteligente. Todas as vias previamente programadas estão sendo monitoradas e a única coisa que não é controlada pelo sistema é a coleta manual, porque não podemos colocar um chip nas pessoas. Mesmo assim, temos uma linha de 0800 para denúncia caso a coleta esteja sendo negligenciada. O grande problema da coleta é a educação ambiental, ou seja, evitar que as pessoas joguem o lixo em locais inadequados. O trabalho que deve ser feito é na base, na secretaria de Educação, junto às crianças. RBC: Desde quando existe o sistema de monitoramento? RG: Desde 2015, logo após a licitação para os serviços de coleta. A motivação partiu do Tribunal de Contas do Estado (TCE) porque o monitoramento de então era considerado frágil. A licitação de monitoramento foi separada do contrato da coleta. A empresa de software faz um controle efetivo do

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Entrevista contrato, que é o maior da Prefeitura de Recife, com quase R$ 240 milhões por ano. O monitoramento controla toda a frota, inclusive os veículos da própria fiscalização. O que fica fora do processo são atividades especiais, incluindo a coleta de resíduos de construção civil. RBC: O lixo pode ser uma solução também na sua avaliação... RG: Ele tem um valor e destinação final não pode ser usada como depósito de resíduo. Ele pode gerar energia ou ter outra utilidade. Pode-se fazer a queima, porque o problema do tratamento de gases oriundos desse processo já está tecnicamente resolvido. Há dez anos, Recife teve uma discussão com um projeto desse tipo – queima de lixo para geração de energia – que não avançou. A China não tinha uma usina desse tipo, mas hoje somente na região de Guanzou (cidade irmã de Recife) existem pelo menos 20 delas gerando energia, inclusive para uma cidade de 14 milhões de habitantes. O desafio do Brasil é sair da proposta de gerar energia apenas do metano dos aterros e partir para a queima do lixo também. A coleta é uma commodity e se não atentarmos para uma destinação final os aterros vão ficar cada vez mais distantes da cidade, com um custo crescente de coleta e destinação. RBC: Existem iniciativas em Recife desse tipo? RG: Não há nenhuma no Brasil, mas temos alguns passos. Um dos aterros contratados tem equipamentos para separar os materiais possíveis de queima e que são destinados ao chamado CDR, ou seja, para combustível derivado de resíduos. O CDR pode ser usado, por exemplo, em fornos de cimenteiras. É comum no mundo e no Nordeste é a primeira iniciativa. A tendência é separar o que tem valor para o mercado – dentro do material coletado – e usar para a queima o que for passível de queimar, com a geração de energia. Somente o restante seria aterrado. O que você viu na China que confirma essa ideia? RG: A geração de energia a partir da queima do lixo já funciona há 30 anos, mas o medo era o tratamento dos gases gerados no processo. Ocorre que os chineses adotaram tecnologia dinamarquesa. E tem um mercado imenso para aplicação. O uso de lixo como fonte de

energia – a partir da queima – também acontece na Itália e Alemanha, criando vapor quente para aquecimento das cidades, além da eletricidade em si. No Brasil temos um projeto que demorou quase quatro anos para ter a licença, em São Paulo. As prefeituras poderão, num modelo diferenciado, entrar como sócias de concessionárias de energia em projetos de uso de lixo para queima. RBC: E no caso de iluminação pública, que vem sendo alvo de projetos de parceria público privadas (PPPs)? RG: As capitais foram chamadas pelo BNDES há um ano para avaliar PPPs dessa área. Uma PPP tem garantias mais sólidas – teoricamente – que uma concessão. As PPPs que deram certo são aquelas que se sustentam economicamente, caso de rodovias. No caso da iluminação pública, diferente de todas as outras, a taxa que é cobrada garante a receita pré-estabelecida, mas é obrigatória que a contribuição entre no caixa do governo e não passe na conta direta da PPP. Isso tirou todos os grandes players de iluminação, fabricantes e que dominam a tecnologia, do processo. Eles deixaram de ser parceiras dentro dos consórcios para serem fornecedores. Sem eles, que trabalham de forma muito intensa em inovação e tecnologia, perde-se um pouco. A iluminação pública é mais do que as luminárias. É um ponto de sensoriamento, controle. Toda luminária em Recife deve prever, por exemplo, a presença de câmera. Estamos aguardando a evolução para ter um processo que considere as tecnologias mais novas. E fazemos os melhores resultados a partir da manutenção, iluminação nos grandes corredores e com uma troca de lâmpadas eficiente, onde 98% das falhas é corrigida em 24 horas.

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Empreiteira

Engeform mostra ocupação de espaço na construção civil

Empresa importante do grupo de médias companhias do setor de construção, a Engeform diversifica seus negócios, incluindo crescimento de serviços, investimento em energia eólica e desenvolvimento imobiliário no mercado corporativo do tipo Triple A. ............ Por Nelson Valêncio............ A crise político-econômica atingiu a construção civil em pleno voo. A paralisação das grandes empresas do setor, envolvidas na operação Lava Jato, foi descendo na cadeia e afetou o grupo das médias construtoras. Diferentemente das grandes, onde o faturamento anual é contabilizado na casa dos bilhões – 5, 7 ou mesmo 10, dependendo da companhia – as médias estão no patamar dos milhões e não têm capital e/ou o aparato técnico complexo para assumir o vácuo deixado pelas gigantes. A solução? Diversificar. No caso da Engeform, com três unidades de negócios – engenha-

ria, desenvolvimento imobiliário e energia renovável – a iniciativa tem dado certo. Baseada em São Paulo, a empresa mantém uma carteira de engenharia focada em empreendimentos de saúde e saneamento. Em ambos, é difícil fugir do setor público, mas a diversificação acontece com projetos privados, caso dos dois contratos recentes para construção de hospitais. Em saneamento, a construtora finalizou, no primeiro trimestre, duas das mais importantes obras do segmento, ambas para a Sabesp. São elas: a expansão da estação de tratamento de esgoto (ETE)

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Barueri, na Grande São Paulo, e a esperada transposição das bacias hidrográficas Jaguari-Atibainha, empreendimento que tem uma área de influência sobre 39 milhões de pessoas. No caso da ETE, a Engeform repetiu a parceria de décadas com a Passarelli, outra construtora sediada em São Paulo. A estação, aliás, é velha conhecida da Engeform, que participou da montagem eletromecânica da obra quando ela foi construída na década de 1990. Com capacidade para 16,2 m3, a ETE é a maior da América do Sul, mas já foi a maior da América Latina.


Simone: destaca DNA em saneamento e parcerias de longa data no setor

Edifício Módulo Rebouças, em Pinheiros, é uma das obras emblemáticas da Engeform

que a Sabesp precisou concentrar-se no fornecimento de água. Afortunadamente, a Engeform estava com o outro pé justamente no empreendimento de transposição entre as duas bacias, que demandou a construção de um corredor de quase 20 km de túneis e dois anos de execução. Já operacional, a obra permite uma vazão de 8,5 m3/s. Consorciada com a Serveng e com a J.Dantas, a Enge-

Parceria com Serveng, Passarelli e J.Dantas em dois projetos de saneamento Para a engenheira Simone Vallilo, diretora de Novos Negócios da Engeform e gestora dos dois projetos de saneamento citados, o maior desafio da expansão da estação de tratamento de esgoto foi a troca de equipamentos ao mesmo tempo em que a ETE não poderia ser completamente paralisada. E com equipamentos importados da Espanha. A crise hídrica de 2015 também complicou o meio de campo da obra, uma vez

Transposição de bacias em SP: maior obra de saneamento urbano do país (R$ 555 milhões)

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Empreiteira form participou das decisões técnicas a partir do projeto executivo elaborado pela Geocompany, contratada da Sabesp. O investimento de R$ 555 milhões foi financiado pelo BNDES e foi a primeira obra de saneamento sob o Regime Diferenciado de Contratação (RDC). A oxigenação dos negócios também passa pelo desenvolvimento imobiliário, área separada da divisão de engenharia e focada em projetos de prédios corporativos de alto padrão (Triple A). Nesse caso, a Engeform tem a expertise de construção, o que facilita seu avanço no setor. De certa forma, a companhia repete o que acontece nas obras de saneamento e saúde, onde o histórico de empreendimentos já realizados é um ativo significativo.

Investimento em energia está concentrado nos parques eólicos no Nordeste A segunda frente de oxigenação é o investimento em energias

renováveis, mais especificamente parques de geração eólica no Nordeste. A empresa já detém a participação na geração de mais de 100 MW e tem a ideia de expandir a atuação, sempre consorciada. “Entramos no segmento há mais de seis anos, inicialmente investindo em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), onde não temos mais negócios, e avançamos para a geração eólica”, explica Simone. Diferentemente da área de desenvolvimento imobiliário, centrada em São Paulo, os investimentos em renováveis não tem fronteiras definidas. A Engeform, no entanto, não atua como construtora. A diversificação também acontece no aumento do faturamento da área de serviços, que já representaria 30% dos resultados da empresa, segundo o diretor Comercial Marcelo Castro. O escopo envolve iniciativas como o atendimento de serviços de campo de distribuidoras de energia elétrica. Somente na Light, ela tem um exército de

Castro: entrantes chineses e indianos serão testados nos próximos cinco anos

quase mil homens e 500 veículos em operação. Para a Enel, a Engeform emprega outros 1,2 mil profissionais e mesmo volume de veículos, atendendo cerca de 70% da área de cobertura da concessionária no Rio de Janeiro. “Há uma profissionalização crescente no segmento, com a substituição de empresas menores por companhias como a Engeform”, resume Castro. De acordo com ele, a entrada no segmento vem acontecendo nos últimos cinco anos e tem como

É o caso da recente PPP para iluminação pública da capital paulista. O desconforto com as garantias fez a Engeform desistir da PP de iluminação pública em São Paulo. Para Castro, projetos viáveis devem envolver pelo menos 50 mil pontos

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ponto forte o melhor nível de gestão, com equipes treinadas e um padrão de atendimento. O executivo também avalia que haverá uma transição no setor público, com a maior adoção de parcerias público-privadas (PPPs) em substituição aos contratos de serviços regidos pela Lei 8.666 (de licitações e contratos administrativos). Castro, no entanto, sugere que deve haver mudanças que tragam garantias ao parceiro privado. É o caso da recente PPP para iluminação pública da capital paulista. O desconforto com as garantias fez a Engeform desistir do processo. Projetos viáveis para ele devem envolver – em iluminação pública – pelo menos 50 mil pontos.

Retomada da infraestrutura começa e papel de entrantes será testado A entrada mais incisiva em infraestrutura também poderia acontecer no setor de saneamento, onde a experiência da Engeform está consolidada como construtora especializada, principalmente na execução civil e na montagem eletromecânica. O perfil da empresa é similar ao de companhias como a Aegea, concessionária tradicional do setor, mas não existe nada de concreto a respeito. Sobre a crise da construção civil, Castro avalia que há sinais de reação, inclusive porque existe uma demanda reprimida na área de infraestrutura. “Não posso falar pelos grandes

Obras da Engeform

grupos, mas esperamos que os acordos de leniência avancem”, diz. O executivo lembra que, diferentemente do que se previa, não houve a ocupação do espaço deixado pelas grandes. Além de capital para financiar as obras, a ausência de capacitação técnica específica em grandes projetos pesou contra. O resultado foi a paralisação citada no começo desse texto. Sobre o papel de empreende-

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dores chineses e indianos – os entrantes, considerando que construtoras europeias e norte-americanas já têm tradição no Brasil – ele está para ser testado nos próximos cinco anos. “Os entrantes ganharam leilões de transmissão de energia e são projetos que vão começar a operar a partir de 2021. Com isso, veremos na prática a participação desses grupos como players locais”, finaliza Castro.


Capa

Escavadeiras cavam seus novos horizontes de mercado Modelos diferentes, novos nichos de mercado, maior uso de implementos e confiança na retomada dos projetos de infraestrutura criam expectativas para os fabricantes desses equipamentos. .............. Por Rodrigo Conceição Santos ...............

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Capa As escavadeiras hidráulicas representam um quarto dos equipamentos da linha amarela de construção vendidos no Brasil. Em 2017, foram exatas 1.989 unidades comercializadas, de acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A linha amarela como um todo comercializou 7,9 mil equipamentos. Para este ano, a expectativa é de crescimento acima de 10% na comercialização de escavadeiras, na média relatada pelos fabricantes ouvidos pela reportagem. Os dados, segundo eles, indicam que o setor de equipamentos chegou ao ponto de inflexão: estaria saindo da tendência de queda iniciada há três anos e as vendas de escavadeiras seriam o primeiro passo. “Já no segundo semestre do ano passado, observamos crescimento de 19% no mercado de equipamentos da linha amarela em relação ao primeiro período do ano. Em 2018 as expectativas são boas, pois estamos observando retomada nas concessões do governo para obras de infraestrutura”, diz Thomas Spana, gerente de vendas para a divisão de Construção da John Deere. Para que o crescimento concretize, há uma série de variáveis a serem atendidas. Uma delas envolve a diversificação de nichos, com atenção especial às fazendas florestais e agrícolas que ganharam uma relevância que não tinham como grandes compradores de escavadeiras. A maior oferta de modelos também pesa nessa busca. E é por isso que os fabricantes apostam nos equipamentos menores, de 7 a 18 toneladas, como

essenciais. Segundo Trazilbio Neres Filho, especialista de produto da Case Construction Equipment, as escavadeiras desse tipo ganham mercado porque o segmento de locação – segundo maior comprador depois das construtoras – atende serviços variados. “Historicamente, esse setor foi atendido por retroescavadeiras e escavadeiras da faixa C (de 20 toneladas) para

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aplicações de escavação, carregamento, abertura de valas e outros serviços”, argumenta Trazilbio. “Há um gap entre esses dois tipos de equipamentos em termos de produtividade e as escavadeiras de 13 a 18 toneladas suprem exatamente a lacuna, com produção superior à das retroescavadeiras e logística facilitada em relação às escavadeiras de 20 toneladas”, explica.


Etelson Hauck, gerente de produtos da JCB do Brasil, acrescenta que os modelos de 13 toneladas chegaram a representar 18% das escavadeiras vendidas em 2017. Para ele, apesar da tendência de crescimento dos pequenos, não se deve descartar o fato de que mais da metade das escavadeiras comercializadas no país ainda são da faixa C. A New Holland Construction,

com base nos levantamentos da Abimaq, informa exatamente o quanto a faixa C representou: 55% do mercado total de escavadeiras em 2017. A representatividade, aliás, aumentou: até abril último, a participação foi de 59%. “As escavadeiras da faixa C são as principais no mercado nacional, mas se subdividirmos essa faixa em duas, sendo uma com os modelos de 20 a 21 toneladas e outra com

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os de 21 a 24 toneladas, observaremos uma tendência de crescimento na participação das máquinas com mais de 22 toneladas”, detalha Rafael Riccciardi, especialista de produto da New Holland. Segundo ele, os equipamentos da faixa citada são vistos pelo mercado como mais versáteis para o atendimento a projetos médios, mas também podem ser usados em obras menores.


Capa Sem clichês, cada modelo tem sua aplicação Para Vladimir Machado, engenheiro de vendas e aplicação da Komatsu, está começando a ocorrer no Brasil o que já acontece há anos em países mais desenvolvidos, ou seja, a escolha correta de

equipamentos para cada aplicação. Apesar de batida, a informação não é clichê. E há explicações. Reconhecendo o crescimento nas vendas de menores, de 7 a 13 toneladas, Machado atribui esse movimento

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à necessidade do mercado em oferecer máquinas compactas com grande força de escavação para trabalhar em locais confinados, principalmente em centros urbanos. No entanto, os equipamentos entre 24 e 35 toneladas têm apresentado crescimento gradual, devido a um certo reposicionamento do mercado, que tem exigido equipamentos corretos para aplicações mais específicas, como terraplanagens em grandes obras e carregamentos em pedreiras. “Já os modelos da faixa de 20 toneladas têm na terraplanagem e locação uma demanda consistente, uma vez que ofere cem produtividade alta nesses tipos de trabalho”, diz.


Novos horizontes, boas expectativas Para os equipamentos de grande porte – de 35 a 125 toneladas, no caso da Komatsu – tem havido maior demanda devido à mudança de comportamento de pedreiras e cimenteiras, que identificaram nesses modelos uma forma de ampliar produtividade e rentabilidade a médio e longo prazo. A John Deere, por sua vez, relata crescimento de demanda nas compras governamentais em 2018, assim como nos mercados florestal e agrícola. Os dois últimos representaram novos horizontes para todos os fabricantes de equipamentos pesados. A JCB, por exemplo, relata que desde 2015 as fazendas confirmaram um cenário oposto aos demais mercados consumidores

de equipamentos, ampliando o consumo de escavadeiras. “Isso nos mostra que em tempos difíceis, os investimentos em infraestrutura sofrem desaceleração, mas os aportes em necessidades básicas não param”, pontua Etelson Hauck. De acordo com ele, o setor agrícola puxa o crescimento, seguido de construção e da área pública municipal. Diferente de outros fabricantes, a JCB atua nas faixas C e D de escavadeiras, o que engloba modelos de 20 a 26 toneladas. A empresa lançou recentemente a linha JS, reforçando a faixa C para ampliar participação de mercado, como relatou Ricardo Nery, gerente de produto da fabricante no Brasil, ao site especializado InfraROI em outubro de 2017: “Agora temos uma máquina de 21 toneladas com carro

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curto e caçamba de 1,14 m³ de capacidade, além de uma de 22 toneladas com caçamba de 1,25 m³. Outra derivação é a escavadeira de 23,5 toneladas e caçamba de 1,5 m³ e uma de 22 toneladas, com maior alcance (15 metros), e caçamba de 0,55 m³”. Segundo Hauck, a estratégia foi bem-sucedida e ampliou em 56% a participação de mercado da JCB no nicho de escavadeiras no último ano. “Creditamos boa parte do sucesso ao lançamento da linha JS durante a Agrishow de 2017”, pontua. A Case confirma que o agronegócio vem aumentado o consumo de equipamentos para acompanhar a demanda crescente por alimentos no Brasil e no mundo. “As escavadeiras hidráulicas são versáteis e têm menor custo operacional em re-


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lação aos demais equipamentos da linha amarela”, explica. “Por isso, guardadas as devidas proporções, é o agronegócio que mantém demanda crescente e tem feito diferença”, diz Trazilbio Neres Filho. Nos negócios da New Holland, os consumidores tradicionais de escavadeiras se mantêm na dianteira, segundo Rafael Ricciardi: a construção civil e a locação representam, historicamente, 25% e 23% das compras. “Até abril deste ano, o segmento de construção civil está tendo queda de 3% em relação a 2017 e está representando 25%, contra 28% do ano passado. Já o segmento de locação

está crescendo 6%, passando de 17% para 23%”, diz ele. Além de diferentes faixas de equipamentos, a diversificação amplia a variedade de implementos para escavadeiras, segundo o especialista da New Holland. Ele é enfático ao demonstrar que no Brasil e toda a América Latina ainda persiste a prática de utilização de um tipo de caçamba “faz tudo”, o que é um risco no sentido de utilização do implemento em atividades não destinadas, acarretando menor produtividade e maior custo operacional. “Nos Estados Unidos e Europa as escavadeiras são geralmente vendidas sem caçamba,

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seguindo o conceito toll carrier (porta-ferramentas). Assim, a mesma máquina portadora pode ser utilizada com duas ou mais caçambas diferentes, especificações melhores dos tipos de dentes (ferramentas de penetração de solo), etc.” diz. “Com isso, cabe ao proprietário escolher o implemento de melhor aplicação”, salienta. Outra particularidade inerente à cultura norte-americana e europeia é a utilização quase que padrão de sistemas de engate rápido de implementos, permitindo a troca de forma prática. Vladimir Machado, da Komatsu, lembra que os implementos estão ligados a atividades específicas e é por isso que a fabricante japonesa oferece tesouras para demolição, rompedores hidráulicos, caçambas rotatórias e outros. “No mercado mundial, os implementos são uma alternativa para melhorar o desempenho da máquina. No Brasil, os rompedores têm sido mais utilizados, principalmente em operações de desmonte em pedreiras, pois a legislação referente ao uso de explosivos ficou severa, impondo custos que muitas vezes o inviabiliza”. No ramo de demolição, ele também enxerga avanço no uso das tesouras, mandíbulas e rompedores, que – por meio de engate rápido – dão versatilidade às escavadeiras demolir e pulverizar materiais no próprio canteiro de obras. “O uso de implementos combinados é uma tendência que oferece maior eficiência, e o mercado tem identificado e reconhecido isso”, conclui.


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Capa

Novas escavadeiras de 20t da Caterpillar prometem melhor custo-benefício

A Caterpillar lançou em junho três novas versões de escavadeiras hidráulicas da faixa de 20 toneladas. O principal apelo dos novos equipamentos é tecnológico, com sistemas de segunda dimensão (2D) e telemetria que permitem pré-definir operações e, consequentemente, evitar trabalhos desnecessários. Por esses conceitos, a fabricante norte-americana defende que há reduções de custos aos clientes de terraplanagem, principalmente os inerentes à manutenção e combustível. Ela também defende que a produtividade pode ser aumentada em até 45% quando se compara o modelo mais avançado da nova série com equipamentos que antes não faziam uso de tecnologias da informação. A máquina mais básica lançada é a nova versão da 320. Ela sai de série com a tecnologia Cat Connect (telemetria). A 320 GC também leva o sistema, mas tem outros recursos que privilegiam operações de baixa a média severidade, onde o consumo de combustível tem peso maior nas planilhas de custos de obras. A escavadeira mais avançada da nova série é a 323, classificada pela Caterpillar como a linha premium da geração. Ela tem maior potência de levantamento em linha do que as outras da série e, assim como as coirmãs, levam o Cat Connect. “Esse sistema é capaz de aumentar a eficiência de operações tradicionais de nivelamento de solo em até 45%”, defende a fabricante.

Fabricante lança três modelos dessa faixa, com promessas de reduções de custo com manutenção e combustível e maior eficiência em operações tradicionais de terraplanagem.

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O sistema de segunda dimensão (2D) é outra tecnologia disponível para as novas escavadeiras da Caterpillar. Por ele, o operador consegue obter orientação de profundidade, encosta e distância horizontal. Isso, segundo a empresa, dá subsídios para que ele execute nivelamentos em terrenos com maior rapidez e precisão. “Quando o operador usa a característica E-fence, é possível que a máquina trabalhe em segurança debaixo de estruturas, como fiações elétricas, ou à margenm de ruas de alto tráfego. As predefinições evitam que qualquer parte da escavadeira se aproxime dos pontos estabelecidos pelo operador no sistema”, informa a companhia, salientando ainda que o 2D padrão pode ser substituído pelo Cat Grade com 2D avançado ou Cat Grade 3D. Outra novidade é o Grade Assist, que automatiza os movimentos da lança, do braço e da caçamba, de modo que os operadores permaneçam no nivelamento de maneira simples e sem esforço, podendo escavar com uma única alavanca.

real, evitando que o caminhão fique com sobrecarga ou subcarga. Hardwares e softwares conectam os canteiros de obras ao escritório para que as informações do Payload, Grade e Assist sejam avaliadas. Essa integração está sob o conjunto Cat Link. No conjunto-motor as novas escavadeiras também são diferentes. No geral, elas são equipadas com motores de 107 a 117 kW, mas levam um novo modo de operação, o Smart, que ajusta automaticamente o motor e a potência hidráulica para as condições de escavação, otimizando tanto o consumo de combustível quanto o desempenho do equipamento. Ou seja: a rotação do motor é automaticamente reduzida quando não há demanda hidráulica. Com isso, a Caterpillar contabiliza consumos de combustível até 20% menores que os das escavadeiras das séries anteriores da máquina.

Balança embarcada

Potência Bruta em kW (ISO14396)

Uma espécie de balança, integrada às escavadeiras 320 e 323, são outra novidade da nova linha. O Cat Payload, como é chamado, já sai instalado de fábrica e tem como objetivo ofertar metas mais precisas de carga. Com o dispositivo, o equipamento faz a pesagem com a máquina em movimento e informa a carga útil em tempo

O sistema de arrefecimento também é diferente. Ele é composto de vários ventiladores elétricos, que monitoram as temperaturas de óleo hidráulico, radiador e do pós-arrefecedor ar-ar independentemente. Dessa forma, acredita a Caterpillar, o resfriamento do conjunto motriz é mais eficiente do que os realizados por sistemas de ventilador único. Já o conjunto hidráulico ganhou uma nova válvula do controle principal, que elimina a necessidade de linhas-piloto, reduzindo as perdas de pressão e diminuindo o consumo de combustível. A menor quantidade de linhas hidráulicas nas novas escavadeiras resultou em uma redução de 20% na quantidade de óleo, o que, naturalmente, diminui os custos operacionais no longo da vida útil do equipamento.

Especificações das novas Escavadeiras 320 GC Motor

320

323

Cat C4.4 ACERT™ Cat C7.1 ACERT™ Cat C7.1 ACERT™ 108

118

118

Peso de Operação em kg

20.500

22.000

22.000

Profundidade máxima de escavação em mm (5,7 m lança, 2,9 m braço)

6.730

6.730

6.730

Alcance máximo ao nível do solo (5,7 m lança, 2,9 m braço)

9.860

9.860

9.860

Altura máxima de carregamento (5,7m lança, 2,9m braço)

6.490

6.490

6.490

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Telecom

Infraestrutura de telecom está pujante

Instalações de novas redes de fibra óptica demandam equipamentos para enterramentos de cabos, tecnologias de provisionamento de redes e oferta de conhecimento técnico para atender a um grupo de milhares de empresas que estão movimentando os interiores do país.

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O setor de telecomunicações vive um cenário pujante e diferente da maioria dos outros mercados de infraestrutura. Pequenas e médias empresas classificadas como provedores regionais são os responsáveis por isso. Nos últimos anos, eles adentraram nos interiores do país ofertando banda larga onde as grandes operadoras não têm interesse de implantar redes por conta do baixo número de assinantes. O que é baixo para elas, é ótimo para essas empresas que, juntas, representam hoje uma quarta grande operadora telecomunicações, obtendo mais de 25% do market share do setor. Mais do que isso, elas se tornaram as responsáveis pela agitação do setor de telecomunicações, pois são quem de fato estão instalando novas redes e movimentando toda a cadeia em torno disso. Atualmente, segundo a organização da Feira Future ISP, realizada em Olinda (PE) em meados de abril e com cobertura do InfraROI e da Brasil Construção, há cerca de 9 mil empresas com licenciamento para prover internet no Brasil, mas aproximadamente 4 mil delas estariam atuantes. Algumas dessas empresas, como pôde constatar a reportagem durante a Feira, chegam a instalar centenas de quilômetros de novas redes mensalmente e administram anéis de fibra óptica que passam da casa dos milhares de quilômetro. A Conect está nesse caminho. Com 80 funcionários (sendo 50 técnicos), ela já angariou mais de 13 mil assinantes de banda larga, a um tíquete médio de R$ 79,00/ mês cada. Além disso ela tem cin-

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co parceiros de link dedicado. A empresa opera no Estado da Bahia, entre o Sul e o Recôncavo, e já tem mais de 1 mil km em redes de fibra óptica próprias cortando cidades do Estado. É ou não é um exemplo dessa pujança? O diretor e fundador, Valdemar Melo da Mota, é reservado e evita o “samba exaltação”. Mas ele detalha a estrutura montada para alcançar os números citados e demonstra que a combinação entre conhecimento regional e entendimento técnico é a chave do sucesso nesse mercado. “Temos a nossa principal rede fazendo um anel entre Valença a Itabuna. Estamos fechando esse contorno nos próximos meses e dessa forma, teremos um anel construído de forma redundante pelas duas principais rodovias que ligam essas cidades: a BR 101 e a BA 001”, explica. A implantação da rede obtém apoio constante da Redex Telecom, segundo Valdemar Mota. E aí está uma característica desse setor que será explicada logo a seguir. A Redex é fabricante e distribuidora de equipamentos importados para redes de telecomunicações e oferta à Conect, além do suporte na venda consultiva e pós-venda, uma consultoria técnica que inclui treinamentos sobre utilização correta de equipamentos essenciais para o provisionamento das redes, como máquinas de fusão, OTDRs, splliters e caixas de terminação óptica (CTOs).

Calcanhar de Aquiles O ensinamento técnico é uma sacada da Redex, que percebeu a


Telecom deficiência desse mercado nesse sentido. Vale pontuar que, como é natural em todo novo mercado (não é exclusividade dos provedores de internet), a maioria dessas empresas busca tecnologias mais eficientes para otimizar os recursos e ainda detêm pouco desse conhecimento. Isso, para a Vermeer Brasil, que oferta soluções para instalação de redes subterrâneas, significa que há “chão” para os processos de instalações de rede de fibra óptica, principalmente as subterrâneas. “A rede aérea está exposta a vandalismo, furtos (pensam que é fio de cobre), tempestades que derrubam árvores e que por sua vez partem os cabeamentos, acidentes de trânsito e tudo o mais que se possa imaginar de algo exposto num poste” diz Flávio Leite, Gerente Geral da Vermeer Brasil. “Por isso, as instalações de redes subterrâneas são vantajosas e devem crescer exponencialmente nos próximos anos, a exemplo do que já ocorre em países desenvolvidos, onde são maioria diante as redes aéreas”, salienta ele. O cenário favorável para as instalações subterrâneas conta ainda com imposições das distribuidoras de energia elétrica. Elas cobram royalts e impõe outras objeções – como o limite máximo de quatro cabeamentos em seus postes – em diversas regiões do país. “No Paraná, onde há grande número de provedores (mais de 500), por exemplo, essas restrições estão latentes, o que amplia o interesse dos provedores em enterrar suas redes para evitar contratempos”, pontua Flávio Leite.

Capex / Opex favorável Quando se confronta o custo de instalação com o custo de operação (Capex/Opex), a questão financeira também é favorável para as redes subterrâneas. Apesar de ter o custo de instalação maior, elas demandam menos manutenção ao longo da vida útil. “Por isso, em pouco tempo o cus-

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to final da rede aérea fica maior que o da subterrânea e essa vantagem só vai alargando ao longo dos anos”, pontua o especialista da Vermeer. Para quantificar essa relação, a Sterlite Conduspar realizou estudo no qual demonstra que a rede aérea custa seis vezes mais que a subterrânea num período de sete anos (veja o gráfico abaixo).


Alguns provedores regionais de internet estão entendendo essa relação e ampliam a proporção de redes enterradas. “Muitos, inclusive, optam pela subterrânea para evitar as caras multas aplicadas pela Anatel, pois essas empresas têm contratos de interrupção de fornecimento de banda larga mais rígidos que os das grandes operadoras. Isso, quando somado a uma clientela cada vez mais exigente quanto à qualidade do serviço prestado, e a concorrência cada vez mais acirrada, mesmo nas pequenas cidades, os faz recorrer a redes confiáveis e de baixa manutenção”, explica Flávio Leite. É o caso da Ligue Telecom, provedora que atua no Estado do Paraná. Com mais de 3 mil km de redes de fibra óptica na região, ela implanta atualmente cerca de 200 km de novas redes por mês e utiliza equipamentos de perfuração direcional, da linha Navigator, da Vermeer (veja mais nos descritivos de equipamentos a seguir) para instalação de cabos enterrados. “Atuamos no mercado de varejo no Estado Paraná e com a oferta de voz para todo o Brasil. Estamos aumentado cada vez mais a proporção de redes subterrâneas, devido à dificuldade de instalação de novas redes aéreas. Afinal, não se pode haver mais de quatro redes ocupando o mesmo poste da Copel (distribuidora de energia no Paraná). Além disso, com as redes subterrâneas, somos dispensados de pagar aluguel (royalts) para as concessionárias de energia pela ocupação do poste. Economicamente, a rede

subterrânea é vantajosa a médio e longo prazo. Estimamos que após o terceiro ano de operação, a relação Capex/Opex já torna a rede enterrada mais barata que a aérea”, relata Gabriel Sartor, diretor da Ligue Telecom. A empreiteira de telecomunicações Etelge atua em oito estados Brasileiros exclusivamente com a oferta de enterramento de redes. Ela atende grandes operadoras de telecomunicações e tem como especialidade o uso de métodos não-destrutivos (MND) na maioria das operações. Para isso, conserva uma frota própria de cinco perfuratrizes direcionais, todas de marcas norte-americanas, inclusive da citada Vermeer. “Geralmente, o enterramento de redes pelo método não-destrutivo é imprescindível em travessias de rios, lagos, pontes e viadutos. Em outras situações, ele é preferido. São os casos de vias de alto tráfego, nas quais a inter-

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ferência no cotidiano da cidade pode custar bastante caro se optarem por abrir valas ou instalar redes aéreas”, diz Eduardo Nogueira Amaral, diretor da Etelge. Para Flávio Leite, esses dois exemplos demonstram o potencial que a Vermeer tem no mercado de redes subterrâneas de telecomunicações no Brasil. A empresa se posiciona como a principal fornecedora de soluções para instalação de redes subterrâneas no mundo e diz que no Brasil tem a sua presença constatada, pois suas valetadeiras, instaladoras de cabos, minivaletadeiras e perfuratrizes direcionais atuam desde as privatizações do setor de telecomunicações. “O mercado está numa migração tecnológica entre as redes aéreas e as subterrâneas. Esse movimento deverá ser semelhante ao que temos visto na migração de redes de rádio para fibra óptica aérea”, conclui Flávio Leite.


Telecom

Equipamentos usados para enterramento de cabos Instaladores de cabo Adequados para solos naturais (sem revestimentos como asfalto e concreto), os instaladores de cabos são a melhor solução para enterramentos de redes em longos percursos (para backbones). Eles são equipados com um porta-cabo e faca de corte vibratória, de modo que vai cortando o solo e enterrando o cabeamento simultaneamente, sem remover terra. Por isso a produtividade é alta, permitindo enterrar redes de fibra óptica a uma velocidade média de 4 km por dia. Como não há escavação durante a operação dos instaladores de cabos, fica dispensado o reaterro, bastando uma compactação básica após o enterramento.

Perfuratrizes direcionais No mundo, mais da metade dos equipamentos de perfuração horizontal é de modelos Navigator, segundo a Vermeer. A empresa oferece também no Brasil a linha desses equipamentos, que têm comprimento inferior a quatro metros e largura de cerca de 1 metro. Por essas dimensões reduzidas é que os Navigators são ideais para operar em regiões de alta densidade demográfica. Para os enterramentos de cabos de telecomunicações no Brasil, a Vermeer destaca os modelos D9x13ll, D20x22ll e D23X30S3.

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Valetadeiras (Rodas de Corte opcionais) As valetadeiras de maior porte podem, opcionalmente, ser equipadas com rodas de corte para abrir valas em pistas de asfalto ou concreto. São equipamentos de alta produtividade e tanto o modelo RTX550 quanto O RTX1250, da Vermeer, é dotado de implementos de alto torque, relação potência/peso superior, maiores profundidades de escavação e flexibilidade nas condições de trabalho. O sistema de controle patenteado TECTM PLUS monitora

as condições de funcionamento, para maior produtividade e desgaste reduzido da máquina. A RTX550 chega a abrir 120 metros de vala por hora, com profundidade de até 66 centímetros e largura máxima de 20 cm e mínima de 5 cm. Já o maior modelo da série, o RTX1250, abre valas de 1,52 metros de profundidade e largura que varia de 15,2 a 30,5 centímetros. Esse equipamento abre até 240 metros de valas por hora.

Minivaletadeiras Indicadas para o enterramento de cabos por percursos curtos e em locais confinados e de difícil acesso, as minivaletadeiras têm opções de força e controles inteligentes flexíveis, sendo ideais para o mercado de locação e pequenas obras. De fácil manejo, elas são equipadas com motor a gasolina e com injeção eletrônica, que são melhores que os motores carburados de mesma potência porque consomem menos combustível e emitem menos gases poluentes. No caso da Vermeer, esses equipamentos têm sistema de segurança presencial do operador e as manoplas de controle de giro e subida e descida do disco são equipadas com sensores de presença. Um dos modelos, a RTX150, executa valas de até 76 cm de profundidade e até 15 cm de largura. Já a minivaletadeira RTX250 abre valas de até 1,22 metros de profundidade e larguras na faixa de 10, 15 e 20 cm.

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Saneamento

Iguá Saneamento: uma “startup grande” no setor Gustavo Guimarães, presidente da concessionária, explica como a companhia encampou o DNA de inovação para manter-se no setor ............ Por Nelson Valêncio............ A Iguá Saneamento, uma das empresas privadas do setor, tem 18 operações em cinco estados e atende, direta ou indiretamente, cerca de 6,6 milhões de pessoas. Uma delas é a parceria público privada (PPP) com a Sabesp para o Sistema Produtor do Alto Tietê (SPAT). A iniciativa ampliou a capacidade da estação de tratamento de água (ETA) de Taiaçupepa em 50%, passando

para 15 m3/s e atinge cerca de 5,5 milhões de pessoas. Outro destaque é a concessão de Cuiabá, cobrindo os serviços de água e esgoto para 600 mil pessoas, que terá investimentos de R$ 240 milhões somente nos próximos dois anos. As demais operações, sejam PPPs ou concessões plenas, incluem casos como Paranaguá (PR) e Tubarão (SC), cidades de médio porte, e

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em Andradina e Piquete, ambas no interior de São Paulo. Apesar dos números, a Iguá é vista pelo seu presidente, Gustavo Guimarães, como uma “startup grande”. De acordo com ele, o DNA de startup é a persona da companhia para manter-se no mercado desafiador de saneamento. Um exemplo é a forma inovadora que a empresa vai tratar o consumo de energia, seu segundo


maior custo. Hoje, a Iguá compra 100% de seu consumo no mercado cativo, mas está prestes a investir em energias renováveis dentro de seu próprio espaço. É o caso da estação de tratamento de esgoto (ETE) de Tubarão, cujo projeto otimizado vai permitir a ativação de uma planta de geração solar de 3 MW, tornando a unidade autossuficiente. “O investimento de capital está dentro do projeto da ETE”, resume Guimarães, mostrando a face de startup grande da Iguá. O caso de Tubarão também ilustra a singularidade das operações: a cidade tem uma rede de água com cobertura total, mas o processo não se repete na parte de esgoto, onde os projetos começam com as ETEs e avançam para a infraestrutura de coleta (que demanda uma ação de comunicação com a população local, um assunto considerado estratégico pelo executivo). Na avaliação de Guimarães, a infra-

ETA Ribeirão do Lipa Cuiabá

estrutura de esgoto será implantada nos próximos três anos na cidade catarinense. Em Paranaguá, onde a concessão é plena, a rede de esgoto está pronta, mas não a ETE. A infraestrutura de água também replica o perfil das operações e está completa. Resumidamente, Guimarães explica que a Iguá tem um cenário com cerca de 5,5 mil km de redes de água nas áreas onde opera, o que significaria 99,5% da área de cobertura. Nos negócios de esgoto o processo é mais complexo: são 3 mil km de

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rede instalada, mas a previsão de cobertura necessária implica outros 2,4 mil km. Ou seja, quase 45% da infraestrutura final desejada de 5,4 mil km. Cuiabá, a operação fora da curva em termos de dimensão, pesa na companhia. Um dos focos é a setorização do abastecimento de água, racionalizando o processo. Outra frente é a substituição das redes antigas, com foco na redução das perdas. Hoje, o índice da capital mato-grossense é de 37%, mais próxima da média nacional do que


Saneamento

do percentual de 25% que a Iguá identifica em suas operações nas outras cidades. A meta, de acordo com o presidente, é trazer Cuiabá para esse nível (25%) nos próximos cinco anos. O espírito de startup grande não exclui as startups nativas, meta do programa que a companhia acabou de lançar para reforçar seu DNA. A empresa vai selecionar as startups até julho, com foco em cinco áreas: tecnologia, perdas de água, comunicação, treinamento de colaboradores e fintech (financiamento). Os temas refletem a estratégia desenhada e dão uma espécie de mapa da concessionária. A comunicação é vista como fundamental em casos como os da ETE já construída, mas que vai implicar a construção de re-

ETE Costerira Paranaguá

des, ou seja, abertura de valas, mudança em trânsito e no dia a dia das pessoas. Novos meios de financiamento podem reduzir a inadimplência e influir no resultado das operações. A automação e recursos como internet das

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coisas podem diminuir as perdas de água e trazer mais dados para uma análise da infraestrutura. São, como diz Guimarães, “provocações”, palavra usada por ele como substituta, às vezes, para disrupção.


Concretagem Produtiva

Alvenaria estrutural é solução para construção habitacional de qualidade Como produzir unidades habitacionais com qualidade, economia e atendendo à Norma de Desempenho ............ Por Carlos Alberto Tauil (*)............ O Ministério das Cidades publicou, no último dia 29 de março, as novas propostas selecionadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, com recursos provenientes do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), voltados para a Faixa 1 do programa. No total, são R$ 862,47 milhões para 10.314 unidades habitacionais em 31 cidades de 10 estados, além do Distrito Federal. A expectativa é de que as moradias beneficiem

mais de 41 mil pessoas. É fundamental para os futuros moradores dessas unidades habitacionais que as habitações sejam produzidas de forma a atender às exigências da Norma de Desempenho, a NBR 15.575/2013 da ABNT, em relação a itens como a segurança estrutural, o desempenho térmico e acústico, a resistência ao fogo, à estanqueidade, à durabilidade e manutebilidade e tenham menor impacto ambiental.

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Nesse sentido, a alvenaria estrutural com blocos de concreto é o sistema construtivo que, combinado aos outros componentes que compõem o sistema paredes de uma edificação – como, por exemplo, as esquadrias e as instalações hidroelétricas, entre outros -, permite atender a todos os requisitos dessa importante norma. Além disso, a alvenaria estrutural com blocos de concreto possui todas as normas relativas


Concretagem Produtiva

à produção dos blocos, projeto e execução de obras, oferecendo ainda ótima relação de custo/ benefício – esse sistema é imbatível na execução de edificações de até 15 pavimentos, conforme pesquisas desenvolvidas por professores-doutores de universidades prestigiosas, como a Universidade Federal de São Carlos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Santa Maria, entre outras. E conta ainda com a vantagem de ter sido o primeiro setor a realizar uma Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de 33 das principais indústrias fabricantes de blocos e pisos de concreto no Brasil. Essa avaliação, realizada em 2014 pelo renomado Conselho Brasileiro da Construção Sustentável (CBCS) que avaliou o impacto ambiental na produção de blocos e pisos de concreto, identificando assim o nível

atual dessas empresas e permitindo que elas façam melhorias favoráveis ao meio ambiente. . E a alvenaria estrutural e de vedação com blocos de concreto oferece garantia de qualidade, desde que os blocos sejam comprados de empresas como as que integram a Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto-BlocoBrasil, que precisam possuir o Selo de Qualidade para os seus produtos para poderem compor o quadro associativo da entidade. Esse Selo de Qualidade só é concedido após rigorosas auditorias que verificam o atendimento às normas da ABNT referentes aos blocos de concreto. E boa parte dessas indústrias são também qualificadas pelo PSQ-Programa Setorial de Qualidade, do PBQP-H, do Ministério das Cidades. Assim, governo e construto-

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Carlos Alberto Tauil

ras têm na alvenaria estrutural e na alvenaria de vedação com blocos de concreto a garantia de atendimento às exigências da Norma de Desempenho, da garantia de qualidade e da preocupação ambiental para construir e entregar aos futuros moradores habitações dignas, duráveis e de qualidade assegurada. *Carlos Alberto Tauil é arquiteto e consultor técnico da BlocoBrasil-Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto


Artigo

Dr. King, arquitetura e desabamento: tudo como sempre.

Por que o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida tem tudo a ver com Martin Luther King e expõe o nosso atraso social Por Rodrigo Conceição Santos (*) Em maio de 1965, dois meses após as marchas lideradas pelo reverendo Martin Luther King em defesa dos direitos civis dos negros, o jornalista Gay Talese voltou à cidade de Selma, no Alabama, para ver o que tinha melhorado. Os comércios continuavam frequentados e liderados por brancos. As ruas e principais restaurantes também. A miséria ainda era dos negros e tudo o mais continuava exatamente como antes aos

olhos do então repórter do New York Times. Cinquenta e três anos depois, o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida tem semelhanças de que no Brasil tudo permanece tão mal quanto na Selma naquela época. No mesmo 1965, recuperou uma reportagem da BBC, um artigo da extinta revista Acrópole exaltava a engenharia e arquitetura do edifício Wilton Paes de Almeida. Ele

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era o primeiro da cidade com sistema de ar condicionado central e hall em mármore e aço inoxidável. A fachada de vidro – com painéis importados, pois não eram (como até hoje dificilmente seriam) fabricados no Brasil – fazia referência ao edifício Lever House, em Nova York. Big Brother da miséria Essa fachada era simbólica por representar a evolução arquitetônica na época. Nos


Artigo últimos tempos, ela continuou sendo simbólica, mas para expor a miséria. Um grupo que apoia pessoas sem moradia defendeu que o prédio era ideal para a ocupação porque os vidros permitiam ver o que se passava dentro dos apartamentos. Ao lado do prédio desabado funcionava uma igreja luterana. O nome? Advinha: Martin Luther King. O pastor Frederico Ludwing, de 61 anos e há 20 à frente da igreja, disse à mesma reportagem da BBC que ela também foi destruída pelo desabamento. O templo acolhia os moradores do edifício, em sua maioria pedintes e desprovidos de dignidade humana e recursos

financeiros. Exatamente como eram os negros de Selma. “O prédio estava inclinado um metro à frente há pelo menos 20 anos. Chamamos as autoridades várias vezes e não deu em nada. Agora estamos assim, vamos recolher os escombros”, disse o pastor. A cidade de São Paulo também deve recolher os escombros do prédio, que era um símbolo arquitetônico tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do município (Conpresp). Mas será que recolherá os escombros da equidade social? Deveria, pois até agora isso definitivamente não deu certo por aqui.

* Rodrigo Conceição Santos é Jornalista, publisher do InfraRoi e sócio da Canaris Informação Qualificada


Canaris Content

Comunicação crítica ganha espaço com nova geração de tecnologias

De olho na demanda por maior integração e gestão unificada, a Tait Communications muda sua estratégia no Brasil, com a criação de um ecossistema de canais de distribuição, serviços especializados e um histórico de sucesso da marca O atentado de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, foi o divisor de águas da comunicação crítica. Sem integração entre eles, os serviços de polícia, bombeiros e ambulâncias foram prejudicados. A lição aprendida proporcionou o aprimoramento de padrões como o P25, muito co-

mum para forças de segurança, e o DMR, utilizado principalmente em empresas. De olho na evolução dessas tecnologias e na aplicação delas em diversos cenários de negócios, a Tait Communications está “descomplicando” a radiocomunicacão no Brasil. Com casos reais em várias forças de

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segurança, emergência e corporações privadas como distribuidoras de energia, mineradoras e transporte, a empresa comprova que as soluções de radiocomunicação devem conversar entre si e ainda ser integradas a outras tecnologias, como o satélite e a telefonia celular.


Canaris Content A aposta da empresa neozelandesa, que tem operações no Brasil há mais de 15 anos, é na oferta de soluções para coberturas em regiões remotas, a comunicação crítica via smartphone, telemetria de dados, bem como os serviços especializados da companhia. “O foco global da empresa neste ano é convergência, e o rádio aparece como o principal pilar integrador”, explica Flávio Marcelino, Gerente de Canais da Tait. O Corpo de Bombeiros do Estado do Mato Grosso adotou sistemas digitais Tait P25. Em algumas cidades ainda utilizam radiocomunicador analógico, mas a capacidade de integração entre as redes permite a comunicação dos “heróis de vermelho” sob qualquer aspecto. É o que garante o Coronel da Reserva do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e sócio da WS Consultoria, Átila Wanderlei da Silva. Ele é um dos especialistas mais empenhados em encontrar soluções para unificar as várias tecnologias de rádio já adotadas no Estado. “Pela qualidade do produto e preço acessível, avalio que a Tait tem todas as condições de ser o parceiro ideal desse processo”, diz. Segundo ele, somente o Corpo de Bombeiros tem mais de 400 radiocomunicadores. As Polícias Civil e Militar do Mato Grosso têm cerca de outros 10 mil. Tudo adquirido entre 2014 e 2018. “A Tait, inclusive, venceu várias das últimas licitações”, detalha o Coronel Átila. Rodrigo Baidan, gerente de segurança pública da Tait, ava-

lia que a necessidade dos órgãos de segurança do Mato Grosso exemplifica a grande maioria da demanda brasileira. “O posicionamento da Tait é claro e simples: não desejamos reféns, mas sim clientes e parceiros, o que possibilita isso é o uso de padrões abertos e a integração com outras soluções, proporcionando o avanço das comunicações críticas”, diz. Flávio Marcelino, gerente de canais, detalha que a digitalização permite integrar rádios dos protocolos DMR ou P25, com a comunicação crítica via celular, gestão assertiva de frotas, monitoramento remoto de ativos, telemetria de dados e outras tecnologias. Tudo isso operado via um único sistema. Para desenvolver essa multiplataforma, Marcelino lembra que a Tait também unifica suas soluções com as consoles de despacho, o que possibilita um melhor controle e otimização de todos seus recursos.

Exemplo prático Um exemplo de aplicação integrada está nas concessio-

Brasil Construção

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nárias de energia, que possuem equipes de campo com veículos embarcados com a solução Tait de múltiplas opções de comunicação, inclusive satelital, para sempre manterem conectados. A gestão da frota e de ordens de serviço é acompanhada em tempo real pela área de controle, a qual necessariamente não precisa de um rádio para isso. “Podemos – via aplicativo – ativar o serviço de PPT, da sigla em inglês “Aperte Para Falar”, e transformar um simples celular num rádio ilimitado e integrado com a rede.” Diz Flávio Marcelino. A Tait mostrou essas soluções em um evento de dois dias no Consulado Geral da Nova Zelândia em São Paulo, em abril, quando reuniu clientes, parceiros e os seus principais executivos nacionais, das Américas e da Oceania.




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