Revista Brasil Construção Ed 21

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Índice

Editorial

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O point da retomada 2019 está definido Conheça mais notícias do setor de construção lendo o QRCode ao lado com seu celular ou tablet.

Fato concreto

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Engemix: Cinquentão high tech

Expediente Publisher: Carlos Giovannetti Reportagem Especial: Rodrigo Conceição Santos Editor Executivo: Nelson Valêncio Edição: Canaris Informação Qualificada Reportagem: Nelson Valêncio e Rodrigo Conceição Santos Comercial: Carlos Giovannetti e Ernesto Rossi Mídias Digitais: José Roberto Santos Projeto Gráfico e Editoração: Mônica Timoteo da Silva Contato: redacao@brasilconstrucao.com.br Telefone: (11) 3241-1114 Endereço: Rua São Bento, 290 – 2ª Sobreloja – Sala 4 CEP: 01010-000 – São Paulo – SP

Capa

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Cidade Matarazzo: Engenharia promove o encontro harmônico entre o passado e o futuro

Brazil Expomoving

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O Jockey vai tremer com tantos cavalos de força

A Revista Brasil Construção é uma publicação mensal de distribuição nacional, com circulação controlada, dirigida a todos os segmentos da indústria de construção imobiliária e industrial, ao setor público e privado de infraestrutura, à cadeia da construção envolvida em obras de transporte, energia, saneamento, habitação social, telecomunicações etc. O público leitor é formado por profissionais que atuam nos setores de construção, infraestrutura, concessões públicas e privadas, construtoras, empresas de projeto, consultoria, montagem eletromecânica, serviços especializados de engenharia, fabricantes e distribuidores de equipamentos e materiais, empreendedores privados, incorporadores, fundos de pensão, instituições financeiras, órgãos contratantes das administrações federal, estadual e municipal.

Máquinas e Equipamentos

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Escavadeiras cavam seus novos horizontes de mercado

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Editorial

A Brasil ExpoMoving (BEM) será o primeiro evento de infraestrutura,

construção civil e mineração de 2019 focado na retomada da economia e com o diferencial de ser realizada numa área total de 100 mil m², no Jockey Club de São Paulo, que se transformará numa arena de demonstrações ao vivo durante quatro dias. Você é nosso convidado. A BEM é, para nós, a iniciativa certa para a retomada que a economia e o setor de infraestrutura terá no ano que vem. Temos um novo governo, sintonizado com a continuidade de concessões e privatizações e cerca de 7,4 mil obras paralisadas que podem gerar uma movimentação de cerca de R$ 115,1 bilhões na cadeia de valor da construção civil e infraestrutura, conforme dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Com a direção estratégica de Hugo Ribas Branco, cujo anúncio foi recentemente veiculado na Brasil Construção, no InfraROI e principais mídias do setor, tenho certeza de que o modelo dinâmico de apresentação de máquinas da BEM será um sucesso.

O point da retomada 2019 está definido A nossa ideia é que caminhões, escavadeiras, guindastes, equipamentos de perfuração de solo, equipamentos de construção rodoviária e outros, simulem situações reais na arena aberta. Vamos mostrar que acabou a era dos eventos tradicionalmente estáticos, com estandes estáticos. O uso de energias renováveis e novas tecnologias digitais, com destaque para e Internet das Coisas (IoT) e drones, entre outras, também estarão no evento. A BEM 2019 também terá um caráter social, com ações em parceria com ONGs e um destaque para as questões ambientais. Defendo que o nosso modelo de negócio é uma espécie de Oceano Azul no setor de eventos de construção e infraestrutura. Teremos área disponível para demonstrações e estandes, acesso fácil e uma cobertura de conteúdo com notícias em tempo real com uma redação no centro do evento. E, o mais importante, com um investimento que justifica a adesão. O tempo dos eventos extremamente caros e sem resultados acabou, assim como acabou a ideia de um Brasil irresponsável. Desejo feliz 2019 a você, leitor da RBC, e até breve. No mais tardar, nos encontramos pessoalmente na Brazil Expo Moving. Boa leitura. Carlos Giovannetti Publisher

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Fato Concreto

Estudo da Sobratema projeta 40% de crescimento na comercialização de máquinas de movimentação de terra em 2018 O início de recuperação no mercado de equipamentos para construção já começou. De acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, as vendas de equipamentos da linha amarela – movimentação de terra – devem crescer 40% em 2018 ante 2017, totalizando 11,6 mil unidades comercializadas neste ano contra 8,3 mil unidades no ano anterior. O estudo foi apresentado no evento estratégico Tendências no Mercado da Construção, realizado ontem (8/11), em São Paulo. Nesse segmento, as vendas de retroescavadeiras devem ter uma expansão de 51% em 2018, chegando a 3,15 mil unidades comercializadas. A estimativa é que as pás carregadeiras tenham uma alta de 42% nas vendas bem como as escavadeiras hidráulicas alcancem um percentual de crescimento de 30%. O Estudo Sobratema também estima as vendas de caminhões rodoviários utilizados na construção, cuja previsão é de alta de 40% neste ano. Já na categoria “demais equipamentos”, que contempla guindastes, compressores portáteis, manipuladores telescópicos, plataformas aéreas, tratores de pneus pesados, e gruas torre, a expectativa é que o aumento chegue a 25% neste ano. As plataformas aéreas devem obter a maior elevação com 43%. Somada todas as categorias – linha amarela, demais equipamentos e caminhões rodoviários –, as vendas totais de máquinas para construção

devem crescer 38% em 2018 em comparação a 2017. No total, serão 17,8 mil unidades comercializadas neste ano contra 12,9 mil unidades no ano anterior. Esse aumento nas vendas de equipamentos foi ocasionado pela melhoria geral do mercado, pela promoção de um número maior de licitações públicas e concessões e pela estabilidade de outros segmentos nos quais são vendidas máquinas utilizadas pelo setor de construção. O Estudo de Mercado ainda fornece informações relacionados aos equipamentos da área de concreto – autobombas, bombas estacionárias, centrais de concreto e caminhão betoneira –, cuja estimativa é igualar as vendas em relação ao ano anterior. Ano de 2019 Nesta edição, a Sobratema realizou uma alteração na metodologia para projeção da comercialização de equipamentos

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para construção no próximo ano, culminando na divulgação de uma tendência do que pode ocorrer no segmento, conforme as expectativas do mercado, a retomada dos investimentos em obras de infraestrutura e as medidas a serem tomadas pelo próximo governo. Isso significa que as vendas de máquinas podem sofrer uma variação de 3% (crescimento ou diminuição) em 2019 ante os resultados obtidos neste ano. No entanto, na avaliação da associação, o viés para o próximo ano será de alta. Editado desde 2007, o Estudo retrata a importância econômica do setor, auxilia na formulação das políticas que facilitam a aquisição de equipamentos modernos e eficientes, e é também um instrumento de planejamento muito útil para as empresas do setor. A compilação e análise dos dados conta com a consultoria econômica do jornalista e economista Brian Nicholson.


Fato Concreto

Cinquentão high tech Engemix completa cinquenta anos e reforça posicionamento tecnológico com monitoramento na logística de concretagem. .............. Por Rodrigo Conceição Santos ...............

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A Engemix comemora cinquentenário em 2018 sinalizando que vai reforçar o viés tecnológico. O expoente é a implantação de novos sistemas de monitoramento, algo que a empresa já tentou fazer no início da década passada quando esbarrou no desenvolvimento próprio de softwares e ferramentas de TI. Agora, a experiência adquirida nas plantas norte-americanas – onde a concreteira tem mais de mil autobetoneiras circulando com sistemas complexos de monitoramento – balizam os novos projetos locais, desenvolvidos com parceiros como Command Alkon e Tivit. As soluções permitem mapear a logística desde a dosagem na central até o bombeamento no canteiro de obras, prometendo ser o diferencial competitivo da empresa quando o mercado de concreto voltar a crescer. Ricardo Soares, gerente geral de concreto da Engemix, valida que a concretagem high tech deve suportar o crescimento do mercado nos próximos anos. Ele pondera que não há indicativos de crescimento expressivo para 2019, pois para que o houvesse os lançamentos imobiliários – maiores consumidores da mistura – deveriam ter ocorrido no início de 2018, o que não aconteceu. “São necessários pelo menos oito meses de estande de vendas desde que o empreendimento é lançado até o início efetivo das obras, quando começam as demandas por concreto”, explica. No cenário otimista, com empreendimentos surgindo en-

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Fato Concreto tre o final de 2018 e o primeiro trimestre de 2019, o mercado de concretagem sentirá os efeitos positivos em 2020. “Mas o alento é que paramos de cair e há grandes possibilidades de que o mercado realmente apresente crescimento de 2020 em diante”, diz.

Conjuntura Os números do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) avalizam a visão do executivo. Na contabilidade dos 12 meses anteriores a esta reportagem (novembro de 2017 a novembro de 2018), houve o consumo aparente de 52,7 milhões de toneladas de cimento. Pouco mais de 20% disso vai para as centrais de concreto, ficando o maior volume ainda no cimento ensacado. Para efeito de comparação, o volume produzido em 2016 foi superior a 53 milhões de toneladas e, em 2014, quando a indústria alcançou o pico histórico, foram mais de 71,7 milhões de toneladas consumidas. Com uma frota de 550 autobetoneiras e 120 bombas, que atendem 40 centrais de concreto da Engemix no país, a empresa também voltou a comprar autobetoneiras, algo que não ocorria desde o início da crise financeira do país em 2015. Segundo Soares, a redução da frota ociosa, que obviamente não gerava demanda para a compra de novas unidades, é um indicativo positivo para a empresa, que pretende ver o movimento de aquisição se repetindo com as bombas e centrais de concreto, assim como com outros equipa-

mentos pesados no futuro próximo. “Grande parte das nossas bombas são estacionárias, mas também temos algumas bombas-lança, para necessidades específicas”, diz ele. A frota própria de bombas é uma peculiaridade do mercado brasileiro, onde segundo ele, o consumidor prefere contratar todo o serviço em uma só empresa. “Nos EUA, nossas operações não contam com bombas de concreto, pois o consumidor entende que é preciso locar esse serviço de outra empresa”, diz ele. No Brasil também há empresas especializadas em bombeamento, com frota própria e especializada. Essas, porém, tem grande parte dos seus negócios atrelados às concreteiras, que locam e as relocam ao cliente final. “O bombeamento de concreto é algo extremamente especializado. A Engemix tem muito cuidado com isso hoje, pois um erro no processo pode prejudicar toda a obra e ainda oferecer riscos aos colaboradores”, diz Soares. “No que tange a locação, deixamos a cargo do cliente usar as nossas bombas ou locar de uma das três principais empresas de locação do país, que são nossas parceiras”, salienta.

Concretagem High Tech No início dos anos 2000 a Engemix identificou a necessidade de melhorar a logística dos processos de concretagem e desenvolveu software próprio para gerenciar o monitoramento por GPS e rede de celular (GPRS,

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naquela época). Esbarrou nos desenvolvimentos de TI e descontinuou o projeto. No final de 2015 o retomou com o apoio de parceiros internacionais, como Command Alkon e Tivit. “Fomos às nossas operações norte-americanas, onde temos mais de mil autobetoneiras circulando, e começamos a avaliar os KPIs bastante produtivos de lá”, diz Soares. Grande parte da imersão ocorreu em Chicago, onde 400 autobetoneiras são monitoradas. “Entendemos o processo logístico e trouxemos para cá, com um sistema de gerenciamento empresarial (ERP) específico para concretagem e um módulo de logística que acopla informações de GPS”, explica ele. A demanda era melhorar o processo manual, baseado em uma lista de pedidos pela qual os profissionais das centrais de concreto calculavam quantidade, horário de início e intervalo de despacho das autobetoneiras. “Ocorria que perdíamos qualquer controle desse intervalo, que é o tempo entre a partida do caminhão da central até a sua chegada e descarregamento na obra. Essa lacuna foi responsável por muitos casos de interrupção nas concretagens. Isso, inclusive, gerou uma imagem ruim do setor de concreto profissional perante os clientes”, diz. Com a implantação da nova tecnologia, Soares diz ter total visibilidade das autobetoneiras durante o ciclo operacional. O sistema agora mostra a hora do carregamento, o tempo médio para chegar ao cliente e o tempo


de descarregamento para a bomba de concreto. Com isso, criou-se um ciclo inteligente, que permite definir o horário de partida exato da primeira autobetoneira e os intervalos corretos para que a segunda e as seguintes cheguem antes que a anterior conclua o descarregamento. “E isso sem criar fila de autobetoneiras na obra, o que também é indesejável por questões de trânsito, perda de qualidade da mistura e perda de produção para a central”, explica. A tecnologia integra todas as centrais de concreto da Engemix nas regiões metropolitanas, de modo que, dependendo da demanda, é possível que autobetoneiras oriundas de centrais diferentes atendam a mesma obra. “O sistema nos permite medir o fluxo de entrega cliente a cliente, de modo que fazemos o percentual de pontualidade de cada concretagem do dia, semana ou

mês”, detalha o executivo. As informações são disponibilizadas num aplicativo, que pode ser acessado por celular, tablet ou computador. Como o sistema também integra as centrais de concreto, a decisão por qual cliente precisa de qual betoneira mais próxima também é automática, ficando o operador da central apenas com a demanda de conferir as dosagens da balança. O próximo passo, segundo

Soares, é digitalizar o monitoramento sobre qualidade da mistura. Hoje há um programa da Engemix no qual uma equipe especializada percorre pelas centrais auditando os processos de produção. “É um programa de alerta pelo qual conseguimos indicativos de problemas gerados na obra por conta de concreto de baixa resistência. O histórico atual é de um caso a cada 10 mil, o que demonstra a confiabilidade”, conclui.

Histórico A Engemix foi fundada em 1968 como parte do Grupo Rossi para atender uma demanda interna por produção de concreto em maior volume. Em 2002 foi incorporada à Votorantim Cimentos. Hoje, é posta como a marca de concreto do Grupo, com a mensagem de que “antes de ser Engemix, é Votorantim”, como reproduziu Ricardo Soares à esta reportagem. A afirmativa tem como pano de fundo a intenção de ancorar a Engemix no padrão de qualidade dos cimentos Votorantim, algo que a empresa

enxerga ter conseguido emplacar nas obras brasileiras de vários portes, principalmente nos segmentos corporativos. “Não há divisão do Grupo Votorantim Cimentos e da Engemix. A Engemix foi adquirida em 2002, mas hoje a nossa operação funciona por segmentos de clientes e queremos oferecer o portfólio inteiro a eles. Inclusive, outras concreteiras são nossas clientes e entendemos que o concreto usinado é complementar, e não concorrente do cimento ensacado ou a granel”, diz Ricardo Soares.

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Ricardo Soares.


Fato Concreto

Construtoras homenageiam a Engemix “A parceria entre Engemix e a Tecnum existe há quase 30 anos. Muitos desafios foram vencidos juntos, entre eles o bombeamento de concreto a mais de 150 metros de altura, concretos de altíssima resistência (acima de 100MPa), concretagens de grandes volumes com concreto resfriado. Sem dúvida, a execução do e-Tower foi o maior, pois as resistências atingidas foram tão elevadas que conquistaram o recorde mundial de resistência de concreto colorido. Ser parceiro da Engemix traz grande tranquilidade para nós, quer pela tecnologia dos seus produtos e qualidade dos serviços, quer pela solidez ao pertencer ao Grupo Votorantim. Parabéns à Engemix pelos seus 50 anos produzindo qualidade e tecnologia. Um orgulho para a engenharia do nosso país.” Jorge Batlouni Neto, superintendente da Tecnum Construtora.

“É com grande satisfação que a Construtora Elias Victor Nigri compartilha dos 50 anos da Engemix, empresa parceira e presente em todas as nossas obras há 42 anos. São mais de 70 empreendimentos entregues sempre com a qualidade, pontualidade e competência que fizeram dessa empresa a referência de mercado no segmento.” Carlos Nigri, Diretor de Engenharia da Construtora Elias Victor Nigri.

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“Por ter vivenciado parte da história da Engemix como parceiros na execução de megaprojetos, gostaria de parabenizá-la pelos 50 anos de bons serviços prestados à engenharia brasileira. Além do concreto de alta tecnologia, seus excelentes profissionais sempre oferecem amplo suporte, opções e tecnologia de ponta. O atendimento é completo, desde a equipe comercial até a logística de abastecimento dos grandes volumes contratados, executados por equipamentos de bombeamento e distribuição de concreto que sempre permitiram atender os desafios de cada projeto com soluções entregues sob medida.” Pedro Keleti, Gerente de Engenharia da Birmann

“A missão da Exto é desenvolver, produzir e comercializar empreendimentos residenciais e comerciais com alto padrão de qualidade e que as pessoas tenham orgulho de possuir. Por isso, buscamos sair da zona de conforto para transformar a vida dos nossos clientes, dos bairros e das cidades. Como parceiro, a Engemix tem nos ajudado a acompanhar essas mudanças e inovando sempre. Parabéns à Engemix pelos seus 50 anos! Que a força do trabalho coletivo nos permita sempre evoluir nos projetos oferecendo soluções com plantas inteligentes, alto padrão de qualidade e tecnologia.” Mauro Dias Ferreira, Diretor de Obras e Engenharia da Exto Incorporação e Construção.

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Cidade Matarazzo: Engenharia promove o encontro harmônico entre o passado e o futuro ........... Por Paulo Roberto do Espirito Santo ............

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Capa Bem no coração da maior metrópole do país, a poucos metros da Avenida Paulista, está sendo executado um dos maiores projetos de revitalização de espaço urbano da atualidade. Batizado de Cidade Matarazzo, o megaempreendimento está resgatando do passado uma área de 30 mil m² para devolve-la para a cidade. Lá, em meio a uma grande área verde preservada, um conjunto de prédios neoclássicos, construídos a partir de 1904 para abrigar o antigo Hospital Maternidade Umberto Primo, o Hospital Nossa Senhora Aparecida e as Casas de Saúde Matarazzo, está passando por um cuidadoso e sofisticado processo de retrofit para se transformar em um complexo multiuso com destaque para um hotel de alto luxo. Trata-se do Rosewood São Paulo, integrante de uma das mais sofisticadas redes de hotelaria do mundo, a Rosewood Hotels & Resorts, referência em elegância e conforto em 11 países. O empreendimento prevê, ainda, a construção da Torre Rosewood São Paulo, definida pelos

responsáveis pelo projeto como uma verticalização do parque, já que ela terá boa parte das suas fachadas envolvida pela vegetação. A torre, com cerca de 100 metros de altura, terá unidades residenciais de altíssimo padrão e será interconectada com os prédios históricos para compor o complexo hoteleiro. A antiga maternidade terá 46 quartos e a torre, 104 quartos e 124 suítes com áreas variando de 109 m² a 600m². Já o prédio comercial, projetado por arquitetos brasileiros, terá mais de 5 mil m2 de escritórios. Além do verde – árvores de até 15 metros de altura serão plantadas em varandas, terraços e coberturas – a Torre Rosewood São Paulo terá como elemento muito presente, em seus acabamentos, a madeira, numa espécie de evocação à brasilidade. Essa deverá ser uma das assinaturas do projeto, que vai priorizar o uso de materiais brasileiros, como o mármore, granito e madeira. E para se reintegrar à vida da metrópole como um grande espaço de convivência e lazer, o complexo Cidade Matarazzo contará com um

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moderno prédio comercial, bares, academias, restaurantes, centros culturais, espaço para exposição de artes, cinemas, auditório, um centro de compras horizontal e um parque aberto para a cidade. Para as atividades culturais e artísticas a Cidade Matarazzo reservará um total de 10 mil m2 de área, e para o varejo, cerca de 28 mil m2 . À frete do empreendimento está o Grupo Allard, uma holding de investimentos com atuação global e sede na França, que tem se destacado por encampar projetos com essa pegada ambiental e de resgate histórico e arquitetônico. A Cidade Matarazzo, que deverá exigir investimentos globais da ordem de R$ 2 bilhões, deverá ficar pronta ao final de 2019. Além do investimento financeiro, o empreendimento exigiu muita paciência. Foram cinco anos de espera até que as obras fossem liberadas pelas autoridades responsáveis pelo patrimônio histórico. As intervenções de retrofit no prédio principal, da maternidade, começaram em abril de 2016 e devem ser concluídas no final de 2019.


Uma ponte entre passado e futuro Esse projeto ambicioso está sendo pautado pelo respeito ao patrimônio histórico e cultural. O conjunto arquitetônico centenário está estritamente vinculado à história da cidade de São Paulo e à sua identidade cultural, retratando a época de ouro da imigração italiana. Usando o que há de mais moderno em tecnologia da construção, materiais e conhecimento técnico, o moderno e o antigo se unirão de maneira harmônica para presentear a cidade de São Paulo com um novo ícone arquitetônico, identificado com um estilo de vida urbana contemporâneo. Para Jacques Brault, Diretor de Operações do Grupo Allard, o projeto da Cidade Matarazzo se propõe a oferecer aos que vivem em São Paulo ou aos que visitam a cidade uma experiência única, combinando cultura, lazer, negócios e muito charme. “O terreno com seus 30 mil m2, remete a uma vila toscana do início do século 20, repleta de alamedas e pátios internos com jardins, esculturas e fontes criadas por renomados artistas brasileiros. Nele estão distribuídos os cinco pavilhões centenários que, uma vez restaurados, estarão conectados entre si por pátios e luxuosos jardins”, descreve. Nas alamedas adjacentes serão distribuídos os espaços dedicados ao varejo, num total de 28 mil m2. “Não queremos fazer concorrência aos shoppings. Queremos outro tipo de varejo. Vamos ter 60 pequenas lojas para promover os artesãos brasileiros com enfoque em moda, joalheria, decoração, bem-estar, gastronomia. Os artesãos

serão selecionados por um comitê de experts em cada categoria”, conta Jacques Brault, “Nosso objetivo é cobrar um aluguel simbólico e garantir a jovens talentos brasileiros usar esse espaço como vitrine para eu trabalho. Isso é muito importante para nós. Pois acreditamos que uma das forças positivas dessa cidade se chama Diversidade. Nossa ideia é criar uma grande passarela pública para promover essa diversidade. Essa passarela vai ter espaço para os produtos desses artistas e artesãos brasileiros, criando um relacionamento entre eles e os consumidores através da tecnologia, passando pelo celular”. A gastronomia, por sinal, será um dos principais atrativos do complexo. Serão instalados cerca de 30 pontos para degustação, entre cafés, lounges e restaurantes.

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Milagre de Santa Luzia A cereja desse bolo bilionário é restauração da centenária Capela de Santa Luzia, existente na parte de trás do terreno, também tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, (Conpresp). Para preservá-la e, ao mesmo tempo, aproveitar todo o potencial do terreno onde ela está, foi necessário manter a edificação suspensa sobre um sistema de oito colunas de concreto, com 31 metros de altura. Cada uma delas está cravada a 23 metros sob o solo. Essas colunas sustentam uma laje e uma cinta de concreto, que


Capa envolvem por baixo o prédio da capela que pesa 1.200 toneladas, livrando-o de rachaduras e demais agressões do ambiente do canteiro de obras. Ela que foi projetada pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi e inaugurada em 1922. Originalmente, suas fundações mediam apenas 1,5 metro. A imagem é impressionante. No topo da estrutura de concreto a capela parece flutuar, enquanto as obras acontecem em ritmo acelerado à sua volta. A técnica, assinada pelos engenheiros Mario Franco e Carlos Eduardo Moreira Maffei, é pioneira no Brasil. Originalmente a capela era sustentada por uma sapata corrida, O primeiro passo foi a construção de uma estrutura de concreto de alta resistência (acima de 100 MPa), formada por uma laje e uma alça, logo acima dessa sapata, com 19 metros de comprimento, 17 metros de largura e 1,15 metro de espessura. Essa etapa levou dois meses para ser concluída. Ainda nesta etapa ocorreu a demolição do piso da capela, construído originalmente em mármore. Ele foi cortado em várias seções que foram catalogadas e armazenada para posterior reposição, ao final da obra. Cada peça será recolocada exatamente na posição em que estava. Depois que feitas a laje a alça que envolvem o prédio, foram abertos oito buracos de 54 metros de profundidade e 1 metro de diâmetro no solo, para a construção da nova fundação. Foram quatro de cada lado da capela. Os oito buracos foram preenchidos com 54 m3 de concreto para a construção das colunas. Cada uma delas foi dimensionada para suportar até 500

toneladas. Outras lajes foram construídas à medida em que as estacas iam se aprofundando no solo. O objetivo era evitar qualquer deslocamento lateral, o que poderia ocasionar trincas e rachaduras no patrimônio histórico. Na parte interna da capela também houve travamento com o uso de vigas de aço. Esse trabalho de construção das novas fundações foi precedido de um complexo trabalho de sondagem do terreno para definir que método construtivo seria adotado. Concluída a concretagem das colunas, foi dado início às escavações para a remoção do solo abaixo da capela, de forma a expor as novas fundações. Esse trabalho foi executado usando a técnica de foi

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hidro jateamento, para remover a terra sob a laje e transferir gradativamente o esforço para as novas colunas. De acordo com o projeto, abaixo da capela haverá oito subsolos, cinco dos quais destinados a estacionamentos e os demais com áreas de apoio para o hotel e um espaço chamado “creativy center”, destinado a conferências e eventos. O engenheiro Eder Pedroso, da Tessler Engenharia, responsável pelo gerenciamento da obra, explica que foram colocados sensores em volta da capela para monitorar os movimentos do solo, as contenções e o prédio propriamente dito. O templo é monitorado através de marcos reflexivos que permitem acompanhamentos semanais. A contenção, por sus vez, é contro-


lada por meio de inclinômetros. Esses procedimentos se estenderão até o final da obra.

Preservação e controle Adriana Lebrão, diretora de Processos e Governança do projeto, é a responsável pela coordenação dos processos de aprovação de todas as intervenções nos prédios centenários junto aos órgãos de proteção do patrimônio histórico, nos níveis estaduais e municipais. Ela assegura que o trabalho na capela, bem como nos demais prédios tombados, é monitorado diariamente por uma equipe de especialistas para que nada comprometa suas características arquitetônicas ou a sua estabilidade. Adriana explica que, com a conclusão das obras, a capela será totalmente restaurada, incluindo seu mobiliário e objetos originais como imagens sacras, altar de mármore, bancos e genuflexórios, assim como a pintura da parede. A fachada neoclássica em tom de amarelo Sienna, que imita mármore, seguindo a antiga técnica de scagliola (amplamente usada na Itália desde o Renascimento), também será totalmente recuperada. Entendimentos mantidos entre o Allard Group e a Arquidiocese vão assegurar que a capela seja reconsagrada, para que voltem a acontecer nela as funções religiosas como missas, casamentos e batizados.

construção, tais como o arquiteto francês Jean Nouvel (ganhador do prêmio Pritzker em 2008), o design de interiores de Philippe Starck e o paisagista francês Louis Benech. Para Philippe Starck, trabalhar no projeto Cidade Matarazzo é praticamente deixar um legado para as próximas gerações. “Trata-se de um projeto longo, difícil e pesado, mas para mim é quase que um testamento. Nós colocamos muito de nós mesmos nele, por isso só pode resultar em algo muito interessante.” No projeto Cidade Matarazzo, juntam-se a esses notáveis algumas das mais conceituadas empresas brasileiras do setor, sob a coordenação da Tessler Engenharia, gerenciadora da obra. São a JGtec especializada em construção predial; a SpecEng, atuando na área de engenharia de fundações; a Irmão Gomes, com foco em terraplenagem; a Temon, responsável pelas instalações elétricas e hidráulicas do complexo; a Geofix, especiali-

Os melhores do mundo O Cidade Matarazzo reúne alguns dos mais renomados profissionais do cenário mundial da

Arquiteto francês Jean Nouvel

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zada em fundações e contenções; a JKMF Engenheiros assinou todo o cálculo estrutural do complexo, e a Engemix/Votorantim, responsável pela produção do concreto especial auto adensável, pigmentado em uma tonalidade cinza escuro, demandado pelo projeto. Concreto sob encomenda O concreto auto adensável é obtido pela ação de aditivos superplastificantes, que proporcionam maior facilidade de bombeamento, mais homogeneidade, resistência e durabilidade. Maurecir de Almeida, gerente Comercial da Engemix/Votorantim explica os motivos para a adoção do material. “Essa é uma tecnologia que nós usamos muito eventualmente. Mas aqui na Cidade Matarazzo todo o concreto consumido é desse tipo especial. Essa foi uma exigência das construtoras contratadas para esse projeto. Um dos motivos é que esse tipo de concreto, por ser mais fluido, dispensa o uso de aparelhos de vibração. Isso elimina boa parte do ruído que incomodaria os moradores da região, que é densamente ocupada. Outro aspecto é o da produtividade, que é muito maior. Isso se traduz na redução significativa do número de caminhões betoneira circulando no canteiro de obras, na diminuição a emissão de CO2. Essas foram preocupações voltadas para minimizar os impactos causados pela obra”, observa. Outra exigência, dessa vez do arquiteto Jean Nouvel, foi a de um concreto mais escuro, mais puxado para um tom de cinza fechado. Por ser um concreto arquitetônico, ele


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precisava, também de uma qualidade de finalização muito superior à do convencional, que comumente exibe fissuras e bolas que são eliminadas no acabamento. No caso da Cidade Matarazzo, após a desforma, o concreto tinha que ter uma aparência impecável. Foram mais de 12 meses em que a Engemix passou desenvolvendo estudos para chegar ao concreto ideal, fazendo experiências com mais de 70 traços junto com fornecedores de aditivos, testando diferentes pigmentos, produzindo protótipos, até chegar ao produto final. Trata-se de um concreto de alta resistência e durabilidade, com 60Mpa e adição de microfibras, para evitar a formação de trincas. Quando o projeto determina a concretagem de grandes superfícies, como são algumas lajes

dos prédios em construção, que exigem até 500 m3 de concreto, a essa mistura é adicionado gelo para eliminar a fissuração de origem térmica. Durante a fase de testes, foi estudada, ainda a forma como o concreto reagia com a forma e o desmoldante. “Os testes foram realizados com o uso de cilindro de acrílico transparente. Nós passávamos vários tipos de desmoldantes, por dentro dos cilindros e jogávamos o concreto. Isso nos permitia visualizar como as bolhas iam saindo e assim determinar o tipo de desmoldante adequado”, lembra Ricardo Soares de Andrade, gerente geral do Negócio Concreto da Votorantim/Engemix Todo o concreto é usinado externamente e transportado para o canteiro onde é moldado “in loco”.

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Por dia, são cerca de 80 betoneiras operando no local.

Cidade e cultura Para Alexandre Allard, presidente do grupo, o projeto Cidade Matarazzo não pode ser definido apenas como um grande empreendimento, uma grande obra. Trata-se de uma viagem pela história e pela cultura brasileira, da qual até a religião faz parte. “Esta é, para mim, a visão de futuro para projetos urbanos, que não podem existir sem integrar a realidade da vida de cada lugar. No futuro, não haverá lugar sem conteúdo cultural. Em dez anos, qualquer pessoa poderá comprar tudo utilizando um simples telefone. As pessoas sairão de casa para viver uma experiência, não para comprar. A cultura é uma experiência.


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Alicerce de obras complexas Com atuação formal desde 2002, mas com sócios com mais de 30 anos de experiência na engenharia de concreto, a Novata Engenharia se posiciona como um verdadeiro “alicerce” para obras complexas. As aspas, vale a nota, não são só figura de linguagem pelo fato de a empresa levar segurança operacional aos seus contratantes. Elas estão aqui também para exaltar uma competência técnica. A Novata é especialista em recuperação e reforços especiais em estruturas. E tem no reforço das fundações grande parte do seu diferencial técnico. No Boulevard Cidade Matarazzo, por exemplo, a empresa foi responsável pelo reforço estrutural nas obras da maternidade, assim como da capela e outras edificações do empreendimento. “Usamos como metodologia padrão a aplicação de concreto projetado para vencer o desafio de operar em um local confinado e de difícil acesso para equipamentos e suprimentos, dado o trânsito local, com restrição de horários e outras dificuldades. Mas finalizamos essa fase de reforço das estruturas em outubro, com sucesso no cumprimento de prazos e qualidade”, diz Leroy Gabriele, diretor comercial da construtora. Tratando-se do reforço de sete subsolos, postos em uma obra dinâmica e de várias frentes de atuação simultâneas, a Novata Engenharia ampliou efetivo, tecnologias e materiais durante o processo. Essa adequação, segundo Gabriele, é natural em projetos

complexos, mas o fato de ter exigido contratações também expõe um novo momento de consolidação para a empresa e para a construção civil. “Hoje, somos 40% do que já fomos antes da crise em termos de quantidade de mão de obra, projetos e faturamento. Mas estamos organizados e preparados para viver essa realidade por pelo menos mais um ano. E isso está no nosso planejamento, pois acreditamos em retomada real de crescimento a partir de 2020”, diz. Atualmente, a empresa realiza diversas obras de intervenção em edificações tombadas, fábricas em pleno funcionamento, reforço de estacas submersas de terminais e piers marítimos, rodovias, ferrovias e edifícios comerciais como shoppings, faculdades e hospitais. “A nossa carteira de obras é muito dinâmica, mas hoje em dia ela está dividida em obras rodoviárias e ferroviárias (30%), off shore (20%), industrial (20%), comercial (20%) e restauração de edifícios tombados (10%)”, diz Leroy Gabriele. Na área rodoviária, a Novata atua na construção de quatro viadutos da Rodovia Presidente Dutra. São estruturas que ligarão a Av. Jacú Pêssego, desafogando o trânsito que é intenso na região no horário de pico. “Também para a Concessionária Nova Dutra estamos fazendo a ampliação do viaduto sobre a ALL Logística, na cidade de Itatiaia (RJ). É uma obra complexa porque precisa ser executada sem interromper o tráfego tanto da

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rodovia quanto da ferrovia”, explica o executivo. Focada no setor privado, a Novata as vezes é convocada para realizar o reforço de determinada estrutura pública dada a sua expertise. Isso, porém, segundo Leroy Gabriele, é raro e não deve representar mais de 1% dos negócios realizados pela empresa nos 16 anos de sua existência.

Reforço para portas de vidro no Metrô Um dos projetos de destaque em execução pela Novata Engenharia é o reforço das estruturas das plataformas do Metrô para receber portas de vidro. Com elas, o Metrô acredita reduzir o tempo de parada dos trens na plataforma, além de ampliar a segurança dos usuários. Isso está motivando a implantação do sistema em algumas das estações mais antigas da cidade, como Itaquera, Barra Funda, Tucuruvi e Vila Madalena. Nesses casos, a Novata Engenharia trabalha da 1h00 às 4h30 – horário em que as estações estão fechadas – para reforçar as estruturas das plataformas. O projeto está previsto para 16 meses de obras e tem sido bem-sucedido até o fechamento desta edição.


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Ficha Técnica - Cidade Matarazzo TEMON Av. Eng.° Luis Carlos Berrini, 1681 - 3° andar - Brooklin CEP 04571-011 - São Paulo - SP Contato: (11) 5508-8188 - www.temon.com.br · Especialidades da empresa Execução de Instalações Elétricas, Hidráulicas, Sanitárias, Combate a Incêndio e outras utilidades. Montagens Eletro-Mecânicas, Instrumentação e Pneumáticas. · Participação na obra Execução das instalações elétricas, hidráulicas e de combate a incêndio na Torre Mata Atlântica, Hotel Palace e Office. Elaboração de Projeto em BIM para compatibilização das instalações.

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Escavadeiras cavam seus novos horizontes de mercado Modelos diferentes, novos nichos de mercado, maior uso de implementos e confiança na retomada dos projetos de infraestrutura criam expectativas para os fabricantes desses equipamentos. .............. Por Rodrigo Conceição Santos ...............

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Máquinas e Equipamentos As escavadeiras hidráulicas representam um quarto dos equipamentos da linha amarela de construção vendidos no Brasil. Em 2017, foram exatas 1.989 unidades comercializadas, de acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A linha amarela como um todo comercializou 7,9 mil equipamentos. Para este ano, a expectativa é de crescimento acima de 10% na comercialização de escavadeiras, na média relatada pelos fabricantes ouvidos pela reportagem. Os dados, segundo eles, indicam que o setor de equipamentos chegou ao ponto de inflexão: estaria saindo da tendência de queda iniciada há três anos e as vendas de escavadeiras seriam o primeiro passo. “Já no segundo semestre do ano passado, observamos crescimento de 19% no mercado de equipamentos da linha amarela em relação ao primeiro período do ano. Em 2018 as expectativas são boas, pois estamos observando retomada nas concessões do governo para obras de infraestrutura”, diz Thomas Spana, gerente de vendas para a divisão de Construção da John Deere. Para que o crescimento concretize, há uma série de variáveis a serem atendidas. Uma delas envolve a diversificação de nichos, com atenção especial às fazendas florestais e agrícolas que ganharam uma relevância que não tinham como grandes compradores de escavadeiras. A maior oferta de modelos também pesa nessa busca. E é por isso que os fabricantes apostam nos equipamentos menores, de 7 a 18 toneladas, como

essenciais. Segundo Trazilbio Neres Filho, especialista de produto da Case Construction Equipment, as escavadeiras desse tipo ganham mercado porque o segmento de locação – segundo maior comprador depois das construtoras – atende serviços variados. “Historicamente, esse setor foi atendido por retroescavadeiras e escavadeiras da faixa C (de 20 toneladas) para

aplicações de escavação, carregamento, abertura de valas e outros serviços”, argumenta Trazilbio. “Há um gap entre esses dois tipos de equipamentos em termos de produtividade e as escavadeiras de 13 a 18 toneladas suprem exatamente a lacuna, com produção superior à das retroescavadeiras e logística facilitada em relação às escavadeiras de 20 toneladas”, explica.


Etelson Hauck, gerente de produtos da JCB do Brasil, acrescenta que os modelos de 13 toneladas chegaram a representar 18% das escavadeiras vendidas em 2017. Para ele, apesar da tendência de crescimento dos pequenos, não se deve descartar o fato de que mais da metade das escavadeiras comercializadas no país ainda são da faixa C. A New Holland Construction,

com base nos levantamentos da Abimaq, informa exatamente o quanto a faixa C representou: 55% do mercado total de escavadeiras em 2017. A representatividade, aliás, aumentou: até abril último, a participação foi de 59%. “As escavadeiras da faixa C são as principais no mercado nacional, mas se subdividirmos essa faixa em duas, sendo uma com os modelos de 20 a 21 toneladas e outra com

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os de 21 a 24 toneladas, observaremos uma tendência de crescimento na participação das máquinas com mais de 22 toneladas”, detalha Rafael Riccciardi, especialista de produto da New Holland. Segundo ele, os equipamentos da faixa citada são vistos pelo mercado como mais versáteis para o atendimento a projetos médios, mas também podem ser usados em obras menores.


Máquinas e Equipamentos Sem clichês, cada modelo tem sua aplicação Para Vladimir Machado, engenheiro de vendas e aplicação da Komatsu, está começando a ocorrer no Brasil o que já acontece há anos em países mais desenvolvidos, ou seja, a escolha correta de

equipamentos para cada aplicação. Apesar de batida, a informação não é clichê. E há explicações. Reconhecendo o crescimento nas vendas de menores, de 7 a 13 toneladas, Machado atribui esse movimento

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à necessidade do mercado em oferecer máquinas compactas com grande força de escavação para trabalhar em locais confinados, principalmente em centros urbanos. No entanto, os equipamentos entre 24 e 35 toneladas têm apresentado crescimento gradual, devido a um certo reposicionamento do mercado, que tem exigido equipamentos corretos para aplicações mais específicas, como terraplanagens em grandes obras e carregamentos em pedreiras. “Já os modelos da faixa de 20 toneladas têm na terraplanagem e locação uma demanda consistente, uma vez que ofere cem produtividade alta nesses tipos de trabalho”, diz.


Novos horizontes, boas expectativas Para os equipamentos de grande porte – de 35 a 125 toneladas, no caso da Komatsu – tem havido maior demanda devido à mudança de comportamento de pedreiras e cimenteiras, que identificaram nesses modelos uma forma de ampliar produtividade e rentabilidade a médio e longo prazo. A John Deere, por sua vez, relata crescimento de demanda nas compras governamentais em 2018, assim como nos mercados florestal e agrícola. Os dois últimos representaram novos horizontes para todos os fabricantes de equipamentos pesados. A JCB, por exemplo, relata que desde 2015 as fazendas confirmaram um cenário oposto aos demais mercados consumidores

de equipamentos, ampliando o consumo de escavadeiras. “Isso nos mostra que em tempos difíceis, os investimentos em infraestrutura sofrem desaceleração, mas os aportes em necessidades básicas não param”, pontua Etelson Hauck. De acordo com ele, o setor agrícola puxa o crescimento, seguido de construção e da área pública municipal. Diferente de outros fabricantes, a JCB atua nas faixas C e D de escavadeiras, o que engloba modelos de 20 a 26 toneladas. A empresa lançou recentemente a linha JS, reforçando a faixa C para ampliar participação de mercado, como relatou Ricardo Nery, gerente de produto da fabricante no Brasil, ao site especializado InfraROI em outubro de 2017: “Agora temos uma máquina de 21 toneladas com carro

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curto e caçamba de 1,14 m³ de capacidade, além de uma de 22 toneladas com caçamba de 1,25 m³. Outra derivação é a escavadeira de 23,5 toneladas e caçamba de 1,5 m³ e uma de 22 toneladas, com maior alcance (15 metros), e caçamba de 0,55 m³”. Segundo Hauck, a estratégia foi bem-sucedida e ampliou em 56% a participação de mercado da JCB no nicho de escavadeiras no último ano. “Creditamos boa parte do sucesso ao lançamento da linha JS durante a Agrishow de 2017”, pontua. A Case confirma que o agronegócio vem aumentado o consumo de equipamentos para acompanhar a demanda crescente por alimentos no Brasil e no mundo. “As escavadeiras hidráulicas são versáteis e têm menor custo operacional em re-


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lação aos demais equipamentos da linha amarela”, explica. “Por isso, guardadas as devidas proporções, é o agronegócio que mantém demanda crescente e tem feito diferença”, diz Trazilbio Neres Filho. Nos negócios da New Holland, os consumidores tradicionais de escavadeiras se mantêm na dianteira, segundo Rafael Ricciardi: a construção civil e a locação representam, historicamente, 25% e 23% das compras. “Até abril deste ano, o segmento de construção civil está tendo queda de 3% em relação a 2017 e está representando 25%, contra 28% do ano passado. Já o segmento de locação

está crescendo 6%, passando de 17% para 23%”, diz ele. Além de diferentes faixas de equipamentos, a diversificação amplia a variedade de implementos para escavadeiras, segundo o especialista da New Holland. Ele é enfático ao demonstrar que no Brasil e toda a América Latina ainda persiste a prática de utilização de um tipo de caçamba “faz tudo”, o que é um risco no sentido de utilização do implemento em atividades não destinadas, acarretando menor produtividade e maior custo operacional. “Nos Estados Unidos e Europa as escavadeiras são geralmente vendidas sem caçamba,

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seguindo o conceito toll carrier (porta-ferramentas). Assim, a mesma máquina portadora pode ser utilizada com duas ou mais caçambas diferentes, especificações melhores dos tipos de dentes (ferramentas de penetração de solo), etc.” diz. “Com isso, cabe ao proprietário escolher o implemento de melhor aplicação”, salienta. Outra particularidade inerente à cultura norte-americana e europeia é a utilização quase que padrão de sistemas de engate rápido de implementos, permitindo a troca de forma prática. Vladimir Machado, da Komatsu, lembra que os implementos estão ligados a atividades específicas e é por isso que a fabricante japonesa oferece tesouras para demolição, rompedores hidráulicos, caçambas rotatórias e outros. “No mercado mundial, os implementos são uma alternativa para melhorar o desempenho da máquina. No Brasil, os rompedores têm sido mais utilizados, principalmente em operações de desmonte em pedreiras, pois a legislação referente ao uso de explosivos ficou severa, impondo custos que muitas vezes o inviabiliza”. No ramo de demolição, ele também enxerga avanço no uso das tesouras, mandíbulas e rompedores, que – por meio de engate rápido – dão versatilidade às escavadeiras demolir e pulverizar materiais no próprio canteiro de obras. “O uso de implementos combinados é uma tendência que oferece maior eficiência, e o mercado tem identificado e reconhecido isso”, conclui.


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Novas escavadeiras de 20t da Caterpillar prometem melhor custo-benefício Fabricante lança três modelos dessa faixa, com promessas de reduções de custo com manutenção e combustível e maior eficiência em operações tradicionais de terraplanagem.

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A Caterpillar lançou em junho três novas versões de escavadeiras hidráulicas da faixa de 20 toneladas. O principal apelo dos novos equipamentos é tecnológico, com sistemas de segunda dimensão (2D) e telemetria que permitem pré-definir operações e, consequentemente, evitar trabalhos desnecessários. Por esses conceitos, a fabricante norte-americana defende que há reduções de custos aos clientes de terraplanagem, principalmente os inerentes à manutenção e combustível. Ela também defende que a produtividade pode ser aumentada em até 45% quando se compara o modelo mais avançado da nova série com equipamentos que antes não faziam uso de tecnologias da informação. A máquina mais básica lançada é a nova versão da 320. Ela sai de série com a tecnologia Cat Connect (telemetria). A 320 GC também leva o sistema, mas tem outros recursos que privilegiam operações de baixa a média severidade, onde o consumo de combustível tem peso maior nas planilhas de custos de obras. A escavadeira mais avançada da nova série é a 323, classificada pela Caterpillar como a linha premium da geração. Ela tem maior potência de levantamento em linha do que as outras da série e, assim como as coirmãs, levam o Cat Connect. “Esse

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sistema é capaz de aumentar a eficiência de operações tradicionais de nivelamento de solo em até 45%”, defende a fabricante. O sistema de segunda dimensão (2D) é outra tecnologia disponível para as novas escavadeiras da Caterpillar. Por ele, o operador consegue obter orientação de profundidade, encosta e distância horizontal. Isso, segundo a empresa, dá subsídios para que ele execute nivelamentos em terrenos com maior rapidez e precisão. “Quando o operador usa a característica E-fence, é possível que a máquina trabalhe em segurança debaixo de estruturas, como fiações elétricas, ou à margenm de ruas de alto tráfego. As predefinições evitam que qualquer parte da escavadeira se aproxime dos pontos estabelecidos pelo operador no sistema”, informa a companhia, salientando ainda que o 2D padrão pode ser substituído pelo Cat Grade com 2D avançado ou Cat Grade 3D. Outra novidade é o Grade Assist, que automatiza os movimentos da lança, do braço e da caçamba, de modo que os operadores permaneçam no nivelamento de maneira simples e sem esforço, podendo escavar com uma única alavanca.


Máquinas e Equipamentos No conjunto-motor as novas escavadeiras também são diferentes. No geral, elas são equipadas com motores de 107 a 117 kW, mas levam um novo modo de operação, o Smart, que ajusta automaticamente o motor e a potência hidráulica para as condições de escavação, otimizando tanto o consumo de combustível quanto o desempenho do equipamento. Ou seja: a rotação do motor é automaticamente reduzida quando não há demanda hidráulica. Com isso, a Caterpillar contabiliza consumos de combustível até 20% menores que os das escavadeiras das séries anteriores da máquina. O sistema de arrefecimento também é diferente. Ele é composto de vários ventiladores elétricos, que monitoram

Balança embarcada Uma espécie de balança, integrada às escavadeiras 320 e 323, são outra novidade da nova linha. O Cat Payload, como é chamado, já sai instalado de fábrica e tem como objetivo ofertar metas mais precisas de carga. Com o dispositivo, o equipamento faz a pesagem com a máquina em movimento e informa a carga útil em tempo real, evitando que o caminhão fique com sobrecarga ou subcarga. Hardwares e softwares conectam os canteiros de obras ao escritório para que as informações do Payload, Grade e Assist sejam avaliadas. Essa integração está sob o conjunto Cat Link.

as temperaturas de óleo hidráulico, radiador e do pós-arrefecedor ar-ar independentemente. Dessa forma, acredita a Caterpillar, o resfriamento do conjunto motriz é mais eficiente do que os realizados por sistemas de ventilador único. Já o conjunto hidráulico ganhou uma nova válvula do controle principal, que elimina a necessidade de linhas-piloto, reduzindo as perdas de pressão e diminuindo o consumo de combustível. A menor quantidade de linhas hidráulicas nas novas escavadeiras resultou em uma redução de 20% na quantidade de óleo, o que, naturalmente, diminui os custos operacionais no longo da vida útil do equipamento.

Especificações das novas Escavadeiras 320 GC Motor

320

323

Cat C4.4 ACERT™

Cat C7.1 ACERT™

Cat C7.1 ACERT™

108

118

118

Peso de Operação em kg

20.500

22.000

22.000

Profundidade máxima de escavação em mm (5,7 m lança, 2,9 m braço)

6.730

6.730

6.730

Alcance máximo ao nível do solo (5,7 m lança, 2,9 m braço)

9.860

9.860

9.860

Altura máxima de carregamento (5,7m lança, 2,9m braço)

6.490

6.490

6.490

Potência Bruta em kW (ISO14396)

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