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www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nº 101 .br JUN/JUL 2008

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Tratamentos para doenças sob risco Perda da biodiversidade pode provocar grave prejuízo para saúde humana

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ma nova geração floresta tropical da Ausde antibióticos e de notrália, que cria os filhovos tratamentos para tes em seu estômago. doenças como câncer, Estudos preliminares enfraquecimento ósseo apontam que os bebês e falência renal podem produzem uma substânser perdidos caso não cia ou mesmo uma série haja uma ação internade substâncias que inicional para reverter a be a secreção de ácidos alarmante taxa de dese enzimas gástricos, evitruição da biodiversidatando que a mãe abra de planetária. seu estômago para o inEsta é a conclusão testino enquanto os bedo livro “Sustaining Life: bês se desenvolvem. How Human Health Para Chivian e BernsDepends on Biodivertein, as pesquisas sobre sity” (Sustentando a Viesse inusitado processo Os estudos de ursos, como o polar, podem beneficiar pacientes da: Como a Saúde Hupoderiam ter conduzido com casos de cirrose biliar e enfraquecimento ósseo mana Depende da Bioa ações de prevenção e diversidade), publicado pela Universidade de Oxford, com de tratamento de casos de úlceras do aparelho digestivo, que apoio do Pnuma, da Convenção de Biodiversidade, do afetam, somente nos Estados Unidos, cerca de 25 milhões Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e da de pessoas. “Mas esses estudos não puderam ser continuUnião Internacional pela Conservação da Natureza. ados porque as duas espécies de Rheobatrachus foram Segundo os principais autores do novo estudo, Eric extintas, e os valiosos segredos médicos que continham Chivian e Aaron Bernstein, do Center for Health and the foram perdidos para sempre”, lamentam. Global Environment, da Harvard Medical School, o mundo Da mesma fora, a perda iminente de outras espécies natural, como espécies de salamandras, guarda segredos pode acarretar em graves prejuízos a importantes tratamenpara o desenvolvimento de tipos mais seguros e poderosos tos médicos, como nos casos do urso polar, do panda gide combate a enfermidades diversas. No entanto, esse gante e do urso negro asiático. Alguns benefícios já vêm importante acervo está sob risco de destruição antes messendo levantados pelo estudo desses ursos, como o prolonmo que a humanidade possa conhecer seus segredos e, em gamento da vida de pacientes com casos cirrose biliar. alguns casos, até mesmo sua existência. Além disso, esses ursos aparentemente produzem uma O livro dedica um capítulo especial sobre a ameaça de substância que inibe a produção de células que enfraqueextinção de sete grupos de organismos valiosos para cem os ossos, promovendo substâncias que fortalecem pesquisas médicas, novos tratamentos e testes farmacêucélulas que formam ossos e cartilagens. Trata-se de uma ticos e de diagnóstico de doenças, como anfíbios, ursos, grande esperança de tratamento em um mundo em que lesmas e tubarões. ocorrem 740 mil mortes anuais devido a fraturas de bacias, Perdas – Um exemplo sobre o que pode ser perdido é o em grande parte causada pela osteoporose. caso da rã Rheobatrachus, descoberta nos anos 1980 em Mais informações em www.unep.org.


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Na capa desta edição, divulgamos o lançamento de livro que alerta para o grave risco que corre a humanidade de não ter acesso a importantes tratamentos para doenças diversas devido à crescente perda da biodiversidade planetária. Na página 3, mostramos também que a natureza inspira a criação de projetos que podem contribuir para o bem-estar das pessoas e a construção de um planeta sustentável. Aqui ao lado, falamos de rede mundial que, pela internet, conecta países, cidades, companhias e organizações em prol de iniciativas de combate ao consumo excessivo de carbono, fonte do crescente aquecimento global que ameaça o futuro do planeta. No artigo das páginas centrais, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, descreve as ações governamentais para melhorar as condições de saneamento no estado, base para se aumentar a qualidade de vida das populações, em especial as mais carentes. Na página 8, fechamos esta edição anunciando a promoção de mais uma turma do Curso de PósGraduação em Gestão Ambiental promovido pela Escola Politécnica da UFRJ, em parceria com o Instituto Brasil Pnuma. O curso tem nível de pós-graduação (MBA), com suas aulas durando dez meses, até junho de 2009. Um abraço e até o próximo. Haroldo Mattos de Lemos Presidente

Rede na internet de combate a efeito estufa ganha novos adeptos Embora ainda pequeno, um número crescente de países, cidades, companhias e organizações vem integrando a rede mundial Climate Neutral Network (CN Net), desde o seu lançamento, em fevereiro passado. Trata-se de um fórum que, com a troca de informações pela internet, visa a estimular ações em prol de significativas reduções de emissões de gases que provocam o agravamento do efeito estufa no planeta. Mais dez participantes – dentre eles o próprio Pnuma e a brasileira Incentive Sol Soluções Solidárias Ltda – anunciaram o seu ingresso nessa rede ambiental, que procura demonstrar que a busca de uma economia mundial com baixo ou mesmo zero consumo de carbono pode gerar lucros e estabilidade no mundo. O Pnuma, por exemplo, como parte de sua estratégia de estimular uma sociedade com baixo consumo de carbono, já preparou um inventário preliminar de liberação de gases-estufa em suas atividades, objetivando ações para a redução de suas emissões. Com sede na Cidade de São Paulo, a Incentive Sol (www.incentivesol.com) é uma empresa de marketing de incentivo e desenvolvimento de soluções tecnológicas e socioambientais que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e para o combate ao aquecimento global. Um percentual de cada transação é investido em projetos comunitários sustentáveis, como energia solar em pequena escala. Para o diretor-executivo do Pnuma e subsecretário das Nações Unidas, Achim Steiner, a CN Net está reunindo

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Lílian Döbereiner Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (exdeputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretorgeral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Alberto de Oliveira Roxo (gerente-geral de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz Celulose S.A.), Carlos Henrique de Abreu Mendes (exsecretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (deputado estadual PT/RJ), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), José Mendo Misael de Souza (vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Mineiração), Márcio Moreira Alves (jornalista e presidente da Brain Trust Consultors), Marcio Nogueira Barbosa (ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil PNUMA), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro),

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EDITORIAL

Pelo baixo consumo de carbono

CN Net estimula ações contra o hábito de consumo de CO2

um conjunto de participantes que “vão catalisar a transição para uma baixa sociedade de carbono que seja capaz de transformar a maneira como fazemos negócios neste planeta. Os existentes e os novos participantes estão liderando pelo exemplo e demonstrando a arte do possível e a determinação de ser parte de uma solução climática global”. A lista dos novos integrantes inclui a peruana Belcorp (www.belcorp.biz), as francesas Inoxia (inoxia.com) e Planète Urgence (www.planeteurgence.com), a BlindSpot (www. blindspot.org.uk) e a Carbon Clear (www.carbon-clear.com), do Reino Unido, as neozelandesas Sempre Avanti Consulting (www.sempreavantinz. co.nz) e Wright Communications (www.wrightcommunications.co.nz) e a rede Regional Ozone Network in Europe and Central Asia (www. uneptie.org/ozonaction/networks/ eca.asp). Mais informações sobre a CN Net em www.unep.org/climateneutral.

Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), Roberto Messias Franco (ex-assessor do diretor regional do PNUMA para América Latina e Caribe e ex-secretário especial do Meio Ambiente) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes). Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO

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www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo e-mail.

Av. Nilo Peçanha 50, sala 1.708 – Centro CEP 20.044-900 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel.: (21) 3084-1020 – Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 e-mail: brasilpnuma@domain.com.br

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Lições para um planeta sustentável Livro reúne cem projetos idealizados a partir do funcionamento da natureza

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m minúsculo marca-passo inspirado no funcionamento do circuito elétrico da batida do coração de espécie de baleia e coberturas coloridas sem pigmentos idealizadas a partir de estruturas luminosas de penas de pavão fazem parte da lista de cem casos estudados para compor o livro “Nature’s 100 Best”. O livro, a ser lançado em 2009, reforçará o aumento da conscientização global sobre a importância de se preservar a biodiversidade planetária em prol de uma sociedade sustentável. Idealizada pela Biomimicry Guild e a Zero Emission Research and Initiatives (Zeri), em parceria com o Pnuma e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o estudo visa a mostrar como a economia do amanhã pode ser concebida a partir do presente ao se aprender, copiar e até mesmo imitar a forma como a natureza já resolveu muitos dos problemas tecnológicos e de sustentatibilidade que desafiam a humanidade. A lista dos cem melhores projetos será fechada a partir de lista original com 2.000 casos. A lista final reunirá projetos inovadores em vários estágios de comercialização no mundo, da prancheta de desenho ao iminente lançamento no mercado. O trabalho de escolha deverá estar concluído até outubro, para ser lançado no Congresso da IUCN, em Barcelona (Espanha). Em maio de 2009, será publicado em livro. Casos curiosos – Os casos já catalogados revelam o quanto a humanidade pode aprender com o funcionamento de diferentes ecossistemas planetários, incluindo casos curiosos como o de um besouro que vive em deserto da Namíbia, na África, que consegue coletar em suas asas água da neblina trazida por ventanias que sopram na região em algumas manhãs de cada mês do ano.

‘Nature´s 100 Best´: a economia do amanhã depende da preservação da biodiversidade planetária

Pesquisadores da Universidade de Oxford e da firma de pesquisa QinetiQ idealizaram uma superfície que imita o sistema de atração e de coleta de água presente nas asas desse besouro, para ser usada na captura da água do vapor liberado por torres de refrigeração. Testes iniciais demonstraram que a invenção pode coletar 10% de água perdida nesse processo, economizando o uso de energia. Outra invenção pode redundar em importante auxílio na área da saúde humana: substâncias antibacterianas, inspiradas em algas marinhas encontradas em costa da Austrália, podem se tornar em poderoso agente de controle de doenças sem contribuir para a ameaça do aumento da resistência bacteriana no mundo. Segundo especialistas, 70% das infecções humanas resultam de uma

grande concentração de bactérias que requerem mil vezes mais antibióticos para matá-la. Um processo de combate que, por tabela, provoca o aumento da resistência aos antibióticos e o avanço de superbactérias. No entanto, cientistas notaram espécies de algas cuja superfície estava livre da presença de congregações de bactérias presentes naquele ecossistema marinho. Foi localizado então um composto presente nas algas que bloqueia a maneira como as bactérias sinalizam entre si para formar grandes concentrações. Agora, um produto de ação semelhante está sendo estudado, prometendo se tornar um grande controlador de reprodução bacteriana. Mais informações sobre o estudo em www.unep.org ou www.n100best. org.

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Saneamento – uma I

nterferir no meio ambiente natural, de modo a produzir formas peculiares de existência, é marca da humanidade. Nesse sentido, ao longo de sua história, o homem vem construindo maravilhas, mas também produzindo catástrofes. Neste início de milênio, o ambiente natural pede socorro. Da mesma forma, os espaços construídos pelo engenho humano padecem de problemas crônicos. Essa situação de saturação e fadiga está presente, em maior ou menor grau, em todo o planeta. Nesse contexto, a questão do saneamento é especialmente estratégica e delicada, pois relaciona-se diretamente com os espaços da natureza e também com os ambientes produzidos pela engenharia humana. E seus elementos são determinantes para a qualidade de vida e a sustentabilidade da própria vida no planeta. Neste artigo, como em nosso governo, entendemos saneamento numa perspectiva mais ampla, indo além do lugar comum que identifica o termo apenas como água e esgoto. Além desses, tratamos da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos urbanos, genericamente definidos como lixo. Depois de alguns anos reconstruindo a máquina pública capixaba, que encontramos destroçada em 2003, após um longo período de desgovernos, e também após a formulação de políticas públicas em áreas essenciais, como o saneamento, o Espírito Santo passou a empreender um inédito programa nessa área. Mobilizados pelas questões urgentes acumuladas até o presente e tendo em vista um futuro de vida sustentável e qualificada para todos os capixabas, já investimos quase R$ 300 milhões e asseguramos mais de R$ 800 milhões para investimentos em 2008, 2009 e 2010.

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PAULO H Divulgação

Águas Limpas Mesmo com a urbanização rápida e desorganizada, nos últimos 30 anos, os governos estaduais e municipais conseguiram levar água tratada a mais de 95% da população urbana de mais de 140 milhões de brasileiros. Mas a coleta e o tratamento do esgoto gerado por toda essa água consumida ficaram em segundo plano, sem falar na desatenção às regiões de interior. Hoje, no Brasil, em média, apenas 30% do esgoto gerado são tratados adequadamente. No Espírito Santo, 26 municípios cuidam diretamente da água e do esgoto. Os outros 52, inclusive os da Região Metropolitana, são atendidos pela Companhia EspíritoSantense de Saneamento (Cesan). Nessa área, 36% do esgoto são tratados corretamente. A prioridade é mudar radicalmente esse quadro. Ao assumirmos, decidimos priorizar o saneamento, incluindo a finalização de diversas obras que se arrastavam havia muitos anos. Com a recuperação ética, administrativa e financeira do Estado, seguida por um bem sucedido processo de reestruturação da Cesan, foi possível, já a partir de 2003, retomar os investimentos e, inclusive, assinar um contrato de empréstimo com o Banco Mundial no valor de US$ 36 milhões, com mais US$ 26 milhões de contrapartida da nossa empresa de saneamento. Foi então traçada a meta estratégica de atingir 60% de esgoto coletado e tratado até 2010 – eram 20% quando assumimos o novo governo –, além de deixar concluído um Plano Diretor para estabelecer os recursos técnicos e financeiros necessários para atingir os 100%, pelo menos na Região Metropolitana. Todo esse planejamento recebeu a denominação de Projeto Águas Limpas, com participação integrada das secretarias de Planejamento, Fazenda, Meio Ambiente, Transportes e Obras, além da Cesan. O processo de ampliação do saneamento capixaba vem avançando a passos largos. Entre recursos do Es-

tado e da Cesan, foram investidos, até o final de 2007, mais de R$ 280 milhões em sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. De 2003 a 2007, o número de imóveis ligados às redes de esgoto passou de 128 mil para mais de 215 mil. Para os próximos anos, temos R$ 760 milhões garantidos por empréstimos conseguidos junto ao Banco Mundial, Caixa Econômica Federal e BNDES, além de recursos do orçamento estadual. Após a conclusão

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prioridade capixaba

HARTUNG das obras do Águas Limpas, com certeza o Espírito Santo figurará com destaque no cenário nacional nesse serviço tão importante para saúde, meio ambiente, qualidade de vida da população e turismo que é o saneamento básico. Espírito Santo sem Lixão Os resíduos sólidos são um desafio para o planeta. Deixaram de ser problema associado a países pobres para se incluir na agenda negativa de países do primeiro mundo. Nas grandes cidades, já estamos produzindo em média 540 kg de lixo por ano, por habitante. No Brasil, via de regra, a disposição final dos resíduos sólidos urbanos não ocorre dentro dos padrões técnicos e ambientais recomendados. Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNSB/IBGE), mostram que, em 2000, cerca de 59% dos municípios utilizavam os lixões para a disposição final dos resíduos gerados, enquanto somente 12,9% utilizavam aterros sanitários (o restante adotava ouDivulgação

As obras de saneamento, ligadas a questões ambientais e de saúde, são prioritárias no governo de Paulo Hartung (de blazer escuro)

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tras formas, corretas ou incorretas). O problema é mais grave em municípios com pequenas populações. No Espírito Santo, a situação de destinação final dos resíduos sólidos tem evoluído. Vinte e seis municípios, responsáveis pela geração de 1.634 toneladas/dia (67% do total da massa de resíduos sólidos produzidos no estado), vêm atuando dentro dos padrões recomendados, destinando esse material a três aterros sanitários ambientalmente licenciados, todos privados. Esses municípios localizam-se, predominantemente, na Grande Vitória e destacam-se como grandes geradores de resíduos sólidos. Os demais municípios (52) vêm destinando cerca de 800 toneladas/dia de seus resíduos (33% do total estadual) de forma inadequada, em 102 lixões. Diante dessa realidade, e em consonância com o plano estratégico Espírito Santo 2025, elaborado coletivamente por sociedade civil e governo estadual, priorizamos projetos estruturantes vinculados ao desenvolvimento do campo ambiental. Nesse segundo mandato, já estamos caminhando com o projeto Espírito Santo sem Lixão, um dos 20 prioritários de nossa administração. O projeto está sendo implementado sob a coordenação da Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb), com amparo legal na Constituição Federal, na Lei de Contratação dos Consórcios Públicos (Nº 11.107/05) e decreto de regulamentação (Nº 6.017/07), na Lei do Saneamento Básico (Nº 11.445/07) e em outras leis federais. O Espírito Santo sem Lixão tem por objetivos implantar infra-estrutura de destinação final ambientalmente adequada para 100% dos resíduos sólidos urbanos gerados no Estado; acabar com os lixões e recuperar as áreas que foram por eles degradadas; e gerar ambiente favorável para os municípios investirem em programas de redução e do reaproveitamento econômico do lixo (energia, reciclagem, compostagem etc.).

São condições essenciais à criação dos consórcios públicos regionais, que irão atuar na regulação e fiscalização da prestação dos serviços em regime de concessão; o rigor no licenciamento ambiental; a elaboração de projetos executivos com tecnologia de ponta; e a previsão de benefícios de escala e gestão eficiente. O governo investirá aproximadamente R$ 50 milhões para construir quatro sistemas regionais, compostos, cada um, por estações de transbordo (transferência), transportes internos e aterro sanitário regional. Os aterros sanitários serão os centros de cada sistema regional e irão agregar tecnologia de ponta, segurança sanitária e ambiental, obtenção de créditos pelo seqüestro de carbono (Protocolo de Kyoto) e, mediante viabilidade, aproveitamento energético do biogás. Também são objetivos gestões e sistemas que garantam sustentabilidade ambiental, econômica, jurídica e social, por muitos anos, no mínimo até 2030. O Espírito Santo será o primeiro estado brasileiro a universalizar a destinação final ambientalmente adequada de resíduos sólidos urbanos. Nos últimos anos, a partir de 2003, o Espírito Santo vem transformando o presente e construindo as bases para um novo futuro em terras capixabas. Implementamos um novo paradigma de desenvolvimento, ambientalmente sustentável, socialmente inclusivo e geograficamente desconcentrado. O objetivo principal é oferecer oportunidade de crescimento individual e coletivo a todos, com garantia de qualidade de vida e bemestar à atual e às futuras gerações. Nessa direção, o saneamento, ligado a questões ambientais e de saúde pública, entre outras, é determinante, representando, por isso, uma prioridade para nós. Paulo Hartung é governador do Estado do Espírito Santo


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Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca

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ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL. Anuário 2008. Publicação: Análise Editorial, São Paulo, 2008. 386p.

PINOTTI, Rafael. Os desafios ambientais do século XXI. Publicação: Petrobras, Rio de Janeiro, 2007. 270p.

BERNARDO, Christianne. Unidades de Conservação: comentários à lei 9.985/ 2000. Publicação: Letra Capital, Rio de Janeiro, 2007. 119p.

PNUMA. Plantemos para el planeta: la campaña de los mil milliones de árboles. Publicação: Pnuma – Programa de las Naciones Unidas para o Medio ambiente. Nairobi, 2008. 80p.

CABRAL, Jeanine Gama Sá. As respostas da sociedade internacional aos problemas ambientais globais: o direito e a governança internacional do meio ambiente. In: Cebri Artigos, volume 3, ano II, Julho – Setembro. Publicação: Cebri, Rio de Janeiro, 2007. 27p.

ROBERT, Karl-Henrik. The Natural Step: A história de uma revolução silenciosa. Publicação: Editora PensamentoCultrix, São Paulo, 2002. 299p.

FURRIELA, Rachel Biderman. Democracia, cidadania e proteção do meio ambiente. Publicação: Editora Annablume: Fapesp. São Paulo, 2002. 194p.

SOLANES, Miguel; e JOURAVLEV, Andrei. Revisiting privatization, foreign investment, international arbitration, and water. Publicação: United Nations: Cepal. Santiago, 2007. 82p.

HAWKEN, Paul; LOVINS, Amory; e LOVINS, L. Hunter. Capitalismo natural: criando a próxima revolução industrial. Publicação: Editora PensamentoCultrix, São Paulo, 2000. 358p.

UNEP. Unep 2007 Annual Report. Publicação: Unep – United Nations Environment Programme, Nairobi, 2008. 120p.

KERRY, John; e KERRY, Teresa Heinz. Antes que a Terra acabe: um relato dos desafios ambientais. Publicação: Editora Saraiva, São Paulo, 2008. 284p.

VALLE, Cyro Eyer do; e LAGE, Henrique. Meio ambiente: acidentes, lições e soluções. Publicação: Editora Senac, 2ª edição, São Paulo, 2004. 256p.

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AGENDA

9th. Global Conference on Environmental Taxation – De 6 a 7 de novembro, em Cingapura. Realização: Asia-Pacific Centre for Environmental Law, Law Faculty/ National University of Singapore. Informações pelo email lawapcel@nus.edu.sg ou pelo site http://law.nus.edu.sg/apcel/. 8th. International Wetlands Conference – De 20 a 25 de julho, em Cuiabá (MT). Realização: Intecol, Centro de Pesquisa do Pantanal e Universidade Federal do Mato Grosso. Informações pelo email 8thintecol@cppantanal.org.br ou pelos sites www.cppantanal.org.br/intecol. Reunião do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Associação Comercial do Rio de Janeiro/Painel sobre Avaliação de Ciclo de Vida de Produtos e lançamento do “Guia de Avaliação de Ciclo de Vida para Pequenas Empresas” (produzido para o Sebrae Nacional pelo Instituto Brasil Pnuma) – Em 11 de julho, no Rio de Janeiro (RJ). Realização: Associação Comercial do Rio de Janeiro. Informações pelo tel. (21) 2514-1229. 2ªª Mostra Fiesp de Responsabilidade Socioambiental – De 13 a 15 de agosto, em São Paulo (SP). Realização: Comitê de Responsabilidade Social da Fiesp. Informações pelo telefone (11) 3549-4578.

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Prêmio para a Petrobras O Balanço Social e Ambiental 2006 da Petrobras foi o vencedor, em 7 de maio, da premiação GRI Reader’s Choice Awards, nas categorias Melhor Relatório segundo a Sociedade Civil e Melhor Relatório segundo Todos os Stakeholders. A premiação foi idealizada pela Global Reporting Initiative (GRI), organização internacional que desenvolveu as diretrizes para relatório de sustentabilidade mais utilizadas no mundo, e teve como objetivo permitir aos leitores eleger aqueles que considerassem mais adequados e completos. Mais de 1.700 pessoas em 70 países votaram pela internet e selecionaram os relatórios conforme sua categoria de público: sociedade civil, mercado financeiro, mídia e empregados. A categoria Melhor Relatório segundo Todos os Stakeholders é a soma dos votos desses quatro grupos. Concorreram à premiação cerca de 800 relatórios de 50 países. Na última etapa, as 45 publicações com mais pontuação permaneceram na disputa, sendo oito empresas do Brasil. Mais informações sobre a premiação em www. globalreporting.org. JUNHO/JULHO 2008 – Nº 101


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Prêmio Tião Sá

Sete bilhões de árvores Lançada em 2006 pelo Pnuma e Centro Mundial de Agroflorestas (Icraf, na sigla em inglês), a Campanha Plant for the Planet: Billion Tree Campaign, para estimular o plantio de 1 bilhão de árvores ao redor do planeta, dobrou, em apenas18 meses, seu objetivo, com o plantio de 2 bilhões de árvores em cerca de 155 países. E agora acaba de estabelecer o desafio de estimular o plantio de 7 bilhões de árvores até 2009, como uma resposta consciente da sociedade à ameaça do aquecimento global. Uma iniciativa única para plantar árvores no mundo, a campanha visa a aumentar a conscientização dos cidadãos comuns, das grandes corporações e dos políticos em geral, entre outros atores sociais, para que abracem o desafio de combater as graves mudanças climáticas em curso no planeta. O diretor-executivo do Pnuma e subsecretário das Nações Unidas, Achim Steiner, lembra que ao ser lançada a campanha, em Nairobi, em 2006, durante encontro da Conferência sobre Mudanças Climáticas, ninguém poderia imaginar que poderia florescer tanto e tão rapidamente. “Mas a campanha deu expressão às frustrações e também às esperanças de milhões de pessoas pelo mundo afora.” Agora, Steiner convida “indivíduos, comunidades, comércio e indústria, sociedade civil, organizações e governos a se envolver nessa iniciativa”, com meta a ser alcançada até a Conferência sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, no fim de 2009. “Em 2006, nos perguntávamos se a meta de um bilhão de árvores não era muito ambiciosa. Não era. O objetivo de 2 bilhões de árvores também provou ser subestimado. A meta de plantar 7 bilhões de árvores – equivalente a pouco mais de uma árvore por pessoa viva no planeta – nos parece atingível, dado o extraordinário registro e o evidente apoio mundial.”

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O Premio Tião Sá foi criado pela Secretaria de Meio Ambiente (Semmam) da Prefeitura de Vitória (ES) para incentivar a pesquisa e a educação ambiental. Os interessados em concorrer devem ter realizado algum trabalho que possa gerar resultados de utilidade pública. Em sua 13ª edição, o Prêmio Tião Sá é promovido durante a Feira do Verde. Os vencedores serão premiados com o Troféu Biodiversidade, criado pelo artista plástico e bailarino Magno Godoy, diploma e R$ 4,5 mil. Divulgação

Tião Sá foi um dos responsáveis pela consolidação do Projeto Mata Atlântica no Espírito Santo, participando ativamente da luta em defesa desse ecossistema. Sua dedicação em prol da biodiversidade demonstra a intensidade de seu engajamento na luta ambientalista, reconhecida internacionalmente pela Unesco, com a inclusão da Mata Atlântica capixaba e seus ecossistemas associados no tombamento da Reserva da Biosfera. Mais informações pelo tel. (27) 33826000 ou pelo site www.vitoria.es. gov.br/hot-sites/tiao/.

Ranking Benchmarking 2008 O Programa Benchmarking Ambiental Brasileiro está recebendo inscrições, até 31 de julho, de casos socioambientais para a sua 6ª edição. O programa é uma realização da Mais Projetos Gestão e Capacitação Socioambiental, contando com o apoio, entre outros, do Instituto Brasil Pnuma, AHK – Câmara Brasil Alemanha, Abesco (Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Conservação de Energia), Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo e Revista Meio Ambiente Industrial. O objetivo da iniciativa é selecionar e apresentar o Ranking Benchmarking, para identificar o que há de melhor em termos de práticas aplicadas pelas empresas e instituições de diferentes segmentos de atuação, em várias esferas e regiões do país. Em seus seis anos de existência, o programa já selecionou e compartilhou 111 modelos gerenciais de excelência, de 97 instituições brasileiras dos três setores da economia, em 12 estados brasileiros. As inscrições podem ser feitas em www.benchmarkingbrasil. com.br.

Perseu Software O banco de dados do cadastro de associados e da lista de remessa do informativo do Instituto Brasil Pnuma acaba de ser reformado pela empresa Perseu Software, especialista em pesquisas e eleições pela internet (www.PerseuSoftware.com/). Nossos agradecimentos pelo trabalho bem feito.

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Pós-graduação em gestão ambiental UFRJ e Pnuma abrem 2ª turma de curso para profissionais de diversas áreas

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Divulgação

Escola Politécnica da UFRJ, em parceria com o Instituto Brasil Pnuma, abriu inscrições para a segunda turma de 2008 do Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, a ser realizado a partir de 15 de agosto, às sextas-feiras, das 18h às 22h, e sábados, das 8h às 17h, na sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro, na Rua do Russel nº 1, Glória. Coordenado pelo professor Haroldo Mattos de Lemos, o curso tem nível de pós-graduação (MBA). As aulas terão duração de dez meses, até junho de 2009, e as monografias deverão ser entregues até 15 de agosto de 2009. Com a continuidade da grande demanda pelo curso, a exemplo do ano passado, novamente se decidiu em 2008 pela abertura de uma segunda turma. O curso tem como objetivo contribuir para a formação de profissionais interessados em trabalhar na área ambiental e para aperfeiçoar e atualizar aqueles que já atuam no setor. Professores de formação diversificada capacitarão profissionais de várias especialidades para a gestão ambiental de atividades, projetos e programas, tanto do setor privado quanto do público. Com 380 horas/aula de aulas expositivas, práticas, palestras, seminários e visitas técnicas a empresas, o curso tem como base uma abordagem interdisciplinar e holística, visando a uma perspectiva integrada da gestão do meio ambiente. A variável ambiental é abordada em sua relação com as questões econômicas, tecnológicas e sociais de desenvolvimento sustentável, de forma a permitir transformar os desafios e as restrições ambientais em oportunidades de negócios.

As turmas do curso fazem visitas práticas em empresas, além de assistirem a aulas, palestras e seminários

Variável ecológica é fundamental para empresas que queiram sobreviver no mercado moderno O Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental atende a uma realidade em que a temática ambiental se encontra crescentemente inserida nas atividades relativas ao sistema produtivo e à administração das organizações. Nas empresas, a competitividade é determinante para sua sobrevivência no mercado, e o meio ambiente tornou-se um fator essencial nesse caso. As informações sobre custos ambientais existentes e as oportunidades de ganho no gerenciamento de processos e na racionalização do uso de recursos naturais e energia são elementos fundamentais para a gestão estratégica das empresas. Por outro lado, as instituições públicas precisam nortear, regular e administrar o meio ambiente como patrimônio de todos, em busca do desenvolvimento sustentável.

O programa inclui temas como Sociedade e Meio Ambiente; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Estatística Aplicada ao Meio Ambiente; Recursos Hídricos; Ecodinâmica; Química Ambiental; Saúde Pública: Planejamento Territorial; Direito Ambiental; Economia Ambiental; e Gestão Industrial Sustentável.

Mais informações e matrículas no Instituto Brasil Pnuma, pelo telefone (21) 3084-1020 ou pelo email brasilpnuma@domain.com.br; ou no Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da UFRJ, pelos tels. (21) 25627982 e 2562-7983.

Apoio Cultural 8

JUNHO/JULHO 2008 – Nº 101


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