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PNUMA
Brasil Pnuma
JUN/JUL 2014
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Unea aprova ações para preservar planeta R
ealizada em junho, na sede do Pnuma, em Nairobi (Quênia), a primeira Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unea, na sigla em inglês) aprovou, por consenso, 16 resoluções e decisões sobre temas ambientais importantes para a preservação planetária, como poluição do ar, tráfico de animais, despejo de plásticos nos oceanos e tratamento de resíduos químicos. Ao longo de uma semana de intensos debates, a Unea registrou participação em peso da comunidade internacional, com delegações de alto nível de 160 estados membros da ONU, observadores e representantes da sociedade civil e do setor privado. O combate à poluição do ar foi considerado prioridade mundial. A Unea reafirmou o compromisso dos estados membros na implementação do Futuro que Queremos – documento final da conferência Rio+20 –, em especial dos itens que dizem respeito à integração da dimensão ambiental no processo de desenvolvimento sustentável e ao fortalecimento institucional do Pnuma. “As decisões acordadas pelos estados membros na Unea vão ajudar a moldar a agenda ambiental no futuro e determinar uma ação colaborativa em temas prioritários”, disse o subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner. Em linhas gerais, foram acordadas as seguintes linhas de ação: Poluição do ar – Responsável por 7 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a poluição do ar foi apontada como uma prioridade de ação para a comunidade internacional. A Unea destacou a importância de se encorajar os governos para que implementem políticas para a redução de emissões de gases poluentes e do impacto da poluição na saúde, economia e no desenvolvimento sustentável. O Pnuma dará apoio aos governos com programas de capacitação e acesso a informações e estudos sobre o problema. Comércio ilegal de animais – Esse crime ambiental movimenta globalmente mais de US$ 213 bilhões por ano. A Unea pede que governos fortaleçam ações de combate coordenadas, focadas na eliminação de demandas e estoques de produtos ilegais derivados
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Pauta da ONU inclui temas como tráfico de animais e plásticos nos oceanos
Responsável por 7 milhões de mortes por ano, o combate à poluição do ar foi definido como prioridade dos países
de animais selvagens e no desenvolvimento de alternativas de renda para comunidades que se beneficiam da caça ilegal. Microplásticos e poluição marinha – A poluição por plásticos causa danos equivalentes a US$ 13 bilhões aos ecossistemas marinhos. A Unea pede ação reforçada para se impedir o despejo desses resíduos. Governos deverão trabalhar em parceria tendo como base convenções sobre mares regionais e bacias de rios. O Pnuma produzirá análise abrangente sobre microplásticos para a próxima Unea. Gestão integrada de resíduos químicos – Diante da produção e comércio crescentes dessas substâncias, a Unea enfatizou a gestão de resíduos químicos como elemento essencial da agenda do desenvolvimento pós2015. Foi sugerida uma gestão integrada envolvendo três elementos – divulgação, participação da indústria e financiamento externo – para se lidar em especial com o transporte e armazenamento desses produtos. Mais informações sobre a Unea em www.unep.org.
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EDITORIAL Em nossa capa, destacamos a realização da primeira Assembleia Ambiental da ONU, um evento histórico, realizado na sede do Pnuma, que apontou algumas prioridades para a agenda verde dos países, em especial o combate à poluição atmosférica. Aqui ao lado, falamos de importante parceria do Pnuma com grandes seguradoras internacionais, agora voltada para preparar as comunidades espalhadas pelo planeta para melhor lidar com os riscos de alguns eventos naturais extremos, como os terremotos. Na página 3, mostramos que a escalada dos preços de alguns insumos naturais revela a necessidade das nações investirem mais em padrões menos consumistas de vida e em modelos de produção sustentável, dentro do escopo da chamada economia verde. No artigo das páginas centrais, Sonia Valdivia e LLorenç Milà i Canals, do Pnuma, analisam a evolução das iniciativas e pensamentos sobre os chamados Ciclos de Vida na América Latina. Fechamos esta edição informando, na contracapa, sobre as inscrições para a segunda turma deste ano do Curso de Especialização em Gestão Ambiental; uma parceria do Instituto Brasil Pnuma com a Escola Politécnica da UFRJ. Um abraço e até o próximo Haroldo Mattos de Lemos Presidente
Contra desastres naturais
Um guia para se lidar com riscos de ciclone, terremoto e enchente
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As Nações Unidas e grandes seguradoras mundiais lançaram, na primeira Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unea), um guia para que diferentes comunidades espalhadas pelo planeta possam lidar com os riscos de desastres naturais a partir da adoção de medidas mais efetivas de enfrentamento e de apoio para a sua implementação. O projeto PSI Global Países devem focar no mapeamento de áreas Resilience avaliou a efi- de risco e ações de evacuação de populações cácia de uma gama de medidas de redução de o desenvolvimento de códigos mais riscos dos três mais devastadores apropriados para as construções perigos naturais: ciclones, terremocivis que diminuam danos e perdas tos e enchentes. Os resultados da de vidas. No caso das enchentes, análise estão no relatório Building medidas como a instalação de blodisaster-resilient communities and cos aquáticos, como diques, podem economies, que pode ser baixado contribuir para desviar as torrentes de em www.unepfi.org/psi/category/ águas rio abaixo, protegendo vastas publications. áreas de bacias hidrográficas. O PSI Global Resilience Project O relatório recomenda o foco na é mais uma etapa do trabalho da educação das diferentes comunidades iniciativa financeira do Pnuma FI e atores sociais, com a realização do Principles for Sustainable Insurance mapeamento de áreas de risco e o (PSI), que, com o estabelecimento de desenvolvimento de procedimentos Princípios para Seguro Sustentável, consistentes de evacuação das poreúne seguradoras internacionais para pulações. O PSI afirma ser essencial ajudar comunidades a gerenciar seus a elaboração de padrões universais riscos ambientais. para ajudar as comunidades a avaliar Para o caso dos ciclones, o estuseus níveis de riscos de desastres do enfatiza que proteções costeiras naturais e as melhores respostas de naturais, como manguezais e dunas enfrentamento. Como próxima etapa de areia, podem reduzir riscos de do projeto, será desenvolvido um mapa maneira equivalente a estruturas global identificando as comunidades artificiais, como blocos marinhos. que necessitam de mais apoio. Com os terremotos, o foco deve ser
Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Admi-
mercial do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin
nistrativo: Roberto Carrilho Padula Diretor Técnico: Nélio Paes de Barros Jornalista Res-
(presidente da SOS Mata Atlântica, SP), Roberto Messias Franco (ex-presidente do Ibama)
ponsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Zilda Rodrigues de Souza
Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Telma de Avellar Guimarães, Vicente Hermo-
Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Impressão: Corbã Conselho Consultivo: Adolpho
gerio Schmall (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo (suplentes).
de Marinho Pontes (ex-deputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (expresidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes, AL), Cândido Mendes de Almeida (diretor geral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Henrique de
Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO
Abreu Mendes (ex-secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (secretário de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (ex-vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/ Firjan), Márcio Nogueira Barbosa (vice-diretor executivo da Unesco), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (ex-presidente da Associação Co-
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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo email.
www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE INSTITUTO BRASIL PNUMA Av. Treze de Maio 13, sala 1.315 – Centro CEP 20.031-901 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 brasilpnuma@gmail.com
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Nações precisam promover economia verde I
nvestimentos em economia verde são mais do que necessários. Pelo menos é o que se depreende de estudo de painel internacional do Pnuma que mostra o rápido aumento dos preços, desde 2000, de metais (176%), borracha (350%) e energia (260%). Esta escalada sinaliza uma tendência de aumento dos custos de insumos da economia tradicional na medida em que o atual padrão consumista da humanidade vem rapidamente exaurindo recursos naturais não renováveis. Produzido pelo International Resource Panel (IRP), o estudo Decoupling 2: Technologies, Opportunities and Policy Option enfatiza que o aproveitamento das tecnologias existentes e apropriadas políticas para aumentar a produtividade dos recursos extraídos poderia levar a uma economia global de mais de US$ 3,7 trilhões por ano e impedir que o crescimento econômico futuro sofra os efeitos danosos da carência de recursos, volatilidade de preços e impactos ambientais. Divulgado em junho, o relatório do IRP mostra que os efeitos negativos do uso insustentável de recursos naturais já se fazem sentir. Outro exemplo dessa tendência econômica negativa é o aumento da volatilidade dos preços dos alimentos: 22,4% de 2000 para 2012; enquanto que de 1990 a 1999, foi de 7,7%. Por outro lado, muitas das tecnologias e técnicas verdes capazes de multiplicar a produtividade dos recursos em mais de dez vezes já se encontram disponíveis no mercado, o que permite que países persigam suas estratégias de desenvolvimento em paralelo à significante redução do uso de recursos naturais e de impactos ambientais negativos. JUNHO/JULHo 2014 – Nº 137
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Alta de preços de insumos naturais indica exaustão de modelo consumista
Tecnologia verde: 60 a 80% de melhorias na eficiência energética e de água são comercialmente viáveis em setores como construção e indústria
Por mais eficiência – O potencial, por exemplo, da redução da demanda de energia a partir do aumento da eficiência é de 50 a 80% na maior parte dos sistemas de produção e de fornecimento energético. Cerca de 60 a 80% de melhorias na eficiência de fornecimento de energia e de água são comercialmente viáveis em setores como construção, agricultura, hotelaria, indústria e transporte. Ao adotar tecnologias verdes já existentes, as nações em desenvolvimento, por exemplo, poderiam diminuir sua demanda de crescimento anual de energia de 3,4 para 1,4%, nos próximos 12 anos, sem prejudicar suas metas de desenvolvimento social e econômico. O relatório do IRP foi produzido a partir de estudo mais antigo que alertava que os padrões de consumo
dos países desenvolvidos e o aumento populacional e de prosperidade no planeta levarão a humanidade a consumir 140 bilhões de toneladas de minerais, minérios, combustíveis de origem fóssil e de biomassa por volta de 2050. A não ser que o crescimento econômico deixe de depender do consumo intensivo de recursos naturais. Cerca de 60% dos serviços de ecossistemas que sustentam a vida na Terra já foram seriamente degradados. E a exploração irracional do meio ambiente prevista para daqui a 30 anos será três vezes superior aos níveis de consumo do ano 2000, devendo exceder os recursos naturais disponíveis e os limites do planeta de absorção dos impactos derivados dessa extração. O relatório pode ser baixado em www.unep.org/resourcepanel.
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A evolução do pensamento sobre
Ciclos de Vida na América Latina A . Sonia Valdivia
Iniciativa de Ciclo de Vida Pnuma/Setac (Iniciativa) é um programa conjunto, criado em 2002, entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental. O programa foi criado em resposta à Declaração de Malmö (2000) que pede que os países unam seus esforços em direção a uma economia do ciclo de vida, ao estender seu centro de atenções além dos processos de transformação, incluindo os impactos ambientais, sociais e econômicos dos ciclos de vida de seus produtos (LC). A Iniciativa também responde à necessidade de se articular um mecanismo internacional para disseminar e apoiar a aplicação da Norma ISO 14004:1998 (depois ISO 14040:2006). Fase I (2002–2007) que se concentra em estabelecer a Iniciativa como um ponto focal global para o conhecimento e atividades relacionadas à LC, e construir uma comunidade de praticantes e partes interessadas. Atividades para fazer avançar a agenda de CV para frente concentraram-se sobre o gerenciamento do ciclo de vida (GCV), inventário de ciclo de vida e avaliação de impacto do ciclo de vida – além da área transversal de impactos sociais junto com a LC. Durante a Fase II (2007 – 2012), a Iniciativa tornou-se mais participativa ao ativamente procurar o envolvimento das partes interessadas globais. Um entendimento e acordo comum foram conseguidos sobre questões como bases de dados de avaliação de ciclo de vida (ACV). Os principais feitos da Fase II fornecem apoio para a aplicação de abordagens de LC movidas pela sustentabilidade, baseadas em lições aprendidas de organizações de vanguarda. Apesar de progresso ter sido conseguido sobre um consenso global sobre tópicos-chave do CV, certo número de questões ainda precisa de atenção, e está sendo abordado na Fase III (2012-2016), por meio dos seguintes objetivos: Aumentar o consenso e relevância globais de metodologias emergentes e existentes de LC e de gerenciamento de dados;
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e
LLorenç Milà
i
Canals
Expandir a capacidade pelo mundo para a aplicação e melhoria das abordagens de LC; tornando-as operacionais nas organizações; Comunicar o conhecimento atual de LC e ser a voz global da comunidade de Ciclo de Vida para influenciar e formar parcerias com as partes interessadas.
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De 2002 em diante, os seguintes importantes realizações puderam ser notadas: — Um maior conhecimento sobre as abordagens de CV nos negócios. Mais de cem companhias, inclusive oito em países em desenvolvimento, estão usando o GCV nas suas práticas de negócios, baseados no Guia Pnuma/ Setac de GCV para Empresas; — Maiores capacidades nos países em desenvolvimento. A comunidade do ciclo de vida da Iniciativa conta no momento com 1.500 organizações (3.000 pessoas) e está representada em mais de cem países. Veja o mapa interativo: http://lcinitiative-interactivemap.com/ map/; — 33 redes de ciclo de vida mundo afora. Dezesseis destas estão em países em desenvolvimento: www. lifecycleinitiative.org/networks/national-networks/; — Um quadro consensual para avaliar impactos ambientais por todo o CV, incluindo a avaliação de toxicidade para mais de 1.000 produtos químicos. O modelo é chamado de USETox (www. usetox.org), e atividades de construção de capacidades são organizadas em todo o mundo; — Um quadro mundialmente acordado para avaliar os impactos do uso da água na ACV (WULCA: www. wulca-waterlca.org/) que deu uma contribuição substancial para a recentemente aprovada (maio de 2014) norma internacional ISO 14046 sobre pegadas ambientais da água; — Mais de cem ACVs sociais desenvolvidos mundialmente baseados nas Diretrizes Pnuma/Setac sobre LCA Social (social-lca.org/contact/about-the-website/);
— Princípios de Orientação Globais para Bases de Dados de ACV disseminados globalmente em países como China, Chile, Índia, entre outros (www.lifecycleinitiative.org/activities/phase-iii/data-and-database-management/). A evolução da implementação do pensamento de CV na América Latina (AL) tem sido positiva desde 2005. Alguns marcos são apresentados abaixo: 2005: Organização da primeira conferência Cilca em 2005 na Costa Rica, que tornou-se uma conferência bianual com crescente participação da AL e participantes internacionais. 2005: Publicação do primeiro relatório da AL, incluindo experiências de “Avaliação de Ciclo de Vida – ISO 14040 na América Latina” de fundos do CYTED (Brasil). 2008: Desenvolvimento do projeto PROSUL Fase 1 (Proyecto Sudamericano de Análisis de ciclo de vida de metales para una producción minera sustentable – Projeto Sul-Americano de Análise do ciclo de vida de metais para uma produção de mineração sustentável) que facilitou os desenvolvimentos de “ACVs de mineração de cobre” e de “AICV de mineração de ouro artesanal” na América do Sul. Este projeto foi desenvolvido com fundos do IBICT. Um crescente número de conferências Internacionais e participantes (por exemplo: Cilca 2005 na Costa Rica; Cilca 2007 em São Paulo; ACV na América do Sul, Peru, 2008; 4o Fórum para GCV no setor Petrolífero na América Latina, México, 2008; Conferência sobre GCV, Brasil, 2008; Cilca 2009 no Chile; Cilca 2011 no México; Cilca 2013 na Argentina) é sintoma de um crescente interesse nesse tópico. O número de participantes nas conferências mencionadas variou de 90 a 300. As oficinas de capacitação FAO-Pnuma/Setac e ISO-Pnuma/Setac sobre ‘pegadas da água’ foram organizadas em Lima (out, 2013) e Panamá (maio de 2014; veja foto) com retorno positivo. A Iniciativa identificou mais de 315 praticantes da AL entre 2.800 ativos JUNHO/JULHo 2014 – Nº 137
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mundialmente. Apesar de que fontes adicionais sugerem que o número é duas vezes maior. A distribuição de gênero é um critério do Pnuma que foi cuidadosamente acompanhado. Na comunidade de CV Latino-Americana, a distribuição foi identificada como sendo de 55% de participação masculina e 45% de participação feminina. Esta última taxa é superior à porcentagem global de participação do gênero feminino (33%). Em 2005, somente quatro países evidenciaram a existência de um grupo, associação ou rede de CV, comparado a dez em 2014 (veja a Tabela 1). Um estudo recente mais detalhado mostrou que houve um aumento no número de redes, sendo a Rede de Ciclo de Vida do Equador a última a ser montada, em 2014. O Brasil e o México mostram progresso nos aspectos das bases de dados e da legislação, que são forças motrizes importantes para fazer avançar ainda mais o pensamento de ciclo de vida nos países. Com relação ao número de praticantes de ACV, Brasil, México, mas também Chile e Peru contam com uma massa crítica que facilita a disseminação, implementação e treinamento locais. Além disso, é importante comentar sobre a Declaração das Organizações Latino-Americanas sobre questões de Ciclo de Vida, assinada em Coatzacoalcos (México), em 2011, e com a qual as organizações da AL se comprometeram:
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Declaração das organizações Latino-Americanas sobre questões de Ciclo de Vida assinada em Coatzacoalcos (México) Os signatários declaram, para contribuir para a implementação da abordagem de ciclo de vida na América Latina, de terem o desejo comum de: 1) Construir a capacidade de multiplicadores do setor público e privado em questões relacionadas a ciclo de vida; 2) Colocar em operação um mecanismo para certificar profissionais em ACV nos países da região; 3) Desenvolver fatores de caracterização ambientais, econômicos e sociais para categorias de impacto relevantes da região, incluindo o uso das terras, uso e consume de água e a desertificação, entre outros; 4) Desenvolver e trocar inventários de ciclos de vida ambientais, econômicos e sociais sobre setores prioritários para países da América Latina; 5) Desenvolver modelos e ferramentas simplificadas; 6) Identificar e disseminar histórias de sucesso sobre a implementação de abordagens de ciclo de vida na região. Associação Brasileira de Ciclo de Vida; Centro de Análisis de Ciclo de Vida de México; CIMM – Chile; ECO Global – Costa Rica; Grupo de Energía, Ambiente y Desarrollo Sustentable de la Universidad Tecnológica Nacional (Mendoza - Argentina); IBICT – Brasil; Red Cubana de Ciclo de Vida; Red Peruana de Ciclo de Vida
Uma breve análise dessa declaração reflete uma visão e abordagem comuns nos países. Isto é visto, por exemplo, na proposta de se aumentar a qualidade dos peritos em ACV, ter processos inclusivos e considerar os impactos ao longo do CV onde for possível. A última é evidência de uma vocação pela sustentabilidade, e
permite vislumbrar boas condições para um avanço em direção a sociedades com o pensamento de ciclo de vida incorporado nas suas políticas públicas. Sonia Valdivia é do secretariado da Iniciativa de Ciclo de Vida Pnuma/Setac LLorenç Milà i Canals é oficial de Programa Pnuma
Tabela I - Evolução de dez países da AL – Parâmetros-Chave (março de 2014) 2. Há uma rede nacional de CV/ associação/ ponto focal: 2005/2008/2014
3. Há um regulamento que incorpore o pensamento de CV (Sim/Não)
4. Há conjuntos 5. Número de dados – base de Peritos de dados nacional em ACV identidisponível (Não- ficados. Veja o -Não/Não-Sim/Sim- gráfico abaixo -Sim)
Argentina
Não/Sim Não
Não-Não
26
Brasil
Sim/Sim
Sim-Não
99
Sim.Programa Brasileiro de ACV (2010)
Chile
Sim/Sim Não
Sim-Não
40
Colômbia
Não/Sim Não
Sim-Não
25
Costa Rica
Sim/Sim
Não-Não
12
Sim-Não
11
Fonte: Secretariado da Iniciativa de Ciclo de Vida Pnuma/Setac
1. País
Sim. Programa Nacional de Carbono Neutro
Cuba
Não/Sim Não
República Dominicana
Não/Não/Sim
Não-Não
2
Equador
Não/Não/Sim Não
Não-Não
8
México
Sim/Sim
Sim-Sim
40
Não Sim. Plano de Ação Nacional para
a Produção e Consumo Sustentáveis Peru
Não/Sim Não
Sim-Não
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Uruguai
Não/Não Não
Não-Não
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E S TAN T E Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca ARAUJO, Ana Carolina Pires de Souza. A nova legislação sobre o licenciamento ambiental no âmbito federal e estadual (RJ): Lei Complementar 140/2011 e Resolução Conema 42/2012. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2013. CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Benefícios econômicos da expansão do saneamento brasileiro. Rio de Janeiro: CEBDS, 2013. CRUZEIRO, Joice Alves. Sustentabilidade na pecuária brasileira: revisão de literatura. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. CUNHA, Patricia Cristina da Silva. Avaliação da percepção ambiental, dos alunos do 6º ano da rede municipal de ensino, a respeito da temática "mudanças climáticas – o planeta pede socorro!". Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. FACTO ABIFINA. Insumos ativos e intermediários químicos: o elo frágil das cadeias produtivas da química fina. Rio de Janeiro, v. 8, abr./jun. 2014. FERRAN, Vera de. Uma análise do TEEB e casos no Brasil. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil PNUMA. Rio de Janeiro, 2013. FERRARI JUNIOR, Valdir Luiz. Educação ambiental: a economia de água doméstica no programa bombeiro mirim do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito
Federal. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. MARQUES, Paula Sampaio. Acordos de troca de dívida-por-natureza. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL. Recursos hídricos. São Paulo, v.18, n.108, mar./ abr. 2014. MILACH, Simone. Plataformas de sustentabilidade corporativas. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. PÁGINA 22. São Paulo, n.86, jul. 2014; n.86, maio 2014. RAMOS, Vitoria Gelli. O uso do planejamento urbano participativo na promoção de cidades sustentáveis: um estudo sobre a Rodovia Arco Metropolitano e sua importância para o desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012. REVISTA DAE. São Paulo, Simens, n.195, maio/ago. 2014. SOARES, Vanessa. A evolução do pensamento ambiental empresarial: um enfoque na cultura organizacional como ferramenta de gerenciamento socioambiental. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto Brasil Pnuma. Rio de Janeiro, 2012.
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AGENDA
Semana Mundial da Água – De 31 de agosto a 5 de setembro, em Estocolmo (Suécia). Realização: Instituto Internacional da Água de Estocolmo. Informações em www.worldwaterweek.org/. Ação 2020 Soluções de Negócios para um País Sustentável – Em 26 de agosto, em São Paulo (SP). Realização: Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Informações em www.cebds.org.br.
Apresentação do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem, e Homenagem ao Jornalista André Trigueiro – Em 8 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ). Realização: Conselho Empresarial de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Informações pelo email conselhos@acrj.org.br ou telefone (21) 2514-1218.
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Software pioneiro simula interação dos organismos vivos A Microsoft e o Pnuma desenvolveram o primeiro modelo computacional capaz de simular como os organismos vivos interagem no meio ambiente em escala planetária. Batizada de Modelo Madingley, a tecnologia de ponta ajudará cientistas e promotores de políticas públicas a responder questões ambientais-chave, como o que acontecerá num ecossistema se suas abelhas forem extintas, e a desenvolver medidas de prevenção e de mitigação da exploração danosa do meio ambiente. Criado pelo centro de pesquisa da Microsoft Computational Science Lab e pelo centro de monitoramento da conservação ambiental do Pnuma World Conservation Monitoring Centre, o Madingley cria uma simulação da vida na Terra a partir de um jogo de ferramentas ecológicas básicas encontradas no mundo real. Ao contrário de modelos computacionais anteriores, o programa é capaz de avaliar e prever impactos da atuação humana em uma diversa gama de ecossistemas. Com a rápida degradação dos ecossistemas, a habilidade de se prever prováveis efeitos das ações humanas no mundo natural poderá se mostrar vital para a manutenção dos produtos e serviços gerados pela exploração ambiental. O Modelo Madingley é uma fonte aberta de pesquisa e aperfeiçoamento. A comunidade científica foi convidada a dissecar e aprimorar a versão do programa lançado. Mais informações em www.unep.org. JUNHO/JULHo 2014 – Nº 137
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Contra o desperdício de alimentos Extinção dos corais do Caribe em 20 anos
Com
apenas cerca de 1/6 de sua cobertura original preservada, a maior parte dos recifes de corais caribenhos pode desaparecer em 20 anos na região, segundo o relatório Status and Trends of Caribbean Coral Reefs: 1970-2012. Produzido pelo Pnuma, o centro de monitoramento dos corais mundiais Global Coral Reef Monitoring Network (GCRMN) e a União Internacional para a Conservação da Natureza, o estudo mostra uma redução de mais de 50% desses corais desde os anos 1970. No entanto, a recuperação das populações de peixes e o desenvolvimento de outras estratégias de manejo, como o combate à pesca predatória e à poluição costeira, poderiam ajudar na recuperação desses recifes de corais e torná-los mais resistentes aos futuros impactos do aquecimento global. Os corais formam ecossistemas importantes para a reprodução de espécies marinhas, sendo fontes de alimentação e de sustento de vida para milhões de pessoas. Mas além de sua destruição por atividades humanas, outra fonte importante de degradação é o progressivo embranquecimento de espécies causado pelo aumento da temperatura dos mares, devido ao aquecimento global. Mais informações em www. unep.org.
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Num mundo onde mais de 840 milhões de pessoas passam fome diariamente, para se alcançar a segurança alimentar de todos é preciso muito mais do que aumentar a produção de alimentos globalmente. Com o objetivo de ajudar os países a melhorar seus sistemas de produção e distribuição de alimentos – dentro da lógica de produção e consumo sustentáveis –, foi lançada a ferramenta online Think.Eat.Save Guidance Version 1.0. Fruto de parceria entre o Pnuma, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e o Waste and Resources Action Programme (Wrape), o programa fornece um guia para governantes, autoridades locais, empresários e outros atores sociais para o desenvolvimento de iniciativas eficazes de prevenção do desperdício de alimentos. Estudos revelam que pelo menos 1/3 (1,3 bilhões de toneladas) dos alimentos produzidos é perdido ou desperdiçado anualmente. Apenas 1/4 desse volume de perda seria suficiente para alimentar todas as pessoas que passam fome no mundo. Segundo a FAO, cerca de metade de todas as frutas e vegetais é desperdiçada a cada ano. E mais: cerca de 10% das emissões de gases-estufa dos países desenvolvidos são provenientes da produção de alimentos jamais consumidos. Parte da campanha internacional do Pnuma Think.Eat.Save, de combate ao desperdício de alimentos, o relatório fornece orientações abrangentes do passo a passo para o planejamento, execução e monitoramento dos resultados de programas e iniciativas de prevenção e de desperdício de alimentos em níveis nacional, regional, empresarial e residencial. Desenvolvida a partir de experiências de sucesso no setor, como a do Reino Unido, onde o desperdício de alimentos dentro das residências foi reduzido em 21%, entre 2007 e 2012, o relatório pode ser baixado em www.thinkeatsave.org.
Turismo sustentável na web Aproveitando a realização da Copa do Mundo, o Pnuma lançou – em parceria com os ministérios do Meio Ambiente, Esportes, Turismo e Desenvolvimento Social e Combate à Fome – a nova edição do Passaporte Verde no Brasil. Com o novo slogan global Cuide do seu Destino, a campanha, criada em 2008, voltou renovada, disponibilizando uma plataforma online de comunicação reunindo um portal interativo, aplicativo móvel e forte presença em mídias sociais. A campanha Passaporte Verde ganhou também uma nova marca, desenvolvida pelo escritório do Pnuma no Brasil, e que passou a ser usada globalmente pelo programa ambiental da ONU. A campanha visa a estimular a produção e o consumo sustentáveis por meio do turismo e das viagens. Do lado da produção, o público alvo são a rede de hotelaria, bares e restaurantes, enquanto que do lado do consumo, o alvo são os turistas. Pelo site www.passaporteverde.org.br, empreendimentos turísticos podem se registrar na campanha, fazer a autoavaliação do seu desempenho ambiental e, posteriormente, se comprometer com melhorias. Empreendimentos que estabeleçam o seu compromisso com a sustentabilidade ficam disponíveis para consulta pelos turistas na plataforma de comunicação da campanha.
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B R A S I L P N U M A
Curso de Especialização em Gestão Ambiental A
Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com o Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Instituto Brasil Pnuma, abriu inscrições para a segunda turma de 2014 do Curso de Especialização em Gestão Ambiental. Com aulas ministradas na sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Rua do Russel, 1, Glória, Zona Sul), o curso é coordenado pelos professores Haroldo Mattos de Lemos e Paulo Renato Barbosa, tendo nível de pós-graduação (MBA). Iniciadas em 15 de agosto, as aulas da segunda turma serão ministradas às sextas-feiras, das 18h10 às 21h50, e aos sábados, das 8h10 às 12h e das 13h às 16h50; com almoço oferecido no local. O curso tem como objetivo contribuir para a formação de profissionais interessados em trabalhar na área ambiental e da sustentabilidade e para aperfeiçoar e atualizar aqueles que já atuam no setor. Professores de formação diversificada capacitarão profissionais de várias especialidades para a gestão ambiental de atividades, projetos e programas, tanto do setor público quanto privado. Com 400 horas/aula de aulas expositivas, palestras, seminários e visitas técnicas a empresas, o curso tem como base uma abordagem interdisciplinar e holística, visando a uma perspectiva integrada da gestão do meio ambiente e da sustentabilidade. A variável ambiental é abordada em sua relação com as questões econômicas, tecnológicas e sociais do desenvolvimento sustentável, de forma a permitir transformar os desafios e as restrições ambientais em oportunidades de negócios.
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Divulgação
UFRJ e Pnuma abrem inscrições para 2ª turma de 2014 para profissionais de diversas áreas
Semestralmente, as turmas do curso têm aulas expositivas, palestras, seminários e visitas técnicas a empresas, com abordagem interdisciplinar Realidade de mercado – O Curso de Especialização em Gestão Ambiental atende a uma realidade em que as temáticas ambiental e de sustentabilidade estão cada vez mais inseridas nas atividades relativas ao sistema produtivo e à administração das organizações. Nas empresas, a competitividade é determinante para sua sobrevivência no mercado, e o meio ambiente tornou-se um fator essencial nessa questão. As informações sobre custos ambientais existentes e as oportunidades de ganho no gerenciamento de processos e na racionalização do uso de recursos naturais e energia são elementos fundamentais para a gestão estratégica das empresas. Por outro lado, as instituições públicas precisam regular e administrar o meio ambiente como patrimônio de todos, em busca da sustentabilidade.
O programa inclui temas como Metodologia e Didática do Ensino Superior; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Estatística Aplicada ao Meio Ambiente; Recursos Hídricos; Ecodinâmica; Química Ambiental; Saúde Pública: Planejamento Territorial; Direito Ambiental; Economia Ambiental; Sociedade e Meio Ambiente; e Gestão Industrial Sustentável. As ementas das turmas II de 2014 e I de 2015, com matérias, professores, documentos necessários e investimento, estão no site www. brasilpnuma.org.br. Mais informações no Instituto Brasil Pnuma, pelo telefone (21) 2262-7546 ou email brasilpnuma@gmail.com; ou ainda no Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da UFRJ, pelo tel. (21) 3938-7982. JUNHO/JULHo 2014 – Nº 137