I N S T I T U T O
BRASIL PNUMA PNUMA
www Visite .bra noss silpn o si um a t e .org Nº 133 .br OUT/NOV 2013
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Perda de alimentos e prejuízo ambiental FAO mostra relação entre desperdício de comida e danos a recursos naturais Arquivo Pnuma
N
ovo estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO; na sigla em inglês), divulgado em setembro, mostra que o desperdício chocante de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano não causa apenas grandes perdas econômicas, mas danos significativos em recursos naturais com que a humanidade conta para se alimentar. O relatório Food Wastage Footprint: Impacts on Natural Resources é o primeiro estudo a analisar os impactos da perda global de alimentos de uma perspectiva ambiental, focando suas consequências para o clima, a água, o uso da terra e a biodiversidade. Algumas conclusões são alarmantes. Anualmente, por exemplo, os alimentos que são produzidos, mas não consumidos, desperdiçam um volume de água três vezes maior do que o volume anual do curso de água do famoso rio russo Volga, além de adicionar 3,3 bilhões de toneladas de gases-estufa na atmosfera. A FAO estima que as consequências econômicas diretas desse desperdício para os produtores de alimentos (excluindo peixes e frutos do mar) alcançam cifras anuais da ordem de US$ 750 bilhões. Segundo o estudo, 54% do desperdício mundial ocorre em etapas posteriores à colheita e de armazenamento. O restante do desperdício (46%) se dá em estágios de processamento, distribuição e consumo. Como tendência geral, os países em desenvolvimento sofrem mais perdas de alimentos durante
1/3 dos alimentos vai para o lixo e 870 milhões passam fome no mundo
a produção agrícola propriamente dita, enquanto a perda de alimentos nos níveis de varejo e de consumo tende a ser maior nas regiões médias e de maior desenvolvimento econômico. Novo comportamento – “Todos nós – fazendeiros e pescadores, fabricantes de alimentos e supermercados, governos locais e nacionais, consumidores individuais – temos que promover mudanças em cada etapa da cadeia alimentar humana para evitar, em primeiro lugar, o desperdício de alimentos, reutilizando e reciclando o que não pudermos utilizar”, afirma o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
Além do problema ambiental decorrente do desperdício de alimentos, Graziano da Silva chama a atenção para uma importante questão moral: “Não podemos simplesmente permitir que 1/3 de toda a comida que produzimos vá para o lixo enquanto 870 milhões de pessoas passam fome todos os dias”. Acompanhando o novo estudo, a FAO – que lançou com o Pnuma, no início do ano, a campanha internacional Pensar. Comer. Conservar – Diga não ao Desperdício – publicou um kitferramenta contendo recomendações sobre como a perda e o desperdício de alimentos podem ser reduzidos ao longo da cadeia alimentar. O kit lista vários projetos ao redor do planeta que mostram como governos locais e nacionais, fazendeiros, empresários e consumidores individuais podem adotar medidas para lidar com o problema. Três níveis gerais de ação são recomendados pela FAO: Em primeiro lugar, como prioridade máxima, reduzir a perda de alimentos, promovendo um melhor balanceamento entre os níveis de produção e a demanda real para determinados produtos. E no caso de excesso de alimentos, reutilizá-los, explorando mercados secundários ou doando-os para pessoas desassistidas. Finalmente, se não for possível a reutilização, reciclar os alimentos, produzindo-se, por exemplo, compostagens para fertilizar terrenos agrícolas. Mais informações em www.unep. org.