BrazilUSA SouthFlorida #43

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Psicologia | Psychology

A desigualdade persiste Apesar de toda a evolução observada durante o século XX, quando foram criados dispositivos legais para garantir a igualdade de direitos entre homens e mulheres, formas de desigualdade no que diz respeito ao gênero ainda persistem. Frente a uma mesma situação, o que é aceitável para um determinado sujeito, é visto como inaceitável ao outro, ou melhor, a outra. No ambiente de trabalho, mulheres na mesma posição ainda ganham salários menores do que os homens, apesar de terem as mesmas funções. Uma mulher que é ambiciosa e assertiva é vista como “mandona”, enquanto o homem é percebido como um bom líder. A mulher solteira que cria os filhos sozinha, é associada como aquela fazendo a sua obrigação de mãe, enquanto que o pai solteiro é visto como um herói e até mesmo vítima de uma situação injusta. O duplo padrão sexual também vale ser discutido, pois se refere a avaliação e juízo discrepantes para comportamentos sexuais idênticos entre homens e mulheres. A mulher que tem muitos parceiros sexuais é muitas vezes descrita como promíscua, enquanto o homem é elevado ao papel de “garanhão”. Neste cenário assimétrico, fica a questão: Por que a desigualdade persiste? Uma das razões pode ser que a naturalização da diferença de gênero, muitas vezes mascara as desigualdades, tornando-as invisíveis. Quando se cristaliza um elenco de tarefas e atributos específicos de cada gênero, como nos exemplos descritos acima, é muito difícil se distanciar deste padrão pré-determinado. A percepção de uma aparente igualdade contribui em muito para a perpetuação da assimetria do gênero, ou seja, apesar de todos os avanços, as mulheres ainda são mais propensas a serem pobres, analfabetas, a sofrer violência sexual, a trabalhar mais por menos e não exercer cargos de poder público e econômico. O que se observa é apenas uma igualdade formal, regida por leis muitas vezes criadas apenas por homens. A verdade é que, as disparidades de gênero são determinadas por questões culturais e não por diferenças inatas de habilidades. Os estudos comprovam que as meninas têm maior rendimentos em matemática e ciências na escola, porém as atividades profissionais como a engenharia são associadas com o masculino. Isto quer dizer que, nós enquanto pais, professores e mentores, acabamos por perpetuar a assimetria de gênero na prática, apesar de nosso discurso teórico ser a favor da igualdade.

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