Teixeira Pinto Soares : 25 anos

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25 anos

A arte de (re)construir a memória



prefácio prólogo uma vontade de granito crescimento do capital intelectual paradigma das obras públicas as soluções ousadas são as mais seguras novos horizontes 25 anos, 25 obras de referência

TEATRO LUÍS DE CAMÕES (LU.CA)

38

TERMAS ROMANAS DE SÃO PEDRO DO SUL

44

TEATRO GARCIA DE RESENDE

48

MUSEU DO CARRO ELÉTRICO

70

MUSEU IBÉRICO DE ARQUEOLOGIA E ARTE (MIAA)

76

CONVENTO DO DESAGRAVO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

80

QUINTA DO PINHÔ

86

PALACETE DE CEDOFEITA

Obras em curso

5 7 8 12 16 20 26 33 34

102

UNIVERSIDADE DE COIMBRA UCBIOMED

104

TÉCNICO INNOVATION CENTER (TIC)

106

ESCOLA SECUNDÁRIA JOÃO DE BARROS

108

ESCOLAS ARTÍSTICAS DE MÚSICA E DANÇA DO CONSERVATÓRIO NACIONAL

50

90

54

92

SÉ DE PORTALEGRE

58

94

PRAÇA DA CRIATIVIDADE DE ÓBIDOS

62

98

CONVENTO DE JESUS PALÁCIO DE D. MANUEL

CHALET RIBEIRO TELLES ESCOLA SECUNDÁRIA GAGO COUTINHO

66

CENTRO ESCOLAR DE ALCANENA

127 posfácio

WILLA PORTO

IPO LISBOA EPE

CAMPUS CLINIC UCCI DE FERREIRA DO ALENTEJO

110

114

120

QUINTA DE SANTO ANTÓNIO DE ADORIGO HOTEL AND WINERY

124

AZUL BOUTIQUE HOTEL



Pois tudo, tudo há-de passar, enfim. O homem, o próprio mundo passará. Mas a Saudade é irmã da Eternidade. In “Marânus”, Teixeira de Pascoaes

Prefácio

Todos os edifícios, durante a construção, provocam uma revolução, mas apenas alguns permanecem revolucionários. Têm características únicas para se tornarem ícones regionais, nacionais ou internacionais. Desde o início da história, o Homem construiu estruturas que não proporcionam só abrigo. São também grandes afirmações de estatuto. De poderio. De carácter. E grandiosidade. Mais do que triunfos arquitetónicos ou de engenharia, estes edifícios captam um momento da história e sobrevivem à passagem do tempo. Simbolizam o espírito de um lugar específico. São admirados por todos. Dividem opiniões, mas unem as pessoas. Ambiciosos e duradouros, são edifícios icónicos, que refletem diferentes culturas, que a Teixeira, Pinto e Soares, SA aceitou, há já alguns anos, trazer à memória. Como propósito fundamental. Com minúcia. Atenção aos pormenores. E o mesmo cuidado que o conterrâneo Teixeira de Pascoaes dedicava aos seus poemas sobre o carácter infinito da saudade. Amarante, terra onde se sedeou há 25 anos, reforça, com a TPS, um desígnio histórico: dar vida à saudade que habita em nós. Em templos e igrejas. Escavações arqueológicas e monumentos. Teatros e cinemas. Sem depreciar a dita construção nova, a que também se dedica com afinco, como depreenderá o leitor das suas diversas reinvenções empresariais, é na reabilitação do edificado que a vocação da TPS melhor se cumpre. Reerguer e preservar, para a posteridade, edifícios que sofreram, ao longo dos tempos, demolições e reconstruções, amputações ou acrescentos é uma missão a que muitos procuram dedicar-se, mas poucos cumprem, com absoluto zelo pelo espírito original, num tempo que é necessariamente diferente… Mais do que a evocação de 25 anos de dedicação à engenharia civil, estas são páginas consagradas à arte de (re)construir a memória.



BRUNO SOARES Presidente do Conselho de Administração PEDRO SOARES Administrador

Prólogo

Este livro é a história de uma empresa de espírito familiar, mas cujo capital humano, organizacional e financeiro transbordam essa esfera, colocando-a no centro das sinergias de um grupo empresarial. Relato simples de desafios, constrangimentos e conquistas, cautelosamente amparados por descritivos ligeiros e despretensiosos. É um relato com pormenores que procuram pôr em equação as forças que, desde 1997, concorrem, quer para a formação da identidade da TPS, quer para o desenvolvimento da sua atividade. Foi elaborado com tempo, para que a memória dos protagonistas revelasse com exatidão factos que, embora não esquecidos, precisavam de ser vestidos de pormenores que a pouco e pouco foram recordados. Informações de muitos colaboradores completam quadros que desta forma saem melhor ajustados. Os que se dispuserem a ler estas páginas, seguirão uma trajetória de acontecimentos, estratégicos, planeados ou acidentais, bem cerzidos, que se revelam um claro-escuro de uma narrativa empresarial de que alguns conhecerão episódios, mas poucos conhecerão na íntegra. Páginas íntimas trazidas a público, como prólogo de uma atividade que é cada vez mais intensa e reconhecida. Gratidão é, por isso, o sentimento mais profundo que a TPS partilha com clientes, parceiros e amigos. A empresa endereça um sentido “Obrigado” – porque só a expressão portuguesa consegue transmitir o nível mais profundo da gratidão (tal como descrito por São Tomás de Aquino) – para expressar o seu compromisso: compelida a dar continuidade a um projeto sem paralelo no setor da construção e da engenharia civil em Portugal. Graças a todos, a TPS está mais capaz do que nunca para responder aos mais complexos desafios construtivos, numa Europa em mudança e de vida digitalizada.


uma vontade de granito


Sem esta terra funda e fundo rio que ergue as asas e sobe em claro vôo Sem estes ermos montes e arvoredos eu não era o que sou. «Canção de uma Sombra», in Terra Proibida, Teixeira de Pascoaes

A

TPS colocou a sua primeira pedra em Sanche,

freguesia de Amarante, poucas semanas após a sua constituição, a 9 de abril de 1997. Uma moradia nesta freguesia rural, com pouco mais de 500 habitantes, foi a primeira obra da empresa cuja identidade assumiu as iniciais dos sobrenomes dos três sócios fundadores.

Aos 40 anos de idade, Fernando da Cunha Soares desvinculara-se da Socimarante. Dois 1 dos seus quatro sócios acompanham-no e, juntos, fundam a Teixeira, Pinto & Soares, Lda, com um capital social de 600 contos. Apenas dois anos mais tarde, para «dar o rumo que idealizava para a empresa», não abdica de deter todo o capital da TPS. Não o retrai uma valorização das cotas cinquenta vezes superior à original. Em Fernando da Cunha Soares encontram-se as marcas de alguém que se fez a si mesmo. Natural de Vila Chão do Marão, começou a trabalhar aos 13 anos de idade. Seis anos depois foi pai pela primeira vez. Aos 27, fundou a primeira empresa. Aprendeu a vida na vida vivida. Na experiência direta. A colocar as mãos na massa. 1. José Manuel da Costa Teixeira e Belmiro da Costa Pinto

«Sou um homem do terreno. Não me assusta pegar na picareta, colocar tijoleira ou fazer telhados. Adoro fazer telhados, cortar as telhas. É um trabalho com muita arte», revela, carregando em si o estatuto de homem de ação, que, pela força das circunstâncias, também se fez um empreendedor. Não nascera no mundo dos negócios e nunca quis resignar-se a ser apenas «um toma lá, dá cá». Domina-o a preocupação de fazer. O prazer de intervir. Ao contratarem a TPS, então uma empresa de vocação regional, os clientes contratavam especialmente um experimentado mestre de obras. Fernando da Cunha Soares foi responsável pela execução de estruturas de pequenas e grandes dimensões. Favoreceu o desenvolvimento harmonioso de centenas de empreitadas em Amarante, em Penafiel, no Porto, em Guimarães ou em Braga. Maioritariamente de natureza privada. Especialmente no domínio da habitação. Inclusive num registo chave-na-mão: aquisição de terrenos, definição do projeto, construção, promoção e venda.



25 anos 25 obras de referência


TEATRO LUÍS DE CAMÕES (LU.CA) Terá sido construído sobre estruturas remanescentes do Teatro de Belém, edificado pelo rei D. João V antes do terramoto de 1755. Com fachada neoclássica, foi inaugurado em 1880 e ostenta uma sala “à italiana”. É propriedade, desde 1967, da Câmara Municipal de Lisboa, que, em 2015, confiou aos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira um projeto de restauro, requalificação e adaptação à contemporaneidade deste teatro de bairro, que fora edificado por iniciativa do proprietário de uma drogaria. Após uma intervenção profunda, na caixa de palco e zonas administrativas, voltou a iluminar a Calçada da Ajuda. Em 2018, reabriu como LU.CA (Lugar para as Crianças e Jovens e para as Artes). No ano seguinte, venceu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, nas categorias “Cidade de Lisboa” e “Impacto Social”.





Piscina de D. Afonso Henriques. Banho ou Caldas de Lafões. Estes são outros nomes destas termas romanas construídas no século I d.C. Com 2000 anos de utilização contínua e tido como um dos complexos termais de origem romana mais importantes em Portugal, terá sido frequentado por D. Afonso Henriques após fratura sofrida na Batalha de Badajoz, em 1169. Ao longo dos séculos teve inúmeras utilizações. Após 70 anos de encerramento e de um longo processo de valorização, reabilitação e conservação, coordenado pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, reabriu em 2019 e é visitável. Este monumento nacional classificado desde 1938 venceu o Prémio Nacional da Reabilitação Urbana 2021, na categoria de “Impacto Social”.

TERMAS ROMANAS DE SÃO PEDRO DO SUL



JOÃO MENDES Arquiteto

O espaço termal romano de S. Pedro do Sul situa-se na margem do rio Vouga, a cerca de 500 metros da nascente de água termal. O edifício, de fundação romana (século I d.C), manteve até hoje grande parte da sua estrutura primitiva e encontra-se classificado, desde 1938, como Monumento Nacional. A sua longa e diversificada ocupação ao longo dos séculos ficou marcada por pequenos sinais, que não impediram, no entanto que a estrutura romana inicial tenha prevalecido, mantendo-se ainda grande parte da altura das paredes e o arranque das coberturas da época romana. O projecto de valorização, reabilitação e conservação teve como base a recuperação do edifício, propondo a intervenção mínima necessária para a sua utilização e correcta percepção. A recuperação das características mais marcantes do ambiente do período romano foi trabalhada a partir da escala, da luz e da presença da água. No volume a nascente recuperaram-se as dimensões originais, os sistemas construtivos e os materiais tradicionais. Recuperou-se ainda a geometria da fachada, nomeadamente a métrica de cheios e vazios, reconstruindo as paredes que ruíram. A poente, no edifício de origem romana, optou-se por manter a ideia de ruína, trabalhada quer como vestígio arqueológico, quer como matéria expositiva. A sugestão da forma e escala do espaço romano é dada pela reposição da altura original do edifício, bem como pela construção de uma abóbada em tijolo que segue a configuração da abóbada romana original, marcada nas paredes de topo. A nova abóbada destaca-se das estruturas existentes, suspensa a partir da cobertura e sem tocar nas paredes romanas. O ambiente luminoso original das termas romanas é recuperado com a introdução de luz zenital, através de um lanternim inclinado a sul, captando a maior quantidade possível de luz para o interior. No exterior, o tanque de água fria e a piscina natatio foram recuperados e a natatio revestida com opus signinum, à semelhança do período romano. A reconstrução do corpo nascente do edifício foi feita de forma a não tocar no limite original da natatio, trabalhando em balanço e criando um desnível no interior da recepção.


De acordo com as sondagens arqueológicas, desenvolvidas pela arqueóloga Helena Frade, existiam evidências da existência de um peristilo que circundava a natatio, que originou o desenvolvimento de um projecto de montagem das colunas, fragmentadas e dispersas pelo terreno, desenvolvido por João Gomes da Silva. A montagem foi baseada num inventário de todos os elementos existentes, utilizando o processo de anastylosis e a proporção e êntase do cânone proposto por Vignola, completada por novos elementos que, de acordo com a Carta de Atenas, se destacam dos existentes. Complementarmente ao peristilo, foi acrescentado um muro que acentua a entrada no peristilo. A importância da água no edifício termal é resgatada, voltando a ser o elemento central do espaço. Esta recuperação é feita na tentativa de recriar a atmosfera termal romana, imprescindível para a compreensão e leitura do espaço. O sistema de captação e condução da água é recuperado, permitindo que exista um circuito hidráulico por todo o edifício, associado a uma ideia de percurso, complementado pelo reúso do tanque exterior de água fria e da piscina natatio. A água adquire assim uma conotação lúdica, cruzando-se com a história e a gravidade do edifício pré-existente, numa nova leitura baseada em relações visuais e auditivas, indiciando percursos ou antevendo espaços.




TEATRO GARCIA DE RESENDE Este teatro eborense foi inaugurado em 1892 e tem tido uma existência atribulada. O seu dinamizador falecera oito anos antes e teria de ser a viúva a terminar a obra. Foi destelhado por um vendaval em 1941 e as pinturas interiores foram danificadas. Durante os trabalhos de recuperação foi-lhe subtraído o revestimento interior em chumbo da cobertura, que garantia o isolamento térmico e acústico. Arrendamentos posteriores, em que até teve uma utilização como depósito de lixo, descaracterizaram a plateia e a fachada. Após pormenorizada reabilitação física e funcional, concluída em 2019, este teatro “à italiana” é um espaço cultural de referência, que integra a Rota Europeia de Teatros Históricos. Esta rota distingue os mais belos, interessantes e preservados teatros construídos entre o período renascentista e primeiras décadas do século XX.





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