Capital da Notícia - Mobilidade Urbana #2

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Dezembro de 2012

Mobilidade urbana

UniBrasil

Prefeito eleito promete novidades de acessibilidade para GHÀFLHQWHV YLVXDLV

pág. 5

Anne Araujo

Campanha do Ministério Público combate as discussões no trânsito

pág. 3

Calçadas de Curitiba são obstáculos para cadeirantes Impasses sobre a responsabilidade da Prefeitura prejudicam a manutenção - pág. 4 Marcio Taniguti

Cresce o número de ônibus híbridos

pág. 6

Linha de turismo permite embarque de bicicletas

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Falta de regulamentação complica vida de carrinheiros

pág. 8

Faixa exclusiva para ônibus é solução possível para o trânsito

pág. 7


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OPINIÃO

Capital da Notícia

Ir e vir: direito do cidadão, dever do Estado Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (…) XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (…) § 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Este é o famoso artigo 5º da Constituição Federal Brasileira. Sua fama se dá por tratar do que chamamos de direito de ir e vir, que, segundo o próprio texto, é estendível a qualquer pessoa. Pois bem, em nossas matérias sobre acessibilidade (páginas 4 e 5), registramos a situação real que pessoas com necessidades especiais enfrentam diariamente nas ruas de Curitiba. Deficientes visuais totais praticamente percorrem um trajeto de obstáculos. Cadeirantes não têm acesso satisfatório ao atravessar ruas. A questão é: não estaria o Estado deixando de cumprir uma lei federal ao não dar mais atenção às pessoas que necessitam de atenção especial no quesito mobilidade urbana? Obviamente, leis já foram criadas para facilitar o acesso e a mobilidade de pessoas com necessidades especiais. Uma destas legislações são as vagas destinadas a este grupo de pessoas em estacionamentos públicos e privados em todo o país. Mas, ao deixar de punir com rigor àqueles que estacionam “só por um minuto” em vagas que não lhes pertencem, não estaria o Estado novamente se omitindo, já que este deve criar leis, fiscalizar o cumprimento destas e punir quem não a cumpre? Em outros termos, o que a lei determina é que qualquer pessoa, com necessidades especiais ou não, tem o direito de se locomover livremente na cidade onde mora, ou em qualquer parte do Brasil. Portanto, rampas de acesso em calçadas e prédios, a retirada de telefones públicos, estacionamentos especiais, guias padrões, entre outros, não são privilégios para uma minoria, como muitos pensam. Tais medidas são, na verdade, o Estado cumprindo seu dever de possibilitar aos cidadãos a mobilidade urbana, seu direito de ir e vir. Como dizem por aí: “não vai mais que a obrigação”. Aliás, não faz NEM a obrigação integral, conforme registrado nas matérias do Capital da Notícia – Mobilidade Urbana. A responsabilidade em garantir este direito é do Estado? Sim. Mas podemos participar efetivamente da construção desta realidade. A você, leitor, que nos acompanha por ter consciência da relevância do assunto mobilidade urbana, segue nosso cordial pedido: seja um agente efetivo de fiscalização informal. Este é o nosso papel no processo de tornar Curitiba uma cidade melhor, porque não se trata somente da acessibilidade de alguns, mas da organização de uma sociedade civil responsável e consciente.

Ombudsman O jornal Capital da Notícia - Mobilidade Urbana, nesta 2ª edição, trata em especial da infra-estrutura urbana de Curitiba. As principais matérias trazem aspectos das deficiências que existem pela falta de manutenção da cidade, bem como nos transportes coletivos e no trânsito. A matéria “Calçadas de Curitiba não estão adequadas para cadeirantes”, apesar das dificuldades enfrentadas por eles, não expôs o modo com que a Prefeitura fiscaliza as calçadas de particulares e falta informar ao leitor as medidas que podem ser tomadas para a melhoria das calçadas, além da mera reclamação. Já a reportagem intitulada “Mobilidade para os que não vêem” abordou de forma pontual os projetos que estão por vir para dar maior acessibilidade para os deficientes visuais, os dispositivos legais que tratam da inclusão dos mesmos, e as estatísticas sobre a incidência de deficiência na população, e entrevistou diversas pessoas para dar embasamento ao tema abordado. Outra reportagem que trata de assunto relevante aborda a realidade dos catadores de materiais recicláveis, expondo as dificuldades que estes trabalhadores enfrentam, bem como a necessidade de eliminação do preconceito que ainda há em relação a eles. Na reportagem, foi esquecida a seguinte questão: por qual razão os carrinheiros não se filiam às cooperativas se isso seria benéfico a eles? A reportagem também não observou a importância da opinião dos demais catadores, não cumprindo, deste modo, de forma integral sua função principal: informar com imparcialidade. A matéria que trata de forma pontual sobre os ônibus da Linha de Turismo serem os únicos capacitados para o transporte de bicicletas mostra que, se isto for implementado nas principais linhas de ônibus, traria enormes benefícios aos usuários do transporte público de Curitiba, e especialmente àqueles que evitam usar bicicleta no dia a dia pelas eventuais intempéries do clima. Já a reportagem que trata do ônibus híbrido, o novo modelo de transporte público, demonstra que este é mais sustentável

Marcio Taniguti que os demais veículos em circulação, indo ao encontro das modernas diretrizes ecológicas que vêm sendo adotadas no mundo, expondo, de forma positiva, as novas mudanças no transporte público. A matéria que trata das faixas exclusivas para ônibus diz respeito aos problemas atuais no que já foi considerado o melhor sistema de transporte público do mundo. Verifica-se a existência de caneletas no transporte público, além do projeto de implementação de linhas de metrô na capital, pecando pela desatualização quanto aos projetos futuros para melhoria da mobilidade urbana, em especial o transporte coletivo. No geral, esta edição do jornal aborda de forma suficiente algumas questões relevantes quanto às qualidades e deficiências no que tange a infraestrutura e mobilidade urbanas de Curitiba, vez que abrangeu questões desde os problemas do transporte público, até as questões de acessibilidade e sustentabilidade e, também, por ter temas mais diversificados em relação à primeira edição. *O ombudsman atua como um representante dos leitores. A este profissional cabe analisar e criticar, ou elogiar, a estrutura das matérias, assuntos, abordagens, entre outros, sempre com o intuito de tornar o veículo mais relevante e instruir o leitor sobre o que cobrar do seu jornal. No Capital da Notícia - Mobilidade Urbana, o aluno Marcio Taniguti assume o cargo.

EXPEDIENTE Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil Presidente: Clèmerson Merlin Clève Diretor Geral: Sérgio Ferraz de Lima Diretor Acadêmico: Jairo Marçal Coordenação do Curso de Jornalismo: Maura Oliveira Martins O Jornal Capital da Notícia é um produto laboratorial do curso de Jornalismo da UniBrasil. Faz parte da disciplina Redação Jornalística IV, do quarto período.

Repórteres: : Amanda Toledo, Anne Araújo, Emily Kravetz, Jaqueline Lopes, Liriane Kampf, Marcio Taniguti, Noele Dornelles. Editora chefe: Liriane Kampf Edição de imagens: Amanda Toledo 'LDJUDPDGRU H LQIRJUiÀFRV Vrande de Santana Pereira Professora responsável: Maura Oliveira Martins

www.capitalmobilidadeurbana.blogspot.com Endereço eletrônico: jornal.unibrasil.com.br E-mail: jornalismo@unibrasil.com.br Telefone: 3361-4259


PLANEJAMENTO Curitiba não aproveita tecnologias no transporte alternativo Capital da Notícia

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O uso da bicicleta elétrica e segways reduz o impacto ambiental com energia limpa Amanda Toledo

Amanda Toledo

A

ssim como o uso da bicicleta comum e as caminhadas podem ser maneiras eficientes de reduzir a emissão de gás carbônico, a bicicleta elétrica e os segways são modais que, quando em uso, poluem menos. A dúvida é: os meios elétricos têm o mesmo impacto e são mais práticos do que os modais comuns? Em Curitiba, por que os segways e as bicicletas elétricas não são vistos com frequência. O segway chega a representar uma redução entre 71 e 93% de emissões de gás carbônico, em comparação com qualquer veículo motorizado, e pode ser nove vezes mais ágil que uma pessoa caminhando. A utilização desses modais como meio alternativo de transporte tem impacto ambiental extremamente reduzido. Pita Braga Côrtes, economista, faz uso da bicicleta elétrica. “Tenho 60 anos de idade e não sou atleta, e só me adapto a uma bike se for elétrica, porque me ajuda nas ladeiras. A bike elétrica também exige o pedalar. Não é uma moto e está longe de ser.” Côrtes não concorda com os ciclistas que impõem restrições às

Pita Côrtes aproveita sua bike elétrica e não deixa de participar de bicicletadas. bicicletas elétricas. “Queria que os jovens que utilizam a bicicleta comum não pensassem de forma egocêntrica, mas sim nas senhoras, senhores, idosos, que estão para absorver esta genial tecnologia”. A maior crítica à bicicleta elétrica é mesmo o incentivo ao sedentarismo. Para alguns, perde-se a essência da ideia original da bicicleta, o condicionamento físico é deixada de lado. Diogo Quignalia Silva, eletricista e estudante de gestão ambiental, defende o uso

da sua bicicleta comum. “Particularmente não trocaria a minha por uma elétrica. A bike elétrica é mais pesada, mais cara, tem um custo de manutenção mais alto, e se é pra ter uma bike que não precisa pedalar, prefiro uma moto”. O segway pode ser encontrado em sites de venda com preços que variam de R$4.800 a R$20.000. De acordo com Adriano Souza, representante de marketing da Segway Brasil, o produto é voltado para locação devido ao preço, mas nada impede a sua compra

por unidade. O valor gira em torno de R$ 25.000, dependendo do modelo. O mercado para a bicicleta elétrica é promissor. É uma ótima opção para quem não troca seus veículos motorizados pelo esforço de pedalar, para quem não pode pedalar, ou até mesmo para aqueles que utilizam a bicicleta comum, porém gostariam de mais facilidade e praticidade. O diretor-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Pietro Erber, confirma esse crescimento. “Desde que o Brasil começou a comercializar esses produtos a associação estima-se que tenham sido vendidas entre cinco e 15 mil bicicletas elétricas”. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a Guarda Municipal já os utiliza. Mesmo assim, o preço ainda não é acessível se pensarmos na classe média que hoje é 54% da população do país, segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Estima-se que o custo da importação aumente em 101% o preço do produto. Isso sem contar com as calçadas de Curitiba, que hoje não estão adequadas para o aproveitamento deste aparelho. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), por meio da Resolução 375, autorizou-os a se-

rem usados nas calçadas, desde que não ultrapassem 6 km/h ou ciclovias desde que não ultrapassem os 20km/h. Segundo proposta enviada pela ABVE para o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), para o uso destes modais deve ser exigido que possuam freio e buzina ou campainha, além de sinalização luminosa dianteira e traseira.

O que é segway? Para quem não conhece, o segway é uma espécie de patinete elétrico que funciona com o auto equilíbrio e propulsão humana. Para andar, basta impulsionar para frente e, para frear, basta deixar as costas eretas. Nas bicicletas elétricas, há a opção de pedalar ou não, sendo que o pedal tem a ajuda de um motor elétrico, mas nem por isso necessita reduzir o esforço muscular se a pessoa optar por isto.

Discussão no trânsito é alvo de campanhas Emily Kravetz O dia mal começa e as irritações no trânsito aparecem por toda parte. A lentidão dos carros, a falta de educação das pessoas e os congestionamentos tiram a paciência de muitos motoristas e passageiros que precisam chegar no horário em seus compromissos. Muitas vezes, as pequenas divergências acabam se transformando em discussões, que acarretam em agressões físicas, verbais e até mesmo acidentes entre veículos. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) lançou no dia 8 de novembro a campanha nacional Conte até 10. Paz. Essa

é a atitude. Esta campanha tem como objetivo reduzir o número de mortes no país causadas por motivações banais, entre elas, as discussões no trânsito. No Paraná, 21% dos homicídios ocorrem por motivos banais, 7% por violência doméstica e 2% são passionais. De acordo com o promotor de Justiça, Paulo Markowicz de Lima, do Ministério Público do Paraná, a campanha nacional tem uma aplicação específica no trânsito em Curitiba, voltada para reconhecer e prevenir os conflitos. “Temos um projeto em andamento com a URBS e pretendemos fechar parcerias com outras empresas, através de ações voltadas as pessoas que dirigem. Em

Curitiba especificamente precisamos primeiro apurar dados das motivações de conflitos e homicídios. Esta estatística é muito importante, porque conhecendo as causas, nós podemos combatê-las”. O analista de sistemas Sérgio Roberto Junior, de 25 anos, explica que os principais motivos que tiram sua paciência no trânsito é a falta de educação das pessoas. Roberto conta quais foram os motivos e as consequências das discussões. “Uma vez um cara me fechou no trânsito, e eu buzinei, só que o cara não gostou, e bati com a roda no meio fio para não bater nele. Eu fui atrás dele, ele ficou bravo e começamos a discutir. No final eu parei

de discutir, porque a mulher dele começou a chorar”. Devido à imprudência de muitos motoristas, outros precisam dirigir com atenção dobrada. As discussões de trânsito são presenciadas de vários ângulos, até mesmo os pedestres. A estudante de jornalismo Andrea Moraes, de 21 anos, conta como observa o trânsito diariamente em Curitiba. “Eu acho que o trânsito é o reflexo da nossa sociedade, ninguém respeita ninguém, e as pessoas são egoístas. Toda campanha de conscientização é importante. Desde que não seja a única medida tomada pelo governo. Ensinar é importante, mas a punição é um dever”.

No Paraná, 30% dos casos de homicídios são praticados por impulso


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ACESSIBILIDADE

Capital da NotĂ­cia

Capital da NotĂ­cia

Calçadas de Curitiba não estão adequadas para cadeirantes

Marcio Taniguti

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Amanda Toledo

,UUHJXODULGDGHV GR SLVR ODUJXUD GD FDOoDGD e falta de rampa sĂŁo alguns dos problemas que RV FLGDGmRV HQFRQWUDP SDUD VH ORFRPRYHU QD FLGDGH Marcio Sakyo Poffo Taniguti

A

1LYDOGR p DSHQDV XP GRV FDGHLUDQWHV TXH WrP GLĂ€FXOGDGH GH ORFRPRomR FRP R HVWDGR GDV FDOoDGDV HP &XULWLED

s calçadas de Curitiba sĂŁo alvo constante de reclamaçþes pela falta de conservação. A pĂŠssima estrutura das calçadas causa transtorno para os cadeirantes que as utilizam para se locomover. Em obras nas canaletas de Ă´nibus, na Rua da Cidadania do bairro Boa Vista, e alguns trechos as calçadas sofrem um estrangulamento. NĂŁo hĂĄ rampas para que as pessoas possam acessar os dois lados da via. A mobilidade urbana vai alĂŠm de questĂľes tĂŠcnicas, burocrĂĄticas ou padrĂľes prĂŠ-estabelecidos. “Ela exige dos profissionais envolvidos, desde a legislação especĂ­fica, execução e fiscalização, atĂŠ a sensibilidade e o discernimento de que garantir que as cidades sejam acessĂ­veis significa investir em infraestrutura, novas tecnologias, educação e conscientização da populaçãoâ€?, explica Dyeson Luiz Santos Cavalheiro, arquiteto e urbanista. Nivaldo Menin, 46 anos, empresĂĄrio na ĂĄrea de produtos ortopĂŠdicos e coordenador de basquete para cadeirantes na Federação Paranaense de Esportes, diz que â€œĂŠ quase impossĂ­vel se locomover livremente no centro e nos bairros da cidade. O problema nĂŁo se restringe apenas aos cadeirantes, mas tambĂŠm Ă s pessoas com mobilidade reduzida ou mĂŁes com crianças nos carrinhosâ€?. Menin vem lutando por melhorias e

acrescenta: “em ĂŠpoca de campanha eleitoral sĂŁo apresentadas propostas, mas acabam caindo em esquecimentoâ€?. SĂŁo alguns dos problemas que Ivonete Schneider, mĂŁe de Juliana, que ĂŠ cadeirante, enfrenta nas ruas MĂŠxico e Holanda, no Bacacheri. “HĂĄ situaçþes em que tenho que apoiar a cabeça da minha filha com uma das mĂŁos e com a outra empurrar a cadeiraâ€?. SĂŁo vĂĄrias as tentativas de legislar sobre a mobilidade e acessibilidade urbana. Referente Ă s calçadas em Curitiba, a lei municipal 11.596/05, prevĂŞ que a construção de calçadas e manutenção das ĂĄreas de passeio de imĂłveis particulares ĂŠ da responsabilidade dos proprietĂĄrios, que devem seguir um dos padrĂľes sugeridos pela Secretaria Municipal de Urbanismo. Cavalheiro acrescenta que “a fiscalização ĂŠ rigorosa quanto Ă execução e manutenção das calçadas em imĂłveis particulares, bem como em locais pĂşblicos, e que deve partir nĂŁo sĂł dos ĂłrgĂŁos municipais, mas tambĂŠm da população. O cidadĂŁo deve cobrar seus direitos, fazer valer sua contribuição em impostos. Em contrapartida, ĂŠ tambĂŠm dever do cidadĂŁo fiscalizar a administração pĂşblica e fazer sua parte no que for de sua competĂŞnciaâ€?. Mobilidade urbana ĂŠ um conceito que nĂŁo trata sĂł de veĂ­culos automotores e nĂŁo motorizados. Pensar em uma cidade acessĂ­vel ĂŠ mostrar respeito a todos os cidadĂŁos, para que possam se locomover sem dificuldades pela cidade.

Calçadas de Curitiba Segundo o decreto 1066/07 da Prefeitura Municipal, os tipos de FDOoDGDV VmR GHĂ€QLGRV de acordo com os lugares da cidade.

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São os tipos de calçadas aceitas em Curitiba

Paver: ĂŠ uma peça de concreto ou tijolo usado em aplicaçþes interligadas. As calçadas com paver sĂŁo usadas em ruas principais. SĂŁo proibidos obstĂĄculos FRPR GHJUDXV H UDPSDV TXH GLĂ€FXOWDP R livre trânsito de pedestres.

3ODFDV 3Up PROGDGDV As placas são de concreto com rejunte nivelado na superfície do piso. Elas podem ser À[DV RX UHPRYtYHLV

Asfalto: Este tipo de calçada Ê feito por uma base de concreto, que recebe acabamento de argamassa alisada.

3URSRVWDV GR SUHIHLWR HOHLWR GHYHP EHQHĂ€FLDU GHĂ€FLHQWHV YLVXDLV FRPR 9HUD &ULVWLQD GRV 6DQWRV TXH VRIUH GLĂ€FXOGDGHV HP HQWUHYLVWDV GH HPSUHJR GHYLGR j DFHVVLELOLGDGH GRV SUpGLRV

Mobilidade para os que nĂŁo veem Prefeito eleito tem propostas de PRELOLGDGH XUEDQD SDUD GHĂ€FLHQWHV YLVXDLV Anne AraĂşjo

D

entro das propostas de mobilidade urbana do plano de governo do prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, apresentado Ă justiça eleitoral, uma das ideias registradas ĂŠ “implantar projeto de nomenclatura urbana para deficientes visuais.â€? Segundo a assessora de imprensa de Fruet, Aline Moreira, a transição de governo e das secretarias municipais darĂĄ continuidade Ă proposta. “Um exemplo da nomenclatura urbana seria implantar informaçþes em braile nos pontos de Ă´nibus e terminaisâ€?. Curitiba tem apenas 1% das guias rebaixadas, rampas, pisos tĂĄteis, semĂĄforos com sinalização sonora ou qualquer outra coisa que auxilie na inclusĂŁo das pessoas com deficiĂŞncia ou mobilidade reduzida. O prefeito eleito tem propostas para pessoas com deficiĂŞncia em outras ĂĄreas, como cultura, desenvolvimento econĂ´mico, esporte e lazer. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica (IBGE), no Brasil, 24,5 milhĂľes de pessoas (14,5% da população) tĂŞm algum tipo de deficiĂŞncia, desde alguma dificuldade para andar, ouvir e enxergar, atĂŠ as graves lesĂľes incapacitantes. Foram detectados, nesse total de 24,5 milhĂľes, 48% de pessoas com deficiĂŞncia visual, 23% com deficiĂŞncia motora, 17% com deficiĂŞncia auditiva, 8% com deficiĂŞncia intelectual e 4% com deficiĂŞncia fĂ­sica. No entanto, ainda existe carĂŞncia de polĂ­ticas pĂşblicas voltadas para esse segmento da população. O Brasil possui leis que dispĂľem sobre o apoio Ă s pessoas portadoras de deficiĂŞncia e sua integração social. A lei nÂş 7.853/89 e o decreto nÂş 3.298/99 determinam a polĂ­tica nacional para integração da pessoa portadora de deficiĂŞncia. A realidade de Maria Terezinha de Castro, que nasceu com deficiĂŞncia visual total, ĂŠ outra. Para ela, os maiores problemas sĂŁo os orelhĂľes, falta de rampas e as placas, que

sempre atrapalham na caminhada, pois a bengala nĂŁo consegue alcançar. Maria Terezinha circula pela cidade, visita seus amigos, pega Ă´nibus, vai ao banco e tem uma vida normal. â€?SĂł queria que a administração pĂşblica sentisse que nĂłs existimos, e que nĂłs, cegos, circulamosâ€?, disse. O problema foge das ruas. Para Vera Cristina dos Santos, deficiente fĂ­sica e visual, o empecilho estĂĄ nas empresas e prĂŠdios. Vera estĂĄ Ă procura de emprego e jĂĄ passou em vĂĄrias entrevistas, mas quando ĂŠ chamada para a vaga, descobre que nĂŁo pode aceitar, devido a problemas de acessibilidade das empresas. “Fui chamada em dois empregos, mas quando cheguei ao local, nĂŁo pude aceitar, devido a inĂşmeras escadas e locais despreparados para aceitar pessoas com deficiĂŞnciaâ€?. Tudo isso apesar da lei de cotas, que garante a contratação de pessoas com deficiĂŞncia nas empresas, e dispĂľe sobre os planos de penefĂ­cios da previdĂŞncia e dĂĄ outras providĂŞncias a contratação de portadores de necessidades especiais. Ainda sĂŁo poucos os estabelecimentos pĂşblicos ou comerciais que oferecem acessibilidade estrutural ou de vagas de emprego reservadas para pessoas com deficiĂŞncia. Daniele Haloten ĂŠ deficiente visual desde que nasceu, e sofreu perda total da visĂŁo na adolescĂŞncia. Jornalista e atriz, Daniele conta com seu cĂŁo-guia, o labrador Higgans, e admite que o animal proporciona mais agilidade que a bengala. Para ela, a sociedade ainda tem muito preconceito, o que dificulta muito a rotina dos deficientes. “No caso de todas as deficiĂŞncias o maior obstĂĄculo sĂŁo as barreiras atitudinaisâ€?. Agora, aos 63 anos, Maria Terezinha diz que a sociedade mudou. “Ando de bengala desde os meus 18 anos. Desde entĂŁo, a sociedade mudou muitĂ­ssimo. Antigamente eu ouvia muito deboche, sobre ser cega, andar de bengala, e sobre meus olhosâ€?.


SUSTENTABILIDADE Ônibus híbridos modernizam frota 6

Capital da Notícia

No total, 30 veículos desse modelo farão parte da frota, e a previsão da URBS é TXH DWp ÀQDO GH RXWXEUR RXWUDV iUHDV VHMDP FRQWHPSODGDV FRP {QLEXV KtEULGRV Emily Kravetz

Emily Kravetz

O

projeto do veículo Hibribus produzido pela Volvo, em parceria com a Urbanização de Curitiba (URBS), e a Fundação Clinton, prevê trinta ônibus híbridos até o final deste ano. São dez ônibus na cor verde, que já estão em circulação na linha Interbairros I, e os outros vinte na cor amarela, que substituem os veículos que fazem as linhas DETRAN-Vicente Machado, Água Verde-Abranches, Juvevê-Água Verde, e Jardim Mercês-Guanabara. Para o próximo ano, a compra de novos veículos fica a cargo da nova gestão. De acordo com o gestor de operação de transporte da Urbs, Luiz Filla, os ônibus periodicamente sofrem uma substituição natural. “Todos os ônibus têm vida útil de 10 anos, mas as empresas operadoras podem dispor dos carros por mais dois anos apenas, quando devem tirá-los completamente de circulação. Muitos carros são vendidos a cidades do interior, a escolas rurais ou a pequenas empresas para transporte de funcionários, e ou-

O cobrador Jonas da Silva é a favor da substituição dos ônibus tradicionais pelo híbridos. tra parte dos carros é desmontada para eventual reaproveitamento de peças”. Durante a realização da RIO+20, a conferência da ONU para sustentabilidade e meio ambiente, a prefeitura de Curitiba, através da URBS, apresentou o Hibribus, a grande aposta da

administração municipal para diminuir a emissão de poluentes. O Hibribus é o primeiro veículo (ônibus) a ser produzido pela volvo, fora do seu parque industrial na Suécia. Sua subsidiária em Curitiba foi montada visando à produção gradativa das unidades. Jonas Gomes da Silva, estu-

dante de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e cobrador da linha DETRAN-Vicente Machado há mais de um ano, se diz a favor das substituições dos ônibus tradicionais para os ônibus híbridos. “Os indivíduos necessitam se deslocar de um ponto a outro na cidade, e veem no ônibus uma das

melhores opções de transporte no momento. Se levarmos em conta a importância de perseguirmos a busca pela utilização em qualquer que seja o meio de transporte coletivo, utilizando energias limpas e, portanto, sustentáveis nos veículos, a ideia é válida”. O engenheiro ambiental e presidente do Instituto Ambiente em Movimento Jay Van Amstel explica sobre a importância de aliar os investimentos de transporte, sem esquecer as ações educacionais. “O ônibus híbrido é uma opção interessante. Quando pensamos em transporte coletivo temos que levar em consideração um conjunto de ações que devem ser pensadas. Se queremos que haja consciência ambiental entre as pessoas, temos que investir em educação e não em marketing. O próprio planejamento do transporte coletivo de uma cidade deve prever campanhas educativas”, disse. De acordo com a URBS, a redução do preço da passagem depende da relação comparativa entre preço dos ônibus e consumo de combustíveis, mas até presente momento não há definição de que a passagem seja alterada.

Funciona com dois motores

HIBRIBUS Primeiro modelo de ônibus híbrido do Brasil

Motor elétrico Carrega a bateria durante frenagens do ônibus e se movimenta em uma velocidade de até 20 km/h

Motor movido a diesel Entra em funcionamento em velocidades superiores

Vantagens

30%

O Hibribus não emite ruídos em 30% do tempo de operação

90%

É a redução da emissão de poluentes, em comparação aos ônibus comuns

35%

É a redução do consumo de combustível em comparação aos ônibus comuns


SUSTENTABILIDADE Faixas exclusivas para ônibus são solução para congestionamentos Capital da Notícia

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&RP D SLRUD GR WUkQVLWR SRSXODomR ÀFD VHP DOWHUQDWLYD HP KRUiULR GH SLFR Anne Araújo

Noele Alves

C

uritiba deixou de ser reconhecida pelo melhor sistema de transporte coletivo, principalmente pelo aumento de carros nas ruas da capital, e tambĂŠm devido ao grande nĂşmero de congestionamentos, segundo o estudo divulgado recentemente pelo portal Mobilize Brasil. O censo do IBGE registrou 30% de aumento ao ano da frota de veĂ­culos. Os congestionamentos acontecem sempre nos horĂĄrios de pico, entre 8h e 9h, e entre as 17h e 19h, segundo a Diretoria de Trânsito da URBS (DIRETRAN). Nos Ăşltimos dez anos, o transporte coletivo de Curitiba foi considerado o melhor transporte do paĂ­s. No ano de 2005, a cidade ganhou destaque pela troca de frotas e tambĂŠm pelo aumento de Ă´nibus biarticulados, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). De acordo com o professor e coordenador do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do ParanĂĄ (UFPR), Paulo Chiesa, uma das soluçþes para o transporte coletivo seria a implantação de faixas exclusivas para Ă´nibus, como as canaletas que existem para os expressos, mas de maneira que se adequassem a todos os modelos de Ă´nibus. O trânsito flui e dĂĄ maior agilidade urbana na capital. Para o engenheiro e professor do departamento de Transporte da UFPR, Garrone Reck, ĂŠ urgente “investir na melhoria do serviço de transporte coletivo e aumento de capacidade dos corredores exclusivos de Ă´nibusâ€?. Se o sistema nĂŁo for priorizado, alerta o professor, ficarĂĄ cada vez mais ineficiente, enquanto a frota de automĂłveis prosseguirĂĄ crescendo. “Num futuro prĂłximo talvez tenhamos de adotar alguma restrição ao transporte individual, Ăşnica forma de reduzir inevitĂĄveis congestionamentosâ€?, aponta. O motorista Ernesto Silva conta que ĂŠ difĂ­cil se movimen-

(VSHFLDOLVWDV DĂ€UPDP TXH D LPSODQWDomR GH XPD IDL[D GH {QLEXV SRGH WUD]HU PDLV Ă XLGH] DR WUkQVLWR

tar em horĂĄrios de pico na cidade. “Tem muitos carros e as pessoas tambĂŠm nĂŁo tĂŞm respeito. A ideia de ter uma pista exclusiva para Ă´nibus seria Ăłtimo para nĂŁo atrasar os horĂĄrios, e o nosso trabalho seria mais valorizadoâ€?. As faixas exclusivas trariam maior agilidade no fluxo, e as pessoas poderiam voltar a usar o sistema de transporte coletivo, criado pelo ex-prefeito, Jaime Lerner, o “Bus Rapid Transitâ€?. Esse sistema foi um dos destaques em 2010, e rendeu a Curitiba o prĂŞmio de Cidade SustentĂĄvel, pela AgĂŞncia Siemens na Alemanha. O projeto para aumentar a agilidade urbana, proposto pelo prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, consiste em uma recuperação da credibilidade do transporte pĂşblico. Açþes para aumentar a capacidade do sistema de transporte, como o aumento de Ă´nibus e alimentadores nos horĂĄrios de pico, a finalização do desalinhamento das estaçþes nas canaletas no eixo norte-sul, a criação do sistema integrado de mobilidade, vĂŁo permitir a todos os Ă´nibus

utilizarem a sincronia dos sinais, permitindo maior velocidade dos ônibus na canaletas, e diminuindo o trânsito. AlÊm de

DICAS PARA ENFRENTAR O TRĂ‚NSITO Enquanto os problemas de mobilidade urbana nĂŁo sĂŁo UHVROYLGRV Ă€FDP DOJXPDV dicas pra relaxar e manter o bom humor no trânsito, VHJXQGR D SVLFyORJD $QD 6X\ 6HVDULQR

incentivar a população a utilizar o transporte coletivo e o transporte alternativo A Urbanização de Curitiba

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Escute mĂşsica

(URBS) e a Prefeitura de Curitiba foram procuradas, mas atĂŠ o fechamento dessa matĂŠria nĂŁo se manifestaram.

ajudam a relaxar e esquecer RV SUREOHPDV 1DGD PHOKRU HQWmR TXH XPD 03%

Leia /HU p XPD yWLPD RSomR para passar o tempo mais UiSLGR 5HYLVWDV H MRUQDLV VmR JUDQGHV DOLDGRV GR HQJDUUDIDPHQWR H GH quebra, te deixam informado GR TXH DFRQWHFH

Motoristas nervosos tĂŞm muito mais chances de se HQYROYHU HP DFLGHQWHV $TXL vale tudo, escutar sua banda preferida e atĂŠ se lançar numa carreira solo de cantor, 2EVHUYH D SDLVDJHP $ORQJXH VH WXGR GHQWUR GR FDUUR 3DUD cas A rotina e a correria do dia AlĂŠm de espantar o estresse, o começo do dia, mĂşsi VmR a dia nos faz passar DJLWDGDV H UtWPLFDV TXH DORQJDU VH FDXVD DOtYLR VHP GHVSHUFHELGRV SRU OXJDUHV o perfeitas para levantar FRQWUDLQGLFDo}HV LQFUtYHLV $SUHFLH RV GHWDOKHV DVWUDO 1R Ă€P GR GLD GHSRLV Faça movimentos lentos do caminho que vocĂŞ costuma GH XPD ORQJD MRUQDGD GH FRP D FDEHoD ,QFOLQH D SDUD ID]HU 2EVHUYH DV SHVVRDV WUDEDOKR FKHJD D WmR baixo, aproximando o queixo e se vocĂŞ estĂĄ solteiro (a), sonhada hora de voltar para GR SHLWR 5HWRUQH j SRVLomR R FRQJHVWLRQDPHQWR SRGH VHU FDVD ( p HVVH R PRPHQWR LQLFLDO *LUH D SDUD D HVTXHU unidade de GH UHOD[DU H HVIULDU D FDEHoD mais uma oport da, alinhando o queixo com PHWDGH FDUD VXD QWUDU HQFR MĂşsicas calmas e suaves R RPEUR 5HWRUQH )DoD R


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CIDADANIA

Capital da NotĂ­cia

Trânsito hostil para catadores

Jaqueline Lopes

Sem regulamentação da atividade, carrinheiros sofrem ofensas dos motoristas Liriane Kampf

Liriane Kampf

Apenas trĂŞs bicicletas podem ser transportadas por vez na linha de turismo de Curitiba.

S

eu nome ĂŠ Maria JosĂŠ Oliveira Santos. Mas gosta de ser chamada de Lia. Aos dez anos começou a catar material reciclĂĄvel por necessidade. Hoje, aos quarenta, diz que pratica o ofĂ­cio porque ama. “Sustento meus trĂŞs filhos com o dinheiro do carrinho. Me orgulho de ser o que sou. É uma profissĂŁo digna e honrosaâ€?, explica. Mas, apesar do amor Ă profissĂŁo, Lia conta que diariamente sofre com o desrespeito no trânsito de Curitiba. “Me xingam, me chamam de lixeira, passam com o carro tirando fina do carrinho. Inclusive ligeirinhos. Eu sempre digo falo para meus filhos que estou saindo pro trabalho, mas nĂŁo sei se voltoâ€?, revela. Lia ĂŠ sĂł uma dos inĂşmeros catadores de material reciclĂĄvel espalhados por Curitiba. Para ela, a falta de legislaçþes e campanhas de conscientização dificulta o bom relacionamento no trânsito. “NĂŁo temos respaldo. A prefeitura nĂŁo cria nenhuma legislação, nem instrui os motoristas. E o pior ĂŠ que nĂłs estamos recolhendo o lixo de cada um desses que nos xingam. JĂĄ imaginou o que seria se nĂŁo coletĂĄssemos esse material todo?â€?, questiona. E Lia tem razĂŁo. Enquanto os caminhĂľes da prefeitura sĂŁo responsĂĄveis pela coleta de 100 toneladas de lixo-que-nĂŁo-ĂŠ-lixo por mĂŞs, os carrinheiros alcançam a marca de 550 toneladas, em mĂŠdia. Atualmente, nĂŁo se sabe ao certo quantos carrinheiros existem na cidade, jĂĄ que a profissĂŁo nĂŁo ĂŠ regulamentada. A prefeitura de Curitiba trabalha com uma estimativa de 3500 catadores. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Trânsito (Setran), hĂĄ uma diretriz de estimular os coletores a se filiarem Ă s cooperativas desenvolvidas pela prefeitura. Isso facilitaria a organização e o controle da atividade. AlĂŠm disso, os coletores receberiam carrinhos elĂŠtricos, que sĂŁo regulamentados para o transito. É o que jĂĄ faz o projeto EcocidadĂŁo, que conta hoje com aproximadamente 400 catadores cadastrados em 13 cooperativas espalhadas pela cidade.

Linha de Turismo ĂŠ a Ăşnica que permite bicicletas Jaqueline Lopes

Lia estå entre os 3500 carrinheiros que enfrentam diariamente o caos do trânsito curitibano.

PorĂŠm, segundo a pedagoga Suelita Rocker, que atua como educadora ambiental na ONG Instituto Lixo e Cidadania, dar novos carrinhos e orientar no trânsito nĂŁo ĂŠ o suficiente para mudar a realidade dos coletores. “Motoristas acelerando atrĂĄs do carrinho, xingamentos, ofensas, preconceito. O cidadĂŁo precisa conhecer a importância desse trabalho. O carrinheiro ĂŠ um trabalhador como outro qualquer, mas ĂŠ chamado de vagabundo diariamente.â€?

Projeto EcocidadĂŁo Criado em 2007, o projeto da Prefeitura oferece espaços, chamados parques de coleta, onde os catadores podem separar o lixo coletado sem precisar levar esse material pra casa. Nestes parques, cerca de SURĂ€VVLRQDLV Mi HVWmR cadastrados. O objetivo p TXH DWp R Ă€P GH VHMDP FDWDGRUHV associados. No Ăşltimo mĂŞs de junho, uma parceria da prefeitura com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social, o BNDES, proporcionou um investimento de R$ 26 milhĂľes no projeto. A verba

Lia nĂŁo quer carrinho elĂŠtrico. “NĂŁo gostei dessa novidade. Gosto do bom e velho carrinho de madeiraâ€?. E tambĂŠm nĂŁo quer outro nome para sua profissĂŁo. “NĂŁo catamos lixo. Catamos material reciclĂĄvel.â€? A Ăşnica coisa que ela espera hĂĄ mais de 30 anos ĂŠ respeito. “Peço ĂĄgua e nĂŁo me dĂŁo. Se entro numa loja, o segurança jĂĄ vem atrĂĄs. NĂłs nĂŁo roubamos. Pelo contrĂĄrio, nosso trabalho sĂł beneficia as pessoas e o meio ambiente.â€? YDL SHUPLWLU D FULDomR GH novos parques de coleta seletiva, o aumento de PDTXLQiULRV FRPR SUHQVD KLGUiXOLFD EDODQoD HPSLlhadeira, alĂŠm da compra GH FDUULQKRV HOpWULFRV TXH Ă€FDUmR GLVSRQtYHLV para os catadores.

Instituto Lixo e Cidadania $ 21* FULDGD HP tem como objetivo a HUUDGLFDomR GR WUDEDOKR infantil entre os carrinheiros, organizar cooperativas e gerir estas organizaçþes, H FKDPDU D DWHQomR GRV catadores de material UHFLFOiYHO SDUD DV TXHVW}HV ambientais.

A linha de turismo de Curitiba ĂŠ o Ăşnico transporte da cidade que permite o embarque com bicicletas. Essas sĂŁo transportadas na parte traseira em um bagageiro com acesso externo. O embarque e desembarque delas ĂŠ feito pelos cobradores e motoristas. Os Ă´nibus estĂŁo identificados com um adesivo azul e branco, com o desenho de uma bicicleta, na porta traseira do veĂ­culo. Cinco dos nove Ă´nibus que circulam pela cidade tĂŞm estrutura para o transporte. O espaço permite trĂŞs bicicletas e dois carrinhos de bebĂŞ. Durante a semana, somente dois desses Ă´nibus circulam pela cidade. Nos finais de semana e feriados, todos sĂŁo colocados na rua. A Linha de Turismo passa por 25 pontos turĂ­sticos de Curitiba. A passagem custa R$ 27 e o passageiro pode desembarcar e reembarcar em quatro locais Ă sua escolha, incluindo parques. Com a integração da bicicleta, o turista pode aproveitar mais para conhecer a cidade pedalando no trajeto entre os parques, pois muitos deles sĂŁo integrados por ciclovias. Silvia Mara dos Santos Ramos, da assessoria de imprensa da Urbanização de Curitiba (URBS), conta como foi o projeto para transportar o modal nos Ă´nibus. “A ideia de incluir a bicicleta no transporte coletivo existe hĂĄ algum tempo e o que se busca sĂŁo formas de viabilizar esta proposta de forma a beneficiar quem usa a bicicleta, sem prejudicar os demais usuĂĄrios, ou seja, sem criar proble-

mas operacionais que possam causar transtornos ou atrasos para os demais passageirosâ€?. Para os ciclistas, trata-se de um grande avanço. Segundo o estudante Bruno Vilk, que jĂĄ utilizou a linha de turismo, e ĂŠ adepto a bicicleta, “agora ĂŠ possĂ­vel aproveitar mais o passeio. Todos os parques sĂŁo grandes e todos eles tĂŞm ciclovias, e hĂĄ tempo para andar por todos eles com as bicicletasâ€?. Mas a possibilidade de que outras linhas passem a transportar bicicletas ainda nĂŁo foi sinalizada. A prefeitura de Curitiba diz que os Ă´nibus nĂŁo tĂŞm estrutura e que causaria grande transtorno para os usuĂĄrios dos transportes coletivos. JĂĄ a URBS nĂŁo se manifestou em relação aos transportes pĂşblicos. A bicicleta em Curitiba ainda ĂŠ vista, majoritariamente, como objeto de lazer, mesmo com o nĂşmero crescente de pessoas que a utilizam no dia-a-dia, para ir ao trabalho ou faculdade. A atendente de telemarketing Priscila Monteiro conta como ĂŠ sua dificuldade de locomoção com a bicicleta, principalmente em dias de chuva. â€œĂ‰ complicado utilizar a bicicleta para vir todos os dias ao trabalho. Curitiba ĂŠ uma cidade imprevisĂ­vel em relação ao tempo. De manhĂŁ saio de bicicleta, mas quando chove tenho que ir embora de Ă´nibus e deixar a bicicleta no trabalho ou em algum amigo que more perto. NĂŁo tenho opção para leva-la pra casa.â€? Com relação Ă Linha de Turismo, a experiĂŞncia vem dando certo, informa a URBS, e pode, futuramente, ser ampliada para todos os Ă´nibus da frota.


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