Capital Jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário
da
Notícia Informativo que faz jornalismo comunitário em Curitiba.
Curitiba Dezembro de 2017
Edição Especial Impressa
Zona Leste
JOCKEY PLAZA
SHOPPING CENTER Novo empreendimento no bairro Tarumã irá provocar impactos em vários bairros da região. PÁG. 3.
LIXO EM TERRENOS BALDIOS PREOCUPA MORADORES DO
CAJURU
Pág. 5
ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ACOLHE PESSOAS CARENTES HÁ MAIS DE 20 ANOS Pág. 7
EDITORIAL
OPINIÃO
Nós queremos você!
Por Rafael Leite
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O curso de Jornalismo do UniBrasil Centro Universitário está com uma nova missão: buscar o que é notícia onde não vemos as notícias, onde a cobertura jornalística “tradicional” dificilmente consegue chegar. A Zona Leste, criada para localizar um conjunto de bairros, está no foco dos “focas”. Dentro disso, Bairro Alto, Cajuru, Capão da Imbuia, Jardim das Américas e Tarumã contam com uma equipe disposta a ouvir o cidadão, saber os problemas, ouvir o contraditório e dar voz. Notícias não são apenas ruins. Não precisamos de tragédias para retratar as necessidades e coisas que funcionam. Precisamos, sim, de participação. E é aí que a figura do nosso público alvo — moradores desta região e, porque não, das demais da cidade — é fundamental.
A missão do Capital da Notícia Zona Leste é ter o morador como foco, como ator principal dentro do seu contexto, da sua realidade. Mesmo ele sendo um morador de Curitiba e, com isso, suprido com as informações que chegam até ele, ainda assim existe um cenário mais complexo, mais próximo, a realidade de onde se vive, e é nessa que estamos interessados. Nesta edição, buscamos trazer as necessidades, as histórias desconhecidas e prestação de serviço. Esta é uma grande via de mão dupla: de um lado a população, que busca alguém que ouça aquilo que ela acha essencial para virar notícia, e do outro o estudante, que busca ter uma formação profissional mais sólida e a empatia necessária para lidar com o público.
Um ponto fraco no Capão da imbuia é a falta de mobilização política. Estamos há mais de 20 anos sem um vereador do bairro. Acredito que com representatividade e com dedicação de colocar no orçamento do município projetos que atendam toda a extensão do bairro iria ajudar muito. Só teremos um investimento adequado, como por exemplo infraestruturas viárias, se a gente pedir e cobrar. Fica difícil cobrar de vereadores que nem moram aqui. Infelizmente hoje muita gente vêm de outros bairros fazer o “nome” no Capão, mas não são moradores daqui, só estão de passagem. Acredito que novas pessoas vão surgir, com maior consciência política, e vão mudar esta história. Este projeto [Capital da Notícia Zona Leste] pode ajudar bastante. Existe uma diferença muito grande entre o Capão de cima [região central e próxima ao terminal Capão da Imbuia] e o de baixo [região da divisa com o município de Pinhais]. A estrutura poderia ser melhor,
as ruas, calçadas. Nasci perto do Conjunto Malibu e hoje moro aqui perto do Mercado Bandeirantes. Antigamente tínhamos um posto de saúde lá embaixo [próximo a rua Ayrton Senna, no caminho para Pinhais]. Hoje só o Iracema [na região central]. Não mudou quase nada em 30 anos. Mas a culpa é nossa. Cada um ficou na sua e faltou mobilização. A própria associação [de moradores] ficou anos abandonada. Estamos tentando revitalizar mas está difícil. Estamos com problema na documentação da sede. Pelo menos estamos tentando retomar algum trabalho. Pelo Facebook estamos respondendo a população, as demandas de infraestrutura estamos repassando para a regional. Buscamos agora criar uma logística para atender a população. Estamos aí para ajudar. Rafael Leite é professor de curso profissionalizante e secretário da associação de moradores do Capão da Imbuia. Foi candidato a vereador em 2014 pelo Partido Verde.
EXPEDIENTE UniBrasil Centro Universitário Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, Curitiba – PR - 82821-020 Telefone: (41) 3361-4200
Presidente: Clèmerson Merlin Clève Reitor: Sergio Ferraz de Lima
Pró-Reitora de Graduação: Lilian Ferrari Coordenadora do curso de Jornalismo: Maura Oliveira Martins.
Capital da Notícia Zona Leste: produto laboratorial do curso de jornalismo do UniBrasil Centro Universitário.
Editores e repórteres: Felippe Salles, Nycole Soares, Bruna Gazabin, Marielle Prestes, Joao Emanoel, Thaís Vieira, Anderson Meotti, Gabrielle Sversut, e Leonardo Gomes.
Facebook:/jornalcapitaldanoticia
Site: capitalzonaleste. wordpress.com/
Material integrante da disciplina de Redação Jornalística IV.
Professor responsável: Rodolfo Stancki.
Instagram:/Zonalestecuritiba Dúvidas e sugestões: jornalismo@unibrasil. com.br
MOBILIDADE
Jockey Plaza, novo empreendimento do Tarumã, trará mudanças no tráfego
Mesmo com as modificações já estabelecidas no trânsito local, congestionamento na Avenida Victor Ferreira do Amaral pode piorar com novo shopping e ainda não tem prazo para ser solucionado.
Com previsão de entrega para abril de 2018, o Jockey Plaza Shopping Center será a maior estrutura comercial do bairro Tarumã, na região leste de Curitiba. A novidade trará não só um novo local para os moradores frequentarem como algumas alterações em torno das ruas que darão acesso ao shopping. Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), todas as alterações já previstas são de responsabilidade do grupo de empreendedores que estão construindo o prédio e ainda não tem data para o início das obras que dependem exclusivamente dos prazos da edificação. Para atender a demanda do local, as principais alterações serão a duplicação e pavimentação das Ruas Konrad Adenauer e a Dante do Amaral (entre a Linha Verde e a ponte do Rio Bacacheri), para facilitar o escoamento dos veículos ao redor do Jockey Plaza que terá a entrada e saída pela Avenida Victor Ferreira do Amaral. Outra mudança que deverá ocorrer é a instalação de um semáforo na Rua Fúlvio José Alice, que será ligado à trincheira que está em construção no cruzamento da rua com a Linha Verde que tem como prazo de conclusão dezembro de 2017. Com essa alteração será possível ter acesso ao shopping pelo bairro Bacacheri. A Setran informou ainda que o projeto se encontra em processo de aprovação e que algumas mudanças podem e devem acontecer.
Polêmica
As mudanças que fazem parte do projeto de readequação do trânsito
Estabelecimento tem conclusão prevista para abril de 2018 e será o maior shopping do sul do Brasil.
com a construção do Jockey Plaza no Tarumã estão gerando inúmeras discussões em torno de questionamentos de moradores do Bairro Alto e do Capão da Imbuia que dizem estarem preocupados com essas alterações. O morador do Bairro Alto Celso Casagrande, 58, relata que a preocupação maior dos moradores é que terão que fazer uma volta maior para acessarem o bairro e a Victor Ferreira do Amaral. “Querem nos obrigar a tomar um rumo diferente para acessar a Victor, indo sentido norte e isso não é certo”. A solução segundo o comerciante Afonso Koval, 52, seria a construção de um viaduto na Rua Konrad Adenauer cruzando a Av. Victor Ferreira do Amaral. “Até mesmo uma trincheira ajudaria a criar menos problemas para nós que moramos há anos aqui”.
Sem previsão
O trecho que cruza a Av. Victor Ferreira do Amaral e a Rua Konrad Adenauer é o ponto que gera mais reclamações dos moradores dessa região. O grande fluxo de veículos principalmente em horários de pico
se dá por essas vias serem acesso para as cidades de Pinhais e Piraquara e também ao UniBrasil - Centro Universitário. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) informou por meio da assessoria de imprensa que existia um projeto para a construção de um viaduto entre essas ruas, mas que a ideia não avançou por se tratar de uma obra de alto custo. Ainda segundo o IPPUC o local é monitorado constantemente e o órgão está buscando meios para solucionar as demandas da região e principalmente dos moradores que utilizam o trecho todos os dias.
Estrutura do shopping
- 420 Lojas comerciais, com 18 lojas âncoras para atrair o público e 21 mega-lojas; - 2 Pisos; - 14 Escadas rolantes; - 11 Elevadores; - 4200 vagas de estacionamento.
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Foto: Reprodução/Tacla
Por Anderson Meotti
LAZER
Capão da Imbuia é o bairro com a menor área verde por habitante na capital paranaense Região conta com poucos espaços para atender a população. Moradores reclamam de abandono Por Felippe Salles Foto: Felippe Salles
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O bairro Capão da Imbuia, que conta com uma população de cerca de 20 mil pessoas, possui apenas uma praça e três jardinetes — locais de área verde semelhantes à praças — além do Bosque, que abriga o Museu de História Natural. As poucas áreas verdes concentram-se na região central do bairro, nas proximidades da Unidade de Saúde Iracema, e uma delas na região leste do bairro, na divisa com a cidade de Pinhais, o Jardinete Professor Rosário Farani, no final da Avenida Affonso Camargo. A empresária Leonice Batista, 35, já fez solicitações a prefeitura para que o jardinete passasse por manutenções. “Fiz um monte [de protocolos]. Se você vir em dia de chuva parece uma lagoa”, conta. Nos dias de chuva, há o acúmulo de água parada, que pode propiciar casos de dengue, lembra ela. Entre os pedidos de Leonice está também uma academia ao ar livre. A mais próxima dentro do bairro fica na Secretaria de Esportes, na rua Pastor Manoel Virgínio de Souza, quase 2 quilômetros de distância. Entretanto, na divisa com Pinhais há uma praça que conta com mais recursos, o que dá a entender que a administração da capital passou a tarefa para o município vizinho. Já a única praça do bairro, a Mansueden dos Santos Pru-
Número de lojas com anúncios de venda do ponto aumentou em Curitiba.
Jardinete Rosário Farani Mansur sofre com áreas de lazer deterioradas.
dente, ao lado do Bosque do Capão da Imbuia, conta com aparelhos ao ar livre, além de parquinho para as crianças e uma cancha de areia para futebol. Entretanto, a região não é tão tranquila. Enquanto crianças e adultos têm seus momentos de lazer, usuários de drogas compartilham o espaço, que conta ainda com uma escola municipal ao lado. Os outros dois jardinetes, o Guilherme Donatti e Francisca Toni Mathias, que são vizinhos e ficam na rua Nivaldo Braga, possuem parquinhos para as crianças, ou melhor, o que sobrou deles. Em alguns locais, a areia já foi ocupada pela grama. A Organização Mundial da Saúde recomenda que áreas verdes estejam espa-
lhadas pela cidade, e, consequentemente, pelos bairros. O Capão da Imbuia é o bairro com menor área verde por habitante, 6 m², quando o recomendado é 12 m². A prefeitura através da assessoria de imprensa afirmou que R$4 milhões já foram gastos neste ano com reparos em praças de toda a cidade, e que não há estudos para implantação de novas áreas no bairro. A Polícia Militar não respondeu a solicitação de informação.
Saúde
Com uma população na faixa dos 35 anos, o Capão da Imbuia segue na tendência de Curitiba em tornarse um dos bairros idosos da cidade. Locais de lazer e prática de exercícios são im-
portantes para se chegar bem na terceira idade. “A atividade física promove a melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, aumento da densidade óssea, melhora da utilização da glicose”, afirma a professora de educação física Isabel Martins, do portal CTEA (Centro de Traumatologia Esportiva e Artroscopia), em um artigo publicado em 2012. Em 2016, a pasta de meio ambiente da cidade contou com um orçamento de R$382 milhões, já em 2017 houve uma queda de R$20 mil. Já os recursos destinados à saúde em Curitiba não sofreram alterações, e conta com cerca de R$1,6 bilhão. A reportagem não conseguiu identificar como o orçamento do ano passado foi utilizado nas duas áreas.
SOCIAL
SAÚDE
Acúmulo de lixo em terrenos baldios preocupa moradores do Cajuru Departamento de Limpeza da Prefeitura de Curitiba diz que manutenção de espaços é responsabilidade do dono e não do governo municipal
Descaso com terrenos pode acarretar em doenças.
reportagem procurou a COHAB para discutir o problema por telefone e por e-mail, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. O problema maior parece ser comportamental. A dona de casa Nelma Belastro, de 52 anos, enfrentou uma experiência desagradável pelo acúmulo de lixo indevido em seu terreno no bairro. “Tive que me ausentar da cidade por motivos de saúde por uns meses e, quando voltei, meu terreno estava irreconhecível de tanto lixo que tinham jogado nesse meio tempo”. A Secretaria de Meio Ambiente pede que a população denuncie quem jogar entulho em locais irregulares. O ato pode render uma multa que pode variar de R$ 200 até R$ 50 mil. Segundo a assessoria do Departamento de Limpeza Pública de Curitiba, o ponto de lixo está em um terreno particular. Logo, a obrigação de manter o local limpo e murado é do próprio proprietário.
Serviço
A Prefeitura de Curitiba pede para os moradores entrarem em contato pelo telefone 156 para reclamações.
Por Redação
A Associação Paranaense de Apoio a Crianças com Neoplasia (APACN), localizada no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, recebe doações por meio do projeto “Nota Paraná”. Para doar, as pessoas devem recusar inserir o “CPF na nota” e depositar os cupons fiscais nas urnas espalhadas em estabelecimentos da cidade. A iniciativa não tem custo e contribui para melhorar a vida de várias crianças. Pessoas jurídicas também podem contribuir, pedindo para seus estabelecimentos receberem as urnas. Para mais informações, entre no site da entidade apacn.com.br/notaparana.
Pedal Cajuru agita ciclistas
Por Redação
Todas as quintas-feiras moradores e ciclistas se reunem na rua Pedro Bocchino, número 134, para fazer um passeio noturno pelas ruas do Vila Oficinas e Cajuru. A cada semana é feito um percurso diferente pelo bairro. A iniciativa é da Prefeitura de Curitiba, que iniciou o projeto em 2012. O Pedal Cajuru tem cerca de 130 ciclistas fiés. Nas terças-feiras existe também um “pedal médio”, para aqueles que já possuem familiaridade com o ciclismo, e nos sábados são os que já tem mais experiência. O percurso tem em média 17 km.
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Na maior parte dos bairros de Curitiba, a coleta de lixo normalmente é realizada de duas a três vezes na semana – sem contar os dias de recolhimento de resíduos recicláveis. Apesar de integrar esse cronograma, o Cajuru tem enfrentado um sério problema de acúmulo de lixos em terrenos baldios. Esses espaços se tornam antros para a proliferação de ratos e insetos, que colocam em risco a saúde dos moradores. De acordo com a plataforma Dados Abertos, da Prefeitura de Curitiba, entre junho e julho deste ano foram registradas 42 reclamações de problemas em terrenos baldios no Cajuru. A maior parte das solicitações pede limpeza nos locais por questões de higiene. Segundo o morador José Ribeiro, o problema é frequente na região porque muitas pessoas jogam entulhos, móveis velhos e até lixo doméstico em terrenos baldios. Os efeitos desse comportamento fazem parte da sua rotina. “Na Rua Sonia Wasilewski, em plena luz do dia, eu vejo ratos passando por ali. Isso pode trazer problemas de saúde para quem mora aqui perto, assim como eu”. Um terreno que é propriedade da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB) tem servido como um lixão a céu aberto. Localizado na Rua José Demeterco, no Cajuru, o local tem um visual descuidado. A grama está há muito tempo sem cuidados. Pedaços de plásticos, madeiras e dejetos de concreto estão espalhados. Carcaças de carros enferrujados aparentam estar lá há muito tempo. O espaço é um dos alvos de reclamação dos moradores do bairro. A
Foto: Bruna Gazabin
Por Bruna Gazabin
Paranaenses podem doar à APACN pelo Nota Paraná
CAPA
Moradores do Capão da Imbuia reclamam de demora no atendimento de unidade de saúde Inaugurada em 2007, UBS Iracema é a única da região. Prefeitura de Curitiba nega que existam filas no posto Por Thais Vieira
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ponibilidade dos médicos para atender a demanda do local. Na plataforma “Dados Abertos Curitiba”, mantida pela prefeitura, foram registradas 32 reclamações do local entre os meses de maio e julho de 2017. A dona de casa Cristina Santos, 56, que vive no bairro há 35 anos, conta que quando o posto ficava na esquina das ruas Clavio Molinari e Jorge Luis Della Colleta, o acesso para as pessoas que moram perto da divisa com Pinhais, onde ela mora, era mais fácil. Agora, que o posto fica na Rua Professor Nivaldo Braga, próximo ao Pinheirão, ela precisa pegar ônibus. “Quando chegamos, várias vezes não encontramos atendimento ou remédios”, reclama. Um dos problemas aponta-
Unidade Básica de Saúde Iracema é a única voltada para os moradores do Capão da Imbuia.
dos pelos moradores é que com a mudança do endereço, a UBS passou a atender moradores de outras regiões. Isso tornou o agendamento de consultas mais difíceis. Outra reclamação da população é que no primeiro dia do mês, as filas dobram de tamanho e as pessoas precisam chegar mais cedo para conseguir atendimento. A aposentada Maria Lima, 45, frequenta o posto e disse que no último dia 1º foi até lá para marcar uma consulta. Não conseguiu senha e foi orientada por uma atendente a chegar mais cedo no próximo dia. “Retornei no dia seguinte como fui orientada, mas, quando chegou a minha vez de ser atendida, a moça que estava distribuindo as senhas disse para voltarmos na sexta-feira o mais
cedo possível, pois o médico só atende oito pessoas por dia.” O Capital da Notícia Zona Leste questionou a Prefeitura de Curitiba sobre o tema. A resposta veio por uma nota assinada pela assessoria de imprensa, que disse que os moradores não precisam ir no primeiro dia do mês, mas fazem isso por uma questão cultural. O texto também ressalta que não há defasagem na equipe de funcionários, que conta com 50 profissionais, e que as consultas podem ser marcadas pelo aplicativo “Saúde Já Curitiba”. Na reunião do “Fala Curitiba” realizada no mês de junho, moradores do Capão da Imbuia apresentaram as prioridades do bairro para 2018. Uma delas é a implementação de mais uma unidade de saúde na região.
Foto: Thais Vieira
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Iracema é a única do bairro Capão da Imbuia. Inaugurada em 2007 com a promessa de atender até 14 mil pessoas por mês, o espaço hoje tem dificuldades para se livrar das filas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região possui cerca de 21 mil moradores. As reclamações incluem erros em fichas de pacientes e falta de remédios básicos, como paracetamol e outros analgésicos para dores de cabeça. A unidade de saúde é um dos alvos de páginas administradas por moradores do bairro no Facebook. Nas contas “Reclame aqui Capão da Imbuia” e “Capão da Imbuia”, pacientes reclamam do tempo de espera e da dis-
SOCIAL
Associação comunitária no Bairro Alto ajuda pessoas carentes há mais de duas décadas
Espaço é dedicado a atividades de costura e artesanato e atende cerca de quarenta mulheres da região Por Leonardo Gomes
também qualquer pessoa que precise de roupas, comida, móveis ou até mesmo moradia. Quem bate à porta de sua casa buscando ajuda, não sai de lá desamparado. “Cada pessoa que está comigo é como uma família, você passa a ser mais amigo da pessoa do que da própria família, então tudo que a pessoa precisa, tem necessidade a gente compra”, explica. Dona Niuza conta que a sua intenção vai além de apenas ajudar, ela incentiva as boas ações também por parte das outras pessoas. “Eu ensino elas a ajudar os mais carentes lá fora, por exemplo os haitianos, pessoas do Mato Grosso e de várias outras partes do país que muitas vezes vem sem nada e precisam de ajuda. Aqui a gente consegue fogão, colchão,
comida, casa, arrumamos tudo que eles precisam”. Integrante da associação há mais de dez anos, Maria da Silva destaca o trabalho feito por Dona Niuza. “Ela ajuda bastante gente que precisa, ela não sabe dizer não para ninguém, quem chega aqui e está precisando ela tira do armário e entrega. Tudo que ela faz aqui é em função de ajudar os outros”. Essa vontade de ajudar e acolher as pessoas surgiu depois da morte de umas das filhas em um acidente
“
Cada pessoa que está comigo é como uma família
”
Foto: Leonardo Gomes
Em uma rua estreita do Bairro Alto, em Curitiba, há um local tão tranquilo que poderia ser confundido com outras regiões da cidade. Mas é esse o lugar que abriga a Associação das Mulheres do Bairro Alto, criada há mais de 20 anos, com a missão de ajudar e transformar a vida de pessoas carentes. No espaço são realizados trabalhos como costura e artesanato, além de atividades temáticas em grupo. Os objetos produzidos pelas mais de 40 integrantes podem ser vendidos e com isso ajudar a complementar a renda famíliar dos envolvidos. São oferecidas ainda três refeições por dia para todos da comunidade. Niuza de Jesus Oliveira Simei, a Dona Niuza, fundadora da associação ajuda
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Foto: Leonardo Gomes
Niuza há mais de 20 anos cumpre promessa e ajuda de forma voluntária quem precisa.
de carro. Deixando duas crianças, Dona Niuza começou a tomar conta delas, mas naquele momento ela passava por um momento debilitado de saúde, o que a prejudicava e tornava difícil o cuidado das crianças e ao mesmo tempo o trabalho de diarista, com isso ela recorreu a orações. “Pedi a Deus saúde para cuidar dos meus netos e prometi que se ele me atendesse trabalharia o resto dos meus dias tanto para pobres quanto para ricos, sem pedir nada em troca”. A associação se mantém através de doações de parceiros, ou como Dona Niuza prefere chamar, os amigos. Além disso boa parte da renda vem da venda de estopas, produzidas pelas mulheres associadas. São promovidas ainda durante todo o ano algumas festas em comemoração à Pascoa, Dia das Crianças e Natal. Para colaborar com doações de roupas, alimentos, móveis ou qualquer outro tipo de ajuda é possível entrar em contato pelo telefone (41) 3053-5492 A associação fica localizada na Rua Rio Amazonas, 391, Bairro Alto, Curitiba.
ECONOMIA
Caem os preços de imóveis no Cajuru Estudo de aplicativo imobiliário aponta uma queda de 4% nos últimos 12 meses no bairro no valor de venda e aluguel. Região tem atraído pessoas que planejam economizar com a moradia
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O Cajuru está entre os bairros que tiveram queda mais significativas de preços dos imóveis. Segundo um estudo realizado pela plataforna virtual Imovelweb, em junho de 2017, nos últimos 12 meses houve uma queda de 4%, contemplando a inflação. O preço médio do aluguel de um apartamento na localidade, com dois dormitórios, 65m² e uma vaga, ficou em R$ 950, enquanto o de três dormitórios, com 95 m² e uma vaga, ficou em R$ 1.450. Além do Cajuru, bairros como Boa Vista, Bairro Novo e Cidade Industrial foram outros que tiveram quedas de preço no mesmo período. Os valores para locação e compra de imóveis possuem variações entre os bairros da capital paranaense. Segundo o estudo o bairro Barigui apresenta o metro quadrado mais caro da cidade, enquanto que o Campo de Santana é o mais em conta. De acordo Joyce Ribeiro, corretora na empresa Apolar Imóveis, os principais motivos da queda de preços são a quantidade de imóveis vazios e a crise econômica, que juntos, estimulam imobiliárias e proprietários a negociarem preços mais baixos. “Imóveis que demoravam cerca de três meses para serem alugados passaram a levar até o dobro desse tempo. Os donos preferem negociar e dar algumas vantagens aos inquilinos do que ficar com os bens fechados gerando despesas. ” Foi o que aconteceu com o estudante Matheus Souza, 24 anos, que morava na região central de Curitiba quando, em julho deste ano, decidiu que era hora de procurar um lugar mais barato para morar. Encontrou um apartamento que, além de corresponder as suas necessidades, tinha um preço
Foto: Gabrielle Sversut
Por Gabrielle Sversut
Momento é oportuno para aqueles que pretendem investir em um imóvel no Cajuru.
que cabia em seu orçamento. “Quando decidi que precisava me mudar, busquei bairros que tivessem preços mais em conta e que fossem de fácil acesso. Entre as opções que tinha, escolhi um apartamento no Cajuru”, conta. Na hora de fechar contrato, a negociação foi essencial. Depois de fazer algumas propostas ao proprietário acabou ganhou desconto no primeiro aluguel. Investimento
Além dos baixos preços de aluguel, o cenário no setor de compras também é oportuno para aqueles que pretendem investir em um imóvel
“
Quando decidi que precisava me mudar, busquei bairros que tivessem preços mais em conta
”
na região. “Devido ao número de ofertas, os preços por metro quadrado tem diminuído em algumas regiões de Curitiba. O bairro Cajuru tem sido um dos mais procurados da zona leste da capital. Esse é um bom momento para quem pretende comprar uma casa ou um apartamento”, explica Joyce. Roberta Freitas, 29, mora no Cajuru há 18 anos e passou a maior parte da sua vida no bairro. Com data marcada para o casamento, está a procura de uma residência para morar com o futuro marido. “Gosto da região. O meu plano é comprar um apartamento no bairro e continuar morando pelas redondezas. Vamos aproveitar que os preços, que estão mais em conta, e comprar um apartamento”, diz. Com a recuperação da economia, a expectativa é de que o setor imobiliário de Curitiba aumente a movimentação até o fim de 2017.
SOCIAL
Moradores do Cajuru têm dificuldades com terrenos em situação irregular Aproximadamente 50 áreas são consideradas irregulares no bairro, o que atinge cerca de 3 mil famílias Por Marieli Prestes
No Cajuru existem em torno de três mil famílias em áreas irregulares.
de casas como a de Vilma, que “invadem” a rua, seria necessário ocorrer uma desafetação, ou seja, uma redução do tamanho do terreno invadido para que as ruas estivessem com suas medidas consideradas dentro dos padrões. Segundo a moradora, órgãos como a Copel e a Sanepar também não estão dentro dos parâmetros nessas residências. “Estamos tentando resolver isso há muito tempo. Em nossa gestão na associação de moradores, estamos levando várias demandas em reuniões na Regional do Cajuru, traba-
lhando em conjunto com eles para tentarmos uma solução”. Há quatro anos, escrituras foram entregues apenas para uma parte dos moradores da região. Porém, muitos moradores que já haviam quitado as suas dívidas com a COHAB ainda aguardam pela entrega de suas escrituras. A reportagem entrou em contato com a COHAB e a assessoria de comunicação e marketing informou que o primeiro trabalho da instituição nos processos de regularização fundiária é levantar a documentação da área ocupada para saber se é pública ou privada. Em seguida real-
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/jornalcapitaldanoticia
izam-se serviços topográficos para definir a configuração da ocupação e, com base nos levantamentos, são elaboradas as plantas dos loteamentos. A continuidade do processo se dá com a identificação das famílias, cadastramento dos moradores e numeração das casas. Após aprovada e registrada a planta junto ao município, as famílias assinam um contrato para receberem as escrituras de propriedade, registradas em cartório. Esse documento comprova a posse do morador sobre o lote. Sem o processo de regularização, essas famílias não possuem garantia de permanência em seus imóveis.
/zonalestecuritiba
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Foto: Marieli Prestes.
Os habitantes do Conjunto de Moradias do bairro Cajuru enfrentam há anos problemas com a demora na regularização de seus terrenos e obtenção de escrituras. Em 2016 existiam mais de 200 mil imóveis em situação irregular em Curitiba. Aproximadamente 107 mil não possuíam alvará de construção. Um imóvel pode ser configurado como irregular por diversas situações, como construções em propriedades irregulares, invasão de propriedades particulares ou até mesmo com a invasão da construção no asfaltamento. No Cajuru, existem aproximadamente 53 áreas consideradas irregulares, o que envolve cerca de três mil famílias. Vilma dos Santos, dona de casa e também presidente da associação de moradores, reside na região há 39 anos e conta que sofre com a demora para a regularização de seu terreno. “Segundo informações da COHAB, os moradores daqui construíram suas residências em terrenos que ‘invadem’ as ruas. Cada família tem um caso diferente, o que provoca a demora na regularização e traz muitos transtornos para as famílias”. Para resolver o problema
COMUNIDADE
Hortas comunitárias no bairro Cajuru são uma nova opção para moradores obterem alimentos Alface, rúcula, escarola e ervas são alguns dos produtos cultivados no Canteiro da Cidadania Por Marieli Prestes
Na metade deste ano, o Cajuru recebeu a sua primeira horta comunitária em parceria com a prefeitura de Curitiba. O espaço está sendo cuidado e cultivado por 24 famílias da vila Oficinas e da vila Betel. As hortas são chamadas de Canteiros da Cidadania além de receber os cuidados dos moradores da região, técnicos agrônomos da Secretaria Municipal de Abastecimento, t a mbém irão realizar uma supervisão. O espaço, que atualmente ocupa uma área de mil metros quadrados, fica localizada ao longo da linha férrea que sai da sede de uma companhia de trens. Durante a construção, os moradores realizaram um mutirão no qual cada um participou conforme sua disponibilidade de tempo. Para os canteiros foram utilizados dormentes retirados da linha férrea e que foram cedidos pela
Foto: Marieli Prestes
10 Horta comunitária no bairro Cajuru.
empresa que cuida do local. Cercas também foram construídas para evitar a entrada de animais que possam prejudicar o bom andamento dos cultivos. O autônomo Manoel Alves da Silva é morador da região e participa ativamente da produção e dos cuidados com a horta desde a sua fase de construção. “Acho a iniciativa excelente. Além de aproveitar espaços ociosos que estavam servindo como depósito de lixo e que eram frequentados por usuários de drogas, servem também para fornecer à mesa dos moradores locais alimentos saudáveis”. Rodolfo Queiroz éresponsável pelo setor de agricultura urbana da Secretaria Municipal de Abastecimento e conta que atualmente na horta do Cajuru já se tem mais de quinze variedades plantadas entre verduras, legumes e ervas. “As hortas comunitárias de Cu-
ritiba não têm um objetivo principal. Para nós da secretaria, o principal objetivo é a produção de alimento e para os moradores vai muito além disso, como a geração de renda e também atividades terapêuticas”. A horta não atende todas as famílias do bairro e existe uma lista de espera, para que se houver a desistência de alguma família do seu canteiro outra possa plantar no lugar. Para participar da lista de espera, os moradores devem procurar pelo coordenador da horta. A primeira colheita da horta do Cajuru foi realizada no dia 22 de agosto e vários pés de alface, rúcula, escarola e ervas foram levadas para casa pelos moradores que ajudam nos cuidados e no plantio das especialidades. Atualmente Curitiba possui 24 canteiros da cidadania que beneficiam mais de 900 famílias. Nesses locais são construí-
dos canteiros e plantadas até mais de trinta variedades de verduras, legumes e ervas, que devem ter cuidados diários para que se tenha um bom desenvolvimento dos produtos. A associação de moradores do conjunto de moradias do Cajuru em parceria com uma ONG está testando uma horta comunitária de iniciativa própria. Ela está localizada no terreno de uma escola da região e ainda ocupa um espaço muito pequeno. Vilma dos Santos é presidente da associação de moradores e conta que no começo as crianças ganhavam mudas de verduras e legumes para plantar em casa, e depois disso um pequeno espaço dentro da escola foi disponibilizado para o plantio. Hoje, a horta recebe cuidados voluntários e o os alunos e seus pais levam os produtos colhidos para suas casas. O objetivo é que esse canteiro cresça cada vez mais para que se possa abrir para toda a comunidade participar.
BAIRRO ALTO
Buracos causam transtorno na rua Rio Jaguaribe Problema de pavimentação se estica pelo bairro e cidadãos cobram atitude da Prefeitura de Curitiba
Por Joao Emanoel
Moradores do Bairro Alto andam reclamando bastante da situação das ruas na região. Não é de hoje que buracos, vias malfeitas ou incompletas atrapalham a logística de quem precisa ir e vir pelos locais afetados. No caso da rua Rio Jaguaribe, o que agrava o problema é o fato de se tratar de uma rua que dá acesso à Albe-
rico Flores Bueno, uma das mais movimentadas do bairro, que possibilita a passagem para Santa Cândida e Atuba, além da BR116 e a cidade de Pinhais. O taxista Alexandre Henrique Melo conta que já atendeu passageiros que em dias de chuva optaram por deixar seus carros na garagem. “Já busquei vários clientes que
preferem não passar pelas ruas esburacadas por receio do estrago que elas podem causar nos seus veículos. Uma visita rápida ao local mostra que é mesmo muito complicado transitar pela Jaguaribe e por quase todo o Bairro Alto”, completa. Mecânico há 20 anos, Paulo Vertino Costa, alerta sobre o risco que os buracos em ruas malfeitas proporcionam aos
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Foto por: Joao Emanuel
Buraco na rua Rio Jaguaribe no Bairro Alto atrapalha moradores.
carros. “Existem certos tipos de carros que não são preparados para suportar grandes impactos, e as pessoas só tomam conhecimento disso quando precisam trocar as molas ou até mesmo o sistema de suspensão inteiro do automóvel” diz Leila Oliveira Sampaio, 39, bancária e moradora do bairro há mais de 10 anos, conta que a região nunca esteve tão abandonada como atualmente. “Não me lembro quando foi a última vez em que tentaram resolver o problema de pavimentação por aqui, já vi até motoqueiro caindo. Depois disso liguei para a prefeitura, mas ninguém apareceu. Parece que fomos esquecidos”, desabafa. Ao ser questionada sobre o assunto, a secretaria municipal de obras públicas, (SMOP), afirma por meio de nota que após algumas reclamações recentes já está elaborando um cronograma que visa a pavimentação de ruas por toda a região.
ECONOMIA
Feira do Capão da Imbuia oferece hortifrútis a um preço fixo para moradores da região Preço e qualidade dos produtos são o ponto alto da feira que movimenta os bairros da zona leste Por Nycole Soares Foto: Nycole Soares Foto: Nycole Soares
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A população do bairro Capão da Imbuia está sendo favorecida pelo programa Nossa Feira, da Prefeitura de Curitiba. O projeto tem como objetivo comercializar frutas, legumes e verduras ao preço fixo de R$2,29 o quilo. Criado em 2014 pela Secretaria Municipal do Abastecimento, o programa visa permitir o acesso da população dos bairros da cidade a produtos de qualidade e com preço baixo. Além disso, o Nossa Feira estimula a agricultura familiar, incentivando a organização de pequenas cooperativas familiares da Região Metropolitana de Curitiba. Os produtos são cultivados por agricultores familiares da Cooperativa Agrícola de Colombo (Cooacol), responsável por dez feiras, e da Cooperativa de Processamento e Agricultura Solidária de São José dos Pinhais (Copasol), que atende cinco feiras. A ação circula por 15 bairros da capital, alternando os dias da semana para cada região. No Capão da Imbuia, a feira
Os produtos são vendidos a preço único de R$2,29 o quilo
acontece às segundas-feiras, das 16h às 21h, na Rua Dra. Juracy Riquelme entre a Rua Frederico Stadler Junior e Rua Clávio Molinari. A Prefeitura de Curitiba fez um trabalho de seleção
das áreas onde o Programa Nossa Feira acontece. “Nós priorizamos regiões que tenham pouco comércio, pouca oferta e que são mais simples, onde a população precisa de acesso a esses alimen-
tos”, disse um assessor de imprensa da Secretaria de Abastecimento de Curitiba à nossa reportagem. O vice-presidente da Associação de Moradores do Capão da Imbuia, Rafael Leitte, afirma que o projeto é uma das iniciativas mais importantes para o bairro e atinge principalmente o bem estar da comunidade menos favorecida. “O local onde a feira é realizada foi muito bem escolhido, fica situado na região mais carente do bairro e possibilita que o morador tenha acesso semanalmente”. Os moradores do bairro sentem-se privilegiados pelo suprimento das demandas e entendem a iniciativa como um avanço da região. A relações-públicas Giane Dias, que é moradora do bairro e freqüenta o Nossa Feira desde que foi criado, aponta a repercussão do serviço: “Os produtos são excelentes, tem bastante variedade e é tudo fresquinho, por isso a fila é bem grande mesmo sem muita divulgação, apenas um vizinho que conta pro outro e assim ficam sabendo da feira”. A feira hortifrúti do Capão da Imbuia mobiliza moradores de diversos bairros vizinhos e a Prefeitura visa a implantação de mais sedes espalhadas por Curitiba.