Capital da Notícia - Zona Leste - 24 de março de 2008

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Capital da Notícia

ZONALESTE Edição 03 – 24 de março de 2008

Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UniBrasil

Abandono

BAIRROALTOCAJURUCAPÃODAIMBUIATARUMÃPINHAIS BAIRROALTOCAJURUCAPÃODAIMBUIATARUMÃPINHAIS

Foto: Yuri Michel Stelle

Estádio do Pinheirão completa dez meses desativado A Federação Paranaense de Futebol (FPF) vai deixar somente para abril a decisão sobre o destino do estádio. Enquanto isso, moradores e funcionários denunciam roubo de fios, pichação, depredações e utilização do terreno por usuários de drogas. O Centro Poliesportivo do Pinheirão foi lacrado em 30 de maio de 2007, por falta de segurança aos torcedores • Pág. 07

Foto: Luana Carvalho

O Tarumã conta a sua história na mesa do bar

Pinhais

Freqüentadores do tradicional Bar e Lanchonete Santos acompanharam pela porta do boteco a transformação de um pântano com apenas uma linha de ônibus em um bairro com mais de 7 mil habitantes. Entre uma sinuca e uma cerveja, aposentados, trabalhadores do Jockey e antigos moradores testemunham o recente desenvolvimento urbano do Tarumã, “com a tranqüilidade e a amizade que sempre existiu”. • Pág. 07

Bairro Alto

O menor município em área territorial no Paraná comemorou 16 anos de emancipação política no dia 20. Com população aproximada de 112 mil habitantes, Pinhais troca o perfil econômico exclusivamente industrial por serviços de segundo e terceiro setores.

O dia da mulher já dura mais de 20 anos para Nilza Jesus Oliveira Simei, presidente da Associação das Mulheres do Bairro Alto. A entidade trabalha a auto-estima das mulheres que se encontram deprimidas e com problemas pessoais.

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Binário Capão da Imbuia-Hauer altera fluxo de veículos e comércio no Cajuru

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Tem plasma no posto de saúde

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Correria, prazos, batalha contra o relógio, tudo isso faz parte da rotina dos repórteres do Capital da Notícia – Zona Leste. A semana é algo que parece ter menos do que sete dias e o tempo parece passar voando, aparentando ter muito mais do que 24 horas. Mas semana após semana lá estão os repóreteres na rua, depois de duas edições continuam vivos e fazendo o possível para que o jornal chegue a tempo nas mãos do leitor. Conciliar as disciplinas do período com as matérias do jornal, que agora é semanal, não é uma tarefa fácil. Tem lá seus problemas operacionais, que fazem parte, mas não prejudicam a periodicidade proposta e não desanimam os repórteres. É o primeiro trabalho efetivamente jornalístico de todos os envolvidos, com prazos rígidos, contato com fontes reais e limitações condizentes com a realidade profissional. Trazer à tona problemas dos bairros da Zona Leste e buscar respostas dos responsáveis pelo destino do dinheiro público investido pelo contribuinte, além de dar oportunidade aos moradores de expor suas denúncias ou reivindicações de melhoria na qualidade de vida. A aprendizagem é algo que se percebe durante o processo, mesmo que no prazo de um semestre, e a melhoria aparece com a prática acompanhada de reflexão e análise. O cuidado que se tem tomado é o fato de explorar ou testar formas variadas de narrar a vida da Zona Leste em si. E um dos recursos utilizados é a recuperação da história de vida de certos moradores, que fazem parte desses bairros e se destacam com detalhes de suas vidas que chamam a atenção do leitor e, quem sabe, treinam a nossa sensibilidade. Este jornal é uma produção feita inteiramente por alunos, até mesmo em questão de opinião. São cidadãos cientes de que estão lidando com situações de interesse público, e que têm o dever de abrangê-las de forma inequívoca, para a satisfação da população da Zona Leste. O respeito com você, leitor, é algo que está no topo da lista de prioridades desse grupo.

Caros leitores

erramos

Informamos que há dois erros de numeração de páginas na capa da edição passada do Capital da Notícia - Zona Leste. A paginação correta das matérias é: • Hospital atende somente emergências em Pinhais página 08 • Bairo Alto página 03

OMBUDSMANOMBUDSMANOMBUDSMAN

Editorial

24 de MARÇO de 2008

A legenda da foto do terminal do Capão da Imbuia, página 06, está errada. A correta é: • Falta de rampa de acesso impede deficientes físicos de embarcar no Inter 2. A todos, nosso sincero pedido de desculpas pelos equívocos.

Crescer com a experiência Louve-se a chegada da segunda edição semanal do CAPITAL DA NOTÍCI A! – ZONA LESTE, produto do esforço dos alunos do 4º período noturno do curso de Jornalismo da Unibrasil. Produto de “time”? Obra coletiva fundada na contribuição solidária de todos os colegas? Convido os próprios acadêmicos à reflexão. Quem sabe encontrem a explicação para o atraso que marcou o fechamento deste número, fato a se evitar no futuro. A pontualidade é inseparável do bom jornalismo. E assim também o respeito aos leitores. Renovo aqui a advertência feita na edição anterior pelo colega Felipe Harmata, para que se ouçam sempre os diferentes envolvidos nos fatos noticiados. Um jornal democrático não pode simplesmente abrir mão do contraditório. Uma matéria como a que expõe os problemas de atendimento no Hospital Nossa Senhora da Luz, em Pinhais, por exemplo, não poderia deixar de interpelar as autoridades municipais, em especial o secretário da Saúde ou o próprio prefeito. As dificuldades de acesso para as estações tubo do Capão da Imbuia, no caso de portadores de necessidades especiais, justificam igualmente a oitiva dos responsáveis pela manutenção daquele espaço público. E o mesmo vale para a matéria do córrego que vem erodindo a Avenida Augusto Garret, para risco dos que transitam nas imediações do Colégio Paulo Leminski, no Tarumã. Neste último caso a reportagem informa que os contatos com os responsáveis ocorreram, mas que estes se limitaram a relatar que não há, ainda, um projeto de melhoria para o trecho em questão. Faltou nomear estes agentes públicos, comprometê-los explicitamente. A singela a literação do título “Rua rio abaixo” não fa z justiça a esta matéria de primeira página, ilustrada por fotos que não chegam a revelar a grav idade do caso (ta lvez as imagens pudessem ter sido melhor captadas da margem oposta do córrego), que está longe de apenas “conturbar” a passagem de carros e pedestres. As fotos que “ilustram” a reportagem sobre o Hospita l de Pinhais são menos conv incentes ainda: não há imagem das “extensas filas” denunciadas no texto, não há imagem que documente as a ludidas precárias condições de higiene do lugar, ou das sa las ociosas que contrastam com tanto desamparo. No caso da matéria que trata do termina l do Capão o problema não é de foto, mas de legenda trocada. “Supermercados adotam sacolas ambientalmente corretas”, boa reportagem da página 3, logo de início confunde “projeto de lei” (que é ainda mera intenção) com “lei” (fato consumado, criador de direitos e deveres), além de limitar o problema ao âmbito estritamente municipal. Explico. Já está em vigor, em Curitiba, a lei que obriga a substituição das sacolas dos supermercados. Não é, pois, simples projeto. Faltou apurar como anda a questão no plano estadual. Faltou ouvir, quem sabe, o presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, levantandose como anda a discussão dos projetos similares que tratam do assunto naquele Poder, com alcance estadual. Quais serão os motivos para este atraso? Uma pequena nota da página 4, intitulada “Política”, mereceria escandalosa chamada de primeira, posto que quase duas centenas de pesquisados no Cajuru confessam, alguns com aparente orgulho, o mais completo descaso para com os assuntos políticos. Até mesmo um advogado e uma professora, quem diria. Aprofundem o exame da rasa cidadania nas próximas edições, mesmo porque este é um ano eleitoral. De resto, a “viajante” matéria da quinta página se expressa ora em primeira pessoa do singular, ora em primeira do plural, sem chegar a cumprir com a sua aparente pretensão literária. Vale como exercício, em todo caso. Recomendo, ainda, maiores cuidados com a revisão dos textos, inclusive os títulos. Por fim, parece-me no mínimo temerário ousar a previsão semanal do clima sabidamente louco de Curitiba. Se as previsões diárias já não costumam acertar... Bem, em todo caso, parece que no feriado de sexta o tempo será de “panacadas esparsas”. Previsão do tempo para a semana

Seg 24/03

Ter 25/03

Quar 26/03

Quin 27/03

Sex 28/03

Sab 29/030

Dom 30/03

16/22º 16/22º 16/24º 17/27º 16/24º 16/23º 16/21º Pancadas

Pancadas

Parcialmente nublado

Trovoadas esparsas

Pancadas

Pancadas

Pancadas

• Fonte: canaldotempo.com

EXPEDIENTE: O jornal Capital da Notícia Zona Leste é uma produção semanal dos estudantes do 4° período noturno do curso de Jornalismo da UniBrasil. O jornal circula nos bairros Tarumã, Capão da Imbuia, Cajuru, Bairro Alto e no município de Pinhais. A coordenação é do professor Msc. Rafael Schoenherr. O projeto gráfico foi criado por Adriano Valenga Carneiro. Contamos com um Conselho Editorial fixo, formado pelos professores Felipe Harmata Marinho, Paulo Camargo, Ana Melech, Thayz Poletto, Sandro Juarez e Luiz Alberto Kuchenbecker. A partir desta edição, lembraremos que também participam como conselheiros os professores Victor Folquening e Maura Martins, sempre atentos e dispostos a conversar sobre o que produzimos. Também nos auxiliam gentilmente os jornalistas convidados Gladson Angeli (Gazeta do Povo Online) e Joelma Ambrózio (Ciranda). A coordenação do curso é da professora Msc. Maura Martins. Contatos podem ser feitos pelo telefone 3361-4259 ou pelo email capitalzonaleste@unibrasil.com.br. Nossa circulação é direcionada e, por isso, imprimimos semanalmente 600 exemplares.


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bairro alto

Dona Nilza, a mãe de todos A presidente da Associação das Mulheres do Bairro Alto completa 20 anos de serviços

Perfeccionismo, carisma, disciplina e pura simpatia são algumas das características do perfil de Dona Nilza Jesus Oliveira Simei, presidente da Associação das Mulheres do Bairro Alto. Ela é conhecida como a mãe de todos. Dona Nilza começou bem cedo a traba lha r na área socia l, fora m 19 a nos fa zendo assistência como voluntár ia no ba ir ro, onde reside há ma is de duas décadas. O ser v iço em favor dos ma is necessitados lhe rendeu a idéia de cr ia r uma associação, pois dessa for ma fica r ia ma is fácil atender a todas as pessoas com problemas - as doações, o contato com a Prefeitura e com o Gover no ser ia m ma is acessíveis. E esse sonho de ter uma associação se tornou realidade há

CNZL: Quais os tipos de serviços prestados no bairro? Dona Nilza: Todos os projetos da associação não beneficiam só os moradores do Bairro Alto, mas também trabalhamos com doações em outras regiões da cidade, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba. O nosso trabalho é conhecer a fundo qual é o problema pelo qual a pessoa que veio nos pedir ajuda está passando, então fazemos uma análise da situação e só depois disso decidimos se essa pessoa realmente precisa de alguma ajuda do tipo cesta básica, vale gás ou outra. Você não pode fazer as coisas superficialmente, aqui na associação

quatro anos. Mas ela só conseguiu concretizar o projeto à custa de muita luta, determinação e prin-

“Porque é muito fácil fazer uma doação de uma cesta básica, de uma caixa de leite e pronto, já fiz a minha parte. Agora eu queria ver as pessoas trabalhando de verdade umas pelas outras...”

cipalmente com a ajuda de amigos, os quais chama de colaboradores,

eu acompanho cada família que recebe algum auxilio e quando vejo que essa família já está pronta para encarar a realidade nós começamos a trabalhar de outra forma, mostrando então que ela pode vencer sozinha. Tudo que acontece no bairro eles me procuram e eu nunca deixei de atender nenhum tipo de pedido. Também visitamos os doentes da região, levando remédios e outros medicamentos. Atendemos as crianças carentes com doação de roupas, leite e material escolar e ainda incentivamos os adolescentes da região a estudar e quando alguém tem dificuldade de conseguir um emprego a associação dá um jeito de ajudar de alguma forma. Eu sempre falo com as mulheres que trabalham comigo que, para trabalhar aqui dentro tem que ter determinação, gostar muito disso e principalmente dar muito carinho e atenção às pessoas que nos procuram, essa é a minha receita para ganhar a confiança dos moradores e

pessoas que acreditaram na sua idéia e no seu otimismo. A Associação das Mulheres do Bairro Alto trabalha a auto-estima das mulheres da comunidade que se encontram deprimidas e com sérios problemas pessoais. A entidade ainda faz toda a parte de assistência social, como doações de cestas básicas para as famílias carentes, leite para as crianças mais pobres da região e visitas especiais nas casas dos doentes. A Associação promove ta mbém festas beneficentes, cursos de especia lização pa ra as mulheres e feiras, onde podem expor e vender os produtos fabr icados pa ra aumenta r a renda da entidade e continua r o ciclo de produção dos projetos. Daya ne de Oliveira

então poder ajudá-los. CNZL: E sobre os projetos da Associação. Quais são os que dão mais lucros? Dona Nilza: Bom, eu não gosto de trabalhar com dinheiro, porque a pessoa que começa a pensar em dinheiro acaba, mais cedo ou mais tarde, se tornando egoísta e aí deixa de ser um trabalho social. Aqui todo o lucro arrecadado com os trabalhos feitos pelas mulheres, volta para a associação para compra de mais material para ser investido nos cursos. Todos os cursos ofertados são totalmente gratuitos e não há nenhuma restrição, é aberto a todos que quiserem participar. As atividades são mais voltadas para as mulheres, como tricô, crochê, bordado entre outros. Mas há dois anos começamos um projeto que é o sucesso da associação, curso de sabonete artesanal. O projeto, batizado de Simbiose, é uma parceria com a Faculdade Facet, que apostou na

Foto: Dayane de Oliveira

prestados aos mais necessitados e devolve auto-estima às mulheres

Nilza Jesus Oliveira Simei preside há quatro anos a Associação das Mulheres do Bairro Alto.

nossa capacidade. Todos os sábados, das 13h às 18h, o professor da própria faculdade vem até a associação para realizar a atividade. O curso tem certificado e algumas das alunas já estão vendendo os sabonetes e trabalhando por conta própria. Ou seja, o projeto ensina a produzir o artesanato e depois a aluna pode usar isso como um trabalho autônomo, e esse para mim é o melhor resultado.

e dos vereadores da nossa região consegui mostrar ao Governo que o meu trabalho é um trabalho sério, que não é nenhuma brincadeira. Agora quando preciso de alguma coisa sou prontamente atendida, porque eles viram que realmente trabalhamos na associação, mas no começo foi muito difícil.

CNZL: E da onde vêm a ajuda? A Prefeitura e o Governo ajudam ou a senhora tem que correr atrás das doações?

Dona Nilza: Olha, eu me sinto muito feliz com o resultado desses 20 anos de trabalho, mas ainda há muito a ser feito. Eu amo o meu trabalho e quero realizá-lo por muito tempo ainda. E o que eu quero é, cada vez mais, trazer mais pessoas para trabalhar comigo e somar os objetivos. É muito fácil fazer doar uma cesta básica, uma caixa de leite e pronto, já fiz a minha parte. Eu queria ver as pessoas trabalhando de verdade umas pelas outras, conhecer as famílias que estão ajudando.Só assim poderemos melhorar a nossa realidade.

Dona Nilza: A maior parte da ajuda vem de amigos que são voluntários dentro da Associação e os colaboradores que estão sempre à nossa disposição - esses ajudam de verdade. Antes, quando eu precisava de alguma doação urgente, tinha que correr na Prefeitura e no Governo para ser atendida. Mas agora é diferente, pois através do FAS (Fundação de Ação Social)

CNZL: A senhora já se sente realizada, ou ainda falta algo para completar?


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CAJURU Violentas contradições Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o número de homicídios neste ano em Curitiba é praticamente o dobro em relação à media mensal de 2007. Nesse ritmo, a capital pode chegar perto dos mil homicídios até o fim do ano. Mas dados do Grupo Auxiliar de Planejamento (Gap) da Polícia Civil comprovam que a taxa de homicídios dolosos em Curitiba foi maior na década de 1990 do que nos últimos cinco anos. Nos 13 anos retratados na tabela da Polícia Civil, vê-se, por exemplo, que em 2004 foram registrados 472 homicídios, exatamente o mesmo número de 1995. Entretanto, a população curitibana em 1995 era de pouco mais de 1,3 milhão de habitantes. Em 2007, Curitiba atinge a marca de 1,8 milhão de habitantes - ou seja, 36% a mais. A Secretaria da Segurança já colocou em prática a estratégia de “congelar” as áreas onde acontecem os homicídios. De acordo com o Geoprocessamento, cinco bairros da capital - CIC, Sítio Cercado, Tatuquara, Uberaba e Cajuru - concentram 60% dos homicídios registrados em Curitiba, embora representem apenas 30% da população da cidade.

Foto: Dennis Julian Chyla

Cadastro de famílias da Vila Autódromo

A rua que antes era de terra agora está pavimentada e sinalizada, a única reclamação é a falta de faixas para estacionar.

População avalia impacto do binário Três meses após a finalização das obras e entrega da trincheira que liga os bairros Jardim das Américas e Cajuru, o que mudou na vida do bairro? Quais foram os principais beneficiados e prejudicados? A mudança no tráfego após a inauguração da trincheira que liga as ruas Rodolfo Senff, nos fundos do Shopping Jardim das Américas, e Reinaldo Issberner, do outro lado da rodovia BR-277, já no bairro Cajuru, trouxe alterações na rotina de moradores e comerciantes. A lgumas positivas, outras nem tanto. A obra, concluída em 14 de dezembro de 2007, faz parte do binário Capão da Imbuia-Hauer, que liga praticamente em linha reta, 9 km entre os dois terminais. Entre os principais beneficiados estão 85 mil passageiros que são transportados em 30 linhas de ônibus que passam pelo local todos os dias, incluindo a linha Inter 2, uma das principais da cidade. A vantagem é a otimização do tempo. A obra, orçada em R$ 9,7 milhões, foi financiada parcialmente pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “A impressão que tenho é que o movimento aumentou. Mas pelo menos está fluindo, sem congestionar”, comenta o motorista da linha Inter 2, Jouglas Miguel Neves, 42, há três anos nesse trajeto. “O nú-

mero de veículos aumentou sim”, confirma Caio Furnes, 45, farmacêutico e comerciante local. “Mas acho que se deve ao escoamento do trânsito devido às obras na BR-116, se não tivesse o novo sentido duplo das trincheiras, estaria um caos”, pondera. A ntes da obra o movimento era intenso na rua Marcos Smanhotto. “Pela manhã e na hora do almoço sempre havia congestionamento”, conta Lurdes Maria Zagonel, 53, corretora de imóveis. “A obra solucionou esse problema”. As principais reclamações sugiram de comerciantes. Nas ruas que perderam movimento de veículos, as vendas caíram proporcionalmente. “São mudanças que acontecem e não podemos fazer nada, além de deixar de ganhar, existe uma queda no valor do ponto (imóvel) e o crescimento de concorrentes nas ruas que ganharam movimento”, lamenta o comerciante Airto Colaço, 42, caixa de um posto na rua São Vicenti Palloti. “Ainda não pudemos calcular o prejuízo, acho que em um ano teremos um número, por enquanto chuto uma

queda de 30%”. O senhor Marcos de Souza, 48, dono do bar na esquina da rua Reinaldo Issberner com a Miguel Caluf, comenta que antes da obra essa rua era de terra. Sua única queixa é que não planejaram faixas para estacionar e com isso seus clientes foram prejudicados. Outras reclamações surgiram dos moradores da Vila Cajuru. Com a mudança do tráfego da rua Luiz França, o local ganhou todo o escoamento, incluindo ônibus e caminhões. O projeto das vias gerou uma cur va acentuada e em declive na esquina das ruas Prof. Nivaldo Braga com a Miguel Caluf e os moradores temem por acidentes. “Se um ônibus ou um carro descer desgovernado, e se perder na cur va, vão voar por cima de nossas casas, não há mureta que agüente”, comenta Gláucio Comba, 27, mestre de obras. Outras reclamações surgiram devido à falta de sustentabilidade do solo, prejudicado com as mudanças. “O chão treme bastante e acho que não demora muito para surgirem rachaduras nas paredes”, diz Leonor Pacinski, 36. Dennis Julian Chyla

A família de Neuza de Paula e Carlos Antonio da Silva vive ao lado da linha férrea na área conhecida como vila Autódromo, no Cajuru. Segundo Carlos, os problemas variam entre “não tem rua oficial passando na frente da casa, não tem luz, não existe coleta de lixo, falta esgoto e o carteiro não chega”. A companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) está cadastrando as famílias que vivem em situação semelhante à da família Silva. Duas equipes de assistentes sociais e estagiários, num total de 20 pessoas, percorrem as ruas para numerar as casas e entrevistar os moradores. O trabalho faz parte do projeto de intervenção na vila e pretende beneficiar cerca de 200 famílias. Os moradores serão reassentados em loteamento a ser criado na mesma região.

Parque Linear do Cajuru passa por reforma O Parque Linear do Cajuru, às margens do rio Atuba, passa por uma reforma geral. O parque conta com 104 mil metros quadrados divididos em cinco canchas de vôlei, seis canchas de futebol de areia, parquinho infantil, mesas de jogos e ciclovia. A reforma é feita por equipes das secretarias municipais de Obras, Meio Ambiente e do Distrito de Manutenção Urbana da Regional Cajuru. O parque foi construído num local onde viviam 120 famílias em situação de risco, que foram transferidas para uma área urbanizada no mesmo bairro. “A criação do Parque Linear atende a duas funções. Uma delas é preservar a faixa de drenagem do rio e evitar novas ocupações na área. A outra é oferecer à população local um alternativa de lazer e recreação”, diz o administrador regional do cajuru, César Ferreira Filho.

Morte misteriosa na madrugada Edison Maurício da Silva, 22 anos, foi assassinado na rua Desembargador Antônio Franco Ferreira da Costa, perto de sua casa, no bairro Cajuru. Segundo informações da Delegacia de Homicídios, durante a madrugada do dia 16, pessoas que moram na região onde aconteceu o crime ouviram três tiros e o som de uma motocicleta. Com a chegada dos policiais militares, constatou-se que Edison usava uma pulseira de identificação de uma danceteria do bairro Rebouças, indício de onde o rapaz teria supostamente passado a noite.

Previsão de obras nas ruas do bairro A Prefeitura Municipal de Curitiba está realizando a pavimentação e a revitalização de 41,3 quilômetros de ruas em diversas regionais da capital. Entre elas, a do Cajuru é a mais beneficiada. No total serão asfaltadas 28 ruas, totalizando 4.650 metros. A pavimentação da rua Oscar Schrappe Sênior, como exemplo, irá atender a mais de dez anos de pedidos da comunidade. A Prefeitura forneceu uma lista com os nomes de algumas das ruas que estarão em obras: avenida Florianópolis, rua 2, Arsênio de Azevedo, Assma Karam, Comendador Dr. João Manoel da Cunha, Egito, João Getúlio, José Fabiano Barcik, Lauro Pastre, Miguel Caluf, Teodoro Alves, Teófilo Otoni. O canteiro de obras inclui ainda as travessas A, G, 1, 2, Bom Jesus, Carmelina, Curitiba, Dalvina, São Sebastião. Entre as obras previstas está o recapeamento na avenida Florianópolis entre as ruas Natal e Luiz França. Serão substituídos 800 metros do antigo asfalto pela colocação de um novo pavimento. A Prefeitura irá investir neste empreendimento R$ 300 mil. A solicitação do serviço partiu de uma emenda parlamentar apresentada por um vereador.


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Especial

Plasma para aguentar a espera Moderna unidade 24 horas do Cajuru enfrenta problemas típicos de ‘postinhos’ de saúde, como demora de mais de uma hora no atendimento

A consulta Resolvemos acompanhar um usuário que chega para ser atendido às 17h30 com fortes dores de cabeça e garganta - ele não se mostra muito disposto a conversar, pois não se sente bem. Fala apenas que podemos lhe acompanhar e que não quer ser identificado pelo nome. Baixo, magro, calça jeans e camiseta preta, 41 anos e muito calado. Ele passa pela verificação e é encaminhado para uma préconsulta com as enfermeiras. Volta à sala de telev isão onde aguarda por 1h10 para aí sim ser atendido pelo clínico geral. Aprox imadamente 20 minutos de atendimento. Ele sai e descobre que está com uma v irose, que deve ser tratada para não se transformar numa gripe forte ou até em pneumonia. Ele sai chateado, pois vai ter que gastar com remédios, mas feliz por não estar sentindo as dores que sentia antes.

Após identificação no balcão de atendimento, os usuários aguardam chamada para consulta no painel eletrônico.

Fotos: Erick Nelson

Após um 'tour' do centro ao Bairro Alto, as expedições pela Zona Leste continuam. Nesta terceira edição do Capital da Notícia, resolvemos embarcar em outra viagem. Dessa vez, para um lugar onde se fica, em geral, muito tempo parado - o que não significa que seja um local sem movimento. Ninguém faz essa 'peregrinação' por lazer. Na verdade, evitamos ao máximo tal destino. Mas é difícil que algum morador da região nunca tenha precisado ir ou levar alguém da família ao Centro Municipal de Urgências Médicas Cajuru (CMUMC). Trata-se da única unidade de saúde da Zona Leste com atendimento 24 horas. Quando nos encaminhamos ao local da reportagem, no final da tarde de terça-feira (18), nuvens cinzas cobriam o céu. E a ameaça de chuva parecia dificultar ainda mais a vida dos usuários, afinal quando se fala em saúde pública imagina-se muita gente doente, correria, pessoas chorando de dor. Um caos total como normalmente acontece nos postos 24 horas de Curitiba e de todo o Brasil. Chegando ao CMUMC, percebemos que muita coisa tinha mudado, tanto na estrutura do lado de fora, quanto na organização do lado de dentro. Encontramos pessoas doentes sim, pois afinal é uma unidade de saúde, mas não vimos grandes filas e nem ninguém gritando de dor. Na entrada do posto, portas de vidro proporcionam a luz natural, tornando o ambiente mais agradável e leve. À direita fica a sala de espera com suas enormes janelas, várias cadeiras, um painel eletrônico e um televisor de última geração. À esquerda, os vários consultórios e um guarda municipal responsável pela segurança do local A estrutura mudou em relação aos postos mais antigos, todo o sistema de consultas está informatizado. Ao chegar para ser atendido, o cidadão passa por um balcão onde se identifica e é encaminhado para uma sala onde aguarda até ser chamado. Há uma televisão de plasma 42 polegadas para ajudar o tempo passar mais rápido. Curiosamente, assiste-se a uma novela um tanto fora da realidade daqueles que ali estão. O monitor divide a atenção de enfermos espectadores com um painel eletrônico com os nomes dos médicos e dos pacientes que estão sendo atendidos naquele momento. O painel sinaliza quando um novo paciente é chamado. Ninguém fica gritando o nome do próximo doente a ser atendido, como seria possível imaginar. As cadeiras não são das mais confortáveis para alguém com mal-estar, mas são melhores do que os banquinhos que existem em outros postos de saúde ou do que ficar esperando em pé.

O Centro de Urgências Médicas do Cajuru funciona 24 horas por dia e conta com nove médicos de plantão.

Artimanhas X Enfermeiras O CMUMC tem seus pontos bons, como já falamos acima, mas tem seus pontos negativos também, pois em dias de maior movimento a espera para ser atendido pode chegar de duas a três horas, sendo um absurdo para quem espera e algo corriqueiro para quem ali trabalha. Conversamos com a funcionária Joelma Baptista, que nos explica que todo mundo acha que sua doença é a pior de todas e que todos querem prioridades. "Tem uns que vêm correndo lá de fora e quando chegam aqui não conseguem nem andar só para tentar ter prioridade. Tem umas mulheres que sabem que nós colocamos na frente da fila quem tem cálculo renal e elas sempre quando vêm aqui falam a mesma coisa só para ter a prioridade. As pessoas que estão na espera ficam bravas quando colocamos uma pessoa de idade como prioridade, falta educação para os usuários". Joelma é auxiliar de enfermagem e está na recepção porque há um rodízio entre os funcionários para não se estressarem e aquela era a semana dela na 'linha de frente' do atendimento. Em um ambiente novo e limpo, o Centro de Urgência Médicas do Cajuru funciona 24 horas por dia e conta com nove médicos de plantão, sendo cinco clínicos gerais, dois pediatras e dois para emergências. O ser viço pode contrastar com a realidade de diversos outros postos de saúde. O ponto em comum, no entanto, está nas reclamações – a maior parte delas sobre o tempo de espera em frente à TV de plasma. Erick Costa Lucas Rufino



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tarumã

Tarumã de todos os santos Freqüentadores do bar Santos testemunharam o desenvolvimento recente do bairro, a chegada do asfalto e do transporte coletivo recanto dos idosos e o colégio das freiras”, atual prédio da UniBrasil. Ela faz menção à pouca quantidade de moradores na época. Para se ter uma idéia, a população do bairro hoje é estimada em 7.045 habitantes, o que equivale a 0,44% da população curitibana. Os dados são do Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IPPUC (Instituto de Pes-

“Tinha grandes banhados e lugares pra animais de tração, não existia quase nenhuma casa e era muito perigoso caminhar por causa dos pântanos existentes antigamente”.

quisa e Planejamento Urbano de Curitiba). A ta xa de crescimento anual da população do Tarumã entre 1996 e 2000 foi de 0,748. Severina lembra de como fazia para sobreviver, teve uma banca de doces e salgados por quase três anos, e assim, levantou recursos para abrir seu próprio comércio em meados de 1991. Indagada sobre seus melhores clientes, comenta:

“o pessoal do Jockey aparece aqui todo dia, eles basicamente sustentam meu bar, sempre pedindo aquela cachaçinha e aquela cer veja bem gelada, mas tenho clientes tão bons quanto eles”, sorri. A única coisa de que sente falta é de briga entre bêbados, “faz tanto tempo que não vejo uma por aqui, é legal porque sempre os dois caem e ficam abraçados depois”. Segundo o domador de cavalos Demério Mendes, morador do Tarumã há mais de 40 anos, o bairro “tinha grandes banhados e lugares para animais de tração, não existia quase nenhuma casa e era muito perigoso caminhar por causa dos pântanos existentes antigamente”. Questionado sobre o progresso presenciado por ele, comenta que “foi essencial, porque antes o bairro era desprezado e os moradores esquecidos, foi uma benção o incrível desenvolvimento, e por sorte, acompanhei a maioria deles”. O aposentado Adalberto Torres, morador há dez anos, afirma que “tem saudades do cheiro da água misturada com o mato, e desde que foram plantados eucaliptos para sugarem a água, nunca mais tive essa sensação, mas lógico que a região ficou maravilhosa, e com a tranqüilidade e amizade que sempre existiu no Tarumã”. José Rodrigues da Silva Neto

O Bar e Lanchonete Santos, na rua Konrad Adenauer, acompanhou o crescimento do Tarumã.

Fotos: José Rodrigues da Silva Neto

O desenvolvimento do bairro do Tarumã aconteceu somente a partir da chegada do Jockey Clube do Paraná, em 1955. A partir de então, começou a receber algum tipo de infra-estrutura, como saneamento e água encanada. Até o início da década de 90, a situação ainda era precária, com ruas de terra e falta de transporte público. Quem ajuda a contar um pouco dessa história são os freqüentadores do Bar e Lanchonete Santos, localizado na Konrad Adenauer, hoje uma das principais vias do bairro. Difícil não encontrar movimentação na pequena porta do botequim dia e noite durante a semana. Segundo a comerciante e proprietária do bar, Severina Santos, moradora do bairro há 20 anos, as coisas já foram diferentes. “Havia apenas uma linha de ônibus, o Higienópolis, e parava na antiga Cer vejaria A ntarctica, era um sacrifício, tinha que andar por uns dez minutos na poeira”. Com o passar de alguns anos e a vinda de importantes empreendimentos como o Cemitério Vertical, a sub-sede do Paraná Clube e a UniBrasil, a região foi crescendo e recebendo condições adequadas para uma vida digna não apenas aos moradores, e sim a todos que necessitam vir ao bairro. Quando veio morar no Tarumã, Severina conta, “os vizinhos dela eram o

Freqüentadores do bar, localizado ao lado do Jockey, contam a história do bairro.

Desde que foi lacrado, em maio de 2007, o Centro Poliesportivo do Pinheirão causa problemas aos v izinhos. Segundo os moradores da região, o motivo é o abandono pela Federação Paranaense de Futebol (FPF), órgão que administra o estádio. O espaço também v irou o ponto de encontro de jovens que fa zem uso de drogas e deterioram o patrimônio. Parte da vizinhança do estádio relata que alguns jovens aproveitam a noite para pixar os muros e fazer outros atos ilícitos. “Eles ficam bebendo, gritando, usando drogas, acho que até já entraram lá”, disse a dona de casa Leonora Pereira da Silva. O au x ilia r de limpeza da FPF, Va ldecir Dias de Ca r va lho, in for ma que ex istem dois v igias notur nos, que reveza m entre si a esca la, mas que não dão conta, pois não a nda m a r mados. “Tem gente que vem a í até de dia, pa ra leva r os fios de luz. Às vezes o pessoa l vem até a r mado. Ta mbém já

entra ra m lá dentro e quebra ra m o vestiár io”. Para o f lanelinha Lauro A ntônio do A maral, o fechamento do Pinheirão prejudicou quem trabalhava com o comércio ambulante em dias de jogos. “Sempre que tinha jogo eu tava lá, cuidando dos carros. Era uma graninha a mais e a maioria do pessoal aí, que vendia o seu pão, saiu perdendo com isso”, Lauro hoje cuida de carros ao lado do Detran. O v ice-presidente da FPF, Eliseu Siebert, informou que a Federação só tratará do assunto Pinheirão após as eleições, que ocorrem em abril. “Por enquanto preferimos tocar o futebol ao invés de lidar com o estádio. Teremos eleições no dia 15 de abril e aí veremos o que é que vamos fa zer”. Atualmente jovens aproveitam o pátio do Pinheirão para andar de skate, uma auto-escola o usa para aulas de baliza e motoqueiros fazem a festa aos domingos, com suas manobras perigosas.

Foto: Yuri Michel Stelle

Estádio do Pinheirão é alvo de atos de vandalismo até à luz do dia

O estádio agora é palco de pichações, vestiários quebrados e de roubo de fios de luz.

Repasse histórico No dia 30 de maio de 2007, por ordem do juiz da 18ª Vara Cível de Curitiba, pelo motivo de não apresentar segurança aos torcedores, o Centro Poliesportivo do Pinheirão foi lacrado. O ato pegou de surpresa entidades do esporte que faziam uso do Pinheirão, o time profissional de futebol do Paraná Clube, a Federação Paranaense de Atletismo (FAP), a Associação dos Árbitros do Paraná, o Museu da Federação Paranaense de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva. Pois tiveram que procurar outros locais, às pressas, para suas sedes. A FPF e o Governo do Estado chegaram a cogitar o Pinheirão como palco para os jogos da copa do mundo em 2014, sem sucesso, devido ao terreno do estádio ter sido leiloado para um grupo de investidores construírem um shopping center. A Federação recorreu da decisão e retomou a posse do Pinheirão, que está desativado. Yuri Michel Stelle


08 | CAPITAL DA NOTÍCIA - ZONA LESTE

24 de março de 2008

PINHAIS

Município completa 16 anos Aumento populacional, economia de ser viço e transporte. Passados 16 anos da emancipação política do município de Pinhais, comemorada no último dia 20, são essas algumas das transformações recentes da cidade percebidas pelos moradores. “Mudou muita coisa. Esse terminal sequer existia”. As lembranças são de Jandira Iurkiv, proprietária de uma das maiores lojas do Terminal Rodoviário de Pinhais. Há sete anos, ela abriu seu magazine de roupas no local e não se arrepende. “Todos os dias, muita gente passa pelo terminal e a maioria vive aqui mesmo na cidade”, comenta a lojista. A população movimenta o comércio, que se estende pelas principais avenidas da cidade – Camilo de Lellis ou Iraí, por exemplo. Ao contrário de tempos passados – quando Pinhais atraía exclusivamente indústrias -, o atual perfil econômico é voltado para os ser viços de segundo e terceiro setores. Produção industrial e comércio varejista fazem do município a 12ª economia do Paraná. A lém disso, em Pinhais

registra-se o maior índice de empregabilidade do estado. Para Daniele Nauck Baduy, diretora do Departamento de Desenvolvimento Urbano (repartição da Secretaria Municipal de Planejamento), o considerável número de habitantes em Pinhais é reflexo do incremento populacional registrado entre 1980 e 1990. “A cidade passou a ser mais povoada graças ao desenvolvimento urbano da região”, explica. O crescimento do município, de fato, acompanhou o aumento gradativo da população. “Quando eu vim morar aqui, as ruas eram todas esburacadas e mal tinha ônibus”, recorda Marliza Rodrigues. Ela, professora da rede municipal de ensino, mudou-se para Pinhais há 15 anos, junto com sua família. Na época, o comércio era pouco desenvolvido, assim como a rede de transporte coletivo. Antigo distrito de Piraquara, hoje Pinhais concentra importantes centros de atividade industrial, prestadores de ser viço dos três setores econômicos, e ainda atrai gran-

Foto: Anna Carolina Azevedo

Desenvolvimento urbano de Pinhais tem como marcas o crescimento populacional, fortalecimento do comércio e instalação da estrutura de transporte coletivo

Somente 50% da área total de Pinhais é urbanizada. A outra metade corresponde a vazios demográficos. A população é de 112 mil habitantes.

de número de migrantes. De acordo com a contagem oficial realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município – menor em área territorial no Paraná - possui população aproximada a 112.038 habitantes. Apesar do elevado índice populacional, somente 50% da área total de Pinhais é urbanizada. A outra metade corresponde a vazios demográficos,

nos quais não existe povoamento. Com isso, a população pinhaense concentra-se maciçamente nas áreas urbanas do município – o que reflete a alta densidade demográfica nessas regiões da cidade. O mobiliário urbano, bem como outros aparatos municipais, atingem a maioria da população. Porém, a estrutura pública não se mostra, ainda, suficiente para

comportar todos os habitantes – vide os vários casos de lotação em unidades de saúde, por exemplo. “O ideal é uma utopia. Ainda sofremos com deficiências, mas a cidade está acompanhando as necessidades da população”, defende Baduy. Para ela, ainda que haja falhas e limitações no sistema, Pinhais consegue atender a seus moradores. A nna Carolina A zevedo

Hospital sem restrições? Placas de mármore matam carregador Existe a possibilidade do Hospital Nossa Senhora da Luz de Pinhais voltar a funcionar com todo o seu potencial, mas não há data definida para o início dos trabalhos. Segundo Carla Gulka, do Departamento de Marketing e Comunicação da Prefeitura de Pinhais, o que falta é uma proposta que viabilize a operacionalização. “Há que se considerar ainda que um hospital geral no município impossibilita o investimento, desenvolvimento e manutenção de outras áreas da saúde pública, como a atenção básica, estratégia saúde da família, credenciamento de especialidades médicas e exames, ampliação da relação de medicamentos padronizados na farmácia municipal, etc.”, alega. Na edição anterior, o Capital da Notícia Zona Leste constatou que o hospital (com estrutura e equipamentos) funciona com restrições e atenderia apenas casos de emergência. Pacientes com necessidade de tratamento especializado seriam deslocados para outros hospitais, até mesmo de Colombo ou Curitiba. O próprio site da Prefeitura refere-se ao empreendimento como hospital e maternidade – deveria atender as especialidades de clínica médica, cirurgia geral,

obstetrícia e pediatria. Seriam prestados atendimentos de média complexidade. A assessoria da Prefeitura esclarece que a estrutura física do hospital foi readequada e é hoje utilizada pelo Pronto Atendimento 24 Horas e pelo Centro de Especialidades, com ser viços de fisioterapia, assistência social, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, unidade de saúde da mulher e ambulatório de tuberculose e hanseníase. A Secretaria Municipal de Saúde esperava que o hospital já contasse com novas especialidades médicas para que a população pudesse ser atendida no próprio município. A intenção era de implantar o atendimento de alta complexidade. Ainda segundo a assessoria, as gestantes possuem assistência ao pré-natal em todas as Unidades Básicas de Saúde e têm como referência para o parto o Hospital e Maternidade A lto Maracanã, que através de pactuação aprovada pela Câmara Intergestores Bipartite do Estado – CIB, recebe o recurso financeiro proveniente das autorizações para internamento hospitalar – AIH’s - destinadas ao Município de Pinhais. Da Redação

Na manhã do sábado 15, A risteu Ferreira Camargo e Sebastião Cesário Marinho prestavam serv iços terceirizados em uma marmoraria, localizada no Jardim Pedro Demeterco, em Pinhais. Os dois operários cumpriam mais um dia rotineiro de ser v iço, fazendo o carregamento de placas de mármore em um caminhão. Por volta das 9h daquele dia, no pátio do Comércio de Mármores e Granito La Pietà, A risteu e Sebastião posicionavam uma das placas que seria içada pelo guincho do qual o veículo de cargas dispunha. Quando todo o mármore foi

suspenso no cabo, para, assim, ser erguido até a carroceria do caminhão, o guincho utilizado desprendeu-se, tombando para o lado. As 20 placas que estavam sendo içadas imediatamente ficaram soltas e caíram sobre os dois operários, prensando-os. Estima-se que cada uma das placas pesava 200 quilos. Tamanho peso foi fatal para A risteu, que morreu na hora, esmagado entre o caminhão e uma parede. Já Sebastião foi encaminhado para o Hospital Cajuru, em Curitiba, com ferimentos gravíssimos (a fundamentos no tóra x e

crânio), sob risco de morte. Até o fechamento dessa edição (21/03), ele permanecia internado na enfermaria do hospital, em estado de obser vação. De acordo com os manuais das comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas), instituídos em grandes empresas, o acidente de trabalho caracteriza-se pelo exercício de tarefas a ser v iço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte e perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para a função. A nna Carolina A zevedo


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