Jornal Primeira Impressão

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Jornal PRIMEIRA

IMPRESSÃO Curitiba, outubro de 2011. ANO 1 - no 0

Iniciativas públicas e privadas incentivam leitura em Curitiba p. 4 e 5

Anjos da Enfermagem: voluntários levam alegria aos hospitais p. 3

Fotógrafo faz exposição sobre a realidade dos moradores de rua p. 8

ESPORTES Voleibol ocupa tempos livres de crianças p. 7


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EDITORIAL

O valor da boa notícia

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Jornal Primeira Impressão tem como objetivo mostrar iniciativas sociais através da ação voluntaria e das diversas formas de cidadania. É uma criação dos alunos do 4º período do curso de Jornalismo da UniBrasil. A responsabilidade social está presente em todas as reportagens, como na matéria especial que mostra a iniciativa de uma panificadora que incentiva a leitura entre seus clientes. Ação voluntaria é algo parte de cada um, como no caso das enfermeiras do hospital Pequeno Príncipe que levam alegria às crianças com câncer e os voluntários do esporte que ensinam crianças e adolescentes a praticar atividades físicas. No fotojornalismo também podemos ver a ação social por meio de fotos que demonstram a perspectiva de felicidade no sorriso de moradores de rua. Nessa edição, também trazemos a história de uma casa-lar que abriga mães e filhos e o caso dos amigos que decidiram criar um cursinho pré-vestibular gratuito. Em todos os exemplos tentamos mostrar o lado positivo do mundo em que vivemos.

Crônica

Um simples gesto

A

Vivian Mendes çao social não é um slogan de marketing. Ajudar o próximo não significa somente fazer doações milionárias para instituições de caridade ou para lugares que sofrem com grandes catástrofes. Atos como esses são muito importantes, mas existem outros, mais simples, que são também necessários. Praticar ação social é estender a mão, sem olhar cor, sexo, religião ou condição social. É, sobretudo, ter atitudes de gentileza e cidadania, que pode ser praticada no cotidiano, ao dar preferência a idosos e deficientes físicos ou ajudando-os a atravessar a rua. Respeitar os sinais de trânsito - esteja você de carro ou a pé, não atirar restos de cigarro, papéis e outras coisas no chão também faz diferença no mundo em que vivemos. Até mesmo gestos mais simples como desligar o celular no cinema, teatro e outros locais públicos, são exemplos de ajuda e respeito ao outro.Ação Social, como o próprio nome sugere, refere- se de uma forma geral às atitudes de uma pessoa quando está em contato com a sociedade. Não é preciso de grandes atos para fazer sua parte. Dizer bom dia, por favor, e obrigada pode fazer a diferença no caminho a uma sociedade mais solidária.

EXPEDIENTE Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil Presidente: Clèmerson Merlin Clève Diretor Geral: Sérgio Ferraz de Lima Diretor Acadêmico: Jairo Marçal Coordenação do curso de Jornalismo: Maura Martins O Jornal Primeira Impressão é um produto laboratorial do curso de Jornalismo da UniBrasil. Faz parte da disciplina Redação IV, do quarto período. Alunos participantes: Mahara de Gouvêa, Liege Scremin Mizga, Ana Clara Baptistella, Clarisa de Paula, Wesley Cunha, Ângelo Stroparo, Monique Cellarius, Lucas Fermin, Paula Senff, Nahayana Fiore, Matheus Gasparin, Juliana Alves Ribeiro, Vivian Mendes, Adeilson Calisto. Professora responsável: Elaine Javorski.


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JORNAL PRIMEIRA IMPRESSÃO

Anjos da Enfermagem alegram crianças com câncer Hospital Pequeno Príncipe é um dos lugares atendidos pela equipe de voluntários

Liege Scremin Mizga (texto e fotos) conta que as visitas são feitas uma vez por semana, com duração de uma hora. “Toda segunda-feira vamos ao Hospital Pequeno Príncipe, que é nossa principal área de atuação. O grupo também se apresenta em eventos beneficentes, como por exemplo nas APAE’s e no Mc Dia Feliz”. Voluntários Hoje o núcleo é formado por 16 acadêmicos de Enfermagem, sendo oito titulares e oito suplentes, entre o segundo e oitavo período. “É um ato muito importante. Doar algumas horas do seu tempo, para crianças que estão ali o dia inteiro, que muitas vezes vem do interior do Estado, pegam o primeiro ônibus da manhã e o último da noite, para se tratar. Ver a emoção e a alegria que elas sentem ao nos verem chegar é algo inexplicável”, afirma a estudante de enfermagem do oitavo período do Centro Universitário Campos de Andrade, Uniandrade, Ieda Padilha. Os voluntários chegam ao hospital como mandam as regras, de jaleco e calça branca, entram na sala de voluntariado, e quando abrem novamente a porta, a magia acon-

Voluntários dedicam parte do seu tempo para visitar crianças que estão internadas em hospitais

tece. “Decidimos fazer parte do projeto, pois é de extrema importância estar em contato com o ambiente que iremos trabalhar a vida inteira. E até mesmo os pais das crianças nos apóiam, porque pelo menos por alguns instantes, elas conseguem esquecer o motivo de estarem ali”, diz Ariadne Correia, voluntária. Inovação Para 2012, o núcleo paranaense pretende abrir inscrições para o voluntariado de pelo menos quatro universidades diferentes. Serão escolhidos dois candidatos de cada uma. “É um projeto que visa estimular a cidadania, a humanização do serviço da saúde, e o próprio aprendizado. Queremos que os estudantes, futuros profissionais, estejam cada vez mais engajados nessa causa, para promover um serviço de qualidade”, complementa a coordenadora.

Se você quiser saber um pouco mais sobre a história do voluntariado Anjos da Enfermagem, se candidatar ou inscrever sua faculdade, acesse:

anjosdaenfermagem.org.br

ou entre em contato: Rita Franz franzrita@yahoo.com.br 9996-0325 Ieda Padilha 3301-8400 / 9608-5176

ShutterStock

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Centro de Apoio à Criança com Câncer, grupo Anjos da Enfermagem, desenvolve um trabalho de humanização da saúde em hospitais que têm crianças com essa doença. Presente há dois anos no Paraná, é formado por acadêmicos voluntários de enfermagem e coordenado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Sem fins lucrativos, o grupo é referência em Responsabilidade Social. A idéia partiu de uma estudante cearense, que após ler o livro “Terapia do Amor”, que retrata a vida do médico norte-americano Patch Adams, se sentiu motivada a desenvolver algo a respeito. Reuniu alguns amigos e decidiram ser voluntários na assistência à saúde da região do Cariri, Sul do Ceará. Por conta do grande benefício que esta equipe levava aos hospitais, a entidade deixou de ser estadual, e se transformou em nacional. Em cada estado, quem coordena o programa é o Conselho Regional de Enfermagem (Coren). A Conselheira do CorenPR, também Coordenadora do Programa Anjos da Enfermagem, Rita Sandra Franz,


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REPORTAGEM ESPECIAL

Iniciativas públicas e privadas ince

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Ângelo Stroparo e Monique Cellarius (texto e fotos)

alvez seja possível afirmar, em termos gerais, que leitor, é a pessoa que encontrou alegria na leitura. Mas será que a alegria faz parte dos progra mas serão capazes de mostrar que cultura é a uma chave? José Carlos Fernandes, é jornalista e colunista do jornal Gazeta do Povo, e um incenti Ou a vê como função da escola. Assim, tão logo acaba a escola, acaba a leitura. E para 50% dos brasileiros, a escola acaba cedo demais, o que Fernandes diz que, “apesar de tudo, o Brasil cresceu muito no debate sobre a leitura. Há programas muito bons”, e lembra que um bom exemplo é o C riscos e violência contra crianças e adolescentes, aliando esporte, lazer e educação. “Mesmo que tenha falhas, reduziu a violência, tirou a criança de ca Fernandes. Há muito o que se discutir sobre este tema, incentivo à leitura, e com certeza, uma edição inteira dedicada a esta discussão ainda não comportaria tod tiplicar os acessos para os leitores. Um deles, criado e mantido por uma fundação cultural pública. O outro sustentado, parte por uma empresa privada

Casas da Leitura alcançam quase 20 mil leitores

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projeto “Casas da Leitura” faz parte do programa “Curitiba Lê”, da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Segundo levantamento da instituição, 19.600 pessoas foram atendidas desde abril de 2010 até setembro de 2011. A iniciativa está presente em todas as 15 regionais do município. Apesar da boa estrutura das estações o que mais chama a atenção sobre o projeto são os moderadores. Todos são membros da comunidade e amantes da literatura. A função deles é auxiliar nas escolhas dos livros e moderar os debates das “Rodas da Leitura”, reuniões com horários preestabelecidos, nas quais as pessoas ouvem a leitura de obras selecionadas. “Não é apenas oferecer um espaço para que as pessoas possam entrar e ler. O projeto oferece a assistência de moderadores, escolhidos através de um rigoroso processo seletivo. E então, dispõe à população este serviço de apoio ao processo de iniciação à literatura”, conta Mauro Tietz, coordenador de literatura da FCC. Os moderadores são profissionais de várias áreas. Um deles é Flávio Stein, mestrando de Estudos da Literatura pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele atua em cinco estações diferentes. Visivelmente motivado com o bom desempenho da iniciativa, comenta que esse “é um projeto pioneiro, sem exageros”. Stein já observou a participação de pessoas de todos os gêneros, estratos sociais e de todas as faixas etárias nas rodas. Normalmente ocorre uma classificação no processo de criação de um grupo de leitura. Mas existe a possibilidade de uma participação descompromissada. “Já aconteceu de aparecerem pessoas analfabetas que ficam, ouvem as leituras até o fim, e saem maravilhadas com a experiência proporcionada pelas narrativas” conta Stein. O Bondinho da Leitura e o Biblioparque (biblioteca montada em um ônibus que faz paradas em parques no período de férias escolares) também fazem parte do ”Curitiba Lê”, porém não dispõe de moderadores. As Casas da Leitura funcionam de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30, e nos Domingos, das 10h às 17h30. Porém, para participar de um grupo de “Rodas de Leitura”, é necessário checar a distribuição das turmas dentro dos horários de funcionamento. Aos sábados e feriados não ocorrem atividades. Informações sobre localização das casas, ou sobre o Bondinho da Leitura e o Bioparque, no site: www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/

Além de pães, pan

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uma iniciativa que visa o incenti tura, a panificadora Pote de M uma biblioteca singular, apeli “paniteca”, e dispôs ao público. A idéia su 2008 e, desde então, os “clientes-leitores levar os títulos que desejarem, com a con deixar outro em troca. Assim, garante-se tenção do acervo. Tudo começou quando um amigo do don daria viu uma iniciativa semelhante em u gem. Não hesitou em sugerir que Fulan fizesse isso, ainda mais em um lugar tão calizado. A panificadora fica no centro da perto da reitoria da UFPR, cercada de es

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Entrevista: Luis Henriq

uis Henrique Pellanda é jornalista, escritor, um dos criadores do jornal Cândido, e, por dez anos, foi co-editor do jornal Rascunho. Ambas publicações são especializadas em literatura e leitura. Em entrevista ao Primeira Impressão, expôs seus pontos de vista sobre ações de incentivo à leitura em Curitiba Pellanda também comenta algumas particularidades sobre nós, brasileiros, em relação à prática da leitura. Primeira Impressão - Como formador de opinião que utiliza-se de redes sociais para propagar suas idéias, quais os outros meios de incentivo à leitura que você apontaria, uma vez que métodos pedagógicos utilizados nas diversas esferas de ensino tem se mostrado cada vez menos eficientes? PELLANDA - Bem, não é todo mundo que vai desenvolver o gosto pela leitura, isso é fato. Irmãos expostos aos mesmos estímulos durante a infância e a adolescência, na família e na escola, podem acabar, por exemplo, escolhendo profissões bem diferentes, algumas mais ligadas à leitura, outras menos — e outras totalmente apartadas do hábito e da necessidade de ler. É questão de vocação, chamamento, coincidência, aptidão, qualquer coisa do gênero. Isso, em qualquer parte do mundo. O que devemos fazer, portanto, é facilitar ao máximo o acesso de possíveis leitores ao livro. Mas como? É uma pergunta que exige reflexão demorada, debates que poderiam durar horas, trabalho para anos, e décadas até. Acho que o óbvio, no caso do Brasil, é dizer

que as riam d res ma por um nas esc enverg respon contro Sim, é e a qua mentir niment na escu ignorâ quase i desilud Primei dos os tura br dade u podem PELLA casa, o vistos


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JORNAL PRIMEIRA IMPRESSÃO

s incentivam a leitura em Curitiba

a faz parte dos programas educacionais, por exemplo? Políticas públicas ou livres iniciativas podem ajudar a despertar o gosto pela prática da leitura, do Povo, e um incentivador da leitura. Para ele, “nossa sociedade ainda vê a cultura como ‘ameixa do bolo’, e não como elemento de desenvolvimento. ba cedo demais, o que é gravíssimo’, avalia o colunista. m bom exemplo é o Comunidade Escola. Esse é um programa da Prefeitura Municipal de Curitiba, inspirado em projeto da Unesco, que visa reduzir , tirou a criança de casa e a colocou em contato com outras. Já houve ganhos. Crianças vão ler melhor a letra se melhor puderem ler o mundo”, conclui

não comportaria todo o conteúdo gerado. Porém, nesta reportagem especial, o Ágora trás dois exemplos de iniciativas que visam, basicamente, muluma empresa privada, e parte pelos próprios leitores, através de um sistema de trocas.

de pães, panificadora oferece livros no centro de Curitiba

ando um amigo do dono da paciativa semelhante em uma viaem sugerir que Fulano de Tal mais em um lugar tão bem locadora fica no centro da cidade, a UFPR, cercada de estudantes

e trabalhadores que poderiam se interessar pela leitura sem compromisso. E foi o que aconteceu com a própria funcionária do lugar. “Eu li ‘Esaú e Jacó’ semana passada”, conta Roseli Dunayski, 60 anos, chapeira na panificadora. “Ler ficou mais fácil com uma biblioteca em meu trabalho, e as crianças de casa, pelo fato de eu ler, pedem os livros também”. A freguesia gostou da idéia e cada vez mais os clientes levam livros para casa. Juliano Moreira, 29 anos, médico e frequentador da padaria, diz que o acervo é bem variado. “Hoje mesmo, pela manhã, peguei um livro que é bem difícil de achar, o ‘The Adventures of Tom Sawyer’ do Mark Twain. Foi um achado!”.

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ativa que visa o incentivo à leianificadora Pote de Mel, criou lioteca singular, apelidada de ôs ao público. A idéia surgiu em ão, os “clientes-leitores” podem e desejarem, com a condição de oca. Assim, garante-se a manu-

A “paniteca” funciona todos os dias no horário comercial e fica na rua Conselheiro Araújo, 1111

Luis Henrique Pellanda e o incentivo à leitura

dos criadores o jornal Rasm literatura e us pontos de anda também em relação à

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olver o gosto stímulos dupodem acalgumas mais apartadas do chamamento, em qualquer r ao máximo pergunta que oras, trabalho Brasil, é dizer

que as autoridades responsáveis pela educação da população precisariam desviar-se menos de seus compromissos públicos, de seus deveres mais imediatos. Sim, deve-se trabalhar pela educação de todos, e por uma educação de qualidade real. Mas não é só a educação formal, nas escolas e nas famílias, e o poder público que precisam ajudar (ou envergonhar-se) a educação. Também considero responsáveis (e muito responsáveis) pelos baixos índices de leitura brasileiros os grupos que controlam a mídia no Brasil — comunicação, imprensa e publicidade. Sim, é dever de toda essa gente melhorar a programação da tevê aberta e a qualidade dos telejornais, é dever dessa gente diminuir a oferta de mentiras dos comerciais veiculados na televisão. Propaganda, entretenimento e informação de baixa qualidade: tudo isso atira o brasileiro na escuridão, tudo isso ajuda a afundá-lo ainda numa rotina de ilusão e ignorância. Transformar esse cidadão iludido em leitor é tarefa difícil, quase impossível. Acho que a leitura pede, antes de mais nada, leitores desiludidos. Primeira Impressão - Na Semana Literária do SESC, que acontece todos os anos no segundo semestre, participam grandes nomes da literatura brasileira. De que modo realizações como esta, atingem a sociedade uma vez que nomes como Cristóvão Tezza e Eliane Brum não podem ser considerados “autores de massa”? PELLANDA - Num país onde quase ninguém mantém bibliotecas em casa, onde não se lê diante dos filhos, onde a leitura e o estudo são vistos como castigos, onde quase ninguém consulta um livro sem um

objetivo pragmático em mente (aprender algum ofício, subir na vida, conquistar garotas, atingir formas supostamente elevadas de espiritualidade, influenciar pessoas, fugir da solidão, impressionar o patrão), qualquer debate público, franco e sério sobre o nosso tempo já pode representar um avanço. Tezza e Eliane podem não ser autores de massa, mas vendem bem, mais que a média dos escritores nacionais. Eles chegam às universidades, o que não é pouco, pois sabemos que mesmo entre os estudantes, hoje em dia, o número de leitores é baixo. Primeira Impressão - De que maneira ações de incentivo à leitura podem tornam-se efetivas? PELLANDA - Promovendo debates aí, entre os estudantes da Unibrasil, por exemplo. Quantos de vocês se interessam por literatura? Quantos, mesmo entre os estudantes de jornalismo, em qualquer faculdade do Brasil, consideram os livros uma chatice? Quantos às vezes nem possuem os referenciais necessários para ler um simples Machado de Assis com gosto e proveito? Quantos passam horas entre sites de notícias e redes sociais acreditando que tal leitura fragmentada e superficial de nossa época poderá substituir plenamente a leitura de um clássico, ou mesmo de uma hora de Tchekhov, meia hora de Cervantes, dez minutos de Fernando Pessoa? Pois mesmo na universidade precisamos continuar a falar desse assunto: o incentivo à leitura. Como fazer ler? Se ainda precisamos convencer boa parte de nossos alunos de comunicação social a ler literatura (com prazer e profundidade), o que podemos esperar dos outros? Que ao menos pensem no assunto.


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Casa Lar do Cajuru abriga mães e filhos em Curitiba Trabalho social tem o objetivo de apoiar e conservar estrutura e laços familiares

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Clarisa de Paula (texto e foto)

m busca de uma vida melhor, Maria Claudete Zulian deixou Porto Alegre e veio tentar a sorte em Curitiba. Um dos filhos tinha promessa de um bom trabalho. Mas isso não se concretizou e ela ficou na rua com dois filhos, sem ter onde morar nem o que comer. Um dia, quando dormiam na rodoviária, foram retirados pela Polícia Militar. Em meio ao desespero, procurou o juizado de menores já que a filha tinha 14 anos. Os três foram encaminhados para a casa lar Encontro com Deus. “Foi mais que uma benção esta casa, pude ficar perto dos meus filhos e ainda ser bem tratada por todos sem discriminação, agora tenho esperança que tudo vai dar certo”, afirma Maria. Assim como a família de Maria, cerca de 1.400 mães e filhos encontraram apoio na instituição que existe desde 2000. A casa lar Encontro com Deus surgiu de um projeto social realizado pelo missionário Patrick James Reason. Há 11 anos Patrick deixou

a Inglaterra com a intenção de fazer trabalhos sociais no Brasil e escolheu o bairro do Cajuru para realizar seu sonho. Começou com um projeto de resgate de crianças em situação de risco. Após dois anos com o trabalho infantil, Reason percebeu a necessidade de criar e dirigir uma casa que abrigasse mulheres e seus filhos. Com isso, ele pretendia que o laço familiar não se rompesse. Assim, as crianças poderiam ter um futuro melhor perto da família. Até hoje essa instituição é a única na cidade de Curitiba que aceita mães e filhos. Equipe Segundo a assistente que trabalha na casa lar, Ana Regina Coladel, os resultados são bem satisfatórios. “É gratificante ver mulheres que tinham a vida destruída, ao longo dos anos pelos mais variados abusos, hoje terem suas próprias casas, acompanhado o desenvolvimento dos filhos e tendo um bom emprego, tudo isso com o nosso auxílio”.

A casa hoje conta com uma psicóloga, uma assistente social, duas mães sociais, que moram na casa e dão todo o suporte necessário para as abrigadas, e ainda duas voluntárias: Johamna Heusel, da Alemanha, e Bianca Ferreira da Silva, da África do Sul. “Estava me formando no curso de Serviço Social em Londres, quando decidi fazer um trabalho com jovens mães,

procurei uma agência que me falou deste projeto lindo, entrei no site e gostei do que vi, quero adquirir um ano de experiência aqui”, diz Bianca. A casa se mantém através de doações e de convênios com órgãos do governo e com empresas nacionais e internacionais que proporcionam cursos e emprego às mulheres que moram na instituição.

Futebol: esporte que faz bem dentro e fora de campo

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Nahayana Fiore (texto e foto) Organização Não-Governamental Futebol de Rua, fundada em 2006, existe em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. O objetivo é a inclusão social através do futebol, com a prática de eventos, competições, ações sociais e educacionais. Em Curitiba está ativo desde 2007 em locais públicos do bairro Cajurú como parques e ginásios. Desde 2008 atende também escolas municipais e comunidades carentes. Segundo o presidente da ONG, Oscar Muxfeldt Neto, são beneficiadas 550 crianças nos três estados, sendo 220 em Curitiba. Muxfeldt Neto ressalta que a ideia é utilizar o esporte coletivo para estimular o trabalho em equipe. “Dando prioridade ao esporte coletivo, a capacidade

lhos poderem pelo menos brincar um pouco”. Sete voluntários participam do projeto em Curitiba aos sábados e domingos. O treino ao ar livre serve de estímulo para outras pessoas aderirem ao projeto. Um dos parceiros do Futebol de Rua é o curso de Educação Física da UniBrasil. Desde 2009, estagiários e voluntários ajudam a organizar as Copas Curitiba de Futebol de Rua e Freestyle. Professor Fabrício Kupczick em um treino com crianças do comunidade escola no CEI Augusto César Sandino, no bairro Santa Cândida

individual de cada atleta sempre será ressaltada”. Outro valor ensinado é o da interação entre os participantes, o que melhora a convivência sócio-cultural. Valdirene de Souza, mãe de Murilo, que participa do projeto há

três anos, fala que o programa é muito bom. “Esporte é uma coisa que ele sempre quis, e nem sempre os pais tem condições de proporcionar isso aos filhos e esse projeto ajuda essas pessoas que não tem condições, e os fi-

Informações sobre a ONG: www.futebolderua. org. Para saber quais escolas participam do Comunidade Escola entre em contato com a Secretaria de Educação do Paraná.


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JORNAL PRIMEIRA IMPRESSÃO

Campeões mundiais ensinam boxe a crianças carentes Mais de 60 crianças são beneficiadas em projeto social em São José dos Pinhais Wesley Cunha Em um velho galpão na cidade de São José dos Pinhais estão guardadas fotos antigas, recortes de jornais, quadros e luvas avermelhadas. São fragmentos da história do casal Livramento. Lembranças protegidas de duas vidas que ganharam significado por meio da mesma paixão: o boxe. O ex-Campeão Mundial Peso Médio, Macaris do Livramento e sua esposa, Rosilete dos Santos, atual Campeã Mundial Super Mosca, criaram o Centro de Excelência de Boxe, que oferece aulas gratuitas a crianças carentes de seis a 14 anos. A principal idéia do projeto é formar cidadãos. “Em vez de estas crianças

estarem na rua, elas estão treinando e pensando em um futuro”, diz Rosilete. A prática de um esporte no contra turno escolar é importante, principalmente para uma criança que não tem a presença dos pais em casa. De acordo com psicólogo Tito Lívio, eles acabam tendo outra referência de projeção. “Na fase da infância é significativo ter uma pessoa em quem se espelhar e, no caso das crianças do Centro de Excelência de Boxe, são referências heróicas”. Jonas Moreira de Oliveira, de 13 anos, garante que as aulas o livraram das más companhias e que está muito mais feliz hoje. “Meu sonho é poder

ser campeão mundial e ajudar minha mãe”. Agradecimento O projeto nasceu há vinte anos, como forma de agradecimento à oportunidade que Macaris teve no esporte, mas apenas em janeiro deste ano foi apoiado regularizado pela prefeitura de São José dos Pinhais. “Eu me vejo nessas crianças. Quando pequeno, eu não tinha o que comer. Hoje posso dizer que ganhei dignidade através do esporte. Seria muito egoísta da minha parte guardar essa oportunidade só para mim”. Nos primeiros seis meses, 60 crianças já foram beneficiadas pelo projeto, mas a intenção é

atender 200 crianças em dois turnos em 2012. No entanto, Macaris pensa mais longe. Seu sonho é as Olimpíadas de 2016. “Quem sabe nas Olimpíadas no Rio de Janeiro não teremos um pugilista medalha de ouro aqui do Paraná?”

Voleibol ocupa tempos livres de crianças em Curitiba

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Paula dos Santos (texto e foto)

nsinar voleibol para crianças entre nove e 15 anos é o objetivo do projeto Esporte Cidadão. Apesar de ser organizado por institutos privados e ter o apoio do governo do Estado, o projeto incentiva a ação social. Uma dessas pessoas que trabalha por amor ao esporte é Dora Castanhera, que hoje é coordenadora do projeto no Paraná. “O que a gente faz desde que começamos é mostrar o amor que nós temos ao esporte. E demonstramos isso ensinando aos atletas todos os fundamentos do nosso voleibol, sem exigir algo em troca”, diz.

O principal objetivo do projeto é passar para os alunos valores de cidadania, bem-estar, respeito e cooperação. Hoje o projeto atende 3.740 crianças e adolescentes em 20 núcleos em todo o Paraná. Um dos atletas atendidos pelo projeto é Jean Fellipe Waleski, que começou a jogar volei com oito anos. Hoje, com 17, representou o Paraná no Campeonato Brasileiro de Seleções de 2011. Para Waleski, o trabalho dos professores foi imprescindível para sua formação como atleta e como cidadão. “Percebi que, mesmo sendo um trabalho de ação social, todos os professo-

res trabalham com empenho e dedicação”. O Projeto Esporte Cidadão Unilever é desenvolvido pela empresa Unilever e pelos Institutos Esporte & Educação e Instituto Compartilhar. A idéia partiu de atletas adultas do

Unilever Vôlei e do técnico Bernardinho. O Governo do Paraná cede quadras poliesportivas do Paraná Esporte. Os treinadores são professores da rede pública e particular que cedem o tempo livre para dedicar-se aos atletas.

Crônica

Jornalismo social e a valorização do ser humano Juliana Ribeiro

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jornalismo social não se busca nas colunas de revistas e jornais, pois o que a gente vê na verdade é totalmente ao contrário. O jornalismo social é encontrado no olhar sobre o ser humano, nos pequenos atos, pois ele trata o homem,seus dramas e suas necessidades como a principal notícia. É um jeito diferente de ver, sentir e produzir reportagens, com foco nas mudanças que podem ser alcançadas e nas vidas que podem ser melhoradas, ou salvas. É a historia real de uma pessoa com diferentes carências. É também a comunidade de pessoas simples que devem ser atendidas, não julgadas pela classe social ou excluídas da qual pertencem, pois o jornalismo social é a sociedade. O jornalismo social abraça causas e acontecimentos, mesmo que apareça pouco na mídia. Ele vem mostrar para as pessoas algo que às vezes está próximo, mas não é percebido. Pequenas ações que podem ser feitas, faz com que o jornalismo social provoque nossos sentidos para entendermos melhor a realidade que vivemos. É com pequenos gestos e acontecimentos que personagens da vida real encontram uma forma de compreender melhor o mundo em que vivem.


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A fotografia na luta contra o preconceito

Fotojornalista mostra a perspectiva da felicidade no sorriso de moradores de rua

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Matheus Gasparin (texto e foto)

fotojornalista Daniel Caron encontrou na sua profissão uma maneira de retratar problemáticas sociais fora do contexto do sofrimento. Caron fotografou por dois dias o trabalho da Fundação de Ação Social (FAS), em Curitiba. O fotojornalista registrou expressões de felicidade e ânimo nos rostos de moradores de rua que recebem auxílio da Central de Resgate Social da FAS. “A maioria das pessoas ignora e evita olhar [para o morador de rua], pois ele vai pedir algo. Nós devemos transcender e entender que isso é apenas uma circunstância do momento em que a pessoa está vivendo”, explica Caron. O trabalho realizado por Daniel busca superar o preconceito contra a desigualdade social, principalmente em relação aos mendigos e pedintes. “Tudo começa no respeito. Um dos moradores de rua que andou na Kombi com a gente estava com mau cheiro. No início foi complicado, mas

depois de um tempo você acaba nem reparando”, conta. A história retratada nas imagens de Caron manifesta não só a intenção de trazer uma nova perspectiva, mas também uma postura jornalística e social. “As fotos são diretas, com os personagens olhando para a lente da câmera. É a realidade de uma história que merece ser contada”, explica. Princípio A intenção de fotografar os moradores de rua surgiu de uma pauta que Caron cobriu para o jornal onde trabalha. A ideia cresceu e resultou na mostra fotográfica “Ex-molas: o mendigo da sua rua”, realizada entre agosto e setembro na Central de Resgate Social da faz. Segundo a Diretora de Proteção Social Especial da FAS, Marcia Tereza Steil, o trabalho de Caron veio em momento oportuno. “Quando o Daniel chegou aqui na FAS, era um dia de muito frio.

Nessa época do ano [inverno] o tema ganha bastante visibilidade e desperta a sociedade. O trabalho do Daniel é importante para reforçar o papel da Fundação”, comenta Marcia. A mostra estimulou a exposição de outros artistas. Durante a abertura houve apresentação de uma poesia e de músicas do coral dos ex-moradores de rua, além de fotografias feitas nas oficinas promovidas pela Fun-

dação. Estiveram presentes na abertura cerca de 60 pessoas, entre profissionais e estudantes da área. A estudante de serviço social Mariela Benatto ressalta a importância das fotos: “A população vê só um lado do jogo. As imagens mostram uma outra realidade, com estas pessoas alegres. Só temos a agradecer, pois esse trabalho contribui na busca pelos direitos sociais do cidadão”, comenta Mariela.

ONG Em Ação oferece cursinho pré-vestibular gratuito

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Ana Clara Baptistella (texto e fotos) ONG Em Ação é um projeto que oferece cursinho pré-vestibular em Curitiba, direcionado a pessoas carentes que desejam ingressar na universidade. O projeto, que existe há 11 anos, conta com 40 professores voluntários e 500 alunos matriculados. Por ano, cerca de 68% dos alunos passam no vestibular. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) cede o espaço para as aulas. O cursinho foi fundado por um grupo de amigos que desejava fazer algo para ajudar as pessoas com poucos recursos econômicos. Os fundadores são profissionais de várias áreas: João Rebonatto, Marcelo Guilherme, Emanuel Cochiske, Daniele Lago, Rodrigo Schmah e Willian Simões. “É muito bom pensar que podemos ajudar pes-

soas capazes a entrarem na faculdade e serem ótimo profissionais no futuro”, diz orgulhoso Rebonatto, professor de Língua Portuguesa. Hoje muitos professores que lecionam no projeto já foram alunos e agora querem contribuir com o que aprenderam. É o caso de Robson Custódio, jornalista e estudante de Letras. Ele dá aulas de redação desde 2010 e acredita que trabalhar como voluntário é crescer cada dia mais como pessoa. “Já fui aluno da ONG. Na mesma época estava termi-

nando Jornalismo e, através do cursinho, consegui passar em Letras na Universidade Federal do Paraná”. Alguns alunos chegam a fazer mais de uma vez o cursinho. Cesar Henrique e Silva já passou em dois vestibulares e diz que o Em Ação é melhor do que cursinho particular. “Eu faço aulas lá desde 2009. Durante esses dois anos passei em dois cursos na UFPR, Ciências da Computação e Engenharia Mecânica, mas como não gostei, esse ano vou tentar Engenharia Elétrica”.

As inscrições para curso pré-vestibular acontecem duas vezes por ano, em janeiro e julho. As aulas são aos sábados e domingos, das 8h às 20h, no Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná (CIETEP) que fica na Avenida das Torres n°. 1341, próximo do Jardim Botânico. Para se tornar um aluno do Em Ação, a pessoa deverá participar do processo seletivo e atender aos seguintes requisitos: ter concluído a maior parte de seus estudos em escola pública e estar cursando o 3º ano do Ensino Médio ou já tê-lo concluído. Não há limite de idade para participar do cursinho. O projeto não conta com ajuda do governo, apenas com o valor simbólico pago no ato da inscrição R$30,00. Para empresas que quiserem doar, ou ajudar mensalmenProfessores te a ONG, o contato pelo telefone do cursinho: todos volun- (041) 3023-4702. tários


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