Capital da Notícia
Curitiba
“Informação e cidadania a serviço da sociedade” Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo
Curitiba/PR - Maio 2007 - Edição 25
O comportamento do curitibano, muitas vezes visto como sinal de má educação, na verdade é o oposto. A cultura de Curitiba está intimamente ligada aos costumes tradicionais dos imigrantes, que vieram para a cidade. Eles trouxeram consigo um jeito reservado e por isso a dificuldade em se relacionar. Porém, esta imagem de frieza vem mudando com a inserção, na cultura curiti-bana, dos migrantes, vindos principalmente do interior . Página 3
Foto: Vanessa Maritza
Imigrante influencia jeito
VEJA TAMBÉM Asiáticos em Curitiba P. 4
Prédios nem sempre mostram tudo
Patrimônio público abandonado
Os edifícios da cidade abrigam em sua grande maioria escritórios de advocacia e consultórios médicos. Porém, no Edifício e Galeria Tijucas, atividades inusitadas encontram-se escondidas pela falta de identificação no painel. Mas esse sigilo é logo quebrado: para encontrar os serviços ilegais de prostituição no prédio, basta circular pela rua XV de Novembro e prestar atenção nos bilhetes colocados nos telefones públicos.
O Belvedere do Alto São Francisco encontra-se de portas fechadas. Construção do inicio do século XX, já serviu como sede para diversas atividades. Atualmente, o imóvel está danificado e sofre com a falta de manutenção. O prédio é parte de um conjunto arquitetônico que abrange o Palácio Garibaldi e a Praça Doutor João Cândido. Localizado no centro histórico de Curitiba, é considerado patrimônio histórico tombado.
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Seis cursos têm Tratamento alOAB Recomenda ternativo disno Paraná puta espaço A qualidade do selo da Ordem de Advogados do Brasil é discutida entre os formandos de faculdades de Curitiba. No Brasil dentre 322, apenas 87 cursos de Direito possuem o selo de recomendação. No Paraná são poucas as instituições que obtêm esse título. Somente os estados de Amapá, Roraima e Tocantins não tiveram cursos recomendados. A grande concorrência trouxe precariedades na formação dos acadêmicos. Página 11
Mesmo no século em que a medicina alcançou feitos notáveis, a promessa de uma saúde perfeita ainda é um desafio. Surgem então novas formas de tratamentos. As terapias alternativas reúnem hoje cerca de 800 nomes. Nessa lista é possível encontrar desde terapias conhecidas, como a fitoterapia, até coisas que pouca gente usaria na hora de uma dor de cabeça, como a urinoterapia. Por isso, quando se fala em terapia alternativa é preciso esclarecer do que se trata. Página 13
Rio Belém, poluição na capital ecológica Páginas 8 e 9
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Opinião
Uma pedra no caminho das descobertas
Editorial As variações de um novo século Pense no mundo há dez ou 20 anos, muita coisa mudou de lá para cá, inclusive gostos, modos de vida, produtos, praticamente tudo sofreu uma mudança. O planeta sofre com o aumento de temperatura e por isso foi criada uma sociedade “ecologicamente correta”, as mulheres estão no topo do mundo, pois venceram barreiras e hoje ocupam cargos e posições importantes na sociedade, pois os homens perdem cada dia mais espaço para elas. O homem corre para frear a evolução das mulheres e buscam isso justamente em uma área onde elas
são, ou, eram “rainhas” até pouco tempo, a linha estética. Homens cada dia mais se rendem aos milagres de cirurgias plásticas e as compras de produtos para se manterem jovens, alguns fazem depilação e até as unhas, tudo para se encaixar em quadro de exigências que eles próprios traçam, ou simplesmente para se encaixar na nova sociedade. As religiões se espalham rapidamente pelo mundo e até as mais tradicionais, como a católica, tem que dividir a fatia de fiéis com as mais novas, que conquistaram
muitos católicos, surgindo assim algumas religiões que crescem mais a cada dia. Instituições clássicas da sociedade surgem como referências, inventam “selos de qualidade”, para as pessoas criarem critérios sobre determinadas coisas, tudo isso e mais um pouco, faz parte das variações que enfrentamos todos os dias, nem tudo que vale como filosofia de vida hoje servirá amanha, ou seja, o novo século traz um modo de vida simples, viver um dia por vez.
Mítica Curitiba é arlequinal Um povo fechado. Sem humor algum. Egoísta, orgulhoso e individualista. Receber um “bom dia” na padaria, ou um “boa viagem” na rodoviária, nunca. Aliás, pode esquecer os sinceros agradecimentos do velhinho que você deixa sentar-se no ônibus. Esta é a imagem que as pessoas levam até hoje ao visitarem Curitiba. Mas será ainda assim? O clima enlouqueceu. Por amor a decência, agora o curitibano tem que sentir calor e lamber os lábios só de pensar num sorvete. Com este clima doido, mudou também a cidade. Alemães, italianos, japoneses... e gente de todo canto do Brasil, tudo bem misturado num caldeirão de multiculturalismo. Curitiba agora é arlequinal. Arlequim é um personagem da Commedia dell´Arte italiana. Palhaço que serve a dois amos. Tinha a função de divertir o público nos teatros do século XVIII.
Um homem sem personalidade definida: era romântico e cretino, mocinho e bandido, falante e tímido. O palhaço do deboche, do desejo e da lascívia. Sua roupa, aí a comparação maior com Curitiba, é toda feita de retalhos, em forma de losangos, de diferentes cores e tecidos. O fato é que Curitiba não é mais a mesma de 20 anos atrás. Tem mudado rapidamente. O “curitibano original” perdeu-se em meio a tantas mudanças sociais. A miscigenação cultural que a cidade sofreu é muito grande. Proponho um desafio. Tente definir o sotaque. Afinal curitibano fala “leite” ou “leiti”, “porta” ou “porrrta”? Mas ao que parece, o mito do curitibano ser frio e ter costumes tão próprios, virou moda. Virou fórum de discussão na Internet e assunto para pauta de artigos. Tema para monografia e discussão na boca maldita. Alguns acreditam que esse alarde
de que o curitibano é frio, fez ele acreditar no conto. E não só ele. A maioria das pessoas que moram na cidade. Então, não cumprimentar o vizinho de anos, andar com o rosto aparentando seriedade e não sorrir é quase lei em Curitiba. Ah, e não esqueça de algumas manias essenciais: chamar salsicha de vina. Separar lixo que não é lixo. Não abrir a janela do ônibus, não importa o calor. E a mais importante, dizer para todo mundo que curitibano é fechado. Ô mania essa de ter mania, hein?. Se, morar em Curitiba é sentir-se curitibano. Sentir-se curitibano é viver como curitibano. Viver como curitibano é ser curitibano. Logo: “Um povo fechado. Sem humor. Egoísta...”
Thiago Rodrigues dos Santos 5º período diurno.
Complexo de Ensino Superior do Brasil Jornal Laboratório Capital da Notícia/Curitiba Expediente Diretor Geral: Prof. Dr. José Henrique de Faria Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Vitor Folquening Professores responsáveis: Emerson Castro / Fechamento: Jorge Luiz Kimieck. Alunos Responsáveis:Allyne Alves, Ana Esperança, Augusto Toledo, Cristina Pato, Denise de Oliveira, Edilson de Souza, Gabriela Siqueira, Guilherme Cordova, Helena Kenski Matta, Isabele Treglia, Kahito Jucoski, Karoline de Souza, Lendro Lima, Marcelo Dacól, Marina Portella, Nadeska Regina, Rodolfo Stancki, Thiago Santos, Vanessa Maritza, Wellington Sari. O jornal Capital da Notícia é uma publicação do Curso de Jornalismo da Unibrasil, produzido pelos alunos do 5º período, que circula na cidade de Curitiba. Tiragem: 2.000 exemplares. Endereço: Rua Konrad Adenauer, 442 - CEP: 82820-540 - CEPJOR - Jornal Laboratório Telefone: 3361-4200 r:4252/tarde - Endereço eletrônico: capitaldanotícia@unibrasil.com.br
O ser humano no decorrer da história vem utilizando produtos capazes de induzir alterações no seu estado de consciência, seu humor, suas sensações. Muitos usuários começam o hábito porque são impulsionados pelo prazer, influenciados por amigos, deprimidos pela falta de perspectiva no futuro, insatisfeitos com sua qualidade de vida, buscam alívio para suas ansiedades ou são carentes de apoio e orientação familiar. Existem drogas que são permitidas e aceitas pela sociedade, como álcool e tabaco, também as ilícitas, aquelas proibidas pela sociedade, como maconha, crack e cocaína. Todas fazem parte de nossa realidade, então, é muito importante saber como prevenir e tratar esse problema que atinge todas as idades e classes sociais. A adolescência é um momento de descoberta e de aquisição de limites. Aquela vontade imensa de provar, experimentar novas situações e sensações é parte da vida juvenil. É exatamente aí, contudo, que o adolescente pode cair na armadilha do vício. Por isso é fundamental a informação, a qual se transforma em um passo positivo e essencial para deixar de lado os preconceitos. É durante o crescimento que ocorre o desenvolvimento psicológico, fato este caracterizado por profundas transformações não só no corpo, mas também na personalidade. O adolescente realiza um movimento de ascensão, explodindo física e mentalmente. Este jovem sai à procura de sua identidade e de sua independência. Isto faz com que ele apresente uma série de características que, se por um lado propiciam que ele encontre a sua identidade adulta, por outro, contribuem para aumentar a sua vulnerabilidade e torná-lo presa fácil a situações de risco, entre elas o uso de drogas. As drogas causam dependência física, ou seja, se o individuo deixar de usá-la sentirá um mal estar físico muito forte (síndrome de abstinência). Pode ocorrer também a dependência psicológica quando a droga ocupa o lugar central nos pensamentos, emoção e atividade da pessoa. Para a cura, o primeiro passo é mudar os conceitos e os procedimentos da própria vida, sem deixar de lado o entendimento do real valor que possuem a família e a sociedade.
Edilson de Souza 5º período diurno.
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Geral
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Razões da frieza do povo curitibaHelena Matta e Vanessa Maritza
Todos os dias, Rodrigo Darros, 28 anos, sustenta uma rotina. Acorda cedo e por volta das 7h30min pega seu primeiro ônibus na ida para o trabalho. Faz todo o trajeto lendo seus livros do curso de economia. Vai até o terminal e lá muda para outro ônibus. Rodrigo faz este percurso há mais ou menos dois anos e neste mesmo período mora sozinho em um conjunto residencial onde não conhece ninguém. Rodrigo veio de Fartura, interior de São Paulo e ainda não se acostumou com o jeito frenético das pessoas e a maneira impessoal com que agem. “Sinto falta da minha terra. As pessoas conversam mais, são mais receptivas. Aqui no dia-a-dia é complicado, as pessoas não se falam. Por isso sempre estou lendo no ônibus”, e completa: “Não conheço ninguém onde moro, mas também é complicado conhecer. Ninguém tem tempo pra nada, é uma correria só”. Mas este “jeitão” do curitibano não é somente uma questão de cultura, mas sim de crescimento. Para a antropóloga, Fátima de Freitas a população de Curitiba só está tendo um comportamento natural, devido ao seu crescimento. O comportamento das pessoas estaria ligado tanto ao ritmo de vida quanto a cultura. “As coisas mudaram hoje em dia. Curitiba é uma metrópole e não dá para querer que as pessoas vivam como se estivessem em uma cidade pequena, onde todos se conhecem. E muitas pessoas gostam”. Curitiba já pode ser considerada uma metrópole com uma estimativa de quase 5 milhões de habitantes. Sua região metropolitana é formada por 26 municípios agrupados em 5 microregiões. A curitibana Elvira Wolowska, de 92 anos de idade, diz que o curitibano é um pouco frio quando não conhece as pessoas. “Depois que já tem uma maior intimidade torna-se muito hospitaleiro e trata bem”. A aposentada é filha de poloneses. Sendo assim, destaca que a cultura polaca contradiz a de que os imigrantes e seus descendentes sejam mais fechados.
Vanessa Maritza
O comportamento na Capital está ligado às
Comportamento impessoal dos curitibanos não deixa de ser algo natural para uma cidade grande com aproximadamente 5 milhões de habitantes.
O empresário Paulo Henrique Bueno Franco, 26 anos, também nascido na cidade, não vê o curitibano como frio. Assim como a aposentada, ele também acredita que esta imagem é questão de aproximação entre as pessoas. “Mesmo não sendo extrovertido, o curitibano é receptivo e educado. Quem puder superar essas barreiras iniciais certamente poderá aproveitar todo o calor de uma amizade genuinamente curitibana”. Explica ainda, que se trata de uma cultura mais introspectiva do que a de estados mais ao norte. “Vários fatores colaboram para esta realidade, como o clima da cidade, que remete às pessoas a permanecerem em casa, e a colonização, que tem origem no gelado leste europeu”. Franco ressalta que o curitibano também é muito crítico por natureza. “Curitiba é uma ótima cidade-teste para o lançamento de novos produtos. Esse traço cultural pode inibir o curitibano de se expressar mais”.
Vanessa Maritza
Sem a possibilidade de conversar com as pessoas, Rodrigo Darros aproveita para ler seus livros.
A visão do Urbenauta
Eduardo Fenianos, mais conhecido como “O Urbenauta”, percorreu durante 3 meses os bairros da cidade sem retornar para sua casa. Seu objetivo era fazer uma pesquisa ambiental, urbanística, social e histórica da cidade, além de também realizar um minucioso levantamento de todo o potencial urbano e as suas necessidades turísticas. A expedição aconteceu de janeiro a março de 1996. O percurso foi feito em um automóvel adaptado, o “Urbemóvel”, mas sua acomodação dependia da boa vontade das pessoas, que o abrigavam. Assim, Eduardo conseguiu conhecer mais profundamente as características da sociedade curitibana. Atualmente esta característica de frieza vem diminuindo muito no decorrer dos anos, mas ainda existe. “Quem ainda tem esta imagem são os descendentes de
imigrantes, que possuem uma característica mais forte de colônia e ainda vivem com certos costumes de seus ancestrais”, diz o Urbenauta. Um exemplo são os poloneses, que estão concentrados principalmente nos bairros Riviera, São Miguel, Augusta, Orleans e Santa Cândida. “Nestes bairros eles ainda usam panos na cabeça”, conta Fenianos. Em outros bairros, como no Umbará, isso também se repete com imigrantes italianos. Eduardo diz que a outra parte do curitibano da atualidade é formado por migrantes, que vieram principalmente do interior do Paraná, e também de outras regiões do Brasil, como pessoas da região Sudeste e do Nordeste. “Estas pessoas são mais comunicativas, pois trouxeram uma cultura diferente para Curitiba. Eles estabeleceram-se em sua maior parte no Bairro Novo, mais conhecido como Sítio Cercado” explica.
Um pouco de história
A cultura da população curitibana foi formada pelos primeiros habitantes, os índios das nações Tupi, Guarani e Jê, que tiveram as suas culturas modificadas com a chegada dos garimpeiros, por volta de 1649. Oficialmente, no dia 29 de março de 1693 nasceu a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e pouco depois o cacique Tindiquera da tribo Tingui pronunciou pela primeira vez o nome da cidade: “Coré-Tuba”, o que significa muito pinhão. Por volta de 1700 a cidade foi tropeira no período em que os produtores de gado implantaram hábitos e costumes na região. Em 1842 a até então denominada Vila, tornou-se realmente uma cidade e oficializada com o nome de Curitiba. Doze anos depois passou a ser a capital do Estado do Paraná. Uma leva grande de imigrantes europeus chegou na cidade a partir de 1830 e foram constituindo suas culturas na região. Os alemães foram os primeiros imigrantes a desembarcar em Curitiba, em 1833, seguidos pelos poloneses, italianos, ucranianos e posteriormente pelos orientais no final do século.
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Capital da Notícia
Comércio
A pequena “Chinatown” curitibana
Certas ruas da cidade são tomadas pelo comércio
Made in China
Além das pastelarias os chineses são especialistas em suas lojas de utilidades “Casa China”
imaginou ter visto uma barata no feijão. Ela jogou o prato de comida no chão, e ainda disse que nos processaria” disse o pasteleiro, afirmando ainda que ninguém viu a bendita barata, nem mesmo o próprio marido da mulher. Localizadas em ruas apertadas e lugares muito úmidos, as lanchonetes recebem visitantes indesejáveis. “A umidade e a proximidade com esgotos, faz com que as vezes apareçam alguns bichos por aqui”, Huaru, que agora fala mais baixo, conta que já apareceram ratos na sua lanchonete. Kwan Chiang Hancheng tem 46 anos, é chinês, fala cinco idiomas e é formado em administração. Quer mais: ele é dono de sete lanchonetes em Curitiba, quatro em Ma-
ringá e em Londrina e duas distribuidoras de doces. Ele diz que sua família está no ramo há mais de 20 anos. “Não me arrependo de ter vindo para o Brasil. Já me acho brasileiro”, diz o empresário dos pastéis que veio para cá junto com seus pais em 1990. Segundo Chiang, na época pelo menos, na China havia muitos cartazes e muita gente que falava que aqui no Brasil era a oportunidade de mudar de vida, mas ele tem amigos que se deram mal. Quando perguntado se ele perdeu a cultura chinesa, ele responde confiante que jamais perdeu, mas fica triste quando confessa que seus filhos já não têm a mesma paixão pela tradição milenar da China. “Tenho dois filhos, um já tem seus vinte anos, e a menina tem apenas nove, mas é Thiago Rodrigues
Olhos apertados, cabelos negros e lisos, normalmente baixos e magros. É mais fácil encontrá-los com bonezinhos e aventais. Afinal, eles percorrem Curitiba com suas lanchonetes. Mas o que pouca gente sabe é que a maioria destes orientais falam diversos idiomas, são especialistas na área comercial, adoram chá quente no verão e que nem todos são chineses. Com um pouco de imaginação, andar pelo início da rua Westphalen e Voluntários da Pátria é como caminhar numa Chinatown (veja o box no fim da matéria). As ruas são apertadas, essencialmente comerciais e super populosas. Só na Westphalen, desde seu início até o começo da praça Rui Barbosa, são contadas 10 pastelarias. Segundo Yuri Huaru Pinyin o comércio de pastel está dividido entre Coreanos e chineses. “Aqui em Curitiba é mais fácil do que em São Paulo, porque as lanchonetes ou são chinesas, ou são coreanas”, disse Huaru que é dono da “Casa dos Pastéis e cia”, no mercado da cidadania. Ele disse que em Curitiba, os japoneses preferem trabalhar em restaurantes mais requintados, de comida típica do seu país. Há muitos mitos sobre as pastelarias chinesas. A história mais clássica é a da falta de higiene. Quase todo mundo conhece contos sobre ratos, baratas, cuspes e outros derivados. Segundo Huaru é tudo mentira. “Somos muito prejudicados por causa desta imagem que se fez de nós”. Ele conta ainda uma história que aconteceu com ele. “Uma vez uma mulher fez um escândalo porque
muito influenciada pelos amigos da escola”, afirma o chinês. Os orientais têm costumes nada convencionais que poucos ainda conservam vivos. Um destes é tomar chá quente no verão. Segundo Chiang é para manter o calor interno. “A gente tem que manter a temperatura interna maior que a externa, para conservar a alma”, explica o chinês orgulhoso por ainda conservar a cultura de seu país. “Mas meus filhos não querem nem saber. Eles tomam sorvete todo o verão”, conta o oriental. Os chineses aparentam ser tímidos. Falam “para dentro”. Esta matéria confirma, pois entender os entrevistados não foi tarefa muito fácil.
Thiago Rodrigues
Thiago Rodrigues dos Santos
Além dos famosos pastéis, como não falar dos 1,99. Muitas pessoas torcem o nariz, enquanto falam da falta de qualidade dos produtos. Mas a maioria, escondidas, enchem o carrinho com as coisas baratas que se encontram nestes lugares. Dona Aparecida e seo Mário de Almeida admitem que sempre que precisam de alguma coisa prática para a casa, vêm às “Casa China”. “Eu sempre venho aqui. Minhas ferramentas são todas daqui. E olha, elas têm durado” diz seo Mário, enquanto balança a cabeça em confirmação da qualidade dos produtos. As lojas de utilidades “made in China” ficaram populares já no início da década de 90. Foram espalhadas por todo o Brasil. Produtos de baixo custo, uns bons, outros de qualidade um tanto inferiores. Mas quem compra num 1,99 dificilmente pensa na qualidade. A praticidade que estas lojas oferecem é grande. Elas têm produtos desde alimentícios até mecânicos. “Aqui nós tentamos agradar todo mundo”, diz Sérgio Sampaio que trabalha na loja “Planeta 1,99”, localizada em frente ao mercado da cidadania.
Chinatown
Esta parte de rua Westphalen, próxima a praça Rui Barbosa possui diversas lanchonetes chinesas e coreanas, e ainda uma loja das “Casas China”.
Uma Chinatown nada mais é do que uma pequena “China” dentro de um outro país qualquer. Um lugar onde existam muitos chineses. Normalmente um vilarejo dentro de uma grande cidade, onde é promovida a cultura oriental. As mais famosas são encontradas no Canadá, em Vancouver, e em algumas cidades dos Estados Unidos. Estas foram criadas ainda no século XIX, como resultado de certas leis que discriminavam orientais na América do Norte. Veja a foto ao lado. A semelhança com uma rua da China é notável. Principalmente pela rua apertada, pela grande quntidade de pessoas, e pelas lanchonetes típicamente orientais.
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Religião
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Líderes discutem diferenças reliDenise de Oliveira e Leandro lima
Durante algum período a Igreja Católica foi a única bem vista na cidade de Curitiba. As colônias, ruas, bairros levavam nomes de Santos e Padres, e quem vinha de outros credos acabava sofrendo preconceitos. Isto, segundo o pastor da Igreja Internacional da Graça, Leandro Ferreira de Jesus, não acontece mais entre os segmento evangélico. “Devido ao crescimento no Brasil o evangélico passou a ser respeitado” afirma. Os bairros Mercês e Tingui são exemplos disso. Têm em sua redondeza, Rosa Cruz (Amorc), Maçonaria, Centros de Umbanda, Igrejas protestantes (Evangélicas diversas), e a própria Católica convivendo próximas. Para o padre Reginaldo Manzotti, da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, hoje o catolicismo aceita interagir com outras igrejas cristãs e até mesmo as considera como um segmento de doutrina relevante. Existe ainda o denominado diálogo inter-religioso, que busca a convivência (não a união), das igrejas cristãs com as não cristãs. No entanto para “pai” Silveira Oxalá, há 60 anos na Umbanda, os umbandistas ainda sofrem preconceito. Segundo ele, 70% das pessoas que freqüentam as “reuniões” são adeptos de outros seguimentos. “Eles vêm à Umbanda para receber benefícios dos guias espirituais, mas em suas religiões condenam o umbandismo e o culto africano”. Diferenças “O cristianismo tem diferença. Ele está dividido entre católicos, protestantes, luteranos e todas as dissidências evangélicas. Então, o catolicismo é uma das formas de cristianismo,” afirma Manzotti. Para o pastor Leandro Ferreira a palavra “religião” confunde as pessoas. A intenção do protestantismo não é pregar religião, e sim ensinar os conhecimentos bíblicos de maneira aprofundada. Contudo, o ecumenismo não é prioridade, pois segundo ele há várias interpretações diferentes sobre os mesmos fatos bíblicos, o que torna praticamente impossível um consenso cristão sobre temas como Adoração a Imagens, Dízimo (doação à igreja de 10% da arrecadação mensal), Batismo, etc...
Foto: Leandro
Expressão de fé na capital ainda é majoritariamente
Fiéis cantam e fazem coreografia com padre Reginaldo Manzotti, na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, geralmente lotada em todas as missas.
Já a Igreja Católica acredita no eucumenismo, mas para o padre Reginaldo não há como amenizar as diferenças. “Os católicos acreditam no Deus unitrino. Os protestantes e luteranos não. Pra nós Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Nós acreditamos na presença real da eucaristia (Corpo de Cristo marerializado na hóstia), durante e depois. Os protestantes acreditam na presença da eucaristia durante, não depois. Nós acreditamos na palavra pregada e na vivência exclusiva do magistério, (abstinência dos sacerdotes) os protestantes não”. Já “pai” Silveira , considera que a semelhança entre evangélicos, católicos e umbandistas é Deus. “Deus é um só. Na Igreja Católica o nome de Deus é Deus, na nossa religião o nome de Deus é Zambi, e em determinadas nações do camdomblé tem também outros nomes”, afirma. A diferença para ele é que os umbandistas acreditam
em reencarnação e não acreditam em céu e inferno. Marcos Tadeu dos Santos, 34 anos, é estudante de Teologia Bíblica e condena a afirmação do Pai Silveira. “O Deus que os evangélicos buscam não se compara com o “Deus” dos umbandistas em nada. Na Umbanda não se invoca o nome poderoso do filho de Deus, Jesus Cristo de Nazaré e nem o Espírito Santo de Deus”, disse Marcos Tadeu. “Para ajudar as pessoas que ali freqüentam eles invocam as entidades e guias a fim de ajudarem as pessoas em suas necessidades espirituais, cuja prática é condenada pela Bíblia Sagrada”, complementa. “Pai” Silveira acredita ainda que o Diabo é filho de Deus, e exerce uma função importante na sociedade, o de delegado. Ele não acredita que o Diabo seja um espírito ruim, que “frita” os indivíduos. Na verdade afirma que o Diabo é um auxiliar de Deus.
“Se Deus é pai de todos, Ele criou todos, Ele também é pai do diabo. Se Deus é todo poderoso sobre todas as coisas, Ele poderia pegar o Diabo e torcer o pescoço e acabar com toda a maldade no mundo. Só que um pai não faria isso em um filho”. Ainda não foi encontrada um possibilidade de consenso entre as religiões ocidentais em relação às africanas ou asiáticas. Em várias partes do mundo as diferenças foram resolvidas através de guerras, hoje o são por meio de debates e o livre acesso ao experimento. Ranking A Igreja Católica é quem lidera hoje o ranking de religiões no Brasil com 73,57%, seguido da Evangélica que aparece com 15,41%. A Umbanda representa 0,23% dos religiosos, enquanto o Candomblé, 0,08%. Os dados mostram ainda que o Paraná representa uma média superior à nacional
Foto: Leandro
Foto: Denise de
Em envelopes os evangélicos devolvem os dízimos para repreender o espírito devorador.
Durante celebração ao espírito “Preto Velho”, praticantes Umbanda recebem espíritos de crian-
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Comportamento
Capital da Notícia
Vaidade não somente entre mulheHomens modernos estão mais preocupados com a
Cristina Pato
Cristina Pato
Vinte anos atrás, um homem de 40 anos já era considerado uma pessoa velha. Pior ainda, ele mesmo sentia-se e comportava-se de forma antiquada. Assumia uma postura sisuda, concentrava-se em seu papel de “chefe de família” e o máximo de vaidade que tinha era fazer a barba, aparar os cabelos com regularidade e passar uma lavanda. Esse era, com exceções, é claro, o comportamento padrão. Hoje o contexto é outro, se o homem demora no banho, faz as unhas aos sábados, acompanha as tendências da moda da nova estação, cuida dos cabelos, não dispensa um bom creme para a pele e não sai de casa sem usar seu perfume favorito,não está sofrendo nenhuma síndrome, simplesmente a sua vaidade está falando mais alto! Ao contrário do que muitos pensam os homens também são vaidosos, tanto quanto as mulheres. Eles não temem mais serem discriminados por se preocuparem com a estética. Essa é a cara do homem moderno. Uma nova opção? Mas, há sempre o que inventar, redefinir e argumentar. Com tamanha revolução masculina em busca da vaidade, os especialistas, definem o novo homem
Vaidade em alta: os homens de hoje também frequentam os salões de beleza.
como: metrossexual. Isso mesmo, nem homo nem hetero, metro. Um empreendedor bem-sucedido, entre 25 e 45 anos, que vive nas grandes cidades e se preocupa com seu aspecto visual, se dedica a essa preocupação. O termo foi usado pela primeira vez em 1994 pelo escritor gay Mark Simpson, no artigo “Lá vêm os homens do espelho”, publicado pelo jornal britânico “The Independent”. Passou anos na gaveta para ganhar força
nos últimos meses. O representante supremo é o jogador de futebol britânico David Beckham, do Real Madrid, que pinta as unhas, muda o corte e a cor do cabelo como quem troca de camisa no final do jogo. Gasta milhares de libras com produtos de beleza e confessou já ter usado algumas vezes as calcinhas da mulher, a ex-Spice Girl Victoria. Somente a vaidade ajuda?
Quando o mundo masculino começou a famosas revelam as cores e os modelos a No final dos anos 60, a humaniserem usados. dade sofreu grandes avanços na área de Sem medo de colocar em risco a cosméticos, principalmente masculinos. masculinidade, o homem moderno adere A abertura de lojas e salões voltados para a brilhos, cores, materiais e formas difeeste segmento foram provas disso. O esrenciadas nesta estação. Preocupar-se com pírito de liberdade e o estilo unissex dos o que vestir e quebrar a cabeça diante de anos 70 deram continuidade e incentivo tanta diversidade não fazia parte da rotina ao culto à beleza. Nos anos 80, ser vaidoso do passado. Até pouco tempo atrás, além de estava associado à homossexualidade e, não haver muitas opções para se escolher, conseqüentemente, chegava-se ao absurdo as convenções do vestuário masculino eram de associar à Aids. Por isso, quanto mais rígidas – o que os liberava da inquietação, distante dessa imagem, melhor. mas também do prazer de se poder decidir À volta aos conceitos básicos do o que usar. capitalismo também trouxe à tona roupas Foi apenas após a Segunda Guerra chiques, relógios do tipo Rolex e tudo o Mundial que se deu início a um processo que fosse muito caro e de grife. Porém, criativo na moda mascontinuou isolando os produtos de beleza da “Ser vaidoso culina – que começou a no mercado novas “nécessaire” masculifaz bem para o inserir cores e modelos a partir na. Com a entrada dos das propostas do estilista anos 90, é que a história Pierre Cardin. E não é que, aos poucos, os começou a ganhar novos ares. Não são “machos” foram perdendo o preconceito poucos os que recorrem a recursos de beleza, e passaram até a se interessar pela moda? tratamentos estéticos e até cirurgias plásticas Atualmente, segundo dados da Abit para alcançar seu bem-estar em relação à (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e aparência. de Confecção), a moda masculina é um dos No início do século XXI, todos segmentos que mais cresce no país. Para se puderam sentir que a vaidade masculina ter uma idéia, em 2000, o segmento faturava está em alta numa soma de fatores que cerca de R$ 8 bilhões. E, entre 2001 e 2002, contribuiu, e muito, para que a boa aparênmesmo com as crises enfrentadas pelos cia surja com força total. A fim de atiçar mercados nacional e internacional, houve ainda mais o lado vaidoso dos homens, um crescimento de cerca de R$ 1,6 bilhão. criou-se uma moda unicamente para Hoje, a diversidade da moda mascueles. Os desfiles de grifes mundialmente
lina é tamanha que todas as tendências em voga no segmento feminino são adaptadas para os homens. O fato é que no novo milênio, com sua sexualidade auto-afirmada, eles não temem se enfeitar. Após enfrentar uma crise de identidade, diante da invasão feminina no mercado de trabalho, e a proposta de androginia dos estilistas na época, o homem reassumiu sua masculinidade. “Ser vaidoso faz bem para o ego”, garante o advogado Eduardo Martins, 28 anos, que participa de um grupo que todos os sábados faz uma visita a manicure, está sempre cuidando de seus cabelos e não sai de casa sem fazer a barba. “Como trabalho em contato direto com juízes, advogados e clientes, não é bom me apresentar com uma aparência de relaxado”, justifica. Cuidar da aparência, mesmo que por vaidade, é sempre válido, visto que melhora a auto-estima, ajuda na conquista de um grande amor e ainda colabora para uma promoção profissional, sem contar com todos os outros benefícios não só para a estética como para a saúde e o bem-estar. Com certeza, ainda existe muito mais a ser explorado no universo da vaidade masculina. É uma questão de tempo para que a grande maioria dos homens se sinta mais à vontade utilizando serviços e produtos direcionados apenas à estética e ao bem estar. Cabe ao marketing dessa mega indústria usar sua criatividade e poder de persuasão para acabar com
Para o cirurgião plástico Marlon Chiarati, hoje são inúmeros os recursos disponíveis para “rejuvenescer” uma pessoa. Basta ter um mínimo de vaidade e condições financeiras. “Os homens têm buscado a lipoaspiração para retirar aquela ”gordurinha” localizada. Aqueles que gostam de malhar e cultivar o corpo também têm aderido à inclusão de prótese peitoral, para parecerem mais fortes. No rosto, as maiores preocupações são o nariz e as bolsas que se formam sob os olhos. Se a rinoplastia (cirurgia plástica do nariz) tem o poder de suavizar a aparência, a retirada das bolsas de gordura sob os olhos (blefaroplastia) garante ao homem um olhar mais descansado e jovial”, revela Marlon. Segundo Edna Onodera, diretora administrativa de um centro de estética, com várias clínicas pelo país, a vaidade masculina está ganhando tanto espaço que tiveram de implantar tratamentos exclusivos destinados aos homens, o que requer alguns cuidados especiais. “Hoje os homens sabem o quanto é importante fazer uma limpeza de pele, atenuar rugas e marcas de expressão e eliminar aquelas manchas de sol, que com o tempo acabam deixando o rosto todo ‘pintadinho’. Afinal, cultivar uma boa aparência é item obrigatório do marketing pessoal”, conclui Edna.
Estéticas
As diferenças já se evidenciam na recepção. Nada de publicações femininas. Apenas revistas e livros com temas voltados para o público-alvo. Cachimbos, tabaco e bebidas, como uísque, licor, cerveja e café expresso, estão à disposição dos clientes. Nas paredes há listas com os serviços oferecidos: depilação, podologia, limpeza de pele, cabeleireiro e até consulta com dermatologista, cirurgião plástico, nutricionista, personal stylist e personal trainer. A maior parte das clínicas do país encontra-se em São Paulo, mas nada que já não se espalhe pelo país. A vaidade masculina está mesmo em alta. Uma pesquisa da 2B Brasil Research & Consulting com 1.000 homens, realizada de abril a setembro, levantou dados surpreendentes. A empresa constatou que: - 40% dos homens gastam vinte minutos ou mais em frente ao espelho todos os dias. - A imensa maioria (78%) considera importante ter o corpo esbelto, mas 85% afirmam estar acima do peso. - Se apenas 5% declaram já ter se submetido à cirurgia plástica, 68% consideram apropriado recorrer a ela para fins estéticos. - As maiores preocupações são unha (84%), cabelo (81%), pele bem cuidada e vestir-se elegantemente (ambas com 75%).
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Geral
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Prédios abrigam atividades inusitaAllyne Louise e Marina Portella
Em alguns prédios comerciais de Curitiba é possível encontrar as mais diversas e inusitadas atividades, e não apenas consultórios de advocacia, clínicas e escritórios como o predominante nos edifícios centrais. O Edifício e Galeria Tijucas, fundado em 29 de março de 1959, é o imóvel comercial mais tradicional do centro da cidade, mas nem por isso estabelece um padrão nos ramos profissionais que abrange. O Centro é um dos bairros mais caros para se montar um comércio. Um edifício bem localizado na região central e no térreo não sai barato. Dependendo da localização, um metro quadrado custa entre quatro e cinco mil reais, enquanto uma sobreloja no mesmo lugar custa dois mil reais. O Edifício Tijucas, localizado na rua XV de Novembro, tem além de uma parte comercial outra residencial, totalizando 460 condôminos. É na parte comercial que se encontram, na maioria das salas, consultórios e clínicas. Das atividades expostas nos painéis do prédio, 28 % são de advocacia e 11% de consultórios de medicina. Os 61% restantes variam desde alfaiataria, agências de turismo, locadora e até igreja Metodista. Embora não divulgadas pelo painel, mas por bilhetes em telefones públicos na rua XV, sabe-se da existência de casas de massagens e quartos de prostituição dentro do edifício. João dos Santos, zelador e porteiro do Edifício Tijucas, afirma que a maior parte dos serviços existentes no lugar não é divulgada nas placas de identificação por dois motivos: “Ou não estão mais aqui ou não querem ser divulgados. Nas placas não está nem metade de tudo o que tem aqui no prédio”. Além disso, o zelador não revela que tipos de atividades funcionam sem qualquer tipo de identificação. “Se eles não querem falar quem são e o que fazem, não serei eu que vou fazer isso”. Roberto Hauer, 17 anos, estudante do Colégio Acesso, afirma que desconhece
a metade das atividades que possam existir nos prédios do centro. “Eu imagino que exista algo mais nos prédios, mas só entro neles quando preciso ir ao médico”, e completa “Desconheço o que possa ter de estranho no Tijucas, mas tenho curiosidade de saber”. O estudante revela que sabe da existência de casas de massagens em outros prédios no Centro, como na Rua Monsenhor Celso, pois um amigo freqüenta o edifício. Elizabeth Elze, que mora ilegalmente na parte comercial do prédio Tijucas, há muito tenta se mudar devido as condições que considera precárias e das pessoas que o freqüentam. De acordo com Elizabeth, a má fama do prédio na área comercial, que abriga atividades constrangedoras e ilegais, é o que mais prejudica na hora da venda. O problema é que o preço oferecido é muito baixo e não é suficiente para adquirir uma moradia em outro lugar. Segundo a moradora as vezes não funciona um dos elevadores, as reformas feitas são particulares e não no prédio como um todo. A pintura está feia e falta revestimento no chão. As relações entre os comerciantes do térreo e sobreloja nem sempre são de companheirismo. Apesar de todos alegarem que existe uma política de boa vizinhança, a loja de roupas da rua Cândido de Abreu, no Centro de Curitiba não recomenda a casa de reformas e costuras que fica logo acima do seu teto. A costureira indicada fica na Carlos Cavalcanti, há duas quadras da loja. Além disso, Úrsula Machado, costureira e reformadora da rua Cândido de Abreu não reclama de ocupar um local não tão privilegiado aos olhos do consumidor, e nem apela tanto para a publicidade para chamar a atenção. “A única coisa que temos são as placas e faixas na janela. Se dá para viver, não precisamos do térreo e de propaganda. Os comércios debaixo têm muito mais propagandas que nós”. Para Úrsula, seus clientes são segmentados e a forma mais efetiva de publicidade vem do
Marina Portella
Edifício Tijucas esconde serviços não tradicionais
A privacidade conflita com a necessidade de atrair clientes até os prédios centrais.
Sobrelojas como opção
Allyne Louise
A vista é privilegiada para comerciantes que têm seus locais de trabalho em prédios no Centro.
boca-a-boca. A busca pelo Centro é sempre muito grande, e muitas lojas preferem montar seu comércio em uma sobreloja na região central a um local térreo em um bairro qualquer, sem avaliar que o dinheiro gasto no aluguel seria muito menor em regiões que não estão no coração da cidade e o investimento na infra-estrutura poderia ser maior, sendo possível até a compra de imóvel mais espaçoso.. Bruno Thiago Ribeiro, 26 , gerente de lanchonete, tem o comércio na Praça Tiradentes e não abre mão da região central pela clientela já adquirida. “Meu público já é fiel, o pessoal que sai do trabalho vem comer aqui, se eu tivesse a lanchonete em uma sobreloja, com certeza não teria nem metade dos meus clientes”. O gerente já teve sua lanchonete em sobreloja e garante que a diferença de lucros é grande. Já Darcy Braga, 65 anos, dono de uma relojoaria, mudou do térreo para a sobreloja, pela falta de segurança que a multidão lhe proporcionava. “Já fui assaltado quando tinha minha loja no andar debaixo, os delinqüentes se misturam com as pessoas e fica difícil destingüí-los. Por isso mudei para cima, assim só entra aqui quem tem interesse nos relógios”. Além disso, Darcy
se orgulha da nova vista que possue da Praça Rui Barbosa, onde costumava passear com a família quando era jovem. Segundo Eufrásia Dutra, corretora de imóveis da imobiliária Cilar, os compradores da sobreloja são comerciantes que não têm necessidade do público direto, mas precisam de um chamariz ou um captador, como um contratado que recita o cardápio do dia em plena rua XV de Novembro. “São pessoas que não necessitam de público na loja, profissionais liberais como médicos, dentistas, advogados, escritórios, restaurantes e até mesmo sindicatos”. Em relação aos custos, a lógica é simples: nos edifícios o térreo é sempre mais caro e o preço vai diminuindo na mesma proporção que as lojas estão “subindo”. Já para compra e locação residencial, a ordem é a inversa: quanto mais alto, uma cobertura, por exemplo, mais caro o imóvel. Mesmo não sendo tão procuradas pelo público que passa pelas ruas do Centro de Curitiba, as sobrelojas e prédios comerciais garantem uma vista privilegiada da cidade, têm um custo menor e são mais seguros na visão dos comerciantes. Em contrapartida, o número de atividades inusitadas é muito maior nos prédios mais tradicionais do centro
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Meio Ambiente
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Rio Belém já se confunde com esProblema vai além da responsabilidade da Sanepar
Muitas são as irregularidades que cercam o saneamento de Curitiba. Observando um caso isolado constatado na cidade tentou-se averiguar o que foi feito quanto ao Rio Belém. Margeado por ciclovias, casas e indústrias, já foi considerado um rio morto em função da quantidade exacerbada de lixo jogado no canal. Não é de hoje que estudantes fazem projetos para revitalizar o rio, vítima de imprudência e crescimento urbano, que é considerado único genuinamente curitibano. O rio banha o Parané e tem sua nascente no bairro Cachoeira. Sua bacia hidrográfica abrange 42 km2 de extensão. Na região do centro de Curitiba, o rio foi quase que totalmente coberto. Odor forte e lixo boiando: essa é a imagem que as pessoas têm do rio - pelo menos as que o conhecem. Grande parte da população não tem nem idéia do que foi a muito tempo atrás ter este canal limpo. Para eles o rio não passa de um esgoto a céu aberto. Mas a solução é possível mesmo que a longo prazo. O rio apresenta um mau cheiro que se arrasta por anos. De acordo com a moradora há 13 anos do Edifício J.C (Residencial que fica na proximidade de um dos trechos) Riedel, Maria Lúcia Teixeira da Paixão, o incômodo varia com o dia. “Quando esquenta aqui fica um cheiro horrível, não dá pra agüentar”, diz ela. E completa dizendo que “uma vez o edifício foi interditado porque choveu e alagou e todos os moradores tiveram que sair do prédio”. Quanto a isso, um funcionário da Sanepar (que pediu para não ser identificado), deu uma explicação que justificaria o que aconteceu. De acordo com ela isso depende muito da condição de regularização da ligação. Pois por muitas vezes os imóveis podem não estar ligados ao sistema da Sanepar, o que possivelmente causa problemas a longo ou curto prazo. É importante esclarecer que muitas vezes os problemas podem estar além da urbanização. Geralmente a imprudência pode vir desde as nascentes dos rios, onde muitas pessoas podem instalar-se nas beiradas e jogar todos os detritos por ali. Ainda de acordo com a fonte oficial, somente com o chamado Programa de Despoluição Ambiental (PDA), uma parceria entre Sanepar e a prefeitura de Curitiba, é possível identificar, ainda que não integralmente, se as instalações são regulares ou não. Feita a fiscalização nas residências, se a situação do esgoto ainda persistir irregular, após um reaviso dado pela prefeitura, o morador paga uma determinada multa . Este encargo geralmente é algo estabelecido de acordo com as normas da Secretaria do Meio Ambiente e também da Vigilância Sanitária. A respeito da insatisfação dos moradores da região com o odor do rio, o técnico de departamento de obras e saneamento, Gilberto Ribeiro, é responsabilidade de o morador ligar e notificar a Sanepar quando isso acontece. E ainda diz que “o esgoto é responsabilidade da Sanepar, mas a prefeitura
de que o Belém passa entre o Passeio Público e o Colégio Estadual do Paraná. É preciso fazer com que o cidadão valorize este canal. Previsão A Sanepar prevê não somente para Curitiba mas para outras cidades do estado cerca de 20 obras relacionadas ao sistema de água e 50 de esgoto. De acordo com a empresa este programa ajudará mais de 20 mil famílias que passarão pelo serviço de coleta e tratamento de esgoto doméstico. Cerca de oito mil ligações residenciais podem ser efetuadas.
Ana Esperança
Ana Esperança e Isabele Treglia
O que é PDA
No trecho entre o Parque São Lourenço e o Passeio Público será necessário um novo PDA.
é quem se preocupa em deixar o córrego limpo”. Ou seja, quando acontece alguma coisa prejudicial a qualquer rio do estado, a culpa não cai somente sobre um órgão, pois a culpa é de ambas as partes. Alguns moradores acham um absurdo o descaso de pedestres em relação a limpeza da água. Pessoas que passam ali em seu dia-a-dia dizem ver coisas inacreditáveis no local. “Dias atrás eu vi um absorvente jogado”, diz Camila Regadas, advogada que passa pelo local frequëntemente para ir ao Fórum Cível. As vezes alguns objetos bem curiosos são encontrados ali. “Uma vez passando por ali eu olhei bem e vi que tinha um celular de modelo bem antigo jogado lá”, diz a recepcionista da prefeitura (que fica a poucos metros do local), Sueli Schneidel. Falhas De acordo com uma fonte da Sanepar, algumas vezes o sistema de PDA é falho, pois geralmente determinados locais dentro de um
prédio podem estar ligados regularmente a Sanepar, mas outros podem escapar da fiscalização. É o caso da Assembléia Legislativa onde, em janeiro, foi constatado o despejo do esgoto no Rio Belém. Em função disso, toda a fiscalização está para ser refeita no trecho entre o Bosque do Papa e o Passeio Público (que certamente está poluído). Uma ironia já que o poder tem que tentar reparar o que está ruim mas ao mesmo tempo polui. A mesma fonte diz que, primeiramente, o que deve estar sempre em vista é combater as ligações de esgoto clandestinas que existem na região. Fazer com que a poulação se envolva e se torne consciente quanto a preservação. Se a população continuar jogando lixo no rio e nas ruas, será muito difícil conseguir atingir a meta, que é a revitalização. Afinal, para poluir este canal o lixo jogado por um pedestre não precisa estar na beira do rio, pois fatores como vento e chuva, levam os detritos para lá. O curitibano não tem nem o conhecimento
“Uma vez eu vi que tinha um celular de modelo bem antigo jogado
Edifício J.C, que beira o Rio Belém, passou por alagamento consequente de um esgoto doméstico.
Todos os imóveis deveriam estar ligados corretamente à rede da Sanepar. Ocorre que há propriedades que, de forma criminosa, fizeram a ligação do esgoto do seu imóvel na galeria de água da chuva. São os chamados esgotos clandestinos que tanto impacto ambiental provocam, principalmente com conseqüências diretas para a saúde de moradores e de veranistas. Programa de Despoluição Ambiental (PDA): em todos os imóveis atendidos por rede da Sanepar será colocado um corante em todos os pontos de lançamento de esgoto (ralo, pia, vaso sanitário, tanque, etc.) para verificar se cada ponto está corretamente ligado à rede ou à galeria de água da chuva. É o lançamento na galeria que provoca a poluição dos rios ou do mar. Os proprietários de imóveis onde for constatada irregularidade serão notificados e terão prazo para fazer a interligação corretamente. Quem não o fizer está passível de ser punido pelo Código Sanitário aplicado pela Prefeitura. Onde não há rede coletora é responsabilidade do dono do imóvel manter confinado em seu terreno o esgoto gerado. Para isto é necessário que tenha uma fossa adequada ao total de pessoas que freqüentam o imóvel. A fossa deve ser complementada por sumidouro. Quando está cheia é necessário contatar uma empresa de caminhão limpa-fossa credenciada pela Sanepar. Na vistoria são lançados corantes em pias, tanques, vasos sanitários e ralos com a finalidade de verificar para onde estão direcionadas as águas resultantes da limpeza e higiene. Também os flocos de isopor nas calhas para identificar se a água da chuva está direcionada corretamente para as galerias de águas pluviais. Outro mecanismo de vistoria é a injeção de fumaça nos poços de visita para percorrer as redes coletoras e ramais internos. A fumaça permite identificar possíveis vazamentos e ou irregularidades no sistema coletor de esgoto. A tarefa de despoluição não e simples, mas é trabalhosa e precisa da
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Meio Ambiente
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A ligação não é bicho de sete cabe-
Em frente as residências passa a rede coletora da Sanepar. A ligação com esta é muito simples mas é sempre necessária a presença de um profissional da área. Só assim é garantida que seja segura, dentro dos padrões da empresa, mantendo a segurança e saúde das famílias. Se a Sanepar identificar que uma ligação está irregular, ela manda um aviso para que seja regularizada dentro de 30 dias. Se ainda assim continuar da mesma maneira, um reaviso é enviado com o prazo de 15 dias. Se persistir, a Prefeitura tem autoridade para multar o dono do imóvel. De acordo com a Sanepar, à resistência a regularização só atrasa o transtorno da ligação, pois para efetuar este processo, azulejos e pisos são quebrados, causando um transtorno aos donos dos imóveis.
Fonte: Sanepar
Esgoto entra pelo cano. Agua de chuva vai para a galeria . Nunca ligue a água da chuva na rede de esgoto. O esgoto pode voltar para a casa se a água da chuva não for ligada a galeria pluvial.
Caixa de
Como ficar bem informado? Para obter mais informações sobre como ligar o esgoto de sua casa a rede da Sanepar e ajudar a preservar o meio ambiente, basta ligar 115, acessar www.sanepar.com.br ou procurar os escritórios de atendimento. Basicamente uma casa nos padrões da Sanepar ficaria desta maneira, trazendo melhoria na qualidade de vida dos moradores.
Sacolas ecológicas são apresentadas a mercaTodo mundo sabe que muitas coisas que demoram anos pra se decompor continuam sendo jogadas todos os dias nos locais indevidos. Olhe para o rio mais próximo e verá muitas delas. Pilhas, baterias... Sacolas. Quanto a este ultimo item citado uma reunião na subsede do Ministério Público do Paraná, no Rebouças, foi marcada para este mês. O objetivo é discutir o destino das sacolas de plastico distribuidas pelos estabelecimentos. Para o encontro foram convocados cerca de 10 supermercadistas das maiores redes de Curitiba e região metropolitana. A preocupação está em como as cerca de 80 milhões de sacolas geradas pelas grandes empresas são descartadas pelos clientes. Este material com certeza acaba em aterros, lixões e ainda em rios e terrenos baldios. Tudo isso causa um problemas ambiental imensurável, pois o plástico leva cerca de cinco séculos para se decompor. O objetivo maior da reunião é tomar conhecimento das providencias que serão adotadas para amenizar o impacto ambiental que as sacolas normais provocaram e ainda provocam. Uma das idéias sugeridas aos supermercados é a adoção das sacolas oxi-biodegradáveis que não necessitam mais do que os agentes naturais, como sol, chuva, vento para que o material seja destruído. De acordo com estudos, leva no máximo 18 meses para esta variação sumir, diferentemente dos plásticos comuns. De acordo com o coorde-
nador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caopma), Honorato Santos, “esse tipo de sacola é muito menos danoso ao meio ambiente, embora o ideal é que o consumidor aprenda a utilizar nas compras as sacolas de pano, que podem ser lavadas e reutilizadas centenas de vezes”. Segundo ele a proposta não é impor as empresas que adotem os padrões sugeridos, mas sim que estas os levem em consideração e tentem fazer algo pela natureza. “Estabelecemos contato, num primeiro momento, com a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), para que ela propusesse uma solução conjunta, mas como a associação alegou não ter competência para assumir as obrigações em nome de seus associados, notificamos diretamente os supermercados”, afirma. Em fevereiro o coordenador participou do lançamento do projeto “Sacolas Ecológicas” (da Fundação Verde), com a meta de incentivar a pratica de preservação e recuperação ambiental, estendendo para outras cidades do país a possível troca de sacolas normais pelas oxi-biodegradáveis. Estão como parceiros no projeto o Ministério Público, IAP, Associação Comercial dos Supermercadistas do Norte do Paraná e Polícia Ambiental. Um decreto foi assinado na ocasião pelo prefeito Silvio Barros, para que fosse determinada a utilização pelos órgão municipais dos sacos de lixo oxi-bidegradáveis. Pois a prefeitura assume que utiliza cerca de meio milhão de sacos por ano. Ainda na
Fonte: Google
O que é a fundação? A Fundação Verde, é uma organização não governamental do terceiro setor, uma fundação particular do meio ambiente, nascida em 19 de maio de 1999 para melhorar o planeta, através da preservação, recuperação e educação ambiental. Contato Fundação Verde R Dr Saulo Porto Virmond, 117 Zona 2 - CEP 87005-090 Maringá - Paraná - Brasil Modelo de sacola oxi-biodegradável utilizada no projeto
solenidade, cerca de 20 empresas que já adotaram o novo material, receberam o selo de “Empresa Amiga do Planeta”, que, de acordo com a Fundação incentiva que outras empresas entrem na corrente também. De acordo com a fundadora da Ong, Ana Domingues, os mercados de Maringá utilizam em torno de 15 mil sacolas por mês, e as feiras gastam 100 mil. Algumas biodegradáveis ja foram distribuidas aos comerciantes para que estes conheçam o produto, que, apesar que ser igual em qualidade, chega a ser 10% mais caro do que a tradicional. Revegetação A necessidade da Ong ser criada surgiu do processo de revegetação dos rios de Maringá, desenvolvido com a ajuda de voluntários e pessoas que cumprem penas alternativas na cidade por crimes
ambientais. Foram plantadas 30 mil árvores. Durante o projeto, percebeu-se que o número de sacolas de mercado jogadas nos rios da cidade era grande. E assim foi dado o início ao projeto, em busca de uma nova tecnologia. Um link que está relacionado ao tema é o www.nospodemos.org, onde é possível ficar mais interado a respeito do assunto. O programa ao qual o site está ligado se chama 8 jeitos de mudar o mundo, no qual o sétimo item diz respeito a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente. De acordo com o site da fundação cerca de um bilhão de pessoas não têm acesso a água potável, e que o voluntariado nos projetos ambientais é um dos pontos chaves na sociedade do novo milênio pela conscientização ecológica.
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Educação
Capital da Notícia
Ettibagi propicia ensino tecnológiRodolofo Stancki
O Ettibagi, Instituto Tibagi de ensino tecnológico, providencia cursos profissionalizantes a jovens estudantes carentes dos 14 aos 18 anos, oriundos de diversos bairros de Curitiba e Região Metropolitana. Existente há aproximadamente doze anos, a escola é uma Organização Não-Governamental financiada pela construtora Tibagi, por meio do projeto de responsabilidade social. Conta com turmas de, aproximadamente, 20 alunos sob a tutela de um assistente social, um educador tecnológico e um coordenador. Inicialmente formado pelo professor aposentado Édio Furlanetto, atualmente coordenador geral do Ettibagi, o Instituto atendia apenas uma turma com 13 alunos, todos do sexo masculino no curso de eletromecânica. A partir de 2003 a escola passou a aceitar meninas, que, apesar do esforço, ainda são minoria nas turmas, além de se enquadrar na lei do aprendiz, promulgada no ano 2000. A Ettibagi recebe apenas jovens que estejam cursando o ensino regular. O requisito básico é que os alunos que desejam ingressar no curso tenham renda familiar máxima de três salários munímos. “Não financiaremos o estudo de quem tem condições de pagar”, afirma Furlanetto. O tempo médio dos cursos de eletromecânica e eletroeletrônica é de 21 meses. Dois deles são gastos em aulas diárias e os outros em um contrato de aprendiz, no qual, empresas conveniadas a escola aceitam esses menores aprendizes e garantem a experiência profissional que suas possíveis futuras profissões necessitam. “Passamos três dias na empresa e dois dias na escola, aí a empresa paga nosso salário enquanto estamos aqui”, afirma o aluno Leandro Henrique Paixão da Silva, 16 anos, que cursa o segundo ano do ensino médio. Integração
Marina Gallucci
Instituto insere jovens carentes no mercado profissional
A boa relação entre os alunos e a disciplina é algo bem contrastado dentro do Instituto. “Fazemos churrascos, festas e amigos secretos para promover a união dos alunos”, diz Iraci da Luz, uma das assistentes sociais do Ettibagi. “Temos até uma caixinha da amizade na qual os alunos de diferentes períodos trocam cartas”, afirma. Outra assistente social da escola, Maria Cristiane, explica que esta é a Marina Gallucci
Tiago Barbosa e Leandro Paixão contam como o instituto funciona e falam de sua importância.
oportunidade de se promover o trabalho profissional e pessoal, o que mais importa no Instituto. “Aqui os jovens levam uma outra vida, uma maturidade e ainda têm diante de si uma porta que se abre, iniciando no mercado de trabalho da forma certa”, entusiasma-se. Para Tiago Barbosa, o curso é interessante pela oportunidade de se obter ajuda no seu curso regurlar e pela chance de obter uma profissão já que não consegue estágio de tipo algum. “Fiz cadastro em diversos sites de estágios, e não consegui nenhum. Aqui, ainda não consegui nada, mas diversos amigos meus já”, diz o aluno de 16 anos. Divulgação A divulgação do curso é feita em colégios de comunidades mais carentes da periferia do município e em sua região metropolitana. “O assistente social do centro foi no meu colégio e resolvi me inscrever”, conta Paixão. O impacto que o curso causa na comunidade é sentido pelo aumento no número de inscrições feitas. “Aqui os alunos uma profissão,utilizam uniforme e saem de uma tarde vazia depositando todo seu potencial no ensino que obterão”, esclarece o coordenador geral da escola. Atualmente o centro conta com
duas turmas, dividiadas, no período da tarde. Mas já chegaram a atender mais em outros períodos. O número de funcionários por turma é de no máximo três profissionais. “Geralmente cada turma tem seu próprio coordenador, sua assistente-social e seu educador tecnológico”, explica Furlanetto.
Trabalho voluntário O curso também fornece diferentes vias para o trabalho voluntário. “É possível que quem deseje ajudar possa fazer isso em casa e aqui de diferentes maneiras”. “Se você entende de algum assunto, pode vir dar uma palestra, por exemplo”, afirma Furlanetto. Aqueles que estiverem interessados podem entrar em contato com o instituto no endereço: Rua DesembargadorWestphalen, 1070 Tel. 3232-4711 E-mail: ettibagi@pop.com.br
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Educação
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OAB recomenda cursos em todo o
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Marcelo Dacol e Edilson de Souza
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou recentemente os nomes dos 87 cursos de Direito que receberam o OAB Recomenda. Este é o selo de qualidade emitido pela instituição aos cursos jurídicos que vêm apresentando melhor índice de qualidade nos últimos anos. Ao todo foi examinado um total de 322 cursos jurídicos com funcionamento regular em todo o Brasil. Foram incluídas no programa de avaliação as instituições de educação superior que tiveram bons desempenhos no Exame Nacional de Cursos (Provão). Nessa edição, apenas, Amapá, Roraima e Tocantins não tiveram cursos recomendados. Ao divulgar os nomes dos 87 cursos em 23 estados e no Distrito Federal, o presidente nacional da OAB, Roberto Busato, afirmou que o processo de globalização acirrou a competitividade profissional e trouxe à tona a precariedade dos cursos superiores brasileiros, em especial os de Direito. “ A abertura dos mercados, colocou nossos profissionais em concorrência direta com os formandos em faculdades do primeiro mundo, desta forma, aumentaram as exigências de apuros e especializações”, ressaltou Busato. O acadêmico de Direito da Uniandrade, Daniel Vicente de Carvalho, 35 anos, não acredita na seriedade da recomendação dos cursos pela OAB. Para ele é apenas uma formalidade, uma maneira de fazer politicagem. “Foi uma forma encontrada pela Ordem para dar mais crédito aos seus amigos reitores, donos de faculdades. O
Edilson de Souza
No PR apenas seis faculdades de Direito foram indicadas
Um formando e um já graduado discutem sobre as questões realizadas no Exame da Ordem.
selo, para mim, é uma farsa. Infelizmente a Uniandrade não possui bons relacionamentos”, disse Carvalho. Franciane Caroline Ribeiro, 21 anos, coloca em dúvida os critérios de avaliação do Exame da Ordem, bem como o selo da OAB Recomenda. Para ela, os alunos tem de fazer a sua parte, se preparar ao máximo na faculdade e na hora do teste demonstrar todo o seu potencial e competência. “Acho impossível eles não me aprovarem, mesmo a Dom Bosco não sendo recomendada. Se eu souber o que estou respondendo e acertar as questões propostas eles terão de me dar a carteira de advogado”, comentou ela.
A estudante da PUC Nabile France de Oliveira, 21 anos, conhece bem os dois lados da história. Começou o seu curso de Direito nas Faculdade Metropolitana de Curitiba (Famec) uma escola sem o selo de recomendação da OAB e não vê muita diferença de qualidade de ensino. “ O selo não muda o conteúdo, as duas faculdades tem a mesma grade de ensino” informou Nabile. Com relação ao Exame da Ordem ela acredita ser a maneira justa de desempenhar as suas funções profissionais. “ Eu concordo com o exame, mas acho que a prova deveria ser diferente mais objetiva”, concluiu
Opinião do futuro advogado Rafael Enes, 25 anos, concluiu o seu curso de Direito na PUC em São José dos Pinhais no ano passado, realizou os Exames da Ordem no começo deste ano e foi aprovado na primeira fase. Ele diz não ver muita importância em uma instituição ter ou não uma recomendação. “ A PUC possui o selo OAB Recomenda e nem por isso tive alguma vantagem na prova. Acredito que a diferença está na propaganda. Se a institução é recomendada, chamará muito mais atenção e por consequência disso, conseguirá mais alunos”, argumentou. Para ele não existe outra diferença além da estrutura física e do corpo docente. “As grades curriculares são praticamente iguais e geralmente com os mesmos professores. Quem dá aula para os recomendados dá também para aqueles que ainda não possuem a recomendação da OAB”, lembrou Enes. Em ambos os casos há um pensamento em comum. Para se evitar o sofrimento na hora do exame é preciso que haja uma mudança na estrutura dos cursos, na mentalidade dos alunos e na forma de avaliação. “Os alunos desconhecem os critérios de avaliação, eles passam cinco anos, na faculdade brincando, depois sofrem na hora de conquistar a sua carteira e o direito de trabalhar como advogado”, concluiu. Já Carvalho acha justo ter de fazer o Exame da Ordem e diz que o pequeno número de aprovação está relacionado ao alto grau de exigência na hora do exame, “ voces não têm idéia, o teste é muito
Falta de “Selo” não assusta alunos da UniBrasil
se coloca entre as melhores. É preciso que os critérios de aceitação sejam rediscutidos”, completou Gabardo.
Marcelo Dacol
Entre as instituições que não obtiveram o OAB Recomenda está a UniBrasil. Mesmo sendo uma faculdade que recebeu avaliação máxima do MEC, ainda assim não conquistou o selo de qualidade. O fato não preocupou os alunos que estudam na instituição. Mesmo não sabendo como será o reconhecimento do mercado no futuro, eles apostam no nome forte da faculdade. “Quando ingressei na UniBrasil a informação que eu tinha, é que era o melhor curso de Direito de Curitiba. Agora, espero que eles (os diretores) possam reverter esse quadro e recebam a recomendação”, disse Meggie Berleis, aluna do 5° período. Outra aluna que diz não se preocupar com o seu futuro profissional é Tássia Ferraz que está no 3º período. “Para mim o selo é um mero detalhe. A instituição é ótima, os professores e coordenadores são ótimos, muito competentes, não tenho essa preocupação, pois a minha certeza é que o nosso curso de direito
Escolas aprovadas no Paraná
Os alunos de Direito se preparam nas aulas mas sabem das dificuldades que serão enfrentadas.
é de excelente qualidade”, avaliou a estudante. O coordenador do curso de Direito, Emerson Gabardo, por meio de nota oficial postada na internetdisse que ainda não sabe os motivos da ausência na lista. “Nós não conseguimos informações precisas ainda, mas
acreditamos que a seleção foi feita com base nos critérios antigos, ou seja; com aqueles cursos que contam com mais de nove anos de existência no Estado do Paraná”, respondeu. Ainda disse que a UniBrasil destaca-se pela excelência entre as faculdades privadas, “estamos tranqüilos, em todos os Exames de Ordem a nossa instituição
Faculdade de Direito do Norte Pioneiro - Jacarézinho Faculdades Integradas Curitiba Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Curitiba Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual de Maringá Universidade Federal do Paraná - Curitiba
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Educação
Capital da Notícia
Governo pretende melhorar educaKaroline de Souza e Nadeska Regina
Sala de informática do Colégio Estadual, um dos colégios da rede estadual.
psicológico e, dependendo da gravidade do problema, um acompanhamento do caso pelo Conselho Tutelar que afasta a criança dos pais para tentar oferecer a essa uma vida melhor. “No colégio já enfrentamos casos graves de crianças que eram espancadas e, consequentemente, tinham uma relação difícil com os colegas de turma. É complicado exigir desses alunos um potencial de aprendizagem “, fala a vice-diretora Marilis.
Karoline de Souza
A todo o momento vemos na TV, escutamos no rádio ou mesmo numa roda de amigos a discussão entre a diferença do ensino público para o privado. E são vários os pontos de vista, mesmo entre os educadores. Uns defendem que o problema é do governo pelo fato deste não investir o suficiente na educação, outros apontam que o professor não tem condições para investir em sua formação, por causa dos baixos salários. Mas o consenso a que estes chegam é que a desigualdade entre os alunos da escola pública e privada começa dentro de casa com a estrutura familiar. No mês de abril o presidente Lula e o ministro da Educação, Fernando Haddad lançaram, no Palácio do Planalto, as etapas do projeto chamado PDE (Plano de Desenvol-vimento da Educação). O objetivo da PDE está em igualar o sistema educacional das escolas públicas e das privadas, e a prioridade do programa está em medidas para o ensino médio e infantil. Um dos pontos é a criação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), uma espécie de ranking do rendimento de alunos, taxas de repetência e evasão escolar. Também prevê a informatização de todas as escolas públicas até 2010 e energia elétrica para escolas que ainda não têm luz até o final do ano que vem. Porém, os professores do ensino público acreditam que a principal desigualdade entre uma escola e outra não está na estrutura, na falta de salas, de cadeiras, computadores, mas segundo a professora Regina Monteiro é devido a dois principais fatos: a de que o setor privado admitir que o professor tome qualquer iniciativa, que não seja contra lei e o fato da vida dos alunos dos dois setores vivenciarem situações cotidianas opostas. No setor público existe à burocracia, e é necessário aprovação de alguma
autoridade isso exige tempo que as vezes os alunos não podem esperar. A vice-diretora Marilis Greca, da Escola Municipal Madre Antônia, localizada no bairro Tarumã, já trabalhou em colégios particulares, e diz que na escola pública, por se precisar da aprovação das solicitações, tudo é feito na improvisação, mesmo as tarefas mais simples, como festas e comemorações. “Na escola pública nada é planejado com antecedência, se pensa tudo na hora, um faz uma coisa, outro outra, no improviso”, acrescenta a vice-diretora. Ela também informou que até mesmo a compra do material didático é feita de forma equivocada, pois escolas com métodos diferentes trabalham com o mesmo livro. Segundo a professora Valesca Giordano Litz, da rede particular, nas escolas privadas a organização é muito melhor e mais fácil pelo fato dos professores, coordenadores e diretores, se reunirem e estabelecerem um cronograma das atividades que serão realizadas durante o ano. “Não é preciso pedir uma auto-rização para fulano ou ciclano, que muitas vezes nem sabem o que é importante para os alunos”, afirma a professora. Para a ela não é tão simples assim igualar o ensino de crianças carentes com crianças de “berço de ouro”. Afinal a vida dessas são opostas socialmente e economicamente, complementa Valesca. Outro ponto muito discutido pelos educadores sobre á PDE questiona a base educacional que o aluno traz de casa, principalmente no apoio dado pelos pais ao incentivar para o estudo. Das 30 ações do PDE nenhuma tenta resolver a situação das crianças que moram na favela e convivem com pais drogados, violentos, que espancam seus filhos. Este é um dos maiores problemas que a escola enfrenta todos os dias. Além do ensino tradicional (português, matemática, etc.), ela ainda tem que recuperar a auto-estima do aluno, oferecer a ele um tratamento
Karoline de Souza
Prioridade da PDE é com a educação básica
Aulas de informática trabalham os conteúdos das séries e disciplinas da Educação Infantil ao Ensino Médio. ( Colégio Nossa Senhora Medianeira, um dos colégios da rede privada).
Pontos PDE A nota divulgada pelo MEC mostra que os principais pontos do programa são: 1 - Criação do Ideb ( Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ) e apoio às prefeituras que têm os indicadores educacionais mais baixos. O Ideb leva em conta o rendimento dos alunos, a taxa de repetência e a evasão escolar. Se fosse avaliada hoje, a educação básica brasileira teria uma média aproximada de quatro pontos numa escala que vai de zero a dez. Nos próximos 15 anos, o Brasil terá que alcançar nota seis no Ideb, a mesma média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). 2 - Implantação da Provinha Brasil, para avaliar a alfabetização de crianças de 6 a 8 anos. 3 - Informatização de todas as escolas públicas. Serão instalados laboratórios de informática em todas as escolas públicas até 2010. Os computadores já foram adquiridos e despachados a todas 27 unidades da federação, em acordo com os secretários de educação. Em seguida escolas urbanas de 5ª a 8ª com mais de 200 alunos e todas as escolas rurais com mais de 50. Nos dois últimos anos, as demais. Total: 130 mil escolas; investimento: R$ 650 milhões. 4 - Luz, até o ano que vem, em todas as escolas públicas que ainda não possuem energia elétrica, dentro do programa Luz
para Todos. 5 - O PDE prevê a criação de um piso salarial de R$ 850 para todos os professores da rede pública do País. A implantação do piso será gradual até 2010, de forma a não comprometer o orçamento de Estados e prefeituras. 6 - Até 2010, uma parceria das universidades públicas com as prefeituras vai implantar mil pólos de formação de professores em todo o País, principalmente nas pequenas e médias cidades do interior. É o programa Universidade Aberta, que mescla o ensino presencial com a modalidade a distância. Além de suprir a demanda de professores, servirá para fixar o profissional em sua cidade ou região, evitando a perda de pessoas capacitadas para os grandes centros urbanos. De acordo com o ex-professor da Escola Estadual do Paraná e ex-secretário da educação, José Ferreira, é preciso a criação da Lei de Responsabilidade Educacional, que hoje é feita por um critério de necessi-dade: quanto mais pobre é a cidade ou Estado mais dinheiro ele recebe de transferência de recursos. “Você tem que premiar resultado, não adianta premiar necessidade. Se não, você dá um incentivo para as prefeituras e para os Estados para que invistam menos ainda em educação, porque quanto menos eles investem mais dinheiro recebem”, afirma Ferreira.
MAIS INFORMAÇÕES Acesse o site do MEC (Ministério da Educação) e acompanhe a evolução das etapas na sua escola. www.mec.gov.br
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Terapias alternativas ganham espaFrieza da medicina e contra-indicações da alopatia Edilson de Souza
Gabriela Siqueira
No século passado, a medicina alcançou feitos notáveis. Foi quando se descobriu a penicilina, a vacina contra a poliomielite e se aprimorou o transplante de órgãos, entre outras conquistas. Porém, a saúde perfeita ainda é um desafio. O nariz ainda escorre durante uma gripe, as costas doem depois de um dia diante do computador e as crianças continuam asmáticas sem que se saiba a exata razão. Ao que tudo indica, o paciente parece querer algo mais. Surgem então, novas formas de tratamentos. As agulhas da medicina chinesa, a massagem no pé da reflexologia e outros artefatos exóticos disputam espaço com o clássico estetoscópio. A explosão da medicina alternativa se deve a vários aspectos. Um dos mais contundentes é a frieza com que os médicos convencionais trabalham. “A medicina se especializou tanto que hoje existe um médico para cada órgão do corpo. Mas nós não somos um pedaço de carne, um nariz ou um estômago. Somos indivíduos de carne, osso, espírito e personalidade”, opina a advogada Elisa Grein, adepta à homeopatia. Outro ponto positivo dos tratamentos alternativos é a ausência de contra-indicações nos medicamentos. “Eu sempre evitei tomar remédios alopáticos para poupar meu organismo. A acupuntura resolveu meu problema de insônia, o que só um tratamento alopático a base de calmantes, cheio de contra-indicações, solucionaria”, conta o publicitário André Luiz dos Santos. Mas os tratamentos alternativos vão muito além da homeopatia e da acupuntura. As terapias chamadas de alternativas ou complementares reúnem cerca de 800 nomes. Nessa lista é possível encontrar desde terapias conhecidas, como a fitoterapia, até coisas que
A chinesa acupuntura estimula pontos específicos do corpo com agulhas para aliviar dores.
pouca gente usaria na hora de uma dor de cabeça, como a urinoterapia (ingestão de urina). Por isso, quando se fala em terapia alternativa é preciso esclarecer do que se trata. A alopatia ou medicina tradicional abarca especialidades como urologia, neurologia, entre outras. Os terapeutas têm, geralmente, outro tipo de formação. De todas as especialidades alternativas, apenas homeopatia e acupuntura têm o aval do Conselho Federal de Medicina (CFM). Escolhas mais radicais não são bem vistas pela classe médica. A razão é clara: muitos dos chamados terapeutas alternativos são leigos que fazem um curso de fim de semana e saem apregoando poderes curativos e de diagnóstico. Tradicional X Alternativo Enquanto a medicina tradicional trata as doenças por meios contrários a elas, procurando conhecer suas causas e combatê-las com procedimentos resultados de estudos
Apenas homeopatia e acupuntura têm aval do CFM
científicos, a maioria das abordagens alternativas estão baseadas no vitalismo. Esse conceito prega que as funções corporais existem devido a um princípio vital ou força da vida, distinta das forças físicas explicáveis. As terapias alternativas tratam as pessoas de maneira holística, ou seja, consideram a pessoa como um todo, envolvendo características físicas, mentais, emocionais e espirituais. A maioria dos terapeutas holísticos sustentam que as doenças devem ser tratadas pela estimulação de habilidades do corpo para curar a si mesmo ao invés de tratar os sintomas. Mas mesmo os médicos que reconhecem a eficácia dos tratamentos alternativos preferem chamá-los de complementares. “O que existem são técnicas complementares de tratamento. A acupuntura, por exemplo, é uma técnica milenar da medicina chinesa, atualmente muito aceita no nosso meio. Por isso, é reconhecida como especialidade médica. Mas tem mais resul-
As técnicas e suas pecualridades A homeopatia é geralmente admitida no tratamento de doenças crônicas, sobretudo nas de fundo emocional. Os homeopatas afirmam tratar os doentes e não as doenças. “A principal descoberta dos estudos homeopáticos é o fato de percebermos que os sintomas vão além das doenças. São sintomas do doente, com modalidades próprias e individuais. Os doentes apresentam na sua forma de sofrer características peculiares, que não são próprias de uma doença, mas sim próprias do indivíduo”, diz o homeopata Luiz Antônio Padilha. Padilha fala também sobre a diferença nos medicamentos homeopáticos. “Nós trabalhamos com medicamentos ultra-diluídos. Gotinhas e comprimidos sempre em pequenas doses”. Já a acupuntura consiste em estimular pontos específicos
do corpo com agulhas, laser ou ímã, para aliviar dores, como enxaqueca e artrite. “A acupuntura, além de atuar sobre a dor, também melhora a rigidez da articulação, o que produz ganhos para a função articular, onde é normalmente usada com eficácia”, conta Sferelli. Quanto à fitoterapia, é inegável o princípio curativo de alguns chás e plantas. Cerca de 45% dos remédios usados pela medicina convencional são feitos a partir de substâncias extraídas de vegetais e o tratamento com ervas é muito utilizado em todo o mundo. São inúmeros os medicamentos fitoterápicos e sua produção está cada vez maior, ocupando importante espaço comercial. Mas, em geral, fogem do controle rigoroso dos serviços de vigilância e são vendidos com a imagem de produtos inofensivos à saúde. A fitoterapeuta Maria Clara Macedo explica que não é bem assim. “A substância derivada de planta não é inócua. Basta lembrar que a maioria dos venenos derivam de vegetais. Uma substância pode ser terapêutica em uma determinada dose e venenosa em outra”, afirma.
tado quando combinada com a alopatia”, destaca o clínico-geral Francisco Orejuela. Segundo ele, o perigo da medicina alternativa é quando mascara doenças graves. “O problema é se o terapeuta alternativo garante o combate seguro a doenças graves. Prometer a cura é o pior dos crimes”. Sua orientação é que as pessoas que estão satisfeitas com técnicas alternativas, continuem o tratamento, mas não esqueçam que certos diagnósticos só podem ser dados por um médico. O acupunturista Pedro Sferelli concorda. “Não fazemos parte da medicina e nem queremos. As pessoas têm médico e psicólogo. Por que não ter médico e terapeuta?” Ele entende que uma das grandes dificuldades de um paciente leigo é conseguir separar verdades de mentiras no imenso leque das modalidades de terapias alternativas que existem hoje. “É tênue a linha que separa a eficácia do charlatanismo”. Mas e a questão da frieza dos médicos tradicionais, motivo do início desta reportagem? Segundo Orejuela, o comportamento tem explicação. “O terapeuta alternativo tem tempo para conversar o quanto quiser com o paciente. Nós somos obrigados a ser mais objetivos por uma questão de tempo. As consultas duram em média 20 minutos em virtude do número de pacientes que atendemos diariamente”, esclarece.
Tratamentos alternativos de A a Z
Calcula-se que haja quase 800 modalidades de terapias alternativas em todo o mundo. Conheça algumas delas e o que propõem: Apiterapia – Propõe a cura a partir da ingestão de derivados do mel. Aromaterapia - Usa óleos essenciais de plantas e flores, que são esfregados no corpo ou inalados. Cristais – Cura e previne doenças por meio da energia dos cristais. Cromoterapia – Defende as propriedades curativas das cores. Dietoterapia - Trata as doenças a partir de uma nova dieta nutricional. Florais de Bach- Essências de flores diluídas em um conservante com propriedades curativas. Hipnoterapia - Leva a pessoa a um transe semiconsciente. Iridologia - Propõe fazer diagnósticos observando as marcas da íris. Magnetoterapia - Utiliza ímãs para combater dores crônicas, inflamações, ansiedade e insônia. Ortomolecular - Emprega vitaminas, minerais e aminoácidos para criar um
suposto equilíbrio nutricional do corpo. Quiropraxia - Procedimento que alivia dores na coluna e na região lombar. Defende a idéia de que as dores surgem quando alguma das 24 vértebras da coluna sai do lugar e pinça o nervo. Keinki - É a terapia da imposição das mãos. O terapeuta seria apenas uma ponte entre a energia do universo e a da outra pessoa. Os reikianos sustentam que a própria energia vital pode curar qualquer doença. Shiatsu - É como a acupuntura, mas sem as agulhas. Ao pé da letra, “shi” significa dedo e “atsu”, pressão. Técnica de Alexander - Propõe relações entre a mente e o corpo, que têm como o objetivo de mudar vícios de movimentação e postura. Urinoterapia - Consiste em o paciente beber a própria urina como forma de repor os nutrientes do corpo. Xamanismo - O estado de consciência é alterado. Faz-se algo como uma viagem para o mundo espiritual.
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Cultura
Capital da Notícia
A volta dos bons e velhos bolaGuilherme Cordova e Wellington Sari
confirma que fãs de música compartilham da opinião de Ivone: oito compradores saíram com vinil na mão. Além da preferência estética, há dois fatores que estimulam a procura pelo bolachão: seu som peculiar e a raridade de alguns álbuns (principalmente de artistas brasileros), que só podem ser encontrados em acetato. Jardel Simões, dono da Vinyl Club, conta : “Vendi o Coisas , do Moacyr Santos, por R$ 2 mil”, enquanto folheava um catálogo de discos raros brasileiros. “Os graves do vinil são mais fortes e envolvem o ambiente. Não dá nem pra comparar com o sonzinho do cd”. Outras características, mais psicológicas do que técnicas, influenciam os compradores de LP. Aparentemente, a “bolacha” desperta um tipo de paixão difícil de ser explicada. A proprietária da loja Acervo, Márcia Maria de Almeida conta que “as vezes os clientes brigam feito crianças por coisas novas que chegam aqui na loja”. Ela não sabe exatamente o motivo, mas acha que o vinil continuará existindo por muito tempo. Já o cd, não. Há uma comparação usada pelos colecionadores para explicar o motivo pelo qual não aderem às novas tecnologias. Comparação um tanto grosseira, mas eficaz. Escutar música digital, no mp3 especificamente, é como fazer sexo e não ver a cara da pessoa.
Escolher um na prateleira. Com todo cuidado, tirá-lo do plástico. Deixar virado o lado “A” para cima. Colocá-lo no prato. Precisamente, abaixar a agulha na primeira faixa. Ouvir o chiado. E, finalmente, a música. Em 33 rotações. Este ritual, muito praticado até o início dos anos 90 e, praticamente esquecido depois disso ( no Brasil), está sendo resgatado. Saudosistas, jovens, pessoas descoladas e amantes de música em geral, têm garantido o movimento nas lojas de vinil usados. É irônico pensar que, se no ano de 1993, por exemplo, alguém dissesse “Em 2007, tenho certeza que as pessoas ainda comprarão LP`S” , provavelmente ouvisse risos de descrença como resposta. O Compact Disk, que veio com a proposta de substituir de uma vez por todas o vinil, parecia imbatível: som límpido e cristalino. Tamanho reduzido. A possibilidade de ouvir todas as músicas sem ter que “virar o lado”. Entre outras vantagens. Apesar disso, a pretensa hegemonia do CD não durou muito tempo. O mp3 foi um dos principais responsáveis pela decadência dos cd‘s. A facilidade de se ter músicas do artista favorito em casa, de graça, é tentadora. Porém, para algumas pessoas, um disco não é feito apenas com músicas. Capa, encarte com letras, fotos, informações técnicas. Tudo isso faz parte do conceito – teoricamente – pensado pelos músicos. “No cd é tudo pequenininho. Pegue um LP e CD do Sgt. Peppers dos Beatles e veja a diferença. Mal dá pra saber quem é quem na capa”, diz Ivone Maria de Lima , dona da loja Galeria do Disco. O movimento na loja, enquanto a reportagem esteve presente,
Foto: www.synergia.itn.ru
Os discos de vinil estão em alta, a moda é escutar vitrola
Na maioria dos países da Europa e nos EUA, os vinis ainda são fabricados e consumidos. No Brasil, lp´s novos são lançados apenas em edições limitadas, como é o caso do disco “4”, da banda carioca Los Hermanos.
SERVIÇO Acervo Almon - Rua Saldanha Marinho, 459 - Centro Telefone: (41) 3224-8982 Galeria do Disco - Praça General Osório, 333 - Loja 20 - Centro Telefone: (41) 3222-9138 Vinyl Club - Rua Ébano Pereira, 196 - Loja 5 - Centro Telefone: (41) 3223-2763
Guilherme Cordova
Colecionador prefere “lado A /lado
Jardel Simões não abre mão dos vinis. Ele odeia Mp3. Odeia cd´s. Para ele, nada se compara ao som e ao visual de um LP. E, mesmo tendo mais de 4 mil em casa, não está satisfeito com a quantidade. Coisa de colecionador. “Às vezes chego em casa e não sei o que colocar para ouvir”, conta. São tantas opções que muitas vezes Simões acaba ouvindo apenas uma vez um àlbum. Sorrindo, ele diz que considera esta sua paixão melhor que usar drogas. “Ao invés de comprar drogas, eu compro discos”. Simões, que também é dono de loja, acha difícil separar o lado vendedor do colecionador. Algumas vezes ele precisa se controlar para não “pegar para ele” itens raros que aparecem para venda. No entanto, nem sempre isso é possível. “Quando é uma coisa muito rara, eu levo para casa ”. Qual é a banda que ele mais possue discos? Fácil adivinhar. Basta atentar para seu visual “Ringo Starr” (confira na foto ao lado e compare com seu encarte dos Fab Four) “Tenho tudo dos Beatles. De material oficial ao pirata. Alguns albuns deles eu te-
Na opinião dos repórteres, as 4 melhores capas de discos do mundo:
Capa do disco London Calling, do The Clash.
Capa do Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
Capa de The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd.
Jardel Simões muitas vezes acha difícil ser colecionador e dono de loja ao mesmo tempo.
nho dois” . Por quê? Ele explica: “às vezes sai uma versão com capa diferente, ou um promo disc, que são aqueles vinis com ftos no próprio disco”.
Simões não acredita que os discos desaparecerão. Há alguma coisa neles que permite sua sobrevivência. É algo misterioso, que nem Jardel sabe explicar. Mas,
Capa do auto-intituladoThe Velvet Underground e Nico.
Geral Cultura
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Patrimônio público de portas
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Situado no Largo Emílio de Menezes ou Largo da Ordem, paralelo a rua Jaime Reis, o Belvedere do Alto São Francisco encontra-se fechado e em situação precária. O antigo prédio foi referência durante muitos anos pelo seu projeto arrojado, com arcadas e design no estilo francês Art Nouveau. Dispõe de uma vista privilegiada do bairro São Francisco, assim como os belvederes franceses, que tinham a função de servir como mirantes. Porém, o estado desse patrimônio histórico tombado sob a inscrição número 14, datado de 26 de janeiro de 1966, está comprometido. Segundo levantamentos da Secretária de Estado da Cultura (SEEC) o prédio apresenta infiltrações, comprometimento das estruturas de madeira, falta de telhas na edificação e o sistema de captação de água está inutilizável; beirais, esquadrias de portas e janelas estão danificados, faltam elementos de madeira nas varandas, fissuras no reboco externo e diversos outros problemas confirmam o estado crítico da construção. O imóvel é pertencente ao governo do estado desde 1933, quando foi comprado dá prefeitura por 25 contos de réis. Desde então diversas atividades foram abrigadas na construção quase que centenária. A primeira rádio paranaense, rádio Clube de Curitiba ou como ficou conhecida PRB-2, teve sua sede naquele local em 1924. Em 1931, fora aberta uma concessão para a instalação de um observatório astronômico para a Faculdade de Engenharia do Paraná. Recentemente o prédio servia como sede da União Cívica Feminina, que tem a concessão do prédio até agosto deste ano. Como a entidade encontra-se desativada, o belvedere teve suas portas fechadas e serve como depósito. Segundo Henrique Schmidlin, ou Vitamina como é conhecido, responsável pelos patrimônios tombados do Paraná, existem muitas questões burocráticas que envolvem uma conservação maior do patrimônio. “A Secretaria tem interesse em anexar o belvedere junto ao Museu Paranaense. Transformá-lo em uma opção a mais de lazer para quem visita o museu”, afirmou Schmidlin. Junto a esta proposta também está a do arquiteto José Rodrigues, que busca inserir o edifício à vida contemporânea e dar suporte aos acontecimentos, pesquisas e eventos do Museu Paranaense. Schmidlin ainda revelou que a União dos Escoteiros do Brasil já havia demonstrado interesse em obter a concessão do patrimônio. “Os escoteiros já tentaram uma vez, mas a concessão ainda pertence à União Cívica Feminina. Ao
Portas fechadas com compensados e cadeados. Grades foram colocadas há poucos anos por motivos de segurança pela Prefeitura Municipal.
que tudo indica, ao final dela, não será renovada, e em agosto poderá ser refeito o pedido da União dos Escoteiros”. Falta de manutenção foi o que alegou Schmidlin pelas condições atuais do belvedere. Como são concessões cedidas, a responsabilidade de manutenção fica por conta de quem adquiriu. Isso inclui toda a parte hidráulica e elétrica, pisos, revestimentos, tetos e paredes. E por se tratar de patrimônio tombado, quaisquer modificações passam pela aprovação do SEEC.
Foto: Arquivo SEEC
Kahito Jucoski
Foto:Kahito Jucoski
Construção do início do século XX encontra-se danificada e sem nenhuma utilidade
Art Nouveau
Art nouveau, chamado arte nova em Portugal, foi um estilo estético essencialmente de design e arquitetura que também influenciou o mundo das artes plásticas. Esse estilo é a uma manifestação típica do século XIX, porém é possível encontrar traços desse movimento posterior ao século XX. No Brasil o Liceu de Artes e Oficios de São Paulo teve uma fundamental participação para a divulgação do movimento. A finalização das obras no belvedere datam do começo do século XX.
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Ensaio Fotográfico
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Curitiba em ritmo aceleTexto, fotos e diagramação: Allyne Louise e Marina Portella
Quem nunca se viu atrasado para um compromisso e por isso trombou em alguém? Você já parou em um banco de alguma das várias praças da cidade e observou o ritmo do curitibano? A rua XV de Novembro, localizado no coração da cidade é onde existe o maior acúmulo de pessoas apressadas
O vai e vem é constante, a rua parece não dormir. O tumulto é gerado por causa dos comércios populares e do calçadão ser ponto de encontro dos curitibanos.Diariamente é fácil encontrar pessoas acompanhadas de sacolas de compras.
São poucas as pessoas que conseguem um tempinho livre para o descanso. Curitiba é uma cidade que anda em ritmo acelerado e acompanha o desenvolvimento das tecnologias instantâneas, com a necessidade de estar disponível 24 horas.