Regina Maia
JURUANA UM POEMA AMAZテ年ICO
EDITORA
ALPHA GRテ:ICA E EDITORA LTDA
Copyright
2007 by Regina Maia
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Olinda Batista CAPA
Carlos Henrique Bodê ILUSTRAÇÕES
Delson Alves DIAGRAMAÇÃO
Carlos Henrique Bodê GRÁFICA
Alpha Gráfica e Editora Ltda
Dedicatória
Este poema Amazônico "Juruana" dedico aos meus netos: Alquimar, Natasha, Társis, Isis, Victória, Antonio Gabriel, Ian, Catarina, Thales, Amauri Filho e a todas as crianças que estão despertando o gosto pela leitura.
Agradecimento
Em primeiro lugar quero agradecer a Deus por cada momento da minha vida, na certeza de que o amor de Deus é a minha rocha. Sou grata a minha família: Alquimar Frota meu esposo, meus filhos Maria Dulcinéia, Dilma Maria, Amauri Maia, Regina Maria, Adrian Maia e também as noras Ivanete e Kely e ao genro Wellington, pelo valor que demonstraram ao ler este poema amazônico dedicado aos meus netos, ao qual hoje para surpresa minha, sinto a emoção de vê-lo transformado neste pequeno livro que será um instrumento de leitura para nossas crianças se deleitarem de maneira prazerosa. Obrigada. Abraços da mãe, cujo amor nunca envelhece. Regina Maia
Introdução
A proposta deste livro é mostrar uma faceta das estórias de mil e uma noite em outra versão, para oferecer momentos atraentes na leitura, incentivando a criança a interessar-se pelas belezas regionais, os recursos naturais, estimulando a criatividade e a conscientização para preservar a natureza, patrimônio de todos.
Na região do Juruá Desde os tempos primitivos, Habitavam os índios Nauas Eram daqui os nativos.
Os brancos foram chegando Querendo domesticá-los, Como eles eram bravos Os costumes não aceitaram.
Foram aos poucos fugindo Nas matas se refugiando, Formando pequenos grupos E daqui se ausentando.
Na fuga nas noites escuras Uma indiazinha sumia, Ficou perdida nas matas Esperando clarear o dia.
Tomou rumo diferente E nunca mais encontrou, A tribo de sua origem E pelas matas ficou.
Nas suas andanรงas Sem nenhuma companhia, Ouviu uma voz meiga Que com carinho dizia...
Não se aflija indiazinha Sou a fada da floresta, Amiga dos animais A vida aqui é só festa.
Quero ser sua madrinha E por perto vou ficar, Será o mito das águas Do rio deste lugar.
Dou-lhe o nome Juruana A deusa do Juruá, Viverás nestas paragens Levando a vida a nadar.
A partir dessa tragédia Da indiazinha perdida, Originam-se estas rimas Que serão bem produzidas.
Nos grandes mananciais Do JuruĂĄ sinuoso, Nadava juruana Com seu jeitinho manhoso.
Com vida nĂ´made andava Em quase todo lugar, Vivia nas praias desertas As margens do JuruĂĄ.
Linda como uma fada Com suas vestias de flores, Essa deusa encantada Era das รกguas primores.
Cabelos longos e lisos De cor negro brilhante, Olhos pretos cintilavam Como lindos diamantes.
Era uma ninfa bondosa De corpo bem desenhado, A forรงa da natureza Nela havia se esmerado.
Com trajes de primavera Brincava de flutuar, Nas รกguas plรกcidas do rio Nas voltas do Juruรก.
Perfeita como uma deusa Da fantasia Acreana, Vivia nas praias desertas A formosa Juruana.
Cantava como sereia Para os botos despertar, Pelas รกguas bem frias Saiam a mergulhar.
Pelas estradas das ĂĄguas Juruana viajava, Encantando a natureza Por onde ela passava.
Dormia na praia fria Por cobertor tinha a areia, Seu encanto disfarçava Na Êpoca da lua cheia.
Os ribeirinhos diziam Que Juruana ajudava, Nadava com as crianças Quando elas se banhavam.
Muitos tinham vontade De vê a deusa daqui, Conhecê-la de pertinho Nadando com os Tucuxís.
Os seringueiros antigos Sentiam ela por perto, Porém não conseguiam vê-la Ela era muito esperta.
Os pescadores sabiam Quando perto ela estava, Atraia muitos bichos Que por ali se aninhavam.
Nos dias de sol ela ia Para a mata procurar, Frutos bem saborosos Para se alimentar.
Comia frutas diversas Que na floresta colhia, Levava vida saudรกvel Vivendo com alegria.
Na lida do dia a dia Nadava pra lá e pra cá, Era o encanto das águas Nesse imenso Juruá.
Nas águas do Juruá Nadava também Juruani, Encantado como príncipe Na foz do rio Mirim.
O príncipe misterioso Por algum tempo vivia, Viajando pelo rio Mostrando sua magia.
Vencia a força das águas Indo sempre mais avante, Descia ao subsolo Para o palácio gigante.
Num suntuoso palácio Juruani residia, Em companhia das fadas Vivia com fidalguia.
Juruani passeava Nas praias do Juruá, Admirando a floresta E as plantações do lugar.
Estava muito feliz Pensando em se casar, Andava naquelas praias Levava o tempo a sonhar.
Juruana em seu repouso Cantava para alegrar, A melancolia das matas E o silĂŞncio do lugar.
Deitada na praia fria Ficava sempre a cantar, E atraiu o belo prĂncipe Que andava a passear.
Juruani aproximou-se Para algo descobrir, Encontrou a Juruana Na praia onde ia dormir.
O encontro dos amantes O destino planejou, E na praia deserta Ali tudo começou.
Juruana ao ver o prĂncipe Por ele se apaixonou, Passaram a noite em seresta E tudo se transformou.
Nesse encontro combinaram Para a festa acontecer, Os noivos se apresentarem Para as bênçãos receber.
Juruana protegida Por sua fada madrinha, Com carinho preparou Uma pomposa festinha.
A noiva vestida de penas Com adornos de sementes, Era a nubente mais linda Que admirou os presentes.
A festa foi animada A moda do Havaí, Frutos de toda a espécie E vinho de açaí.
Enfeites eram sementes Colhidas na mata densa, Urucum e Jenipapo Foram suas preferências.
A cerimônia aconteceu No palácio encantado, Onde viveram felizes Os eternos namorados.
Os mistérios deste rio É coisa para admirar, São segredos disfarçados Tem magia no lugar.
No Juruá tem mistérios Que o povo não descobriu, Dizem que a deusa aparece Nas cheias do mês de abril.