"Impermanências" - catálogo

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As imagens da exposição Impermanências nos falam da memória. Não de uma forma direta mas concretamente. Assim como as pedras das ruas de Paraty é preciso que prestemos atenção nelas para que nos contem sua história.


Sem Btulo (da série Containeres), 2010 Fotografia analógica (cromo), ampliação digital em papel fotográfico

80x100cm



Sem Btulo (da série Containeres), 2010 Fotografia analógica (cromo), ampliação digita em papel fotográfico

80x100cm



Sem Btulo (da série Containeres), 2010 Fotografia digital, impressão e ampliação digital em papel fotográfico

40x60cm


Sem Btulo (da série Containeres), 2010 Fotografia digital, impressão e ampliação digital em papel fotográfico

30x45cm


13x18cm Sem Btulo (da série Containeres), 2010 Fotografia digital, impressão e ampliação digital em papel fotográfico com laminação fosca



Sem Btulo (da série paisagens), 2013 Fotografia analógica PB, impressão e ampliação manual em papel especial resinado Ilford

57x77cm



Sem Btulo (da série paisagens), 2013 Fotografia analógica PB, impressão e ampliação manual em papel especial resinado Ilford

57x77cm


Sem Btulo (da série paisagens), 2013 57x77cm Fotografia analógica PB, impressão e ampliação manual em papel especial resinado Ilford


Sem Btulo (da série paisagens), 2012 57x77cm Fotografia analógica PB, impressão e ampliação manual em papel especial resinado Ilford



Impermanências Os úlTmos anos trouxeram a fotografia para um lugar de destaque nas artes, o que fez com que seu campo de abrangência aumentasse consideravelmente. Ainda assim alguns arTstas conTnuam a falar de poucos, todavia primordiais, assuntos. Os trabalhos de Marcia Gadioli que compõem essa exposição se arTculam dessa maneira. Assim como a paisagem urbana e suas configurações se alteram tão céleres que nem conseguimos criar uma idenTficação, uma relação de pertencimento ao espaço, devido à uma uniformização dessa mesma paisagem. A única coisa perene parece ser essa nossa sensação de deslocamento, de inadequação. A serie Containeres enfaTza essa rapidez de mudanças, de configurações. Além de uma obvia relação urbana, seja através dos empilhamentos seja nas “implantações”, que se assemelham aos condomínios verTcais que se espalham nos centros urbanos e renegam o entorno onde estão inseridos, há outra menos clara: os containeres são símbolos onipresentes de um mundo globalizado; as paisagens mutantes que eles formam, as quais Márcia congela em seus registros, podem estar em qualquer lugar; Dubai, Melbourne, Roeerdam, São Paulo. Com um caráter completamente diverso a série Paisagens, inclusive pela técnica que uTliza a fotografia analógica PB em oposição ao digital colorido, também fala de urbanidade mas nesta, e acertadamente, a técnica analógica dá uma densidade quase palpável as camadas sobrepostas do que reconhecemos como um horizonte urbano e que parecem prestes a se desfazer como nossas efêmeras lembranças. … Paradoxalmente, Márcia uTliza algo abstrato, os containeres, para falar-­‐nos de algo concreto, o que seja, os centros urbanos e a uniformização advinda da globalização. Em contraponto, na série Paisagens, um tema essencialmente concreto, a cidade e seus horizontes, estão à ponto de se desfazer, evanescer, conduzindo-­‐nos ao estranhamento, à algo que não reconhecemos de pronto. Somos levados a concluir que a arTsta tem nas cidades o seu tema principal. Não. Isto é apenas um veículo, um meio de expressão, para o que trespassa sua produção: a memória. … Porque há sempre um fim, um the end, para tudo? A questão nem seria esse fim em si mas, primordialmente, o pensar a finitude. A série de quadros de parafina exemplifica de maneira singela esse magnifico arTficio de nossa evolução que é a memória. Através de imagens de jornais ela retém alguns dos milhares de registros que tentam dar a dimensão de nosso mundo. Similarmente, essas imagens sugadas de jornais que, pelo seu próprio caráter, tendem a ser esquecidas assim que sai a próxima edição, ao mesmo tempo que fixam em um suporte seu conteúdo não tem uma clareza, uma niTdez, que permita a cada um de nós considera-­‐la uma memória, mas sim uma vaga lembrança. Dessa fraqueza surge sua força: tais imagens incompletas permitem a construção de narraTvas sempre novas porque assim se fazem todas as vezes que as olhamos. … Afortunadamente esta exposição se faz em um lugar como Paraty. Menos por sua urbanidade conservada no centro histórico e mais por algo que não nos damos conta imediatamente que são as pedras gastas de suas ruas. São elas, mais do que as construções, que nos falam de quem caminhou aqui por tantas vezes que sua aspereza tornou-­‐se algo polido, suavizado. São elas que nos lembram que nossas existências, ainda que esqueçamos até mesmo aquilo ou aqueles que são caros para nós, ficam para além de nós, além dessas nossas impermanências. Marcelo Salles críTco independente/curador da Casa Contemporânea-­‐SP


Marcia Gadioli ArTsta visual formada pelo Centro Universitário Belas Artes de SP, 2008. Desde 2005, expõe em salões de arte, galerias e espaços culturais. Realizou a individual Perdidos Achados na vitrine do MASP, estação Trianon/MASP do metrô de SP com curadoria de Regina Silveira, 2013. Entre outras coleGvas, O Princípio da VolaGlidade, na Smith Galeria-­‐SP com curadoria de Juliana Monachesi, 2012, Jeans: Tecendo Comentários entre Arte e Moda, 2011 e A Grande Alegria com curadoria de Marcelo Salles, 2010 na Casa Contemporânea-­‐SP. Recebeu menção honrosa pelo 3º.Premio Belvedere Paraty-­‐RJ e foi selecionada para o XIV Salão Municipal de Artes PlásGcas de João Pessoa-­‐PA, 2012. Criou e dirige juntamente com Marcelo Salles a Casa Contemporânea. Nasceu, vive e trabalha em SP.


galeria BELVEDERE Rua Marechal Deodoro, 340 Paraty -­‐ RJ -­‐ Brasil info@belvedereparaty.com Tel: 55 24 3371-­‐4101



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