Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros. {Clarice Lispector
PAULO ROSSI
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Litera
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edição 1 de agosto 2016
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Essa minha secura essa falta de sentimento não tem ninguém que segure, vem de dentro. Vem da zona escura o que vem o que sinto. Sinto muito, sentir é muito lento. {Paulo Leminski, Parada Cardíaca
PAULO ROSSI
Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal? Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa? Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois? E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores? É sempre a mesma primavera que repete seu papel? E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina? {Pablo Neruda
“(...) E o sol, por fim: ‘Somos amigos pra sempre, eu de você, você de mim. Vamos, poeta, cantar, luzir no lixo cinza do universo. Eu verterei o meu sol e você o seu com seus versos.’” {Vladimir Maiakóvski, in A Extraordinária Aventura vivida por Vladimir Maiakóvski no Verão na Datcha
francisco milhoranรงa
“Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além” {Paulo Leminski, Incenso Fosse Música
“(...) nenhum som me importa afora o som do teu nome que eu adoro. E não me lançarei no abismo, e não beberei veneno, e não poderei apertar na têmpora o gatilho. Afora o teu olhar nenhuma lâmina me atrai com seu brilho” {Vladimir Maiakóvski
francisco milhorança
{Mia Couto
“É a dor da Força desaproveitada — O cantochão dos dínamos profundos, Que, podendo mover milhões de mundos, jazem ainda na estática do Nada! É o soluço da forma ainda imprecisa... Da transcendência que se não realiza... Da luz que não chegou a ser lampejo... E é em suma, o subconsciente ai formidando Da Natureza que parou, chorando, No rudimentarismo do Desejo!” {Augusto dos Anjos, O Lamento das Coisas
Islâne Suelen
“A agonia do sol vai ter começo!
Caio de joelhos, trêmulo... Ofereço Preces a Deus de amor e de respeito E o ocaso que nas águas se retrata Nitidamente reproduz, exata,
A saudade interior que há no meu peito.” {Augusto dos Anjos, A Ilha de Cipango
“Meu coração tem catedrais imensas, Templos de priscas e longínquas datas, Onde um nume de amor, em serenatas, Canta a aleluia virginal das crenças. Na ogiva fúlgida e nas colunatas Vertem lustrais irradiações intensas Cintilações de lâmpadas suspensas” E as ametistas e os florões e as pratas. Como os velhos Templários medievais Entrei um dia nessas catedrais E nesses templos claros e risonhos ... E erguendo os gládios e brandindo as hastas, No desespero dos iconoclastas Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! {Augusto dos Anjos, Vandalismo
Islâne Suelen
paulo rossi
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“Passaros de sabores cruzam os ceus das bocas" {Paulo Rossi