Utopia #6

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distopia?

2019


Acabou 2018. Ano intenso, que viu ruirem algumas utopias sonhadas nos últimos tempos, e que pode ter seu lugar ocupado por um período que se desenha o seu reverso. A violência, o ódio e a estupidez que se anunciam em discursos e atitudes ameaçam a muitos como um tsunami distópico, do qual não se sabe que proporção atingirá e quanto de destruição deixará pelo caminho. Para outros, a fé na humanidade e na vida é mais forte, e a desconstrução e a possível derrocada da velha ordem são a oportunidade de algo novo e fresco ocupar o banco da frente depois de todo o caos. Utopia, diriam muitos. Esta edição – a 6ª em dois anos – foi criada em um mix de felicidade pela continuidade de um projeto pessoal que nasceu e se manteve despretencioso e muita aflição com o que esperar de nós e da sociedade brasileira a partir de agora. De todo modo, com esperança ou desencanto, 2019 vem aí e não teremos como nos esquivar. Como escudos ou ferramentas, a arte e as utopias. Preparemos pois, as nossas asas. Solitários ou em bando, será com elas que alcançaremos nossa sanidade e nos manteremos íntegros. Até retornarmos com nossos sonhos, sementes para florir uma terra devastada pela intolerância.

Francisco Milhorança | Teresa Catarino 2


6 ANO 2 * 2018

Fotos | Textos Francisco Milhorança Teresa Catarino Edição de arte | diagramação Francisco Milhorança Capas Francisco Milhorança

milhorancadesignartesvisuais.com

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se o barco virar voe Porque a mare ta brava ate pra quem sabe nadar teresa catarino\texto Francisco Milhoranรงa\foto 5


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Francisco Milhoranรงa\texto\foto 7


Francisco Milhorança\texto\ilustração

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Poema achado Tem festa na mesa Teu coração com o meu Diferente como todo mundo Uma imagem precisa de dois Cordas dedilhadas Sopros de metal Verdades temporárias Memórias bordadas no passado Não me prometa nada Antes o tempo não acabava

Francisco Milhorança\texto\foto

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Mae˜

Corre a água lenta pelo corpo E lava estados de alma Em torpor Dor de parto mal parido Leva o corpo agora morto Chora águas de horas aflitas Menos vida pulsa em si Notas de um canto amargo A esperar Aquele canto que um dia e só um dia Quis para si Na velha canção de ninar Teresa Catarino\texto Francisco Milhorança\foto

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a cruz vazia guarda o silêncio dos derrotados e ouve, surda, preces hipócritas murmuradas ao vento por falsos crentes que pouco se importam por esse altar sagrado onde meu coração se dobra pequeno diante de tanta grandeza sob um céu que sangra azul um banco solitário espera por Deus recriar o homem Francisco Milhorança\texto\foto 15


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O porto a vida aporta Velas rotas de viajar Necessário é parar a rota E preciso? É navegar! Teresa Catarino\texto Francisco Milhorança\ilustração

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teresa catarino\texto Francisco Milhoranรงa\foto

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o ar que entra entrava a mente presa ao ar levemente flutua

teresa catarino\texto\foto

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__Francisco Milhoramรงa

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O olho de ponta a ponta Me diz de vocĂŞ tudo o que quero Gulosa mania de querer Desnudo verbo Quero hoje Quero agora Quero tudo Olhar que traga e suga Todas as metades que justifico Nada menos importa agora É tudo ou nada teresa catarino\texto Francisco Milhorança\foto

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Auto de Natal

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Um dia Duas semanas Horas sem fim Suspensas nos fios dos dias Quebram unidades SupĂľem afinidades E morrem Sem luz alguma No meio fio Instantes ligados no infinito Loucura esfacelada Numa peneira de estrelas Pendurada na ĂĄrvore


teresa catarino\texto Francisco Milhoranรงa\foto 23


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2019

DISTOPIA!

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