Licenciatura em Ciências da Comunicação Unidade Curricular: Conteúdos e Audiências Docentes: Prof. Aux. Maria João Cunha
2014/2015 Prof. Carla Cruz
As minorias sexuais nos jornais Público e Diário de Notícias 1º Semestre 2014
Discentes: Catarina Isabel Alves da Costa Francisco Malvas Fernando Esteves João Francisco Guerreiro Arganil
Nº 216326 Nº 216353 Nº 216321
Agradecimentos Gostaríamos de dirigir os nossos agradecimentos aos colegas do grupo que trabalharam e contribuíram para que o trabalho fosse realizado com antecedência e rigor. Agradecemos também aos nossos pais que se disponibilizaram todos os dias para esperarem por nós, dadas as horas tardias a que tivemos de chegar, bem como o financiamento do cartão da biblioteca. É, ainda, fundamental agradecer aos funcionários da Biblioteca Nacional que sempre foram prestáveis e amáveis connosco, nomeadamente o Sr. Jorge.
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Índice 1. Introdução ..................................................................................................................... 4 2. Metodologia .................................................................................................................. 5 2.1. Pergunta de Partida ................................................................................................ 5 2.2. Objectivos .............................................................................................................. 5 2.3. Técnica................................................................................................................... 5 2.3.1. Corpus de análise ........................................................................................... 5 2.3.2 Etapas do trabalho de campo ........................................................................... 6 2.3.3. Instrumentos de análise .................................................................................. 6 3. Resultados..................................................................................................................... 7 3.1. Análise da representatividade das notícias sobre orientação sexual...................... 7 3.2. Variáveis bibliográficas ......................................................................................... 7 3.3. Representações da Orientação Sexual ................................................................... 9 3.4. Análise comparativa de meios ............................................................................. 12 4. Conclusões .................................................................................................................. 15 Referências ..................................................................................................................... 16
Índice de Tabelas Tabela 1 - Calendarização ................................................................................................ 6 Tabela 2 - Variáveis bibliográficas ................................................................................... 7 Tabela 2 - Continuação ..................................................................................................... 8 Tabela 3 - Comparação entre o tamanho da notícia e o género jornalístico ................... 12 Tabela 5 - Comparação entre o meio e a enfatização ..................................................... 13 Tabela 4 - Estatística de palavras ................................................................................... 13 Tabela 6 - Comparação entre o meio e o assunto ........................................................... 14
Índice de Gráficos Gráfico 1 - Local da história/Região ................................................................................ 9 Gráfico 2 - Secção (lugar do jornal onde aparece a notícia) .......................................... 10 Gráfico 3 - Direcção/Enfoque......................................................................................... 10 Gráfico 4 - Atributo ........................................................................................................ 11
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1. Introdução Com a realização deste trabalho pretendemos estudar minuciosamente a representação das minorias sexuais nos jornais Público e Diário de Notícias. Assim, e através da análise ao formato papel destes diários, desde Janeiro a Junho de 2014, perceberemos até que ponto este grupo minoritário é ou não um assunto relevante nestes meios de comunicação social. A pergunta de partida será, por isso: o que faz dos não heterossexuais uma minoria perante os jornais portugueses? Geralmente, tudo o que é diferente, tudo o que se considera desviante dos padrões de normalidade social é alvo de discriminação. No nosso trabalho falamos das pessoas que, por terem uma orientação sexual que não é igual à que está instituída na sociedade como certa – heterossexuais –, são estigmatizadas e postas de parte (Pereira, 2009). Em Portugal, apesar de ainda haver muito preconceito para com os indivíduos pertencentes à minoria LGBT (sigla para Lesbians, Gays, BisexualandTransgender), já existe uma maior tolerância e respeito pelas opções sexuais de cada um (Rosa, 2010). Prova disto foi a legalização do casamento gay em 2010 (Diário de Notícias, 2014). Como tal, o tema da homossexualidade passou a ser tratado pelos media com uma maior naturalidade, algo que não acontecia em tempos não muito anteriores ao nosso (Melo, s.d.). Desta forma, o nosso projecto é também muito importante para verificar se esta tendência para o fim da negatividade social e mediática em torno da homossexualidade se põe em prática. Para isso vamos ver que tipo de notícias saem sobre quem tem uma orientação sexual diferenciada, a frequência com que saem, qual o enfoque dado às mesmas e outras variáveis importantes para o estudo.
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2. Metodologia 2.1. Pergunta de Partida Propôs-se como pergunta de partida o seguinte: o que faz dos não heterossexuais uma minoria perante os jornais portugueses?
2.2. Objectivos De forma a responder à pergunta de partida, traçaram-se os seguintes objectivos: analisar que secção do Diário de Notícias e do Público dá mais relevância ao tema; compreender qual o motivo que faz com que o tema surja nos jornais; perceber qual o tipo de conotação que é dado a este tema; conhecer o local de onde são mais habituais estas notícias; e, por fim, perceber qual o grau de importância dada à minoria pelos respectivos jornais, bem como a comparação entre os mesmos.
2.3. Técnica No presente trabalho procedeu-se à pesquisa bibliográfica, através de obras, artigos científicos e teses de mestrado, de modo a contextualizar a representação da orientação sexual nos actuais meios de comunicação. Com o objectivo de analisar e compreender a sua influência da minoria nos jornais portugueses utilizou-se a análise de conteúdo. A análise de conteúdo é uma técnica que permite fazer inferências, identificando objectiva e sistematicamente as características da mensagem (Berelson, 1952). Por outro lado, Krippendorff (1989) definiu-a como sendo “uma técnica de pesquisa que permite reproduzir e validar inferências dos dados a partir dos seus contextos”. Assim sendo, utilizou-se um manual de codificação com variáveis categorizadas.
2.3.1. Corpus de análise O corpus do trabalho consiste num conjunto de notícias selecionadas para que seja possível realizar a análise de conteúdo. A selecção destas notícias baseou-se no contexto da orientação sexual (não heterossexual) – homossexuais, bissexuais e transgéneros -, correspondentes ao Diário de Notícias e ao Público, do primeiro semestre de 2014 (Janeiro – Junho). Registou-se assim uma amostra de 51 notícias: 18 do Público e 33 do Diário de Notícias, num total de 26 446 notícias.
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Por fim, de forma a responder aos objectivos propostos, utilizaram-se as seguintes
variáveis
nominais:
secção,
atributo,
direcção/enfoque,
local
da
história/região, meio, enfatização, número de palavras e género jornalístico.
2.3.2 Etapas do trabalho de campo Primeiramente, elaborou-se uma matriz em SPSS, tendo em conta o manual de codificação. De seguida, realizou-se a recolha de informação e a análise dos referidos jornais na Biblioteca Nacional, em Lisboa, nas seguintes datas:
Tabela 1 - Calendarização
Calendarização Diário de Notícias Público
27 de Out - 1 de Nov 1 de Nov
5 de Nov
4 de Nov – 6 de Nov
8 de Nov
2.3.3. Instrumentos de análise De modo a analisar as variáveis já mencionadas, utilizou-se o programa de estatística SPSS 22 e realizou-se uma análise de frequência simples, bem como o Excel, de modo a quantificar o total de notícias encontradas nos jornais.
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3. Resultados 3.1. Análise da representatividade das notícias sobre orientação sexual Os jornais analisados – Diário de Notícias e Público – apresentam uma quantidade diferente de notícias totais, motivo pelo qual o número de notícias encontrado sobre a minoria é maior no Diário de Notícias relativamente ao Público. No que diz respeito ao Diário de Notícias, registou-se um total de 17 965 notícias, com uma média de 141 notícias por jornal – um máximo de 188 notícias e um mínimo de 116. Quanto à referida minoria, dessas 17 965 notícias, apenas 33 corresponderam ao objecto de estudo – 0,18% das notícias totais. No que toca ao Público, o total de notícias é diferente: 8 481 notícias. Assim sendo, a média de notícias por jornal é de 59, registando-se um máximo de 103 notícias e um mínimo de 43 notícias por jornal. Deste total de notícias, apenas 18 corresponderam à minoria, ou seja, 0,21% das notícias totais. Assim, e apesar do referido no primeiro parágrafo, a representatividade da minoria é maior no Público do que no Diário de Notícias.
3.2. Variáveis bibliográficas As variáveis bibliográficas utilizadas para se proceder à análise dos respectivos jornais foram as seguintes: Tabela 2 - Variáveis bibliográficas Nome da Variável
Categorias
Número da Notícia Data – dia da semana
Contínua 1 – Segunda-feira 3 – Quarta-feira 5 – Sexta-feira
Data – dia do mês Data – mês
Meio
Tipo de variável
2 – Terça-feira 4 – Quinta-feira 6 - Sábado 1 a 31
1 – Janeiro 3 – Março 5 – Maio 1 – Público3 - Diário de Notícias
Nominal Contínua
2 – Fevereiro 4 – Abril 6 - Junho
(todos os outros meios não são considerados)
Nominal
Nominal
1 - Capa – manchete2 - Capa - destaque 3 - Pág. 34 - Outras páginas ímpares Enfatização
5 - Páginas centrais6 - Contra - capa
Nominal
7 - Páginas pares
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Tabela 3 - Continuação
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3.3. Representações da Orientação Sexual Gráfico 1 - Local da história/Região
n = 51
A partir da análise ao gráfico percebemos que a região/país do planeta que foi alvo de um maior número de notícias sobre as minorias sexuais foi os Estados Unidos – 8 em 51 notícias. Algo que não é muito surpreendente uma vez que este é um país que valoriza imenso as liberdades individuais de cada um, no entanto, estas são muitas vezes postas em causa por cidadãos menos tolerantes à diferença, o que gera, muitas vezes, incidentes desagradáveis que acabam por se tornar notícia. De seguida, surge o continente africano – 7 em 51 notícias -, em que se assiste a um processo de progressiva condescendência para com as escolhas sexuais de cada um, sendo que os avanços dados pelos países africanos no que toca à aceitação dos LGBT são alvo de notícia. Também são noticiados casos completamente opostos, em que a intransigência para com este grupo minoritário é de tal forma acentuada que, por algum motivo, é motivo de notícia – exemplo da lei anti-gays do Uganda que foi motivo de notícias durante muitos dias. Com uma frequência similar ao continente africano tem-se a Europa Ocidental/UE e a Grande Lisboa. Destaca-se ainda o facto de a Grande Lisboa surgir com maior frequência que o resto do território nacional – 4 em 51 notícias.
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Gráfico2 - Secção (lugar do jornal onde aparece a notícia)
n = 51
Com maior número de notícias encontra-se a secção das notícias internacionais – 22 em 51 -, dados os valores apresentados anteriormente. Depois da secção “Outro”, com 14 notícias, é no Desporto que surgem mais peças sobre as minorias sexuais – 6 notícias -, visto que este ano muito atletas assumiram a sua homossexualidade, facto que foi objecto de controvérsia e notícia. A discussão social em torno da lei de co-adopção por casais homossexuais foi o tema que mais influenciou a presença das cinco notícias na secção da Sociedade. Também foi este o tema que deu origem à notícia falada na secção da Política. Gráfico 3 - Direcção/Enfoque
n = 51
Através da análise desta variável e do seu gráfico é possível aferir a conotação que é atribuída ao tema da orientação sexual nos jornais. 10
A neutralidade do discurso é, naturalmente, o enfoque menos comum (6 em 51 notícias) – “MileyCyrus pede beijos homossexuais”, exemplo retirado do Diário de Notícias. Isto porque, partindo de uma ideologia construtivista que refere a relação bidireccional que existe entre a sociedade e quem faz as notícias, as experiências sociais de cada jornalista influenciam-no no processo do Newsmaking, assim como o jornalista, ao ter a sua peça publicada e lida por milhões, acaba por influenciar a mentalidade e ideais da sociedade, logo a subjectividade jornalística é inevitável (Cruz, 2008). Apesar dos números entre o enfoque positivo e negativo serem bastante equilibrados (22 e 23, respectivamente), há uma ligeira vantagem para o segundo, o que acaba por revelar que, no mundo inteiro, este minority group continua a ser tratado de uma forma preconceituosa, havendo uma postura muito negativa para com estes acima de tudo nos países africanos, que são os principais responsáveis por estes números "Alheio a críticas e pressões internacionais, o Presidente do Uganda, Yoweri Musveni, promulgou ontem uma lei que torna a homossexualidade crime punível com prisão perpétua". Já nas sociedades ocidentais, encontramos um maior número de notícias com uma direcção positiva – "A nova política vem culminar o que foi um ano histórico para o avanço dos direitos dos gays nos Estados Unidos". Gráfico 4 - Atributo
n = 51
Neste gráfico percebemos que a principal característica que faz com que as minorias sexuais sejam noticiadas é o facto de serem alvo de preconceito – 17 em 51 notícias -, sendo que a discriminação de homens, mulheres ou transgéneros, quer como indivíduos, quer como grupo minoritário, levou-os a aparecer no jornal. 11
Ainda numa posição destacada, os profissionais que ocupam posições de importância na vida pública, como os deputados, foram muitas vezes protagonistas em notícias sobre as minorias sexuais – 11 em 51 notícias -, uma vez que esteve em debate na Assembleia a aprovação da lei que permite aos casais homossexuais adoptar crianças. Os profissionais artísticos – 6 em 51 notícias -, como músicos, cineastas, actores ou outros, os desportistas – 4 em 51 notícias - e os profissionais civis – igualmente com uma frequência de 4 notícias -, como professores, médicos, polícias, que têm uma orientação sexual diferente da heterossexual são também foco de atenção por parte do Público e do Diário de Notícias. As cinco notícias contadas nestes periódicos em que o protagonista é uma personalidade religiosa existem porque o “novo” Papa Francisco tem tido uma postura muito aberta relativamente aos homossexuais, desmistificando um certo tabu existente relativamente ao tema, o que é de certa forma curioso, pois os cristãos são sempre associados a um certo grau de conservadorismo que é pouco complacente com os gays. Essa atitude de respeito e condescendência acaba por ser, então, matéria de debate social dando azo a que seja matéria noticiosa.
3.4. Análise comparativa de meios Tabela 4 - Comparação entre o tamanho da notícia e o género jornalístico Género Reportagem Tamanho da Notícia
Total
Opinião
Coluna/Breve
Editorial
Entrevista
Total
Muito pequena/Breve
1
1
9
2
0
13
Pequena
9
2
2
0
0
13
Média
11
1
1
0
0
13
Grande
9
1
0
0
2
12
30
5
12
2
2
51
De acordo com a análise feita em SPSS, a média de palavras por notícia era de 324 palavras, registando-se um mínimo de 22 palavras e um máximo de 1052 palavras.
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Tabela 5 - Estatística de palavras
N
Válidas
51
Falhas
0 324
Média Mínimo
22
Máximo
1052
Para dividir as notícias em tamanhos diferentes procedeu-se à divisão por quartis da variável número de palavras. Assim sendo, obteve-se o seguinte resultado: notícias muito pequenas ou breves com menos de 135 palavras; notícias pequenas entre 135 a 285 palavras; notícias médias entre 285 a 450 palavras e notícias grandes com mais de 450 palavras. Desta forma é possível compreender que as notícias referentes à orientação sexual se distribuem igualmente por muito pequenas, pequenas e médias – 13 em cada categoria –, havendo um maior destaque para as reportagens e para as colunas – 30 em 51 são reportagens (havendo um maior relevo para as reportagens médias – 11) e 12 em 51 são colunas (em que se destacam as notícias muito pequenas, com uma incidência de 9 notícias).
Tabela 6 - Comparação entre o meio e a enfatização Enfatização Capa-
Pág.3
Destaque Meio
Total
Outras pág.
Páginas
Contra-
Pág.
ímpares
Centrais
capa
pares
Público
2
1
5
2
0
8
18
Diário de Notícias
2
0
20
1
2
8
33
4
1
25
3
2
16
51
Total
A quantidade de notícias encontradas nos dois meios analisados é bastante distinta, havendo por isso uma preocupação e interesse diferentes relativamente ao tema. Assim sendo, no Diário de Notícias a ocorrência é maior em páginas ímpares – 20 em 33 notícias -, apesar de não se ter registado uma única notícia na página 3, que é considerada uma “página nobre em que são expostas matérias fundamentais” (Cruz, 2008, p. 137). Quanto ao Público, a maioria das notícias surge em páginas pares – 8 em 18 –, que são consideradas “páginas com menor visibilidade” (Cruz, 2008, p. 137). Porém, a
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incidência em páginas ímpares é quase idêntica – 5 em 18. É ainda possível observar que se registou um valor nulo em relação à contra-capa.
Tabela 7 - Comparação entre o meio e o assunto Meio
Assunto
Público
Diário de Notícias
Total
Estado
5
1
6
Partidos políticos
1
0
1
Autarquias/Pol. Reg.
0
3
3
Assuntos diplomáticos
1
3
4
Dramas Sociais
1
2
3
Manifestações Sociais
3
5
8
Tribunais
3
1
4
Festiv./Solenidades
0
1
1
Artes/Espectáculos
0
3
3
Tecnologia/Ciência
0
1
1
Religião
3
4
7
Activ. Desportivas
0
3
3
Casos Pessoais
0
6
6
Insólitos
1
0
1
18
33
51
Total
Em relação ao assunto pelo qual este tema surge nos jornais, é possível dizer que entre a totalidade, o maior destaque é dado às manifestações sociais e à religião – com 8 notícias e 7 notícias em 51, respectivamente. Contudo, se analisado por jornal, a conclusão é diferente. Em relação ao Diário de Notícias, a incidência é maior para notícias referentes a casos pessoais e manifestações sociais – 6 notícias e 5 notícias em 33. Neste jornal, verifica-se a ocorrência de, pelo menos, uma notícia em cada assunto, exceptuando os insólitos e os partidos políticos. Por outro lado, no Público o enfoque é maior para acontecimentos relacionados com o Estado, destacando-se claramente dos outros – 5 notícias em 18. Para os restantes assuntos, neste jornal, existe alguma concordância, apresentando valores quase idênticos, que variam entre 0 a 3 notícias.
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4. Conclusões Após a análise dos jornais do Público e do Diário de Notícias, podemos perceber que a secção dos jornais onde aparece o maior número de notícias sobre esta minoria é na secção Internacional. Esta dedução não é nada surpreendente, dado que o maior número de notícias provém de outros países. De facto, os Estados Unidos da América é a região do mundo de onde surge o maior número de notícias. Este país, devido à sua importância internacional, assume-se como protagonista em quase todos os assuntos do mundo, e a questão da homossexualidade não passa despercebida, uma vez que a legalização do casamento homossexual não se assume como uma lei homogénea perante todos os estados. É importante referir também o continente africano, onde as notícias que se propagam nesta região têm uma conotação negativa, mesmo apesar de uma progressiva condescendência para com este grupo sexual. Os principais motivos pelos quais a minoria surge nos jornais são a discriminação, pelo lado negativo, e, pelo lado positivo, os feitos notáveis por parte de artistas e/ou desportistas homossexuais. Temos ainda muitos artigos noticiados provenientes do Estado, visto que esteve em debate a aprovação da lei da adopção de crianças por casais do mesmo sexo, tanto numa perspectiva positiva como negativa. Em relação às 26 646 notícias analisadas, percebemos logo que a importância dada a esta minoria é mínima por parte destes meios de comunicação , dado que só encontramos 51 notícias sobre este tema. Podemos também pegar por outros pontos, para percebermos o ênfase dado aos homossexuais num contexto noticioso, que são o tamanho das notícias e o local do jornal onde estas aparecem.Em relação ao tamanho das notícias, existe uma distribuição muito igualitária, não se podendo tirar grandes ilações a partir desta variável. Após tudo isto percebemos que os jornais Público e Diário de Notícias apresentam um tratamento parecido em relação a esta minoria. Antes de mais, têm um certo cuidado de não apresentar um grande número de notícias em relação a este tema, visto ainda se tratar de um assunto sensível. No entanto, quando se trata de notícias que afetam a população, como por exemplo, a aprovação da lei de adopção de casais do mesmo sexo, tendem a apresentar estas notícias em zonas de destaque dos seus jornais. Sendo assim, confirma-se que os não heterossexuais continuam a ser uma minoria perante os jornais analisados.
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Referências Cruz, C. (2008). A Telerealidade. Uma abordagem hermenêutica da Construção Social da Realidade pela Informação Televisiva da Actualidade. Lisboa, Portugal: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Diário de Notícias. (2014). 2010 – Casamento ‘gay’ em Portugal. Consultado em Dezembro 6, 2014 em: http://150anos.dn.pt/2014/07/31/2010-casamentogay-em-portugal-2/ Melo, I. F. (s.d). Representações Sócio - Discursivas da Homossexualidade na Media. Consultado
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Dezembro
6,
2014
em:
http://www.itaporanga.net/genero/gt6/19.pdf Pereira, A. S. L. S. (2009). Normas Sociais, Crenças sobre a Natureza da Homossexualidade e Preconceito contra os Homossexuais. Disponível no repositório
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IUL:
https://repositorio.iscte-
iul.pt/bitstream/10071/2784/1/Tese%20Final.pdf Rosa, F. M. A. (2010). A construção da visibilidade LGBT: Uma análise crítica do discurso jornalístico(Tese de Mestrado). Disponível no repositório ISCTE –
IUL:
https://repositorio.iscte-
iul.pt/bitstream/10071/3967/1/A_Constru%C3%A7ao_da_visibilidade_LG BT_-_Uma_an%C3%A1lise_do_discurso_.pdf Silvestre, M. J. C. (2011). Sociologia da Comunicação. Lisboa, Portugal: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
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