Teorias da Comunicação Trabalho Individual

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Universidade de Lisboa Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas 2013/2014

Harold Lasswell

Elaborado por: Catarina Costa N.º 216326

Unidade Curricular: Teorias da Comunicação

Docente: Professora Célia Belim

Ciências da Comunicação, 1º ano

Unidade Curricular: Teorias da Comunicação Ciências da Comunicação, 1º ano


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Índice Índice ......................................................................................................................................... 2 Resumo...................................................................................................................................... 3 Introdução ................................................................................................................................. 4 1.

O Modelo de Harold Lasswell............................................................................................ 5

2.

Conclusão .......................................................................................................................... 8

3.

Bibliografia ........................................................................................................................ 9

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Resumo O presente trabalho refere-se ao modelo comunicativo proposto por Harold Lasswell, em 1948. Este modelo refere-se a uma superação da Teoria Hipodérmica, que defendia que o público era um alvo influenciável, que não reagia aos estímulos (às notícias, por exemplo), ou seja, que não tinha um poder crítico. Assim sendo, o presente modelo afirma que para que seja possível atingir uma maior número de indivíduos, o emissor deve, em primeira instância, responder às seguintes questões: Quem? Diz o quê? Através de que canal? Com que efeito?. A aplicação deste modelo foi essencial durante a primeira guerra mundial e posteriores campanhas propagandísticas, uma vez que nesta altura os indivíduos se estavam a tornar mais desconfiados relativamente ao que era proferido pelos políticos. Portanto, é possível afirmar que o modelo de Lasswell se importava com o modo como atingiria uma maior audiência, ao estudar, pormenorizadamente, o conteúdo das suas mensagens, uma vez que com o passar do tempo o público tenha adquirido uma maior capacidade argumentativa.

Palavras – Chave: Lasswell; Teoria; Modelo; Argumentação; Audiência

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Introdução Com o presente trabalho pretende-se analisar a teoria/modelo de Harold Lasswell, sendo que este autor desenvolveu inúmeros trabalhos nas áreas das ciências sociais, nomeadamente no estudo de elites, estudo do poder político e a aplicação dos princípios da psicanálise no comportamento político (Janovitz, 1996, p. 646), uma vez que é neste ramo que a comunicação é essencial, visto que através a mesma se alcança o apoio ou a oposição do público. Portanto, Lasswell estudou o conteúdo das mensagens de modo a que estas alcançassem o maior apoio possível por parte da audiência. Para este autor, o estudo da propaganda política é alvo de um grande interesse, visto que esta é o maior exemplo da adesão das massas, pelo facto de ser mais barata do que a violência ou a corrupção. Assim sendo, é possível dizer que esta visão representa a omnipotência dos media. Com a primeira guerra mundial (1914-1918) surge o livro Propaganda Techniques in the World War escrito por Harold Lasswell, uma vez que devido a esta guerra os meios de difusão surgiram como instrumentos de “gestão governamental das opiniões públicas” (Mattelart, 1997, p.31). Assim sendo, com o presente trabalho visa-se apresentar os conteúdos e perspectivas de Lasswell relativamente à comunicação mediática, compreender o peso e a influência dos meios de comunicação nos meandros das teorizações e observações de Lasswell, analisar qual é o tipo de mensagem transmitida, bem como todo o seu conteúdo e, por fim, concluir se o modelo de Lasswell é aplicável nos dias de hoje.

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1. O Modelo de Harold Lasswell O modelo de Lasswell, apesar de ter sido publicado em 1948, foi elaborado nos anos trinta, no auge da Teoria Hipodérmica. A Teoria Hipodérmica explicava que os media exerciam efeitos avassaladores sobre as audiências, ao “injectarem” as atitudes que pretendiam difundir (Cruz, 2002, p.2). Por outro lado, o modelo de Lasswell sugere que “uma forma adequada para se descrever um acto de comunicação é responder às seguintes perguntas: Quem? Diz o quê? Através de que canal? Com que efeito? (Lasswell, 1948 como referido em Wolf, 1987). Este conjunto de questões que se pretende estudar, de acordo com o modelo de Lasswell, culminam naquilo que se designa “sociologia funcionalista dos media” (Mattelart, 1997, p. 33). Ao estudar-se o processo comunicativo de acordo com estas perguntas é provável que o investigador se centre mais numas do que noutras (Montero, 1993, como referido em Sousa 1999). Cada uma destas questões que Lasswell propõe define um sector específico da pesquisa: “quem?” caracteriza o estudo dos emissores, ou seja, a análise do controlo sobre aquilo que é difundido; “diz o quê?” refere-se a uma análise de conteúdo das mensagens; “através de que canal?” diz respeito à análise dos meios utilizados para a difusão da mensagem; “com que efeito?” é um aspecto estudado pela análise das audiências. Estas distinções revelam-se importantes apenas se nos referirmos ao grau de sofisticação que se considera apropriado para determinado objectivo, ou seja, pode ser mais fácil combinar uma análise de audiência e efeito do que mantê-las separadas (Lasswell, 1948 como referido em Esteves, 2002). Estes dois tipos de análise, anteriormente mencionados, consideram-se privilegiados, uma vez que permite ao investigador adquirir “elementos susceptíveis de orientar a sua abordagem do público” (Mattelart, 1997, p.33). Pode-se dizer ainda, que esta técnica de investigação tem como objectivo “a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações” (Berelson, 1952 como referido em Mattelart, 1997). O modelo de Lasswell permitiu que a análise de conteúdo fosse alargada a vários sectores, como por exemplo: aos cientistas políticos, aos juristas, aos historiadores ou

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aos antropólogos. Onde quer que o comportamento simbólico esteja a ser examinado, a análise de conteúdo está envolvida (Janovitz, 1996, p. 647). De acordo com Lasswell, relativamente aos processos de comunicação de massas, existem algumas premissas consistentes, tais como: os processos de comunicação de massas são assimétricos, em que existe um emissor activo que produz o estímulo e uma massa passiva de destinatários que reage ao estímulo; a comunicação é intencional e visa obter um determinado efeito1 que seja observável e susceptível de ser avaliado, sendo que este aspecto está intrinsecamente relacionado com o conteúdo da mensagem, uma vez que a análise de conteúdo se centra nas técnicas de manipulação de modo a que haja uma mudança de comportamentos por parte da audiência; os papéis do comunicador e destinatário são distintos, uma vez que “os efeitos dizem respeito a destinatários atomizados, isolados” (Schulz, 1982 como referido em Wolf, 1987). Inicialmente, de acordo com a Teoria Hipodérmica, os indivíduos, ao serem submetidos a estímulos propagandísticos reagiam sem oferecer resistência, no entanto, de acordo com o modelo de Lasswell, proposto anos mais tarde, o indivíduo consegue apreender somente aquilo que lhe interessa e é capaz de oferecer resistência, ou seja, as comunicações de massa estão sujeitas a esta influência (Wolf, 1987, p. 26). Como já referido, o modelo de Lasswell é uma superação da teoria hipodérmica, sendo que esta superação se desenvolveu de acordo com três directrizes distintas, apesar de em certos aspectos se interligarem e sobreporem. A primeira e a segunda directriz baseiam-se em abordagens empíricas do tipo psicológico-experimental e do tipo sociológico, sendo que a primeira “estuda os fenómenos psicológicos individuais que constituem a relação comunicativa” (Wolf, 1987, p.27), enquanto a segunda explana os factores e medição existentes entre o indivíduo e o respectivo meio de comunicação. Por fim, a terceira directriz é representada por uma abordagem funcional à temática dos meios de comunicação no seu conjunto, ou seja, “elabora hipóteses sobre as relações entre o indivíduo, a sociedade e os meios de comunicação” (Wolf, 1987, p.28).

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““efeito” implica uma mudança observável e mensurável no receptor” (Fiske, 1993, p.50)

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De acordo com Lasswell, o processo de comunicação apresenta três funções essenciais na sociedade: “a) a vigilância do meio, revelando tudo o que poderia ameaçar ou afectar o sistema de valores de uma comunidade ou das partes que a compõem; b) o estabelecimento de relações entre as componentes da sociedade para produzir uma resposta ao meio; c) a transmissão da herança social” (Lasswell, 1948 como referido em Mattelart, 1997). Porém, de acordo com os sociólogos Paul Lazersfeld e Robert Merton, há um aspecto que deve ser acrescentado: o entertainment ou divertimento (Mattelart, 1997, p. 34).

Exemplo de um dos estudos sobre propaganda política que Lasswell desenvolveu encontra-se no seu livro Psychopathology and Politics (1930) que resultou das jornadas europeias dos anos vinte, durante os quais este autor estudou os métodos psicanalíticos e observou em primeira mão os desafios fascistas da Alemanha de Weimer e da França republicana (Merelman, 1981, p. 472).

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2. Conclusão Relativamente ao modelo de Lasswell, pode-se concluir que as questões propostas surtem algum efeito quando devidamente analisadas, ou seja, quando o emissor consegue explorar correctamente o conteúdo da mensagem, de modo a influenciar e/ou manipular o público e assim conseguir uma maior adesão. O modelo proposto por Lasswell foi eficazmente utilizado durante o séc. XX, nos períodos ditatoriais, uma vez que estes políticos conseguiram arrecadar uma vasta adesão, apesar de todos os contras que as suas medidas apresentavam. Por outro lado, Lasswell contribuiu para o desenvolvimento de outros ramos das ciências sociais e tecnológicas, ao expor os seus trabalhos sobre a análise de conteúdo – Contribution to Content Analysis. Actualmente, este modelo já foi ultrapassado, uma vez que têm surgido novas teorias da comunicação, contudo é possível afirmar que a análise de conteúdo, bem como o estudo de todas as questões de Lasswell, não foram esquecidas, uma vez que sem as mesmas a manipulação ou persuasão seriam dificultadas. O grande entrave deve-se ao facto de saber como manipular, que mensagem transmitir e que mensagens subliminares conseguem vingar, visto que o público se encontra, cada vez mais, ciente daquilo que os media tentam divulgar, para vender. No que diz respeito às propagandas políticas, o problema é semelhante, uma vez que os indivíduos começam a apresentar maior descontentamento e capacidade argumentativa, sendo que outro dos problemas se prende com o facto de as medidas propostas serem, quase sempre, semelhantes, tendo por isso de se encontrar uma forma de o transmitir por outras palavras, sempre com o objectivo de defender o interesse do público. Por fim, é possível afirmar que os objectivos propostos foram concluídos.

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3. Bibliografia Cruz, J. C. (2002). Introdução ao Estudo da Comunicação: Impresa, Cinema, Rádio, Televisão, Redes Multimédia. Lisboa, Dislivro.

Esteves, J. P. (2002). Comunicação e Sociedade. Lisboa, Livros Horizonte.

Fiske, J. (1993). Introdução ao estudo da comunicação. Porto, ASA Editores.

Janowitz, M. (1969). Harold D. Lasswell's Contribution to Content Analysis in The Public Opinion Quarterly, Vol. 32, No. 4 (Winter, 1968-1969), pp. 646-653. Disponível na jstor: http://www.jstor.org/stable/2747743

Mattelart, A. & Mattelart, M. (1997). História das Teorias da Comunicação. Porto, Campo de Letras.

Merelman, R. (1981). Harold D. Lasswell’s Political World: Weak Tea for Hard Times in British Journal of Political Science, Vol.11, No. 4 (Oct., 1981), pp. 471-497. Disponível na jstor: http://www.jstor.org/stable/193766

Sousa, J. P. (1999). As notícias e os seus efeitos. As “teorias” do jornalismo e dos efeitos sociais dos media jornalísticos. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/ sousa-pedrojorge-noticias-efeitos.html

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