Cultivo de Bananeira

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Governador do Estado João Doria Secretário de Agricultura e Abastecimento Gustavo Junqueira Secretária adjunta de Agricultura e Abastecimento Gabriela Chiste Chefe de Gabinete Omar Cassim Neto Coordenador / Desenvolvimento Rural Sustentável José Luiz Fontes


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL – CDRS

Cultivo de

Bananeira Editores Edson Shigueaki Nomura Erval Rafael Damatto Junior AUTORES Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Erval Rafael Damatto Junior Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – erval.damatto@sp.gov.br Iolanda Satiko Maruyama Diretora do Núcleo de Informações e Transferência Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) Polo Regional Vale do Ribeira – iolanda.maruyama@sp.gov.br José Carlos de Mendonça Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura – mendoncajc@uol.com.br Luís Alberto Saes Pesquisador científico aposentado – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo, assistente agropecuário VI (aposentado) CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo, consultor técnico em bananicultura – nacional.krt.registro@hotmail.com Wilson da Silva Moraes Fitopatologista – Superintendência Federal da Agricultura no Estado de São Paulo (SFA-SP/Mapa) wilson_moraes@uol.com.br

Man. Téc. CDRS

Campinas (SP)

n.o 82

2020


EDIÇÃO E PUBLICAÇÃO Departamento de Comunicação e Treinamento – DCT Centro de Comunicação Rural – Cecor Diretora Substituta: Graça D’Auria Editora Responsável: Graça D’Auria Revisor: Carlos Augusto de Matos Bernardo Revisora Bibliográfica: Nadir Umbelina da Silva Designer Gráfico: Paulo Santiago Fotografias: Edson Shigueaki Nomura e outros Distribuição: Cecor/CDRS

É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização expressa da CDRS.

Nomura, Edson Shigueaki e outros. Cultivo da Bananeira. Campinas, CDRS, 2020. 178p. 23cm (Manual Técnico, 82). CDD. 634.722


APRESENTAÇÃO Após a publicação da segunda edição, revisada e atualizada, do Boletim Técnico 234 – “Cultura da Banana”, é com grata surpresa que tomo conhecimento sobre a edição do Manual Técnico 82 – “Cultivo da Bananeira”, coordenado pelo meu colega Dr. Edson Shigueaki Nomura. Trabalhamos juntos no programa de Produção Integrada de Frutas (PIF-Banana), o qual contribuiu na edição das Normas Técnicas do PIF Banana para todo o Brasil, tendo sido de grande valia a todos os bananicultores. Este novo grupo, liderado pelo pesquisador Edson e seus demais colegas abraçaram este Manual, levando adiante uma nova publicação e o resultado é um Manual Técnico atualizado e mais completo, com muitas fotos e informações novas. Estou muito contente em ter sido convidado a fazer esta apresentação e contribuir com meu trabalho anterior pois, hoje, aposentado vejo que esta nova geração está dando continuidade ao meu trabalho e contribuindo para o desenvolvimento da bananicultura paulista e nacional. Obrigado a todos que participaram dessa nova edição, tornando isso possível.

Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo

i


ii


SUMÁRIO Apresentação........................................................................................ i Cultivo de Bananeira (Musa sp.)............................................................1 Morfologia da Bananeira.......................................................................7 Condições Edafoclimáticas..................................................................11 Cultivares e Híbridos........................................................................... 17 Preparo do Solo, Tipos de Mudas e Plantio.........................................45 Tratos Culturais.................................................................................... 49 Calagem e Adubações......................................................................... 71 Pragas.................................................................................................. 87 Doenças............................................................................................ 105 Monitoramento da Sigatoka e Controle Químico............................. 133 Manejo da Colheita e Pós-colheita................................................... 143 Caderno de Receitas............................................................... 156 Referências Biográficas..................................................................... 174

iii


iv


CULTIVO DE BANANEIRA (Musa sp.) 1. INTRODUÇÃO A banana é considerada a fruta tropical de maior importância alimentar e econômica para muitos países, pois mobiliza grande contingente de mão de obra, permite rápido retorno econômico ao produtor, movimenta apreciável gama de insumos e, além de todos esses fatores, é comercializada praticamente o ano todo. Segundo os dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), a produção mundial de frutas no mundo em 2016 foi de 860 milhões de toneladas, cultivadas em 65 milhões de hectares, sendo que a banana ocupou a segunda colocação na produção, com 113 milhões de toneladas em cerca de 5,5 milhões de hectares, atrás apenas da melancia (117 milhões de toneladas e 3,5 milhões de hectares). Em relação aos países produtores de banana, segundo dados da FAO, o Brasil ocupou em 2016 a quarta colocação na produção mundial, atrás apenas da Índia, China e Indonésia. Os principais países produtores cultivam a bananeira em região de clima tropical, sendo que os 30 maiores países produtores representam 88% da área plantada e 93% da produção mundial (Tabela 1). Tabela 1 – Dados de área cultivada, produção e produtividade da banana no mundo no ano de 2016. Posição

Países

Produção (t)

Área (ha)

Produtividade (t/ha-1)

1.o

Índia

29.124.000

846.000

34,4

2.o

China

13.066.778

416.439

31,4

3.

o

Indonésia

7.007.125

139.964

50,1

4.

o

Brasil

6.764.324

469.711

14,4

5.o

Equador

6.529.676

180.337

36,2

6.

Filipinas

5.829.142

456.641

12,8

o

contiua...

1


...continuação.

Posição

Países

Produção (t)

Área (ha)

Produtividade (t/ha-1)

131.455

29,3

7.o

Angola

3.858.066

8.

Guatemala

3.775.150

78.206

48,3

9.o

Tanzânia

3.559.639

468.470

7,6

10.o

Ruanda

3.037.962

322.009

9,4

11.

o

Costa Rica

2.409.543

42.410

56,8

12.

o

México

2.384.778

78.322

30,4

13.

o

o

Colômbia

2.043.668

84.637

24,1

14.o

Vietnã

1.941.935

120.041

16,2

15.

o

Egito

1.341.478

27.632

48,5

16.

o

Quênia

1.288.588

63.299

20,4

17.

o

Papua Nova Guiné

1.224.553

77.737

15,8

18.

o

Camarões

1.187.547

72.359

16,4

19.o

República Dominicana

1.079.781

26.834

40,2

20.

o

Tailândia

1.075.251

48.739

22,1

21.

o

Burundi

911.193

195.248

4,7

22.

o

Sudão

910.110

45.108

20,2

23.

o

Bangladesh

798.012

47.432

16,8

24.o

Laos

796.200

28.600

27,8

25.

o

Honduras

707.120

24.427

28,9

26.

o

Uganda

582.839

138.437

4,2

27.

o

Etiópia

538.302

63.213

8,5

28.

o

Moçambique

517.500

67.411

7,7

29.o

Venezuela

470.594

32.091

14,7

30.o

Malawi

441.797

18.049

24,5

TOTAL – 30 países

105.202.651,0

4.811.258,0

21,9

682.747,0

11,8

5.494.005,0

20,6

Demais países

8.077.651,0

MUNDO

113.280.302,0

Fonte: FAO, 2018.

Há vários anos, o Brasil se destaca entre os principais produtores mundiais de banana, com produção de 6,8 milhões de toneladas cultivadas em cerca de 470 mil hectares no ano de 2016, de acordo com os dados do 2


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a mesma fonte, a produtividade média nacional é baixa (14,4t/ha), devido principalmente às grandes diferenças tecnológicas entre as regiões produtoras, como por exemplo em Santa Catarina e São Paulo, onde se têm as maiores produtividades (24,4 e 21,2t/ha, respectivamente), ao contrário da Bahia, que apesar de ser o estado com maior área plantada, a produtividade não passa de 14,9 t/ha (Tabela 2). Embora o Brasil seja um grande produtor, apresenta pouca participação no comércio internacional, devido ao enorme mercado interno, à baixa qualidade das frutas e, atualmente, devido à enorme concorrência com grandes empresas multinacionais de frutas. O Brasil produziu em torno de 6% da produção mundial de banana, porém foi responsável por menos de 0,5% das exportações mundiais do produto no ano de 2016. A banana é a segunda fruta mais produzida no Brasil, constituindo importante fonte de renda dos pequenos e médios produtores e da alimentação da população de baixa renda. Tabela 2 – Dados de área cultivada, produção e produtividade da banana nas regiões e Estados do Brasil no ano de 2016. Estados/Regiões

Produção (t)

Área (ha)

Produtividade (t/ha-1)

Pará

504.907

42.472

11,9

Roraima

56.858

7.068

10,8

Rondônia

76.603

7.748

9,9

Acre

113.545

8.502

13,4

Amazonas

80.351

5.679

14,1

Tocantins

32.314

3.202

10,1

Amapá

18.606

2.100

8,9

Norte

883.184

76.771

11,5

Bahia

1.084.548

72.699

14,9

Ceará

323.840

39.140

8,3

Pernambuco

401.321

38.616

10,4

Rio Grande do Norte

155.014

5.126

30,2

Paraíba

133.524

10.753

12,4

Maranhão

72.635

6.941

10,5

Alagoas

54.720

4.283

12,8

Sergipe

22.739

1.877

12,1 contiua...

3


...continuação.

Estados/Regiões

Produção (t)

Área (ha)

Produtividade (t/ha-1)

37.455

1.967

19,0

Nordeste

2.285.796

181.402

12,6

São Paulo

1.089.820

51.512

21,2

Minas Gerais

773.197

44.765

17,3

Rio de Janeiro

142.817

20.774

6,9

Espírito Santo

262.566

23.385

11,2

2.268.400

140.436

16,2

Santa Catarina

721.579

29.575

24,4

Rio Grande do Sul

129.599

11.852

10,9

Paraná

184.517

7.942

23,2

1.035.695

49.369

21,0

Goiás

199.143

13.574

14,7

Mato Grosso

72.009

6.408

11,2

Mato Grosso do Sul

16.961

1.585

10,7

Distrito Federal

3.136

166

18,9

291.249

21.733

13,4

6.764.324

469.711

14,4

Piauí

Sudeste

Sul

Centro-Oeste BRASIL Fonte: IBGE, 2018.

No Estado de São Paulo, a maior área em extensão com o plantio de bananeiras concentra-se na região sul do Estado (Vale do Ribeira e litoral sul), com cerca de 36 mil hectares (70% do Estado) e produção de aproximadamente 840 mil toneladas da fruta no ano de 2015, segundo os dados do IBGE (Tabela 3). Esta região possui uma das maiores reservas remanescentes da Mata Atlântica, limitando a expansão para novas áreas de plantio. Isso obriga os produtores a terem alta produtividade nas áreas disponíveis para o cultivo de bananeira, além do uso racional de produtos químicos para evitar prejuízos ao meio ambiente e à saúde dos consumidores, sem perdas na produção. Historicamente, as tradicionais regiões produtoras de bananas do Vale do Ribeira e litoral sul paulista são responsáveis por aproximadamente 77% da produção do Estado de São Paulo. No entanto tem-se observado o crescente interesse por essa cultura por produtores do Planalto Paulista como forma de diversificação de atividades. 4


Tabela 3 – Dados de área cultivada, produção e produtividade da banana nos municípios do Vale do Ribeira e litoral sul (SP) no ano de 2016. Municípios

Área (ha)

Produção (t)

Produtividade (t/ha-1)

Cajati

4.500

126.000

28,0

Sete Barras

4.200

126.000

30,0

Eldorado

4.000

100.000

25,0

Itariri

3.835

76.700

20,0

Miracatu

4.000

100.000

25,0

Registro

3.000

90.000

30,0

Jacupiranga

2.200

50.000

22,7

Juquiá

2.200

50.000

22,7

Pedro de Toledo

1.800

36.000

20,0

Pariquera-Açu

1.500

15.000

10,0

Iguape

500

11.700

23,4

Cananéia

300

4.500

15,0

Ribeira

80

2.000

25,0

Barra do Turvo

24

216

9,0

Itaóca

8

104

13,0

Total Vale do Ribeira

32.147

788.220

24,5

Itanhaém

2.000

34.500

17,3

Peruíbe

1.500

15.000

10,0

Mongaguá

274

3.288

12,0

Total litoral sul

3.774

52.788

14,0

Vale do Ribeira + litoral sul

35.921

841.008

23,4

69,7

77,2

51.512

1.089.820

% do Estado de SP Total estado São Paulo

21,2

Fonte: IBGE, 2018.

Adequar técnicas de cultivo às novas necessidades, aumentar a produtividade (pois é possível atingirmos valores acima de 40 toneladas de fruta por hectare), diminuir as perdas em todo o processo produtivo e de comercialização e, principalmente, melhorar a qualidade final do produto com consequente estímulo ao consumo, são objetivos a serem conquistados pela bananicultura nacional. A banana é uma das frutas amplamente cultivadas e consumidas devido ao seu aroma e sabor distinto em todas as partes do mundo, além de 5


ser uma fonte barata de carboidrato e rica em vitaminas (A e C), minerais (potássio, cálcio e ferro), antioxidantes e micronutrientes (Tabela 4). É considerado um alimento básico da população e/ou principal fonte econômica para muitos países. Cada vez mais a banana atrai consumidores pelas suas propriedades nutricionais, além de sua praticidade de consumo, pois a casca da banana constitui-se em uma “embalagem” individual, de fácil remoção e dispensa o uso de utensílio cortante, higiênica e prática, além da ausência de suco na polpa, de sementes duras e a sua disponibilidade durante todo o ano também contribuem para a sua boa aceitação, podendo ser consumida in natura, assada, frita, cozida e processada, na forma de doce, purê ou passa. Tabela 4 – Valor nutritivo de diferentes tipos de banana. Elementos

Banana Nanica (%)

Banana Maçã (%)

Banana Prata (%)

Água

74,12

72,84

73,79

Amido

2,95

2,73

2,91

Glicose

13,44

15,63

15,04

Celulose

0,32

0,70

0,21

Cálcio

0,306

0,509

0,107

Magnésio

1,314

1,212

1,720

Potássio

39,68

42,92

41,31

Sódio

1,64

1,21

1,72

Fósforo

8,20

7,43

7,43

Ferro

0,017

0,031

0,008

Vitamina B1

0,40

0,43

0,42

Vitamina B2

0,82

0,83

0,81

Vitamina C

0,150

0,141

0,141

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MORFOLOGIA DA BANANEIRA Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br

A bananeira é uma planta monocotiledônea típica das regiões tropicais úmidas. É um vegetal herbáceo completo, pois apresenta raiz, caule, folhas, flores, frutos e sementes. Apresenta caule subterrâneo, denominado de rizoma (Figura 1A), de onde são emitidas as raízes primárias e as brotações laterais (filhos ou “rebentos”), que darão origem as novas plantas de bananeiras e a continuidade da produção da touceira. As raízes primárias emergem para a superfície externa do cilindro central do rizoma, em grupos de dois ou quatro, totalizando 200 a 500 raízes, com espessura de 5-8mm, brancas e tenras quando novas e saudáveis, tornando-se amarelas e endurecidas com o tempo. O sistema radicular é fasciculado e atinge horizontalmente até 5m; no entanto é mais comum de 1-2m, dependendo da cultivar, das características do solo e do manejo nutricional; é também superficial, com cerca de 40% da biomassa encontrada na profundidade de 10cm e de 60-85% concentrada na camada de 10-30cm. Normalmente, em toda a extensão da superfície externa das raízes existem abundantes radicelas, que retiram a água do solo, juntamente com os nutrientes necessários ao desenvolvimento da planta. As bainhas das folhas novas aparecem enroladas e apertadas formando o “tronco” ou pseudocaule da planta (Figura 1A), que se desenvolve à medida que ocorre a emissão de novas folhas e tornando-a rígida, semelhante a um caule verdadeiro, e atingindo máxima altura quando ocorre a emissão da inflorescência, onde cessa a emissão de novas folhas. O pseudocaule tem a função de sustentação do cacho e armazenamento de água e nutrientes. Embora o pseudocaule seja muito robusto e suporte cachos com massa superior a 50kg, é muito tenro, contendo cerca de 95% de água, sendo necessário nas cultivares dos subgrupos Cavendish, Gros Michel e Terra o uso de tutoramento ou escoramento para evitar o seu rompimento, devido ao excesso de peso dos cachos e/ou devido à incidência de ventos fortes no local de cultivo. 7


A altura e o diâmetro do pseudocaule podem atingir até 8m e 50cm, respectivamente, dependendo da cultivar, do ciclo de produção, do local e das condições de cultivo. Elas podem influenciar o nível de incidência de quebra do pseudocaule, sendo que o diâmetro é considerado a característica da planta mais importante para avaliar o desenvolvimento da planta, já que representa o número de folhas emitidas e o vigor das mesmas. A bananeira emite de 30-70 folhas (Figura 1A) durante todo o ciclo vegetativo e terá maior quantidade em solo com alta fertilidade e adequados teor de umidade e condições de temperatura ambiental, porém somente se manterão vivas de 10-16 folhas, dependendo da cultivar e do nível de resistência às doenças foliares. Ocorre o aparecimento de uma folha nova a cada 7-14 dias, variando de acordo com as condições climáticas e o manejo cultural do pomar. Em casos de deficiência nutricional, de déficit hídrico ou mudanças bruscas de temperatura, se observa que a frequência de emissão foliar pode ser de uma folha por mês ou mais, sendo que o índice de produção ideal seria de uma folha por semana. Outro fator que interfere na manutenção das folhas da bananeira está relacionado ao nível de resistência às doenças foliares, principalmente da sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet), sendo que a alta incidência do fungo, evidenciada pelas extensas necroses no limbo foliar, reduz drasticamente a área fotossintética ativa, causando morte prematura da folha, reduzindo o acúmulo de amido e o crescimento em diâmetro dos frutos e, consequentemente, perda acentuada na produção e alongamento do ciclo produtivo. Recomenda-se, em casos de perda excessiva de folhas ativas, realizar a retirada de uma a três pencas inferiores no cacho, com a finalidade de o amido se acumular nas pencas remanescentes, para que os frutos atinjam o tamanho (comprimento e diâmetro) adequado para a comercialização. Do centro da copa da planta emerge a inflorescência com brácteas ovaladas de coloração normalmente roxo-avermelhada, em cujas axilas estão inseridas as flores (Figura 1A). Cada grupo de flores reunidas forma uma penca (“mão”). Num cacho são produzidas de sete a 15 pencas, dependendo da cultivar, com número variável de bananas (“dedos”), originados por partenocarpia. Inicialmente, os frutos são de coloração verde e passam para o amarelo com o amadurecimento. Os períodos vegetativo e produtivo da bananeira variam de acordo com a cultivar, as condições edafoclimáticas e os manejos culturais adotados 8


no local de cultivo. Um dos manejos que interferem no ciclo de produção é o desbaste de filhos, visto que uma bananeira adulta apresenta sempre ao seu redor, em condições naturais, outras bananeiras em diversos estádios de desenvolvimento (filhos); a este conjunto de plantas denomina-se touceira ou “família”. Porém, em plantios comerciais, há a necessidade da manutenção de somente de uma família na touceira (mãe-filho-neto) (Figura 1B), para que não haja atrasos no desenvolvimento e na produção. Para isso, é realizado o desbaste de filhos, que segue o critério de manter o filho e o neto com maior desenvolvimento na touceira.

A

B Figura 1 – Morfologia da bananeira: rizoma, pseudocaule, folhas e inflorescência – engaço, cacho, ráquis e coração ou mangará (A): família ou touceira: planta-mãe, filho e neto (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

9


10


CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo, assistente agropecuário VI (aposentado) CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

A bananeira é uma espécie tipicamente tropical e exige calor constante, umidade relativa do ar elevada e adequada distribuição de chuvas ao longo do ano para o bom desenvolvimento e produção. A faixa ideal de temperatura varia entre 15oC e 35oC para as bananeiras crescerem e produzirem adequadamente. A bananeira apresenta melhor desenvolvimento em locais com médias anuais de umidade relativa do ar acima de 80%, pois acelera a emissão das folhas, prolonga sua longevidade, torna a sua casca e a polpa mais túrgida, favorece o lançamento da inflorescência e uniformiza a coloração da fruta quando madura, porém propicia boas condições para o desenvolvimento da sigatoka amarela e da negra também, além de outras doenças que exigem elevado número de pulverizações para seu controle. As precipitações pluviométricas devem estar acima de 1.200mm/ano e bem distribuídas, em torno de 100-180mm por mês são satisfatórias, para não haver períodos de déficit hídrico, principalmente no período de formação da inflorescência ou no início da frutificação, fases em que a bananeira exige maiores quantidades de água. Essas condições são registradas entre os paralelos de 30º de latitude norte e sul. No entanto, desde que a temperatura e o regime de precipitação pluvial sejam adequados, é possível o cultivo de bananeiras em latitudes superiores a 30º no Brasil, como por exemplo nos Estados de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde se utilizam cultivares com maior tolerância ao frio, como a Prata-anã ou enxerto. Porém, nas regiões produtoras de banana localizadas em clima subtropical, pode ocorrer o chilling ou friagem nas frutas (Figura 2), que consiste em um dano fisiológico causado por baixas temperaturas (faixa de 10oC a 4oC), provocando o fechamento dos estômatos, paralização parcial ou total da respiração e a 11


coagulação dos cloroplastos da epiderme da casca. Isto dificulta a circulação da seiva, ocasionando escurecimento e coloração da casca da banana pouco amarelada quando maduras.

Figura 2 – Sintomas característicos de banana com chilling ou friagem. Foto: Edson Shigueaki Nomura

Temperaturas abaixo de 4oC podem ocasionar a “queima” das folhas das bananeiras ou dos frutos em crescimento, os quais são impedidos de atingir o seu máximo tamanho, tornando-se pequenos e de maturação incompleta; portanto, plantios em locais sujeitos às geadas e aos ventos frios devem ser evitados. Normalmente, o período de baixa temperatura no Estado de São Paulo ocorre concomitantemente com o menor índice pluviométrico, o que agrava os prejuízos. Os dois fatores são capazes de causar a compactação da roseta foliar, dificultando o lançamento da inflorescência, principalmente na cultivar nanica, chegando a provocar um “engasgamento” da inflorescência (Figura 3), tornando o cacho e os frutos deformados, impossibilitando sua comercialização. Em temperaturas acima de 35oC, há inibições no desenvolvimento das bananeiras devido, principalmente, à desidratação dos tecidos das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas e mais facilmente sujeitas ao fendilhamento. 12


Figura 3 – Sintomas de engasgamento da inflorescência na bananeira tipo Nanica. Foto: Edson Shigueaki Nomura

Convém notar que a incidência e o desenvolvimento de pragas e doenças, como, por exemplo, a sigatoka negra, também é favorecida por alta umidade e temperatura, devendo-se, portanto, levar em conta esse aspecto na escolha do local de instalação de um bananal. Outros fatores de influência são a altitude e a latitude, pois afetam diretamente na temperatura, na quantidade de chuvas, na umidade relativa e na luminosidade. Quanto maiores, influenciam no desenvolvimento e na produção das bananeiras, aumentando o ciclo de produção, principalmente para as cultivares Nanica e Nanicão. Em comparações feitas entre plantações conduzidas em condições iguais de cultivo, se constatou aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produção, a cada 100m de acréscimo na altitude, em uma mesma latitude. A luminosidade é importante para o desenvolvimento da bananeira, sendo desejável que as plantas recebam entre mil a duas mil horas de luz/ ano. Ela afeta o ciclo, o tamanho do cacho, a qualidade e a conservação dos frutos. Valores abaixo destes são insuficientes para que as bananeiras tenham desenvolvimento normal, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo até mesmo não entrarem no processo de diferenciação floral. Valores acima da faixa ideal podem ocasionar queima das folhas, principalmente da folha vela e recém-aberta, pois nelas o tecido é muito tenro, ficando vulnerável aos raios solares intensos. 13


O vento é uma das maiores preocupações dos produtores de banana, pois este pode causar chilling (se for frio), desidratação da planta devido à maior transpiração, ao fendilhamento (Figura 4A) e à quebra das folhas (redução da área foliar), ao rompimento das raízes e, em casos mais graves, à quebra do pseudocaule e tombamento das plantas (Figura 4B). Para minimizar seu efeito, é importante a implantação de quebra-ventos no bananal, associada ao plantio de cultivares de bananeiras de porte mais baixo. Geralmente, os quebra-ventos são árvores plantadas em renques, em direção perpendicular aos ventos predominantes, cuja função é diminuir seus efeitos danosos. Eles atuam elevando a altura da corrente de vento e diminuindo a velocidade no patamar logo acima das bananeiras.

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B Figura 4 – Danos causados pelo vento: fendilhamento das folhas (A) e plantas tombadas ou quebradas devido ao vento forte (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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Para a escolha da espécie de planta para a formação do quebra-vento deve-se ter a copa em forma cilíndrica, bem enfolhada, porte bem alto e sistema radicular pivotante, com reduzido número de raízes laterais. Para reduzir o efeito da concorrência entre as plantas do quebra-vento por água devem-se construir valas laterais paralelas à linha de plantio do quebra-vento, evitando-se que as raízes laterais invadam o bananal e obriga-se a planta a ter maior desenvolvimento do seu sistema radicular pivotante. As espécies mais utilizadas como quebra-vento em plantios de bananeiras são: eucalipto (Figura 5A), Pinnus ellioti, Grevillia robusta (Figura 5B) e, em alguns casos, o bambu (Bambusa oldhami) (Figura 5C).

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C Figura 5 – Bananal protegido com fileiras de quebra-vento: eucalipto (A); Grevillia robusta (B); bambu – Bambusa oldhami (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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Nas bananeiras, a maior porcentagem das raízes se encontra nos primeiros 30cm do solo, no entanto as raízes devem penetrar no solo, no mínimo entre 60 e 80cm de profundidade. Assim, os solos preferidos são os ricos em matéria orgânica, bem drenados, argilosos ou mistos, que possuam boa disponibilidade de água e topografia favorável. Os solos arenosos, além da baixa fertilidade e da baixa retenção de umidade, favorecem a disseminação de nematoides e doenças de solo, devendo receber maiores cuidados. Devem-se evitar, também, solos encharcados e sujeitos a inundações.

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CULTIVARES E HÍBRIDOS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo, assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com Luís Alberto Saes Pesquisador científico aposentado – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira

1. Introdução As cultivares de bananeiras mais plantadas tradicionalmente no Brasil são as dos tipos Prata (Prata comum, Pacovan, Prata-anã, Prata-catarina e Prata-gorutuba) e Nanica (Nanica, Nanicão, Grande naine e Willians), porém quando são consideradas algumas características como porte da planta, produtividade, tolerância às pragas e doenças, seca e frio, todas apresentam pelo menos uma característica indesejável para a exploração comercial. A sigatoka negra constitui um dos fatores limitantes da produção de banana em todas as partes do mundo. A doença ocorre nas folhas provocando estrias marrons e manchas necróticas negras que reduzem os tecidos fotossintetizantes, provocando amarelecimento precoce dos frutos no cacho e, consequentemente, perda dos rendimentos brutos. Com a entrada da sigatoka negra nos bananais paulistas, a doença prejudicou parte dos pequenos e médios produtores, principalmente os da região do Vale do Ribeira, pois muitos não possuem recursos financeiros e, consequentemente, não conseguem implementar todas as tecnologias disponíveis para o controle da doença. Uma das alternativas para esses pequenos produtores e para melhorar o controle da doença na região é a utilização de cultivares de bananeiras resistentes ou tolerantes, sendo a estratégia ideal do ponto de vista econômico e de preservação do meio ambiente, principalmente para regiões onde a bananicultura é caracterizada pelo baixo nível de adoção de tecnologias e com baixo retorno econômico. Uma das estratégias para solucionar este problema da falta de cultivares resistentes e tolerantes às doenças e pragas é a criação de cultivares 17


que apresentem porte baixo, sejam altamente produtivas e possuam sabor semelhante às cultivares tradicionalmente aceitas pelos consumidores. No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embapa – Mandioca e Fruticultura) é responsável pelo programa de melhoramento genético, com a obtenção de híbridos tetraploides superiores a partir das cultivares triploides tradicionais. Este programa visa à introdução e obtenção de cultivares resistentes às doenças, principalmente a sigatoka negra (M. fijiensis Morelet) e à fusariose-da-bananeira (Fusarium oxysporum f. sp. cubense), além de características fenológicas e produtivas da planta como altura e diâmetro do pseudocaule, precocidade e produtividade. 2. Subgrupo Cavendish - AAA 2.1. Nanica Esta cultivar tem seu pseudocaule com cerca de 2m de altura, tendo a base do seu pseudocaule o diâmetro de 30cm a 35cm. Sua coloração é verde -escura, com manchas esparsas quase pretas, as quais não invadem a roseta foliar. Em condições de deficiência hídrica ou de temperatura, a roseta foliar fica muito compacta a ponto de impedir a emissão da inflorescência, ficando “engasgada”. O comprimento da folha varia ao redor de 160cm e 80cm de largura. A inflorescência tem engaço curto com 30cm a 40cm, com cerca de 10cm de diâmetro e revestido de pilosidade mediana e cor verde-amarelada. As brácteas, que são bem vigorosas, se enrolam e caem. A coloração da parte externa é roxa e a interna rosada. As flores são de cor verde- clara e com tépalas de coloração marrom. O cacho se apresenta com 10 a 12 pencas, sendo que a primeira chega a ter até 36 bananas, que são bem recurvadas em meia-lua, com comprimento chegando a 20cm. A última penca tem entre seis e oito bananas quase retas e com oito até 10cm. Sendo assim, o formato do cacho torna-se troncocônico. As bananas têm pedúnculo médio (± 2cm) e são de cor verde-clara e com o pistilo seco e fortemente aderido a elas. Quando madura a coloração da casca da banana fica amarela intensa. A polpa, quando a casca está verde, é branca e, ao ficar madura, se torna levemente creme. A ráquis é reta, completamente revestida de flores masculinas secas e quase que completamente cobertas pelas brácteas, que ficam próximas e umas sobre as outras (Figura 6). 18


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Figura 6 – Cultivar Nanica: planta (A), penca (B) e frutos (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

Tem baixa resistência às sigatokas amarela e negra, sendo medianamente atacada pelo moleque-da-bananeira, muito atacada pelos nematoides e resistente à fusariose-da-bananeira. Quando ocorrem ataques da traça-das -bananeiras, é a cultivar mais prejudicada, pois seus restos florais masculinos são excelentes locais para o desenvolvimento das larvas. 2.2. Nanicão Esta cultivar é uma mutante da Nanica encontrada no litoral de Santos (SP). Mutações como essa têm ocorrido várias vezes e, com isso, é possível a identificação de diferentes cultivares de bananeiras. A Nanicão se tornou mais robusta, com alturas entre 3m e 3,5m. O pseudocaule apresenta as mesmas colorações e pigmentações da cultivar Nanica, porém apresenta a roseta foliar mais alongada, o que a torna mais harmoniosa, além de reduzir muito o “engasgamento” da inflorescência. As folhas são mais longas e mais estreitas do que as da Nanica, porém sua coloração é semelhante, havendo no seu verso menos cerosidade. O pecíolo é mais comprido e a nervura principal é mais intumescida do que a do Nanica. 19


Seu engaço tem até 60cm de comprimento e as inflorescências são grandes, formadas por 12 a 15 pencas. As bananas das primeiras pencas são longas, com até 25cm, e as últimas com 12cm. Quando bem desenvolvidas, as da segunda penca atingem 4cm de diâmetro. As bananas são voltadas para cima, devido a sua acentuada curvatura quase junto ao seu pedúnculo. A polpa tem o mesmo sabor da Nanica e a coloração creme. Esta cultivar tem menor número de bananas em comparação à Nanica, apesar de seu cacho ser maior. Os cachos podem ultrapassar 40kg em bananais razoavelmente bem cuidados, demonstrando seu potencial de produção (Figura 7). Devido ao grande peso do cacho, as plantas têm maior facilidade para o tombamento.

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C Figura 7 – Cultivar Nanicão: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A ráquis normalmente é reta e limpa, com até 80cm de comprimento, apresentando grandes variações: levemente curvo, com esparsos e irregulares restos florais; podem-se encontrar brácteas aderidas nos seus últimos 30% a 40% da ráquis; o mais típico é ficar com a ráquis reta, completamente limpa e com as brácteas caindo precocemente. Esta característica está ligada à produção de cachos maiores e com bananas mais longas. É suscetível às sigatokas amarela e negra, ao moleque-da-bananeira e aos nematoides e apresenta tolerância à fusariose-da-bananeira. Apresenta-se com melhor conformação de cachos e de frutos substituindo em muitos casos a Nanica e sendo hoje a cultivar mais plantada no Estado de São Paulo, dominando os mercados interno e de exportação. 2.3. Grande Naine A Grande Naine é um mutante da Nanica que surgiu na Martinica. O pseudocaule é semelhante ao da Nanica, tem manchas escuras e porte médio (altura entre 2,5-3m), mas a roseta foliar é um pouco mais frouxa, diminuindo em parte o problema de “engasgamento” da inflorescência. As folhas são um pouco maiores do que as da Nanica, sendo menos intensamente coloridas e com menor cerosidade. O engaço é mais piloso e um pouco mais comprido, assim como as bananas. Os cachos são ligeiramente cônico, frutos delgados, longos, encurvados, com ápices arredondados, pedicelos curtos e a polpa madura tem sabor muito doce. As pencas da primeira metade do cacho têm as almofadas curtas e as bananas são menos curvas do que as da banana Nanica, o que facilita o acondicionamento na caixa de embalagem. A ráquis se apresenta reta, sendo o mais comum apresentar-se com o primeiro terço quase que limpo, enquanto que a parte restante é cheia de restos florais masculinos, os quais são parcialmente cobertos com brácteas. O coração é maior do que o da Nanica. A massa fresca do cacho varia entre 15kg a 30kg, dependendo do nível de nutrição empregado, pois esta cultivar apresenta boa resposta à adubação (Figura 8). É uma das cultivares mais plantadas para a comercialização no mercado internacional. O porte menor do que o a bananeira Nanicão acaba por reduzir os efeitos danosos dos ventos fortes. Entretanto as perdas por ter as últimas pencas fora do padrão são grandes, mas para compensar esse defeito, chega-se a retirar até as últimas três pencas. Possui alta capacidade de resposta em condições de alta tecnologia, porém não tem a mesma rusticidade da cultivar Nanicão. 21


É suscetível às sigatokas amarela e negra, aos nematoides (principalmente Radopholus similis) e ao moleque-da-bananeira, mas é resistente à fusariose-da-bananeira.

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Figura 8 – Cultivar Grande Naine: planta (A) e cacho (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

2.4. Willians A cultivar Williams é um mutante da Nanicão; se apresenta mais tolerante ao frio, tem cerca de 2°C a menos e é mais resistente à falta d’água. Aos 15°C ela não hiberna e também não engasga sua inflorescência. Os sintomas de chilling na planta e nos frutos são menores do que os demais cultivares do subgrupo Cavendish. Ele tem o pseudocaule mais vigoroso e a roseta foliar harmoniosa (Figura 9A). Seu cacho tem de 12 a 14 pencas, é quase tão tronco-cônico como a Grande Naine (Figura 9B). As bananas são mais longas, chegando de 22cm até 25cm de comprimento, porém não “engordam” tanto como a Nanicão (Figura 9C). A identificação dessa cultivar é facilmente feita pelo fato de ela ser a mutante de Nanicão que tem o pistilo mais longo e acentuadamente esbranquiçado, o que a diferencia de todos as demais (Figura 9D). As pencas não são perfeitas e nem harmoniosamente distribuídas na ráquis. Esta condição faz com que as bananas se disponham de modo um pouco desorganizado, principalmente quando o cacho está no ponto de colheita. É suscetível às sigatoka amarela e negra, ao moleque-da-bananeira e aos nematoides e apresenta tolerância à fusariose-da-bananeira. 22


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C Figura 9 – Cultivar Willians: planta (A), cacho (B) e frutos (C); pistilo longo e esbranquiçado característico da cultivar (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

3. Subgrupo Prata – AAB 3.1. Prata Anã ou Enxerto A cultivar Enxerto ou Prata-Anã é uma mutação da cultivar Branca. O nome se deve ao fato de a bananeira ser visualmente parecida com a bananeira Nanicão e seu cacho semelhante ao da bananeira Prata. O pseudocaule, o pecíolo e a nervura principal apresentam coloração verde-clara e brilhante e as folhas têm coloração verde-amarelada. 23


A inflorescência se apresenta em posição de 45°, seu engaço é verde com nuances avermelhadas, bastante vigoroso, o que contrasta muito com as bananas que, no início, têm um lento desenvolvimento. As pencas se inserem bem juntas e o pedúnculo é pequeno. O coração é muito inchado, podendose dizer que é um dos maiores entre as bananas comestíveis (Figura 10). As bananas apresentam frequentemente, depois da granação, manchas acinzentadas nas cascas causadas pelo fungo Cladosporium musae. Por vezes, em regiões mais frias e com elevada umidade relativa do ar, ou em períodos com baixa temperatura, este fungo se desenvolve e chega a provocar infecções, que acabam produzindo manchas muito intensas, as quais prejudicam a sua comercialização. Em condições mais tropicais, essa cultivar tem demonstrado diminuição de sua tolerância pela fusariose-da-bananeira. Apresenta baixa tolerância à sigatoka amarela e suscetibilidade à sigatoka negra.

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Figura 10 – Cultivar Prata-Anã: cacho (A), penca (B) e fruto (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

3.2. Pacovan Resultante de uma mutação da Prata comum, atualmente é a cultivar mais plantada no Norte e Nordeste do País. Possui porte alto (6-7m) e os 24


cachos são cônicos, com massa fresca de 20-30kg e entre 8-10 pencas. Os frutos são grandes, com quinas salientes (mesmo quando maduros) e casca grossa. As bananas pesam em média 120 gramas e apresentam sabor menos intenso do que a Prata (Figura 11). É susceptível às sigatoka amarela e negra e ao moko (Ralstonia solanacearum), moderadamente susceptível à fusariose-da-bananeira, medianamente resistente aos nematoides (Radopholus similis, Helicotylenchus spp., Meloidogyne ssp., Pratylenchus ssp.) e ao molequeda-bananeira (Cosmopolites sordidus). É sujeita ao tombamento pela ação dos ventos.

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D Figura 11 – Cultivar Pacovan: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura e Embrapa

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3.3. Prata-Catarina (SCS451 Catarina) Trata-se de um clone da cultivar Prata-Anã ou Enxerto selecionado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri). Oriunda de variação natural no campo foi coletada em 1997, na comunidade de Retiro da União, em Santa Rosa do Sul (SC). As características morfológicas da planta são semelhantes às da Prata-Anã. O tamanho e a coloração dos frutos são comparativamente melhores do que os da Prata-Anã (Figura 12). Apresenta baixa tolerância à sigatoka amarela e suscetibilidade à sigatoka negra. Apresenta maior tolerância à fusariose-da-bananeira quando comparada à Prata-Anã.

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D C Figura 12 – Cultivar Prata-Catarina: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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4. Subgrupo Figo – ABB 4.1. Figo A cultivar Figo se apresenta com o porte alto (3,5-4m), com suas últimas folhas caindo como “cansadas”. O pseudocaule é verde-claro bem uniforme. Normalmente, a folha mais nova apresenta coloração amarela muito brilhante, evidenciando a deficiência de enxofre. As páginas superiores das folhas mais velhas, pelo seu brilho, dão a impressão de estarem impregnadas de óleo, enquanto que as inferiores se apresentam revestidas com muita cerosidade. A leve tonalidade cinza que o pecíolo e a nervura principal possuem se define de modo mais intenso nas bananas. O cacho apresenta engaço com tamanho de 60cm a 80cm, tendo de seis a oito pencas que, por se inserirem perpendicularmente na ráquis e serem bem distanciadas, dão a impressão de formarem leques em diferentes níveis (Figura 13).

Figura 13 – Cultivar Figo: cacho. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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As bananas chegam até 20cm de comprimento, são quase retas e formam pencas com 12 a 14 frutas. As bananas ainda jovens têm quinas bem definidas, as quais depois se esmaecem apenas um pouco. A casca é bastante grossa e macia e, quando madura, se retira com relativa facilidade e aparecem muitos “fios” soltos, que ficam parcialmente aderidos a ela e à polpa. A polpa é doce, macia, de cor creme ou rósea. A ráquis é limpa e bastante reta, quase sem nó e com cerca de 80cm de comprimento. Essa cultivar é utilizada e consumida principalmente frita ou cozida e serve, também, para produção de compotas devido ao seu alto teor de amido. Não é indicada para fabricação de bananadas. É tolerante às sigatokas amarela e negra, sendo bastante atacada pelo moleque-da-bananeira e por nematoides, tornando necessário um rigoroso controle para que as plantas não morram. É pouco resistente à fusariose-da-bananeira, exigindo que o bananal seja sempre bem adubado, a fim de se procurar retardar o desenvolvimento dessa doença. 5. Subgrupo Terra – AAB 5.1. Terra-Maranhão A cultivar Terra-Maranhão tem o plantio limitado e de difícil manejo, devido à grande altura (4-6m) e à baixa resistência a quebra ou tombamento do pseudocaule, necessitando inclusive de tutoramento e escoramento. O pseudocaule é de coloração verde-claro, bem uniforme e robusto com diâmetro de 40cm a 50cm na base, afinando até chegar a 30-35cm na roseta foliar. As folhas são de coloração verde-escuro, compridas, largas e espessas, tendo as nervuras secundárias bem intumescidas. As primeiras pencas se apresentam com 20 a 25 bananas cujo comprimento varia de 25cm a 28 cm. A casca do fruto quando maduro, apresenta coloração verde-claro, bastante espessa, sem ter almofadada e se solta com facilidade da polpa de coloração levemente rosada e textura firme (Figura 14). A ráquis é revestida quase que inteiramente das flores masculinas abortadas, sendo que muitas vezes as primeiras chegam apenas a iniciar seu desenvolvimento, enquanto que as demais secam. É uma planta muito exigente em nutrientes, principalmente o B, sendo que os sintomas são a dobra e o fendilhamento do ápice de suas folhas ainda jovens e terminam necrosadas. A clorose de Mg é muito visível, principalmente durante o período de formação do bananal. Quando se aduba com Zn 28


e B, as bananas “engordam” mais uniformemente, quase perdem suas quinas por completo e emitem mais filhos. É utilizada principalmente para consumo, frita ou cozida, devido ao seu alto teor de amido. Para serem fritas, as bananas não devem estar muito maduras para não haver encharcamento com o óleo. São também utilizadas para produção de compotas. Esta cultivar é tolerante à fusariose-da-bananeira e suscetível à sigatoka amarela e negra e ao ataque do moleque-da-bananeira.

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D Figura 14 – Cultivar Terra-Maranhão: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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6. Ouro – Grupo AA A cultivar Ouro (Figura 15) é cultivada nas encostas úmidas, porém não encharcadas, localizadas onde a temperatura diurna seja alta e a noturna seja baixa. O clima das regiões serranas é favorável ao seu desenvolvimento. Seu pseudocaule varia de 3,5-4m de altura e 20-25cm de diâmetro na base; de coloração amarelo-brilhante quase sem cerosidade, apresenta manchas negras esparsas e irregularmente distribuídas por todo ele. A planta produz poucos “filhos”, que crescem bem junto ao rizoma. As folhas são bastante lanceoladas, longas e estreitas. A roseta foliar é harmoniosa, com folhas em posição de 60o.

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D Figura 15 – Cultivar Ouro: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A inflorescência é composta de flores com tépalas de cor rósea bem escura e durante a sua emissão fica na posição quase horizontal. Os cachos são leves, tendo de 10 a 12 pencas, com 18 a 24 bananas nas primeiras e oito a 10 nas últimas pencas. As bananas são normalmente pequenas, com 10-12cm de comprimento. A casca é bem fina e macia, porém muito fibrosa, dificultando o início de seu descascamento. A polpa é de cor amarela, macia, firme, bastante doce, sem nenhum gosto de amido. A ráquis é reta, vertical e limpa. O moleque-da-bananeira ataca muito essa cultivar e suas galerias normalmente são encontradas na sua periferia e raramente atingem a gema apical de crescimento. Os nematoides raramente atacam essa cultivar. Não apresenta nenhuma resistência à sigatoka amarela, sendo, provavelmente, a cultivar mais atacada por essa enfermidade. Entretanto tem se mostrado muito tolerante à sigatoka negra. 7. Maçã – grupo AAB Cultivar de frutos com ótima qualidade e excelente aceitação no mercado consumidor devido ao aroma e sabor semelhantes à fruta maçã. Apresenta porte de 3,5m a 4m de altura e diâmetro de 30 a 35cm na sua base. Na parte mais alta do pseudocaule há algumas manchas esparsas e irregulares, quase pretas. As folhas são ligeiramente opacas e decumbentes, ou seja, a planta fica com o aspecto de um guarda-chuva aberto, sendo que a maior curvatura ocorre no primeiro metro a partir do pecíolo. A inflorescência é pequena e o seu engaço é mediano e relativamente fino. A massa fresca do cacho varia de 10kg a 12kg, distribuídas em seis a oito pencas. As pencas se inserem na ráquis bem distanciadas umas das outras, sendo que as primeiras apresentam em média 18 bananas e as últimas de seis a oito. O comprimento do fruto varia de 10cm a 18cm de comprimento. A casca é fina, com suave aroma e quando maduras apresentam coloração amarela bem intensa. A polpa é levemente adocicada, muito macia, quase farinácea e de coloração branca. Esporadicamente aparecem sementes férteis no seu interior. A ráquis é bastante longa, medianamente grossa e limpa sem restos florais (Figura 16). Um dos seus limitantes para o seu cultivo é a alta suscetibilidade ao fusariose-da-bananeira, e por isso precisa ser adubada adequadamente com 31


Zn, Ca, Mg e P. A cultivar tem sido usada como cultura de desbravamento no interior do Brasil, pois seu período de produção é muito curto, limitando-se de uma a três colheitas, devido a essa enfermidade fúngica. Seus plantios devem ser feitos sempre em solos virgens de bananeiras, pelo menos durante os últimos trinta anos e, se possível, utilizando mudas produzidas por biotecnologia. Apresenta ainda suscetibilidade ao ataque do molequeda-bananeira e nematoides e tem resistência à sigatoka amarela.

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Figura 16 – Cultivar Maçã: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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8. Cultivares e híbridos resistentes a doenças 8.1. Nanicão IAC 2001 - Subgrupo Cavendish (AAA) Cultivar selecionada pelo Instituto Agronômico (IAC) pelo Dr. Raul S. Moreira, apresenta altura média entre 2,5-4m e o diâmetro do pseudocaule fica a 30cm acima do nível do solo, variando de 24-26cm, e a 100cm de 22cm a 24 cm. O cacho apresenta formato quase cilíndrico, sendo que as bananas já granadas ficam com suas extremidades distais voltada para cima. A massa fresca do cacho varia de 20kg a 25kg e número de pencas de oito a 10. A casca da fruta apresenta coloração amarela-clara, a polpa é um pouco farinácea e de cor levemente creme, cujo paladar é menos adocicado do que a da Nanicão (Figura 17).

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B Figura 17 – Cultivar Nanicão IAC 2001: planta (A) e penca (B). Fotos: Luiz Antônio de Campos Penteado e Luís Alberto Saes

Seu fruto é três vezes mais rico em vitamina C do que o da Nanicão e, por isso, após a climatização, conserva-se de quatro a cinco dias a mais que a Nanicão. É considerado resistente à sigatoka amarela, pois na colheita apresentaram até oito folhas vivas e sem sinais de necrose da doença, o que permite afirmar que a cultivar é tolerante, porém não imune. Essa cultivar apresenta 33


média tolerância à sigatoka negra, sendo imune à fusariose-da-bananeira e suscetível ao moko. Apresenta, ainda, baixa tolerância ao ataque do molequeda-bananeira e do nematoide cavernícola (Radopholus similis). 8.2. Thap Maeo (Grupo AAB) Esta cultivar foi introduzida pela Embrapa – Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas (BA). Variante da Mysore, apresenta pseudocaule menos manchado, mais vigoroso e cachos maiores (Figura 18).

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D C Figura 18 – Cultivar Thap Maeo: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A planta apresenta porte alto (4m a 4,5m), porém com pseudocaule vigoroso variando entre 20cm a 30cm de diâmetro. A massa fresca do cacho pode atingir de até 35kg, distribuídos em 10 a 12 pencas com média de 210 frutos/cacho. A capacidade produtiva varia de 30-35t/ha, quando cultivada em solos de boa fertilidade em condições de sequeiro, usando as práticas culturais recomendadas para a cultura. Quando cultivadas em solos de baixa fertilidade na região Amazônica, apresentam um bom grau de rusticidade, com produtividade na faixa de 25t/ha. Apesar de rústica, recomenda-se que seu cultivo seja feito em solos profundos, bem drenados e realizando as adubações de rotina. Possui alta resistência às sigatokas amarela e negra e à fusariose-da-bananeira, sendo moderadamente resistente ao moleque-da-bananeira e ao nematoide cavernícola. 8.3. Caipira ou Yangambi (Grupo AAA) Esta cultivar foi introduzida no Brasil pela Embrapa – Mandioca e Fruticultura (Figura 19), cuja origem é a África Ocidental. É uma planta rústica, com pseudocaule verde-amarelo-pálido, com manchas escuras próximas à roseta foliar. As folhas são eretas e estreitas, com margens dos pecíolos avermelhadas.

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C Figura 19 – Cultivar Caipira: cacho (A), penca (B) e fruto (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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As plantas são de porte alto (3,5m a 5m) e diâmetro do pseudocaule variando de 20cm a 30 cm. O cacho tem a forma cilíndrica e a massa fresca varia entre 15kg e 30kg, com oito a 13 pencas. A ráquis masculina é desprovida de brácteas. Os frutos, curtos e grossos, possuem sabor levemente adocicado, podendo ser consumidos in natura ou processados artesanal e industrialmente na forma de farinha e doces. Essa cultivar apresenta resistência às sigatokas amarela e negra e à fusariose-da-bananeira. 8.4. Prata Zulu ou Pisang Awak (Subgrupo Prata AAB) Foi coletado pelo Dr. Raul S. Moreira em Angola, em 1987, que resolveu dar-lhe este nome em homenagem à raça da pessoa que lhe forneceu a planta e pela dificuldade de se pronunciar a sua denominação regional. O pseudocaule é de coloração verde levemente amarelada, seus frutos não chegam a ser tão longos como uma excelente banana do tipo Prata (Figura 20).

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C Figura 20 – Cultivar Prata Zulu: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A planta apresenta porte alto (3,5m a 4m), ciclo vegetativo longo (400 dias), bom perfilhamento, massa fresca do cacho entre 20kg a 30kg e com mais de 10 pencas. Os frutos apresentam o pedúnculo rígido, o que lhes confere resistência ao despencamento, característica esta que permite transporte a longas distâncias. Ao se descascar a banana, sua casca se solta delicadamente da polpa. Apresenta coloração branca, sendo um pouco mais doce e macia do que a Prata-Anã e conserva-se em boas condições de consumo depois de madura por três a cinco dias a mais. É uma banana delicada, que exige cuidados no seu manuseio. É altamente resistente às sigatokas amarela e negra e suscetível à usariose-da-bananeira, ao moleque-da-bananeira e ao nematoide cavernícola. 8.5. FHIA 1 (híbrido tetraploide AAAB) Desenvolvida em 1988 pela Fundación Hondureña de Investigación Agrícola (FHIA), é uma bananeira tipo Prata (Figura 21).

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Figura 21 – Híbrido FHIA 1: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A altura da planta varia entre 2,5m e 3,5m. O cacho é ligeiramente inclinado e assimétrico. Os frutos possuem coloração verde e são retos até a ponta. A média da massa fresca do cacho é de 19kg, com um número de frutos por cacho variando de 130 a 160. O peso do fruto oscila entre 190g e 220g. Apresenta tolerância às sigatokas amarela e negra e à fusariose-da-bananeira. 8.6. FHIA 2 (híbrido tetraploide AAAA) Desenvolvida pela Fundación Hondureña de Investigación Agrícola (FHIA), este híbrido é do tipo Cavendish (Williams x SH33-93). A altura da planta varia entre 3m a 3,5m, pseudocaule vigoroso com diâmetro variando entre 20cm a 25cm. A massa fresca do cacho varia entre 15kg até 20kg, com 100 a 120 frutos por cacho, distribuídos em seis a oito pencas (Figura 22). Apresenta resistência às sigatokas amarela e negra e é suscetível à fusariose-da-bananeira.

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C Figura 22 – Híbrido FHIA 2: planta (A), cacho (B), penca (C) e fruto (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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8.7. FHIA 17 (híbrido tetraploide AAAA) Desenvolvida em 1989 pela Fundación Hondureña de Investigación Agrícola (FHIA), ela é um híbrido da Gros Michel. Consome-se como fruta fresca e os frutos maduros têm sabor parecido ao da Gros Michel. Em Honduras, se encontra em produção comercial em fazendas em cultivo orgânico por sua moderada resistência à sigatoka negra, o que permite uma boa produção sem o uso de fungicidas (Figura 23).

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B Figura 23 – Híbrido FHIA 17: planta (A) e cacho (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

Apresenta altura da planta entre 3m e 4,5m, suas plantas são vigorosas com pseudocaule cilíndrico (diâmetro entre 25cm e 35cm) e folhas decumbentes. O cacho é cilíndrico, com massa fresca variando entre 25-45kg, com 150 a 250 frutos por cacho, distribuídos em nove até 14 pencas; os frutos são de cor verde-claro, semicurvos, de 18cm a 25cm de comprimento. O ciclo de produção é longo, variando entre 420 a 500 dias. A fruta madura é de cor amarela-clara e a polpa é de cor creme. Esse híbrido é tolerante à sigatoka negra e resistente à fusariose-da-bananeira. É moderadamente resistente aos nematoides. Por sua tolerância às principais doenças, esse híbrido pode ser cultivado em sistema orgânico e ser uma boa alternativa para agricultura de subsistência, já que não necessita de aplicações de fungicidas nem de tecnologia sofisticada. 39


Quando as condições ambientais não são extremas, a banana tem uma longa vida verde e boas características para embalamento. Ao amadurecer, a casca tem uma coloração amarela-clara bastante atrativa, com uma textura da polpa suave e cremosa, de cor creme claro com sabor parecido aos das cultivares do subgrupo Cavendish. Adicionalmente o seu consumo em forma fresca, a banana madura pode bem ser usada como purê para alimento de crianças. Também é recomendado seu uso em salada de frutas, porque, ao ser cortada em rodelas, não oxida como as cultivares de bananas comerciais do subgrupo Cavendish. 8.8. FHIA 18 (híbrido tetraploide AAAB) Desenvolvida pela Fundación Hondureña de Investigación Agrícola (FHIA) e apresenta sabor semelhante ao da banana Prata-Anã (Figura 24).

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Figura 24 – Híbrido FHIA 18: cacho (A), penca (B) e fruto (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

A altura da planta varia entre 2,5m a 3m, com pseudocaule vigoroso e resistente (diâmetro de 25-30cm). A massa fresca média do cacho varia de 15kg a 25kg, com 120 a 160 frutos por cacho, distribuídos em oito até 10 pencas. A banana madura apresenta coloração da casca amarela muito atraente, com textura da polpa suave de cor creme, podendo ser usada como purê para alimento de crianças. 40


Apresenta média tolerância à sigatoka amarela, resistência à sigatoka negra e suscetibilidade à fusariose-da-bananeira. Essa suscetibilidade a tal doença no Brasil, além de certas diferenças características da planta e das frutas, desencadeou uma desconfiança na idoneidade deste híbrido e possível equívoco de introdução deste material no País. De acordo com as informações técnicas do boletim da Fundação Hondurenha de Investigações Agrícolas, essa cultivar se apresenta como altamente tolerante à fusariose-da-bananeira. 8.9. BRS Platina (híbrido tetraploide AAAB) A cultivar BRS Platina (PA42-44/AAAB) do tipo Prata, híbrida de Prata -Anã, foi desenvolvida pela Embrapa e possui frutos muito semelhantes à sua genitora (Figura 25).

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Figura 25 – Híbrido BRS Platina: planta, cacho, penca e fruto. Fotos: Embrapa e Edson Shigueaki Nomura

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A planta apresenta altura variando entre 3m a 4,5m e pseudocaule vigoroso, com diâmetro variando entre 20cm a 35cm. Apresenta produção de cachos com massa fresca variando entre 20kg a 30kg, distribuídos em seis a 10 pencas e 80 a 130 frutos. Ela tem como vantagem agronômica a tolerância à sigatoka amarela e à fusariose-da-bananeira, porém é suscetível à sigatoka negra. 8.10. BRS Pacovan Ken (híbrido tetraploide AAAB) Este híbrido do tipo Prata é resultante do cruzamento da cultivar Pacovan com o híbrido diploide M53 (AA). O nome Ken é uma homenagem ao seu criador, Dr. Kenneth Shepherd, consultor do Programa de Melhoramento Genético da Bananeira por 13 anos (1981-1994), em Cruz das Almas (BA) (Figura 26).

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C Figura 26 – Híbrido BRS Pacovan Ken: planta (A), cacho (B) e penca (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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A planta apresenta porte muito alto (3,5-5,5m), o pseudocaule é muito vigoroso (25-30cm de diâmetro a 30cm acima do nível do solo), de coloração verde-escura e com manchas escuras. O cacho tem massa fresca entre 15-20kg, forma cilíndrica e ráquis limpa. Os frutos são médios (15-20cm de comprimento e 35-40mm de diâmetro) e quinados, maiores do que a banana Pacovan. Apresenta resistência às sigatoka amarela e negra e à fusariose-dabananeira. Não há informações suficientes sobre sua reação à broca das bananeiras e aos nematoides, mas pode-se dizer que não há grandes diferenças em relação à Pacovan. 8.11. BRS Tropical (híbrido tetraploide AAAB) Esse híbrido é resultante de cruzamento da cultivar Yangambi n.º 2 com o híbrido diploide M53 (AA), de portes médio a alto, criado pela Embrapa - Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas (BA). A planta apresenta porte alto (3,5-4,5m), pseudocaule vigoroso e resistente (25-35m de diâmetro a 30cm acima do nível do solo). A massa fresca do cacho varia entre 10-15kg e os frutos são maiores e mais grossos (15-20cm de comprimento e 30-35mm de diâmetro) do que os da banana Maçã, e com sabor semelhante (Figura 27). Apresenta-se resistente às sigatokas amarela e tolerante à fusariose-da-bananeira. Não é resistente à sigatoka negra.

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Figura 27 – Híbrido BRS Tropical: planta (A) e cacho (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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8.12. BRS Princesa (híbrido tetraploide AAAB) Este híbrido foi desenvolvido pela Embrapa − Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas (BA). É proveniente do cruzamento entre Yangambi n.° 2 (AAB) e M53 (AA). Os seus frutos se assemelham aos da cultivar Maçã. As plantas são de porte alto (3-5,5m), com pseudocaule vigoroso (20-35cm de diâmetro). A massa fresca do cacho varia entre 10-16kg, frutos de 10-15cm de comprimento e 30-35mm de diâmetro, e sabor semelhante ao da banana Maçã (Figura 27). Apresenta-se tolerante à fusariose-da-bananeira e resistente às sigatokas amarela e negra.

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Figura 28 – Híbrido BRS Princesa: planta, cacho, penca e fruto. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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PREPARO DO SOLO, TIPOS DE MUDAS e PLANTIO Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo, consultor técnico em bananicultura – nacional.krt.registro@hotmail.com Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo e assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

1. PREPARO DO SOLO O preparo do solo segue o procedimento normal adotado para outras culturas, ou seja, limpeza, subsolagem, aração, gradagem e abertura de sulcos ou de covas para o plantio. Previamente deve-se realizar a análise de solo e, se houver necessidade, fazer a calagem com pelo menos um mês de antecedência, com uma gradagem para incorporação do corretivo. Essa é a única oportunidade de se fazer uma aplicação de calcário significativa, visando elevar a saturação por bases (V %) a 60-70%, valor ideal para o cultivo de bananeiras, além de elevar os teores de cálcio e magnésio do solo, elementos muito importantes para a cultura. O teor de magnésio deve ser mantido acima de 9mmolc/dm3. Conforme as condições locais do terreno ou da cobertura vegetal, algumas variações podem ser adotadas no seu preparo, com o objetivo de melhorar o potencial de instalação do bananal. 2. Tipos de mudas A bananeira é propagada vegetativamente a partir de seu rizoma, brotado ou não brotado. Assim, têm-se os vários tipos de mudas. 2.1. Rizoma não brotado a) Rizoma inteiro b) Rizoma subdividido ao meio c) Rizoma subdividido em quatro partes 45


Observação: quando o rizoma for subdividido, cada pedaço deve apresentar peso mínimo de 500 gramas. 2.2. Rizoma brotado (Figura 29A) Conforme o seu desenvolvimento, recebe as seguintes denominações: a) Chifrinho – é um rebento recém-brotado de uma gema do rizoma com 20cm de altura, com dois a três meses de idade e com peso aproximado de 1kg. b) Chifre – é o rebento em estágio médio de desenvolvimento, medindo de 50cm a 60 cm de altura, pesando entre 1-2kg. c) Chifrão – é o rebento mais desenvolvido, com a primeira folha normal pesando entre 2kg-3kg. d) Muda alta ou muda de replante – é o rebento bem desenvolvido, com mais de um metro de altura e peso entre 3kg e 5kg. Esse tipo de muda é usado apenas para replantar as falhas em bananais já formados ou em formação. e) Pau de lenha – é utilizado o rizoma da planta-mãe recentemente colhida em bananal já em produção por ter grande reserva de água e nutriente. É pouco utilizado, dada a dificuldade para transportar devido ao grande peso. Esse tipo de muda é usado apenas para replantar as falhas em bananais em produção. As mudas de rizoma não brotado apresentam desenvolvimento mais lento e, consequentemente, o primeiro ciclo de produção é mais longo. Observa-se, ainda, na prática que o desenvolvimento das mudas do mesmo tipo é tão mais rápido quanto maior for o seu peso. 2.3. Mudas de laboratório É possível, também, obterem-se mudas de laboratório a partir do desenvolvimento de meristemas (gemas laterais e apical) por meio de multiplicação de tecidos em laboratórios de biotecnologia (Figura 29B).

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B Figura 29 – Diferentes tipos de mudas de bananeiras: brotado (A); mudas de meristema multiplicados em laboratório (B) , aclimatação das mudas multiplicados em laboratório (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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3. Preparo e tratamento das mudas A princípio é imprescindível que o bananal fornecedor de mudas não tenha sintomas de doenças e/ou ataque de nematoides e moleque-da-bananeira, ou seja, as mudas devem ser obtidas de bananais sadios. Após a extração da muda, o material de plantio deve ser submetido a uma limpeza (toalete ou “escalpelamento”), retirando-se todas as raízes, limpando-se as partes necrosadas, secas e a terra aderente, tendo-se o cuidado para evitar qualquer lesão às gemas laterais (Figura 30A). Esse material pode ser então submetido a um tratamento químico específico e registrado para este fim, por um período de 15 minutos, devendose para esse tratamento utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, máscara, chapéu de aba larga, macacão, camisa de manga comprida, avental, óculos protetores e botas impermeáveis, tendo em vista que o produto é altamente tóxico. Pode-se, ainda, como opção com menor risco de contaminação, submeter o rizoma inteiro à imersão em uma solução de dois litros de água + um litro de hipoclorito de sódio (cândida ou água sanitária) de um a dois minutos. Após o tratamento poderá ser feita a subdivisão dos rizomas maiores, deixando-os com peso mínimo 0,5kg por pedaço (Figura 30B).

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Figura 30 – Preparo das mudas de bananeiras tipo rizoma: muda “escalpelada” e tratada com hipoclorito de sódio (A); rizoma subdividido em pedaços menores (B). Fotos: Raul S. Moreira

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4. PLANTIO 4.1. Época O plantio deve ser iniciado com as primeiras chuvas, evitando-se os meses de baixa temperatura, devendo ser considerado também em função do período em que se pretende colocar o produto no mercado. 4.2. Plantio de acordo com o tipo de muda Para o tipo de muda “pedaço de rizoma”, deve-se colocá-la na cova ou no sulco, no caso do Planalto Paulista, e cobrir com 15cm a 20 cm de terra. Em terrenos pesados e mais úmidos (litoral), deve-se plantar mais raso cobrindo com 5cm de terra. Para tipo de muda “rizoma brotado”, plantar no nível do “colo” da planta. Para plantio em condições de pouca umidade, pode-se plantar o rizoma inteiro (após descorticado e tratado), com uma parte do pseudocaule, que servirá como uma reserva de água para o rizoma. 4.3. Densidade e espaçamento Um bananal muito adensado acarreta alongamento do ciclo de produção em até alguns meses e leva à formação de cacho e frutos menores. Também é essencial um bom planejamento do bananal, com o perfeito dimensionamento dos talhões e carreadores, buscando possibilitar a melhor execução dos tratos culturais e controle de doenças, inclusive mecanicamente, e facilitar o escoamento da produção. O espaçamento pode ser influenciado pela disponibilidade de mudas, pela fertilidade do solo, pelo manejo do bananal, pela cultivar a ser plantada e por outros fatores.

De maneira geral, podemos recomendar os seguintes espaçamentos:

• cultivares de porte alto – bananeiras do subgrupo Prata, Terra e Figo – 2,5m x 3m; 3m x 3m ou 3m x 4m; • cultivares de porte médio – Nanicão, Ouro, Grande Naine e Willians – 2m x 2,5m, 2,2m x 2,2m, 2,5m x 2,5m ou 2m x 2m; • cultivares de porte baixo – Nanica, Nanicão-Jangada (plantio no Planalto Paulista) – 2m x 2m, 2,2m x 2,2m ou 2m x 2,5m.

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TRATOS CULTURAIS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Dr. Erval Rafael Damatto Junior Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – erval.damatto@sp.gov.br Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura nacional.krt.registro@hotmail.com Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo e assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

1. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS Para o bom controle de plantas daninhas ou invasoras e prejudiciais ao cultivo de bananeiras, é imprescindível observar alguns cuidados do plantio até a produção. Para tanto, devemos sempre que possível saber que a presença de outras plantas não quer dizer que é prejudicial ao cultivo de bananeiras, mas é importante conhecer e saber o tipo de planta e a sua densidade, para depois definirmos quando e como controlar estas plantas, para que elas não venham a competir economicamente com as bananeiras. A presença intensa de plantas daninhas provoca atraso do desenvolvimento das bananeiras, diminuição do vigor e queda na produção. Existem tipos básicos de controle das plantas daninhas que podem ser utilizados, conforme cada caso. 1.1. Controle cultural Esse tipo de controle compreende alguns itens que devem ser observados antes do plantio da bananeira, como: a) espaçamento – é muito importante, pois definirá a densidade de plantio e redução da incidência da luz solar no solo. Quanto mais adensado, menores serão as possibilidades da infestação das plantas daninhas; b) enleiramento dos restos da cultura – ao realizar esse trabalho, cobrindo o solo, estaremos controlando assim a emergência das plantas daninhas; conhecida como mulching ou cobertura morta, é uma prática que oferece 49


grandes benefícios para o cultivo de bananeira, porque além de criar condições para uma melhor eficiência das adubações, auxilia no controle de pragas e doenças, na melhoria das condições físicas do solo, no controle parcial da erosão; 1.2. Controle manual Este tipo de controle de plantas daninhas consiste na utilização de ferramentas manuais, seja por meio de capina manual (arranquio) ou por roçadas. Dependendo da cultivar a ser plantada, serão utilizadas ferramentas de diferentes tipos. a) cultivares Prata e Maçã – como são sensíveis à doença de solo fusariose-da-bananeira, usa-se basicamente o controle das plantas daninhas por meio de roçadas (Figura 31), para evitar a movimentação do solo e o ferimento das raízes, pois podem ser local de entrada para a infecção desta doença. b) cultivares do subgrupo Cavendish – são mais tolerantes às doenças de solo, assim pode-se utilizar as capinas manuais, realizadas por enxadas, porém esses métodos são de baixo rendimento e apresentam um custo elevado devido à grande utilização de mão de obra e ao risco de ferimentos nas raízes.

Figura 31 – Controle de plantas daninhas por meio de roçadas. Foto: Roberto T. Kobori

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1.3. Controle mecânico a) cultivares do tipo Prata e Maçã – é comumente utilizado em áreas maiores e extensas de topografia suave onde há possibilidade de mecanização, com uso de roçadeiras tratorizadas e ou em menor escala por roçadeiras adaptadas em microtratores. b) cultivares Nanicão, Nanica e Grande Naine – normalmente utilizadas capinas mecânicas com uso de enxadas rotativas, principalmente na implantação do bananal e na fase inicial de desenvolvimento das bananeiras. Evitar este tipo de controle em bananais em plena produção, dada a grande distribuição e superficialidade do sistema radicular das bananeiras. Estes métodos apresentam um bom rendimento, custo compatível, economia de mão de obra, mas exigem também um planejamento anterior à implantação, bem como um capital inicial maior para investimento na aquisição de máquinas e equipamentos. 1.4. Controle químico No controle químico podem-se utilizar herbicidas de pós-emergência, devidamente registrados para a cultura, nas dosagens especificadas para cada produto em função do tipo de solo e das espécies infestantes. De maneira geral, têm sido usados preferencialmente herbicidas de contato e na fase em que as plantas daninhas apresentem no máximo 20cm de altura (Figura 32A). Os herbicidas sistêmicos devem ser usados com restrição, pois podem provocar fitotoxidade nas bananeiras se o uso for frequente, limitando-se a uma aplicação no ciclo, em jato dirigido (sem atingir a planta). Os sintomas de fitotoxidade podem ser confundidos com sintomas de deficiência nutricional ou infecção por fusariose-da-bananeira (Figura 32B). Já os herbicidas de contato podem ser usados com maior frequência (em torno de quatro vezes por ciclo) e em área total, não exercendo nenhum efeito fitotóxico às bananeiras. Os produtos devem ter registro para uso na cultura e ser adquiridos mediante receituário agronômico, utilizando-se sempre na aplicação o Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo. A aplicação dos herbicidas pode ser feita com pulverizadores costais manuais, tratorizados ou pulverizadores com motores estacionários com uso de mangueiras compridas e bicos nas extremidades. 51


Para melhorar a eficiência e aumentar o período de controle das plantas daninhas, o produtor ainda poderá recorrer à técnica de uso alternado dos herbicidas, utilizando os de poder residual mais longo ou sistêmico intercalados como os de contato ou outro tipo de controle como cultural, manual e/ou mecânico, utilizando os de maior risco para a cultura somente em caso de alta infestação das plantas daninhas.

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B Figura 32 – Controle de plantas daninhas por meio de herbicidas (A), sintomas de fitotoxidade de herbicida (B). Fotos: Roberto T. Kobori e Edson Shigueaki Nomura

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2. Desbaste É uma das operações mais importantes no manejo do bananal, consistindo na retirada dos filhos excedentes (irmãos), favorecendo o desenvolvimento de um único filho, deixado junto à planta-mãe, o qual será responsável pela próxima safra. Nos sucessivos desbastes, deixa-se apenas um neto, bisneto etc. O desbaste também poderá ser utilizado de forma a controlar o desenvolvimento da planta, objetivando-se a colheita de cachos na época de melhores preços. Em bananais em formação, o primeiro desbaste deve ser realizado quando o filho mais velho atingir 60cm de altura e apresentar a primeira folha verdadeira ou quando ocorrer a emissão da inflorescência. O desbaste deverá ser realizado periodicamente, visando manter apenas a família (planta-mãe, filho e neto). Dependendo da idade do bananal e da cultivar, também há a necessidade de se escolher um novo broto junto ao filho que passará a ser o neto. O número de desbastes varia de três a cinco durante cada safra. Em alguns casos, onde ocorreu a perda de touceiras ou em bananais pouco adensados, há possibilidade de deixar mais de um filho por touceira neste primeiro desbaste. A partir daí, cada filho deverá formar nova família, e daí para a frente só será permitida a permanência de um filho por família, salvo algumas adversidades que possam ocorrer à perda de parte da família. Para condições de várzeas ou terrenos planos, por ocasião do primeiro desbaste a escolha do filho a ser conservado para produção da próxima safra recairá precisamente sobre o que estiver com maior altura, independentemente de seu aspecto ou localização, a menos que o produtor deseje, por questão de técnica (alinhamento), de estética e beleza do pomar, deixar todos os filhos em mesma direção. No caso dos bananais irrigados, manter sempre o alinhamento seguindo a linha de irrigação. Para condições de morro (terrenos declivosos) o esquema da escolha do filho a ser conservado para próxima produção será outro, pois recairá somente naquele que estiver se desenvolvendo na posição de morro acima. Esta seleção evita o afloramento dos rizomas descendentes e, com isso, se reduzem eventuais quedas de bananeiras. A operação de desbaste poderá ser feita de várias formas: a) uso da “lurdinha” – trata-se de uma ferramenta e sua utilização exige que os filhos a serem eliminados sejam inicialmente aparados horizontalmente, 53


bem rente ao solo, com o uso de um penado ou facão. Introduz-se a “lurdinha” na parte mais central das bainhas, até que se sinta a rigidez do rizoma do rebento, quando então se percebe que o cilindro central (gema apical de crescimento) foi alcançado. Posteriormente, inclina-se a “lurdinha” até atingir uma posição de 45o em relação à planta-mãe e provoca-se a quebra da parte central, junto ao colo do rizoma. É uma prática pouco utilizada pelos produtores por acharem mais difícil e de baixo rendimento ou por falta de costume devido à facilidade encontrada no método tradicional, que é com o uso de penado ou facão. Neste sistema de desbaste, os rizomas dos filhos desbastados geralmente morrem devido ao seu pequeno tamanho, juntamente com todas as suas raízes, prejudicando funções importantes na touceira, como auxiliar na absorção de água e nutrientes que irão alimentar toda a família e ser a base de sustentação da touceira. b) uso do penado ou facão – são ferramentas de baixo custo e permite que os operadores executem este trabalho com maior rapidez devido ao fato de serem ferramentas de fácil utilização e manejo. Para execução desse trabalho com tais tipos de ferramenta, o agricultor apenas faz um corte horizontal, bem rente ao solo, nos filhos a serem eliminados e, posteriormente, com a ponta da própria ferramenta, tenta atingir a gema apical de crescimento, objetivando a sua destruição (Figura 33). Esta última operação (corte da gema apical de crescimento) é muito problemática e nem sempre se consegue plenamente, pois nos bananais mais novos as gemas apicais dos filhos eliminados normalmente estão ainda abaixo da superfície do solo a aproximadamente 15-20cm de profundidade e portanto os filhos voltarão a crescer, pois dificilmente a ponta do penado atinge este ponto. Atualmente, esse método ainda é o mais praticado e com rendimento muito bom e mesmo com a rebrota, corta-se novamente e ainda assim apresenta grande rendimento e vantagens, exceto para cultivares como a Prata-Anã, mais suscetíveis à fusariose-da-bananeira. As touceiras com problemas ou suspeitas deverão ser deixadas para fazer com outra ferramenta para evitar a disseminação da doença. 54


Figura 33 – Desbaste com o uso do penado ou facão. Foto: Edson Shigueaki Nomura

3. Desfolha e “cirurgia” Periodicamente, aconselha-se a retirada das folhas secas que já não tem função na planta, cortando-as junto ao pecíolo, de baixo para cima, devendo ser depositadas nas entrelinhas do bananal (Figura 34A), pois elas reciclam nutrientes e constituem uma grande fonte de matéria orgânica e, além disto, em terrenos declivosos, se colocadas em posição perpendicular ao escorrimento das águas, servirão como proteção contra a erosão superficial do solo. Esta operação é importante por permitir um melhor arejamento interno do bananal, por facilitar o desbaste e acelerar o desenvolvimento dos filhos, reduzir os abrigos para os adultos do moleque-da-bananeira, por permitir melhor movimentação e rapidez na colheita além de desmanchar os locais onde as cobras e outros animais peçonhentos costumam se abrigar. 55


Em regiões sujeitas ao frio, essa operação deve ser efetuada antes do inverno, para permitir maior escoamento da massa de ar frio do bananal. Nas folhas que estão com parte atacada por doenças foliares, realizase o corte da área necrosada, operação também chamada de “cirurgia” (Figura 34B). No caso de a folha inteira estar completamente atacada por doenças, realiza-se a desfolha completa. Para diminuir a disseminação de doenças das folhas desbastadas, deve-se posicionar as folhas com a parte superior para baixo em leiras nas entrelinhas de plantio. Em regiões mais secas pode-se aplicar sobre as folhas depositadas no solo uma solução com 5% a10% de ureia para acelerar o processo de decomposição.

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B Figura 34 – Deposição das folhas desbastadas na entrelinha de bananeira (A) e cirurgia em folha de bananeira (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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4. Eliminação do “coração” ou mangará e pencas O desbaste do “coração” (também conhecido como mangará, botão floral ou flor masculina) visa acelerar o desenvolvimento das bananas, aumentar o comprimento das últimas pencas, antecipar a colheita (reduzir o ciclo), aumentar o peso dos cachos, promover a redução do ataque de tripes e traça-da-bananeira e facilitar o ensacamento dos cachos. A época ideal para este procedimento é por volta do 10.o ao 15.o dia após a abertura da última penca. Para eliminar o coração, deve-se quebrar a ráquis masculina (“rabo do cacho”) cerca 10-15cm acima do “coração” (Figura 35A). Deve-se evitar o uso de ferramentas, pois o corte pode propiciar a transmissão de doenças de uma planta a outra. Em caso de alta infestação e ataque de tripes, recomenda-se picar, enterrar ou retirar o “coração” para fora dos talhões de cultivo de bananeiras. Para produtores mais cautelosos, a eliminação dos corações possibilita fazer uma estimativa quanto ao número de cachos e à previsão de quando será a colheita. Nessa mesma ocasião, podem-se eliminar também de uma a três pencas, deixando-se uma fruta na extremidade final do cacho, com a intensão de manter a circulação de seiva até a fruta mantida e evitar a morte da ráquis pelo ataque de doenças (Figura 35B). A quantidade de pencas retirada dependerá da cultivar, do número de pencas e folhas na planta e do mercado no qual se pretende comercializar a banana. Essa operação tem por objetivo padronizar o tamanho das bananas e antecipar a colheita.

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B Figura 35 – Procedimento para eliminação do coração (A) e de pencas (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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5. Retirada dos pistilos ou despistilagem A despistilagem é a eliminação dos restos florais (pistilos) que ficam aderidos na ponta das bananas e faz com que a extremidades distais (ponta) das frutas fique mais cheia e com melhor aspecto visual, além de ser um eficiente método de controle da traça-da-bananeira. Tem também a função de reduzir em parte os problemas de danos nas frutas, pois os restos florais quando secos são duros e rígidos e se esfregados nas frutas podem provocar manchas enegrecidas na fase de maturação das bananas. Em algumas cultivares não há a necessidade deste manejo, pois os restos florais se desprendem naturalmente, apresentando-se mais limpas. Na prática, esse procedimento não vem sendo realizado no Brasil em nível de campo, pelo seu alto custo. Normalmente essa operação é realizada após a colheita, nos barracões de embalamento, sendo uma tarefa na póscolheita e no pré-embalamento das frutas. Recomenda-se realizar esta operação simultaneamente com o desbaste de pencas e do “coração”, ocasião em que os restos florais estarão começando a secar. Para retirá-los, basta passar a ponta dos dedos nas extremidades das bananas que elas desprendem-se facilmente (Figura 36).

Figura 36 – Procedimento para a despistilagem. Foto: Edson Shigueaki Nomura

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6. Ensacamento do cacho O ensacamento dos cachos é uma prática rotineira nos países tradicionalmente produtores e exportadores de banana, porém atualmente no Brasil são poucos produtores que desenvolvem e praticam este manejo. Esta prática deve ser inserida rotineiramente pelos produtores, uma vez que o mercado está cada vez mais competitivo e exigente quanto à qualidade das frutas. Após a eliminação do “coração”, desbaste de pencas e despistilagem, os cachos poderão ser ensacados com sacos plásticos de polietileno de densidade específica, preferencialmente de plásticos virgens ou de primeira reciclagem, geralmente de coloração azul ou branca, com dimensões de 75cm a 80cm de largura por 1,2m a 1,6m de comprimento, vazados (boca e fundo aberto) e com várias perfurações de 0,5cm a 1cm de diâmetro, para que propicie a circulação de ar. As primeiras pencas da parte superior dos cachos deverão ser protegidas com folhas de papel para evitar queimaduras pela incidência direta dos raios solares em períodos de altas temperaturas (Figura 37).

Figura 37 – Procedimento para ensacamento do cacho. Fotos: Roberto Tokihiro Kobori

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Este manejo visa à melhoria da qualidade do produto por meio da redução do ataque de pragas e proteção do cacho contra atritos (folhas velhas, escoras etc.), aceleração do seu desenvolvimento e uniformização da coloração e do tamanho das frutas (comprimento e o diâmetro). Além disso, em regiões com períodos de baixas temperaturas, é utilizado no sentido de se evitar ou reduzir os efeitos do chilling ou friagem. 7. Escoramento das bananeiras Somente é necessário o escoramento (tutoramento) das bananeiras em regiões onde há ocorrência de ventos fortes e se a cultivar plantada tem cachos muito pesados. Não há necessidade de escorar as plantas em bananais onde o plantio de espécies como quebra-vento foi bem planejado. Entretanto, se ela estiver muito atacada por nematoides ou broca, apresentar deficiência de cálcio e magnésio no solo, o escoramento deve ser realizado para reduzir as perdas por tombamento das bananeiras. O escoramento pode ser feito com um bambu levemente fincado na região abaixo e próximo à roseta foliar (Figura 38A). Outra alternativa é o uso de duas varas de bambu, que serão presas uma à outra com uso de uma corda plástica, de nylon ou sisal, a uma distância de aproximadamente de 30cm da sua extremidade. É sobre esse ponto de união dos dois bambus que irá se apoiar a bananeira, pela sua roseta foliar ou até mesmo pelo engaço do cacho. Os bambus e a bananeira deverão ficar em posição tal que eles formem um tripé (Figura 38B). Outra forma de escorar as bananeiras é usando cordas de nylon, plástico ou sisal; nesse caso, são usadas uma ou duas cordas, que são amarradas pouco abaixo da roseta foliar, ou um pedaço de madeira amarrado na extremidade da corda e colocado na roseta foliar, ou entre a roseta foliar e o engaço, e posteriormente puxado e travado pelo pedaço de madeira. A outra extremidade será amarrada ao tronco de outras touceiras de bananeiras (Figura 38C). Neste caso, após a sua utilização, as cordas deverão ser recolhidas do campo para reciclagem.

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B

C Figura 38 – Procedimento para realização do escoramento com bambu (A), dois bambus + fitilho (B) e fitilho (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

8. Rebaixamento do pseudocaule Na ocasião da colheita, os cachos serão colhidos cortando-se os pseudocaules o mais alto possível, permitindo a translocação dos seus nutrientes e hormônios para o rizoma da planta-mãe e filho. O pseudocaule pode ou não ser eliminado totalmente de 40 a 60 dias após a colheita, uma vez que a translocação da seiva com seus componentes, da planta-mãe para o filho já se processou (Figura 39). 61


Todo o resto cultural deverá permanecer no local, pois é uma grande fonte de matéria orgânica que, após a sua decomposição, liberará lentamente quantidade significativa de nutrientes para a planta. É nessa ocasião que também são feitas as iscas para controle do moleque-da-bananeira.

Figura 39 – Procedimento para o rebaixamento do pseudocaule. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

9. Culturas intercalares É uma prática comum entre os produtores efetuar uma cultura intercalar durante a fase inicial de formação do bananal (Figura 40). Se a cultura não vier a concorrer por nutrientes e insolação ou trouxer riscos de propagação, ser hospedeira de pragas e doenças para a banana, essa prática poderá ser realizada com grande êxito e rentabilidade. Para as cultivares Nanicão, Nanica e Grande Naine poderão ser usadas culturas intercalares com leguminosas, solanáceas ou cucurbitáceas, pois apresentam menores riscos de problemas com doenças, enquanto que as gramíneas (milho) são grandes concorrentes e, portanto, prejudiciais à cultura. 62


Para a cultivar Maçã, o ideal é que se mantenha o mínimo de movimentação no solo e seja isenta de materiais ou culturas que concorram com a planta ou possam transmitir doenças.

Figura 40 – Uso de cultura intercalar com uma espécie de leguminosa. Foto: Edson Shigueaki Nomura

10. Práticas complementares 10.1. Drenagem A bananeira é uma planta exigente quanto a umidade do solo, porém o excesso traz problemas sérios para a cultura. As principais características que a bananeiras apresentam em solos mal drenados são: menor desenvolvimento das plantas; folhas defeituosas e quebradiças; rizoma descolorido; e canais vasculares escuros no centro do rizoma. O efeito da redução da aeração do solo na absorção de nutrientes varia para os diferentes elementos, sendo mais acentuado no caso de potássio (K) e em seguida na ordem decrescente, cálcio (Ca), magnésio (Mg), nitrogênio (N) e fósforo (P). 63


A deficiência de drenagem, em estado contínuo, provoca alterações físicas no que diz respeito à estrutura, permeabilidade e temperatura do solo, alterações estas que refletem diretamente no desenvolvimento das plantas. Havendo necessidade de drenagem numa área a ser plantada, ela deve ser feita antes da implantação do pomar. O tipo e a intensidade da drenagem dependem da topografia do terreno, do solo e do clima. A drenagem visa corrigir o desbalanceamento das porcentagens de ar e água do espaço poroso do solo, causado pelo excesso de umidade. As dimensões dos diversos drenos a serem construídos devem apresentar características que reflitam na maior eficiência do sistema de drenagem. No dimensionamento de projeto de drenagem, devem ser considerados alguns fatores como a finalidade da drenagem para a cultura ou sistema que será utilizado a área drenada e o tipo de solo, pois os orgânicos e turfosos geralmente requerem maior volume escavado por hectare. Quanto maior a utilização da drenagem natural, menor será o custo para a construção; e em relação ao equipamento, deve-se considerar o seu rendimento, pois quanto maior, menor será o custo por área escavada. • Sistemas de drenagem A remoção do excesso de água do solo é feita utilizando-se drenos abertos (valas) ou drenos cobertos (tubos e ou material enterrado no solo). O sistema de drenagem é composto de quatro tipos de drenos: a) drenos laterais – também chamados de primários ou de campo, promovem o rebaixamento do lençol na parte mais plana ou de menor declividade da área, podendo ser abertos (valas) ou cobertos; b) drenos coletores – aqueles que recebem água dos drenos laterais, recomenda-se que sejam abertos devido ao maior volume de água, à melhor operacionalização e à facilidade de inspeção; c) drenos interceptores – localizados normalmente nas bases das encostas, circundando as áreas a serem drenadas, interceptam o escoamento superficial ou subterrâneo. Podem ser abertos (mais comum) ou cobertos; d) drenos principais – são canais-drenos de maiores dimensões, recebem água dos coletores e dos interceptores conduzindo-a para fora da área drenada. • Métodos de drenagem As situações existentes na construção dos sistemas de drenagem consistem basicamente em duas metodologias: 64


a) drenagem superficial – é a remoção do excesso de água da superfície do solo por meio de canais-drenos, sendo recomendada para regiões planas de baixa permeabilidade ou de perfil do solo com presença de camada impermeável a pequena profundidade. Podem ser divididas em sistema paralelo, recomendado em áreas planas, com declividade abaixo de 1-2%, com drenos no sentido da declividade; sistema casualizado, recomendado em áreas planas contendo depressões dispersas; e sistema transversal, recomendado quando o declive do terreno é acentuado, no caso os drenos são dispostos transversalmente ao sentido do escoamento superficial; b) drenagem subsuperficial ou subterrânea – é a remoção do excesso de água abaixo do nível da superfície do solo. No caso, os sistemas podem ser divididos em drenagem de alívio –usado no rebaixamento do lençol freático, em condições de terrenos planos de baixos gradientes. Os tipos de sistemas de alívio mais comuns são casualizado e paralelo, porém existe também – sistema espinha de peixe – que deve ser usado quando o dreno coletor cair numa depressão ou na direção da maior declividade permitindo melhores declividades aos drenos laterais na disposição transversal ao dreno coletor – e o sistema duplo principal, aconselhado quando houver um curso de água cortando a área e o tal estiver numa depressão que continuamente se apresenta umedecida. c) drenagem de interceptação – compreende os drenos interceptores.

Figura 41 – Sistemas de drenagem no cultivo de bananeiras. Fotos: Roberto T. Kobori

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10.2. Irrigação A umidade do solo desempenha importante papel na produção do bananal, especialmente em relação à emissão da inflorescência e ao enchimento dos frutos. Em condições críticas de deficiência de umidade, ocorre o estrangulamento da roseta foliar e dificuldade da emissão floral (engasgamento); e quando conseguem sair, os cachos e os frutos ficam deformados, totalmente inviáveis para comercialização. Em condições menos críticas, haverá o encurtamento do engaço e os cachos produzidos serão compactos e as frutas curtas, com menor valor comercial das bananas. A bananeira exige grande quantidade de água e fornecimento constante; dificilmente encontra condições ecológicas e edafoclimáticas que satisfaçam completamente suas necessidades, principalmente as hídricas. O consumo varia de 3mm a 8mm por dia, de acordo com o tipo de solo e as condições climáticas predominantes na região. Para um adequado desenvolvimento e produção das bananeiras, é necessário que ocorra um mínimo de precipitação de 50mm/mês nas estações de outono e inverno e 120mm/mês nas estações de primavera e verão. Em regiões ou locais onde isto não ocorre, os produtores deverão recorrer à irrigação para obter o máximo de produção e qualidade. Em regiões onde ocorrem períodos constantes de déficit hídrico, a bananeira terá sérias limitações na produção. No Brasil, a irrigação é pouco utilizada no cultivo de bananeira, principalmente devido à concentração das áreas plantadas em solos de topografia muito acentuada, com precipitação muito elevada em razão do desconhecimento dos próprios produtores em relação às suas vantagens e aplicações no campo. Atualmente, porém, investir em irrigação vem despertando muito interesse dos bananicultores brasileiros, por causa do aumento da produção e da maior exigência do mercado consumidor quanto à qualidade e frequência de fornecimento de banana o ano todo. A escolha do método está ligada às condições locais de cultivo, tais como a quantidade e qualidade da água disponível, os tipos de solo e relevo, o custo de implantação da irrigação e a disponibilidade de mão de obra. Os métodos de irrigação comumente usados são por faixas, sulcos, aspersão e gotejamento. A irrigação por aspersão e o gotejamento são os mais modernos, exigindo cálculos e planejamento mais criteriosos para garantir o sucesso do investimento. Nos métodos de irrigação por sulco de infiltração e por faixas devem-se evitar áreas muitos acidentadas e solos extremamente permeáveis (arenosos). 66


Recomenda-se um estudo prévio do solo para a escolha da declividade, das vazões e do comprimento adequado dos sulcos ou faixas, o que irá favorecer uma distribuição uniforme da água para a cultura, sem causar erosão do solo e proporcionar maior rentabilidade ao produtor. Nesses métodos, o sistema de drenagem é também essencial. Devem ser projetados drenos para escoar o excesso da água de irrigação, evitando-se o encharcamento do solo e todas as suas consequências negativas. Vantagens da irrigação: garantia de produção; maior produtividade (4550t/ha); uso intensivo do solo; precocidade na colheita; produção distri-buída ao longo do ano; maior receita por ano ou safra; possibilidade do uso das outras técnicas e tratos culturais na cultura (fertirrigação); suplementação do déficit hídrico; utilização da mão de obra ociosa; além dos benefícios diretos e indiretos na comercialização que são os de aspectos qualitativos dos frutos produzidos. • Principais métodos de irrigação a) por sulcos: consiste na condução da água por meio de pequenos canais ou sulcos situados paralelamente às fileiras das plantas. Recomenda-se um estudo prévio do solo para a escolha da declividade, das vazões e do comprimento adequado dos sulcos ou faixas, o que irá favorecer uma distribuição uniforme da água para a cultura, sem causar erosão do solo e proporcionar maior rentabilidade ao produtor. Nesses métodos, o sistema de drenagem é também essencial. Devem ser projetados drenos para escoar o excesso da água de irrigação, evitando-se o encharcamento do solo e todas as suas consequências negativas. - é um método de irrigação que se adapta às várias culturas; - a irrigação por sulcos em bananeiras pode ser limitada em solos superficiais, demasiadamente permeáveis, terrenos acidentados com presença de pedras e tocos. No entanto é perfeitamente viável em condições de topografia suave e solos profundos, onde se exige pouca movimentação de terra para sistematização; - planejar o plantio e locar os sulcos preferencialmente em níveis com mínimo declive; - o ideal é que sejam feitos no mínimo dois sulcos, um de cada lado das touceiras de bananeiras; - a profundidade e largura dos sulcos devem ser de aproximadamente de 20cm e comprimento variável, dependente da declividade do terreno, do tipo de solo, da vazão e da lâmina de água a ser aplicada; - o método exige grande quantidade de água, portanto há necessidade de se ter disponibilidade de grande volume de água na propriedade. Geralmente, se utilizam vazões de 0,5L/s a 2L/s e declividade compatíveis com as características topográficas da área ou em sulcos com 1% de declividade; - intervalos de irrigação dependem do tipo de solo (em geral, de sete a 10 dias); 67


- a eficiência da irrigação por esse método varia de 40% a 60%. – Vantagens: baixo custo de implantação, dependendo diretamente das características topográficas da área; não apresenta peças que estão sujeitas a defeitos e falhas (aspersores e gotejadores). – Desvantagens: o método consome grande volume de água; exige condições topográficas adequadas e, em alguns casos, requer também a sistematização do terreno; os sulcos ou tabuleiros de irrigação geralmente necessitam ser refeitos a cada safra e/ou ciclo de produção; utiliza muita mão-de-obra nas operações de irrigação; facilita a disseminação de pragas (nematoides) e doenças de solo; e menor eficiência das adubações. b) Por aspersão: - o turno de rega é calculado baseado na capacidade de retenção do solo, na vazão dos aspersores e na necessidade da cultura. Para a bananeira, deve-se usar entre 10-15mm de água/h e num intervalo que varia de 12 a 15 dias em solos arenosos, tendo em média a necessidade de 2,5 horas -homem/ha de irrigação. Pode ser de várias formas: b.1) Sobrecopa: é aquela na qual a água é aspergida no solo em forma de chuva, usando aspersores de alta pressão, que podem ser portáteis ou semiportáteis, canhão hidráulico, autopropelido e pivô central. A irrigação é acima das folhas e tem o inconveniente de aumentar o consumo de água devido à maior evaporação; além disso, a distribuição da água pode sofrer interferência do vento (acima de 8km/h). Quanto maior a temperatura e a incidência de ventos, maior será a perda de água por evaporação. Além disso, esse sistema de irrigação favorece as condições ideais para a disseminação e o desenvolvimento de doenças foliares, principalmente as sigatokas amarela e negra; exige manejo periódico dos bicos e a água aplicada acima das folhas está mais sujeita à ação dos ventos. - Portátil ou semiportátil: utiliza aspersores e a pressão necessária gira entre 4kg/cm2 e 8kg/cm2, pode atingir um raio de molhação de 5 a 10 metros. As linhas de tubulações para alimentação dos aspersores podem ser móveis (portátil) ou fixas (semiportátil), necessitando de mão de obra para o deslocamento das linhas de tubulações. - Canhão hidráulico: necessita de grande vazão (mínimo de uma polegada), tem raio de alcance de até mais que 40m e menor dificuldade de locomoção; os canhões devem estar no mínimo a um metro acima das folhas das bananeiras. Neste sistema, a água é recalcada por tubulações fixas e com pontos de engate rápidos. 68


- Autopropelido: é um canhão hidráulico acoplado sobre uma carreta que desloca continuamente, tracionada por um dispositivo acionado pela própria força da água de irrigação (Figura 42A). Sua alimentação é feita por meio de tubos flexíveis com diâmetro de três a quatro polegadas (Figura 42B). Nesse sistema, é preciso preparar o carregador para o deslocamento do canhão e é de uso preferencial em áreas planas. - Pivô central: é o sistema de irrigação por aspersão mais automatizado e com maior custo disponível no mercado. Esse sistema opera em círculo, com altura livre de 2,7m, com torres a cada 38-52m e composto de quatro a 15 torres, cobrindo uma área de 12ha a 122ha irrigada por volta completa (Figura 42C). – Vantagens: utiliza pouca mão de obra; o fornecimento de água é regular e uniforme, pois é o método que mais se assemelha a uma chuva natural; ao término da irrigação, já está pronto para a seguinte; adapta-se bem à maioria dos tipos de solos, da topografia e das culturas. – Desvantagens: perda de muita área (20%) sem irrigar devido ao seu sistema ser circular; exige uma sistematização do solo para evitar o escorrimento superficial; áreas totalmente livres e contínuas; equipamentos de alimentação energética muito grandes e, consequentemente, com alto custo em energia elétrica. No cultivo de bananeiras, é necessário ser redimensionado devido à sua altura livre ser baixa para a cultura; interferir nos tratamentos fitossanitários; e ter alto custo de instalação. b.2) Subcopa ou microaspersão: é aquela em que a água é aspergida no solo em forma de chuva abaixo das folhas das bananeiras, devido ao fracionamento do jato de água em gotas por meio de aspersores giratórios, fixos ou microaspersores com baixa vazão e pressão, a fim de evitar erosão e não ferir o pseudocaule (Figura 42D). Em bananais densos, os pseudocaules podem servir de obstáculos para a distribuição uniforme de água no solo. Os intervalos de irrigação dependem do tipo de solo e da quantidade de água aplicada (em média 15 dias). – Vantagens: sofre menos com o problema de deriva por ventos; apresenta maior eficiência e rendimento, exigindo menor quantidade de água do que os métodos anteriores; como as folhas não são atingidas pela água de irrigação, há um controle mais eficiente das doenças foliares. – Desvantagens: método de custo médio, com grande investimento na compra de tubos/canos de irrigação; exige manejo periódico e constante dos bicos. b.3) Gotejamento: Esse método consiste na aplicação de água em baixo volume e em alta frequência, objetivando manter a umidade do solo na zona radicular na capacidade de campo. Dessa maneira, a superfície do 69


solo fica com uma área molhada em forma circular e em volume do solo molhado em forma de bulbo, com uma eficiência no uso da água em torno de 90%. São usadas vazões de 1L/hora a 10L/hora, em frequência de um a quatro dias e a pressão normalmente varia de 0,5-2,5 atmosferas. - A aplicação de água é feita por meio de tubos perfurados em orifícios de diâmetros reduzidos ou por meio de peças especiais denominadas gotejadores, que ficam conectados em tubulações de polietileno flexível. Na saída do conjunto motobomba é adaptado o cabeçal de controle que contém filtro de areia e/ou tela, válvulas de pressão, registros, manômetro, medidores de vazão e até injetor de fertilizantes (Venturi). - Os intervalos de irrigação dependem do tipo de solo e da quantidade de água aplicada (média de nove dias). – Vantagens: obtém-se maior produtividade, especialmente em culturas que respondem a maiores níveis de umidade no solo; maior facilidade na aplicação do adubo por cobertura, pois permite a fertirrigação; maior eficiência no controle fitossanitário, pois não irriga as plantas daninhas e nem molha a parte aérea das bananeiras; não interfere com as práticas culturais, podendo ser realizadas operações depois de cada irrigação; melhor adaptação aos diferentes tipos e topografias; e menor volume de água gasto. – Desvantagens: alto custo de implantação; pode ocorrer constantemente o entupimento dos gotejadores se não são utilizados filtros ou água de boa qualidade; possibilita o tombamento das plantas, devido à maior concentração de raízes no bulbo molhado, principalmente em regiões sujeitas a ventos fortes.

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B Figura 42 – Sistemas de irrigação no cultivo de bananeiras: autopropelido (A e B). Fotos: Roberto Tokihiro Kobori e Edson Shigueaki Nomura

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C

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Figura 42 – Sistemas de irrigação no cultivo de bananeiras: pivô central (C) e microaspersão (D). Fotos: Roberto Tokihiro Kobori e Edson Shigueaki Nomura

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CALAGEM E ADUBAÇÕES Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edsonnomura@sp.gov.br Dr. Erval Rafael Damatto Junior Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – erval.damatto@apta.sp.gov.br José Carlos de Mendonça Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura – mendoncajc@uol.com.br Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura – nacional.krt.registro@hotmail.com Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo e assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

As recomendações de calagem e adubação devem ser baseadas a partir dos resultados da análise de solo e de metas de produtividade. No Estado de São Paulo, utilizam-se as recomendações do Boletim 200 – Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas (Teixeira et al., 2014), editado pelo Instituto Agronômico (IAC) em Campinas. 1. CALAGEM A calagem deve ser calculada visando elevar o índice de saturação por base (V%) para 60%-70% e o teor de magnésio acima de 9mmolc/dm3. Utilizar sempre calcário dolomítico, aplicado em área total e incorporado ao solo. 2. CARACTERIZAÇÃO DOS NUTRIENTES • Nitrogênio (N) O nitrogênio tem as funções de controlar o crescimento da planta, o comprimento e a largura das folhas e o tamanho do seu pecíolo. Determina o número de folhas, de bananas e de pencas que a planta vai emitir. É, também, responsável pelos aromas das bananas, por regular o desenvolvimento em volume e peso do rizoma, assim como a velocidade e o número de “filhos” a serem emitidos. Regula a formação de cera nas folhas; participa como enzima na formação de vitaminas e coenzimas; controla a síntese e a formação das moléculas de proteínas e regula a produção dos carboidratos. 73


Necessita ser fornecido em maiores doses na fase inicial de crescimento da bananeira, para assegurar maior produção. À medida que a bananeira vai chegando próxima de sua diferenciação floral, as doses de nitrogênio devem diminuir. Os sintomas visuais de deficiência iniciam-se pelo amarelecimento das folhas mais velhas e, à medida que a deficiência se acentua, ocorre o amarelecimento das folhas novas (Figura 43A). Os pecíolos das folhas mais afetadas apresentam coloração rosada (Figura 43B). Há um atraso no crescimento e no desenvolvimento da planta (altura e diâmetro do pseudocaule) e a taxa de produção de folhas, assim como a distância entre elas, se reduz e as folhas saem de um mesmo plano, o que confere à planta uma aparência de “roseta” (Figura 43C). Os sintomas visuais de excesso de N são observados pela abertura das bainhas das folhas no pseudocaule (Figura 43D). Nos cachos, as pencas apresentam-se bem separadas e as frutas com coloração da casca verde-intensa, com menor resistência ao transporte, sendo facilmente riscada pelo atrito. As frutas tornam-se quebradiças e ocorre abundante saída da seiva pelas superfícies das “almofadas” durante o despencamento.

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Figura 43 – Sintomas visuais de deficiência (A, B, C) e excesso (D) de nitrogênio em bananeira. Fotos: Raul Soares Moreira e José Carlos de Mendonça

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• Fósforo (P) O fósforo tem a função de atuar no desenvolvimento do sistema radicular da bananeira; no processo de conversão da energia solar em aminoácidos e fibras, assim como em todos os processos que envolvem transferência de energia; e no crescimento da planta, por participar da fotossíntese e do processo de divisão celular. Sua presença é detectada principalmente nos órgãos de crescimento, onde a multiplicação das células ocorre em grande velocidade (ponta das raízes, gemas apical e lateral). Atua, ainda, na formação das flores, determinando o tamanho do cacho e o seu desenvolvimento; participa da resistência das fibras dos tecidos; e ajuda a fixação simbiótica do nitrogênio e a assimilação dos micronutrientes. O fósforo é reutilizado internamente nos diferentes órgãos da planta e se transloca facilmente da planta-mãe para o filho. Os sintomas visuais de deficiência de fósforo ocorrem nas folhas mais velhas, junto às nervuras da borda, apresentando uma estreita faixa necrosada delimitada por uma fina moldura preta, seguida de uma mancha amarela bem viva (Figura 44). A necrose das folhas provoca a sua senescência prematura. Apresenta redução do crescimento da planta-mãe e dos filhos. O ritmo de emissão foliar é reduzido, assim como o comprimento da folha.

Figura 44 – Sintoma visual de deficiência de fósforo em bananeira. Foto: José Carlos de Mendonça

• Potássio (K) O potássio tem funções de controlar a retenção de água pelas células, regulando a velocidade de circulação da seiva e quase todos os nutrientes; auxiliar na translocação de seiva dos tecidos mais velhos para os mais novos e para os frutos; atuar na formação e exsudação da cera e, também, nas trocas metabólicas e transpiração, por controlar a abertura e o fechamento dos estômatos da folha. 75


Tem grandes funções estruturais, regulando o comprimento do engaço, o desenvolvimento e o tamanho das células das folhas, das gemas e raízes. Junto com o boro, aumenta a lignina e a celulose tornando as células mais fortes. Age no desenvolvimento das bananas conferindo-lhes, assim, um melhor aspecto e maior peso no cacho. Atua, ainda, no paladar da fruta por ser o responsável pelo índice de acidez da polpa. Participa da formação e na velocidade de translocação dos carboidratos (açúcares). Aumenta a resistência às geadas e às doenças fúngicas foliares. É o nutriente que a bananeira absorve em maior quantidade e suas adubações devem ser realizadas em doses crescentes, iniciando pouco antes da diferenciação floral até as últimas semanas, pois todas as reservas potássicas da planta se translocam para o cacho. Os sintomas visuais iniciais da deficiência de potássio ocorrem na ponta das folhas mais velhas, com mudança na coloração para amarelo-alaranjada (Figura 45) e, posteriormente, as folhas se enrolam para dentro e morrem rapidamente. Em caso de deficiência aguda, ocorre necrose negra nas pontas das folhas. Os cachos são menores, de aspecto raquítico e de baixo peso.

Figura 45 – Sintomas visuais de deficiência de potássio em bananeira. Fotos: José Carlos de Mendonça e Edson Shigueaki Nomura

• Cálcio (Ca) O cálcio desempenha importante função nas características sensoriais da banana; estimula o aumento do crescimento dos tecidos meristemáticos (pontas das raízes, radicelas, gema apical e lateral); participa, junto com o magnésio, na formação da membrana celular, que controla a entrada e a saída dos íons no seu interior; e age nas reações com hormônios vegetais e nas ativações enzimáticas. Quando aplicado no solo, corrige a sua acidez (calcário). 76


Os sintomas visuais de deficiência aparecem nas folhas mais novas, já que este é um nutriente pouco móvel dentro da planta. Ocorre incremento na espessura das nervuras secundárias, que se acentua na zona adjacente à nervura central (Figura 46A). Esse “engrossamento” é acompanhado de clorose marginal entre as nervuras, conforme a planta se desenvolve. Em casos de deficiência aguda de cálcio, as folhas novas apresentam limbo incompleto ou sem limbo (Figura 46B). Pode provocar também o encurtamento, o engrossamento e a necrose das raízes, podendo ser confundida com ataque de nematoides. O cálcio influencia na qualidade dos frutos. A carência do cálcio na bananeira será tanto mais grave quanto mais jovem for a planta. É frequente observar sintomas de deficiência de cálcio em solos ácidos, com baixa capacidade de troca catiônica (CTC). Os sintomas de excesso de cálcio podem ser observados pela ocorrência do fenômeno “polpa amarela” nas bananas, sendo que o aumento na acidez do solo, bem como a aplicação de enxofre pode reduzir este efeito.

B

A Figura 46 – Sintomas visuais de deficiência de cálcio em bananeira (A e B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura e José Carlos de Mendonça

• Magnésio (Mg) É o elemento principal do núcleo da molécula de clorofila. O Mg é um nutriente bastante móvel dentro da planta, se deslocando sempre para as partes mais novas para formar a clorofila. Apresenta a função de ação catalítica na absorção de quase todos os demais nutrientes; é ativador de enzimas 77


do metabolismo dos carboidratos, ácidos nucleicos e das proteínas; participa do controle do desenvolvimento das raízes e da emissão de filhos; e atua na longevidade das folhas e raízes, na absorção do fósforo pelas raízes e no seu transporte dentro da planta. Os sintomas visuais de deficiência ocorrem nas folhas velhas com amarelecimento paralelo às margens, progredindo para a nervura principal, em ambos os lóbulos foliares, e apenas uma estreita faixa central margeando a nervura permanece verde (Figura 47A). Com o envelhecimento da folha, a clorose torna-se mais pronunciada e a folha fica manchada de verde-cinza com pigmentação púrpura. Eventualmente, as folhas tornam-se amarelo-ouro, com muitas áreas necróticas. Os cachos se apresentam raquíticos e deformados, com maturação deficiente, polpa mole, viscosa e com sabor desagradável. O desequilíbrio entre Ca, Mg e K (deficiência de Mg e excesso de K), pode provocar um problema fisiológico chamado “azul da bananeira”, no qual as plantas afetadas apresentam manchas pardo-violáceas nos pecíolos (Figura 47B). Pode surgir sintoma secundário como o fendilhamento vertical no pseudocaule, que se inicia a cerca de 10cm acima do colo do rizoma, e torna visíveis as bainhas localizadas bem mais internamente, com ocorrência principalmente na banana Maçã. Quando a deficiência é severa, as bainhas das folhas se despregam do pseudocaule e se rompem provocando uma senescência antecipada das folhas.

A

B

Figura 47 – Sintomas visuais de deficiência de magnésio (A) e deficiência de magnésio e excesso de potássio em bananeira (B). Fotos: José Carlos de Mendonça

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• Enxofre (S) O enxofre tem a função de favorecer a formação da clorofila na bananeira, sem a qual não é possível a vida das plantas. Atua na velocidade de emissão das folhas e participa indiretamente no tamanho das bananas, sendo parte integrante do seu aroma e sabor. Age na fixação simbiótica do nitrogênio e é bastante móvel dentro da planta. Os sintomas visuais de deficiência ocorrem nas folhas mais jovens que apresentam coloração amarela-pálida e as nervuras secundárias ficam espessas (Figura 48). Em caso extremo de carência, podem haver folhas com lóbulos atrofiados.

Figura 48 – Sintoma visual de deficiência de enxofre em bananeira. Foto: Edson Shigueki Nomura

• Boro (B) O boro tem funções ligadas principalmente ao desenvolvimento da gema de crescimento (apical, laterais, as inflorescências e as raízes). Dessa forma, esse nutriente participa da formação das folhas, das flores, bem como do número de pencas e bananas do cacho. Da mesma forma atua sobre a geração e o desenvolvimento dos filhos (por intermédio da gema lateral de brotação). Participa da síntese dos ácidos nucleicos e das proteínas e ainda na velocidade de transferência dos produtos sintetizados (açúcares) pelas folhas para os frutos. Juntamente com o potássio, participa da formação da lignina e da celulose, os quais tornam as células mais fortes. 79


Os sintomas visuais de deficiência se caracterizam pela presença de faixas cloróticas perpendiculares à nervura central das folhas novas. A deficiência severa de boro pode provocar deformação dos cachos e menor desenvolvimento do sistema radicular, além de provocar necroses nas raízes. A carência acentuada de boro provoca deformação das folhas novas, que apresentam limbo foliar incompleto ou ausente (Figura 49A), podendo ser confundido com a deficiência de Cálcio. O excesso de B causa amarelecimento e queima das bordas das folhas (Figura 49B)

A

B

Figura 49 – Sintomas visuais de deficiência (A) e excesso de boro em folhas de bananeira (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

• Zinco (Zn) O zinco tem função de estimular a produção de hormônios (auxinas), responsáveis pelo crescimento e frutificação; interferir nas enzimas produtoras da clorofila, das células e no metabolismo da planta; e participar da síntese das proteínas e do ácido indolacético (AIA). Os sintomas visuais da deficiência se manifestam como faixas cloróticas entre as nervuras das folhas novas alternadas com faixas de cor verde-escura (Figura 50A). Há um atraso no crescimento e no desenvolvimento das plantas e um alinhamento das folhas em um mesmo plano, dando à planta aparência de “roseta”. Os cachos são pequenos e deformados, com encurtamento na distância entre as pencas, oferecendo à fruta uma aparência compacta. Além disso, o cacho mantém-se na horizontal, possivelmente por seu menor peso. 80


A disponibilidade de zinco diminui ao aumentar o pH do solo, pelo uso de calcário em quantidades excessivas, aplicadas sem os resultados da análise de solo. O excesso de Zn é raro de ocorrer naturalmente no campo, porém em casos em que a adubação é feita em doses elevadas podem ocorrer sintomas de amarelecimento e seca de uma ou duas folhas, voltando ao normal nas folhas subsequentes (Figura 50B).

B

A Figura 50 – Sintomas de deficiência (A) e excesso (B) de zinco em bananeira. Fotos: José Carlos de Mendonça e Edson Shigueaki Nomura

• Manganês (Mn) O manganês tem funções junto ao processo enzimático da planta, na reprodução celular, e participa da síntese de clorofila e na produção de proteína. Além disso, ativa as enzimas da respiração e do metabolismo do nitrogênio; e atua junto com o cobre (Cu), ferro (Fe) e cloro (Cl) no transporte eletrônico dos produtos da fotossíntese. Os sintomas visuais de deficiência ocorrem nas folhas mais novas na forma de clorose marginal (Figura 51A), seguida de necrose provocada pelo fungo Deightoniella torulosa; em alguns casos ocorrem manchas nos frutos (Figura 51B). Na sua ausência total, as folhas ficam amareladas. Os sintomas de excesso de manganês provocam amarelecimento e queima das bordas das folhas (Figura 51C). 81


B

A

C

Figura 51 – Sintomas de deficiência de manganês em folhas de bananeira (A) e manchas de Deightoniella torulosa em frutos devido à deficiência de manganês (B); sintomas de excesso de manganês em bananeira (C) Fotos: José Carlos de Mendonça

• Cobre (Cu) O cobre tem a função de participar da formação da molécula de clorofila; atuar na fotossíntese e na respiração; participar de enzimas responsáveis pelo desencadeamento do desenvolvimento interno da planta-mãe e do filho; agir na fixação do N; participar, juntamente com o Mn, Fe e o Cl, da realização do transporte eletrônico dos produtos sintetizados pela fotossíntese para os outros órgãos da planta. Os sintomas visuais de deficiência de cobre são observados pelo enfraquecimento geral da planta, principalmente na segunda geração; a planta toda fica com aspecto pálido semelhante à deficiência de N, porém nos pecíolos não ocorre o aparecimento de manchas arroxeadas nos seus bordos. Apresenta encurtamento acentuado da nervura central e das pontas das folhas em direção ao pseudocaule, dando à planta a forma de um guardachuva, semelhante à disposição das folhas da cultivar Maçã. Este aspecto se deve ao fato de a planta sofrer um murchamento geral em suas estruturas. As folhas secam prematuramente sem apresentarem necroses. Em condições de campo é rara a sua ocorrência. 82


• Ferro (Fe) O ferro tem função de atuar indiretamente na formação da clorofila, como um catalisador; agir sobre enzimas ligadas à formação de proteínas e nos processos da respiração; participar da assimilação do S e do N, atuando também como fixador deste último; executar, juntamente com o Mn, Cu e Cl, no transporte eletrônico dos produtos obtidos com a fotossíntese. Os sintomas visuais de deficiência de ferro manifestam-se pelo amarelecimento das folhas novas, porém as nervuras permanecem com a cor verde normal, o que dá à folha um aspecto reticulado (Figura 52), podendo ocorrer a queda dessas folhas; com carência moderada, há predominância de folhas lanceoladas. Quando a carência de Fe é alta, os sintomas se assemelham a uma forte clorose de falta de Zn, pois nestes dois casos a planta toda se torna amarelada, salvo a diferença existente nas nervuras principais. Os cachos apresentam pencas anormais e frutos curtos. As carências são mais frequentes nos períodos secos da primavera e outono.

Figura 52 – Sintoma de deficiência de ferro em bananeira. Foto: José Carlos de Mendonça

3. RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÕES O programa de adubação no cultivo de bananeiras deve ser conduzido sempre de forma preventiva. Tem que ser feito de modo que as plantas, já no início de desenvolvimento de suas raízes, tenham todos os nutrientes à sua disposição. A bananeira deve ser tratada como uma planta de vida curta que 83


precisa, desde o início de seu crescimento, assimilar e armazenar os nutrientes para que possa gerar e produzir um bom cacho. Para adubar corretamente um bananal, é essencial considerar a disponibilidade de nutrientes no solo, alcançados por meio de uma análise dos atributos químicos do solo. E para uma melhor avaliação e correção das quantidades e dos nutrientes necessários para as plantas, é imprescindível a realização da análise foliar. Com esses dois resultados, a prática da adubação se tornará mais eficiente e econômica, assim como a da calagem. Estas análises, do solo e foliar, permitem que se faça um prognóstico do que poderá acontecer com o bananal, se mantida a situação existente, e servem para orientar o produtor quanto às medidas a serem tomadas. Em locais de topografia acidentada, deve-se tomar muito cuidado com a época das aplicações do adubo, pois chuvas fortes logo após a aplicação dos fertilizantes pode arrastar todo fertilizante que foi aplicado. Do mesmo modo, nos bananais plantados em solos arenosos, as adubações deverão ser fracionadas em quatro doses ou mais, para evitar problemas de perdas por arraste e lixiviação. Além do parcelamento devem ser utilizar as práticas conservacionistas e utilização de cobertura do solo com restos da cultura. As adubações em bananeiras para plantio, formação e em produção seguem as recomendações do Boletim Técnico 100 e 200 – Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas (Teixeira et al., 2014), editado pelo Instituto Agronômico (IAC). Tabela 5 – Recomendação de adubação de N, P e K para bananeiras. P resina (mg dm-3)

K+ trocável (mmolc dm-3)

Produtividade esperada

N

t ha-1

g ha-1

<20

120

80

60

40

20

330

230

130

90

20-30

190

100

80

50

30

410

310

210

150

30-40

270

140

110

70

40

490

390

290

210

40-50

350

180

140

90

50

570

470

370

270

50-60

430

220

170

110

60

650

550

450

330

>60

500

260

200

130

70

730

630

530

390

0-5

6-12 13-30 >30 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 P2O5 (kg ha-1)

>3,0

K2O (kg ha-1)

Fonte: IAC – Boletim Técnico 100 (2001) e 200 (2014) (Teixeira et al., 2014). Campinas (SP)

84


• Adubação de plantio Aplicar cerca de 10 litros de composto orgânico por planta e a metade da dose de P apresentada na Tabela 5, estabelecida a partir da análise de solo e da produtividade esperada. Em solos com menos de 1,3mg/dm3 de Zn, aplicar no plantio a dose de 5kg/ha de Zn. O composto orgânico deve estar bem decomposto e ser misturado com o solo no momento do plantio. Se possível, repetir anualmente a adubação orgânica. • Adubação de formação As doses de adubos por planta são determinadas pela Tabela 5, levando em consideração a meta de produtividade para a primeira safra, os teores de P e K do solo e o espaçamento do bananal. Aos 30-40 dias após o plantio, utilizar 20% das doses de N e K recomendadas na Tabela 5; aos 70-90 dias, aplicar o restante da adubação fosfatada e 50% das doses de N e K; e aos 120150 dias, o restante da adubação de N e K. Aplicar os fertilizantes em círculo ao redor das plantas a cerca de 50-60cm de distância (Figura 53). Utilizar fontes de N ou P capazes de fornecer anualmente 30kg/ha de S.

Figura 53 – Modo de aplicação do adubo de formação. Foto: Edson Shigueaki Nomura

85


• Adubação de produção As adubações devem ser feitas de preferência após o desbaste de filhos, porém antes da desfolha (limpeza), permitindo que a família aproveite melhor o adubo e, com as folhas eliminadas, sejam feitas em cobertura, protegendo-a de eventuais chuvas fortes. As doses anuais de N, P e K por família a serem aplicadas em cada safra deverão ser ajustadas de acordo com a Tabela 5, em função da meta de produtividade esperada; os teores de P e K verificados na análise de solo; e o espaçamento do bananal. Em áreas sujeitas a períodos de seca sazonais, a adubação deverá ser parcelada em três aplicações (início, meio e final da estação das chuvas), distribuindo o adubo em faixas de 20cm de largura e 60cm de comprimento, em semicírculo, a uma distância de 40-60cm do filho mantido no desbaste, seguindo o sentido do caminhamento do bananal (Figura 54).

Figura 54 – Modo de aplicação do adubo de produção. Foto: Edson Shigueaki Nomura

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Em áreas onde as chuvas forem bem distribuídas no ano ou com sistema de irrigação, deve-se parcelar a adubação de produção em seis vezes ao longo do ano no período de maior crescimento das plantas (setembro a abril). O parcelamento das doses de N e K é importante para aumentar a eficiência destes nutrientes. Outra forma de aumentar a eficiência do N e K aplicados é fazer a adubação via água de irrigação por microasperção ou gotejamento (fertirrigação), o que permite elevar o rendimento em frutos com mesma dose de adubo, em relação à aplicação convencional na superfície do solo. Utilizar fontes de N ou P capazes de fornecer anualmente 30kg/ha de S. • Adubação com micronutrientes Este tipo de adubação não é uma prática normal e usual dos produtores, pois existem poucos parâmetros científicos e determinações quantitativas que garantam resultados econômicos ao se fazer uma adubação desses nutrientes de forma programada e prática. O que existe atualmente é um estudo por resultados comparativos das análises de solo e de folhas. Segundo alguns pesquisadores, podem-se fazer a correção e adequação com essas tabelas de níveis críticos e ideais para prevenir prováveis distúrbios causados pelas deficiências ou excesso de nutrientes. Nos bananais paulistas, diante de algumas pesquisas e práticas observadas nos bananais pode-se aconselhar o uso de micronutrientes, principalmente B e Zn, como forma de prevenir casos de deficiência, como já notado em muitos bananais do Estado de São Paulo e do Brasil. De maneira geral, quando diagnosticada a deficiência, recomenda-se a aplicação anual de 25 gramas de sulfato de zinco e 10 gramas de ácido bórico, aplicados via solo, na frente do filho mantido. Em alguns casos, os fabricantes e misturadoras de fertilizantes adicionam o B e o Zn ao adubo formulado NPK. Além deste, encontram-se os adubos específicos com micronutrientes, conhecidos como “fritas”, como por exemplo, o FTE-BR 12 e o FMA. • Adubação orgânica As bananeiras reagem sempre de forma favorável a toda e qualquer adubação orgânica aplicada, pois além de conter os nutrientes necessários para o desenvolvimento e produção, ela ajuda a melhorar as características físicas do solo, como por exemplo, a manutenção da umidade do solo, além de favorecer a microfauna do solo. 87


Todos os restos de cultura devem permanecer dentro do bananal como fonte de matéria orgânica. Além disso, as roçadas periódicas das plantas daninhas devem ser mantidas no bananal como fonte de matéria orgânica. As fontes externas de matéria orgânica a serem aplicadas nos bananais podem ser desde estercos de galinha, gado ou suíno, a tortas de algodão ou de mamona, lixo orgânico, restos de culturas como a palha de arroz, milho, café, bagaço de cana, dentre outros, desde que tais fontes passem pelo processo de compostagem. O plantio de leguminosas e adubos verdes é importante fonte de nutrientes, os quais fornecem o aumento dos teores de matéria orgânica no solo e disponibilizam nitrogênio e outros nutrientes importantes para a bananeira. Há possibilidade do uso de outras fontes orgânicas de nutrientes, como o sulfato de potássio e o sulfato duplo de potássio e magnésio (K-Mg), os quais de origem mineral natural podem ser utilizados, desde que livres de substâncias tóxicas. Como fontes de micronutrientes, são permitidos na agricultura orgânica o uso de bórax e os quelatos naturais.

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PRAGAS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo e assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

1. Moleque ou broca-da-bananeira (Cosmopolites sordidus Germar) Praga bastante disseminada, atingindo praticamente todos os bananais; em maior ou menor proporção, todas as cultivares são atacadas. O inseto adulto é um besouro pequeno, de cor preta, com cerca de 9-14mm de comprimento por 3-4mm de largura, apresentando rostro ou bico longo e recurvado (Figura 55A). Possui hábito noturno e pode ser encontrado próximo à touceira, entre as bainhas das folhas e, principalmente, no interior do pseudocaule em decomposição. A fêmea adulta ovoposita até 100 ovos/ano em pequenas cavidades feitas com sua mandíbula, próxima ao ponto de inserção das bainhas das folhas, próximo à coroa do rizoma, principalmente da planta-mãe. Após cinco até oito dias da postura, nascem pequenas larvas brancas (Figura 55B), que se alimentam do rizoma e abrem galerias, até se transformarem em insetos adultos (12 a 25 dias). A pupa é de coloração branca e se transforma em adulto entre sete e 10 dias, contados a partir do início desse estágio. A idade média do adulto varia de cinco a oito meses, podendo atingir até dois anos. • Danos As larvas são responsáveis pelas perfurações cilíndricas que fazem no rizoma (Figura 55C), quase sempre orientadas para o centro do órgão, onde constroem o “salão de encasulamento”. Essas galerias também invadem o pseudocaule provocando a destruição e o apodrecimento dos tecidos, pois as tais constituem porta de entrada para outros micro-organismos patogênicos. As folhas amarelecem, os cachos ficam pequenos e as plantas sujeitas ao tombamento por falta de resistência à ação dos ventos (Figuras 55D). 89


• Métodos de controle a) Cultural – usar mudas sadias, preparadas, descalpeladas e tratadas, isentas de contaminação; adquirir mudas produzidas em laboratório (meristemas); utilizar cultivares menos atacadas pelas pragas; e recortar todo resto da cultura (pseudocaule) em pedados pequenos para decompor o mais rápido possível, eliminando a possibilidade de a broca se instalar nesses materiais. b) Manual – usar iscas tipo “queijo” ou tipo “telha” (25 a 30 iscas/ha) e, depois de seis a oito dias, fazer catação manual dos moleques (brocas) e eliminá-los. A isca tipo “telha” é um pedaço de aproximadamente 50cm do pseudocaule que já produziu o cacho, aberto em duas partes com um corte ao meio e longitudinalmente (Figura 55E). As iscas tipo “queijo” são preparadas com bananeiras que já produziram cachos, faz-se um rebaixamento até 30cm de altura e secionado novamente na horizontal, mais um pedaço de aproximadamente 10-15cm de comprimento colocado em cima do corte de rebaixamento (Figura 55F). O número de iscas por hectare deve ser aumentado para 100 quando forem observados, em média, três insetos adultos por semana. c) Biológico – quando atingir nível de dano econômico (três besouros/iscas) se utilizam as iscas do tipo “queijo” ou “telha” (100 iscas/ha) e no seu interior colocam-se os inimigos naturais, como a Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae (20 a 25 gramas do fungo/isca). Outro método é feito com iscas atrativas à base de feromônio (atrativo sexual), atraindo tanto machos como fêmeas, sem afetar o meio ambiente. d) Químico – quando atingir nível de dano econômico (três besouros/iscas) se utilizam as iscas do tipo “queijo” ou “telha” (50 iscas/ha) e no seu interior coloca-se de 3-5g de produtos inseticidas sistêmicos granulados registrados para a cultura e uso completo do EPI. Outro método é o uso da ferramenta chamada “lurdinha”, com a qual se faz um orifício na região basal do pseudocaule da planta-mãe recentemente colhida e aplicam-se entre 10-20g de inseticida nematicida sistêmico granulado no interior do orifício.

90


A

B

D C

F E Figura 55 – Inseto adulto da broca-da-bananeira (A) e larva (B). Danos da larva no rizoma (C). Tombamento de plantas (D). Isca tipo “telha” (E) e isca tipo “queijo” (F). Fotos: Roberto Tokihiro Kobori, Raul S. Moreira e Edson Shigueaki Nomura

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2. Nematoides Os nematoides são encontrados em quase todas as plantações de bananeira no Brasil. De maneira geral, parasitam o sistema radicular e os rizomas das bananeiras e são responsáveis por expressivas quedas de produção dos bananais, se não devidamente controlados. Surgem em decorrência da existência de condições propícias para a ocorrência de altas populações, como solo arenoso e períodos secos. Os prejuízos devido a sua presença nas raízes das plantas podem ir de um leve parasitismo até a destruição total do sistema radicular, o que prejudica em muito a nutrição da planta e sua perfeita fixação no solo, causando tombamento de plantas (Figura 56A). Essas perturbações são capazes de provocar quebra de resistência da planta a certos fungos (doenças). Os prejuízos se tornam mais acentuados após a diferenciação floral, quando a bananeira cessa a emissão de novas raízes. Os nematoides que ocorrem na cultura da banana são classificados segundo as lesões que provocam. a) lesões profundas (Radopholus similis e Pratylenchus coffeae) – chamado de nematoide cavernícola em função dos sintomas que eles causam nas raízes e nos rizomas das bananeiras (cavidades onde se alojam larvas e adultos), os nematoides deste grupo entram em qualquer ponto das raízes, atravessam o córtex, atingem os vasos condutores e por eles ganham o interior do rizoma, podendo penetrar até mais de 2cm de profundidade. Os danos são atribuídos principalmente às larvas e às fêmeas; os machos não são parasitas. Os nematoides cavernícolas penetram nas raízes ou rizoma, causando lesões castanho-avermelhadas que, em seguida, tomam aspecto de podridão preta devido à invasão de organismos secundários (Figura 56B). As lesões aumentam rapidamente em profundidade e em extensão, à medida que aumenta o ataque. Em função do ataque, as raízes se tornam necrosadas, o que reduz sua capacidade de absorção de nutrientes e sua sustentação. São frequentes os casos de tombamento de plantas pela ação do vento ou pelo peso do cacho. A espécie R. similis é incitadora do parasitismo de patógenos secundários (fungos e bactérias), assim como do agente causal da fusarioseda--bananeira (Fusarium oxysporum f. sp cubense). O limite econômico de controle é de 10 mil indivíduos por 100 gramas de raízes. 92


As perdas provocadas por esse nematoide podem chegar a 100%. A dispersão do nematoide cavernícola ocorre pelas mudas; pelos implementos contaminados; pelo trânsito de pessoas, trabalhadores e animais; e pelo escoamento de água em áreas de declive e águas de irrigação. b) lesões superficiais (Helicotylenchus multicinctus e Helicotylenchus erythrinae) – chamado de nematoide espiralado causa finas estrias longitudinais e de coloração pardo-claras nas raízes, levando à necrose (Figura 56C). Penetra somente nas camadas superficiais dos tecidos e raramente atinge o rizoma. As radicelas são totalmente destruídas. c) lesões do tipo galha (Meloidogynes incognica, M. arenaira e M. javanica) – chamados de nematoides das galhas, produzem efeito menos severo para as bananeiras; atacam primordialmente o sistema radicular absorvente, causando uma enorme debilidade das plantas. Seus sintomas se manifestam como nodosidades ou galhas nas raízes, visíveis a olho nu (Figura 56D). No local onde existe uma ou várias fêmeas adultas, há inicialmente o aparecimento de listras escuras longitudinais bem superficiais. Cada fêmea chega a fazer postura de 400 a 500 ovos durante sua vida. Os ovos ficam reunidos em ootecas que ao se desenvolverem, provocam grande dilatação na raiz (galha), a qual por sua vez chega até mesmo rachar. A presença da galha desenvolvida ocasiona a morte do cilindro central da raiz. Decorrente disto, ela emite pouco antes da galha várias outras raízes finas e muito curtas. • Métodos de controle a) Cultural – escolha do tipo de solo, pois os arenosos favorecem a sua disseminação enquanto os argilosos dificultam; renovação do bananal, pois a profundidade do rizoma, o afloramento do rizoma e seu sistema radicular, devido ao envelhecimento do pomar, contribuem para a maior proliferação de nematoides; terrenos compactos ou com camada muito superficial (menos 50cm) dificultam o desenvolvimento do sistema radicular e agravam os danos causados pelos nematoides; utilização de mudas sadias, preferencialmente de laboratório (meristemas); rotação de cultura com plantio de gramíneas (braquiária, napier ou colonião), deixando-as plantadas por no mínimo um ano, para baixar a população de nematoides existente no solo. b) Químico – os tratamentos químicos preconizados, tanto para a formação como para a manutenção do bananal para combate à broca, são também válidos para os nematoides; preventivamente, podem ser feitos com inseticidas nematicidas sistêmicos, via solo, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes, duas vezes ao ano, e nas áreas já infestadas de três em 93


três meses. No entanto, pela baixa eficiência de controle, pelo alto custo e risco de contaminação, não são comumente utilizados pelos produtores.

B A

C

D Figura 56 – Tombamento de plantas pelo ataque de nematoides (A). Dano provocado pelo R. similis em raízes (B). Dano provocado pelos Helicotylenchus spp. em raízes (C). Dano provocado pelos Helicotylenchus spp. em raízes (D). Fotos: Raul Soares Moreira e Edson Shigueaki Nomura

3. Tripes Os tripes são pequenos insetos encontrados em quase todas as regiões bananeiras. O adulto tem de 1mm a 1,4mm de comprimento, sendo que as espécies de importância agrícola têm ao redor de 1,4mm (Figura 57A). Vivem normalmente nas flores novas, atacando tanto as flores femininas como as masculinas, sendo encontrado até mesmo naquelas que estão protegidas pelas brácteas, alimentando-se da epiderme de flores e frutos novos. São extremamente rápidos, escondendo-se sempre quando procurados, mas facilmente vistos, devido a sua cor creme ou marrom-escura. Podem ser divididos em dois tipos. 94


• Tripes-da-erupção (Frankliniella fulvipennis e F. brevicaulis) a) Danos − Esses tripes causam danos tanto nas flores femininas como nas masculinas. Com o desenvolvimento do fruto, pode-se verificar nitidamente na casca o aparecimento de pequenas berrugas marrons, ásperas ao tato (Figura 57B). Elas não afetam a qualidade da polpa, mas prejudicam o aspecto da fruta, desvalorizando-a comercialmente. Essas pequenas berrugas são reações do tecido à ovoposição feita pela fêmea, que podem ser de origem física ou infecciosa. • Tripes raspadores (Chaetanaphothrips spp., Caliothrips spp., Pallencothrips spp., Tryphactothrips spp. − Figura 57C) a) Danos – O predatismo dos tripes se limita principalmente a ataques nas bananas ainda em flor e nos frutos novos, podendo provocar a formação de fumagina na casca, em especial nos locais de contato entre os frutos. Com o desenvolvimento, nas frutas podem surgir pequenas rachaduras na epiderme, tornando-as castanho-avermelhadas (Figura 57D).

A

B

D

E

Figura 57 – Inseto adulto de tripes sugador (A). Dano provocado pelos tripés-da-erupção (B). Inseto adulto de tripes raspador (C). Dano provocado pelos tripes raspador em frutos (D). Fotos: Roberto Tokihiro Kobori e Edson Shigueaki Nomura

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Métodos de controle • Cultural – uso de sacos plásticos para ensacamento dos cachos; corte e eliminação do coração. • Químico – pulverização dos cachos com inseticidas registrados para a cultura. 4. Traça-dos-frutos-da-bananeira (Opogona sacchari) O inseto adulto é uma mariposa, portanto de hábitos noturnos, com cerca de 10mm de comprimento, de cor castanho-amarelada (Figura 58A). Essas mariposas colocam os ovos nas flores femininas e masculinas, antes de elas secarem. Com a eclosão dos ovos, surgem pequenas lagartas de 2-3mm de comprimento, que já começam a disputar entre si, tão logo se encontrem. As lagartas que perdem a briga são jogadas para as pencas abaixo no cacho, onde param, perfuram e penetram lateralmente na banana em qualquer posição em relação à sua região pistilar, podendo ser encontradas até mesmo nas almofadas das pencas. Se caírem fora do cacho, elas podem se fixar ainda nos pseudocaules, rizomas ou até nos restos de bananeiras caídas no solo. As folhas não são atacadas. As lagartas, de coloração branca ou amarelada, podem atingir 26mm de comprimento e 2-3mm de diâmetro (Figura 58B). As lagartas atacam a banana ainda verde, principalmente na sua extremidade distal, onde abrem galerias polpa adentro. As bananas atacadas, ao se desenvolverem, tornam-se amarelas prematuramente, apresentando a polpa já podre e imprópria para a comercialização e o consumo (Figura 58C). Na extremidade distal da banana, há o aparecimento de uma serragem, que são as fezes da lagarta (Figura 58D). Nos pseudocaules as lagartas abrem galerias que se tornam porta de entrada de fungos e outros insetos. Métodos de controle • Cultural – realizar a despistilagem logo após a emissão da inflorescência; revestir as inflorescências com sacos de plásticos ainda na fase de botão floral; procurar deixar a ráquis do cacho sempre limpa; não trazer engaço de outras propriedades; e realizar o corte ou eliminação do coração. • Químico – pulverizar os cachos ainda em flor com produtos registrados para o seu controle. Repetir o tratamento após 30 a 40 dias. 96


A

C

D

B

Figura 58 – Inseto adulto da traça da bananeira (A), larva (B) e dano no fruto devido ao ataque da traça-da-bananeira (C/D). Fotos: Raul Soares Moreira, Roberto Tokihiro Kobori e Edson Shigueaki Nomura

5. Lagartas desfolhadoras As lagartas destroem ou perfuram os limbos foliares a partir dos bordos e, quando o ataque é intenso, deixam apenas a nervura central da folha. Com isso, há uma redução da área foliar da bananeira (Figura 59A), afetando a fotossíntese e, consequentemente, prejudicando o desenvolvimento das bananas. • Caligo illioneus, Caligo brasiliensis e Caligo beltrão – o adulto é uma borboleta grande de cor predominantemente azul. Os machos medem de 70-90mm de largura e as fêmeas de 120-140mm de largura (Figura 59B). Na 97


face inferior das asas posteriores apresentam dois pontos pretos de halos brancos, semelhantes a “olhos de coruja”. Têm hábito diurno e colocam ovos nas folhas da planta em grupos de cinco ou seis, de cor branca no início e marrom posteriormente. As lagartas são de coloração parda, medindo de 80-90mm de comprimento (Figura 59C). • Opsiphanes invirae – os adultos são de coloração marrom, com uma faixa amarela transversal no terço apical das asas anteriores e duas manchas brancas no ápice e medem de 70-80mm de largura (Figura 59D). São de hábito diurno e colocam os seus ovos nas folhas. As lagartas são de coloração verde-clara e chegam a medir até 80mm de comprimento (Figura 59E). • Antichloris eriphia – o adulto é uma mariposa de coloração preta com estrias verdes brilhantes no corpo, medindo aproximadamente 15mm de comprimento e 40mm de largura (Figura 59F). Os ovos têm coloração verde bem clara e são brilhantes, com 0,8mm de diâmetro; são depositados em grupos simétricos no pecíolo das folhas e no pseudocaule. Suas lagartas são pequenas, atingindo no máximo 30mm de comprimento, tendo o corpo recoberto de densa e fina pilosidade, de coloração branco-creme (Figura 59G). A pupa mede cerca de 10 a 12mm, de coloração marrom claro no início e marrom escuro no final do ciclo e fica recoberto com os pelos que tinham na fase de lagarta (Figura 59H). Devido à baixa ocorrência de ataque de lagartas desfolhadoras e seus danos serem pequenos, não há a necessidade de controle.

A

B

Figura 59 (A/B) – Danos na folha causados pelo ataque de lagartas (A) e insetos adultos (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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C

D

E

F

G

H Figura 59 (C/D/E/F/G/H) – Lagarta do gênero Caligo spp. (C); Inseto adulto (D) e lagarta da Opsiphanes invirae (E); Inseto adulto (F) e lagarta (G) e pupa (H) da A. eriphia. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

6. Pulgões (Aphis gossypii, Pentalonia nigronervosa) Vivem nas folhas sugando a seiva, principalmente nas mais novas. Infestações mais intensas podem prejudicar o crescimento da bananeira. A incidência desta praga favorece a disseminação de viroses, pois são os principais vetores dessas doenças. 99


7. Abelhas-cachorro, arapuá ou irapuá (Trigona spinipes) O inseto adulto possui coloração preta e mede cerca de 5,0-6,5mm de comprimento (Figura 60A). Suas colmeias são construídas nas árvores ou em cupinzeiros abandonados, utilizando fibras de vegetais. Atacam as inflorescências e os cachos à procura de substâncias resinosas, causando sensíveis danos às bananas, onde formam lesões irregulares (Figura 60B), que prejudicam seu valor comercial.

A

B

Figura 60 – Inseto adulto (A) e danos causados pelo ataque de abelha arapuá na banana (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

8. Ácaros vermelhos (Tetranichus spp.) São aracnídeos cujas fêmeas têm 0,45mm de comprimento por 0,23mm de largura e os machos 0,26mm por 0,15mm. Os adultos têm coloração vermelha intensa (Figura 61). Os ovos são colocados isoladamente na face inferior das folhas. Os ácaros vermelhos sugam a seiva das folhas de bananeiras e, quando muito numerosos, as áreas infestadas das folhas podem mostrar-se parcial ou totalmente revestidas de grande quantidade de teias. O ataque é mais intenso em períodos de seca e calor. 100


Figura 61 – Ataque do ácaro vermelho em bananeira. Foto: Edson Shigueaki Nomura

9. Moscas-brancas (Bemisia tabaci) Os insetos adultos são pequenos, com até 1mm de comprimento, com quatro asas membranosas recobertas com um pó branco (Figura 62A), o que os tornam de cor esbranquiçada. Os ovos são colocados na face inferior das folhas e, após a eclosão, as ninfas se locomovem somente quando ainda muito jovens. As ninfas da mosca-branca sugam a seiva das folhas, geralmente apenas na sua face inferior (Figura 62B). Quando o ataque é intenso, os insetos secretam uma substância açucarada que cai nas folhas inferiores e propicia o aparecimento de fumagina, fungo que reveste a folha com uma camada preta, prejudicando a fotossíntese, a transpiração e a respiração da planta. A mosca-branca é considerada transmissora de viroses.

A Figura 62 – Inseto adulto (A) e danos causados pelo ataque da mosca branca (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

B 101


10. Formigas cortadeiras (Acromyrmex spp., Atta spp.) Existem cerca de 20 espécies de formigas quenquém e nove espécies de saúva em todo o Brasil (Figura 63A), sua principal característica é a utilização de material vegetal para a alimentação das larvas. As formigas cortadeiras cortam material vegetal (folhas e flores) (Figura 63B), levando os pedaços para dentro do formigueiro, onde existe um fungo cultivado pelas formigas. Envoltas neste fungo são encontradas as larvas que dele se alimentam.

A

B Figura 63 – Inseto adulto (A) e danos causados pelo ataque das formigas cortadeiras em bananeira (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

11. Gafanhotos O adulto mede entre 45-55mm de comprimento e sua coloração em geral é marrom avermelhada (Figura 64A). As fêmeas ovopositam sob o solo cerca de 50-120 ovos durante a sua vida. Os gafanhotos se alimentam da casca das bananas ainda verdes (Figura 64B) e, com isso, as frutas tornam-se inaproveitáveis comercialmente. 102


A

B Figura 64 – Inseto adulto (A) e danos causados pelo ataque dos gafanhotos nos frutos (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

12. Lesmas Alimentam-se de uma grande variedade de plantas, sempre no período da noite, devorando tanto as raízes quanto a parte aérea, com maiores prejuízos quando atacam os frutos (Figura 65). Sabe-se que o local está infestado por lesmas pela observação dos rastros de muco que ficam no solo. 103


B

A Figura 65 – Lesma (A) e danos causados pelo ataque das lesmas nos frutos (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

13. Cochonilhas São pequenos insetos gregários que possuem forma pequena e bastante diferente, sendo recobertos por escamas ou carapaças e têm colocação branca, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida (Figura 66A). Sugam a seiva e enfraquecem a planta. O excesso de secreção açucarada que cai nas folhas inferiores propicia o desenvolvimento da fumagina, fungo que reveste a folha com uma camada preta (Figura 66B), prejudicando a fotossíntese, transpiração e respiração da planta.

A B Figura 66 – Inseto adulto (A). Danos causados pelo ataque das cochonilhas (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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14. Morcegos Os morcegos frugívoros possuem hábito noturno, alimentam-se das bananas verdes e maduras, deixando alguns frutos com grandes lesões (Figura 67), causando a perda do seu valor comercial.

Figura 67 – Danos causados pelo ataque de morcegos nos frutos. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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106


DOENÇAS Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Dr. Wilson da Silva Moraes Fitopatologista – Superintendência Federal da Agricultura no Estado de São Paulo (SFA-SP/MAPA) wilson_moraes@uol.com.br Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura nacional.krt.registro@hotmail.com Luiz Antônio de Campos Penteado Engenheiro agrônomo e assistente agropecuário VI (aposentado) – CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

1. DOENÇAS FOLIARES 1.1. Mal-de-sigatoka ou sigatoka-amarela (Mycosphaerella musicola Leach fase sexuada ou perfeita; Pseudocercospora musae [Zimm.] Deighton - fase assexuada ou imperfeita) A doença mal-de-sigatoka-amarela ou sigatoka-amarela é também conhecida por cercosporiose da bananeira, mal-das-folhas, manchas-das-folhas, ferrugem-das-folhas e queima-das-folhas (Figura 68A e B). Foi identificada no Brasil em 1945, em Belém do Pará; e, em 1952, em São Paulo. Atualmente, é endêmica e encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras do Brasil e do mundo. A evolução dos sintomas da doença é observada na superfície superior das folhas, em seis fases ou estádios (Figura 68C). • Estádio I: pequenas descolorações em forma de traços de cor amarela a verde-amarelada, com até 1mm de comprimento; • Estádio II: as descolorações se estendem formando traços maiores, medindo até 3mm de comprimento; • Estádio III: os traços se alargam formando estrias elípticas de contornos irregulares com centro vermelho-amarronzado (estádio de enferrujamento) e bordas amareladas a verde-amareladas; • Estádio IV: as estrias transformam-se em manchas ovais de pardo-escuras a negras com centro escuro e contornos bem definidos; 107


• Estádio V: as manchas negras passam a ser contornadas por um halo amarelo; • Estádio VI: manchas negras ovais de contornos bem definidos com o centro necrosado e deprimido e coloração cinza esbranquiçada a cinza-claro. Os estádios iniciais, I e II, se manifestam na margem direita e superior da terceira e quarta folhas a partir da folha vela, sendo visualizados a olho nu. Em estádios posteriores os sintomas nas folhas tornam-se largos e tomam a forma de estrias elípticas, dispostas paralelamente às nervuras secundárias da terceira e quarta folhas. Com a evolução da lesão, o centro torna-se pardo avermelhado ou ferruginoso, onde ocorre a formação de corpos de frutificação do fungo, denominados esporodóquios, constituídos do agrupamento de conidióforos. Esses, por sua vez, produzem grande quantidade de esporos denominados de conídios, tanto na superfície superior como na inferior das lesões. Essas são as estruturas vegetativas e reprodutivas da fase assexuadas do fungo. Depois, essas estrias escurecem formando manchas necróticas ovais, alongadas, com até 10mm de comprimento e 3mm de largura, de coloração que varia entre marrom-escuro a preta, sendo geralmente encontradas na superfície superior, a partir da quarta ou quinta folhas. Em torno dessas manchas, nota-se a presença de um halo amarelo que constitui uma reação dos tecidos sadios da folha às enzimas e toxinas produzidas pelo fungo. No centro da mancha em estádio final VI, observam-se numerosos pontos pretos (peritécios), que correspondem às estruturas reprodutivas da fase sexuada do fungo. É nesse estádio tardio, que se verifica o coalescimento das lesões, caracterizando uma queima generalizada das partes afetadas das folhas mais velhas. Na maioria dos casos, a infecção se dá na folha vela ou cartucho ou recém-aberta. Porém folhas de cultivares de bananeiras revestidas de elevada cerosidade apresentam maior resistência à penetração do fungo desde a fase de desenrolamento. No momento em que os frutos da bananeira deveriam estar “engordando”, pode-se observar o amadurecimento desigual dos frutos na mesma penca ou cacho, visualizando-se frutos maduros e verdes dentro de uma mesma penca (Figura 68D). A quantidade dos esporos suspensos no ar é de grande importância na disseminação do fungo agente causal da doença, todavia as condições climáticas são determinantes para que ocorra a liberação de esporos, o estabelecimento e o desenvolvimento da doença. Em temperaturas inferiores a 10oC ou superiores a 35oC, a evolução dos estádios de desenvolvimento das lesões é mais lenta, porém não detém o progresso da doença nem promove a morte do fungo. 108


A

D B

I

II

III

IV

V

VI

C

Figura 68 – Sintomas de infestação da sigatoka amarela em folhas de bananeiras (A e B); estádios da sigatoka amarela (C); e sintomas secundários em frutos devido à sigatoka negra (D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura e Raul S. Moreira.

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1.2. Sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet – fase sexuada ou sexuada ou perfeita; Paracercospora fijiensis [Morelet] Deighton – fase assexuada ou imperfeita) Essa é a mais severa e destrutiva doença da bananeira em todas as áreas produtoras do mundo. A doença foi identificada no Brasil, em 1998, no Estado do Amazonas e, em 2004, no Estado de São Paulo. Atualmente, encontra-se disseminada em praticamente todas as regiões produtoras do Estado de São Paulo e do Brasil. Semelhante à sigatoka-amarela, o nome da doença se deu pela presença de manchas de coloração negra na superfície superior da folha (Figura 69A). Devido a sua maior severidade, poderia ter substituído a sigatoka-amarela num período de seis meses a quatro anos. Porém, após 16 anos da detecção da sigatoka-negra na região do Vale do Ribeira (SP), ambas as doenças ainda coexistem nas áreas de cultivo. O fato de a bananeira atacada não emitir mais folhas novas após o florescimento, a doença se torna extremamente destrutiva após a emissão do cacho, deixando a planta totalmente sem folhas e com frutos magros sem valor comercial (Figura 69B). A evolução dos sintomas da doença é definida em seis fases ou estádios, conforme Fouré (1985), modificado por Moraes et al. (2005) (Figura 69C). • Estádio I: diminutos pontos circulares de cor marrom-café, limitados entre duas nervuras terciárias, observados na extremidade direita e inferior, a partir da primeira folha funcional ou aberta; • Estádio II: os pontos de cor marrom-café se unem formando lesões em forma de traços, limitados entre duas nervuras terciárias, observados na extremidade direita e inferior, a partir da primeira ou segunda folha funcional ou aberta; • Estádio III: os traços se unem formando lesões em forma de estrias mais espessas de cor marrom-café, que ultrapassam as nervuras terciárias, observadas na extremidade direita e inferior da segunda ou terceira folhas funcional ou aberta; • Estádio IV: as estrias transformam-se em manchas elípticas de contornos irregulares, coloração marrom-escuro a negra, observadas na superfície superior das folhas mais velhas da planta; • Estádio V: as manchas negras apresentam halos cloróticos com centros levemente deprimidos, observadas na superfície superior das folhas mais velhas da planta; • Estádio VI: as manchas apresentam-se circundadas por bordas de cor marrom-escura a preta, centro necrosado, seco e fortemente deprimido, de cor cinza-clara a palha, observadas na superfície superior das folhas mais velhas da planta. 110


A

B

I

II

III

IV

V

VI

C

Figura 69 – Sintomas de infestação da sigatoka-negra em folhas de bananeiras (A e B); estádios da sigatoka-negra (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

Os estádios iniciais I (pontos) e II (traços) são visualizados com auxílio de lentes de aumento de 10 vezes, na extremidade direita e inferior da primeira ou segunda folha mais nova da planta. A partir do estádio III, que corresponde às estrias de cor marrom-café, sua visualização já é possível a olho nu, ainda na extremidade direita e inferior das folhas mais novas da planta, dependendo da severidade da doença. No estádio VI (manchas necróticas), é possível observar a presença de numerosos pontos pretos (peritécios), que correspondem às estruturas reprodutivas do fungo (fase 111


sexuada ou perfeita). O coalescimento das lesões ocorre nos estádios precoces da doença (estrias), devido ao avanço para os estádios tardios, que resultam numa queima generalizada das folhas afetadas. As exigências climáticas para o desenvolvimento da doença são maiores do que aquelas da sigatoka amarela. Abaixo de 17oC, o desenvolvimento do fungo é reduzido, enquanto que acima de 35oC não há interferência, desde que a umidade relativa do ar se mantenha abaixo de 60%. A duração e a intensidade das chuvas correspondem aos fatores climáticos mais correlacionados com a severidade da doença. Assim, o período chuvoso é mais favorável à liberação dos esporos, estabelecimento do patógeno e desenvolvimento da doença, enquanto no período seco e menos chuvoso ocorre o retardamento do desenvolvimento do fungo e da planta. A severidade da doença é maior no período chuvoso com elevadas temperaturas e menor no período menos chuvoso ou seco com baixas temperaturas. As toxinas produzidas pelo fungo nas folhas infectadas são translocadas para os frutos, provocando o amadurecimento precoce e desigual dos frutos no mesmo cacho ou na mesma penca, na planta, na casa de embalagem ou durante o transporte. Medidas de controle para as sigatokas amarela e negra - Controle genético – utilização de cultivar resistente ou mais tolerante (ver Capítulo “Cultivares e Híbridos”). - Controle cultural a) Desfolha fitossanitária (cirurgia) – a eliminação total ou parcial de folhas com sintomas tardios da doença (mancha negra e mancha necrótica) é a prática mais importante para reduzir e/ou eliminar a principal fonte de inóculo do fungo no interior do bananal. Após a desfolha, as folhas devem ser sobrepostas entre as linhas de plantio, com sua parte superior (com peritécios) voltada para baixo, em montes de 60cm a 70cm de altura, a 15 ou 20 metros de distância, seguido da pulverização com ureia 10% (10kg de ureia/100L de água), formando, assim, verdadeiros minicompostos. Cabe ressaltar a importância dos órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal no cumprimento do Art. 9.o da Instrução Normativa 17, de 31 de maio de 2005, que prevê a erradicação da única e principal fonte de inóculo primário para os novos plantios, que são os bananais abandonados. b) Nutrição e fertilidade do solo – plantas nutridas adequadamente apresentam-se mais resistentes ao ataque desses fungos, pois o fornecimento 112


adequado de cálcio, magnésio, potássio e boro, assim com a relação N/K adequada, favorece o desenvolvimento das plantas, que se tornam mais resistentes ao ataque do fungo; Atentar para o pH do solo, entre 6 e 6,5, que garante maior disponibilidade dos macro e micro nutrientes relacionados à defesa da planta. c) Boa drenagem – o sistema de drenagem, feito por ocasião do plantio, permite rápida eliminação do excesso de água do solo, favorece o desenvolvimento das plantas e reduz as condições de alta umidade relativa do ar, que favorecem o desenvolvimento do fungo; d) Controle de plantas daninhas – a presença de altas populações de plantas daninhas no interior do bananal exerce ação competitiva, por água e nutrientes, com a bananeira, além de favorecer a formação de um microclima adequado para o desenvolvimento dos fungos, devido ao aumento da umidade relativa do solo e da atmosfera; e) Controle do moleque-da-bananeira e nematoides – manter a população destas pragas abaixo do nível de dano econômico favorece a absorção adequada de água e nutrientes pelas plantas, deixando-as nutridas adequadamente e mais resistentes ao ataque desses fungos. f) Manejo da água – a irrigação é uma prática muito importante para bananeiras cultivadas em locais com baixos índices de pluviosidade. No entanto deve-se escolher o sistema de irrigação apropriado, para que não favoreça o molhamento foliar, pois a umidade na superfície foliar é a condição básica para que ocorra a infecção pelo agente causal da sigatoka. - Controle químico a) Deve ser feito com base no monitoramento semanal da severidade da doença, pelo método do Estado da Evolução (EE), descrito por Fourè (1988) e modificado por Moraes et al. (2016), adotando-se o Nível de Dano Econômico de 500 a 1.000 pontos, para a sigatoka-negra, e de 2.000 pontos, para a sigatoka-amarela (ver Capítulo “Monitoramento da Sigatoka e controle químico”); b) Utilizar apenas os fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para a cultura e doença, disponíveis no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit/MAPA); c) Realizar a alternância dos grupos químicos de fungicidas, como estratégia antirresistência, a fim de evitar o surgimento de populações do fungo resistentes aos fungicidas; d) O Comitê Internacional de Ação Contra a Resistência a Fungicidas (Frac) recomenda que se aplique, até duas vezes seguidas, um fungicida sistêmico (monossítio) do mesmo grupo químico, nunca três vezes; além dessa medida, aplicar fungicidas do grupo químico dos protetores (multissítio), pelo menos uma vez a cada safra ou ciclo da cultura (Tabela 6); 113


e) Os fungicidas sistêmicos do grupo químico dos trazóis e estrobilurinas devem ser aplicados no período chuvoso com temperaturas elevadas e os fungicidas protetores e sistêmicos do grupo químico dos benzimidazóis devem ser aplicados no período menos chuvoso ou seco com temperaturas mais baixas. Tabela 6 – Modo e mecanismo de ação dos principais grupos químicos de fungicidas registrados para o controle das sigatokas-amarela e negra em bananeira (MAPA/Agrofit, 2017). Modo de Ação (na planta)

Mobilidade (na planta)

Protetores

Imóvel

Grupo químico

Cúprico Inativa enzimas e proteínas dos grupos Ditiocarbamato SH, AMINO, COOH e OH (multissítio) Anilinopiridina Ex: mancozebe e pirematanil Benzimidazóis

Inibe a divisão celular: crescimento micelial e produção de esporos (monossítio) Ex.: tiofanato metilico

Triazóis

Inibe a biossíntese de ergosterol (DMIs) (monosítio) Ex.: propiconazole, difenoconazole, tebuconazole, tetraconazol, epoxiconazol e flutriafol

Sistêmico Sistêmicos

Mesostêmico translaminar

Mecanismo de ação (no fungo)

Estrobilurinas

Inibe a respiração celular (monossítio) Ex.: azoxistrobina, piraclostrobina e trifloxistrobina.

1.3. Cordana (Cordana musae [Zimm.] Hohnel) Essa é a mais comum, porém quase sempre inofensiva doença da bananeira. Causa maiores danos durante períodos chuvosos nas folhas mais baixas e, em menor extensão, em cultivares do grupo AAB. O fungo é considerado um parasita fraco, que ataca folhas baixeiras de plantas debilitadas nutricionalmente, principalmente após a floração e durante o enchimento dos frutos no cacho (Figura 70A). Este fungo geralmente aparece emoldurando a lesão da sigatoka-amarela e sigatoka-negra, mas pode também aparecer isoladamente em folhas de plantas sem essas doenças. A mancha-de-cordana é responsável pela coalescência das lesões da sigatoka-amarela e sigatoka-negra. É considerado um fungo de importância secundária, que pode ser controlado com o mesmo tratamento químico feito para essas enfermidades. 114


• Sintomas – apresentam-se como grandes manchas ovais de cor marrom -escura, variando de um a vários centímetros em diâmetro, circundadas por um halo amarelo brilhoso, formada nas margens ou associada a ferimentos ou rasgaduras da folha. As partes necrosadas das lesões aparecem em zonas concêntricas padrões, visualizadas na parte superior da folha (Figura 70B). A produção de esporos ocorre mais à noite, durante orvalho ou chuvas, com pico de liberação às sete horas da manhã. Em condições de alta umidade, os esporos germinam em oito horas e penetram diretamente através de tecidos sadios ou lesionados. A área lesionada mostra-se rodeada por uma margem de cor cinza a amarela-pálida. Os tecidos sadios produzem barreiras após a infecção, por isso que C. musae é considerado um parasita de ferimentos ou de tecidos debilitados. Ataques severos geralmente estão associados a bananais nutricionalmente debilitados ou submetidos à aplicação excessiva de óleo mineral, quando aplicado sozinho.

B

A Figura 70 – Sintoma de infestação da Cordana em folhas de bananeiras (A e B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

1.4. Mancha-de-Deightoniella (Deightoniella torulosa [Sydow]) A mancha-de-deightoniella ocorre na fase de pré-colheita de frutos em plantas que apresentam severa deficiência de manganês. Os sintomas aparecem também na nervura principal e, principalmente, na margem do limbo foliar. A deficiência de manganês pode estar associada ao excesso de cálcio no solo, principalmente nos locais de descarga de calcário e gesso. 115


Os sintomas caracterizam-se por pequenas pontuações circulares de cor preta a marrom-avermelhado com halos verde-escuro de aproximadamente 2mm de diâmetro, que ocorrem em todos os estádios de desenvolvimento dos frutos (Figura 71A). Frutos com sintomas na extremidade de um dos lados apresentam um avanço lento das lesões, a partir dos restos florais de um ou mais frutos (Figura 71B). A doença tende a ser mais severa na extremidade dos frutos mais expostos e na face mais exposta dos frutos mais internos do cacho, sugerindo que a doença é importante somente na estação chuvosa. A presença de pintas pretas, geralmente na parte superior da nervura principal das folhas quase sempre está ligada à deficiência nutricional de manganês, o que é raro nos solos ácidos. Elas podem aparecer quando se faz uma calagem intensa e mais comumente nas plantas bem jovens que receberam o calcário dentro da cova, o que não é recomendável. Não se faz controle químico deste fungo, pois ele constitui um problema nutricional.

A

B Figura 71 – Sintomas de infestação da Deightoniella torulosa no limbo (A) e no fruto de bananeira (B). Fotos: José Carlos de Mendonça e Edson Shigueaki Nomura

1.5. Mancha de cladosporium (Cladosporium musae Mason / Cladosporium cladosporioides (Fresen.) G. A. De Vries) O fungo Cladosporium musae infecta folhas velhas e/ou sombreadas de bananeiras cultivadas em ambientes úmidos. A doença é considerada de menor importância, apesar de que folhas doentes tendem a secar e cair prematuramente e, assim, afetar a produção e os rendimentos. A mancha de Cladosporium cladosporioides ocorre principalmente nos frutos da bananeira tipo Prata (Musa AAB) (Figura 72A), ainda em pré-colheita, assemelhandose a uma fumagina, por estar sempre associada às fezes de insetos, como a mosca-branca nas folhas e o tripes nos frutos. 116


• Sintomas – uma grande mancha difusa de cor marrom-acinzentada é visualizada na superfície superior das folhas mais velhas. Essas manchas podem se tornar de cor amarela-alaranjada e necrosar as folhas com a idade (Figura 72B). Próximo à nervura principal aparecem pontuações cor de ferrugem, posteriormente aumentam de tamanho e coalescem formando manchas com tamanho e formato irregulares. Elas podem chegar a revestir quase toda a página inferior da folha e transpassarem para a superior também. Ocorre sempre associada à deficiência nutricional entre boro e potássio, proporcional à intensidade da deficiência. As adubações potássicas são suficientes para que o fungo desapareça.

A

B Figura 72 – Sintomas de infestação da Cladosporium musae no fruto (A) e de C. musae no limbo da folha de bananeira (B). Fotos: Raul Soares Moreira e Edson Shigueaki Nomura

1.6. Ferrugem (Uromyces musae P. Henn) Ocorre geralmente nas páginas superiores das folhas da bananeira, quando cultivada em áreas com muita umidade noturna, pouca luminosidade (menos de 1.000 lux) e principalmente em locais onde ocorrem grandes quedas de temperatura noturna, com oscilações da ordem de 10°C a 15°C. • Sintomas – apresentam-se, inicialmente, como manchas escuras achocolatadas, em forma de salpicos, que se unem aos demais causando a expansão de seu tamanho (Figura 73). Seus prejuízos são, em geral, desprezíveis. 117


Figura 73 – Sintomas de infestação da ferrugem no limbo da folha de bananeira. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

2. Viroses 2.1. Viroses presentes no Brasil a) Mosaico-da-bananeira (Cucumber mosaic virus – CMV) – é o vírus mais comum da bananeira; ocorre nas cultivares comerciais dos subgrupos Cavendish (Nanica), Prata e Terra, geralmente em plantações mais jovens. O CMV possui grande número de estirpes e é um vírus cosmopolita, ou seja, infecta grande número de plantas hospedeiras (cerca de 900), pertencentes principalmente às famílias da Asteraceae, Cucurbitaceae, Solanaceae, Passifloraceae e Musaceae. O vírus é transmitido mecanicamente, por uma ampla gama de afídeos vetores, dentre eles o Aphis gossypii, de modo não persistente. A presença da CMV nas regiões produtoras de banana é elevada, porém seus prejuízos não são perceptíveis, pois em geral, a carga de vírus por planta é pequena e se mantém em estado latente. • Sintomas – manifestam-se como estrias amarelas na forma de mosaicos, que se iniciam na nervura principal e se desenvolvem paralelas às nervuras secundárias nas folhas mais velhas. Os sintomas podem evoluir para estrias necróticas nas folhas, com redução do limbo foliar dando-lhes uma aparência atrofiada e lanceolada (Figura 74). 118


Figura 74 – Sintomas de infestação da Cucumber mosaic virus (CMV – A) em bananeira. Fotos: José Carlos de Mendonça

As plantas podem apresentar nanismo e necrose do cartucho central. O vírus pode ser transmitido entre as plantas dentro da mesma touceira, por meio da ligação que existe entre os rizomas. As plantas infectadas podem produzir brotações de filhos com ausência dos sintomas do vírus. O vírus causa intumescimento, redução do tamanho e estrias amareladas ou necrose interna dos frutos. Os prejuízos causados pelos vírus normalmente são menores nos períodos de temperaturas mais baixas, quando eles passam por um estado de quase hibernação. No verão (temperaturas mais elevadas), quando as bananeiras estão em pleno vigor vegetativo, o vírus se torna mais agressivo, devido à maior replicação viral, evidenciando os sintomas típicos da doença, que são as estrias amareladas na forma de mosaico e redução do limbo foliar. • Medidas de controle – recomenda-se a utilização de material propagativo sadio de boa procedência; inspeções periódicas; erradicação de todas as plantas com sintomas de mosaico; controle químico dos afídeos vetores e eliminação de plantas hospedeiras que abrigam os afídeos vetores, como a Commelinea spp., Phisalis spp., Ricinus comunis, Cucumis spp., Crotalaria spp., entre outras. 119


b) Estrias-da-bananeira (Banana streak virus – BSV) – este vírus é disseminado principalmente por material propagativo ou por mudas provenientes de cultura de tecidos ou pedaços de rizoma, pois apesar de as plantas matrizes serem indexadas, o vírus pode estar incorporado ao genoma da bananeira, como ocorre na cultivar Mysore. O vírus também pode ser transmitido pela cochonilha-dos-citros (Planococcus citri) de forma não persistente, porém não é transmitido mecanicamente em condições de campo, por ferramentas empregadas nos tratos culturais. • Sintomas – manifestam-se como estrias amareladas em faixas, ao longo do limbo foliar, paralelas às nervuras secundárias. Inicialmente, estes sintomas são confundidos com aqueles causados pelo mosaico-da-bananeira (CMV) ou pela sigatoka amarela. Porém, com o desenvolvimento da doença, as estrias tornam-se necróticas, de coloração marrom a negra, assemelhando-se aos sintomas causados pela sigatoka negra. • Medidas de controle – recomenda-se a utilização de mudas sadias, a fim de evitar a introdução da doença em áreas livres, eliminação de plantas com sintomas, controle do inseto vetor (cochonilha) e a eliminação de plantas hospedeiras do vetor. 2.2. Viroses ausentes no Brasil a) Mosaico-das-brácteas (Banana bract mosaic virus – BBrVM) O mosaico-das-brácteas está presente na Ásia e África, causando severos danos às bananeiras, com relatos de redução de 40% da produção nas Filipinas. Este vírus foi constado nas Américas em 2013, especificamente no Equador, representando uma séria ameaça, caso o Brasil venha a importar bananas do Equador. O vírus é transmitido de forma não persistente pelos afídeos Aphys gossypii e Pentalonia nigronervosa, mas sua transmissão tem sido mais eficiente por meio de material de propagação vegetativa. • Sintomas – manifestam-se com mosaico e estrias nas brácteas das inflorescências e nos pecíolos. Nos frutos, causa estrias, má-formação e diminuição do tamanho do cacho. • Medidas de controle – adoção de medidas quarentenárias para evitar a introdução da doença no país. b) Topo-em-leque (Banana bunchy top virus – BBTV) Esta virose está presente na África, Ásia, Austrália, Índia e nas ilhas do Pacífico; é ausente nas Américas. O pulgão Pentalonia nigronervosa é o vetor responsável pela disseminação desse vírus, mas a muda contaminada tem sido a forma mais eficiente de dispersão. Este vírus não é transmitido por meios mecânicos, como ferramentas. 120


• Sintomas – caracterizam-se pelo aparecimento de estrias verde-escuras no limbo foliar, no pecíolo, nas nervuras principal e secundária e nas bainhas externas e internas. O vírus provoca o “envassouramento” das folhas ou roseta foliar. As folhas se modificam, tornando-se curtas, fortemente onduladas e lanceoladas em posição ereta. Nas bordas das folhas, aparece uma estreita faixa amarelada que se torna necrosada, quando velha. As plantas reduzem o crescimento e se tornam diminutas. As plantas jovens morrem precocemente e não chegam a emitir a inflorescência. Se o ataque for mais tardio, as plantas produzem cachos sem valor comercial. Nas contaminações intermediárias, a inflorescência não consegue atravessar a roseta foliar, devido à sua debilidade e ao estrangulamento. A inflorescência pode se desenvolver no interior do pseudocaule ou ficar embutida dentro da roseta, porém com frutos incompletos. • Medidas de controle – adoção de medidas quarentenárias para evitar a introdução da doença no país. 3. Doenças vasculares 3.1. Murcha-de-Fusarium ou Fusariose-da-bananeira (Fusarium oxysporum f.sp. cubense [Schlecht] [Smith] Sndy & Hans) A murcha-de-fusarium é uma doença letal, cujo agente causal tem quatro raças conhecidas. As raças 1, 2 e 4 afetam bananeiras e a raça 3 as helicônias. A raça 1 (R1) afeta principalmente a cv. Gros Michel, mas também pode afetar outras cultivares de bananeira, como Maçã e Prata. A raça 2 (R2) foi identificada afetando determinadas cultivares de bananeiras do tipo Bluggoe (ABB), conhecida no Brasil como Banana-figo ou Banana-marmelo. No entanto a raça 4 tropical (R4T) é altamente agressiva e devastadora, afetando de maneira severa plantações de bananeiras do subgrupo Cavendish na Ásia, Austrália, no Oriente Médio e, mais recentemente, foi relatada na África (Moçambique) e na América do Sul (Colômbia). A R4T representa uma ameaça séria à produção de bananas e plátanos na América Latina e afetará desde a agricultura de subsistência até a de larga escala, ameaçando milhões de pequenos agricultores em todo o mundo, pois ataca a maioria das bananeiras cultivadas comercialmente. Estima-se que mais de 80% da produção mundial de bananas provêm de cultivares suscetíveis à R4T. O fusarium é um fungo habitante do solo e sua permanência é garantida pela presença de hospedeiros e pela sua capacidade de produzir estruturas de resistências, os chamados clamidósporos, os quais permanecem no solo por mais de 40 anos, na ausência de hospedeiros ou em hospedeiros alternativos. 121


A infecção inicial se dá pela entrada do fungo através de ferimentos nas raízes, que podem ser provocados por nematoides, insetos-broca ou toxidez de alumínio em solos ácidos (pH<5,0). O fungo invade os vasos do xilema e atinge o rizoma da planta, promovendo uma descoloração vascular dos tecidos da raiz, rizoma e pseudocaule. O inóculo do fungo pode ser proveniente de mudas, rizomas ou solos infestados, aderidos às ferramentas e/ou insetos ou dispersos pela água da chuva ou irrigação. No Brasil, a murcha-de-fusarium tem sido um sério problema em plantações de bananeira cultivadas por pequenos produtores, principalmente nas cultivares Maçã e Prata. Contudo, em plantas cultivadas em solos onde a relação potássio/magnésio se mantém próxima de 10, a incidência da doença é quase nula. Os solos ácidos com desequilíbrio nutricional de N, Ca, Mg e Zn; baixo teor de matéria orgânica; parasitismo de nematoides e insetos-broca; longo período de estiagem ou de excesso de água no solo aumentam a incidência da murcha-de-fusarium até mesmo em cultivares resistentes do tipo Nanica ou Cavendish. • Sintomas externos – são caracterizados pela murcha, amarelecimento brilhante e progressivo, necrose e morte, primeiro, das folhas mais velhas e depois das folhas mais novas da planta. Esse sintoma começa pelas bordas do limbo foliar em direção à nervura principal, se assemelhando aos sintomas de deficiência nutricional, principalmente de potássio, sob as condições frias ou secas. Os sintomas podem incluir várias faixas listradas de cor amarela, com largura de 2cm a 4cm, ligando a nervura principal às bordas da folha afetada. O amarelecimento progride com a murcha vascular até a quebra do pecíolo, junto ao pseudocaule, conferindo a aparência de um guarda-chuva fechado (Figura 75A). Além disso, pode-se observar o estreitamento do limbo nas folhas mais novas, o engrossamento das nervuras secundárias, a redução e distorção do limbo foliar em folhas novas e, às vezes, a necrose da folha-vela ou cartucho. Nos estádios mais avançados da doença verificam-se rachaduras verticais e longitudinais ao longo do no pseudocaule, que podem atingir até quatro bainhas internas, a partir de 10cm a 20cm do colo da planta (Figura 75B). Isto é uma consequência da paralisação do crescimento das bainhas externas, enquanto as internas continuam a crescer. Esses sintomas são mais comuns em plantas adultas, mas podem ser encontrados em plantas jovens. Entretanto muitas plantas infectadas podem produzir cachos antes da 122


morte da touceira. Nenhum sintoma direto tem sido observado em frutos, apenas a paralisação do desenvolvimento dos cachos e os processos de desidratação e apodrecimento dos frutos. Embora a murcha-de-fusarium possa ser confundida com o moko da bananeira, a fusariose atinge plantas a partir dos três ou quatro meses de idade, não é sistêmica, ou seja, não atinge diretamente os frutos, e a folha-vela é a última a ser afetada pelos sintomas da doença. • Sintomas internos – cortes transversais e longitudinais do pseudocaule de plantas doentes exibem áreas necrosadas de coloração avermelhada nas bainhas mais externas, enquanto a bainha central da folha-vela mantém-se saudável e de coloração normal. Ao aprofundar os cortes, atinge-se o rizoma ou caule subterrâneo, onde são observadas numerosas pontuações de coloração arroxeada, que correspondem às necroses dos vasos condutores de seiva (Figura 75C). No rizoma, a descoloração é mais pronunciada na área com densa vascularização (Figura 75D), podendo se observar que a planta-mãe contamina a planta-filha, devido à troca de seiva que ocorre entre elas. A necrose dos vasos condutores de seiva compromete o transporte de água e nutrientes das raízes para a parte aérea da planta, resultando em murcha, amarelecimento e morte da planta. • Disseminação – o fungo, que é um habitante do solo, penetra pelas raízes, colonizando-as até chegar aos vasos condutores de seiva, no rizoma e, assim, atinge o pseudocaule. Todo o inóculo do fungo é produzido nos tecidos internos do rizoma e do pseudocaule, sendo exteriorizado apenas com a morte da planta. Portanto, o inóculo inicial do fungo encontra-se no solo, na forma de estrutura de resistência, sendo denominados clamidósporos, produzidos abundantemente em plantas doentes. Após a morte da planta-mãe, o fungo passa para a planta-filha e, assim, sucessivamente. A dispersão do inóculo parte da planta infectada para as demais plantas sadias da touceira e para touceira mais próxima, formam as reboleiras e, assim, alastram-se rapidamente por toda a plantação. Estando no solo, o fungo consegue penetrar na planta pelas raízes ou pelos rizomas, principalmente se eles sofrerem ferimentos provocados pelo uso de grade, enxada rotativa ou capina muito profunda. As lesões provocadas pelo ataque de broca e/ou nematoides também abrem caminho para a penetração do fungo. O plantio de mudas provenientes de plantas doentes, solo e água contaminada são os principais veículos de dispersão do fungo para outras áreas. 123


A B

C D Figura 75 – Sintomas de infestação da fusariose-da-bananeira (A e B); sintomas internos no pseudocaule da bananeira (C e D). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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• Medidas de controle - Controle Cultural: a) usar mudas ou pedaços de rizomas procedentes de bananais sadios ou, principalmente, mudas provenientes de cultura de tecidos, produzidas em laboratórios idôneos; b) efetuar, antes do plantio, uma limpeza das mudas brotadas ou dos rizomas, eliminando-se todas as raízes (foco de nematoides) e promovendo o descascamento do rizoma (escalpelamento), retirando-se todos os pontos escuros nele existentes (sintoma de ataque da broca); c) efetuar o tratamento químico das mudas escalpeladas com equipamento de proteção individual (EPI) completo, mediante receita agronômica, pois os produtos são altamente tóxicos; d) evitar o uso de grade, enxada rotativa ou ferramentas que promovam ferimentos ao sistema radicular da bananeira, abrindo caminho para a entrada do fungo; o controle de plantas daninhas deve ser realizado com herbicidas de contato, pós-emergentes, aplicados em jato dirigido; e) monitorar e controlar a broca-da-bananeira e os nematoides, mediante receita agronômica; f) evitar a retirada de mudas do bananal, pois os ferimentos provocados pelas ferramentas (enxadão, cavadeira etc.) são portas de entrada do fungo; g) as ferramentas de desbrota (“lurdinha”) ou de limpeza de folhas (facão) devem ser desinfestadas com solução de formol ou hipoclorito de sódio, para evitar a transmissão da doença de uma planta infectada para outra sadia; h) as adubações periódicas devem ser efetuadas de acordo com os resultados da análise de solo, pois bananeiras bem nutridas apresentam menor possibilidade de serem atacadas pelo fungo e o desequilíbrio nutricional entre K/Ca favorece o aparecimento da doença; i) solos com baixos teores de matéria orgânica e de cálcio apresentam maiores possibilidades do aparecimento da doença, bem como solos ácidos com pH inferior a cinco, que aumentam a solubilidade do alumínio tóxico as raízes; j) na adubação, não descuidar dos micronutrientes, como o boro e, principalmente, o zinco, que aumentam a resistência da planta ao ataque do fungo; k) evitar o trânsito de veículos e pessoas estranhas dentro do bananal, pois são agentes de disseminação da doença; l) efetuar o plantio em curvas de nível e adotar técnicas de controle à erosão, pois o escorrimento de água dentro do bananal pode transportar a doença de um local para outro; 125


m) evitar solos com más condições de drenagem, que favorecem o apodrecimento das raízes. - Controle genético – o uso de cultivares resistentes é a melhor medida de controle da doença. As boas fontes de resistência às raças 1 e 2 são encontradas no subgrupo Cavendish (Musa AAA), Myssore (Musa AAB), Banana-da-terra (Musa AAB) e Plátanos (Musa ABB), enquanto para a raça R4T, todas as cultivares comerciais são altamente suscetíveis. - Controle químico – não há possibilidade viável economicamente de controle químico. 3.2. Moko ou Murcha-bacteriana (Ralstonia solanacearum – Smith) Esta é uma doença bacteriana vascular e sistêmica, que atinge todos os órgãos da planta. No Brasil, esta doença ocorre na Região Norte, no Estado do Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul. No Estado de São Paulo, até a presente data, não foi constatada a presença dessa doença, devendo-se, pois, atentar para não permitir a entrada desse patógeno nas regiões produtoras. • Sintomas externos – em plantas jovens são frequentes os sintomas de malformação foliar, chegando à necrose da folha-vela antes das demais mostrarem quaisquer sintomas. Nas plantas adultas, os sintomas se manifestam, principalmente, por murcha, amarelecimento e necrose das folhas (Figura 76A). Nas plantas em produção, a bactéria pode penetrar pela inflorescência ou por outras vias e externar os sintomas nos frutos, pela malformação, pela rachadura, pelo amarelecimento precoce e irregular e, por fim, pela podridão seca e escurecimento total. • Sintomas internos – em plantas adultas, os sintomas se manifestam nos rizomas e são caracterizados pela coloração pardo-avermelhada dos feixes vasculares, dispersos por todo o rizoma, porém, na maioria das vezes, se concentram na parte central (Figura 76B). O corte horizontal na região central do rizoma exibe um anel de coloração marrom. Os feixes vasculares afetados são visualizados nas conexões entre o rizoma da planta-mãe e o rizoma das brotações laterais. Em cortes transversais no pseudocaule, observa-se a descoloração vascular, com presença de pontos escurecidos e, em cortes longitudinais, observam-se estrias escurecidas, em decorrência do apodrecimento das bainhas. No caso do moko, as manchas são mais aquosas e de coloração amarelada, devido à presença do pus bacteriano, enquanto na murcha-de126


-fusarium, o tecido é mais seco, onde predomina uma cor mais escura e exala odor de cana-de-açúcar fermentada. Os sintomas do moko concentram-se nas bainhas mais centrais e no eixo floral. Cortes transversais e longitudinais do engaço exibem feixes vasculares avermelhados (Figura 76C), presentes também nas ráquis feminina e masculina. O fruto seccionado exibe podridão seca e escurecimento da polpa, típicos do moko (Figura 76D).

B A

C

D

Figura 76 – Sintomas externos da infestação do moko em bananeira (A); sintomas internos no pseudocaule, engaço e frutos de bananeira (B, C e D). Fotos: Luís Alberto Saes e Luiz Antônio de Campos Penteado

Para se certificar da presença da bactéria, faz-se o “teste do copo”, tomando-se uma fatia delgada, de aproximadamente 3cm de comprimento por 0,2cm de largura, de qualquer órgão afetado com estrias escurecidas, imergindo-a em um copo com água limpa por alguns minutos. Assim, podese observar a corrida de filetes densos e contínuos de coloração leitosa, que corresponde ao fluxo bacteriano. 127


- Disseminação – a bactéria pode ser transmitida por insetos, principalmente pela abelha arapuá, que coleta tecidos da casca da banana verde para construir suas colmeias. A contaminação pode também ocorrer por ferramentas, calçados, equipamentos, mudas e pelo transporte de tecido vegetal de bananeiras infestadas para áreas sadias. A transmissão de uma planta doente para outra sadia pode ocorrer facilmente, apenas pelo contato de suas raízes. Este é o motivo pelo qual as áreas enfermas são interditadas e é proibido o transporte de qualquer tipo de material vegetal contaminado com o moko. - Diferenças entre o moko e a murcha-de-fusarium a) Os sintomas do moko se manifestam em plantas de todos os estádios de desenvolvimento, enquanto que a murcha-de-fusarium geralmente ocorre em plantas acima do quarto mês de idade; b) No pseudocaule, os sintomas do moko se iniciam nas bainhas centrais e evoluem para as bainhas periféricas, enquanto que na murcha-de-fusarium é o oposto. Por isso, no moko, os sintomas de murcha, amarelecimento e necrose ocorrem nas folhas mais jovens e na murcha-de-fusarium nas folhas mais velhas; c) Somente o moko apresenta frutos com polpa enegrecida e seca; d) Somente na murcha-de-fusarium ocorrem rachaduras longitudinais, próximas à base das bainhas mais externas, devido à colonização pelo fungo concentrar-se nessa região e paralisar o crescimento das bainhas mais externas, enquanto as bainhas centrais continuam a se desenvolver. 3.3. Podridão mole (Pectobacterium carotovorum subsp. Carotovorum) (Erwinia carotovora subsp. carotovora). Os tecidos do rizoma e do pseudocaule podem ser afetados pela podridão mole causada por esta bactéria. A podridão do rizoma pode ocorrer logo após o plantio de mudas de touceira ou pedaços de rizoma, exceto em mudas provenientes de cultura de tecidos, podendo ser confundido com o moko ou com a murcha-de-fusarium. • Sintomas – na planta, ocorre murcha e amarelecimento das folhas, podendo ocorrer a quebra da folha no meio do limbo ou junto ao pseudocaule (Figura 77A). Na base das bainhas mais externas aparece uma descoloração típica da infecção por esta bactéria, exibindo exsudação de uma goma que exala forte e desagradável cheiro de fermentação (Figura 77B). 128


Cortes transversais do pseudocaule de plantas doentes exibem tecidos de coloração pardo-avermelhada (Figura 77B), característica da infecção, que lembra o início do apodrecimento desse órgão, com liberação de grande quantidade de material líquido fétido. Entretanto nas bainhas das folhas a coloração continua clara, como se nada estivesse havendo de anormal. Os sintomas são típicos em plantas adultas, mas tendem a ocorrer com maior severidade em plantas jovens cultivadas em solos infestados, devido à presença de ferimentos gerados pela limpeza das mudas. Ocorre, geralmente, em bananeiras cultivadas em solos mal drenados, rasos ou compactados, que acumulam água da chuva ou irrigação.

A

B

Figura 77 – Sintomas da infestação da podridão mole em bananeira (A); sintomas internos no pseudocaule (B). Fotos: Luiz Antônio de Campos Penteado e Edson Shigueaki Nomura

4. Doenças nos frutos 4.1. Antracnose (Colletotrichum musae (Berk & M.A. Curtis) Arx.) Esta doença provoca de pequenas a grandes lesões negras na casca dos frutos de banana. O fungo deixa as bananas, quando bem maduras, com o aspecto de “pintadinhas”, que tanto os brasileiros gostam de ver, quando vão consumi-las, as quais se confundem com sintomas decorrentes da senescência natural dos frutos. A contaminação ocorre espontaneamente no campo. 129


• Sintomas – as lesões (pintinhas) aparecem apenas na casca do fruto (Figura 78), não atingindo a polpa. Elas se desenvolvem mais rapidamente quando a banana é mantida em condições de alta umidade e temperatura ou quando o ponto ótimo de maturação é ultrapassado.

Figura 78 – Sintoma da infestação da antracnose na banana. Foto: Edson Shigueaki Nomura

4.2. Lesão de johnston (Magnaporthe grisea [Cooke] Sacc. [fase sexuada ou perfeita] Pyricularia grisea [Hebert] Barr. [fase assexuada ou imperfeita]) A doença foi primeiramente descrita na América Central e no Brasil em 1932, sendo as cultivares do subgrupo Cavendish as mais suscetíveis do que a Gros Michel e Terra. A fase sexuada ou perfeita do fungo é raramente encontrada. O parasitismo se inicia nos frutos ainda verdes, em plantios adensados, principalmente em locais com alta pluviosidade e temperatura. A maior fonte de inoculo provém das folhas velhas, folhas de transição e brácteas florais. • Sintomas – lesões circulares e deprimidas aparecem nos frutos em précolheita e pós-colheita, próximo à colheita dos cachos. O centro da lesão é deprimido e de cor marrom, circundado por uma zona marrom-avermelhada com bordas esverdeadas e aspecto encharcado (Figura 79). A lesão é limitada às cascas dos frutos, não atingindo a polpa. A doença é mais 130


frequente nos frutos mais externos que nos internos do cacho e mais severa nas pencas proximais (primeiras) que nas distais (últimas). As lesões aumentam em número e tamanho, durante o amadurecimento dos frutos. As lesões podem ocorrer no pedicelo e na coroa dos frutos e, em casos mais severos, pode provocar a queda dos frutos e falha na penca afetada, um sério defeito de qualidade. As lesões podem se desenvolver em folhas de plantas jovens e em brácteas em transição no cacho. Essas lesões são mais rasas, menos deprimidas e maiores do que nos frutos.

Figura 79 – Sintoma da infestação da lesão de johnston na banana. Foto: Edson Shigueaki Nomura

4.3. Podridão do engaço (Thielaviopsis paradoxa, Botryodiplodia theobrome, Gloesporium musarum e Colletotrichum musae) Estes fungos geralmente se desenvolvem nos tecidos fibrosos do cacho, quando se elimina o “coração”, visando acelerar o desenvolvimento e aumentar o comprimento dos frutos. É uma infecção que se instala a partir da ponta da ráquis do cacho (Figura 80). Algumas vezes ela invade o engaço, podendo atingir a almofada das últimas pencas dos frutos e seguir para os pedúnculos dos frutos. É vista mais comumente, durante os processos de maturação e transporte. 131


Figura 80 – Sintoma da infestação da podridão do engaço. Foto: Raul Soares Moreira

4.4. Podridão da coroa (Cephalosporium sp., Fusarium spp., Colletotrichum musae, Deighthtoniella torulosa e Thielanopsis paradoxa) A doença é causada por um complexo de fungos oportunistas, que penetram através dos ferimentos deixados pelo despencamento. O estabelecimento desses fungos provoca necrose e escurecimento do tecido, seguido do aparecimento de sinais típicos do fungo na superfície afetada. Os primeiros sintomas normalmente aparecem aos sete dias após a inoculação ou exposição, espalhando-se rapidamente durante a maturação, que passam para a almofada e pedicelo e, muitas vezes, para os próprios frutos, tornando-os imprestáveis para o consumo (Figura 81).

Figura 81 – Sintoma da infestação da podridão da coroa. Foto: Edson Shigueaki Nomura

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4.5. Pirulito-preto (Trachysphaera fructigena) Essa doença se desenvolve no pistilo, antes do seu secamento, posteriormente invade o fruto causando um escurecimento na região interlocular, porém não ultrapassam os primeiros dois centímetros. Quando a banana está madura, esse pequeno “pirulito preto” que se forma, torna-se rígido e, normalmente, ao comê-la, ele se desprende da polpa, ficando aderente à região pistilar da casca (Figura 82). Sua ocorrência nos bananais paulistas é constatada o ano inteiro, em quase todas as bananas colhidas. Entretanto, no Brasil, os produtores e consumidores não tomam conhecimento desta enfermidade. Na produção de banana-passa, a região afetada pelo fungo tem que ser eliminada antes do início do processo de desidratação da fruta.

Figura 82 – Sintomas da infestação do pirulito-preto na banana. Foto: Raul Soares Moreira

4.6. Ponta-de-charuto (Verticillium theobromae, Fusarium roseum e Trachysphaera fructigena) Esta enfermidade é causada por um complexo de fungos, que atuam isolada ou simultaneamente nos frutos. A enfermidade se instala na região pistilar do fruto, por ocasião do início de seu desenvolvimento, e cresce envolvendo a casca e a polpa da banana. O aspecto da banana lembra as cinzas que se formam na ponta de um charuto (Figura 83). Sua baixa incidência não justifica fazer tratamentos, mas sua ocorrência é maior em bananas dos cultivares do subgrupo Terra. 133


Figura 83 – Sintomas da infestação da ponta-de-charuto na banana. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

4.7. Mancha-diamante (Cercospora hayi e Fusarium spp) Esta doença é causada por fungos manchadores de frutos, que levam à perda de valor comercial, devido aos defeitos e a má aparência na casca, mas não afetam a qualidade da polpa. Os sintomas são caracterizados por lesões de coloração preta em forma de losango, deprimidas no centro, medindo de 1-3,5cm de comprimento por 0,5-1,5cm de largura (Figura 84). Manchas pequenas raramente se estendem além da casca, porém as maiores podem atingir a polpa. Na fase intermediária do seu desenvolvimento as manchas podem ser confundidas com a lesão de Johnston.

Figura 84 – Sintomas da infestação da mancha-diamante na banana. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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MONITORAMENTO DA SIGATOKA E CONTROLE QUÍMICO Dr. Wilson da Silva Moraes Fitopatologista – Superintendência Federal da Agricultura no Estado de São Paulo (SFA-SP/MAPA) wilson_moraes@uol.com.br Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br

A sigatoka negra, causada pelo fungo M. fijiensis, é a mais severa e destrutiva doença foliar da bananeira em todas as áreas produtoras do mundo. A doença começa nas folhas mais novas da planta e evolui para as mais velhas, provocando sintomas típicos, como estrias marrons e manchas negras e necróticas, que reduzem os tecidos fotossintetizantes e, consequentemente, a qualidade e a quantidade da produção de frutos. Portanto, o maior desafio do bananicultor é manter o número de folhas funcionais, igual ou maior do que o número de pencas no cacho, no momento da emissão da inflorescência, para se assegurar da produção de cada safra. O manejo da doença requer conhecimentos sobre a planta, o fungo, as condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento e sobre a doença resultante dessa interação. Assim, o manejo deve integrar medidas que incluem o uso de cultivares resistentes, práticas culturais (adubação equilibrada, drenagem, desfolha sanitária, erradicação de bananais abandonados, controle de brocas e nematoides, densidade de plantio etc.) e o controle químico com base no monitoramento semanal da severidade da doença. As cultivares resistentes são as mais importantes ferramentas para se conviver de forma sustentável com a doença, porém carecem de aceitação pelo mercado consumidor, que prefere cultivares do subgrupo Cavendish (AAA) e dos subgrupos Prata e Maçã (AAB), consideradas altamente suscetíveis à doença. Para essas cultivares torna-se inevitável o uso de fungicidas sistêmicos e protetores, porém de forma racional, pois no Equador já se fazem de 20 a 40; na Costa Rica, de 52 a 66; enquanto no Brasil, de oito a 12 aplicações anuais de fungicidas. 135


O controle químico requer a construção prévia da curva de progresso da doença com base na quantidade de chuvas acumuladas mensalmente em cada região produtora, a qual está altamente correlacionada com a severidade da doença. Assim, a severidade da doença depende das condições climáticas predominantes nas diferentes áreas de cultivo. Em regiões ou meses do ano mais quentes e chuvosos tende a ser maior, enquanto nas regiões ou meses mais frios e menos chuvosos (secos), a severidade tende a ser menor. Assim sendo, um sistema de previsão bioclimático torna-se uma ferramenta indispensável para se conhecer a severidade da doença em diferentes áreas de produção ou estações do ano e indicar o momento correto da aplicação de fungicidas, bem como o intervalo de aplicação e o grupo químico dos fungicidas mais apropriados para cada época do ano. O monitoramento da severidade da sigatoka-negra tem sido realizado pelo método de Estado da Evolução (EE), baseado no sistema de pré-aviso biológico desenvolvido por Ganry & Meyer (1972), para avaliar a severidade da sigatoka-amarela e, em 1988, foi adaptado por Fouré para estimar semanalmente da sigatoka-negra.

Figura 85 – Planilha eletrônica em formato MS-Excel desenvolvida por Moraes et al. (2011), com base no método do Estado da Evolução (EE), para estimar a severidade da sigatoka negra na cultura da banana.

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Este método considera o ritmo de emissão foliar semanal (REF) e os estádios precoces do desenvolvimento dos sintomas (1. Ponto; 2. Traço; e 3. Estria) presentes na segunda (II), terceira (III) e quarta folha (IV), a partir da “vela”, em 10 plantas amostradas em até 50 hectares (Figura 87). O estado da evolução da severidade é definido pela equação: EE = SEV x REFx; onde SEV é severidade semanal da doença e REFx, o ritmo de emissão foliar ponderado entre o ritmo de emissão foliar da semana passada (REFp) e a atual (REFa). Ademais, a posição da folha mais jovem com sintoma de estrias e a posição da folha mais jovem com sintoma de mancha-negra também são usadas para avaliar o grau de severidade da doença, a resistência de cultivares e o nível de controle da doença (BUREAU, 2004). Os estádios precoces (1. Ponto; 2. Traço; e 3. Estria) são de coloração marrom-café e podem ser observados na superfície inferior das folhas mais novas, enquanto os estádios tardios (4. mancha negra; 5. mancha com halo amarelo; e 6. mancha necrótica), na superfície superior das folhas mais velhas. O estádio 1 foi redefinido com variações que vão desde uma minúscula despigmentação ou descoloração até a formação de pontos circulares de coloração marrom-café, limitados entre duas nervuras terciárias, que podem ser visualizados na extremidade direita e inferior das folhas mais novas da planta, apenas com lentes de aumento (10 a 20x). O momento correto da aplicação de fungicida é definido pelo segundo aumento consecutivo da severidade da doença, principalmente se ocorreram chuvas há uma ou duas semanas. Porém, em região de ocorrência da sigatoka-amarela, sigatoka-negra ou de ambas as doenças, sugere-se adotar o Nível de Dano Econômico (NDE) para auxiliar na tomada de decisão. Assim, adota-se o limite de 2.000 pontos para a sigatoka-amarela e de 1.000 pontos para a sigatoka-negra. Em regiões onde o controle químico é realizado por via aérea, o produtor tem sido obrigado a entrar numa fila de espera, mas os sintomas da doença não param e avançam rapidamente entre uma semana e outra. Nesse caso, recomenda-se aumentar o rigor e adotar o NDE de 500 pontos (Figura 86). Importante salientar que existe uma planilha própria para o monitoramento da sigatoka-negra e outra para a sigatoka-amarela, as quais consideram os sintomas típicos de cada doença e a quantidade dos sintomas observados nas folhas mais novas da planta. Caso a quantidade da doença ou severidade ou pontuação obtida na semana de leitura mantiver-se abaixo do nível de dano econômico (NDE) indica que não se faz necessária à aplicação de fungicidas naquela semana e, assim, sucessivamente. 137


Figura 86 – Curva de progresso da sigatoka-negra em bananeira Nanica Grande Naine na região do Vale do Ribeira (SP). As linhas pontilhadas indicam o Nível de Dano Econômico (NDE) a ser adotado para o controle químico da sigatoka-amarela (cor laranja) e sigatoka-negra (cor preta e vermelha).

Os fungicidas evitam o avanço dos estádios iniciais (infecção localizada) para os estádios mais avançados (infecção generalizada), como traços e estrias e, destes, para manchas negras. Os fungicidas sistêmicos são mais eficientes sobre os estádios precoces e menos eficientes sobre os estádios mais avançados, quando se observa a morte do tecido foliar. Neste caso, a cirurgia ou eliminação de parte ou da folha afetada, passa a ser a medida a ser adotada. A utilização de óleo mineral em emulsão fungicida (50%) auxilia na formação de gotas menores, solubilização da cutícula cerosa da folha, adesão, penetração e na translocação do fungicida no interior do tecido foliar através da rota da transpiração. Contudo, deve o bananicultor atentar para as recomendações do Comitê de Ação contra a Resistência a Fungicidas (Frac), que estabelece alguns critérios que ajudam a reduzir os riscos do surgimento de populações de fungos resistentes, como: 1.o) aplicar fungicidas do grupo químico dos triazóis e estrobilurinas no período chuvoso com temperaturas elevadas, e fungicidas do grupo químicos do benzimidazóis e protetores no período menos chuvoso com baixas temperaturas; 2.o) alternar fungicidas de diferentes grupos químicos ou mecanismos de ação; 3.o) aplicar, até duas vezes seguidas, um fungicida sistêmico do mesmo grupo químico; 138


4.o) aplicar, até duas vezes ao ano, um fungicida do grupo químico dos benzimidazóis e nunca de forma consecutiva; 5.o) evitar a aplicação de subdosagens de fungicidas sistêmicos quando usado sozinho ou misturado; 6.o) aplicar, até oito vezes ao ano, fungicidas do grupo químico dos triazóis; 7.o) aplicar fungicida do grupo químico dos protetores, sozinho, pelo menos uma vez por ano, principalmente no período menos chuvoso ou seco com baixas temperaturas. Cabe ressaltar que, devido à tendência do desenvolvimento sustentável, empresas de defensivos agrícolas têm sido motivadas a registrarem novos produtos orgânicos ou biológicos para o controle da sigatoka-negra e sigatoka-amarela. Os produtos tendem a serem menos impactantes ao meio ambiente e possuírem ações que variam de fungicidas, fungistáticas, indutoras de resistências, nutricionais ou emulsificantes. Assim, já se encontram no mercado: biofungicidas (Bacillus subtilis), óleos essenciais (terpenos), extratos vegetais (enzimas e compostos fenólicos), óleos vegetais (mamona) e fertilizantes organominerais (d-limonene). 1. Equipamentos e desafios no controle da sigatoka • Equipamentos A tecnologia de aplicação de agrotóxicos consiste no emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com mínimo de contaminação de outras áreas. Portanto, para se garantir eficiência na aplicação de agrotóxicos, deve-se ter consciência de que conceitos relacionados à praga (identificação correta do alvo), ao produto (características do agrotóxico), à máquina (qualidade dos equipamentos), ao local e às condições ambientais no momento da aplicação, interagem para proporcionar o resultado da operação. Qualquer dos fatores que for desconsiderado, ou considerado erroneamente no momento da regulagem ou calibração do equipamento, pode ser o responsável direto pela ineficácia do controle. Atualmente, têm-se três diferentes processos para aplicação de defensivos agrícolas nos bananais do Vale do Ribeira. O mais antigo e tradicional utiliza pulverizadores pneumáticos costais, conhecidos como atomizadores costais motorizados (Figura 87A). Outro processo utiliza pulverizadores do 139


tipo canhão, acionados por tratores (Figura 87B), também conhecidos como “chirões”. Esses dois processos oferecem limitações operacionais, devido à topografia e às condições do solo no Vale do Ribeira, além de contribuirem para a insalubridade ocupacional da mão de obra. Os equipamentos mais adequados para o controle da sigatoka-amarela e sigatoka-negra são o avião, adaptado para uso agrícola como o Ipanema/ Embraer (Figura 87C), o helicóptero (Figura 87E) e mais recentemente iniciou a aplicação de fungicidas com o uso de drones não tripulados (Figura 87F). Essas aeronaves pulverizadoras podem ser adquiridas com dois ou quatro “microners” ou então com uma barra aplicadora, contendo um número variável de bicos (± 20) que possibilita, em ambos os casos, a cobertura de uma faixa de 25 a 35 metros de largura. A aplicação aérea, apesar dos custos elevados, corresponde à modalidade de aplicação menos impactante ao meio ambiente e à saúde do trabalhador, quando comparada às pulverizações terrestres (atomizador costal e tratorizado). Os aviões apresentam a vantagem de serem rápidos, com rendimento de aplicação de 5ha por minuto e eficientes. Para eles se tornarem operacionalmente mais econômicos, deve haver um campo de pouso, a uma distância máxima de 12 quilômetros do bananal. Os aviões e os helicópteros devem realizar as pulverizações até as 10 horas e se reiniciar a partir das 16 horas, uma vez que o produto cai sob impacto nas folhas, havendo poucas perdas provocadas por correntes de convecção e deriva. Para isso, deve-se respeitar a temperatura, a umidade relativa do ar e a velocidade do vento mais favorável para a aplicação. O ideal é que se façam pulverizações quando a temperatura estiver abaixo de 28°C, umidade relativa do ar maior que 55% e vento inferior a 10km/h e que não estejam ocorrendo inversões térmicas. Um dos fatores limitantes ao uso do avião é a condição da topografia. Em regiões acidentadas, a qualidade da pulverização não é boa, pois a altura do voo do avião tem que ser mais alta, além das turbulências aéreas que perturbam a deposição do produto. Nessa condição, os helicópteros são mais indicados para esses locais, porém o seu custo operacional é maior quando comparado com o avião. Todos os equipamentos (costal, tratorizados ou aérea) precisam ter um adequado sistema de agitação no depósito do produto, uma vez que a maioria dos fungicidas recomendados para a cultura, quando adicionados ao óleo mineral agrícola, não se misturam, formando uma suspensão que pode decantar no fundo do tanque, prejudicando a distribuição do produto. 140


A

B

C

D

E

F

Figura 87 – Tipos de equipamentos para o controle da sigatoka: atomizador costal motorizado (A); atomizador tratorizados ou “chirão” (B); avião (C/D); helicóptero (E); e drone (F). Fotos: Edson Shigueaki Nomura e Roberto Tokihiro Kobori

• Desafios Os fungicidas são os principais defensivos agrícolas usados no controle da mais severa e destrutiva doença foliar da bananeira, que é a sigatoka-negra, principalmente em se tratando de cultivares altamente suscetíveis, como as dos tipos Prata, Nanica e Maçã. A alternativa mais viável para evitar ou reduzir o uso de fungicidas é a utilização de cultivares resistentes, provenientes de melhoramento genético clássico, as quais são disponibilizadas pelo Centro Nacional de Pesquisa em Mandioca e Fruticultura (CNPMF) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 141


Apesar da disponibilidade de cultivares resistentes, a maioria delas carece de aceitação no mercado, principalmente por parte do consumidor final. Outra alternativa seria a adoção de cultivares transgênicas ou cisgênicas, que poderiam manter a mesma qualidade comestível das cultivares suscetíveis, garantir a qualidade e a quantidade da produção e, principalmente, sem a necessidade da utilização de fungicidas. Porém, esta alternativa esbarra na pressão da sociedade civil que, por precaução, teme pelos efeitos colaterais dos organismos geneticamente modificados. Esgotadas as possibilidades de adoção dessas medidas preventivas, não resta alternativa senão a utilização de medidas curativas, com base no uso de fungicidas para o controle dessa praga. Portanto, o uso de fungicidas é o que se tem para o momento, enquanto as empresas de defensivos agrícolas se ajustam à nova tendência do desenvolvimento sustentável e apresentam novos produtos, como os biofungicidas à base de agentes de controle biológico e os indutores de resistência em plantas. A aplicação aérea de fungicidas na cultura da banana, além e apesar dos custos elevados, corresponde à modalidade de aplicação mais econômica e menos impactante ao meio ambiente e à saúde do trabalhador, quando comparada às pulverizações terrestres, que são realizadas com auxílio do atomizador costal motorizado ou atomizador acoplado ao trator (“chirão”). As aplicações terrestres oferecem uma série de limitações, devido aos problemas de topografia, às condições de solo e à insalubridade operacional. A pulverização aérea na cultura da banana utiliza ultrabaixo volume, até 16L/ha de calda fungicida aplicada de cima para baixo, com rendimento de três até seis hectares por minuto e custo entre R$ 125 e R$ 150 por hectare. Essa modalidade de aplicação opera em estrutura física, pré-determinada por legislação do MAPA, centralizada em torno de uma pista de pouso para as aeronaves agrícolas, o que a torna mais fácil e mais frequentemente, submetida à rigorosa fiscalização pelos fiscais federais agropecuários do MAPA e fiscais agropecuários da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA) do Estado de São Paulo. Esta modalidade de aplicação requer a utilização de pessoal qualificado e/ou habilitado, tanto para o preparo de calda como para a aplicação do fungicida. Para tanto, durante o preparo de calda segue a sequência recomendada pelos fabricantes, a fim de se obterem caldas mais estáveis, que aumentam a eficiência da aplicação, bem como de aeronaves apropriadas para uso agrícola, como o avião tipo Ipanema, tipicamente brasileiro, produ142


zido pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Todo o resíduo de fungicidas, proveniente das lavagens diárias das aeronaves, é conduzido e destinado ao tratamento em tanque de descontaminação ou ozonizador, para desintegração das moléculas do fungicida, tornando-o atóxico e evitando a contaminação ambiental. Corrêa et al. (2004) avaliaram a eficiência da aplicação área de fungicidas em bananais comerciais do Vale do Ribeira (SP), pelo depósito da calda retida acima da cultura, na planta e no solo, na faixa total de aplicação. Para isso, foi utilizado um avião Ipanema modelo 201-A, equipado com quatro micronairs AU-3000, aplicando 13,8L/ha de emulsão do fungicida à base de propiconazole com óleo mineral e água. Três voos foram realizados em diferentes condições meteorológicas, sendo os depósitos da calda amostrados acima da cultura e no solo. Por diferença, obteve-se o depósito de calda retido pelas plantas, os quais foram analisados por espectrofotometria de absorção atômica. Os depósitos máximos obtidos acima da cultura nas faixas de aplicação para os três voos foram de 12,5 L/ha, 11,6 L/ha e 9,1L/ha, com gotas de diâmetro médio volumétrico de 181, 219 e 275 micrômetros, respectivamente. Os depósitos máximos obtidos sobre as plantas foram de 9,1 L/ha, 10,1L/ha e 7,1L/ha para o primeiro, segundo e terceiro vôos, respectivamente. Portanto, este estudo comprova que, em média, mais de 80% da calda aplicada atingiu efetivamente as folhas-alvos das plantas. Outra modalidade de aplicação de fungicidas usada no controle da sigatoka-negra na cultura da banana é por via terrestre, com auxílio de atomizador costal motorizado e de atomizador acoplado ao trator (canhão). Esses dois processos oferecem uma série de restrições, devido a problemas de topografia, às condições de solo e, principalmente, à insalubridade operacional. Essa modalidade de aplicação apresenta desvantagens em relação à aplicação aérea devido, principalmente, ao maior volume de calda aplicada, que varia de 20L/ha a 30L/ha, na cultura da banana, e de 1.000-2.000 L/ha, na cultura do citros. Para essa modalidade, o preparo da calda é realizado em nível de propriedade, pelo próprio produtor, à revelia das recomendações técnicas e da fiscalização dos órgãos de defesa fitossanitária. A exposição dos aplicadores é muito maior e a deposição do fungicida nas folhas-alvos (folhas mais jovens da planta) é comprometida, pela densidade de plantas, espaçadas de 2-2,5 por 2-3 metros, e por ser realizada de baixo para cima. O resíduo de fungicidas, proveniente das lavagens dos atomizadores e dos equipamentos de proteção 143


individual (EPI), quando usados, tem destino variável na propriedade, resultando em maior exposição do aplicador e maior contaminação ambiental. A extensão das áreas de cultivo de banana, aliada ao porte das plantas, topografia dos terrenos e às condições climáticas, predominantes na região do Vale do Ribeira (SP), fazem da aplicação aérea uma modalidade fundamental para o agronegócio regional, uma vez que há restrições quanto às medidas preventivas, anteriormente citadas, e às medidas curativas, por meio de aplicações terrestres, que são ineficientes e de maior impacto ambiental. Portanto, a aplicação aérea deve ser mantida, aprimorada, certificada, regulamentada e melhor fiscalizada em obediência às regras estabelecidas pelo MAPA. As empresas de aviação agrícola devem adotar as Boas Práticas de Aplicação (BPA) aérea, considerando, principalmente, as condições climáticas ideais no momento da aplicação. As condições ótimas devem apresentar variáveis como temperatura do ar inferior a 28°C, umidade relativa do ar superior a 55%, velocidade do vento entre 2km/h a 10km/h e, principalmente, a temperatura do ar a 12 metros inferior a temperatura do ar a dois metros. Temperatura elevada, superior a 28°C, e umidade relativa do ar baixa, inferior a 55%, promovem perdas por evaporação, enquanto velocidade do vento superior a 10km/h e a inversão térmica promovem perdas por deriva. Além disso, devem atentar para a ocorrência de inversão térmica, que ocorre quando há uma mudança abrupta de temperatura, devido à inversão das camadas de ar frias e quentes. A técnica de aplicação de defensivos agrícolas por via aérea tem sido aprimorada a cada ano, com o uso de aeronaves tripuladas, como aviões e helicópteros, mas também com o uso de veículos aéreos não tripulados (vant’s), como os drones. As aeronaves tripuladas contam com equipamentos sofisticados, como GPS, fluxômetro e quebra-vórtex, que tornam a técnica mais eficiente, precisa e segura. O próximo passo será o desenvolvimento dos bicos eletrostáticos, que carregam eletricamente as gotas e aumentam em 49 vezes a força de atração até o alvo principal (folhas). Desta forma, haverá maior redução da deriva, do desperdício e dos impactos ambientais.

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MANEJO DA COLHEITA E PÓS-COLHEITA Dr. Edson Shigueaki Nomura Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br Dr. Erval Rafael Damatto Junior Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – erval.damatto@sp.gov.br Roberto Tokihiro Kobori Engenheiro agrônomo e consultor técnico em bananicultura – nacional.krt.registro@hotmail.com

A banana está apta para a colheita quando os frutos se encontram fisiologicamente desenvolvidos, ou seja, quando atingem o estágio de desenvolvimento característico da cultivar. No entanto a banana não pode ser colhida madura, pois é muito sensível ao transporte. Por não se conservar por muito tempo, seu amadurecimento pós-colheita deve se processar em câmaras de climatização, onde é submetida à maturação com controle de temperatura, umidade e ventilação, conseguindo-se um produto final de melhor qualidade e uniformemente amadurecido, de maior valor comercial. Para determinar o ponto de colheita, deve-se levar em consideração a distância e a que mercado se destina a fruta. Considera-se de maneira generalizada que os frutos devam ser colhidos mais imaturos quanto mais distante estiver o mercado consumidor mas, de preferência, após atingir a maturidade fisiológica. Por sua vez, é a comercialização o canal que em seus vários níveis levará o produto até o consumidor e esse produto terá o seu valor baseado no estado em que se encontrar, quanto ao aspecto e à qualidade. É devido às condições precárias de colheita, transporte e embalagens das bananas, que a produção nacional sofre pesadas perdas. 1. Colheita O cacho pode ser colhido em diversos estágios de desenvolvimento, mas é preciso conhecer e levar em consideração certos aspectos morfológicos e fisiológicos, referente ao grau de corte e ou ponto de colheita. Em condições 145


tropicais, as bananeiras constituem uma cultura cuja produção se estende por quase todo ano. Os vários fatores que deveriam ser considerados em relação à colheita dos frutos antes da operação de colheita propriamente dita são: efetuar uma análise das condições ou aspectos físicos do fruto, principalmente em relação à distância do mercado consumidor; analisar se os aspectos físicos do fruto constituem um teste fiel para a colheita, pois definitivamente será melhor confiar na experiência do produtor que estará qualificado para julgar o momento mais preciso da colheita, por considerar as condições e os fatores próprios do seu terreno, bem como estará acostumado a apreciar a ação dos fatores climáticos reinantes. 1.1. Ponto de colheita – quando colher? A determinação do ponto de colheita é uma fase importante que precede o ato de retirar o cacho da planta e pode ser determinado por meio de vários métodos. a) Subjetivos a.1) Número de dias a partir da emergência da inflorescência (emissão do cacho); esse período é extremamente variável, dependendo do local, da cultivar, dos tratos culturais e das condições climáticas; pode ser de 13 a 22 semanas e, às vezes, mais que este período, dependendo das condições edafoclimáticas da região. a.2) Mudanças ou desaparecimento de angulosidade dos frutos (baseado no desenvolvimento do fruto), pois, de modo geral, dentre os parâmetros que se podem adotar para determinar o ponto de colheita da banana está o grau fisiológico de maturação do fruto, que se baseia na aparência e no diâmetro de frutos da segunda penca. Podem ser divididos em: • Magro – mais apropriado para mercados distantes (exportação), corresponde ao calibre 30mm; • 3/4 magro – apresentam quinas salientes e superfícies estreitas e planas nos lados da fruta, são mais apropriados para mercados distantes (exportação); apresentam 50% de rendimento de polpa; correspondem ao calibre 32mm; 146


• 3/4 normal – são as bananas de quinas ainda marcadas, com os lados mais largos e ligeiramente arredondadas; são mais apropriadas para mercados internos e de distância média; é o ponto mais praticado na atualidade; apresentam 60-70% de rendimento de polpa; correspondem ao calibre 34mm; • 3/4 gordo – não apresentam mais as quinas pronunciadas e já estão com as faces arredondadas; são apropriados somente para mercado interno e próximo; apresentam rendimento de polpa em torno de 70%; correspondem ao calibre 36mm; • Gordo – são as que não apresentam mais quinas e as faces atingiram o máximo desenvolvimento tornando-se redondas; o rendimento de polpa fica em torno de 70%; correspondem ao calibre 38mm. b) Objetivos b.1) Relação polpa/casca; b.2) Uso do calibrador – mede-se o diâmetro dos frutos localizados na porção mediana da segunda penca. Nas condições da região do Vale do Ribeira, adota-se medir na última penca, desde que esse cacho tenha sofrido o corte de coração e a retirada de duas últimas pencas e ou então na penúltima penca, ambas no fruto (dedo) da porção mediana da penca. No Brasil, os critérios da colheita dos cachos são geralmente os subjetivos. De modo geral, as bananas são colhidas com base em padrões visuais de desenvolvimento. A medição do diâmetro da fruta, para fins de colheita, é feita nas frutas situadas na segunda penca (países exportadores) a contar da inserção do engaço, ou seja, de cima para baixo. Na maioria das regiões produtoras no Brasil é feito na última ou penúltima, dependendo dos cuidados e tratos recebidos anteriormente. 1.2. Corte do cacho ou colheita - como colher? No processo da colheita propriamente dita, a primeira tarefa a ser observada é a remoção das escoras, quando for o caso, ou se toda a estrutura para o transporte da fruta até o galpão de embalamento (packing house) estiver providenciada, assim como, se for o caso, se o arreador (local onde serão depositados os cachos para embalamento) estiver forrado com folhas, no mínimo para poder ser processado o despencamento dos cachos e consequentemente ser realizado o embalamento. 147


Uma vez determinado o diâmetro da fruta e verificado estar dentro das medidas desejadas, executa-se a colheita do cacho, com auxílio de um facão (penado), retirando primeiro as folhas mais próximas da região do engaço que será cortado. No caso de produção de cachos pequenos e ou bananeiras de porte baixo, um só operador pode efetuar a colheita, primeiro fazendo-se um leve corte no pseudocaule (tronco) e posteriormente pegar na extremidade final do cacho e levantá-la, fazendo com que o pseudocaule da bananeira se dobre lentamente. Posteriormente, apoiar sobre a coxa o cacho a ser colhido e, em seguida, faz-se um corte no engaço na altura da roseta foliar, deixando a seguir cair levemente no chão, onde deverá estar previamente forrado com folhas da bananeira para evitar pequenos danos mecânicos e contato com o solo. Para as colheitas de cachos maiores e em bananeiras de porte mais alto, utilizam-se dois operários, onde um passa fazendo o reconhecimento dos cachos que serão colhidos e o outro normalmente é o transportador, que leva o cacho até o local de processamento e embalamento. O primeiro (cortador) faz um pequeno corte no pseudocaule para que comece a dobrar e arquear, fazendo com que o cacho comece a baixar suavemente (Figura 88A), enquanto o outro operário (carregador) segura na extremidade do cacho e apoia em seu ombro, previamente forrado com um protetor acolchoado (de espuma, tecidos, câmara de ar, “berço” etc.) (Figura 88B), para evitar danos às frutas e proteger o corpo do operário. Quando o cacho estiver devidamente acomodado no ombro do carregador, o cortador faz o corte do engaço e o carregador conduzirá o cacho ao local de embalamento.

B A Figura 88 – Sequência para a colheita do cacho de bananeira: corte do pseudocaule (A); cacho sobre um protetor acolchoado no ombro do transportador (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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a) Transporte interno O transporte do cacho, do bananal para o galpão de embalagem, deve ser feito de maneira a evitar qualquer tipo de atrito entre os cachos. Um ferimento, por menor que seja, provoca o escorrimento de seiva que posteriormente oxida e deixa o fruto manchado, perdendo muito em aparência, além de favorecer a penetração de fungos. Para evitar esse tipo de dano, antes do corte, revestir com um saco de polietileno ou envolver em uma almofada, para proteger desde o momento do corte. Na produção de baixa tecnologia, por não possuírem um galpão de embalagem, essa operação não existe, porque as frutas são embaladas no próprio bananal, em locais chamado de arreadores, que consiste em um local forrado com folhas e sombreado pela própria bananeira (Figura 89A). Neste local são realizados o despencamento e embalamento, posteriormente carregados diretamente para as carrocerias dos caminhões que transportam até o ponto de comercialização ou para as câmaras de climatização (local de maturação das frutas), isso quando as condições de acesso (estradas) o permitem. Existem ainda produções que são colhidas e transportadas em caminhões ou trator tracionando uma carreta, com empilhamento de cachos, e ao longo das áreas de produção, conduzindo os cachos até os galpões de embalamento (Figura 89B).

A

B Figura 89 – Transporte e embalamento das frutas: no próprio bananal (A); transporte na carreta (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura e Roberto Tokihiro Kobori

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No caso do transporte em caminhões ou trator com carreta, deverão ser observados os seguintes cuidados para se evitarem danos aos frutos: • não fazer empilhamento de cachos sem a devida proteção ou forração, além de fazer a proteção dos fundos e das guardas da carreta ou carroceria; • empilhar no máximo três camadas de cachos (ideal uma camada); • se forem usadas carretas com prateleiras ou cachos pendurados, deve-se tomar o cuidado de os cachos não encostarem uns nos outros; • as estradas ou carreadores internos deverão estar em bom estado de conservação. Para as áreas mais tecnificadas é possível o transporte dos cachos por meio de cabos aéreos, praticado na maioria dos países exportadores de banana no mundo. No Brasil, essa técnica está sendo implantada nas áreas novas e em regiões diferentes das tradicionais regiões produtoras brasileiras, como no caso do Nordeste do País, que está iniciando o cultivo de bananeiras praticamente com alto nível de tecnificação. O transporte de banana por meio de cabos aéreos é um dos sistemas mais sofisticados e somente utilizados nas grandes plantações de banana ou nas grandes organizações. Eles devem ser devidamente projetados e instalados junto com toda a infraestrutura na área que irá ser plantada. Este é o melhor sistema de transporte dos cachos de banana, pois causa menores injúrias nas frutas, no entanto se restringem às áreas com topografia quase plana. Apesar de ter um custo de instalação elevado, ele apresenta muitas vantagens: possibilita a construção de galpão de embalagem, no qual a fruta chega sem sofrer nenhum impacto de transporte; a colheita pode ser feita com maior rapidez, uma vez que os colhedores-transportadores não precisarão esperar pela chegada da carreta, pois eles terão apenas que pendurar os cachos nos cabos; a colheita pode ser feita mesmo com chuva, sem haver a preocupação de que os cachos fiquem sujos durante o seu transporte e ter atraso na chegada das carretas; os cachos ficam pendurados nos cabos aéreos, facilitando a eliminação dos restos florais, caso não tenha sido realizada anteriormente no campo; os cachos podem ser transportados para o galpão até mesmo à noite. Os cachos são pendurados por meio de uma corda a um gancho que contém um par de roldanas os quais deslizam sobre um cabo de aço, com diâmetro de 7/16 a 5/8 polegadas e fixado por meio de suportes em “U” invertido, a uma altura de 2,2m, para evitar o contato o solo. 150


No cabo de aço são inseridos vários ganchos, com as respectivas roldanas, onde são pendurados os cachos. Os ganchos são afastados uns dos outros por meio de vergalhões de madeira ou ferro, com comprimentos que variam de 80cm a 150cm e que os mantêm conectados entre si, formando filas com 50, 80 ou 100 cachos, dependendo do meio pelo qual eles são puxados, isto é, por humanos, tração animal ou trator (Figura 90).

Figura 90 – Transporte de cachos de banana em cabos aéreos. Fotos: Edson Shigueaki Nomura e Roberto Tokihiro Kobori

b) Despistilagem e despencamento Antes do despencamento deve-se realizar a despistilagem, ou seja, a eliminação dos restos de inflorescência que ficam aderidos na ponta dos frutos (Figura 91A), caso este procedimento não tenha sido realizado no campo. Os cachos colhidos devem ser protegidos dos raios solares por meio de folhas de bananeiras ou então deve-se realizar esta operação dentro do galpão. No galpão de manuseio, os cachos devem ser protegidos para que durante a operação de despencamento os frutos não sofram danos com as batidas, esmagamento, ferimento e escoriações que causem manchas. O despencamento é feito com o auxílio do despencador (Figura 91B). Pelo fato de o cacho ser constituído de várias pencas (variam de 10 a 12), que se formam com a abertura das brácteas do coração, ocorrendo em dias 151


consecutivos ou alternados, podem-se ter num mesmo cacho pencas com diferentes idades. Por exemplo, num cacho com 10 pencas a última penca formada será 10 a 15 dias mais jovem em relação à primeira, isso variando de acordo com as condições climáticas. Essa diferença de idade entre as pencas pode causar desuniformidade na maturação, numa mesma unidade de caixa ou lote. Para evitar este tipo de problema, faz-se a separação das pencas, por idade. Porém essa prática é pouco usada no Brasil; atualmente inicia-se um trabalho nesse sentido, fazendo-se a padronização pelo comprimento da polpa da fruta.

A

B Figura 91 – Despistilagem (A); despencamento (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

c) Lavagem e tratamento químico das pencas Esta prática é pouco utilizada no meio de produtores que comercializam para o mercado interno, porém é uma operação que apresenta várias vantagens e há forte tendência para que os produtores pratiquem e ofereçam aos mercados frutos de melhor qualidade.

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As frutas lavadas têm melhor aparência, pois são eliminados os restos florais que persistem após o desenvolvimento do cacho, assim como a seiva, que escorre ao longo das frutas após o despencamento. Além disso, a água de lavagem das frutas também pode servir como meio para tratamento químico contra os fungos que se desenvolvem na penca, como a antracnose, a ponta-de-charuto e a podridão-da-almofada. As pencas são colocadas em um tanque contendo água + detergente neutro e sulfato de alumínio (1.000 litros de água + 0,5 litro de detergente à base de dodecil benzeno sulfonato + 0,5kg de sulfato de alumínio (no verão) ou 0,2kg (no inverno), visando proceder à limpeza e à cicatrização do corte efetuado no despencamento. As pencas devem ficar nesse primeiro tanque por pelo menos 10 minutos, objetivando promover a limpeza da seiva que escorre ao longo da fruta após o despencamento e efetuar o pré-resfriamento da fruta (Figura 92A). Após essa operação, as pencas devem passar para um segundo tanque. Entre o primeiro e o segundo tanque deve ser colocada uma mesa ou um anteparo forrado com espuma grossa (Figura 92B), para que se efetue a seleção de pencas, eliminando-se frutos defeituosos, batidos, fora do padrão etc., assim como o excesso de almofada das pencas. Nesse momento, podese também efetuar a abertura das pencas em buquês, ou seja, pequenas pencas com cinco a sete frutos, com excelente qualidade e preços compatíveis com as chamadas frutas nobres (Figura 92B). Efetuada essa seleção, visando à qualidade, as pencas ou buquês seguem para o segundo tanque que deverá ter água + sulfato de alumínio, nas dosagens recomendadas. Após essa segunda lavagem, as pencas ou buquês devem ser colocados em uma mesa com espuma, para retirada do excesso de água; em seguida, procede-se à pesagem das frutas na quantidade necessária para as embalagens e o acondicionamento em caixas de madeira (torito), de papelão ou de plástico (Figura 92C). Assim, é imprescindível que haja conscientização e controle para que os compradores acondicionem as frutas de forma correta, utilizando a real capacidade das embalagens (Figura 92D), em paletes (Figura 92E), de forma que não estraguem o produto e prejudiquem todo o trabalho realizado, ou seja, desde o cultivo até a colheita, realizada de forma adequada. 153


A B

C

D

E Figura 92 – Sequência na lavagem e tratamento das frutas: tanque de lavagens (A); divisão da penca em buquês (B); Separação das frutas em bandejas para embalamento (C); frutas devidamente embaladas em caixas de papelão (D); paletização das caixas (E). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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d) Climatização Hoje, tem-se incentivado, nas áreas de bananicultura do Estado, a prática de tratamentos pós-colheita, com manuseio de frutos em casas de embalagem, como forma de melhorar a qualidade final do produto. Além disso, há que se pensar em um trabalho de marketing, salientando as propriedades da banana como alimento, com o objetivo de se estimular seu consumo. A banana para o mercado in natura deve apresentar padrão de qualidade e amadurecimento uniforme e, sendo uma fruta climatérica, ela pode ser colhida ainda verde, contudo o amadurecimento das pencas no cacho é desuniforme se o processo se der de forma natural, devido às diferentes idades de formação das pencas no cacho. Para resolver esse problema de desuniformidade de amadurecimento dos frutos, utiliza-se o processo de climatização. Ela visa proporcionar o amadurecimento das bananas mais uniformemente, sob temperatura, umidade relativa do ar e concentração de gases (CO2 e O2) controlados por meio de aparelhos e procedimentos específicos, ocorrendo aplicações pré-determinadas de etileno, um hormônio indutor do amadurecimento. Após a colheita, o processo fisiológico da maturação é acompanhado de diversas transformações físicas e químicas, que influenciam a qualidade final da fruta, sendo que essas alterações caracterizam-se pela mudança de cor e sabor da fruta, em virtude do aumento de açúcares e pela transformação do amido em glicose, frutose ou sacarose. Na fase de amadurecimento dos frutos, têm-se aumento nos teores de açúcares, ácidos simples e orgânicos (predominando o ácido málico) e diminuição de compostos fenólicos. Isso implica na redução na adstringência e aumento da acidez, além de promover a liberação de substâncias voláteis, fatores responsáveis pelo sabor, que são características fundamentais para a aceitação da fruta pelos consumidores. O etileno é considerado o hormônio natural do amadurecimento das frutas e o aumento na sua biossíntese, até concentrações que estimulam o processo, é o evento que marca a transição entre as fases de crescimento e senescência no fruto. Portanto, a aplicação de etileno exógeno na fase pré-climatérica da fruta desencadeia o seu processo de amadurecimento, podendo ser rápido, normal ou lento, dependendo das condições utilizadas na câmara (temperatura), do estádio de maturação da fruta e da própria cultivar. Nas cultivares de bananas do tipo Nanica (subgrupos Cavendish e Gros Michel), a capacidade da produção endógena de etileno e a sua sensibilidade para este hormônio é menor em relação aos das bananas do tipo Prata. 155


Na climatização da banana são utilizados diversos produtos comerciais e o carbeto de cálcio (CaC2). Atualmente, o produto mais utilizado nas câmaras de climatização (Figura 93) é o concentrado comercial constituído por 96% de álcool e 4% de etileno, sendo necessária a utilização de um gerador para volatizar o líquido e liberar o gás etileno. A quantidade necessária de etileno varia de acordo com o tipo e cultivar de banana, sendo necessário em média período total de 36 horas de exposição ao gás para as cultivares de banana do tipo Prata e 60 horas para as cultivares de banana tipo Nanica, na temperatura de 18°C ±1 e umidade relativa do ar variando entre 80% a 95%. Durante o processo de climatização, é necessário realizar a troca de ar dentro da câmara, com a abertura da porta de 12 em 12 horas durante 15 minutos e, posteriormente, recarga do produto, a fim de proporcionar o amadurecimento dos frutos.

Figura 93 – Câmara de climatização. Fotos: Edson Shigueaki Nomura

Um dos parâmetros utilizados na comercialização da banana é a coloração da casca, que serve como referencial para estabelecer o estádio de maturação dos frutos. Durante o período de amadurecimento, a cor da casca passa de verde à amarela, devido à degradação gradual da clorofila pela ação enzimática, o que permite aos carotenoides tornarem-se evidentes. A coloração da casca é utilizada como norma de classificação da banana nos mercados nacional e internacional; e determina a subclasse por meio da escala de maturação de Von Loesecke que, apesar de antiga, continua sendo largamente utilizada. Essa escala estipula estádios de maturação e são subdivididos em sete subclasses de amadurecimento (Figura 94). Utiliza a inspeção visual, com base em um conjunto de fotografias representativas dos diferentes estágios de maturação. 156


1 – Completamente verde Cor normal na chegada. Temperatura entre 14oC e 16oC. 2 – Verde claro Primeira mudança de cor. Indica que o processo de amadurecimento já começou. 3 – Verde claro com amarelo Mudança acentuada de cor. Pronto para enviar ao revendedor em estações meteorológicas temperadas. A maturação está em processo. Temperatura máxima 14oC. 4 – Amarelo com verde Cor recomendada para o revendedor. Temperatura 14oC. 5 – Amarelo com pontas verde Cor ideal para colocar nos displays dos varejistas. Nesta classe, o fruto deve ser mantido a 12oC. Em temperaturas mais altas, a fruta amadurece mais rapidamente. 6 – Totalmente amarela Adequado para venda e consumo. A fruta tem firmeza com agradável sabor. Exponha-a em uma mesa de base macia. 7 – Amarela com pintas pretas Completamente madura. Com sabor acentuada e maior valor nutritivo. Figura 94 – Escala de maturação de Von Loesecke (PBMH e PIF, 2006).

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CADERNO DE RECEITAS Iolanda Satiko Maruyama

Diretora do Núcleo de Informações e Transferência Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira –iolanda.maruyama@sp.gov.br

Dr. Edson Shigueaki Nomura

Pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br


1. RECEITAS COM BANANA MADURA Bananada I Ingredientes • 12 bananas Nanicas • 4 xícaras de açúcar • Caldo de 4 limões Modo de preparo • Junte todos os ingredientes, leve ao fogo, mexendo com colher de pau e só retire quando estiver despregando do fundo da panela. Bananada II Ingredientes • 2 quilos de bananas maduras descascadas • 1 quilo e meio de açúcar Modo de preparo • Corte as bananas em fatias; • Coloque-as em tacho de cobre; • Junte o açúcar às bananas; • Cozinhe em fogo brando, mexendo com colher de pau até se ver o fundo do tacho; • Quando atingir o ponto, coloque em tabuleiro retangular para esfriar; • Depois de dura e bem fria, corte em pedaços e embrulhe em papel celofane.

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Bananada caramelada Ingredientes • 12 bananas-maçã • 4 xícaras de açúcar • 1 xícara de água Modo de preparo • Leve ao fogo uma frigideira bem grande com o açúcar (fogo não muito forte) e com uma colher de pau vá mexendo até que o açúcar derreta e fique bem dourado. • Coloque água e deixe ferver até formar uma calda relativamente grossa (5 minutos). • Nessa calda, coloque as bananas descascadas (inteiras) e vire-as de um lado para outro para que cozinhem por igual (cuidado para que não se desmanchem). • Despeje tudo numa vasilha e sirva. Barrinhas de banana Ingredientes • 6 bananas maduras • 2 xícaras (chá) de açúcar refinado • Óleo para untar • Açúcar cristal para envolver os docinhos Modo de preparo • Descasque as bananas tipo Nanica e processe-as em um processador. • Em uma panela de tamanho médio, adicione as bananas processadas, o açúcar e mexa por aproximadamente 1h30, em fogo médio, até virar uma massa mais escura, amarronzada e estar desgrudando da panela. • Transfira para um refratário untado e, após esfriar e endurecer, corte as barrinhas, passe pelo açúcar e cristal e sirva.

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Bolo de banana rápido de liquidificador Ingredientes Massa • 3 ovos • 2 xícaras (chá) de açúcar • 1 xícara (chá) de leite • ½ xícara de óleo • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 colher (sopa) de fermento em pó • 7 bananas Cobertura • 3/4 xícara (chá) de açúcar • 1/2 xícara (chá) de água quente Modo de preparo • Em uma panela, adicione o açúcar e misture até derreter. • Despeje água quente e mexa até dissolver o açúcar. • Deixe engrossar até chegar ao ponto de calda e reserve. • Massa • Bata no liquidificador os ovos, o açúcar, o óleo e o leite. • Acrescente a farinha de trigo aos poucos e continue batendo, até obter uma massa lisa e homogênea. • Adicione por último o fermento e bata na velocidade mínima do liquidificador. • Unte uma forma média com margarina e farinha. • Despeje o caramelo e as bananas cortadas no comprimento. • Leve para assar em forno médio (180°C), pré-aquecido, por aproximadamente 30 minutos.

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Torta de banana com creme de suspiro Ingredientes • 6 bananas nanicas cortadas previamente em rodelas • 1 xícara (chá) de água • 2 xícaras (chá) de açúcar Para o creme • 2 xícaras (chá) de açúcar • 1 colher (chá) de essência de baunilha • 1 litro de leite • ½ xícara (chá) de amido de milho • 6 gemas Para o suspiro • 1 e 1/2 colher (sopa) de açúcar • 6 claras Modo de preparo • Para fazer o suspiro, bater na batedeira as claras juntamente com o açúcar até chegar a um resultado firme. Reserve esse preparo. • Para o creme, coloque todos os ingredientes numa panela e misture-os bem. • Deixe cozinhando em fogo baixo, usando um fouet para mexer bem. Reserve, também, esse preparo. • Usando outra panela derreta o açúcar até que ele se torne dourado. • Adicione água e espere até que o açúcar se dissolva, em seguida acrescente as bananas e espere que cozinhem durante cinco minutos. • No passo seguinte, colocar numa travessa o preparo com bananas, em cima coloque o creme e finalize com o suspiro. • Leve ao forno quente a 200°C e deixe por cerca de 10 minutos ou até que esteja dourado.

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Pudim de banana Ingredientes • 1 lata de leite condensado • 2 xícaras de água • 1 xícara de farinha de rosca • 6 bananas maduras • 2 colheres (sopa) de manteiga • 4 gemas de ovos • 2 claras Modo de preparo • Misture o leite condensado à água. • Junte a farinha de rosca e a manteiga, misturando tudo muito bem. • Acrescente as gemas e as claras, batidas juntas, e por último as bananas cortadas em rodelas finas. • Despeje numa forma untada e leve ao forno brando, até que o pudim fique assado. Sirva gelado. Torta de banana Ingredientes • 6 bananas nanicas cortadas em tiras • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 xícara (chá) bem cheia de açúcar • 2 colheres (sopa) de manteiga • 1 1/2 xícara (chá) de leite • 1 colher (sopa) de fermento em pó • canela a gosto Modo de preparo • Misturar todos os ingredientes, menos as bananas. • Colocar a massa em forma untada e enfarinhada. • Colocar as bananas por cima da massa. • Cobrir com açúcar e canela. • Levar ao forno para assar. 163


Croquete de banana Ingredientes • Bananas grandes, que não estejam muito maduras • Farinha de rosca • Ovos ligeiramente batidos (o quanto baste, dependendo da quantidade de bananas) • Gordura Modo de preparo • Corte as bananas em três pedaços. • Passe na farinha de rosca, em ovos, novamente na farinha de rosca e frite em gordura bem quente. • Sirva para acompanhar assados e bifes. Cuca de banana Ingredientes Massa • 1 ovo • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo • 1 xícara de leite • 8 colheres (sopa) de açúcar • 2 colheres (sopa) de manteiga • 2 colheres (sopa) de fermento biológico • 8 bananas Prata cortadas em fatias • 1 pitada de sal Farelo da cuca • 5 colheres (sopa) de farinha de trigo • 5 colheres (sopa) de açúcar • 4 colheres (sopa) de manteiga • Canela em pó 164


Modo de preparo Massa • Misture o ovo com o açúcar, a manteiga e o sal como se fosse uma gemada. • Depois, acrescente a farinha, o fermento, o leite e mexa bastante para não empelotar. • Unte uma forma, coloque a massa e coloque as fatias de banana em cima da massa. Farelo da cuca • Misture todos os ingredientes com as mãos, até formar uma farofa. • Espalhe por cima das bananas dispostas sobre a massa. • Deixe crescer por 30 minutos e leve ao forno por 40 minutos. Torta de banana com passas Ingredientes • 12 bananas Nanica cortadas em tiras • 100 gramas de passas • 1 xícara (chá) de amido de milho • 2 xícaras (chá) de farinha de trigo • 2 xícaras (chá) de açúcar • 1 xícara (chá) de margarina • 1 colher (sopa) de canela em pó • 1 colher (sopa) de fermento em pó Modo de preparo • Peneirar os ingredientes secos e misturar a margarina, esfarelando até obter uma farofa. • Untar uma fôrma retangular média, espalhar uma camada de farofa, cobrir com as bananas, salpicar as passas. • Repetir as camadas; a última deve ser de farofa. • Levar para assar até dourar.

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2. BIOMASSA DE BANANA VERDE Preparo da banana verde cozida • Despenque as bananas do cacho na quantidade a ser utilizada para o cozimento (uma panela de pressão de 5 litros comporta de 10 a 15 bananas). • Lave as bananas uma a uma com esponja, enxágüe-as bem e coloque-as em recipiente plástico numa solução clorada (100mL de água sanitária para 10 litros de água) e deixe de molho por 15 minutos. • Coloque as bananas verdes na panela de pressão com água já fervente. • Tampe a panela para formar a pressão. Quando começar a soltar a pressão, marque oito minutos e desligue o fogo. • Deixe a panela tampada até que toda a pressão saia naturalmente, para que as bananas continuem cozinhando (em média 12 minutos). Isso se for preparar a biomassa somente com o uso de peneiras e de colher. Quando houver a possibilidade de uso de processador ou liquidificador, depois de oito minutos de cozimento, leve a panela para resfriamento embaixo da torneira. • Retire as bananas aos poucos da panela, sem jogar a água fervente que está com as bananas. • Separe a polpa da casca e utilize a banana ainda bem quente para não esfarinhar. • Se for congelar a banana, cozinhe por três a oito minutos na pressão, resfrie, descasque e congele. • Precaução: somente manipule as bananas cozidas ainda quentes, com luvas de borracha, evitando queimaduras nas mãos.

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Preparo da biomassa da polpa de banana verde • Coloque a quantidade desejada de banana cozida, bem quente, no processador. • Comece a bater e coloque, aos poucos, uma xícara de (café) de água fervendo. Se necessário, coloque mais uma ou duas xícaras de água fervendo, conforme necessidade do processamento. • A biomassa deverá ser bem lisa, sem nenhum caroço e com um aspecto brilhante. Depois que esfriar, ficará compactada, pronta para ser utilizada nos diversos preparos. • Caso não possua processador ou haja falta de energia elétrica, a biomassa poderá ser feita artesanalmente numa peneira de nylon, da seguinte forma: −−Coloque a peneira de nylon encaixada em um recipiente de louça ou de plástico, com uma profundidade suficiente para armazenar a biomassa processada; −−Retire a banana da casca, uma a uma, logo após o cozimento, ainda fervendo e passe a polpa, com o auxílio de uma colher, na peneira; −−Coloque a massa processada numa panela com um pouco de água fervendo e mexa bem até abrir fervura. −−Se necessário, repita o processo da peneira para que a biomassa fique mais fina. −−Atenção: as bananas devem ser mantidas na água fervente durante todo o processo. −−Importante: evite que a banana verde cozida e a biomassa entrem em contato com alumínio ou ferro, pois irá escurecer. Prefira panelas de aço inox, de Teflon®, de pedra ou de barro.

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Biomassa da casca da banana verde A biomassa de fibras deverá ser feita depois do término do preparo da biomassa de polpa, utilizando a casca de banana verde que deverá estar de molho na solução de água com limão, da seguinte forma: • prepare uma solução de água com limão; • coloque uma xícara de (café) da solução no liquidificador e tampe; • ligue o liquidificador e, pela tampa menor, coloque colheradas de cascas escorridas, aos poucos, até que fique uma pasta (sem forçar o liquidificador). • Atenção: deve ser evitado o uso de vinagre para tratar as cascas, pois ficarão escuras. Biomassa do fruto integral (casca e polpa) Para fazer a biomassa integral no processador: • aqueça uma medida de cascas de bananas verdes e a mesma medida de biomassa de polpa com um pouco de água, até ficar bem quente; mexa para não agarrar no fundo da panela; • bata essa mistura, bem quente, no processador até obter uma massa lisa e verde-clara; • retire da panela e coloque no recipiente onde será armazenada; • se a biomassa estiver muito mole, volte ao fogo para apurar. Para fazer a biomassa no liquidificador: • aqueça uma medida de cascas de bananas verdes com um pouco de água até abrir fervura; • aqueça em outra panela uma medida de biomassa de polpa com um pouco de água, mexa até incorporar a água e ficar bem quente; • coloque as cascas bem quentes no copo de liquidificador, tampe parcialmente e ligue. • coloque, pela tampa menor, a biomassa de polpa em colheradas, aos poucos, enquanto estiver funcionando em uma velocidade que não comprometa o aparelho. • bata até obter uma pasta espessa, homogênea e esverdeada. • se estiver muito mole, volte com ela ao fogo até o ponto desejado. • Precaução: sempre que for bater uma mistura quente no liquidificador, deixe a tampa menor aberta para evitar acidente. 168


Conservação dos produtos da banana verde • Embalagem – para facilitar o uso da biomassa nas receitas, embale o produto em quantidades pequenas, de 250 a 500 gramas. As cascas de bananas cozidas e a conserva deverão ser embaladas a vácuo, em vidros, com tampa de metal e mantidos em ambiente natural. • Resfriamento e congelamento – é necessário fazer o choque térmico da banana verde cozida ou da biomassa, logo após o cozimento ou preparo. Para isso, coloque a biomassa ainda bem quente em embalagens apropriadas e leve, imediatamente, ao congelador ou freezer, sem fechar as embalagens até que fiquem completamente geladas. • Coloque as bananas cozidas sem a casca, ainda bem quente, numa bandeja de inox ou plástica até ficarem congeladas, ensacando-as em seguida. • Após ter feito o resfriamento dos produtos, siga os passos para o congelamento adequado: −−Após algum tempo no congelador ou freezer, verifique se houve a formação de evaporação condensada na biomassa, se houve, elimine a água da embalagem para que não forme “gelinhos”; −−Volte ao congelador ou freezer até o congelamento completo do produto; −−Feche as embalagens com os produtos e coloque etiquetas com datas. −−Atenção: o produto precisa ser resfriado, embalado e congelado da maneira exposta para evitar bolor ou fungos, que são altamente prejudiciais à saúde. • Armazenamento −−Os produtos congelados poderão ser armazenados por um prazo máximo de seis meses. −−As bananas verdes cozidas e a biomassa poderão ser mantidas na geladeira, por um período máximo de quatro dias. −−Caso não disponha de geladeira, os produtos deverão ser consumidos ou utilizados no mesmo dia para o preparo das receitas. • Reprocessamento da biomassa e das bananas verdes congeladas −−Retire a embalagem de biomassa que vai utilizar e deixe na geladeira até descongelar por completo. Se estiver com pressa, descongele no vapor. 169


−−Coloque a biomassa ou banana verde descongelada numa panela com água suficiente para cobrir o fundo da panela (uns dois dedos). −−Leve ao fogo e mexa, sem parar, até que comece a ferver. −−Leve imediatamente para um processador ou liquidificador e bata. Se necessário, acrescente água fervente aos poucos, até se obter uma massa bem fina, sem grãos e brilhante. −−Se desejar uma massa mais encorpada, volte a massa ao fogo, mexendo sem parar até o ponto desejado. Receitas com biomassa de banana verde Pão econômico Ingredientes: • 1 colher (sopa) de fermento biológico fresco ou um tablete de 15 gramas • 2 xícaras (chá) de leite morno • 3 xícaras (chá) de biomassa • 2 ovos inteiros • 1 colher (café) de sal • 1 xícara (chá) de óleo • 1 xícara (chá) de açúcar • 1kg de farinha de trigo (aproximadamente) Modo de preparo • Aqueça a metade do leite com a biomassa. Bata no liquidificador e acrescente o restante do leite morno, o fermento, os ovos, o óleo, o açúcar, o sal e bata novamente. • Coloque essa mistura num recipiente de plástico. Peneire a farinha de trigo e acrescente aos poucos nessa mistura. Quando terminar, amasse bem e deixe crescer até dobrar de tamanho. • Modele os pães, coloque em assadeira untada e enfarinhada. Deixe dobrar de volume e asse em forno pré-aquecido.

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Pão doce Ingredientes • 4 xícaras de biomassa integral • 2 ovos inteiros • 1 gema • 4 colheres de (sopa) de açúcar • 1 xícara de (chá) de óleo • 1 1/2 (sopa) de fermento biológico fresco • 1 xícara de (chá) de leite • 8 xícaras (chá) de farinha de trigo (bem cheias) Modo de preparo • Leve ao fogo o leite com a biomassa integral até levantar fervura. • Bata no liquidificador e acrescente o açúcar, o óleo, o sal, os ovos e, por último, o fermento biológico. • Coloque a mistura num recipiente plástico fundo e acrescente a farinha de trigo aos poucos. • Amasse bem, acrescentando farinha de trigo aos poucos, até que não grude mais nas mãos. Sove bem a massa. Faça pães em formato redondo e deixe-os crescer até dobrarem de volume. • Coloque os pães numa assadeira untada e enfarinhada e pincele-os com gema. • Asse em forno pré-aquecido. • Se desejar, cubra com glacê. Preparo do glacê • Misture uma xícara (chá) de açúcar com 1/2 xícara (chá) de leite e leve ao fogo sem mexer até dissolver o açúcar. Passe sobre os pães já assados e ainda quentes. Se for colocar o glacê, não pincele os pães com gema.

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Nhoque Ingredientes • 1/2 kg de biomassa (passada na peneira, sem nenhuma edição de água) • 1 colher (sopa) de sal • 1 ovo • 1 e ½ xícara de farinha de trigo (aproximadamente) • 2 colheres (café) de açafrão • 50 gramas de queijo ralado (opcional) • Molho de sua preferência (aproximadamente 600 gramas) Modo de preparo • Misture a farinha de trigo com o açafrão, até ficar bem amarelinha e reserve. • Numa tigela, misture a biomassa com o ovo e bata bem com uma colher e reserve. • Espalhe uma xícara da mistura de farinha de trigo sobre uma superfície (granito, fórmica, inox etc.) adequada para amassar e enrolar. Coloque sobre a farinha a mistura de biomassa. Aos poucos, acrescente o restante da farinha e vá amassando, até que não grude mais nas mãos e/ou na superfície. • Faça os bolinhos e corte-os em pedaços de 2cm. Coloque-os numa bandeja levemente enfarinhada e reserve. • Numa panela funda, coloque a metade de água, um fio de óleo, o sal e leve para ferver. • Quando abrir fervura, vá colocando aos poucos o nhoque para cozinhar. Quando o nhoque subir, retire com uma escumadeira e escorra numa peneira de nylon. A cada porção cozida, logo após escorrer, ponha numa vasilha e cubra com um molho de sua preferência bem quente. Depois que terminar de cozinhar todo o nhoque, salpique queijo ralado (opcional). • Se preferir, coloque no forno para gratinar. Sirva bem quente.

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Patê de sardinha ou atum Ingredientes • 1 copo de (chá) de biomassa • 1 copo de requeijão ou 1 copo de iogurte natural • 1 lata de sardinha ou atum no óleo • Cheiro-verde a gosto • 1 dente de alho • 1/2 limão • 1 pimenta de cheiro (opcional) • 1/2 colher (café) de noz moscada (opcional) • 1 colher (café) de alecrim fresco (opcional) • Sal a gosto Modo de preparo • Aqueça a biomassa com quatro colheres de água. Bata no liquidificador com o requeijão em temperatura ambiente. Continue batendo e acrescente o sal, o alho, o suco de limão, a pimenta (opcional), a noz moscada (opcional), o alecrim (opcional) e a sardinha ou o atum. Desligue o motor e acrescente o cheiro-verde. • Coloque na geladeira em um recipiente destampado, até ficar completamente frio. • Tampe e mantenha na geladeira por um prazo máximo de 10 dias. • Se desejar, depois de pronto, acrescente umas colheradas de conserva de casca de banana ou temperos de sua preferência. • A sardinha e/ou o atum pode ser substituída(o) por salsicha, apresuntado, sobras de carne com molho, frango desfiado etc.

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Hambúrguer Ingredientes • 1kg de bananas verdes (6 unidades) cozidas com casca • 1/2 kg de carne moída • 1 cebola (média) • 60 gramas de polvilho doce (4 colheres de sopa cheias) • 32 gramas sal (1 colher de sopa cheia) • 2 gramas açúcar (1 colher de café cheia) • 2 gramas de pimenta-do-reino (1 colher de sobremesa nivelada) Modo de preparo • Retire a ponta e o cabo das bananas cozidas. Amasse as bananas com garfo, pique as cascas ainda quentes, misture com a pimenta-do-reino e reserve. • Rale a cebola, misture com o polvilho e reserve. • Misture a carne com o sal e o açúcar, mexa durante três a cinco minutos e reserve. Misture as três partes reservadas (bananas com pimenta + cebola e polvilho + carne com sal e açúcar); homogeneizar bem. • Molde os hambúrgueres em fôrma ou manualmente. Embale em plásticos próprios e congele. Se for usar de imediato, passe na farinha de trigo antes de fritar. • Dicas: se preferir almôndegas, enrole a massa em bolinhas, passe na farinha de trigo e cozinhe no molho ou frite em óleo quente. Também pode ser enrolada no formato de croquete, depois passado na farinha de rosca, no ovo batido e novamente na farinha de rosca antes de fritar no óleo quente.

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Molho branco Ingredientes • 1/2 litro de leite • 1 xícara (chá) de biomassa de polpa • 4 colheres (sopa) de farinha de trigo ou amido de milho • 1 cebola grande • 1 dente de alho (opcional) • Noz moscada a gosto • Sal a gosto Modo de preparo • Misture metade do leite com a farinha de trigo ou o amido de milho e reserve. • Em uma panela, doure a cebola picada e o alho e a seguir acrescente o leite reservado, mexendo durante alguns minutos até engrossar. • Acrescente a biomassa à mistura e dissolva nesse molho juntamente com o sal. • Desligue o fogo e bata essa mistura no liquidificador. • Leve novamente ao fogo e deixe ferver por alguns minutos, mexendo sempre e, se for necessário, acrescente mais leite. • Antes de desligar, coloque a noz moscada e misture bem. Requeijão cremoso Ingredientes • 1 litro de leite • 1 copinho (café) de vinagre • 1 pitada de sal • 1 colher de margarina • 1 xícara (chá) de biomassa Modo de preparo • Ferva o leite. • Misture o sal e o vinagre para coalhar. • Mexa levemente. • Coe, bata a massa no liquidificador com a margarina e a biomassa. 175


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHÔA, Y. O que é que a Banana (verde) tem. Revista Viva Saúde, Out/2005. ASSIS, S.M.P.; MARIANO, R.R.L.; GONDIN JUNIOR, M.G.C.; MENEZES, M.; ROSA, R.C.T. da. Doenças e Pragas das Helicônias, 2002. BERGAMIN FILHO, A., KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia: Princípios e Conceitos. 3 ed. São Paulo: Editora Ceres. v.1. 1995. 919p. CORRÊA, H.G.; BENEZ, S.H.; BERTON, R.S.; SAES, L.A. Depósitos de calda obtidos com a aplicação aérea de defensivos na cultura da banana. Bragantia, v.63, n.1, p.121-128, 2004. FOURÉ, E. Black leaf streak disease of bananas and plantains (Mycosphaerella fijiensis Morelet), study of the symptoms and stages of the disease in Gabon. Paris: IRFA, 1985. GANRY, J.;MEYER, J.P.La lutte controle e contrele Cercospora aux Antilles. Bases climatiques de l’avertissement. Fruits, v.27, p.665-676, 1972. INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Frutas tropicais, 3: Banana. Campinas, 2 ed, 1990. MORAES, W. da S.; FUKUDA, E.; MODONESE-GORLA DASILVA, S. H.; MENDONÇA, J. C.; LIMA, J. D. MENDES, C. DA S. Aplicativo para estimativa biológica da Sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis Morelet). Fitopatologia Brasileira, v.30, n.3, p.193. 2005. (Suplementos). MOREIRA, R.S. Banana: teoria e prática de cultivo. Campinas, Fundação Cargill, 1987. 335p. NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BAPTISTA, G.C. DE; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A..; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S., OMOTO, C. Entomologia Agrícola, v.10, 2002. PENACHIONI, Á. Da Banana Verde, Tudo se Aproveita. Revista Valor Setorial – Refeições Coletivas, Nov/2005. 176


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