SobrEntreSob (Re)Descobrindo os pequenos entraves urbanos | Vitória Lacerda

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Vitรณria Lacerda de Sousa Queiroz SOBRENETRESOB (Re)Descobrindo os pequenos entraves urbanos



VITÓRIA LACERDA S. QUEIROZ

SobrEntreSob (Re)Descobrindo pequenos entraves urbanos

Trabalho de conclusão de curso apresentado no Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientador:. Prof. Dr. Ricardo Luís Silva

São Paulo 2019


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Maria e Alexandre, pela confiança e por investirem em mim durante esses 5 anos intensos, pelo amor, paciência e dedicação. Também as minhas irmãs, Sofia e Laura, por sempre me ajudarem e ouvirem em todos os momentos da minha vida, este trabalho também é de vocês. Aos meus amigos, por toda a paciência e pela troca, por me apoiarem nesta caminhada. Em especial ao Mateus Lima, Ailton Lopes e Giovanna Claro. Aos meus amigos e futuros arquitetos, obrigada por tornarem essa caminhada mais leve, por compartilhar as crises, as risadas, os desesperos e as trocas. Em especial, tenho que agradecer a Juliana Rudiniski, Mariana Moreno, Johnlívio Medeiros, Henrique Reis, Renan Santos e Nathália Paixão. Aos lugares em que trabalhei, e tive a oportunidade de crescer e aprender melhor a prática da arquitetura. Em especial a DBP Arquitetura, por todo o conhecimento compartilhado e pela compreensão e sensibilidade que estes últimos dias exigiram.

Ao meu Orientador, Ricardo Luís, pela paciência, e pelos 5 anos em que me orientou, provocou e ajudou a construir um pensamento mais sensível em relação à cidade. Para você, três vezes obrigada, tanto por acreditar em mim, como pelas conversas e todo o conhecimento compartilhado. Aos meus professores, pela sensibilidade de ensinar, de acreditar e compartilhar experiências. E por fim, agradeço a todos que me ajudaram, diretamente ou indiretamente. Este trabalho nas mais é do que a construção coletiva, de tudo que absorvi de tantas pessoas e experiências.



Resumo Este trabalho parte de uma inquietação sobre a cidade e seus tantos espaços vazios, ou que se caracterizam como pequenos entraves cotidianos, tendo em vista a cidade e sociedade contemporânea e sua relação com os espaços na cidade. Para estudos estipulou-se uma macrozona na cidade de São Paulo delimitada por 13 bairros da cidade, que começa na zona sul e segue margeando o Rio Pinheiros sentido o centro da cidade. A metodologia utilizada é a da cartografia e o caminhar para (re)conhecer os lugares do cotidiano, e assim aproximar as pessoas com a rua, e propor apropriações dos espaços públicos pelas pessoas. Como resultado a partir do levantamento trabalha-se as tipologias levantadas, Sobre, Entre e Sob, e a partir disso uma intervenção que potencialize e fortaleça o cotidiano e relação do corpo com o espaço.

Palavras-Chave: cotidiano, corpocidade, cartografia

projeto,

espaço

urbano,


Abstract This work is part of a concern about the city and its many empty spaces, or that are characterized as small daily obstacles, taking into account the city and contemporary society and its relation with spaces in the city. For studies it was stipulated a macrozone in the city of SĂŁo Paulo delimited by 13 districts of the city, that begins in the south zone and continues bordering the Pinheiros River meaning the center of the city. The methodology used is to map and walk to (re) know the places of daily life, and so approach people with the street, and propose appropriations of public spaces by people. As a result of the survey the typologies raised, Sobre, Entre e Sob, and from this, an intervention that potentiates and strengthens the daily life and relationship of the body with the space is worked out.

Key-Words: cartography

daily,

project,

urban

space,

body-city,



Sumário Introdução 10 [01] Cotidiano O encontro e as Práticas 12 [02] Metodologia Caminhar e desacelerar 14 [03] O Rastreio Macro escala 15 [04] O Toque: A1 16 A2 17 A3 18 A4 19 A5 20 [5] O Pouso Sobre entre e Sob 21 Mapa do levantamento 23 Mosaico fotográfico 24 [6] O Reconhecimento Atento Tabulação dos espaços: Escadaria, Edifício e Garagem 25 [7] Estudos de Caso 26 [8]Entre 32 A breve história do Horto 35 O fantástico cotidiano da Escadaria Horto do Ype e quem a habita 37 O projeto 42 [9] Sob 56 A breve história da Ponte Nova Morumbi 59 A Praça localizada no não-Lugar 63 O projeto 42 [10] Sobre 76 A breve história do Edifício 707 79 Edifício 707 Apresenta Armila 84 O projeto 64 [11] Considerações Finais 102 [12] Referências 103


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Introdução A cidade é uma concentração de milhares de experiências que acontecem simultaneamente, onde cada indivíduo é uma extensão que carrega em si uma pluralidade diferente, e a cidade passa a ser o cenário urbano onde tudo acontece, uma história sem autor composta pelos fragmentos das diversas trajetórias. Esse espaço que reconhecemos como cidade, dá lugar às diferenças, desigualdades, peculiaridades e singularidades da rede de habitantes que a toma de maneira tão visceral, fazendo da cidade um simulacro onde a experiência humana e urbana se constrói, possibilitando os esquecimentos e desconhecimentos das práticas humanas e causando inúmeros conflitos que se articulam. É na cidade que o cotidiano acontece, possibilitando o encontro do “eu” com o “outro” que geram os conflitos base da vida urbana, no contexto de contemporaneidade onde temos o capital como produtor e segregador do espaço, e como resultado a passividade entregue ao papel de reclusão e negação ao outro e ao espaço público. Esse trabalho compreende e estuda a cidade de São Paulo como espaço denso e em constante metamorfose urbana que resulta nos mais diversos cenários urbanos ao longo de sua existência, que variam de construções já consolidadas à novos empreendimentos, que a cada dia se transforma e é transformada por quem nela habita. É nesse cenário urbano de crescimento e movimento que através de seus personagens e cotidiano, é possível observar calmamente nessa erupção de construções, os pequenos entraves do cotidiano.

Esses espaços que podemos chamar também de terrenos vagos, ou as sobras de cidade, os muros, os pequenos ou grandes espaços que caíram em desuso, que se tornaram segregadores, verdadeiras barreiras cotidianas, as manchas de não cidade, eles estão presentes e têm suas próprias características, pouco observados ou pouco valorizados, e é nesse contexto urbano e cotidiano que esse trabalho deseja atuar e intervir. Esses espaços residuais, por sua vez, nasceram das mais diversas origens, ou foram pensados e não configuram um lugar ou nasceram da falta de desenho urbano, esses possuem as mais variadas características desde grandes escadarias que surgem da necessidade de atravessar um extenso lote não planejado da cidade até vielas estreitas que margeiam as extensas construções muradas, tem também as praças e canteiros centrais que ficam próximos a grandes avenidas ou são áreas de doação dos grandes edifícios, que quase sempre apresentam o mesmo perfil, uma área verde isolada e nada convidativa ao pedestre, existem também aqueles espaços que estão sob as edificações, como as calçadas embaixo das grandes pontes, ou os pontos de ônibus abrigados embaixo das imensas passarelas da cidade, esses espaços em sua maioria constituem um local inseguro e incômodo para quem o utiliza. Neste trabalho é importante frisar que esses espaços são reconhecidos como problemáticas existentes no tecido urbano e na vida urbana e possuem intenso potencial de intervenção.


E pensando nesses pequenos entraves urbanos, esse trabalho investiga formas de como revitalizar ou adaptar estas zonas urbanas, que geralmente constituem uma área improdutiva e segregada territorialmente e assim transformar o que era uma cicatriz urbana, segregadora e vazia, em um elemento integrador do espaço urbano. Através do mapeamento realizado em um território na cidade, e do olhar sensível do corpo feminino caminhante e contemporâneo, busco redescobrir pequenos entraves da cidade com potencial para intervenção. A partir de algumas caminhadas definiu-se uma macroárea na cidade que foi dividida em cinco áreas e mapeada, observada e estudada utilizando o método da cartografia e fotografia, com a intenção de encontrar lugares para as intervenções, valorizando sempre sua principal característica e incentivando a urbanidade. Foram mapeados 160 lugares e classificados em três tipologias sendos elas: Sobre, Entre e Sob. Os lugares Entre são aqueles que estão no meio de edificações, aqueles cercados por edificações, tais como lotes abandonados, escadarias, vielas, praças etc. Os lugares Sob são aqueles que ficam abaixo das edificações geralmente caracterizados como passagens, por exemplo pontos de ônibus embaixo de viadutos, passagens embaixo de passarelas. Por último os espaços Sob, esses surgem com o desejo de especulação de áreas públicas elevadas, de explorar o topo dos edifícios que em sua maioria abrigam apenas usos de serviços gerais dos prédios, para isso no mapeamento foram levantados topos de edifícios que abrigariam usos públicos ou semipúblicos em seus topos, não apenas edifícios corporativos, mas também edifícios residenciais que podem locar esses espaços e converter o valor em prol de melhorias no edifício.

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Cotidiano: O encontro e as práticas Este trabalho parte da inquietação sobre a cidade, e a relação da sociedade com os espaços, mais especificamente a cidade contemporânea, que é compreendida por mim, como berço onde o todo acontece, cada particularidade de cidade vem também de seus habitantes, então cidade nada mais é do que a concentração de milhares de experiências que acontecem simultaneamente, onde cada indivíduo é uma extensão que carrega em si uma pluralidade diferente, e a cidade passa a ser o cenário urbano onde tudo acontece, uma história sem autor composta pelos fragmentos das diversas trajetórias. Esse espaço que reconhecemos como cidade, dá lugar às diferenças, desigualdades, peculiaridades e singularidades da rede de habitantes que a toma de maneira tão visceral, fazendo da cidade um simulacro onde a experiência humana e urbana se constrói, possibilitando os esquecimentos e desconhecimentos das práticas humanas e causando inúmeros conflitos que se articulam. É neste cenário da cidade que acontece o encontro com o “Outro” este personagem tão temido, no contexto de contemporaneidade onde temos o capital como produtor e segregador do espaço, e como resultado a passividade entregue ao papel de reclusão e negação ao outro e ao espaço público. O “outro” a quem muitas vezes chamamos de ninguém, tem papel fundamental na cidade pois é sobre essa existência comum, do “eu” e o “outro” que somadas dão vida a outra existência, esse espaço que compõe o homem.

Surge então a vontade de explicitar as combinações que compõem a vida urbana, em conjunto com o entendimento de que a cidade é um sujeito anônimo e universal, que abriga os mais diversos problemas da vida moderna, e também a convidar o caminhar como forma de reconhecer e se reconectar com a cidade, com o outro e assim se apropriar do cotidiano. O cotidiano, este fenômeno responsável por envolver as relações do corpo com a cidade é o espaço por onde ocorrem as realizações, onde existe a reprodução social, o encontro com o outro, e aquilo que permite que o corpo se aproprie da cidade. O Cotidiano é algo, no mais singular significado da palavra, é indeterminado, ou seja, qualquer coisa, é onde o homem em meio a suas ações encontra espaço para realizar suas apropriações e percepções do espaço que habita, onde encontra espaço para lidar com a sua individualidade e sociabilidade, é o espaço compartilhado onde ocorrem os conflitos.

O cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente. Todo dia, pela manhã, aquilo que assumimos, ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou de viver nesta ou noutra condição, com esta fadiga, com este desejo. (CERTEAU, pg. 31,1998)


13 É no dia-a-dia que a cidade acontece, que o cotidiano se realiza e na vivência de cada corpo que desenhamos e definimos a cidade e seus espaços. A grande questão inquietante desta pesquisa é que os corpos que caminham e desenham a cidade tornaram-se ordinários ao próprio cotidiano, esses corpos são responsáveis pelo movimento constante, e pela falta de cordialidade entre si. O corpo ordinário anda repetidamente o mesmo trajeto na cidade, e cada corpo carrega em seus passos um qualitativo de um estilo diferente de apropriação. Esses passos não constituem uma série e sua movimentação é uma alteridade de singularidades e peculiaridades, principalmente individualidade que formam assinaturas urbanas no solo. Esses passos desenham os lugares, trajetos, espaços e os caminhos que serão diariamente repetidos. Os passos podem ser mais lentos ou mais rápidos tudo depende de porque eles estão acontecendo. Os corpos ordinário são formadores dos espaços compartilhados da cidade, e deveriam se apropriar desses espaços que os cercam, mas ao percorrer pelos caminhos da cidade, produzem uma versão cegamente funcional do caminhar, esse andar funcional e pragmático os inibem de perceber os detalhes da cidade. Nesse andar acelerado o corpo ignora seu cotidiano assim tornando-se cego e imerso aos espaços a sua volta, e como proposta me coloquei a percorrer meus caminhos cotidianos como desafio a redescobrir o que meu corpo ordinário esqueceu, e me apropriar da cidade que me cerca.


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Metodologia: Caminhar e Desacelerar O Caminhar é entendido neste trabalho como método de se reconectar com a cidade e com o nosso cotidiano.O caminhar lento e desacelerado faz com que a gente saia da imersão e da falta de olhar a cidade e da insensibilidade de ser um corpo ordinario. Antes de me provocar a me reconectar com o meu cotidiano, percebi que não prestava atenção enquanto estava na rua, era como se eu me desliga-se sem perceber o que se passa, o celular muitas vezes me teletransportava para as redes sociais, de maneira que os percursos passavam despercebidos, e os outros que já são tão distantes tornavam-se invisíveis. Quando não a tela do celular, a musica no fone de ouvido, que me inibe de ouvir a cidade. Não que exista certa beleza na musicalidade dos caros e caos da metrópole, mas meu corpo faz parte de orquestra que rege todo o cotidiano de onde estou, e quando nos colocamos em stand-by, esquecemos a essência da vida urbana, a coletividade, as pequenas coisas banais. Este trabalho utiliza além da metodologia do caminhar, a cartografia, método utilizado através do livro organizado pelos psicólogos Eduardo Passos, Virgínia Kastrup e Liliana Escócia, intitulado “Pistas do método da Cartografia (2009)”. O livro é dividido em um capítulo de introdução e 10 pistas. Neste trabalho foi utilizado o método apresentado na Pista 2: O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo, como passo a passo para o trabalho e pesquisa de campo. A pista é escrita pela psicóloga Virgínia Kastrup e aborda o tema da atenção no trabalho do cartógrafo, essa atenção é definida como a etapa inicial de uma pesquisa que tradicionalmente é denominada de "coleta de dados". Virgínia usa ideias de Freud e Bergson para discutir sobre essa atenção que deve ser concentrada mas não focalizada, e define quatro variedades da atenção do cartógrafo: o rastreio, o toque, o pouso e o reconhecimento atento.

Primeiro acontece o rastreio, que funciona como uma pré-identificação de uma meta, o rastreio é observar e acompanhar as mudanças, até que é tocado por algo. O algo é o toque que funciona como uma sensação, um vislumbre que aciona o processo de seleção, o toque ele pode demorar um tempo para acontecer. O gesto do pouso significa que a percepção realiza uma parada e acontece um tipo de zoom, onde o alvo, a meta, o território se fecha, a atenção muda de escala. A postura do cartógrafo nesse momento é investigativa, para entender o que está acontecendo. Por fim, o fenômeno do reconhecimento atento, que funciona como ponto de interseção entre a memória do cartógrafo e a percepção, a revelação da construção das percepções. O cartógrafo ao usar a atenção de modo sensível, para detectar signos, fragmentos, momentos, informações e expectativas, encontra o que não conhecia, embora já estivesse ali. O método da cartografia é presente em todas as etapas do trabalho, desde o levantamento até a escolha das intervenções e também é utilizado como método para aproximação com as áreas escolhidas. Sempre respeitando as quatro pistas e adotando o método para enxergar aquilo que já existe mas que não se conhecia, para permitir assim entender o território e deixar que a cidade mostre seus potenciais, e traduzi-los em forma de projeto. As pistas foram importantes para que o olhar não fique viciado, todas as caminhadas que me propus a fazer fiz utilizando essa metodologia o que me permitiu chegar a um levantamento de 160 lugares, deixo claro que esse número poderia ser muito maior, tendo em vista toda a área mapeada, mas para não me apegar a uma zona da cidade não me permiti repetir nenhuma caminhada ao longo desse processo de levantamento.


O Rastreio: Macroescala O trabalho parte da inquietação muitas vezes já mencionada de intervir na cidade através das percepções corporais e da apropriação do cotidiano com o objetivo de propostas de intervenção nos pequenos entraves urbanos, e para isso defini a macroescala que corresponde a um pequeno trecho em relação à totalidade da Cidade de São Paulo.

15 O trecho selecionado contém meu cotidiano, que é sair todos os dias do extremo sul compreendido pela região do Campo limpo, ir para a faculdade na região de santo Amaro e então Higienópolis para trabalhar. É nessa tríade que passa boa parte do meu tempo, me locomovendo, e antes deste trabalho nunca havia escolhido nenhuma dessas áreas para caminhadas desaceleradas, também como boa parte das mulheres contemporâneas, meu dia passa sempre muito corrido, mas a fim de pôr em prática meu caminhar despretensioso, escolhi meu cotidiano. O mapa abaixo é o trecho da cidade a ser explorado e que foi dividido em 5 áreas menores.


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O Toque: As áreas A Partir da definição da macroescala e dos 13 bairros que serão levantados e do território a ser reconhecido, decidi separá-los em 5 pequenas áreas para me ajudar a direcionar as caminhadas de maneira que eu me organize para poder cobrir todo o território da maneira mais completa possível, sem repetir caminhadas e poder sentir com mais sensibilidade cada área escolhida.

Bairros: Parque Munhoz, Vila das Beleza e Vila Prel Praça degrada Lote irregular

O A1 do território foi onde dei início as caminhadas, e também é a área em que eu moro e corresponde a três bairros, Parque Munhoz, Vila das Belezas e Vila Prel. No levantamento realizado aqui chego a um resultado de 37 espaços, os bairros são de origem periférica, e grande parte do mapeamento são escadarias, vielas e pequenos espaços verdes que deveriam ser praças, mas em sua totalidade estão degradados, possuem poucos espaços de lazer para os moradores dos bairros. A área é marcada também pela intensa topografia, córregos e lotes irregulares, e entre as áreas classificadas como favelas, existem as massas de condomínios fechados e murados que se parecem pequenas cidades, como o Horto do Ypê e o Morumbi Sul e alguns condomínios clubes presentes. Não entrei em muitos detalhes sobre a área para não criar um laço e não conseguir sair do levantamento, o objetivo era justamente mapear os espaços com potencial de intervenção.

Lote Abandonado


17 O A2 do território é compreendido pelo Bairro de Santo Amaro e um pouco do bairro do Socorro, optei por colocar apenas Santo amaro, por ser o nome que me é familiar quando eu explico a localização do bairro. Por ser um bairro super antigo e bem consolidado, não levantei todo o bairro de Santo Amaro, por que o mesmo é extenso e eu ficaria meses buscando tudo que o bairro tem a oferecer, assim como nos outros casos, mas essa escolha é justamente por esse pequeno trecho, fazer parte do meu cotidiano. Em relação as caminhadas do A1, aqui os lotes já não são tão irregulares, o gabarito é mais baixo e apesar de perceber que existe uma especulação imobiliária nesta área, devido a quantidade de condomínios que estão sendo construídos. Apresenta condições um pouco melhores de áreas públicas, mas ainda assim são escassas, as calçadas ganham uma proporção um pouco melhor no que se diz em questão de caminhar. Foi possível notar muitas situações de lotes abandonados, e áreas verdes em desuso e abandonadas. Grande parte dos lotes existente são de origem industrial fazendo com que os percursos sejam extensos de uma quadra a outra. Edificação Abandonada

Lote vazio

Àrea verde residual

Bairro: Santo Amaro


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A área entendida como A3 engloba bairros mais consolidados e de bastante especulação imobiliária, como Granja Julieta, Chácara Santo Antônio e Morumbi. Ambos estão em fase de modificações totalmente visíveis e causadas pela Operação Urbana Água Espraiada, onde é possível notar a quantidade de novos lançamentos imobiliários e edificações e consequentemente de áreas verdes em desuso. Ao caminhar pelo bairro, os muros dos grandes lotes residenciais ou corporativos, não são convidativos a escala do pedestre, o que causa um caminhar de maneira mais acelerada, pois ao olhar em volta, é possível ver apenas os altos muros e os carros que passam na rua. As praças tinham uma melhor qualidade em relação às outras áreas, mas existe a predominância de áreas residuais com sinais de degradação e falta de uso. Lote Abandonado e Murado

Grandes Edifícios Corporativos

Espaços residuais

Bairros: Granja Julieta, Cidade Monções e brooklin


19 A área A4 do levantamento é onde chego no maior número de espaços, totalizando 64 com potencial de intervenção, e nesta área são compreendidos os bairros como Vila Olímpia, Itaim Bibi, Jardins e Pinheiros. Coloquei todos na mesma área pois eu entendo todos esses bairros como um bairro só, e eles possuem uma dinâmica muito parecida ao meu ver. Apesar da intensa modificação de gabaritos, hora muito baixos e residenciais de luxo, hora altos e de uso corporativos, as praças são esteticamente falando mais preservadas porém ao longo das caminhadas me pareciam sempre bem vazias. Os lotes abandonados se destoam no meio das grandes casas de luxo. Dois edifícios claramente abandonados na marginal, são os protagonistas de uma cidade que ninguém quer ver. Foi muito interessante mapear esses bairros e quebrar um pouco o preconceito que eu tinha de que, nestes bairros compostos por pessoas de maior poder aquisitivo, os espaços públicos são mais agradáveis. Percebi que na escala do pedestre as calçadas são estreitas, e algumas até com leves sinais de degradação como buracos, no interior de alguns bairros a sensação de caminhar sozinha era pior do que nos primeiros bairros, pois neles havia grande fluxo de pedestres. Nestes as pessoas parecem utilizar mais os carros e as ruas parecem mais desertas, exceto é claro pela região de pinheiros e da Vila Olímpia onde o fluxo de pedestres era intenso devido as empresas presentes.

Bairros: Vila Olímpia, Itaim Bibi, Jardins e Pinheiros

Praça sem relação com entorno

Edifício Abandonado

Edifício Abandonado


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Por fim chego na última área mapeada, compreendida pelos bairro Cerqueira César, e um pouco de Pinheiros. Esta área é menor e foram levantados ao todo 11 espaços para possível intervenção, claro que assim como dito anteriormente, esse número poderia ser maior. Os bairros são consolidados, e tem uma dinâmica de centro da cidade, as construções são mais antigas, com muito movimento por se tratar de uma região de muito interesse para escritórios e serviços. As artes nas empenas e muros buscam trazer mais humanidade a essa pequena selva de pedra, onde as grandes avenidas desenham os lotes e quadras criando muitos espaços residuais e algumas passagens nada convidativas a escala do pedestre. área residual

Passagem sob ponte

Lote abandonado


O Pouso: Sobre Entre e Sob Quando propus o levantamento dos espaços, imaginei que não encontraria muitas situações com potencial para intervenção, e por isso escolhi um território extenso de aproximadamente 37 km, e também por fazer parte do meu cotidiano. No momento que juntei todos os levantamentos em um mapa e contei, fiquei surpresa que meu corpo tenha reconhecido 160 espaços na cidade, na euforia e no desespero fiquei tentando imaginar o que eu faria com todo este levantamento, a resposta veio junto ao pouso. Após a intensa leitura dos espaços levantados, anotações, desenhos e fotografias, identifiquei a necessidade de classificar esses pequenos entraves. Então tentei fazer das mais diversas formas, por alturas, por cores, por topografia, então identifiquei que os mapeamentos realizados se assemelhavam em alguns aspectos, e comecei a identificar que alguns espaços abandonados ou degradados, ficavam entre outros espaços construídos, como vielas, escadarias, passagens, lotes vazios etc. A segunda semelhança eram os espaços que ficavam abaixo das grandes pontes que permeiam a marginal e o Rio Pinheiros, e não podia classificá-los como entre, pois são espaços que realmente estão sob construções, e configuram espaços muitas vezes residuais ou degradados e causam intenso incômodo para a escala humana, então comecei a separar os espaços sob edificações.

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E por fim no meio das caminhadas, me deparei com lotes formados por grandes edificações, que irritavam porque interrompiam a escala humana, transformando as calçadas em caminhos cercados por muros, e assim um distanciamento do corpo com a cidade. Então como forma de crítica decidi que como essas grandes construções não são convidativas a escala humana, causando desconforto ao caminhar ao lado de seus muros, que eu iria propor uma intervenção em seus topos. Assim abrigariam mirantes para a cidade, como forma de enxergar a paisagem urbanos em diferentes escalas, onde o corpo experimenta a cidade por outra experiência, a de olhar para baixo, então nascem os espaços Sobre as edificações. Por fim, o levantamento dos espaços parte das percepções do meu corpo na cidade e todos os espaços mapeados contém potenciais de intervenção, o número levantado é de 160 espaços, divididos nas tipologias, e como proposta projetual determinei através de uma tabulação intervir em um espaço de cada tipologia.




O reconhecimento Atento: Tabulação Após a escolha e divisão do levantamento nas três tipologias, decidi que iria intervir em um caso de cada tipo. E então através de uma pequena tabulação de todos os espaços levantados, fui selecionando e classificando cada um segundo suas potencialidades. Os critérios para as escolhas foram que, não poderiam ser espaços na mesma área, assim o projeto contemplaria a intervenção em 3 áreas, e a relação que esses espaços têm com a cidade e com o corpo (ou a ausência). A topografia também me interessava, conforme fui fazendo a lista percebi três situações que me provocaram. A primeira escolha foi a da escadaria localizada no A1, número 7 do levantamento, que além da topografia, tem uma dinâmica muito interessante e a presença de outros usos, como uma horta comunitária e um galinheiro, está então foi escolhida para intervenção como Entre.

A segunda escolha foi a do espaço Sob, localizado no A3 do território, o número 77 do levantamento, espaço que fica abaixo da Ponte Nova Morumbi. Possui um fluxo intenso com a cidade, devido ao ponto de ônibus presente, e também me interessou o espaço gradeado que serve de garagem logo atrás do ponto de ônibus. A última decisão foi a do espaço Sobre, essa tipologia que comecei a mapear como um desejo de observar a cidade por outra perspectiva. Então para esse tipologia, a principal característica seria o seu entorno. No meio das caminhadas o Edifício localizado no A4 do território, número 128 do mapeamento, na esquina da Rua Hungria com a Rua Iraci, me chamou atenção. Completamente inacabado e abandonado, se destaca ao meio das casas de gabarito baixo a sua volta, ficou claro que seria o edifício perfeito para a intervenção do Sobre, ainda mais quando conheci um pouco de sua história.

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Estudos de Caso

A8erna NL ARCHITECTS - 2003/2006 Koogaan da Zaan - Holanda Aárea: 22.500m² de espaço público e 1.500m² de comércio

A8ERNA é o projeto de renovação do espaço abaixo da via elevada A8 em Koog na Holanda pelo escritório NL Architects, realizado entre 2003 e 2006. Koog é uma vila que está localizada próxima ao rio Zaan, foi construída nos anos 70 como uma nova autoestrada para cruzar o rio A8, foi construído sobre colunas, e possui uma implantação interessante, o viaduto separa a Catedral da Prefeitura. Ao longo de 30 anos de inércia, o espaço sob a estrada era hostil e segregador, mas o espaço sob foi considerado uma oportunidade em vez de um desastre, e a nova estrada que atravessa a cidade e abriga a praça da Igreja e um estacionamento, foi redescoberto e agora em colaboração com o governo local e da população, um novo projeto foi construído valorizando completamente o espaço sob o viaduto.

O projeto do NL Architects analisa muito bem o espaço e os usuários que frequentam o local, mas principalmente respeitam os usos antigo, o viaduto abrigava um estacionamento e o projeto contempla isso como um dos usos existentes nas intervenções, mas acrescenta uma série de novos usos ao longo do viaduto, como espaços cobertos, pista de skate, um supermercado e uma pequena marina.

Usos

ESPAÇO CRIANÇA Parede de grafite Quadras esportivas Mesa de tênis Espaço para dança de rua Pista de Skate

PRAÇA SECA Supermercado Letter Columns Floricultura e Peixaria Fonte luminosa

PARQUE Churrasqueira praças em diferentes níveis Quadra de futebol

PRAÇA DA IGREJA Cachorródramo

MARINA

A8terna cria novas áreas de convivências e muitas vezes trabalha apenas com a materialidade e iluminação, valorizado o uso existente e entendendo as problemáticas, os novos espaços também possibilitam múltiplos usos, como feiras e até churrascos em grupos, o projeto trabalha bem a vida urbana da comunidade.


27 Estacionamento Antes

Estacionamento Depois

Supermercado

Pista de Skate


28 Ladeira da Barroquinha Metro Arquitetos- 2013 Bahia- Brasil

O projeto do escritório Metro Arquitetos requalificou a Ladeira da Barroquinha, localizada na Bahia, o projeto aproveita bem os desníveis da Rua Chile ao criar novos espaços respeitando o fluxo local tão intenso e valorizando os usos existentes.

A proposta do escritório que envolve uma análise intensa de fluxos e personagens locais, respeita a morfologia e característica da Ladeira ao criar dois tipos de passagens, escadarias para um fluxo mais rápido e escadarias com plataformas onde é possível um caminhar mais leve e contemplativo. Assim o objetivo é organizar os fluxos presentes, outra questão importante é o uso dos materiais que respeita o entorno histórico, pedra Portuguesa e granito maciço.

Corte

Tipos de escadarias

A Ladeira da Barroquinha um local de passagem abrigava dois tipos de público e assim dois tipos de fluxos distintos, um mais intenso que está apenas de passagem e o fluxo de turistas que para para observar as barracas do vendedores ambulantes, a paisagem e o centro cultural


29 Ladeira Antes

Lances da Escadaria e patamares

Ladeira Depois

Ladeira Depois


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Tokyo SP Milla Strauss- 2018 São Paulo- Brasil

No ano de 2018 ganha uma reforma e se torna o empreendimento comercial Tokyo SP, Idealizado pelos empresários Junior Passini e Fábio Balestro, o projeto da arquiteta Milla Strauss reúne karaokê, bar, restaurante e balada. os Usos se dividem nos andares do edifício,

O Edifício ABC localizado no centro de São Paulo, foi construído em 1949 pelo arquiteto Oswaldo Bratke na rua Major Sertório, possui sua fachada tombada, em meio ao bairro consolidado e ao redor de construções icônicas como Edifício Itália e Copan.

Com seu entorno histórico o antigo edifício que possuí o nome ABC, foi batizado em homenagem aos sócios: Oscar Americano (engenheiro), Oswaldo Bratke (arquiteto) e Guilherme Corazza (construtor)

O edifício é todo inspirado na temática nipónica, na metrópole futurista, com luzes de neon utilizando as frases de músicas conhecidas. Os demais andares do edifício possuem diversos espaços, como estúdios de tatuagem, galerias de arte, escritórios etc.


31 Interior Tokyo SP

Rooftop

Restaurante Tokyo SP

Rooftop




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A intervenção no espaço Entre é uma escadaria muito utilizada de passagem para os moradores do Condomínio Horto do Ype. A escadaria também serve de “quintal” para os moradores dos lotes irregulares que margeiam o condomìnio. A estreita escadaria apresenta diversas problemáticas que variam desde o acúmulo de lixo, ao fluxo distinto de crianças , moradores, e pedestres que a utilizam como passagem. Ao lado da escadaria existe um extensa área verde que deveria ser um parque linear, as obras foram iniciadas mas foram abandonadas, assim configurando um cenário de descaso e degradação urbana.


35 A breve história do Horto do Ype n° 1001 A Escadaria fica localizada dentro dos limites do condomínio residencial Horto do Ype, seu fluxo é dos moradores do condomínio e dos moradores das residências que envolvem a escadaria. O Horto do Ypê é um complexo construído entre as décadas de 60 e 70, era uma antiga fazenda na região do campo limpo. Seu loteamento acontece entorno da principal via de acesso, a Estrada do Campo limpo, e os moradores eram migrantes de origem simples, principalmente da região Nordeste do País. Na década de 80 houve um grande investimento imobiliário, para vender a idéia de que o Horto do Ype, seria um bairro planejado de alto padrão, porém cercados pelos bairros como Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luís, a proposta não se sustentou. Hoje o Horto do Ype abriga um complexo de varios condominios, como casas e apartamentos para classe média baixa. Apesar do condomínio Horto do Ype ser localizado em uma zona periférica da cidade, para seus moradores e os moradores em sua volta, o Horto é uma zona “nobre” com apartamentos e casas com piscina, quadras poliesportivas, mercados, salão de beleza, pontos de ônibus e fácil acesso ao metrô. Assim os moradores do Horto não se reconhecem como moradores de uma zona periférica, mesmo com infraestrutura, possui poucas praças e espaços públicos de qualidade, criando um complexo de condomínios murados. A estreita escadaria fica localizada entre o que deveria ser um parque linear do Horto e as residência irregulares da escadaria. Assim o cotidiano da escadaria é muito movimentado, com fluxo intenso de pedestres e de moradores.


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Localização e Entorno


37 O fantástico cotidiano da Escadaria Horto do Ype e quem a habita A escadaria que não se sabe ao certo quando foi construída, é a passagem diária de muitos moradores do Horto do Ypê, e assim como as casas ao seu redor. é classificada como favela. É extensa e vence aproximadamente 10 metros de desnível, entre o gradeado do prédio e as residências, a escadaria surpreende pela concentração de usos presentes além de seu fluxo diário. Apesar de ser um espaço estreito, os moradores demonstram total envolvimento com a Escadaria, desenvolveram uma horta comunitária e um galinheiro que serve para a renda das famílias que utilizam a escadaria de quintal e espaço público. Mesmo ao olhar mais desatento e rápido, a surpreendente caminhada pela escada é sempre interrompida, seja por uma criança que está brincando, pelos buracos no chão ou por uma galinha que fugiu do pequeno galinheiro improvisado. Os fluxos presentes são os mais diversos. E para compreender melhor o cotidiano desta escadaria, busquei classificar os personagens que utilizam a escadaria, a fim de compreender melhor como o projeto deveria ser encaminhado e para quem, e chego nos seguintes personagens: os moradores, as crianças, as galinhas e os transeuntes. Objetivo deste projeto é manter toda a dinâmica existente, dentro da área compreendida, e promover um espaço de passagem e de espaço público de qualidade aos moradores da Escadaria.


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Levantamento Fotográfico 1. Acesso a escadaria pela Estrada do Campo limpo

2. Lateral da escadaria que deveria ser uma parque linear.

A escadaria, tem os seus acessos tímidos e estreitos, quase imperceptível a quem passa, e às vezes coberta pelo que deveria ser um parque linear .

3. Escadaria vista pelo condomínio

4.Acesso a escadaria pelo condomínio e lotes irregulares


Levantamento Fotográfico

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1.Vista da escada pela Estrada do Campo Limpo 2.Lances da escadaria

4. Horta

5. Burraco e acesso a residência

6. Galinheiro

3. Platôs e os muros do condomínio

Diferente de seus acessos o meio da escadaria reserva os mais improváveis usos para quem a observa de fora, uma horta, um galinheiro e um espaço de convivência dos moradores. A região do entorno da escadaria não contempla muitas áreas livres para lazer e descanso, assim os moradores têm a escadaria como quintal, e praça pública. Devido a essa falta de espaço público de qualidade, é comum ver as crianças escalarem o gradeado que separa a escadaria da área do condomínio. É no meio da escadaria que a sua personalidade e singularidade acontecem, em meio ao caos, usos e fluxos presentes.


O Espaço Escadaria do Horto e o Lugar Escadaria Horto

Quando escolhi a Escadaria como intervenção do Entre, dentre tantas outras opções, pensei que seria apenas uma escadaria onde a intervenção seria voltada ao caminhar, a passagem, e a singela presença de quem passa. Ao estudá-la, pude compreender que a Escadaria é uma extensão de todas aquelas casas que a caracterizam, de todos os moradores, e também “apenas” espaço de passagem. Assim fiquei impressionada com a coletividade dos moradores em transformá-la em espaço público, essa atmosfera constitui um espaço onde sempre tem pessoas passando, pois preferem utilizar a escadaria do que a portaria principal do Condomínio, e também por uma questão de aproximação com o Metro. A grande questão foi entender que trata-se de dois espaços diferentes, com demandas e soluções distintas. A então Escadaria é na verdade, a Escadaria de passagem do Horto do Ype e a Escadaria Horto, essa sendo lugar de vivência dos moradores. Para isso é necessário entender o fenômeno do lugar e espaço, e como duas palavras mudam toda a compreensão da Escadaria, A "paisagem" é um fenómeno muito abrangente. De maneira geral, pode-se dizer que alguns fenômenos formam um "ambiente" para outros. Um termo concreto para falar em ambiente é lugar. Na linguagem comum diz-se que atos e acontecimentos têm lugar. Na verdade, não faz o menor sentido imaginar um acontecimento sem referência a uma localização. É evidente que o lugar faz parte da existência. Então, o que se quer dizer com a palavra "lugar"? É claro que nos referimos a algo mais do que uma localização abstrata. Pensamos numa totalidade constituída de coisas concretas que possuem substância material, forma, textura e cor.”NORBERG-SCHULZ,2006.

Norberg em seu texto sobre o fenômeno do lugar, deixa claro que um lugar é o total de um espaço, onde você entende toda a sua atmosfera, e tudo que acontece. E assim quando ao nos sentirmos familiarizados com o espaço, criamos laços afetivos cotidianos. E então, esses espaços fazem parte da nossa vida e lembrança, e damos à esse espaço um valor. O Espaço nada mais é do que a etapa antes de se tornar um lugar, sendo necessário dar valor e se apropriar do espaço. Na Escadaria é possível visualizar isso quando entendo que a Escadaria serve de passagem aos transeuntes, que podem ou não criar relação afetiva com a escada, e Lugar para os moradores que além de utilizá-la como passagem, deram materialidade, função, personalidade e valor. Assim configurando um Lugar para os moradores, mas apenas um espaço para os transeuntes. Nas inúmeras visitas realizadas na Escadaria, puder perceber ao observar o cotidiano, como esse lugar possui um valor de espaço público. Os moradores se mostravam extremamentes incomodados com a minha presença, por ser uma área de lotes irregulares boa parte dos moradores ficavam com um certo tipo de medo de que eu estivesse ali para retirá-los. Ao longo das visitas alguns começaram a conversar comigo a respeito da horta e da falta de espaços para as crianças, outros se incomodavam com a promessa do parque linear, que de fato nunca foi construído e consta como área pública existente na região. A partir dessa compreensão, as diretrizes do projeto ganharam força e por fim após as visitas e observações do cotidiano, chego na proposta da escadaria que busca dar ênfase a sua característica de lugar/praça, e de espaço de passagem.



O Projeto - Escadaria Horto


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Proposta escala 1/250



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Cotas escala 1/250



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Passagem Passeio

Fluxos escala 1/250


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O projeto entendeu a área de intervenção como a área estipulada no levantamento, e a partir disso se norteou pela necessidade de separar os fluxos e os usos da escadaria. A proposta do corrimão como mobiliário, surge com a vontade de organizar os usos existentes da escadaria, propondo uma nova dinâmica para os moradores e sem atrapalhar os fluxos cotidianos em horários de pico. O corrimão percorre toda a extensão da escadaria indicando e revelando seus usos antigos e os novos propostos, como os brinquedos para as crianças e os espaços de convivência para os moradores

1- Redes; espaço de descanso, leitura e lixeiras 2- Mesa; espaço para encontros 3- Galinheiro; espaço coletivo de serviços e aprendizado 4- Horta; espaço coletivo de serviços e aprendizado 5- Parquinho; mobiliário destinado ao uso infantil com escorregador e balanças, bancos e canos para as crianças explorarem



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Cortes escala 1/250


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Corte AA escala 1/250


Corte BB escala 1/250



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A intervenção no espaço Sob fica localizado logo abaixo da Ponte Nova MorumbI. A marginal pinheiros é a principal via de acesso, onde se abriga, o ponto de ônibus, e logo atrás existe uma garagem, ambos fazem parte da intervenção. A princípio, o projeto contemplaria apenas a garagem, mas quando compreendo o espaço, vejo que existe a necessidade de integrar esses espaços, a fim de promover uma melhor espacialidade. Esse espaço abaixo da ponte é inóspito ao corpo, suas estreitas calçadas e o intenso fluxo da Marginal Pinheiros, fazem o caminhar ser acelerado em ritmo de quem está com pressa. O ponto de ônibus é o único lugar que o corpo reconhece como parada, mas a sua volta não contempla nenhum espaço público de qualidade.


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A breve história do Ponto de Ônibus e Garagem

O bairro Cidade Monções, localizado na zona sul de São Paulo tem sua história bastante estudada, antes bairro de pequenos lotes residenciais até passar pela especulação imobiliária e virar cenário de grandes edifícios corporativos, edifícios residências de alto padrão e agora faz parte da Operação Urbana Consolidada água Espraiada. A ponte Nova Morumbi é uma das poucas que transpassa o Rio Pinheiros, sendo um elemento de conexão mas por outro lado um elemento completamente segregador do corpo na cidade. Quando pensamos em pontes dificilmente a entendemos como espaço na cidade, e em sua grande maioria quem a ocupa são moradores de rua, que usam a cobertura das pontes para se proteger da chuva, vento, calor etc. Por estar em uma zona de Operação Urbana, as alterações no solo são constantes, a característica de grandes empreendimentos e escritório nessa região é predominante, e a presença de dois grandes shoppings marca o entorno, fazendo assim que o bairro não tenha muitas opções de lazer ao ar livre, ou de descanso. Quando pensamos em pontes estamos quase que falando diretamente da escala do automóvel, a presença do corpo é quase sempre ignorada, a sensação de atravessar uma ponte a pé é angustiante e passar por baixo de um ponte pode ser sinal de perigo. A escolha desse espaço parte então da vontade de inserir o corpo onde ele não é bem vindo, e desta forma, contribuir para que a cidade ganhe um espaço público de qualidade.

O ponto de ônibus está sempre movimentado, o que chamou a atenção de diversos vendedores ambulantes que ficam apertados na estreita calçada. No ponto passam cerca de 21 linhas de ônibus com destino ao centro e outras regiões da cidade, muita gente também desce nesse ponto devido aos grandes edifícios corporativos presentes. Apesar da presença de dois grandes shoppings e de entender que os Shoppings possam servir de espaço “público”, o projeto da praça busca defender que nenhum espaço fechado, tem tanta importância e valor na cidade como as áreas livres. Assim o cotidiano agitado desse entorno faz com que eu proponha uma espaço de parar, sendo possível acolher o corpo, em meio ao caos e turbulência das velocidades cotidianos. .



Localização e Entorno

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Levantamento Fotográfico

1.Vista Aérea da ponte Nova Morumbi

3.Ponto de ônibus

2.Garagem existente

4.Calçada

A ponte é uma das mais movimentadas da região, e uma das poucas pontes que atravessa o Rio Pinheiros. Logo a baixo fica a Marginal Pinheiros, via de acesso super congestionada com transportes passando a todo momento. O ponto de ônibus fica no estreito meio fio, fazendo com que os pedestres se espalhem pela estreita calçada. Todas as calçadas em volta são estreitas,causando certo incômodo ao caminhante.


63 A Praça localizada no não-lugar

A grande questão desse projeto foi como transformar um espaço inóspito ao corpo em uma praça e conectá-la ao ponto de ônibus existente, assim respeitando os limites compreendidos pelo projeto, e as suas características locais. A praça então se resolve no espaço da garagem, e se conecta ao ponto de ônibus, pela estrutura de madeira que desenha todo o projeto. A estrutura foi pensada como uma linha que contorna e une os usos da Praça com o Ponto de ônibus. Assim sobe e cai no chão desenhando o acento do ponto de ônibus. Os pilares que cercam a praça, e se transformam em vigas de madeira, foram pensados também para receber a iluminação pública desses espaços, de maneira que a permanência na Praça, seja realizada em todos os períodos do dia. Assim esse antigo espaço, possa se transformar não apenas em um lugar de parada para as pessoas que trabalham na região, mas também em um destino. Um lugar que o corpo se apropriou na cidade. O nível da praça se resolve em cota negativa, com a vontade de criar a sensação de que as pessoas estão realmente sob a ponte, com largos degraus, que servem de arquibancada, com o objetivo de ser um lugar de encontros, conversas, leituras etc. Os outros usos propostos são a pista de skate, que busca a presença dos esportistas, crianças e curiosos, e também para incentivar o esporte na cidade. Um deck que serve para encontros, ou até mesmo para abrigar os vendedores, e também traz cor e materialidade ao lugar. Por fim, um painel de madeira instalando em toda extensão do pilar existente da estrutura da Ponte, que propõe uma espaço para feira livre, por ser um painel modular pode ser utilizado conforme a necessidade.


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O Projeto - Praรงa Nova Morumbi


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Proposta escala 1/200



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Usos propostos escala 1/200



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Cotas escala 1/200



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Corte AA escala 1/200


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Corte BB escala 1/200

Corte CC escala 1/200



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O Edifício pertence à antiga massa falida do Banco Santos, localizado na esquina da Rua Hungria com Rua iraci n° 707, sequer chegou a ser finalizado, e nem a receber um nome, ficou abandonado por alguns anos e em 2015 foi ocupado pelo Movimento Terra Livre que levou 178 famílias para morar no Edifício que não cumpria sua função Social na cidade. Com vista panorâmica devido ao baixo gabarito do entorno, o edifício tem vista ampla para a cidade e para o Jockey, um dos metros quadrados mais caros da cidade, hoje encontra-se novamente abandonado. Os ocupantes foram retirados em 2017 e o edifício entrou em leilão judicial, em maio deste ano a justiça encerrou o leilão e o Edifício avaliado em 18 milhões, não foi comprado por ninguém. Assim o que me chama a atenção na escolha dessa edificação é como ele se destaca no meio da cidade devido ao gabarito baixo de seu entorno que o transforma em uma edificação abandonada, mas com muita história a ser revelada.


79 A Breve história do Edifício 707 Edifício 707 e Movimento Terra Livre Por não ter sido finalizado o edifício não possui nome, apenas o número que dá endreço a construção, o número 707 na rua Iraci. Um dos metros quadrados mais caros de São Paulo, possuí em seu entorno diversas construções de luxo, casarões antigos, mansões, e é nítido que trata-se de um bairro planejado, com ótima infraestrutura e bem localizado. Os muros das residências causam um caminhar mais acelerado ao pedestre, porém o bairro conta com arborização nas ruas, e o clima é ameno e gostoso para se caminhar, apesar das ruas serem estreitas e vazias. Existe a presença de pequenas praças que ficam no interior das quadras, onde é possível em alguns horários do dia ver pessoas caminhando com animais de estimação e às vezes acompanhadas de crianças. O bairro é de predominância residencial, com baixo gabarito, o que ocasiona no destaque as construções verticais. É nesse skyline que o Edifício 707 ganha um papel de destaque, ao descer na Avenida Brigadeiro Faria Lima e entrar na rua Iraci, é só andar mais um pouco e já é possível observá-lo de longe. Ao se aproximar, suas pichações e aparência de abandonado deixam o olhar de quem passa curioso, dando indícios de sua história. O edifício pertencia ao antigo Banco Santos, que decretou sua falência em 2006, no mesmo ano as obras do edifício foram embargadas. O edifício então foi abandonado e nem se quer finalizado e permaneceu vazios desde então, construíndo um cenário destoante de seu entorno. Com localização privilegiada à Marginal Pinheiros, Avenida Faria Lima e a Estação Hebraica-Rebouças, o edifício virou alvo do Movimento Terra Livre, e no ano de 2015 foi ocupado.

O edifício foi ocupado em 2015 pelos integrantes do Movimento terra Livre que ficaram por 2 anos, até serem despejados por ordem judicial. Obtive algumas informações no site do MTL, que contaram um pouco a situação de como os ocupantes encontraram o edifício, que tem água apenas no térreo, nos demais andares possuem apenas os encanamentos, mas não as ligações necessárias para levar água aos outros andares. Possui luz apenas nos 2 primeiros andares, assim os moradores ocuparam apenas os 5 andares finalizados do edifício, como só possui água no térreo, a cozinha era comunitária para todas as famílias, e também os banheiros, criando então um sistema de rodízio para todas as famílias. Ao todo 178 famílias ocuparam o edifício, com apenas uma cozinha comunitária e alguns banheiros no térreo, esse é o tipo de relato que me faz questionar como é possível que algumas pessoas pensem que ocupantes são “vagabundos” “preguiçosos”, tenho certeza que ninguém ocupa por que quer, mas sim pela necessidade de morar. Com os anos de ocupação o edifício ganhou em suas lajes vazias sua história, e no ano de 2017 os moradores foram despejados, e o edifício entrou em leilão judicial, juntos aos outros imóveis do Banco santos. Em maio deste ano o leilão foi finalizado, e nenhum comprador se interessou no imóvel, assim o edifício volta a não cumprir sua função social na cidade.


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“Sabemos que o pessoal não quer a gente aqui”, contou Eva Lucia Gonçalves, de 41 anos, que cuida da entrada e da saída no imóvel. “Eles querem colocar a gente na periferia, onde alaga, as pessoas perdem tudo. É assim que eles querem a gente: lá afastado deles aqui. Eles passam aqui ignoram a gente, falam que nós somos vagabundos, soltam bombinha. É um bairro chique. Eles não querem a gente perto deles. A gente cumprimenta e eles viram a cara para o outro lado, não querem nem ouvir o que a gente diz. O dia que a gente veio pra cá ocupar um senhor falou que a gente estava desvalorizando o prédio”, afirmou a moradora. (Terra Livre, 2015) Apesar da intervenção deste projeto não ser voltada aos ocupantes, achei necessário contar sua história, uma das decisões do projeto consiste em não danificar ou alterar nada do edifício, nem usar suas instalações como os elevadores, a fim de criticar a expulsão dos mesmos, o edifício será iluminado e no elevador, quando os convidados entrarem e passarem lentamente pelos andares, todos irão saber a história do Edifício 707, dos ocupantes, a fim de que eles voltem, e deem função social a este edifício na cidade, assim como tantos outros casos pela cidade.

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Localização e Entorno

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82 Levantamento Fotográfico 1. Vista aérea do Edifício olhando pela Faria Lima

2. Edifício Visto pela Rua Iraci

Ao olhar de quem passa, o Edifício 707 se destaca em seu skyline, o volume vertical vazio e abandonado no meio de um bairro de gabaritos baixos, se transforma em um potencial de ser mirante na cidade.

3. Vista do edíficio pela Rua Hungria

4. Vista aérea do Edíficio 707


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Edifício 707 - Apresenta Armila Após a escolha do edifício para intervenção surge a dúvida do que propor, por seu gabarito alto e ampla visão da cidade, optei por dar mais força a esse topo, transformando em mirante, assim o edifício se destaca ainda mais em meio ao bairro residencial. Ao estudar algumas intervenções em topos de edifício foi possível notar uma tendência que sãos os rooftops como espaços públicos, como nos exemplos do Sesc 24 de maio, Sesc paulista e Tokyo Bar.

Rooftop Sesc Paulista

Rooftop Tokyo bar

Rooftop Sesc 24 de Maio

Percebi que seria interessante dar um uso também comercial a esse topo, com isso a proposta do bar com mirante. Como uma das características mais marcantes do Edifício é ser uma obra inacabada, e a sua aparência de local abandonado, resolvi assumir isso como partido, e também a questão lúdica e cenográfica que espaços como esses podem trazer. Ao analisar o espaço, percebi que a sua condição abrigaria um bar com a temática do meu conto favorito, do livro “Cidades Invisíveis” escrito por Ítalo Calvino. O conto descreve uma cidade, chamada Armila, que não se sabe bem se foi inacabada ou abandonada, restaram apenas seus encanamentos e banheiras, a partir disso surgiu a vontade de adaptar o conto para a temática do bar, e assim o Edifício 707 ganha sua nova atmosfera, e o nome de “Edifício 707 - Armila” A idéia é que o mobiliário seja composto por banheiras e canos que percorrem toda a estrutura de vidro onde o bar se abriga, as escadas com corrimão em ferro envelhecido trazem a armila sua paleta de cores, os azulejos hora descascados hora não, contribuem para a sensação de lugar abandonado. Chuveiros e torneiras de estilo clássico compõe a identidade visual de seu espaço, as frases do livro em letreiros Neon criam destaques em suas paredes revestidas de espelhos e algumas artes, como grafites, colagens etc. Armila ganha força com o entrelaçado de canos dispostos por todo o bar, e criando espacialidade para o pé-direito alto.


O Projeto - EdifĂ­cio 707 Armila


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Planta e layout Esc.: 1/200



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Planta Acessos Esc.: 1/200


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Planta Nível 0,00 do bar Esc.: 1/200

Planta Nível 4,00 do bar Esc.: 1/200

Planta Nível 6,00 do bar Esc.: 1/200


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Planta Acessos e Cortes Esc.: 1/200



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Corte AA Esc.: 1/200


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Corte BB Esc.: 1/200

Corte CC Esc.: 1/200



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Considerações Finais

Este trabalho surge da vontade de estudar à cidade, neste caso São Paulo, e a relação do corpo e o cotidiano, tendo em vista a condição de cidade contemporânea, conectada e tecnológica. Quando optei realizar um mapeamento em um determinado trecho da cidade, a fim de levantar pequenos entraves urbanos, esses entendidos como espaços residuais, abandonados, segregadores etc, dentro do meu cotidiano, foi com o desejo de redescobrir a cidade. Partindo da preocupação de que talvez, no meu andar pragmático e acelerado, não perceba a cidade à minha volta e as suas necessidades, condicionando o meu olhar e ignorando os problemas urbanos, que são esses pequenos entraves. Ao realizar o simples ato de caminhar e observar a cidade, esses pequenos entraves, como uma escadaria ou um ponto de ônibus, passam a se mostrar problemáticas da cidade, e o ato de caminhar, parar e observar, contribuem para uma melhor compreensão do que a cidade precisa, e de como intervir nesses espaços. Nos tempos acelerados e agitados em que todos vivemos, nesta grande metrópole é necessário parar, até para poder absorver uma parte das informações que nos são dadas todos os dias.

Dessa forma este trabalho, serviu para me tirar da ausência sobre o meu cotidiano, e possibilitou que eu realizasse descobertas sobre quem sou eu nesta imensa massa urbana que habito, e entender que a cidade é um ser anônimo, que sua história é escrita diariamente por seus inúmeros autores, cada um com a sua particularidade e singularidade, existindo e resistindo. Este trabalho nada mais é do que a experiência do meu corpo na cidade, onde valorizo as pequenas descobertas e redescobertas, onde desenvolvi um olhar mais atento e sensível às questões urbanas e de convivência com o outro, que junto comigo escreve e desenha os caminhos as serem percorridos na cidade. A metodologia neste caso possibilitou que todo o levantamento acontecesse, e foi de extrema importância, permitindo o desvendar e organizar das informações, transformando todo o levantamento na peça principal do meu trabalho, os resultados são três projetos que correspondem a questões reais da cidade, problemáticas cotidianas e corriqueiras, assim deixando claro de que o ato de caminhar e observar a cidade, nos possibilita a chegar em soluções e melhorar o cotidiano e a nossa coletividade.


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Referências Livros e Publicações BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: UFMG, São Paulo: Imprensa Oficial, 2007. CALVINO, Italo. Cidades Invisíveis. São Paulo:Companhia das letras. 1990 CERTEAU, Michel de. Artes de Fazer - A Invenção do Cotidiano. Petrópolis, 1998. JEUDY, Henri-Pierre. Corpos E Cenários urbanos: Territórios Urbanos E Políticas Culturais. Salvador: EDUFBA, 2006. PASSOS, Eduardo, KASTRUP, Virginia, ESCÓSSIA, Liliana (org), Pistas do método da cartografia; pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015.

Sítios Digitais Ladeira da Barroquinha. Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/781582/ladeira-da-barroquinha-metro-arquitetos-associados>. Acesso em: 14 nov. 2018. Projeto Urbano A8erna. Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrain-vague>. Acesso em: 10 nov. 2018. Google Maps. Google. Disponível em:<https://www.google.com.br/maps/search/google+maps/@-23.6448437,-46.823645,12z/data=!3m1!4b1>. Acesso em: 14 nov. 2018. Tokyo SP. Disponível em: <https://tokyo011.com.br/?gclid=Cj0KCQjwz6PnBRCPARIsANOtCw1zEaJ7Gmkk9GzKGtd6cBGsJOcsxVe31wXDDzJ6kEqaC6TjqdM-jWgaAtroEALw_ wcB


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