BURACANÃ
Reurbanização da favela Parque Planalto I Renan Santoss
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Reurbanização da Favela Parque Planalto I - Buracanã Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac, como exigência para obtenção do Título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Profª. Drª. Beatriz Kara José Centro Universitário Senac São Paulo, 2019
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Agradeço a todos os que fizeram parte desta tragetória, agradeço a meus pais, irmãos e colegas de classe por me darem todo o suporte ao longo do curso e principalmente nesta etapa final. Em especial a Gabriela Gomes que recuperou meu arquivo corrompido, ao meu irmão que me ajudou com as fotos, minha mãe com as palavras de afeto e as minhas amigas que me deram todo o apoio do mundo quando tive um colapso emocional. Obrigado Caroline Pimenta, John Medeiros, Natalia Paixão, Thais Campos e Vitória Lacerda, sem vocês nada disso seria possível. Agradeço também a minha orientadora, que sempre acreditou no meu potencial e sempre me incentivou a dar o melhor de mim.
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RESUMO | ABSTRACT O presente trabalho propõe uma reflexão sobre as intervenções em núcleos de habitações irregulares, sua importância e necessidade de atuação em territórios tão sensíveis. Em especial, os núcleos irregulares inseridos em áreas de preservação dos mananciais ou áreas de preservação permanente (APP), na qual o objeto de estudo se encontra, onde além das tradicionais questões enfrentadas em relação à intervenção em favelas, questões de ordem ambiental também fazem parte do escopo de atuação. Para isso, propõe-se uma série de intervenções dentro do perímetro delimitado, que surgem através das análises sociais e morfológicas do território, visando prover àquela parcela do cidade, bem como seus habitantes, acesso digno a mesma através do desenho arquitetônico e urbano de qualidade. Sendo assim, o trabalho concentra-se na na provisão de habitação social para que todas as famílias sejam realocadas; requalificação das transposições existentes; implantação de uma escola de música e edifícios suficientes que abriguem todas as ONGs e que deem suporte para o pleno exercício de suas respectivas atividades; criação de um parque linear ao longo do curso d’água e transformação da relação dos habitantes com o mesmo.
The present work proposes a reflection on the interventions in nuclei of irregular dwellings, their importance and necessity of action in such sensitive territories. In particular, the irregular nuclei inserted in areas of preservation of the reservoirs or areas of permanent preservation (APP), in which the object of study is found, where in addition to the traditional issues faced in relation to intervention in favelas, environmental issues also make part of the scope of action. For this, a series of interventions within the delimited perimeter are proposed, that appear through the social and morphological analyzes of the territory, aiming to provide to that part of the city, as well as its inhabitants, decent access to it through the architectural and urban design of quality . Thus, the work focuses on the provision of social housing for all families to be relocated; requalification of existing transpositions; establishment of a music school and sufficient buildings that house all the NGOs and that support the full exercise of their respective activities; creation of a linear park along the water course and transformation of the relation of the inhabitants with the same.
ABSTRACT Key words: housing, transposition, linear park, draina-
Palavras chave: habitação, transposição, parque linear, drenagem, manancial
ge, spring
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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 10
Objetivos 10 Metodologia 10
O TERRITÓRIO 11
Do distrito ao perímetro 13 Um olhar sobre o distrito do Grajaú 14 Transportes 15 Mananciais 15 O Distrito 16
O PERÍMETRO 16
Delimitação da área e o relato de uma experiência como morador 16
BURACANÃ 18
Análises 20 Perfil social e econômico dos habitantes 20 Núcleos de habitação irregular 22 Legislação, uso e ocupação, infraestrutura urbana 24 Morfologia 27
Pagode da 27 29 Ceprocig 30 Assosiação Mulheres do Grajaú 31
AGENTES SOCIAIS E A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO EM SOCIEDADE 28
PRÉ-PROJETO 32
Partido 32 Diretizes 32
REFERENCIAL PROJETUAL 35
1º colocado do Cabuçu de baixo - Renova SP 36 Parque Cantinho do Céu 37 Urbanização da Favela Guilherme Bude 38
O PROJETO 39
Tipos de intervenção 40 Intervenção tipo I: acesso a àrea e implantação da escola de artes e música 41 Intervenção tipo II: habitação e transposições 44 Unidades Habbitacionais 45 Edifício tipo I 46 Edifício tipo II 59 Edifício tipo III e IV 71 Intervenção tipo III: parque linear ao longo do córrego 88 Intervenção tipo IV e V: drenagem e tratamento das vielas e escadarias 94
CONSIDERAÇÕES FINAIS 98 BIBLIOGRAFIA 101
APRESENTAÇÃO A cada dia que passa a cidade informal cresce cada vez mais (MARICATO, 1996). Fruto de um cenário internacional proveniente da lógica capitalista, onde o mercado imobiliário e as instituições que a ele se subordinam ditam o crescimento e desenvolvimento urbano, não resta outra escolha à população de menor poder aquisitivo - que não pode consumir dos frutos produzidos por esse sistema - a não ser migrar dentro da cidade, de onde há a maior concentração de empregos, oferta de infraestrutura, onde o desenvolvimento socioespacial é expressivo (VILLAÇA, 2011) para as áreas mais afastadas, por possuírem a priori, um valor de terra menor e por não haverem entraves burocráticos. Não existem barreiras, limites administrativos ou terrenos difíceis de se ocupar quando a necessidade de um teto para se abrigar é real, o que resulta na ocupação de áreas extremamente precárias e de difícil acesso, e que posteriormente ocasiona a seus habitantes uma série de demandas de diferentes escalas e esferas interdisciplinares a serem enfrentadas. Pobre, insalubre, violenta, periférica e marginalizada são os adjetivos que frequentemente acompanham as discussões sobre favelas e suas dinâmicas socioespaciais. Todo o restante é deixado de lado, reduzir famílias a números e metros quadrados é algo corriqueiro quando tratamos da urbanização ou reurbanização dessas áreas que continuamente são ignoradas pelos governantes bem como por suas propostas de políticas públicas, parafraseando Pedro Demo em “Pobreza política (pobreza humana)”: Ser pobre não é apenas não ter, mas sobretudo ser impedido de ter, o que aponta muito mais para uma questão de ser do que de ter (p.2); [...] A carência material é a face externa da exclusão política (p.3). Notamos no Brasil desde meados dos anos 1970 toda uma mobilização de movimentos de luta pela ampliação e conquista de direitos sociais, urbanos e melhorias nas condições de vida. Movimentos estes que cresceram e se mantiveram presentes nos anos seguintes, sempre debatendo e apresentando suas propostas e cobrando do Estado reconhecimento e abertura para que os mesmos pudessem efetivamente contribuir com a participação popular nas decisões e criação de políticas públicas referente a moradia e ao direito à cidade.
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Assim, fruto de lutas sociais em torno da questão da moradia, compreendida não só como teto, mas também enquanto um “lugar na cidade”, o Estatuto da Cidade é o marco referencial para uma Política Urbana. Pela sua amplitude e por referir-se a competências atribuídas pela Constituição, de modo concorrente, a todas as esferas de governo sua implementação necessita efetivamente enraizar-se em todos os níveis, estando sob controle direto e atento da Sociedade. (MARTINS, 2006).
OBJETIVOS Tendo como norte o atual cenário de descaso com a população, onde direitos previstos por lei como habitação, saneamento básico, acessibilidade, lazer e cultura não são efetivamente garantidos, o objetivo deste trabalho é refletir através de um conjunto de intervenções arquitetônicas e urbanísticas, a possibilidade de prover aos habitantes dessas áreas, onde a qualidade de vida é mínima ou praticamente inexistente (porém riquíssima em dinâmicas sociais, espaciais e urbanas), melhores condições de vida, acesso digno à moradia e a cidade, onde através de estratégias palpáveis e eficazes o acesso a estes direitos seriam garantidos.
METODOLOGIA A pesquisa possui uma abordagem estrutural de ordem empírica, pois combina parte da vivência do pesquisador na área de estudos com uma série de levantamentos in loco, além claro de inúmeras leituras de artigos cientificos, que objetivaram desenvolver um método decompreensão das dinâmicas socioespaciais de maneira mais pragmática.
O TERRITÓRIO Imagem extraída do google earth
Hospital Grajaú Estação e Terminal Grajaú Linha 9 - Esmeralda Av. Dª Belmira Marin R. Isabel Aguiar de Campos Perímetro da intervenção
DIAGRAMA 1
diagrama autoral imagem extraída do google earth
DO DISTRITO AO PERÍMETRO
Represa Guarapiranga
Represa Billings
A área escolhida para ser trabalhada é a da favela Parque Planalto I, localizada no Grajaú (distrito do município de São Paulo, zona sul da cidade). O distrito faz parte da subprefeitura Capela do socorro, e está localizado entre as bacias do Guarapiranga e Billings. O perímetro é delimitado é resultado da triangulação da Avenida Dona Belmira Marin, Rua Isabel Aguiar de Campos e um braço da Represa Billings (diagrama 1), mas para a melhor compreensão deste território, antes é necessário darmos um passo atrás e olharmos para o distrito do qual a favela faz parte, suas relações com o restante da cidade, e o espaço de intensos conflitos em que o mesmo se insere. Socorro
Cidade Dutra
Distritos da cidade São Paulo
Grajaú
Subprefeirura Capela do Socorro
DIAGRAMA 2
diagrama autoral imagens extraída do GeoSampah
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UM OLHAR SOBRE O DISTRITO DO GRAJAÚ O Grajaú é o distrito mais populoso da cidade de São Paulo, com cerca de 450 mil habitantes, é o 3° maior em área territorial e está localizado na zona sul da cidade. A região começou a ser povoada na década de 60 com a chegada da família Reimberg, que comprou 40 alqueires de terra anteriormente sob a propriedade do doutor Olavo Guimarães Sobrinho. Foi o maior loteamento implementado até então na cidade de São Paulo, ocupando uma área total de 92 quilômetros quadrados. A região do extremo sul, onde fica o bairro, equivale a 1/3 da área total da cidade, com superfície de 487,8 quilômetros quadrados. A porcentagem de crescimento populacional anual é de 5,04%, uma das mais altas do município. Mulheres (51,06%) são maioria, jovens entre 01 e 29 anos (52%) também, 50 mil pessoas vivem aglomeradas em ocupações não-planejadas, irregulares, muitas vezes favelas ou casas sem acabamento. A renda per capita, em 2000, foi de R$ 222,29. Em 2007, 32,6% dos domicílios não tinham esgoto tratado – o que dá à região a pior média municipal. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo de 2 de dezembro de 2007, para cada assassinato cometido no bairro de Moema, outros 130 acontecem no Grajaú. A cada 15 homicídios na cidade, um acontece no distrito. Além também de ter sido eleito em 2013 pelo mesmo jornal como um dos piores distritos para se morar. A região do extremo sul – Grajaú incluído – é onde o número de pessoas engajadas em movimentos sociais é mais expressivo: cerca de 7% da população, ante 5,6% na média paulistana. O Grajaú tem 68 grupos ou associações que atendem ou beneficiam mais de 10 mil pessoas, e apesar dos problemas políticos e sociais, o distrito vem demonstrando um alto índice de desenvolvimento social com o grande crescimento do comércio varejista, a melhora do ensino público e a queda do desemprego da região. Sua maior via, Avenida Dona Belmira Marin, é considerada seu principal centro comercial, e também um dos maiores da região sul paulistana. Entre eles, o que mais se destaca é o comércio de roupas e calçados, além das 5 agências bancárias situadas na avenida.
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Imagem extraída do Jornal Folha de São Paulo https://mural.blogfolha.uol.com.br/2013/06/10/estudo-
Av. Dª Belmira Marin | Fonte: Prefeitura de São Paulo https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ transportes/noticias/?p=172801
Hospital Grajaú| Fonte: portal de parcerias do Hospital Sírio Libanês https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/res-
Embora o Grajaú ainda sofra com a escassez do investimento público na área da saúde, o distrito abriga um hospital de grande porte, o Hospital Grajaú, que é responsável pela população local e de distritos próximos. Nos últimos anos, é notado o maior investimentos em AMAS (Assistência Médica Ambulatorial), que tem como objetivo atender pontualmente os bairros, diminuindo a espera nas filas do hospital, causada pela alta demanda da população. O distrito também vem recebendo investimentos públicos na revitalização de calçadas das vias principais, e reforma nas escolas do ensino público.
TRANSPORTES
MANANCIAIS
O distrito é servido por um terminal urbano integrado com uma estação ferroviária da Linha 9 - Esmeralda da CPTM, e é considerado o maior ponto de referência para a região, transportando pessoas do distrito e de regiões próximas. Suas linhas de ônibus atendem uma alta demanda de pessoas que moram no distrito, inclusive a população que vive nas margens da Represa Billings. Já a estação ferroviária é o ponto de partida da Linha 9 - Esmeralda da CPTM, que possui conexões com três outras linhas do metrô, sendo elas respectivamente: Lilás (estação Santo Amaro), Amarela (estação Pinheiros) e Prata (estações Osasco e Presidente Altino), conectando o extremo sul da cidade, a zona oeste e metropolitana.
O que são manciais? Mananciais são reservas hídricas ou fontes de água para abastecimento público e podem ser superficiais ou subterrâneas. Antes do tratamento nas estações, a água é retirada de rios, lagos, riachos, represas e lençol freático. Daí a importância da conservação e proteção destas áreas para garantir água em quantidade e qualidade adequadas. As represas utilizadas para fins de abastecimento público tem a finalidade de acumular água no período chuvoso ou úmido para ser utilizada no período seco ou de estiagem, permitindo o fornecimento de água para a população ao longo do ano.
Estação e Terminal Grajaú| Fonte: Escritório responsável pelo projeto Borelli e Merigo
Mapa das áreas de proteção aos manciais na região metropolitana de São Paulo | Fonte: Fundação FIA
Dos trinta e nove municípios integrantes da Grande São Paulo, vinte e sete estão total ou pacialmente inseridos em APMs, sendo que, destes, dezessete têm mais de 50% de sua área total dentro de APM. Ao todo, aproximadamente 54% da área total da RMSP está em área de mananciais
Mapa das estações de metrô e trens de São Paulo. Em destaque a linha 9 - Esmeralda da CPTM e as estções que promovem conexões com as outras linhas | Fonte: site do metrô
Fonte: DEPRN / DUSM - Equipe Técnica de Mogi das Cruzes
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Ao sair de casa todos os dias desde minha infância, algumas questões a respeito de onde morava sempre me incomodavam. A primeira questão era a respeito das enormes ladeiras que precisava subir diariamente para chegar ao ponto de ônibus, a padaria ou a qualquer outro lugar. Este caminho casa x pontos de interesse do bairro, me obrigava a lidar diariamente com as características físicas no espaço que a disparidade social gera dentro de um mesmo território. Na mesma rua era, e ainda é possível reconhecer através das construções os contrastes sociais. A segunda questão estava relacionada a distância que precisava percorrer para chegar a alguma área pública e conseguir passar algum tempo com a família e os amigos. O local mais próximo e legal que conhecia encontrava-se a mais de 40 minutos de caminhada (Sesc interlagos), fora ele apenas alguns pequenos espaços residuais estavam ao nosso alcance, e que por hora - e por falta de opção - supriam nossos anseios.
O DISTRITO Comprimido entre as bacias do Guarapiranga e Billings, responsáveis por abastecer um terço da metrópole, está localizado o distrito do Grajaú. Para frear a ocupação, duas décadas depois de impulsionar a industrialização de Santo Amaro o governo do Estado sancionou a Lei de Proteção aos Mananciais, que teve efeito contrário ao esperado, o valor da terra desabou e os loteamentos se multiplicaram. O Extremo Sul viveu, então, uma explosão populacional. De 1980 a 2010, o número de pessoas morando no Grajaú triplicou e o distrito passou do 23º ao 1º lugar entre os mais populosos de São Paulo, tendo a fragilidade ambiental como uma de suas principais características, onde milhares de pessoas vivem às margens dos corpos d’água responsáveis por seu abastecimento.
O PERÍMETRO O DISTRITO DELIMITAÇÃO DA ÁREA E O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COMO MORADOR Como morador da região desde o nascimento, a relação com o perímetro delimitado não poderia ser mais intrínseca, então tomo a liberdade de descrever de maneira sucinta e em primeira pessoa neste tópico, as questões que me levaram a trabalhar com o mesmo.
Imagem extraída do google maps
Diagrama 3 Fonte: Produzido pelo autor Buracanã
Resdidência do autor Av. Dª Belmira Marin R. Isabel Aguiar de Campos
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A terceira questão surgiu quando um dia decidi cortar caminho por algumas escadarias para levar minha irmã a escola. Uma simples caminhada degraus a baixo - e depois a cima - em direção a escola, me permitiu redescobrir um local que antes apenas passava de carro com meus pais para também para cortar caminho e desviar do trânsito. Agora mais velho, alguns elementos me chamavam atenção, notava com mais clareza um pequeno córrego escondido entre as casas, ruas estreitas e cheia de crianças correndo de um lado para o outro, brincando, soltando pipa e também jovens numa roda cantando alguns versos.
Também notei algo que nunca antes havia parado para refletir: o enorme desnível que segregava fisicamente aquele lugar de todo seu entorno, além do forte cheiro nos dias quentes de verão vindo direto da represa que incomodava a todos. A vitalidade que encontrei presente nas ruas do meu bairro, frente a todas as dificuldades enfrentadas por uma população deixada de lado pelos governantes, fizeram nascer em mim a vontade de proporcionar a eles um espaço de qualidade para que pudessem viver dignamente e manifestar socialmente suas vidas. A comunidade era repleta de vida, e esta vida não poderia ser deixada de lado.
Imagens e fotomontagem produzidas pelo autor
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BURACANÃ
Imagem extraída do google earth
Popularmente conhecida por seus moradores como “Buracanã” (devido sua forma assemelhar-se a um buraco), a favela Parque Planalto I, conta com uma área de aproximadamente 22 hectares e 2031 domicílios. Sua ocupação ocorre a partir dos anos de 1960, período próximo do surgimento do distrito. As ocupações iniciais são reflexo da instalação de inúmeras indústrias em Santo Amaro, que atraíram muitas famílias a área pela proximidade da mesma e por possuir um valor de terra baixo; posteriormente pela migração de famílias de outras regiões do país (década de 1970) e também de comunidades desapropriadas que não tinham para onde ir - como exemplo podemos citar algumas comunidades desapropriadas da região da até então Avenida Água Espraiada (década de 1990).
Córrego Limite do perímetro de atuação
Além do fato de estar as margens da represa Billings, a área também possui um córrego que a divide ao meio (ver diagrama 3), o que lhe confere um padrão de ocupação que margeia esse curso d’água e também o esconde, resultando numa série de problematicas que serão devidamente pontuadas ao decorrer desta pesquisa. Caracterizando-se como área de proteção aos mananciais, a intervenção sobre este território adquire caráter urbano e ambiental, pois além de todos os conflitos já enfrentados por uma comunidade periférica, questões de ordem ecológicas também estão inseridas em seu escopo de atuação, tendo em vista a situação em que se encontram e como devem ser tratadas as nascentes e cursos d’água remanescentes no espaço urbano.
DIAGRAMA 3
diagrama autoral imagem extraída do google earth
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A dualidade sobre como atuar em um território tão sensível e repleto de questões de ordem social e ambiental urgentes presente neste trabalho é o fio condutor de todo o desenvolvimento da pesquisa. Qual a melhor - ou a menos agressiva - maneira de atuar sobre esse espaço? Remover todos partindo do princípio da fragilidade ambiental, e ao mesmo tempo ignorar e ordenar que tratores passem por cima de todas as famílias que ali residem e construíram sua história ao longo de todos esses anos, assim como vem sendo feito pelas últimas ações do governo?
Nesse contexto, a questão ambiental urbana - o avanço sobre áreas ambientalmente sensíveis e protegidas, é intrinsecamente associada à questão da moradia. A situação presente é de uma extensa área de loteamentos e assentamentos irregulares em geral, em grande parte das vezes em áreas de proteção ambiental e áreas que comprometem mananciais urbanos. São irregularizáveis segundo os padrões usuais e a legislação existente, mas representam a única alter-
A maior parte da população brasileira, principalmente nos grandes centros urbanos do país, não encontra oferta ou soluções de mora-
dia adequada, nem pelo mercado, nem pelos programas públicos, acabando banida da condição de cidadania, tanto por sua condição econômica, quanto pelas condições urbanísticas e ambientais das áreas das quais residem. O padrão de legalidade designado para a cidade formal é um patamar inacessível à renda da maioria, e na ausência de subsídios, a consequência é que a população se instale em loteamentos irregulares, ocupações informais e favelas, justamente nos lugares ambientalmente mais frágeis, “protegidos por lei”, portanto desconsiderados pelo mercado formal (MARTINS, 2006). Partindo deste pressuposto, a solução mais viável - e talvez a mais humana - parece ser o equilíbrio entre essa tensão gerada entre as agendas verde (ambiental) e marrom (urbana), que é o que se pretende atingir com o desenvolvimento deste trabalho. Evitando assim que a solução seja resumida em simplesmente transferir essa população para uma outra área mais afastada da cidade - longe de toda a relação e vida já consolidada por seus habitantes - rompendo com o ciclo vicioso de ações frágeis empregada ao longo de muitas décadas em todo o território nacional quando se tratava de moradia social.
ANÁLISES
A seguir, uma série de análises seguidas de visitas de campo, foram realizadas para que a compreensão social, espacial e urbana do perímetro delimitado fosse alcançada, possibilitando esboços de possíveis frentes de atuação sobre o espaço.
PERFIL SOCIAL E ECONÔMICO DOS HABITANTES
Através da análise dos dados do último censo realizado pelo IBGE em 2010, foi possível traçar alguns parâmetros que foram fundamentais para o desenvolvimento das propostas. Ao observar a pirâmide etária notamos que a maioria dos moradores da região possui entre 14 e 30 anos de idade, além da expressiva quantia de crianças entre 0 e 9 anos, o que confere a comunidade um caráter jovem, que carrega consigo uma série de demandas, como exemplo locais para a prática de esporte e lazer, além de espaços e instituições culturais e até mesmo creches. Dados extraídos do ultimo senso realizado pelo IBGE
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Outro importante dado que merece ser mencionado é o perfil socioeconômico dos habitantes. Ao nos depararmos com o mapa de IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social) notamos que os índices se apresentam mais altos no miolo do perímetro e mais baixo quando lindeiros ou próximos a ruas e avenidas de maior circulação de carros e pedestres, estando relacionado fato de que muitos domicílios lindeiros a estas vias possuem pequenos comércios, contribuindo diretamente com a renda dessas famílias. Durante as visitas de campo essa variação dos índices tornou-se explícita ao se observarno padrão construtivo das residências. Segundo o censo do IBGE, o salário mínimo dos responsáveis por domicílio varia entre 0,5 a 2 salários.
Dados extraídos do GeoSampa, fotomontagem produzida pelo autor Índice 6
Índice 5
Índice 4
Índice 3
Perímetro de atuação Cursos d’água
Padrão construtivo e pequenos comércios agregado aos domicílios fonte: produzido pelo autor
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NÚCLEOS DE HABITAÇÃO IRREGULAR
Dados extraídos do GeoSampa, fotomontagem produzida pelo autor Perímetro de atuação Cursos d’água
Núcleos de habitação irregular
O distrito do qual a comunidade faz parte é repleto de núcleos de habitações irregulares, nesse contexto a área não se encontra isolada. Cercada por outras comunidades, todas (em seu entorno imediato) possuem algum curso d’água presente que posteriormente deságua na represa, cursos estes que em sua grande maioria encontram-se poluídos devido à falta de saneamento ou simplesmente devido as casas não estarem ligadas a rede de tratamento de esgoto, o que apenas fortalece a necessidade do planejamento de intervenções sistematizadas, que juntas integrem um plano maior, para que assim seja possível reverter o atual estado dos córregos e nascentes e o ganho ambiental seja alcançado.
Imagens dos domicílios que ocupam as margens do córrego dentro do perímetro de atuação Fonte: produzidas pelo autor
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LEGISLAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO, INFRAESTRUTURA URBANA DIAGRAMA DE ZONEAMENTO
Dados extraídos do GeoSampa, fotomontagem produzida pelo autor Perímetro de atuação ZEIS 1 ZEUPa Cursos d’água
ZMa
De maneira geral a área é compreendida pelo zoneamento como ZEUPa (Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana inseridas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana definida do PDE), que pode ser sintetizado como uma porção do território onde se pretende promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo. Também está inserida na área - em quantidade expressiva - porções do território delimitadas como ZEIS 1, que são compreendidas como favelas, loteamentos irregulares e conjuntos habitacionais de interesse social, nos quais podem ser feitas intervenções de recuperação urbanística, regularização fundiária, produção e manutenção de habitações de interesse social. Além também da ZMa (Zona Mista Ambiental), sendo sua principal característica viabilizar a diversificação de usos. Todas essas zonas conferem ao perímetro uma série de intenções de manutenção e transformação de alguns usos, a fim de se garantir a vitalidade e pluralidade do tecido urbano.
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DIAGRAMA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Dados extraídos in loco, mapa produzido pelo autor Perímetro de atuação Residencial Curso d’água Transposições existentes
Comercial
Misto
Institucional
Após a produção do mapa de uso e ocupação do solo foi possível confirmar a predominância do uso exclusivamente residencial no interior do perímetro de atuação, com exceção apenas dos lotes lindeiros a Avenida Dona Belmira Marin (importante via coletora de todo o distrito), onde os lotes caracterizam-se por serem de uso misto, comercial ou de serviços, fazendo com que toda a população se desloque no sentido da mesma para que consiga usufruir de seus comércios e serviços. Inicialmente a extensão das quadras parecia algo a ser vencido, porém após as visitas ao território a expressiva quantidade de transposições existentes foi algo surpreendente – tanto pela quantia, quanto pela má qualidade das mesmas – o que foi responsável pela mudança da diretriz inicial de “criação” de transposição apenas para “requalificação” das mesmas.
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DIAGRAMA DE INFRAESTRUTURA URBANA
Dados extraídos in loco, mapa produzido pelo autor Núcleos de habitação irregular
Pontos de ônibus
Escolas
Quadras de futebol
UBS
Cursos d’água
Por estar diretamente relacionada aos usos que foram se consolidando ao longo dos anos, juntamente com as vias de acesso de maior hierarquia, a infraestrutura se mostra também concentrada às margens da favela. Podemos tomar como exemplo os pontos e linhas de ônibus (marcadores vermelhos), que limitam-se apenas a permear a área, e que posteriormente resulta em fluxos radiais de deslocamento que aumentam o percurso - que majoritariamente é realizado a pé - dos habitantes e transeuntes. A infraestrutura educacional é contemplada com escolas públicas e privadas que vão do ensino fundamental I ao ensino médio (marcadores amarelos), que parecem suprir as demandas locais. Porém para as crianças de 0 a 5 anos não existem creches ou berçários públicos, o que obriga os pais - estes quando possuem renda - a recorrerem a rede de ensino e cuidadores privados, e os que não possuem - como de praxe - deixam seus filhos com vizinhos ou parentes, e quando isso não é possível acabam perdendo seus empregos por não terem com quem deixá-los. Em relação a saúde encontramos na região algumas UBS (Unidade Básicas de Saúde), sendo a mais próxima da área a do Jd. Castro Alves (marcador verde). Todas as UBS - sem exceção - estão sobrecarregadas devido à alta demanda populacional e a precariedade dos espaços onde se localizam, tornando a vida de quem depende da saúde pública ainda mais difícil. Além disso, outro importante a fato a ser pontuado é a escassez dos espaços de lazer e cultura na área e em suas redondezas (marcadores lilás), que quando existentes limitam-se apenas a espaços residuais de baixa qualidade, levando os moradores a buscar por outros espaços localizados a quilômetros de distância de suas residências.
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MORFOLOGIA DIAGRAMA DE RISCO DE DESLIZAMENTO
Dados extraídos do GeoSampa, fotomontagem produzida pelo autor Núcleos de habitação irregular
Risco de deslizamento V
Risco de deslizamento V
Cursos d’água
O apelido de Buracanã - nome pelo qual a comunidade é conhecida - não é à toa. Seu nome é diretamente ligado à sua forma, e sua principal característica é a semelhança com um buraco, forma esta que garante a comunidade uma série de desafios que vêm sendo enfrentados ao longo dos anos. Por se tratar de uma área onde há a presença de um curso d’água, as características físicas do espaço assemelham-se a de uma grota, marcada por sua extensa área de várzea ao longo do curso d’água e suas encostas, hoje ambas (várzea e encostas) altamente ocupadas por construções. O desnível de quase 30 metros entre a cota mais alta e a mais baixa, aliado a alta densidade construtiva, resulta fisicamente na criação de uma série de transposições (escadarias, becos e vielas). Idealizadas e construídas pelos moradores para encurtar trajetos e vencer quadras extensas, quase todas transposições encontram-se localizadas em pontos estratégicos, e muitas vezes desembocam em paradas de ônibus ou faixas de pedestres, conectando pontos de interesse da comunidade com sua área ao redor. Entretanto, por serem provenientes de autoconstrução e por não possuírem nenhum amparo técnico, resultam numa série de questões a serem trabalhadas, que vão desde serviços de saneamento básico a identidade dos habitantes com suas residências
Imagens produzidas pelo autor
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Fotomontagens produzidas pelo autor
AGENTES SOCIAIS E A CONSTRUÇÃO DA VIDA EM COMUNIDADE
Em contraponto a inúmeras outras comunidades no Brasil, a favela do Buracanã conta com importantes agentes sociais que conferem a ela uma riquíssima dinâmica social, agentes estes que participam diretamente no resgate e produção de uma melhor vida em sociedade. Como exemplo destaco três deles: o grupo Pagode da 27, a Associação Mulheres do Grajaú e o Centro de Promoção Resgate e Cidadania do Grajaú.
PAGODE DA 27
O grupo Pagode da 27, como ficou conhecido, é uma iniciativa fundada em 2005 que faz uso do samba como instrumento de transformação social da região do Grajaú. Um grupo de amigos que tinha o hábito de se encontrar em suas casas ou bares pelo bairro, passou a se encontrar na calçada da Rua Manuel Guilherme dos Reis, a antiga Rua 27 - rua que deu origem ao nome do grupo - e que ganhou notoriedade ao atrair multidões as rodas de samba. O que no começo era um encontro de amigos para tocar samba e pagode, tornou-se muito mais. Hoje o pagode da 27 é considerado um programa cult da cidade de São Paulo, e reúne centenas de pessoas todos os domingos para celebrar clássicos do samba, como Dona Ivone Lara, Candeia, Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva e muitos outros, além de ofertar espaço para que novas composições sejam apresentadas e executadas para todos. O rapper Criolo - nascido e criado na região - é uma das personalidades que marcam presença nos encontros do grupo. Um ano após sua formação, o projeto conseguiu autorização para fechar a rua, então o encontro de amigos transformou-se em um evento semanal para a comunidade. A partir daí o número de pessoas que frequentavam o evento aumentou exponencialmente, o que resultou na criação da sede do grupo, que hoje oferece às crianças da comunidade aulas de iniciação musical e uma biblioteca comunitária, além de arrecadar semanalmente nos encontros dos grupos alimentos não-perecíveis e agasalhos, que são integralmente repassados ao CEPROCIG (Centro de Promoção Resgate e Cidadania do Grajaú). Imagens dos encontros semanais do pagode da 27 fonte: https://http://negojunior.com.br
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CEPROCIG
O Ceprocig (Centro de Promoção e Resgate a Cidadania do Grajaú) é uma organização não governamental (ONG), que trabalha para o desenvolvimento integral da criança e adolescente, fornecendo um espaço de escuta e aprendizado. Fundado há 16 anos por Uranide Cruz - Dona Nani - o Ceprocig oferece às crianças e jovens da comunidade de 04 a 14 anos, atividades culturais e aulas de reforço no período em que elas não estão na escola, contribuindo diretamente com a formação social dos jovens e ajudando os pais que muitas vezes não possuem renda para matricular seus filhos em atividades extracurriculares. O projeto sobrevive através da doação de alimentos de comerciantes locais e do pagode da 27, além da contribuição em dinheiro de alguns moradores e da ação pedagógica de voluntários. Em setembro deste ano o projeto foi fechado sem aviso prévio pela prefeitura após ser denunciado anonimamente ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP), devido às condições em que o imóvel onde as atividades do projeto eram realizadas se encontrava. No entanto, de acordo com a fundadora da instituição, em entrevista à repórter Michelle Gomes, a TVT, em julho foi feita uma reforma no local que teria equacionado as falhas apontadas ao MPE-SP. Desde então, na tentativa de reverter a situação, os moradores realizaram um abaixo assinado pedindo a abertura e retomada imediata das atividades do ceprocig. “Aqui é uma aprendizagem a mais porque ao invés de os meus filhos estarem na rua aprendendo o que não devem, pelo menos estão em um espaço aprendendo culturas, coisas que muitas vezes as pessoas não dão valor lá fora”. (Rita de Cássia, porteira e mãe de uma das crianças que era contemplada pelo projeto)
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Imagens das atividades realizadas pelo Ceprocig fonte: http://ceprociggrajau.blogspot.com
ASSOCIAÇÃO MULHERES DO GRAJAÚ
A Associação de Mulheres do Grajaú (AMG) é uma ONG que tem como objetivo levar qualidade de vida as mulheres da comunidade. Fundada em 27 de julho de 1983, há trinta e cinco anos a associação busca desenvolver a união entre as mulheres dos bairros e áreas públicas, para a conquista de seus interesses específicos, como: Defesa dos direitos à moradia, educação, saúde, e em especial a luta contra a violência doméstica. Visando seu desenvolvimento econômico e social na luta pelo combate à pobreza, a AMG realiza uma série de cursos profissionalizantes a preços populares, formando mulheres para o mercado de trabalho, proporcionando à todas, a capacidade de suprir seus objetivos como qualquer cidadão, além de ofertar palestras sobre sexualidade, apoio psicológico, ginecológico e acolher mulheres que se encontram desamparadas e sem perspectivas de vida.
Imagens das oficinas realizadas pela Assosiação fonte: http://mulheresdograjau.blogspot.com/2013/10/
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PRÉ - PROJETO PARTIDO
DIRETRIZES
Tendo como premissa todos os dados e informações mencionados nos itens anteriores, a propostas busca articulá-los de maneira coesa junto a três importantes questões identificadas no objeto de estudo. Sendo elas:
As questões pontuadas no partido foram responsáveis pelo desenvolvimento de algumas diretrizes, que buscaram ao longo do desenvolvimento do presente trabalho, conduzir todo o escopo de atuação, sendo elas respectivamente:
-Topografia
Tratando-se do enorme desnível entre as avenidas que circundam o perímetro e seu miolo, qual ou quais seriam as estratégias para realizar essas transições? Como garantir a vitalidade destes elementos e contribuir para que os mesmos não se tornem obsoletos e propensos a atividades não desejadas?
-Córrego
Tendo em mente que o córrego deveria ser o eixo de condução de desenvolvimento do projeto, como transformar-lo em elemento transgressor de barreiras e mudar as relações atuais dos habitantes com o mesmo? Como criar espaços de qualidade dentro de um perímetro comprimido entre duas encostas adensadas e repletas de dinâmicas socioespaciais que foram intrínsecas ao projeto?
-Questões ambientais
Como deveriam ser tratadas as questões ambientais e ecológicas, levando em consideração a urgência de atuação sob este espaço que se encontra inserido em uma área de proteção aos mananciais? Ela seria o suficiente para resolver as problemáticas apontadas? O que deveria ser pensado a fim de garantir a preservação e manutenção dos corpos d’água, elementos de extrema importância para a vida na cidade e seu pleno funcionamento?
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-Remoção das edificações que apresentam maior risco de deslizamento; -Remoção das edificações em cota negativa em relação ao nível da rua e/ou que sofram com alagamentos nos períodos de cheia da represa, curso d’água ou chuvas; -Remoção das edificações que poluem diretamente os cursos d’água remanescente; [ - Implantação de um edifício cultural que abrigará a escola de artes e música; - Implantação de habitações sociais para que as famílias removidas sejam realocadas; - Implantação do parque linear ao longo do curso d’água com recuperação da vegetação nativa; - Implantação de edifícios que abriguem todas as ONGs (apresentadas anteriormente) e que deem suporte para o pleno exercício e funcionamento de suas respectivas atividades; - Tratamento das edificações mantidas e identificadas como prioritárias; - Requalificação das transposições, becos e vielas preservadas; - Diversificação dos uso do solo; - Mudança nas relações dos habitantes com o curso d’água;
DIAGRAMA DE CARACTERIZAÇÃO
Dados extraídos in loco, mapa produzido pelo autor Domicílios que apresentam risco máximo de deslizamento Domicílios que poluem diretamente o curso d’água Domicílios que alagam com as cheias da represa e do córrego nos períodos de chuva
De acordo com a carta geotécnica fornecida pelo geosampa e por relatos dos moradores, foi possível identificar as principais condições nas quais muitas das edificações se encontram e a partir disso, traçar o eixo de atuação na comunidade. Em azul estão identificadas a construções que apresentam o nível máximo de risco geológico por deslizamento; em verde estão identificadas as edificações que sofrem constantemente com alagamentos provenientes das cheias dos cursos d’água e pelas chuvas; em vermelho estão identificadas as construções onde além de sofrerem com as cheias (na parte próxima às construções identificadas com a cor verde), contribuem diretamente com a poluição das águas do córrego, despejando seus esgotos diretamente no mesmo.
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DIAGRAMA DE REMOÇÃO
Dados extraídos in loco, mapa produzido pelo autor Edificações a serem tratadas Domicílios a serem removidos
Total de domicílios dentro do perímetro: 2031 Total de domicílios removidos: 530 unidades
Com base no diagrama anterior de caracterização, foi elaborado então o diagrama das remoções, onde além de seguir os pontos mencionados anteriormente foram levados também em consideração aspectos ambientais, salubridade das construções e a largura do leito carroçável (onde em alguns pontos devido a insuficiência de seu comprimento, não torna possível a passagem dos caminhões da coleta de lixo).
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REFERENCIAL PROJETUAL
Para servir de insumo as possibilidades de intervenções propostas, quatro intervenções arquitetônicas foram devidamente escolhidas por possuírem relação com o sítio e/ou por se assemelhar como propostas. As intervenções escolhidas foram: Grotão, fábrica da música, o 1º colocado do concurso renova SP - Cabuçu de baixo 5, o Parque cantinho do céu e a Urbanização Favela Guilherme Bude. GROTÃO, FÁBRICA DA MÚSICA | ALFREDO BRILLEMBOURG, URBAN THINK TANK, BRASIL - 2011
O centro de remediação urbana e infraestrutura cívica fica localizado no grotão, o coração da favela de Paraisópolis, no bairro do Morumbi. A topografia desafiadora e os assentamentos informais são transformados em uma zona produtiva e espaço público dinâmico por meio do design social um processo de analisar os efeitos locais de crescimento rápido e melhorar os assentamentos marginalizados através de estruturas sociais. O projeto é um prédio público multifuncional que ganhou o holmium gold award américa latina no ano passado, o que contribuiu com o financiamento e construção do projeto.
A zona inferior contém a fábrica da música, que empilha diversos programas para maximizar o potencial do terreno, o que incluem transporte público, instalações esportivas e a escola de música, que oferece espaços para prática e ensaio, estúdios, sala de espetáculos e salas de aula auxiliares. O projeto funciona como um catalisador vital na área, expandindo programas musicais e culturais para a favela enquanto forma uma nova rede que atende aos jovens de todos os níveis da sociedade. O nível superior abriga novas habitações de substituição para os deslocados das áreas de alto risco. Espaços comerciais são introduzidos no primeiro andar como um veículo econômico que ativa o espaço da rua e estimula a microeconomia da agricultura urbana no local.
O projeto propõe que os arquitetos evitem seu papel convencional nas hierarquias tradicionais para servir como uma conexão capacitadora entre as forças opostas do planejamento top-down e iniciativas de baixo para cima. Ao criar um terreno comum para essas duas forças, as áreas podem eliminar a divisão e gerar interações produtivas. A prioridade é equipar este bairro periférico com infraestrutura, redes de água, esgoto, iluminação e serviços, além de infraestrutura social nas áreas de educação, segurança, cultura, espaço público e esportes. O novo modelo urbano tem como objetivo traduzir a necessidade de uma sociedade para acesso igual à habitação, emprego, tecnologia, serviços, educação e recursos - direitos fundamentais para todos os moradores da cidade - em soluções espaciais.
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fonte: https://www.designboom.com/architecture/urban-think-tank-grotao-fabrica-de-musica/
1º COLOCADO DO CABUÇU DE BAIXO – RENOVA SP | MARCELO DE OLIVEIRA MONTORO - 2011
O primeiro colocado do grupo 5 - Cabuçu de Baixo no concurso do renova SP é imenso e de inúmeras frentes de atuação, mas o que iremos destacar é a transformação proposta em relação ao curso d’água pré-existente, onde através da realocação das habitações e da proposição de novos usos (como exemplo o comércio) e a implantação de áreas de lazer junto à água, proporciona aos moradores uma relação completamente nova com seu território (que é o que se pretende fomentar com este trabalho.
fonte: https://concursosdeprojeto.org/2011/08/31/concurso-renova-sp-grupo-1-cabucu-de-baixo-5-01/
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PARQUE CANTINHO DO CÉU | BOLDARINI ARQUITETURA E URBANISMO - 2008
Diante do desafio de intervir nessa área objeto de ação civil pública, consolidada, densamente ocupada, ambientalmente frágil e de grandes dimensões territoriais com acesso direto à represa Billings, novas experimentações projetuais foram necessárias, tendo como desafio superar os problemas pela ocupação irregular e precária numa área de proteção ambiental e, principalmente, a ocupação inadequada às margens da represa, que tinha como agravante a ausência de saneamento básico.
Na contramão daquilo que vem sendo desenvolvido nos novos empreendimentos particulares, as intervenções buscam ressaltar a importância do espaço coletivo e público para a cidade e sociedade, numa perspectiva de transformação efetiva das condições socioespaciais que reforcem o direito à cidade e a inclusão social. Este é o fio condutor do projeto de urbanização do Cantinho do Céu. Revelar a importância do espaço público e coletivo para a população local, transformando-o no instrumento principal para a qualificação do bairro.
fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-157760/urbanizacao-do-complexo-cantinho-do-ceu-slash-boldarini-arquitetura-e-urbanismo
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URBANIZAÇÃO DA FAVELA GUILHERME BUDE | HEREÑÚ & FERRONI ARQUITETOS - 2011
A Favela Guilherme Bude apresenta uma situação geral relativamente consolidada tanto em termos físicos quanto sociais. O projeto desenvolvido se organiza a partir de intervenções delicadas para inserção das infraestruturas necessárias associando sua implantação com a criação de espaços públicos de pequena escala (vielas, escadarias, praça infantil). A ação de maior impacto, relacionada a solução de um problema de drenagem, permitiu a criação de um espaço para o lazer infantil vinculado a uma escadaria re-
fonte: http://www.hf.arq.br/projeto/favela-guilherme-bude/
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O PROJETO
TIPOS DE INTERVENÇÃO O conjunto de intervenções desenvolvidas tem como objetivo atender as diretrizes apresentadas anteriormente, e podem ser sintetizadas em cinco categorias diferentes, sendo elas respectivamente: Intervenção tipo I: Acessos a área e implantação da escola de artes e música Intervenção tipo II: Instalação das HIS para as famílias realocadas Intervenção tipo III: Parque linear ao longo do córrego Intervenção tipo IV: Drenagem e arborização das vias Intervenção tipo V: Tratamento das vielas e escadarias remanescentes ELLI
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Intervenção tipo I
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IGREJA JESUS MARIA JOSÉ
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U.B.S. CASTRO ALVES C
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Intervenção tipo II
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E.M.E.F TEODOMIRO TOLEDO PIZA 5
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Intervenção tipo III
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PRAÇA FERNANDO JOSÉ DOS SANTOS RODRIGUES
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Intervenção tipo IV STAR
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JOSÉ A
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Intervenção tipo V
VIVA LEITE
CONSELHO TUTELAR
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GENTE JOVEM
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GRAJAÚ
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IGREJA
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SENHORA APARECIDA C C C
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C
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ESCADA
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77 C
RIA
VE DOZ
C
Mapa de localização das intervenções |fonte: produzido pelo autor
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INTERVENÇÃO TIPO I: ACESSO A ÁREA E IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA Ao remover os domicílios que apresentavam risco de deslizamento e altas condições de insalubridade (devido ao adensamento intenso), notou-se o incrível potencial acústico que o perímetro conhecido como “Buracanã” apresentava. Seu formato pode ser remetido aos antigos teatros gregos, onde estes eram implantados em situações morfológicas semelhantes.
[...] Eram aproveitadas montanhas e colinas de para servirem de suporte para as arquibancadas. A acústica (propagação do som) era perfeita, de tal forma que a pessoa sentada na última fileira (parte superior) podia ouvir tão bem a voz dos atores, quanto quem estivesse sentado na primeira fileira. Teatro de Epidauro (Argólida, Grécia). Foto: PitK / Shutterstock.com
fonte: infoescola - Teatro grego. disponível em: <https://www.infoescola.com/artes/ teatro-grego/>
Sendo assim, a vocação cultural que o terreno apresentava não poderia ser ignorada, decidindo-se então implantar na parte inferior e mais plana, a escola de artes e música (criada para dar suporte ao grupo “pagode da 27”), que possui térreo livre para apresentações e manifestações de outras atividades. Concentrando salas de aula e outras atividades pertinentes a seu uso no volume que flutua sobre o terreno, as arquibancadas se apoiam nas laterais inclinadas do perímetro, configurando-lhe o aspecto de arena. Ao decorrer do projeto, devido a escala das intervenções, decidiu-se fazer um recorte a fim de se fosse possível se aprofundar em outras questões consideradas mais relevantes dentro dos objetivos deste trabalho, limitando o desenho da escola apenas a sua forma e implantação. Apenas implantar um equipamento cultural ainda não resolveria outros dois importantes aspectos para a área: oferecer acesso às casas em situação de cota negativa, e garantir acessibilidade aos moradores e transeuntes com mobilidade reduzida. Então são implantadas junto às arquibancadas um conjunto de platôs em nível com os domicílios, garantindo-lhes acesso e conexão com o restante da intervenção, que contempla também taludes arborizados e permeáveis, escadas e confortáveis rampas para realizar a transposição entre os diferente níveis e usos.
41
820
R
IG
S
SU
JE
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SÃ&#x2030;
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A
B
81
5
ESCALA: 1:750
N
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3D
Visão da transposição de acesso principal
Visão do pedestre na cota mais alta
Patamares em nível com os acessos as residências
Patamares em nível com os acessos as residências |implantação e imagens produzidas pelo autor
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INTERVENÇÃO TIPO 2: HABITAÇÃO E TRANSPOSIÇÕES As unidades habitacionais são desenhadas partindo da compreensão da pluralidade dos núcleos familiares, núcleos estes que sofrem diversas transformações ao longo do tempo, aumentando ou até mesmo diminuindo seu número de integrantes. Tendo este fator como premissa, as unidades buscam contemplar os mais variados tipos de configurações familiares, oferecendo desde estúdios à unidades que podem ser expandidas, aumentando seu número de dormitórios dentro do perímetro da unidade. Serão implantados ao longo do parque nove edifícios de estrutura metálica (visando um canteiro de obras mais limpo e uma construção mais rápida), que se configuram com térreo intermediário (praça elevada) e quatro pavimentos que se desenvolvem para cima e quatro para baixo. Como cada um terá uma condição de sítio diferente, o número de unidades irá variar em função de seu comprimento e desnível em relação às ruas que delimitam suas dimensões, pois, a intenção é que se intervenha o mínimo possível no terreno, evitando movimentações de terra desnecessárias. Além de cumprir com seu papel de abrigo para as famílias, os edifícios são responsáveis também por realizar as transposições entre o parque e as vias que os circundam, eliminando assim a necessidade de quase todas as escadarias pré existentes. Ao compatibilizar esses dois itens (habitação + transposição), a intervenção se torna mais concisa, além também de evitar que muitas dessas transposições se (preservadas) se tornassem obsoletas e inseguras com o passar do tempo, tendo em mente a intenção de retomar aspectos essenciais para a vida urbana, os chamados “olhos das ruas”, apontados como fundamentais por Jane Jacobs (morte e vida das grandes cidades, 1961). Buscando criar condições de identidade dos moradores com os edifícios, e evitar a homogeneização dos mesmos dentro um todo, cada um terá em suas respectivas caixas de circulação vertical uma cor de acordo com sua tipologia, que irá diferenciá-lo dos demais, desenvolvendo signos de identidade com os moradores. Dentre o conjunto dos nove edifícios foi possível agrupá-los em quatro categorias (de acordo com seu comprimento), sendo eles respectivamente:
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Tipo I: 04 edifícios com 51 metros Tipo II: 01 edifício com 64 metros Tipo III: 03 edifícios com 48 metros Tipo IV: 02 edifícios com 70 metros
Diagrama de implantação e categorização
Edifícios de 48m
Edifícios de 51m
Edifícios de 64m
Edifícios de 70m
Diagrama de transposição Produção autoral
Produção autoral
Percurso do pedestre Estudo de cor nas caixas de circulação Produção autoral
UNIDADES HABITACIONAIS
STUDIO - TÉRREO
0 0.5
1m
PAV.2 - 2 DORM
STUDIO - PAV.2
2m
TÉRREO - USO COMUM
PAV.2 - 3 DORM
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EDIFÍCIOS TIPO I
Os edifícios tipo I se caracterizam por possuirem 51 metros de comprimento. Suas unidades do nível do parque são contempladas com serviços e comércios. Juntos os três edifícios contemplam a comunidade com um total de 200 unidades habitacionais. Nas páginas a seguir um deles será devidamente ampliado para a melhor compreenção da proposta.
Diagrama localizador
Cortes de implantação na topografia escala: 1:1000
Edifício a ser ampliado
46
comércio
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
comércio
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
K
N
N
Praรงa elevada
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
K
N
N
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
K
N
N
Mirante
L
L
K
N ESCALA 1:500
N
CORTE L-L |ESCALA 1:250 53
CORTE N-N |ESCALA 1:250 54
CORTE K-K |ESCALA 1:500
ELEVAÇÃO|ESCALA 1:250 56
ELEVAÇÃO|ESCALA 1:250 57
58 ELEVAÇÃO |ESCALA 1:500
EDIFÍCIO TIPO II
O edifícios tipo II se caracteriza por possuir 64 metros de comprimento. Suas unidades do nível do parque são contempladas com serviços e comércios. O edifício contempla à comunidade um total de 124 unidades habitacionais. Nas páginas ele será devidamente ampliado para a melhor compreenção da proposta.
Diagrama localizador
Edifício a ser ampliado
Corte de implantação na topografia escala: 1:1000
59
comércio
F
serviço
F
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ESCALA 1:500 60 C
C
F
F
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N
N
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O
Praรงa elevada
F
F
E
N
N
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C
E
O
O
F
F
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ESCALA 1:500 63 C
C
E
O
O
Mirante
F
F
E
N
N
ESCALA 1:500 64 C
C
CORTE F-F |ESCALA 1:250
CORTE O-O |ESCALA 1:250 66
CORTE E-E |ESCALA 1:500
ELEVAÇÃO|ESCALA 1:250
ELEVAÇÃO|ESCALA 1:250 69
70 ELEVAÇÃO |ESCALA 1:500
EDIFÍCIOS TIPO III E IV
Os edifícios tipo III e IV se caracterizam por possuirem respectivamente 48 metros e 70 metros de comprimento. Suas unidades assim como em todos os outros edifícios do nível do parque são contempladas com serviços e comércios. Os edifícios tipo III quando somados, contemplam à comunidade um total de 330 unidades habitacionais, já os edifícios tipo IV juntos, contemplam a comunidade com 278 unidades habitacionais. Nas páginas a seguir serão ampliados juntos dois edifícios que possuem um diferencial dos demais. Por estarem posicionados um em frente ao outro, decidiu-se conectá-los com uma passarela, promovendo a transposição em nível entre os dois lados do perímetro. Esta conexão é de extrema importância, pois conecta um lado do bairro carente de serviços e comércios ao outro, que possui os mesmos em abundância.
Edifício 1
Edifício2
Diagrama localizador 1
4
5
2
Edifício 3
3
Edifício 4 Edifícios a serem ampliados
Edifício 5
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DIAGRAMA LOCALIZADOR Planta nível 1
SEM ESCALA
D
B comércio
comércio
C
C
serviço serviço
D
B
N ESCALA: 1:500
DIAGRAMA LOCALIZADOR Planta nível 2
SEM ESCALA
D
B
C
C
D
B
N C
ESCALA: 1:500
DIAGRAMA LOCALIZADOR Planta nível 3
SEM ESCALA
C
C D
B
C
C
Praรงa elevada Praรงa elevada
D
B
N ESCALA: 1:500
DIAGRAMA LOCALIZADOR Planta nível 4
SEM ESCALA
C
C D
B
C
C
D
B
N ESCALA: 1:500
DIAGRAMA LOCALIZADOR Planta nível 5
SEM ESCALA
C
C D
B
C
C
Mirante
Mirante
D
B
N ESCALA: 1:500
78
80
82
84
INTERVENÇÃO TIPO III: PARQUE LINEAR AO LONGO DO CÓRREGO PARQUE A implantação do parque surge para mudar as relações dos moradores com o curso d’água e com o território habitado. Sendo o córrego idealizado como eixo estrutural do parque, a partir de sua canalização foi possível criar bolsões para abrigar os usos propostos e as atividades que já acontecem na comunidade (Associação Mulheres do Grajaú, creche, atividades esportivas, recreativas, ócio e alimentação), que se organizam em torno dele desde a escola música até sua chegada a represa. Respeitando os parâmetros de APP (Área de Proteção Permanente) estabelecidos pelo código florestal (lei 12.651/2012) com parâmetros flexibilizados para regularização fundiária em áreas de ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), é criada uma faixa de 15 metros non aedificandi entre cada lado do curso d’água, que tem por objetivo a preservação dos recursos hídricos, permeabilidade do solo, e recomposição da mata ciliar. Também é criada paralela a ele uma calha que o acompanha por todo seu percurso a céu aberto, essa estrutura recebe o escoamento de água e acumulam os excessos, formando poças que se infiltram gradualmente no solo, auxiliando o sistema de drenagem a trabalhar dentro de sua capacidade mesmo durante os picos de precipitação. Nos períodos onde as águas se encontram em níveis usuais, a vegetação estaria exposta e serviria como elemento paisagístico. Também chamados de Sistema de Biorretenção ou jardins de chuva, essa estrutura utiliza a atividade biológica de plantas e microorganismos para remover os poluentes das águas pluviais, contribuindo para a infiltração e retenção da água de chuva.
Vias compartilhadas Dentro de todo o perímetro do parque as vias são compartilhadas, o que quer dizer que não são estabelecidos limites de leito carroçável e calçadas, toda a pavimentação está em nível, e por serem vias de tráfego local e de baixíssimo uso, não haveriam conflitos em relação a hierarquia pedestre x automóvel. São implantadas em todas as vias de acesso do parque lombofaixas, que tem por objetivo a redução de velocidade dos automóveis dentro dos limites do mesmo, tendo em vista que a segurança dos pedestres é prioritária.
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A pavimentação é feita com piso drenantes em três cores (vermelho, amarelo e cinza) cada cor simboliza um uso específico que as vias devem adquirir. Amarelo: via multiuso que abrigará atividades como shows, festas locais, e a feira de domingo; Vermelho: via esportiva e educacional, nelas estão inseridas as quadras, creche, ONG, playground e academia da terceira idade Cinza: via de circulação rápida em casos emergenciais
DIAGRAMA PROJETUAL DO PARQUE
Pavimentação
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DANIEL NASCIMENTO
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78 0
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Área seca x área permeável P
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IGREJA JESUS MARIA JOSÉ
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C
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U.B.S. CASTRO ALVES C
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775
C C C
815
C
Canalização do córrego para a criação dos bolsões C
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815 C
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C
765 C
CA
DA
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A
C
ES
ES
CA
DA
RI
A
C
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C
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C
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C
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C
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C
C
C
765 810
C R
805 C
785
800
C
795
C C
780
Fluxos internos (vermelho) e conexão com o eixo de transporte coletivo (roxo)
RU
A
STARBULO
V
PE
GIA
C
AR IA
775
ST
R
AD
PELAGIA
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AR
BU
RUA
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C
LA
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790
C
E.M.E.F TEODOMIRO TOLEDO PIZA
LO
V C C
765
RU
A
C
RU
C
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5
C
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C
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LÁGI
C C C
DA
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C
ES
PRAÇA DO XERIFE
C
C
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ESCALA: 1:500
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CORTE B-B ESCALA 1:500
CORTE A-A 1:500 ANEXO 2 - CORTES
CORTE H-H |ESCALA 1:500
CORTE G-G |ESCALA 1:500
CORTE I-I |ESCALA 1:500 92
INTERVENÇÃO TIPO IV E V: DRENAGEM E TRATMENTO DAS VIELAS E ESCADARIAS DRENAGEM Em todas as ruas dentro do perímetro, as calçadas foram alargadas e nelas criadas uma faixa de permeabilidade compostas por arborização e biovaletas, esses elementos compõem o sistema de drenagem da intervenção. As biovaletas podem ser descritas como depressões lineares preenchidas com vegetação, solo e elementos filtrantes com o objetivo de processar a limpeza da água da chuva ao mesmo tempo que aumentam seu tempo de escoamento, o que desaceleraria a velocidade em que a água chega nas cotas inferiores, evitando assim que o parque seja a única área permeável e que se sobrecarregue durante os períodos de chuva.
ESCADARIAS E VIELAS As poucas vielas e escadarias restantes (cinco ao total) serão devidamente tratadas, elas receberão a mesma pavimentação do parque (permitindo a passagem da água), além também das biovaletas em suas laterais, início e fim de percurso, a fim de reduzir o acúmulo de água e contribuir com a drenagem. serão também devidamente iluminadas e sinalizadas, evitando que se tornem espaços inseguros.
imagens extraídas do departamento de águas da Filadélfia. Disponível em: http://www.phillywatersheds.org/what_were_ doing/community_partnerships/programs/soak-it-adoption/ green-stormwater-tools/how-does-it-work
94
SEÇÃO DE VIA | ESCALA 1:50
96 SEÇÃO ESCADARIA|ESCALA 1:250
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conjunto de intervenções propostas buscou atribuir novas possibilidades de uso e ocupação associados ao desenho de espaços livres. Espaços estes que são compreendidos como fundamentais para a vida em comunidade por serem locais de encontros, trocas de experiências e manifestação máxima da vida nos grandes centros urbanos. Sob a perspectiva de observador e morador da região a vida inteira, a impressão inicial de carência de moradia de qualidade e melhores relações com os corpos d’água que se fazem tão presentes no dia a dia, foram apenas reforçados, reiterando a compreenção da necessidade do equilíbrio de tensões geradas entre as demandas de ordem urbana e ambiental. Tendo em mente que para que seja possível atingir a real compensação entre essas demandas é necessário que se pense num conjunto de intervenções sistêmicas, chega-se a conclusão de que este não é o fim de uma pesquisa, mas sim o início de uma série de reflexões que tem em comum um objetivo: desenvolver e propor espaços coesos com as carências e anseios dos cidadãos.
98
BIBLIOGRAFIA BRASIL, Novo Código Forestal. Lei 12,651, 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, p. 2.166-67, 1981. DEMO, Pedro. Pobreza política: a pobreza mais intensa da pobreza brasileira. São Paulo: Editora Autores Associados, 1988. FRANÇA, Elisabete. A cidade informal no século XXI. São Paulo: Editora Prefeitura de São Paulo, 2011. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo : Editora WMF Martins Fontes, 2011 MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade desigualdade e violência. São Paulo: Editora HUCITEC EDITORA, 1996. MARTINS, Maria Lucia Refinetti. Moradia e Mananciais: Tensão e Diálogo na Metrópole. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. __________, Maria Lucia Refinetti. O desenho ambiental da infraestrutura urbana: princípios de projeto para regularização de interesse social. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. PEREIRA, Matheus. O papel da cor na arquitetura. Disponível em < https://www.archdaily.com. br/br/894425/o-papel-da-cor-na-arquitetura?ad_source=myarchdaily&ad_medium=bookmark-show&ad_content=current-user > Acesso em: Fevereiro, 2019. SALINGAROS, Nikos A. Habitação social na América Latina: geometria do controle. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/913584/habitacao-social-na-america-latina-geometria-do-controle>. Acesso em: 22 de março, 2019 SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Lei número 16.050, de 31 de julho de 2014. PDE. PMSP, 31 de julho de 2014. Disponível em < https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/ plano-diretor/texto-da-lei-ilustrado/>. Acesso em: agosto, 2018 SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Lei número 16.402, de 22 de março de 2016. LPUOS. PMSP, 22 de março de 2016. Disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/zoneamento/arquivos/>. Acesso em: agosto, 2018. SECRETARIA MUNICIPAL DE LICENCIAMENTO E URBANISMO (SMUL). GeoSampa: Mapa digital da cidade de São Paulo. Disponível em < http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC. aspx >. Acesso em: Agosto, 2018. VILLAÇA, F. (2011). São Paulo: segregação urbana e desigualdade. Estudos Avançados, 25(71), 3758. Recuperado de http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10597 SÃO PAULO, Prefeitura do Município de. Lei número 16.402, de 22 de março de 2016. LPUOS. PMSP, 22 de março de 2016. Disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/zoneamento/arquivos/>. Acesso em: agosto, 2018.
101