CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
XEPA: MOBILIÁRIO PARA BAIXA RENDA GABRIELA PACHECO
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Você deve notar que não tem mais tutu e dizer que não está preocupado Você deve lutar pela xepa da feira e dizer que está recompensado Você deve estampar sempre um ar de alegria e dizer: tudo tem melhorado Você deve rezar pelo bem do patrão e esquecer que está desempregado Você merece, você merece Tudo vai bem, tudo legal Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé Se acabarem com o teu Carnaval? [...] Você deve aprender a baixar a cabeça E dizer sempre: “Muito obrigado” São palavras que ainda te deixam dizer Por ser homem bem disciplinado Deve pois só fazer pelo bem da Nação Tudo aquilo que for ordenado Pra ganhar um Fuscão no juízo final E diploma de bem comportado Comportamento Geral Gonzaguinha
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À minha mãe, meu pai, irmã e madrinha por todo o apoio e paciência nesses longos anos de estudo. Ao meu orientador por me dar o gás necessário para as ideias sairem do papel. Aos meus amigos, por me apoiarem direta e indiretamente. Ao Seu Nelson e Neti, por abrirem as portas da ocupação Mauá para minha pesquisa. Aos moradores da ocupação Mauá que dividiram comigo um pouco de suas vidas.
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Sumário Resumo
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1. Introdução
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2. Trajetória
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3. Os Processos
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3.1. Item 1: Baixa Renda 3.2. Item 2: Fabricação Digital: a democratização da produção 3.3. Item 3: O Movimento Open Design 4. O Projeto
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4.1. Primeiros Coquis 4.2. Aproveitamento de Chapa 5. Conclusão
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6. Anexos
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7. Lista de Referências
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Resumo Este trabalho de conclusão de curso busca desenvolver mobiliário para a baixa renda, focando na funcionalidade múltipla e estabelecer parâmetros a serem seguidos como: baixo custo, materialidade acessível e sistemas de encaixe. Além disso, o mobiliário foi projetado para ser fabricado digitalmente, podendo ser adquirido através de plataformas open source. O projeto visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida de moradores de apartamentos de tamanho reduzido. Como base para o estudo do mobiliário, foi utilizado como cenário a Ocupação Mauá, que possui apartamentos de 8 a 20 metros quadrados. Palavras-chaves: mobiliário, baixa renda, fabricação digital, open design.
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1. Introdução A primeira vez que entrei em uma ocupação foi em Julho de 2018. Tinha como intenção compreender a maneira como os moradores se relacionam entre si e com as diferentes realidades que ali adentram. Fui recebida por Seu Nelson, que me apresentou os seis andares da ocupação Mauá, antigo Hotel Santos Dumont - localizada na rua de mesmo nome, em frente à estação da Luz - incluindo o terraço onde pretendem fazer uma horta comunitária, o pátio onde acontecem eventos culturais e também onde as crianças brincam. Cada andar tem 30 quartos, contabilizando 180 unidades, além das 10 unidades construídas posteriormente no térreo juntamente com a coordenação da ocupação e os moradores. O prédio encontra-se ocupado desde 25 de março de 2007 e é liderado pelos movimentos MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro), ASTC (Associação Sem-Teto do Centro) e MMRC (Movimento de Moradia da Região Central), cujos coordenadores são Nelson da Cruz (Seu Nelson ou Baia-
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no) e Ivaneti Araújo. Vivem 237 famílias na ocupação, cerca de 1000 pessoas dentre crianças, idosos, mães e pais. Há muita vida e histórias de luta, superação e coletividade, o que torna a ocupação uma verdadeira comunidade. Há um coordenador geral, coordenadores de manutenção, de portaria e de limpeza. Cada um dos andares conta também com um coordenador. Os moradores e coordenadores participam de assembléias gerais que ocorrem mensalmente, onde são discutidas questões internas do prédio, como arrecadação de fundos para manutenção ou ainda a organização de protestos e manifestações relacionadas ao direito à moradia. Durante a visita, Seu Nelson me conta que dentro da ocupação há um sistema de pontuação onde é levado em conta a participação dos moradores em atividades como reuniões, mutirões e eventos culturais. Esse sistema é importante para que se possa escolher os moradores que serão contemplados por algum benefício como um programa habitacional ou uma vaga em uma ocupação, levando-se em consideração a situação de vulnerabilidade dos pretendentes. Além disso, o regimento interno não admite
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casos de violência doméstica, uso de drogas, furtos e envolvimento com o tráfico, atitudes que resultam no afastamento dos envolvidos. Ao andar pelos andares do prédio, nota-se que o mesmo já passou por reformas e instalações de segurança, que Seu Nelson diz serem promovidas pelos próprios moradores, como por exemplo a instalação de extintores de incêndio, aprovada pelo corpo de bombeiros, que também avaliou a estrutura do prédio recentemente, após a repercussão do desmoronamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, no início de maio de 2018. Esta visita inicial foi a porta de entrada para meu trabalho de conclusão de curso. Passei a visitar a ocupação com mais frequência e a conhecer melhor os moradores. Foi depois de conhecer Carol, 36 anos, que ficou claro qual seria o tema que abordaria. Carolina Vital é mãe de quatro meninas e um menino, duas entre 8 e 12 anos, gêmeas de 9 meses e um menino de 16, que mora no Guarujá. Dentro do apartamento de cerca de 10 metros quadrados, divide a morada com suas quatro meninas e seu esposo (também
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pai das meninas). A vida dentro do apartamento é apertada, como se pode imaginar. Há uma cama de casal, um armário pequeno, uma beliche e uma cômoda. Todas as vezes que visitei Carol e sua família, todos sentavam fora do apartamento, no chão e em cadeiras. Não há espaço para refeições, nem para as crianças fazerem suas lições de casa. A partir deste cenário, passei a investigar a vida dentro dos apartamentos e não mais pensar apenas na convivência em comunidade. Fiz entrevistas com mães e pais sobre como vivem dentro de seus apartamentos, que dificuldades enfrentam e quais atividades realizam nestes espaços. O projeto em questão é o resultado dessas conversas e entrevistas. Uma tentativa de melhorar a qualidade de vida das famílias que vivem em condições adversas e que não possuem meios financeiros de adquirirem mobiliário de qualidade e acessível. O XEPA foi desenvolvido com a intenção de amenizar o problema de falta de espaço dentro dos apartamentos da ocupação Mauá, considerando o poder aquisitivo limi-
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tado de seus moradores. A partir desta problemĂĄtica, foram estipulados quatro princĂpios para o desenvolvimento do mobiliĂĄrio: acessibilidade, montagem, manuseio e funcionalidade.
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2. Trajetória Primeiramente, é importante dizer que o processo se deu em três partes. Desde o início, em agosto de 2018, já era sabido que me dedicaria ao estudo de ocupações no centro de São Paulo, por conta do meu interesse em relação ao assunto e minha recente relação com a ocupação Mauá, que é objeto de estudo neste projeto. Ainda era incerto, entretanto, o produto a ser desenvolvido. A princípio considerei a possibilidade de trabalhar com projeto de retrofit para habitação social em edifícios em situação de abandono no centro da cidade. Porém, concluí acidentalmente, após uma conversa com um dos coordenadores da ocupação Mauá, Seu Nelson, que este tipo de solução, apesar de efetivo no âmbito social, econômico e político, é extremamente demorado e enfrenta excessivas restrições burocráticas. Tal conclusão me levou a pensar em maneiras de denunciar para a sociedade as dificuldades que moradores de ocupações passam e contribuir para descriminalizar a luta pelo direito à moradia. Com essa mudança de perspectiva, propus uma nova
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abordagem do tema: tomar parte na discussão sobre o problema do déficit habitacional e principalmente sobre a importância do direito à cidade e de morar no centro através de uma instalação artística com o tema em questão - linguagem simples e autêntica de se fazer compreender. Estudei, portanto, a integração da arte e do ativismo a partir de obras como “Provos, Amsterdam e o Nascimento da Contracultura”, de Matteo Guarnaccia, e “Mídia Radical: Rebeldia nas Comunicações e Movimentos Sociais”, de John Downing. Além disso, procurei compreender melhor as dinâmicas vividas entre os moradores de ocupações, a cidade e o governo. Para isso li dissertações como “A Guerra dos Lugares: Nas Ocupações de Edifícios Abandonados do Centro de São Paulo”, de Diana H. Ramos, e “Cartografias Políticas de uma Ocupação: Cotidiano, Território e Conflito”, de Renato Abramowicz - e estas duas últimas continuaram sendo importantes para a pesquisa, mesmo após a última mudança de abordagem. Em agosto de 2018 havia feito uma primeira bateria de entrevistas com moradores da ocupação Mauá, com um aspecto mais subjetivo com relação às experiências de
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vida dos mesmos e a luta por moradia digna, abordando também seus sonhos e expectativas futuras. Tais entrevistas tinham como foco compreender a vida na ocupação e o envolvimento dos ocupantes nos movimentos sociais presentes. Através destas visitas e conversas, passei a ter mais contato com a vida dos moradores dentro de seus apartamentos, o que me despertou curiosidade relacionada à salubridade e a convivência dentro das moradias. A partir desta nova perspectiva, conversei com meu orientador sobre a necessidade de mudar novamente de abordagem. O argumento era reduzir a escala a ser trabalhada para uma mudança imediata nas condições de vida dos moradores. O projeto portanto, foi reduzido à escala de um mobiliário, resultado de uma nova bateria de entrevistas, desta vez com conteúdo referente à utilização e aproveitamento dos espaços internos dos apartamentos.
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3. Os Processos O XEPA pode ser resumido em quatro palavras-chave: baixo custo, fabricação digital e open design. Estes três aspectos se dão por conta do público alvo do mobiliário ser principalmente pessoas com poder aquisitivo limitado. 3.1. Item 1: Baixa Renda Quando se fala em habitação de baixo custo o que vêm à cabeça é um mundaréu complexo de cores, estampas, texturas, odores e movimento. Realmente um ambiente difícil de se propor juízo de valor por conta de toda sua heterogeneidade. Em sua pesquisa, Ermínia Maricato, desenha o cenário do interior da habitação da população de baixa renda: “Aparelhos domésticos e eletrodomésticos ocupam lugar de destaque, ausência de espaços mais amplos e adequados para o número de moradores, má qualidade do mobiliário (que não raramente se quebra antes de terminado o pagamento de suas prestações), improviso nas instalações hidráulicas e elétricas, insalubridade, des-
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conforto e congestionamento habitacional.” (MARICATO, 1999, p.01). Ao desenvolver o XEPA, foi necessário considerar um dos problemas mais determinantes para o bem estar do morador de habitações informais e improvisadas, evidenciado também no trecho acima: o congestionamento, o fato de os moradores não terem espaço suficiente para realizar suas atividades. Estudos realizados em Chombart de Lawe, na França, indicaram que abaixo de 14 m2/ pessoa, a probabilidade de perturbações na saúde física e mental aumenta. Entre 12 e 14 m2/pessoa é considerado o limite crítico, de 8 a 10 m2/pessoa como limite patológico e abaixo de 8 m2/pessoa as condições (físicas e mentais) seriam facilmente prejudicadas (ROSSO, 1980 apud FOLZ, 2002). Quando consideramos que em ocupações como a Mauá famílias de 6 pessoas vivem em quartos de 10 m2, podemos notar a emergência da discussão acerca do interior destas moradias. Segundo Folz (2002), para oferecer conforto doméstico, o espaço arquitetônico precisa estar equipado com ob-
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jetos úteis para executar as funções de lar; é necessário ainda verificar a qualidade do móvel ou utensílio, considerando que precisam ter vida longa, ser de uso cômodo e possuir manutenção fácil e barata. A partir da pesquisa qualitativa com os moradores da ocupação Mauá notou-se que raramente os móveis que possuem são doados ou emprestados, na maioria das vezes são adquiridos em lojas populares. Este aspecto foi determinante para a execução do mobiliário em questão, já que pôde ser constatado que, mesmo com poder aquisitivo reduzido, a compra de bens de consumo no mercado formal é uma realidade. 3.2. Item 2: Fabricação Digital: a democratização da produção A fabricação digital é uma alternativa de produção de objetos, a partir de modelos digitais, elaborados em softwares de projeto CAD, que são enviados por softwares CAM a equipamentos de controle numérico computadorizado, eliminando assim etapas intermediárias de produção. O modelo inovador da fabricação digital
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torna a produção de produtos mais inclusiva e democrática. Pensando no cenário das habitações de moradores de baixa renda, com este tipo de fabricação é possível idealizar e projetar mobiliários e objetos que sejam funcionais para cada situação e necessidade dentro destas moradias. Valendo-se desta tecnologia é possível modificar a realidade de apartamentos extremamente pequenos e insalubres. “Por meio da fabricação digital é possível alterar as formas de interação entre os agentes da construção civil com o objetivo de promover não mais um aumento da produtividade pela mais-valia do trabalhador, mas desenvolver uma prática emancipatória, no sentido de construir um aprendizado que transforme processos e estruturas sociais que excluem a maior parte da população, criando relações solidárias por meio do desenvolvimento.” (KOLAREVIC, 2003 apud BORGES, 2016, p. 90) FabLabs A difusão de novas tecnologias de fabricação digital, como mencionado acima, possibilita o surgimento de novos espaços pro-
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dutivos caracterizados pela acessibilidade, flexibilidade e baixo custo de aquisição, utilização e manutenção (COSTA e PELEGRINI, 2017, p. 58). Os FabLabs, ou makerspaces, são espaços implantados em centros comunitários, escolas, universidades e em espaços privados com o objetivo de incentivar a experimentação, aprendizagem, pesquisa e produção. O movimento maker tem sido guiado por quatro princípios: o compartilhamento aberto de novas invenções, a promoção da cultura de aprendizado colaborativo, uma crença na auto suficiência da comunidade e um compromisso com práticas de produção sustentável (RIFKIN, 2016 apud COSTA e PELEGRINI, 2017, p. 58). Os FabLabs são, portanto, os espaços onde o projeto em questão é testado e confeccionado. 3.3 Item 3: O Movimento Open Design O termo Open Design ou Design Aberto surge em 2004, após a popularização de dois outros importantes movimentos: o Movi-
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mento do Software Livre, que prega a liberdade do código-fonte de um software e concede a qualquer programador compartilhar, modificar e colaborar corrigindo bugs, e o Movimento Open Source, que significa código-aberto, com o objetivo de manter em aberto os códigos construídos por desenvolvedores, permitindo a qualquer outro programador visualizar, consultar e examinar esses códigos (PAZMINO e CÂNDIDO, 2016). Tais movimentos têm como princípio o incentivo ao colaborativismo e ao compartilhamento. Com o desenvolvimento dos movimentos citados anteriormente e a popularização destes aspectos para além das áreas da programação e desenvolvimento de softwares tornou-se, então, possível aplicar os conceitos do “Conhecimento Aberto” - cujo termo se aplica a variados trabalhos criativos como criações artísticas colaborativas, textos, músicas, fotografias e filmes - no desenvolvimento de projetos, dando início assim ao Movimento Open Design. O conceito do Open Design surge em 2004, desenvolvido por Ronen Kadushin que visa
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transformar o design com o pressuposto de que os projetos mantenham disponíveis e abertos os arquivos CAD de produtos e peças de produtos, publicados sob uma licença Creative Commons para ser baixado, produzido, copiado e modificado por qualquer pessoa, em qualquer lugar, sem a necessidade de investimento em ferramentas espaciais, pois essas condições permitem o projeto ser produzido por meio de máquinas CNC (KADUSHIN, 2011).
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4. O Projeto O XEPA é um mobiliário para baixa renda que busca atender às necessidades espaciais e econômicas do seu público alvo. Desde os primeiros croquis, foram pensadas soluções que viabilizassem o máximo aproveitamento do espaço em que o mobiliário será inserido: microapartamentos de baixa renda entre 8 e 20 metros quadrados. A multifuncionalidade da peça é resultado da pesquisa qualitativa feita com moradores da ocupação Mauá. Nas conversas foi constatada a necessidade de quatro móveis fundamentais para a convivência em espaços compactos: cama de casal; mesa para refeições e, eventualmente, de estudos; guarda-roupa e divisória de ambientes. É importante ressaltar que tais funções não são simultâneas, há a necessidade de escolher entre mesa-cama ou armário-divisória. O compensado de Pinus foi escolhido para a peça pelo preço e facilidade de encontrá-lo em lojas de construção e de venda de madeira. Este material é um dos mais baratos do mercado, além de ser sustentável, por
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usar madeira de reflorestamento. Todos os componentes da peça são projetados para serem montados a partir exclusivamente de encaixes, sem uso de ferramentas manuais ou fixação por cola, para que seja possível a desmontagem, o que contribui para o manuseio e transporte do mobiliário. Dentro do campo acessibilidade, a mobília foi pensada para que possa ser fabricada digitalmente, mais especificamente em FabLabs de acesso público. Desta maneira, o custo da peça é reduzido, já que caberia ao beneficiário baixar o arquivo em uma plataforma de compartilhamento online sem restrições e adquirir as placas e tábuas de madeira. 4.1. Primeiros Croquis Os parâmetros iniciais do projeto - largura, altura e comprimento; sistema de encaixe; sistema levanta-e-abaixa e divisão de dois níveis entre o sentar e o comer/estudar foram mantidos, com alguns pequenos ajustes. A seguir, primeiros esboços do mobiliário:
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Este primeiro design foi descartado por problemas estruturais. Por conta do balanço nas duas pontas da mesa-cama, a peça era extremamente frágil. Ainda neste protótipo não era considerado o uso da madeira do pinus e sim o da madeira do eucalipto, por isso o aspecto mais escuro da peça. A seguir croquis secundários e de estudo:
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Croqui 1: estudo da estrutura do primeiro design. A princípio pensava em produzir peças em MDF de eucalipto, portanto precisa desenvolver encaixes para as faces dos mesmos.
Croqui 2: estudo de novas propostas. Depois de reconhecer as falhas estruturais do modelo anterios passei a pensar em otimizar o uso das madeiras.
Croqui 3: estudo de bases estruturais
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Croqui 4: estudo de novas propostas. A partir destes esboรงos o modelo atual se concretizou.
Croqui 5: estudo do sistema de travamento - levanta-e-abaixa - juntamento com o professor
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Croqui 6: estudo do sistema de travamento - levanta-e-abaixa
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4.2. Aproveitamento de Chapa As peças do mobiliário foram distribuídas em duas pranchas de madeira de compensado pinus nas medidas 2200mm x 1400mm x 18mm (R$ 174,04, loja Leo Madeiras)- medida essa que cabe em cortadora CNC cotada no FabLab Livre SP, laboratório da prefeitura de livre acesso e sem custo - e quatro tiras de madeira de compensado pinus nas medidas 1500mm x 290mm x 18mm (R$ 22,80, loja Leroy Merlin), totalizando custo de R$ 393,68. A fim de que o projeto fosse barateado e desperdiçasse menor quantidade de madeira, foi pensada uma maneira de aproveitar as chapas ao máximo.
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5. Conclusão O desenvolvimento do projeto revelou uma série de questões a serem investigadas posteriormente à esse caderno. A disponibilidade e qualidade dos materiais e da disponibilidade e qualidade das máquinas CNC de FabLabs (especialemte os gratuitos) para atender a demanda da produção são pontos fundamentais já que podem interferir diretamente na qualidade e execução da peça. Este aspecto é uma variável que foi considerada no estudo, porém está fora do alcance de resolução. Outro aspecto a ser testado posteriomente é o sistema de travamento da peça, o não funcionamento do mesmo ocasionará na mudança de design do detalhamento do sistema. Além disso, é necessário ainda criar um manual de montagem da peça que dialogue com o usuário de maneira clara e precisa. Somente após a resolução das questões citadas acima será possível disponibilizar o arquivo do XEPA em plataforma de compartilhamento sem restrições.
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6. Anexos A seguir entrevistas com moradoras da ocupação Mauá, separadas por data, nome e abordagem. Entrevistas Ocupação Mauá – 15/11/2018 Nina Meu nome é Dalvina Ferreira de Andrade, eu sou de 62. Nunca trabalhei assim, sempre trabalhei desse jeito mesmo, entendeu, aí nois viemo pra cá tem 11 anos. Eu to sempre aqui, Dou uma forcinha pra ela, ela me ajuda, ela é uma pessoa muito boa. GP: Vocês se conheceram na ocupação? É, ela é como, praticamente como se fosse uma patroa pra mim. Entendeu? É uma pessoa muito boa. Eu quando cheguei aqui, justamente foram eles que me abriram as portas, quando eu vim da pensão né, ela e o esposo dela, e aí to com ela, ela é uma pessoa legal, uma pessoa boa. Quanto aqui não tem o que falar, é como um condomínio normal, todo mundo unido, todo mundo ajuda todo mundo, é... tem porteiro, tem
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tudo direitinho aqui, não tem negócio de briga, não tem nada, é uma união de todo mundo, todo mundo se dá bem, ajuda um ao outro. E assim vai... GP: Como é sua rotina na ocupação? Você mora aqui e ajuda a... Moro no segundo andar, e ela também mora no segundo andar. GP: E vocês duas trabalham aqui no mercado? Não, eu não trabalho aqui na vendinha dela. Eu ajudo ela, que ela tem dois filhos. Ela tem uma mocinha de 14 anos e um menino de 5 e tem dois netos. Aí eu ajudo ela na casa dela, com as crianças. Entendeu? É na casa dela, não é aqui na venda, na venda é outra pessoa que fica. Que, exclusive, é a moça que tá de folga, como eu também to de folga no feriado e domingo, que eu também tenho minha folga também. Entendeu? GP: E a senhora é casada? Não, sou solteira, não tenho filho, moro sozinha. Entendeu?
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GP: Eu vou perguntar algumas coisas bem específicas... A senhora já sofreu preconceito por morar em ocupação? Não... Sofro não. Porque aqui é como se fosse, a gente morasse lá fora também. Não, não sofro não. E eu nem me preocuparia com isso, sabe? GP: Ah, que bom, porque às vezes tem disso, né, das pessoas olharem diferente por ser uma ocupação, não? Não... Não olha, porque aqui é bem cuidado e tudo mais. Não tem essas coisas. Como às vezes, acontece nas outras ocupação, aqui não tem isso. É tudo organizado, você vê que é tudo bem limpinho, perfeito aqui. Entendeu? GP: E como foi quando a senhora mudou aqui pra ocupação, por que vocês foram os primeiros a mudar pra cá... Foi, eu vim pra cá dois meses depois que eles ocuparam. Aí desde lá mesmo, mais onze anos que eu to aqui mesmo. GP: O que mudou de lá pra cá?
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Ah, tudo né? Tudo... Porque a gente que, não sei se vocês veem documentário, do jeito que era aqui, do jeito que tá hoje... Mudou muito, muito. Tudo mudou, pra melhor... Eles são gente boa, nossos coordenador, que nem a Dona Janete, ela é uma pessoa muito legal, não sei se ela tá aí, acho que ela não tá aí... Ela é muito legal. Você conheceu o Seu Nelson, então pelo Seu Nelson você tem ideia dos outros. É a mesma coisa dele os outros também. Ele não tá aí, nem ele, nem ela. E acho que a Dona Net, que a gente chama ela de Net, ela saiu, aí você tira pelo Seu Nelson, já que ele é um dos principais aqui e você já falou com ele, é a mesma coisa de você tá falando com os outros. Amanhã por exemplo, se você tiver por aqui, se você quiser vim aqui, você conversa com ela, provavelmente ela estará aqui amanhã. Entendeu? Aí cê pode conversar com ela. E ela pode até mesmo te dizer, porque eu não gosto de falar, eu não sei falar, ela já gosta, ela já sabe, entendeu? Aí ela já sabe e tal. GP: Não não, o que eu quero saber a senhora tá respondendo perfeitamente, porque eu quero ver a visão de cada um mesmo... A senhora tem a sua visão e ela é super im-
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portante pra minha pesquisa. Uma coisa que eu queria perguntar, você consegue lembrar o dia mais feliz que você passou aqui na ocupação? Ah, não fácil dizer se teve algum dia triste, porque não tem... Não vou dizer que a gente tem um dia triste aqui, que não tem... Aqui no Natal a gente tem nossas festas, dia das criança, sabe? É gostoso, não tem o que dizer daqui... É coisa muito legal, muito bacana. GP: Como foi quando abriram a biblioteca? Quando abriram a biblioteca, eu não sei, porque eu não tava. Mas a biblioteca é muito boa, eu desci semana passada. É uma coisa boa pras criança que não estudam, porque aqui estudam. Eles estuda. Que nem, os dela mesmo estão lá na “porto seguro” e de tarde tão lá no colégio. O pequenininho que tem 5 anos, ele tá na creche. Então a maioria das criança não fica mesmo em casa não. Fazem curso, o povo trabalha mesmo, aqui não tem esse negócio de vagabundagem, esse povo aqui é muito trabalhador, tudo, entendeu?
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GP: E a senhora é aqui de São Paulo mesmo? Sou, sou paulistana. Eu tenho uma irmã que mora na Artur Alvim, mas de vez em quando ela vem aqui, sabe? Mas eu vivi com ela até os 40, 40 e poucos anos. Eu conheci uma pessoa... Justamente que eu fui morar junto numa pensão lá na Avenida do Estado, depois, assim, não deu certo nois. Ele também mora aqui, só que, cada um vive tua vida. Entendeu? Não dá pra falar que a gente tá separado, porque separado mesmo, nois não tamo. Mas nois tem o mesmo tempo, porque nois chegamo justamente, quando eu cheguei ele chegou também. Mas não deu certo, aí eu moro sozinha, ele mora na casa dele, eu tenho a minha. Mora ali no segundo andar. Mas a gente convive, praticamente um casal, mas cada um no seu espaço. É bem melhor, cê acredita? Tá muito melhor. Vai lá, mas depois cada um no seu canto. Funciona. Nois moro junto cinco anos d’baixo do mesmo teto. Aí por ele ser até uma pessoa boa, o Sukita, eu chamo ele de Sukita, mas o nome dele é Adriano, cê vê que ele é uma boa pessoa porque quando eu mandei ele embora, que a gente se separou, ele veio até morar no primeiro an-
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dar, ele mora no corredor dali... Ele mora, continua aqui, não puseram ele pra fora. Tem gente nova, tem gente que só tem 4 anos, 5 anos aqui... Poucos aqui tá desde o começo. GP: Já teve confronto aqui com a polícia? Não tem, não tem... Nois não tem esse negócio de confronto com a polícia. Não tem. Porque justamente a gente anda, como se diz, na linha. Tudo certinho, não tem. Vou falar pra você que tem confronto, não tem não. A gente sabe fazer as nossas reivindicações, quando tem, que tem que ter a passeata, tem. Aqui tem os mutirão. Tudo direitinho. GP: Todos participam? Tudo participa. Que nem eu falei pra você, é muito unido. É assim... “ó, hoje tem uma passeata”, todo mundo vai. Nois tem assembleia todo mês. É tudo bem certinho... Aqui não como a casa da mãe Joana, não, é tudo certinho. É uma contribuição que a gente dá aqui, porque justamente ó, aqui tem três porteiros, tem a faxineira, entendeu? Então, tem que pagar eles. Que nem a
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moça que trabalha com ela (a dona do mercado) faz olha, ali tá tudo limpinho. É assim direto. Ela faz todo dia a limpeza do primeiro e do segundo andar, que é a parte deles, lá pra cima. Tem a deles, você sabe, você conversou né? Então você sabe que o Seu Nelson é um dos coordenadores, o Adriano é outro e a Net que é a majoritária. O espaço dela é lá encima. Aqui é tudo assim, então tem os porteiros pra pagar, tem a limpeza, tem essas coisas, então a gente tem uma pequenininha taxa aqui. Mas justamente pra poder tá pagando eles. Você viu que você entra tem que se identificar e tudo aí. Portão automático e tudo. Que nem ela (aponta para uma moça que passa ao lado), ela é uma das porteiras aqui a tarde. Entendeu? GP: Agora, quero te fazer uma pergunta bem pessoal, uma opinião pessoal sua... O que é injustiça para você? Injustiça? Ah, acho que injustiça é justamente o que esse país tá querendo fazer com a gente. Que a gente tá sossegado aqui, querendo tirar a gente. Sei lá, né. Porque a gente não sabe como vai ficar agora né, com o novo presidente aí, tudo. Acho
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que isso é uma injustiça. Porque nois não tá fazendo nada. E eles não tão pelo menos... Que quando tá destruindo, tá quebrando é uma coisa, mas nois tá cuidando, nois tá zelando. A gente cuida, pinta, troca as coisas, todo ano a gente faz. Tem a pintura, que nem, mês passado os canos tava tudo ruim, tava entupido. A gente trocou tudo as encanações e enquanto eles não toma conta. Eles deviam deixar a gente aqui, porque a gente tá zelando. A gente não tá destruindo justamente o patrimônio. Nois troca as fiação, os encanamento. Eles troco tudo aqui embaixo, os encanamento tudo das nossas casa. Que tava tendo problema de entupimento, a gente foi comprar tudo os cano. Então acho que isso é injustiça, porque se a gente tivesse quebrando e destruindo aí eles tinha razão de tirar a gente. Mas é aquela coisa, quando eles forem pegar, é o que você tá vendo, vai tá em perfeito estado. Não tem nada destruído. Tem alarme de incêndio, ó tem os extintores (aponta para trás da minha cabeça). Então qualquer coisa já aperta aqui e todo mundo desce. Então a gente cuida, a gente tá cuidado. Então eu acho que a injustiça é isso. Porque a gente tá quieto aqui enquanto eles não quiser eles deviam deixar a gente em paz.
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Nois cuida. Tá tudo pintadinho, todo ano nois pede caixinha pra nois pintar, tá olhando as fiação. É tudo organizado. GP: Veio vistoria aqui da prefeitura? Veio, fiscal veio justamente porque quando nois entrou aqui era tudo de madeira, era fio tudo arrebentado, veio bombeiro na época. Depois mandaram encanar, fizeram tudo bonitinho, tanto por fora como nós dentro de casa. A gente fez de tijolo a nossa casa. Que era tudo madeira e era perigoso um curto pegar fogo e aí pronto, porque tudo madeirite . Se vê as fotos, era feio mesmo no começo. Então tem isso. GP: E qual é a vantagem para você de morar aqui em frente à estação da Luz? Porque é tudo perto, né? Apesar que eu não saio. Mas quanto tem que sair tá tudo perto, o mercado, que nem aqui mesmo fica o Bom Retiro, até mesmo se nois precisar a delegacia, que tá aí. Eles não incomoda a gente não porque pra você ver, aqui é quieto. Não entra polícia aqui não, eles não vem. Nois não tem esse problema não.
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GP: Tá certo, muito obrigada pela contribuição. Eu sei que a senhora não gosta de foto, mas eu queria tirar uma sua com o cachorrinho que tá no seu colo, que tá tão bonitinho. Eu não vou postar em nenhum lugar, é uma foto para registro pessoal. Se precisar de mais alguma coisa... Tá bom, sendo assim tu pode tirar, cê vê como ele tá aqui? (se refere ao cachorro em seu colo). Maria José Meu nome é Maria José Sales, eu estou com 36 anos e sou doméstica. GP: Faz quanto tempo que você mora aqui na ocupação? Um ano. GP: Antes de morar aqui, você morava aonde? Numa pensão no Brás. GP: Você sempre morou na região central?
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Sim, sempre. É mais perto pra trabalho, pra tudo. Se você for morar, vai, na Vila, se você vai gastar 400 no aluguel, mas se você pensar você vai gastar mais. Porque tem o tempo, tem a condução. Aqui eu faço tudo a pé. A pé, de metrô, de ônibus. GP: E você trabalha por aqui? Trabalho na Mooca. GP: Como foi sua transição pra ocupação? A minha prima, o pai dela já morava aqui, 7 anos atrás. Aí minha prima conseguiu aí ela ajeitou pra mim. E eu gosto daqui. GP: E você mora com seu marido e seu filho? Isso. Meu marido também trabalha fora, ele é ambulante. GP: Você já sofreu preconceito por morar em ocupação? Sim, já sofri. As pessoas perguntam onde que eu moro aí eu falo, né? Elas falam “ah, como que você mora num lugar desse?”, e
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eu falo “lá onde eu moro é mais tranquilo do que a pensão onde eu morava”. Aqui é unido, todo mundo se ajuda, é organizado, tem banheiro. Não é bagunçado igual eles pensam. E eu gosto. Mas a gente passa preconceito sim. Às vezes as pessoas nem sabem que eu moro aqui, mas eu vejo falando de outras (ocupações), aí eu prefiro não falar não. Às vezes a família mesmo. GP: E sua família mora aonde? É mais a família do meu marido que mora aqui (em São Paulo), a minha família é toda da Paraíba. Eu nasci lá. Já faz que eu to aqui 8 anos. GP: E você sente falta? Nossa, muita. Eu to pensando em viajar em São João, ver minha mãe. Lá é tudo mais barato, lá o problema é que não tem trabalho, assim, se você for morar lá você precisa colocar uma vendinha pra você sobreviver. Mas eu sinto muita falta de lá. Lá é meu lugar, né? Eu gosto daqui porque tem trabalho, mas o aluguel tá muito caro. Num espaço menor que esse eu pagava 700 reais. Muito caro. As pessoas às vezes não acre-
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dita, mas é essa a realidade. Parece que cê tá mentindo, mas não é. GP: E como está a expectativa para o ano que vem? Vou seu real, eu não gostei que o Bolsonaro ganhou. Eu não votei nele, não gostei. Não queria que ele tivesse ganhado. Eu não sei o que se espera da gente. Porque pra mim ele é mais pro rico. Minha família é toda PT. Lá na Paraíba, e aqui também. A gente tava tudo junto pro PT ganhar. País melhor com Bolsonaro, não. Agora com o Haddad a gente tinha muitas chances. De ficar aqui, a gente não sabe se vai ficar aqui. Com ele (Bolsonaro) dentro. Fiquei triste porque o PT perdeu. Fiquei bastante abalada. Fiquei porque eu sempre fui PT, minha família inteira. Porque lá no Nordeste com o Lula presidente, a minha casa não tinha luz. Não tinha água. Não existia Bolsa Família. O Lula tirou a fome de muito nordestino, inclusive da minha família. Aí eu fiquei muito chateada mesmo. GP: Já aconteceu alguma coisa na ocupação que te causou medo?
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Não, aqui não. Eu gosto muito daqui. Eu acho seguro aqui dentro, mais do que lá fora. Pago aluguel. Aqui eu deixo aberto e ninguém vai mexer. Aqui é um lugar bom. As pessoas têm preconceito porque não conhecem. GP: Você já passou por alguma situação de confronto com a polícia aqui dentro? Não, mas eu tenho medo. Às vezes eles querem entrar aqui. Aí todo mundo fica lá fora, porque eles acham que todo mundo que mora aqui não é trabalhador. Já aconteceu deles quererem entrar e a gente tá lutando pelo nosso. Eles não podem entrar aqui e falar que todo mundo é vagabundo, tem muita gente de bem aqui. É que às vezes as pessoas correm pra cá, e o porteiro não tá ligado aí essas pessoas entram. Acontece isso. GP: Qual a diferença da pensão que você morava para cá? Muita diferença. Onde eu morava, olha só, tinha muito africano e tinha muita briga, eles pegavam faca, entendeu? A gente tava pagando, mas eu não estava segura. Aqui
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não, aqui é de boa. Aqui tem a regra que não pode brigar e tal. Lá não. Eles pagam e não tão nem aí, filha. GP: Você pode me falar um momento de felicidade seu? Uma conquista... Uma conquista pra mim foi desde que eu to aqui. Que eu consegui minha casa. Eu to aqui um ano e eu consegui. Minha casa lá no “Norte”. Porque através daqui que tem muita ajuda, é bom para o financeiro. Se você entrar aqui com um objetivo, você consegue. Aqui é a chance de você conseguir a sua casa. Essa casinha que eu comprei eu vou pra lá agora no São João. E liberar o espaço pra alguma pessoa que tá precisando mais que eu. Oito anos aqui, não consegui nada. Oito anos aqui em São Paulo, pagando aluguel caríssimo, pagando babá pra cuidar do meu filho porque não consegui vaga pra ele. Agora um ano eu e meu marido trabalhando a gente conseguiu. Aliás, as pessoas nem acredita. Porque lá é barato a casa. Lá não é caro. Meu maior sonho foi esse, conquistei a minha casa. GP: Uma saudade que você tem... Da minha mãe. Da minha família. Muita sau-
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dade. Sou muito próxima da minha mãe, todo dia a gente conversa. São seis irmãos, mas eu acho que sou a filha mais carinhosa. Eu sempre fui assim. Então eu sofro muito com isso. Minha mãe é nova, tem 56 anos, mas é doente. Ela tem diabete, pressão alta, tiroide. É também por esses motivos que eu tô indo embora. GP: Quais os planos quando você se mudar? Eu vou abrir uma vendinha. Pra mim o pouco tá bom. Não preciso de muito. Tendo saúde é o que importa. GP: O que é injustiça para você? Injustiça pra mim é tanta coisa, sabe? Um papel não muda nada (documento). A gente cuida daqui. Isso é a maior injustiça de todas. Carol Meu nome é Maria Carolina Vital, eu tenho 36 anos e eu sou ambulante. Vendo chocolate. FILHA: Ela vende trufa que é tipo bombom.
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GP: Faz quanto tempo que vocês moram na ocupação? Fazem dois anos. Eu morava naquele primeiro quarto, depois eu vim pra esse aqui. Antes eu morava no Guarujá. Mudei por conta de separação. GP: A partir da sua concepção, o que é injustiça? Injustiça tem várias formas de ser retratada. Ela pode ser uma injustiça ilegal, uma injustiça construtiva, uma injustiça familiar. Tem várias formas então é difícil falar sobre isso. Injusto... nós vivemos num país injusto. Somos pessoas que somos capacitadas para trabalhar, temos vontade de trabalhar e não temos emprego para trabalhar. Isso é uma injustiça. GP: Você se sente injustiçada de que maneira? De várias maneiras. Porque a partir do momento que eu pago imposto eu tenho direito à moradia. E porque eu não tenho direito à moradia? Eu tenho que ocupar para ter um teto pra morar? Isso é também uma injus-
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tiça. GP: Você tem algum sonho? Meu maior sonho é ter o meu comércio. Pra eu poder viver dele. Seria um salão, mas um salão voltado para o público alternativo. Como uma barbearia, tatuagem, piercing. Tudo. Eu já fiz curso de manicure e design de sobrancelha. GP: Quem mora junto com você? Meu marido e meus filhos. Cinco filhos e quatro morando comigo. Lia, Lili, Liv, Liz e Lui. GP: Você já passou por algum tipo de preconceito por morar em ocupação? Muitos. Assim como o sem teto, é considerado como uma pessoa que tá invadindo a lei. Não é contra a lei você ocupar, é contra a lei você invadir. Então eu não sou contra a lei. Eu só estou ocupando o que ninguém está usando. Numa entrevista de emprego você já é visto como um pobre coitado. Não é visto como um trabalhador que tá ali procurando emprego.
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GP: Você pode me relatar um acontecimento muito feliz na sua vida? Quando eu achei o dinheiro (risos). Eu tava sem um real, precisando comprar leite, desesperada e eu achei duzentos dólares e 150 reais. Com esse dinheiro eu paguei a contribuição (da ocupação) que tava atrasada. E eu tinha acabado de ganhar neném e a minha filha ficou 15 dias na UTI. Porque como elas são gêmeas de placentas opostas, uma placenta suga a outra, então aquela é uma bolinha (aponta pra bebê de 5 meses sobre a cama) e essa aqui já é mais fitness (se refere à bebê em seu colo, aos risos). Ela corria risco de vida porque ela tava desnutrida, magrinha demais. GP: Você tem algum medo? Tenho. De perder minha moradia. Se isso acontecer não tenho a mínima ideia do que eu faria. Acho que ia ficar bem surtada antes. Porque se você não tem moradia, deixa eu explicar uma coisa, quando você não tem moradia você não consegue colocar a criança na escola. Não consegue ter acesso à um posto de saúde definitivo. Você não tem direito a ter benefício nenhum do go-
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verno, você se torna um indigente, um incapaz. E aí sem endereço, sem moradia, não tem como você trabalhar, não tem como colocar a criança na escola, então você automaticamente é jogada na miséria, né? Aí complica... GP: Quais as vantagens de morar aqui na ocupação? Eu não pago aluguel, eu pago uma taxa. Eu tenho a vantagem de estar pelo centro, de não pagar condução. De minha filha estar estudando, porque agora eu tenho um endereço fixo, né? Tudo fica mais fácil. GP: Vocês frequentam as reuniões da assembleia? Sim, tem que frequentar. Aqui tem reunião para todos os tipos de causas. Tanto pra melhoria do prédio, nada é resolvido sozinho, eles fazem reunião pra resolver todos. “Quebrou o chuveiro, vamos fazer uma reunião para concertar o chuveiro.” Quanto que vai sair, quanto que vai dividir para cada um. Se vai ter, por exemplo, uma passeata, outra reunião. E assim vai indo...
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GP: Você tem alguma saudade? Sim, muita. De pessoas que não estão mais aqui. Do meu avô, fui criada por ele. A saudade faz você ser uma pessoa melhor. Você lembra de tudo aquilo que a pessoa queria para você e você tenta ser tudo aquilo. Porque a pessoa tá vendo de alguma maneira que você tá se esforçando. Entrevistas Ocupação Mauá – 20/02/2019 Analice Meu nome é Analice. Tenho 62 anos. Trabalho em casa, sou aposentada. GP: A senhora é dona de casa? Isso. Dona de casa. GP: Antes da senhora ser aposentada, trabalhava com o que? Trabalhava em firma de costura. Cozinheira. Vários serviços. Faxineira, cozinheira, costureira. GP: Quantas pessoas moram com a senho-
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ra? Deixa eu ver... Lucas, Pedro... Quatro. Agora quatro porque chegou meu neto do Ceará. Eram três, mas agora meu neto do Ceará chegou. Agora é um bisneto e dois netos. O neném (criança por volta dos 2/3 anos de idade), o outro de 10 anos. O pai do neném tem 22, fez 22 ontem. GP: Quantas horas por dia a família permanece dentro do apartamento, aproximadamente? O meu neto trabalha a noite e de dia dorme. Eu e meu neto fica direto. Meu bisneto fica com a babá. O meu neto de 10 anos chega da escola e fica aqui. Ele chega meio dia. GP: Quais são as atividades realizadas dentro do apartamento entre dormir, estudar, trabalhar? Meu neto de 10 anos estuda e dorme. Lição de casa ele faz aqui, sentado na cama. GP: As crianças brincam dentro do apartamento ou lá fora?
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Não, não deixo brincar lá fora não. Ficam aqui. Eles ficam jogando no celular. Esses carrinhos são do meu bisnetinho (triciclo), ele anda aqui dentro. Tenho medo que fiquem lá fora, tem muita criança aí briga também. GP: A senhora cozinha aqui no espaço? Cozinho. Faço almoço que fica também pra janta. GP: E onde se acomodam para fazerem as refeições? Na cama. Não cabe pra por mesa aqui não. É pequeno esse quarto. GP: Tem que escolher entre cama ou mesa né? É (risos). GP: Você já fez alguma mesa de jantar improvisada? Não. GP: Quais são os móveis essenciais aqui no
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apartamento? Os armários (da cozinha), geladeira, guarda-roupa e as camas (duas de solteiro, com dois um colchão em baixo de umas das camas). E o fogão. GP: A senhora acrescentaria algum móvel? Não cabe. GP: Mas se coubesse, acrescentaria? Uma mesa. De jantar. GP: Os móveis que a senhora tem foram adquiridos em lojas (Casas Bahia, Marabraz, Magazine Luiza)? O fogão e a geladeira foram na Casas Bahia. Esses armários foi minha nora que deu. GP: E as camas foram doadas? Sim, doadas. Vou até já jogar fora que tá véia. Aí tem que comprar. GP: Faz quanto tempo que a senhora mora aqui?
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Morei 4 anos, aí saí e voltei faz 3 anos. GP: Nesse meio tempo a senhora morou aonde? Na casa verde. GP: Também em ocupação? Não, aluguel. GP: Quando a senhora se mudou, levou os móveis? Levei. GP: E como foi esse transporte? Caminhão. GP: Qual o custo desse transporte, mais ou menos? Daqui para a casa verde? 400 conto. Eles cobra caro. GP: Se a senhora fosse se mudar novamente, levaria os móveis?
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Só o fogão e a geladeira. O resto eu deixo. Porque já está tudo velho e fica caro. GP: Eles cobram o transporte ou a quantidade de móveis? O transporte. Eles cobram a gasolina. GP: Como é a questão da convivência dentro do apartamento? Porque, por exemplo, seu neto trabalha a noite e quando ele está dormindo as crianças voltaram da escola. Como funciona isso? Meu neto fica jogando no celular, não acorda não. Meu bisneto só vem da creche à tarde, lá por volta das 19 horas. Ele não foi hoje porque tá com a garganta inflamada, aí ele tava com febre e eu levei no médico. O médico deu atestado. Mas amanhã ele vai pra creche. GP: Se a senhora pudesse fazer alguma melhoria no apartamento, o que faria? Eu iria rebocar, pintar e por água. GP: Qual a diferença entre casa e lar, para a senhora?
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Para mim não tem diferença nenhuma. O que não pode ficar é sem teto. Cileusa Meu nome é Cileusa, eu tenho 38 anos. Eu aqui no meu quarto posso muita dificuldade, principalmente quando chove. Aqui foi feito nas pressas e quando chove eu já senti muita perda. Essa televisão mesmo com a chuva, a última forte que teve foi de granizo e esse telhado desabou, duas vezes já. Essa televisão ficava ali na parede e caiu água dentro, você pode até ver essas três manchinhas na tela, não sei como até agora tá funcionando (risos). A gente teve que tirar de lá e botar aqui (na mesa de jantar) porque quando chover tem tempo de tirar mais rápido. E assim, eu sofro demais com o telhado. Ali também choveu, quebrou tudo minha filha, quase caiu tudo na minha cabeça, eu tava dormindo, isso foi à noite. Então o que eu mais sinto dificuldade é com o telhado. Se eu pudesse, se eu tivesse condições eu batia uma lajezinha, não sei, ou botar outra telha. E assim eu tenho uma bebezinha, quer dizer, minha filha ganhou bebê, ela tá com dois meses. Ela não está aqui porque ela foi no médico, ela teve con-
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sulta hoje. E quando chove a gente precisa sair. A gente vai pra casa dos vizinhos, pra casa da Carol ali do lado (também entrevistada, em novembro) porque é mais seguro. O quarto mais perigoso é o meu, pode perguntar para o pessoal. GP: É, você é a primeira a falar sobre esse problema aqui... É... é muito perigoso. O resto, os bens materiais, assim... O que eu mais necessito é de um guarda-roupa grande, você tá vendo minhas coisas como tá. GP: Você tem quantos filhos? Aqui? Eu tenho uma de 14, que está tomando banho (no banheiro comunitário) e uma de 19 que mora comigo, que tem a bebezinha de dois meses. Mas olha só, pra você ver, não tem nem como guardar a roupa da bebezinha (aponta para a cama de baixo da beliche, coberta por roupas de bebê). É tudo assim, jogado. Esse guarda-roupa não dá para todo mundo, tem o meu marido também. GP: É bastante gente para um guarda-roupa
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só... É, não dá minha filha. Já quis colocar divisória, mas não tem como. A minha preocupação mesmo é o telhado. GP: E os móveis que você tem aqui foram doados ou comprados em lojas de departamento? Assim, quando eu tava trabalhando eu cheguei a compra o guarda-roupa e aquele armário (de cozinha). Como tem muita barata aqui é nojento a gente ir pegar um copo e chega lá tem barata. E realmente tem ainda, temos que estar dedetizando. E só. Foi só o que eu comprei. Meu marido comprou essa televisão quando ele estava trabalhando. GP: E as camas? As camas eu ganhei (uma beliche com duas camas e uma cama de casal), a geladeira eu ganhei, bujão de gás eu ganhei quando cheguei aqui em São Paulo. GP: Você é de onde? Sou da Bahia. Faz uns 6, 7 anos que estou aqui.
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GP: Você sempre morou aqui (na ocupação Mauá)? Sempre... Não. Eu morei num outro prédio aqui atrás, o Margarida Alves (outra ocupação). Ai depois pegou fogo lá e aí eles pagaram 1 ano ou 1 ano e meia de bolsa aluguel, depois o bolsa aluguel acabou e aí não tem como. Procurei o Seu Nelson e eles me abrigaram aqui. GP: A bolsa aluguel ajudava bem? 300 reais, né. A pensão que eu morava eu tinha que botar por cima o restante do valor. E aí pensa a dificuldade que é né minha filha. GP: E você não está empregada agora? Não, eu trabalhava na limpeza do metrô e antes disso na limpeza de um colégio, mas o contrato venceu e fui pro metrô. E com o dinheiro que eu juntei fui investindo aqui, se preciso de um piso vou lá e boto. Tem que arrumar ainda a eletricidade daqui, porque só tem uma tomada que funciona, aquela ali já não funciona.
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GP: E a questão da privacidade aqui, como funciona? Vixe menina, é uma confusão. A minha de 14 anos mesmo, pra trocar de roupa precisa ir no banheiro, aí ela fica “mãe, eu preciso de um quarto”. Você sabe nesse idade como que é. Se eu tivesse um dinheiro eu fazia uma divisória pra fazer um quartinho para elas. Porque aqui tem como, nesse (apartamento) tem como. Minha intenção é essa para quando eu estiver trabalhando. Fazer uma divisória. Tanto pra mim quando pra elas. Porque com homem dentro de casa não dá né. Ainda mais ele que não é pai das meninas. Ela (de 14 anos) estuda de manhã lá no Tietê e a tarde fica no Dom Bosco, lá tem atividade de dança, capoeira, aí ela fica a tarde toda. Porque aqui não tem nada para fazer, ou fica dentro de casa ou fica no celular. GP: Quantas horas por dia a família permanece dentro do apartamento, aproximadamente? Eu sou o dia todo. Minha filha (de 14 anos) só a tarde, ela sai de manhã e volta lá pelas 17 horas. E a minha filha de 19 está fazen-
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do um bico com a menina aqui, fica o dia todo fora. E eu fico com a bebezinha. Ela chega também umas 17 horas. Meu marido sai para fazer bico, descarrega caminhão. Às vezes ele fica em casa de manhã, às vezes a noite, mas quando aparece um bico tem que fazer. GP: Quais são as atividades realizadas dentro do apartamento entre dormir, estudar, trabalhar? Eu estou estudando a noite, supletivo. Lição de casa é mais na cama. GP: Aonde se acomodam para fazerem as refeições? Era aqui na mesa, mas como caiu o telhado eu prefiro aqui seja aqui no chão mesmo. Na cama. Aonde tiver lugar para comer. GP: Se tivesse condições, acrescentaria algum móvel? O guarda-roupa mesmo, um grande. A gente soca tudo dentro do guarda- roupa. Pra você ver ó, fica uma zona, fica tudo feio. Acho que só isso mesmo.
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GP: Quando você se mudou para cá, o que você trouxe do outro apartamento? O fogão e o bujão. GP: E quem fez esse transporte? A gente paga uma pessoa para fazer isso. Sabe aqueles carretos? GP: E o preço disso? Eles cobram pela quantidade de coisas. Às vezes é 100, 150, 200, dependendo da distância também. Se fosse uma distância maior eles cobrariam mais. É que na verdade quando eu mudei do prédio que pegou fogo eu fui para o Tiradentes morar em pensão com o bolsa aluguel. Só depois que eu mudei para cá, por isso que ficou um pouco mais caro, pela distância. GP: Esse apartamento é o maior daqui né? Sim, é o maior. Quando a gente fez aqui, tinha um tronco de pé de abacate e ninguém queria esse quarto porque não queria pagar para tirar e aí eu fui lá e paguei e acabei ficando com o quarto maior. Porque a gente
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tem que meter a cara para ter o nosso. Porque a gente sonha né? De ter um banheiro dentro de casa, minha cozinha toda ajeitadinha, um quarto para as minhas filhas. Mas como a gente não tem como tem que ficar aqui mesmo. E ainda dar graças a Deus, porque tem tanta gente na rua. Só de saber que a gente não tá passando frio, fome. A gente vê os moradores de rua, com o cobertor, pode estar frio, chuva, eles estão ali. Aquilo me corta o coração. GP: Qual é o seu sonho? Meu sonho é ter minha própria casa mesmo. Carla Meu nome é Carla de Pinto Moreira. Tenho 23 anos. Sou vendedora, trabalho no Brás. GP: Quantas pessoas moram com você aqui no apartamento? Eu, meu esposo e minha filha. GP: Quantos anos tem sua filha? Dois anos e meio. Ela tá na creche.
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GP: Quantas horas por dia a família permanece dentro do apartamento, aproximadamente? A gente trabalha de madrugada, saímos daqui 3 horas da manhã e chegamos mais ou menos 13 horas. Então umas 8 horas por dia a gente fica aqui. A minha filha fica com a avó e depois a vó leva na creche. GP: Sua filha brinca mais aqui dentro do apartamento ou lá fora? Ela brinca lá fora com as crianças. GP: Lá no pátio? Ela vai, ela é danada ela vai. Ela é muito esperta. Ela fala “mamãe, pode brincar?”, “pode”, aí ela vai e depois ela volta. GP: Onde vocês se acomodam para fazer as refeições? No sofá. Pega a cadeira, senta no banquinho. GP: Quais móveis você considera essenciais no seu apartamento?
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O fogão e a geladeira. Por causa da minha filha. Se tirar a cama, coloca um pano no chão e da para dormir, mas a geladeira não dá para tirar (risos). GP: Quais móveis você acrescentaria? O que eu não tenho ainda é um guarda-roupa. GP: Os móveis que você tem aqui foram doados ou comprados em lojas de departamento? Algumas coisas eu ganhei. O fogão eu ganhei, a geladeira eu troquei. Mas de resto, compramos. GP: Eles (lojas de departamento) entregam aqui? Sim, entregam. GP: Vocês moram aqui a quanto tempo? Eu fui criada em ocupação né, então... Eu morei aqui 3 anos, a 7 anos atrás. Me mudei, aí eu voltei para cá. Já tem um ano que estou aqui de novo. Eu morei em Santana,
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em outra casa. Aí eu pagava aluguel. GP: Quando você mudou para cá, você trouxeram os móveis da antiga residência? Sim. GP: Contrataram caminhão? Não, um amigo da minha mãe que trouxe. O padrinho da minha irmã né. Mas eu cheguei aqui só tinha um colchão e outra geladeira que não pegava direito (risos). Ai depois fui comprando as coisas de pouquinho em pouquinho. GP: Se você pudesse fazer alguma melhoria no seu apartamento, o que você faria?
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