Reforma em edifício escolar: Transformando ambientes | Mariana Moreno

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Centro Universitário Senac Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

Reforma em edifício escolar Transformando ambientes

São Paulo 2019



Mariana Queiroz Moreno

Reforma em edifício escolar: transformando ambientes

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac, como requisito parcial

à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Gabriel Pedrosa

São Paulo 2019



“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para “reformar” os homens, a primeira coisa é “formá-los” Lina Bo Bardi


Agradecimentos


Agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para a minha for-

mação, mas principalmente a minha família que me incentivou e me manteve

firme desde o começo. Aos meus pais por me darem a oportunidade de concluir essa etapa da minha vida e estarem ao meu lado durante todos os momentos

de dificuldade. A minha mãe Angélica e minha irmã Laura pela paciência com os trabalhos manuais em casa e por me ajudar a me manter no meu cami-

nho. Ao meu pai Márcio por sempre insistir que eu deveria persistir mesmo nos

momentos difíceis. Ao meu padrasto Leonardo por todos os conselhos e força ao longo desses anos.

Ao meu orientador Prof. Gabriel Pedrosa, por todo ensinamento, ajuda,

atenção, disponibilidade, compreensão e paciência.

Aos amigos que cultivei ao longo desses anos, mas em especial a

Juliana Rudiniski, Vitória Lacerda, Jennifer Cintra e Johnlívio Medeiros, por toda ajuda, conselhos, companheirismo, trocas de experiências e conhecimentos durante esses 5 anos.

Aos meus tios André Moreno e Marcelo Moreno por todos os favores,

suporte e impressões realizadas.

Agradeço também ao Rafael Jordão por todo suporte, força e amor ao

longo desse trajeto.

E por fim, à todos os profissionais do curso que contribuíram ao longo

desses 5 anos para a minha formação.


Resumo | Abstract


O presente trabalho tem como finalidade

The purpose of this study is to present a pre-

apresentar uma proposta preliminar de um projeto

liminary proposal for a school building reform project

são de crianças portadoras de necessidades espe-

cial needs and improve the quality of spaces for all

de reforma em edifício escolar, que promova a incluciais e melhore a qualidade dos espaços para todas as crianças.

that will promote the inclusion of children with spechildren.

Several methods were used to collect data:

Para a coleta de dados foram utilizados vá-

visits in specialized places for the visually impaired,

deficientes visuais, levantamento bibliográfico, pes-

field visit for application of the questionnaire in the

rios métodos: visitas em locais especializados para

quisa de entorno e visita no terreno para aplicação

do questionário existente no “Manual de Acessibilidade para Escolas: O direito à escola acessível”.

bibliographical survey, environmental research and “Accessibility Manual for Schools: The Right to an Affordable School”.

Based on the information obtained from the

Com base nas informações obtidas a partir

data collected, at the end of the work the proposal is

tada a proposta, com o objetivo de tornar o edifício

accessible and pleasant, stimulating the performan-

dos dados coletados, no final do trabalho é apresenacessível e agradável, estimulando o desempenho e

a criatividade de todas as crianças, e de diferentes faixas etárias.

Palavras-chave:

Projeto

de

reforma;

espa-

ços de aprendizagem; inclusão; acessibilidade; desemparedamento.

presented, with the purpose of making the building ce and creativity of all children, and of different age groups.

Keywords: Reform project; learning spaces; inclusion; accessibility; unsocialization.


Sumário 1. Introdução

13

2. Educação

19

2.1 Educação no mundo

2.2 Educação no Brasil 2.3 Educação especial 2.3.1 Normas, referenciais e diretrizes relacionados à acessibilidade

3. Arquitetura escolar

21 24 25 29

31


4. Referências

4.1 Instituto para cegos Padre Chico 4.2 Fundação Dorina Nowill 4.3 Skyplay 4.4 Creche HN

5. Projeto

39 41 43 44 46

49

5.1

Diagnóstico 51 52 5.1.1 Diagnóstico de entorno 60 5.1.2 Diagnóstico de projeto 5.1.2.1 Primeira Etapa 60 5.1.2.2 Segunda Etapa 64 67 5.2 Propostas

6. Considerações finais

90

7. Referências bibliográficas

92



“Na nossa sociedade, profundamente adultocêntrica e hierárquica, a fala das crianças é totalmente ignorada.

A sociedade ocidental, quando fala da infância, ou é como lembranças dos adultos ou é aquela que se quer impingir

a todas as crianças. A infância é vista como um período de passagem para aquilo que, de fato, importa: ser adulto.” Anete Abramowicz

1. Introdução



A educação inicia-se no seio familiar, passan-

escolar e da formação de professores capacitados

que vem ocorrendo cada vez mais precocemente

ciais. Dentre os movimentos relacionados à inclusão

do a ser dividida posteriormente com a escola, fato

devido ao estilo de vida adotado pelos pais e familiares nos dias atuais.

No Brasil, a educação pública teve seu início

no século XX, na Constituição de 1988, quando a educação infantil foi incluída no sistema educacional

para atender às crianças com necessidades espee educação, destacam-se a Declaração Mundial de Educação para Todos, de 1990 (Jomtien - Tailândia),

e a Declaração de Salamanca, de 1994, resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educa-

cionais Especiais, considerada o texto mais comple-

através do Art. 205:

to sobre educação inclusiva.

ver do Estado e da família, será promovida e incen-

nado à educação inclusiva. As primeiras reflexões

pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para

pulação com necessidades especiais seria a ma-

“Art. 205. A educação, direito de todos e de-

tivada com a colaboração da sociedade, visando ao

o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Brasil, Constituição, 1988).

Em 1996, a inclusão da educação infantil co-

mo primeira etapa da educação básica é garantida

pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB. De acordo com a Lei, a educação infantil é destinada à faixa etária

Existe um processo histórico mundial relacio-

sobre o tema propunham que a segregação da poneira mais adequada de atendê-la. Posteriormente,

passou-se por um período de questionamento sobre essa posição, que conduziu ao que em teoria temos

hoje: a educação para todos. Mas será que isso de fato acontece?

Segundo a Cartilha “Pessoas com Deficiên-

de zero a seis anos, sendo a creche de zero até três

cia”, do Censo 2010 (Instituto Brasileiro de Geografia

A educação inclusiva tem início nos anos

leiros, o que significa 23,9% da população total, têm

e a pré-escola de quatro a seis.

90, com um movimento mundial iniciado pela ONU que frisava a importância da adequação do sistema

e Estatística - IBGE), cerca de 45.606.048 de brasi-

algum tipo de deficiência – visual, auditiva, moto-

ra e mental ou intelectual. Cerca de 1.532.671 são 1. Introdução | 15


crianças de 0 a 9 anos, e 79,99% destas, frequen-

espacialmente.

motora, ocupam os primeiros lugares com 18,6% e

quer ambiente que for sofrer reformas ou for cons-

ciência auditiva, mental e intelectual.

ciação Brasileira (ABNT) relativas à acessibilidade. A

tavam creches ou escolas. As deficiências visual e

7% da população, respectivamente, seguida da defi-

O Censo Escolar de 2013 informa que o nú-

mero de matrículas relacionadas à educação espe-

cial em creches e pré-escolas, das redes estaduais

e municipais - considerando alunos em escolas especiais, classes especiais e incluídos, assim como

meio período e integral - resultava em 8.428 na cre-

che e 29.363 na pré escola. Já em 2017 esse núme-

Quanto à questão espacial, atualmente qual-

truído deve atender as Normas Técnicas da Assoeliminação de barreiras, classificadas pelo Capítulo I, Art. 3º da Lei nº 13.146 de 2015, mais conhecida

como Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, é fundamental para garantir a acessibilidade e a integração na educação de crianças portadoras de necessidades especiais.

Mas seria só isso o necessário para a utiliza-

ro aumenta para 14.928 e 45.390, respectivamente.

ção dos espaços de maneira saudável por todas as

de matrículas na educação infantil, quando o assun-

leiras estão acima do peso ou obesas, é notório que

Percebe-se o crescente aumento no número

to é a educação especial, o que podemos considerar um grande avanço, impulsionado não só pela neces-

sidade da vida dos pais, mas talvez também pela

consciência de que a educação é, ou deveria ser, benéfica a todos.

Com a análise destes, entre outros dados,

entende-se que é pertinente nos questionarmos

sobre qual a nossa preocupação quanto à inclusão e a sua importância, tanto socialmente quanto 16 | 1. Introdução

crianças? Segundo o IBGE, 47% das crianças brasi-

as crianças estão cada vez mais sujeitas a doenças mentais, hiperatividade, ansiedade e depressão, entre outras. O que o ambiente escolar pode fazer para

contribuir para a diminuição desses casos considerando que é nele onde as crianças passam, muitas

vezes, a maior parte do dia e onde tem as experiências da infância?

O modo de crescimento das nossas cidades

compromete cada vez mais a oferta de espaços ao


ar livre, e os que existem em sua maioria são ca-

frequentam, não apenas daquelas que apresentem

passar a maior parte do tempo em ambientes fecha-

Para os critérios de escolha do local de pro-

rentes de segurança e qualidade, o que nos leva a

necessidades específicas.

dos e isolados, prejudicando o desenvolvimento das

jeto, foi estabelecido logo de início que, além de ter

Segundo a publicação “Desemparedamento

de fácil acesso, permitindo o levantamento de todo o

crianças.

da infância - a escola como lugar de encontro com a natureza”, publicado pelo Instituto Alana em seu Pro-

grama Criança e Natureza, o ambiente natural é en-

demanda para a realização do projeto, deveria ser material necessário no decorrer do processo.

Foi feita primeiro uma pré-seleção de visitas,

que deveriam ser realizadas em duas escolas públi-

tendido apenas como um possível cenário de brin-

cas e duas escolas particulares, sendo uma grande

segundo esta publicação, muitas pesquisas indicam

ficou-se que a possibilidade de projeto em escolas

cadeiras e não como um lugar fundamental. Ainda que ambientes ricos em natureza ajudam na promoção da saúde física e mental e contribuem para o

desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais.

Com isso, o presente trabalho, pretende iden-

tificar as limitações espaciais relacionadas às ne-

e uma pequena de cada. Após essa seleção, veri-

grandes demandaria muito mais tempo do que o disponível. Além disso, as escolas públicas escolhidas para visitação não se mostraram abertas para a pró-

pria visita, nem para a disponibilização de materiais e livre acesso.

A escolha final foi de uma escola particular de

cessidades especiais, assim como os pontos onde

médio porte, escolhida devido ao livre acesso per-

realizar um projeto de reforma e adaptação para a

necessárias, somado ao fato de eu possuir uma ex-

a qualidade do ambiente é mais precária, e assim melhora espacial de um edifício como um todo e,

consequentemente, do desenvolvimento e do desempenho individual de todas as crianças que o

mitido, assim como à disponibilização das plantas

periência pessoal nela. A pedido da escola seu nome não será revelado.

O Capítulo 2 traz uma síntese do histórico da 1. Introdução | 17


educação e seus principais precursores no mundo e no Brasil. O capítulo traz um breve histórico da evo-

lução quanto ao modo de encarar as deficiências,

assim como suas definições, e o surgimento e conceito da educação inclusiva. O capítulo cita também

alguns materiais existentes relacionados à acessibilidade que são importantes e podem ser levados

em conta. Em seguida, o capítulo 3 também faz um resumo sobre a evolução das características dos edifícios escolares no Brasil, e o 4 apresenta como

referência algumas instituições específicas e projetos que visam à qualidade do ambiente escolar.

No capítulo 5 é mostrado o colégio escolhido,

seu diagnóstico e as propostas de reforma e adaptações para proporcionar melhores condições a todas

as crianças, incluindo as portadoras de necessidades especiais, finalizando no capítulo 6, com as considerações finais e reflexões proporcionadas pela pesquisa e projeto.

18 | 1. Introdução


“A educação não muda o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo” Paulo Freire

2. Educação



2.1 Educação no mundo A história da educação está atrelada à histó-

ria da sociedade e seu desenvolvimento, assim co-

mo ao desenvolvimento das religiões, pois muitas vezes os templos ou igrejas também eram escolas.

O processo educacional, de transmitir conhe-

cimentos, ocorreu de formas variadas em diferentes

culturas e períodos. Com a evolução das sociedades, a quantidade de informações precisava ser di-

Posteriormente, no século XVII, com o fim das

lutas religiosas na Europa, a religião perde o controle

sobre as ideologias, dando espaço para outras filosofias se constituírem. Nessa época o destaque se

dá para o monge Comenius, que pregava a necessidade de um ambiente escolar arejado, com sistema

de espaços livres e ecológicos, já que a aprendizagem se iniciava pelos sentidos e impressões obtidas através de experimentações.

No século XVIII surgem os iluministas, dentre

vidida para ser repassada, sendo a primeira divisão

eles destacam-se dois: Jean-Jacques Rousseau e

da sociedade em determinada função faz com que

delo de educação deveria ser baseado no desenvol-

baseada no sexo. A especialização de cada membro

o adulto que a desempenha repasse seus conhecimento a um jovem que aprende na medida em que

trabalha. Esse método levou à criação de diversos tipos de sistemas de aprendizagem, assim como a divisão em classes sociais.

Na Idade Média, com um sistema dominado

pela religião, cujo pensamento era extremamente fechado, o número de escolas era restrito. A partir do

século XI surgem as universidades na Europa, onde

o pensamento crítico é desenvolvido, defendendo a conjunção do homem com a natureza.

Johann Heinrich Pestalozzi. Para Rousseau, o mo-

vimento natural da criança, voltado para a autonomia, e o ensino deveria ser apenas um apoio para a

criança crescer naturalmente e se tornar um ser humano completo e não específico para uma profissão ou função, transformando o papel de professor, tido até então como um orientador. Pestalozzi defendia

que a escola deveria ser não só uma extensão do

lar, como inspirar-se no ambiente familiar. A educa-

ção baseada na razão era vista por ele como insuficiente, segundo ele, o processo educativo deveria

englobar três dimensões humanas: cabeça, mão e coração.

2. Educação | 21


Durante o século XIX, a partir dos pensamen-

John Dewey, foi um dos maiores pedagogos

tos iluministas, os governos burgueses europeus ti-

americanos, e influenciou diversos educadores pelo

a escola, já que a prioridade até então era o ensi-

Nova, liderado por Anísio Teixeira. Para Dewey, o

nham como ideal levar toda a população infantil para no secundário. No final do século, a maior parte da

população infantil da maioria dos países industrializados estava na escola. Nesse período quem teve destaque foi Friedrich Froebel.

Froebel foi um dos primeiros educadores a

considerar o início da infância como uma fase de

importância na formação das pessoas. Para ele, as brincadeiras eram o primeiro recurso no caminho da

mundo. No Brasil, inspirou o movimento da Escola

princípio é que os alunos aprendem melhor realizando atividades manuais, por apresentarem problemas

concretos a serem resolvidos. Com a experiência como um fator central, afirmava que a escola deveria

proporcionar práticas conjuntas que gerassem situações de cooperação. O objetivo da escola deveria ser ensinar as crianças a viverem no mundo.

No século XX, Jean Piaget estudou a evo-

aprendizagem, um modo de criar representações do

lução do pensamento até a adolescência para en-

ra entender a produtividade, ele estudou as fases de

principalmente da criança, mostrando que elas não

mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Pacrescimento: a infância, a meninice, a puberdade, a mocidade e a maturidade.

Em suas escolas, trabalhava com diferentes

tipos de objetos e materiais e as brincadeiras eram

sempre acompanhadas de músicas, danças e em sua maioria realizadas ao ar livre para que as crian-

ças interagissem com o meio ambiente. Os jardinsde-infância se espalharam pela Europa e Estados

Unidos, onde foram incorporados aos preceitos de John Dewey. 22 | 2. Educação

tender o processo de aquisição de conhecimento,

pensam como os adultos e constroem seus aprendizados gradativamente. Seu interesse era voltado

para a epistemologia genética, uma teoria centrada no desenvolvimento natural da criança e tinha tam-

bém como base os sistema de assimilação e acomodação, onde a primeira incorpora objetos externos a

esquemas mentais preexistentes e na segunda são modificações no primeiro sistema por influência do externo.


Segundo ele, o pensamento infantil passa por

quatro estágios desde o nascimento até a adolescência onde possui plena capacidade de raciocínio. Para ele o conhecimento se dá pela própria criança

são a atividade, individualidade e liberdade, para ela

nós já nascemos com a capacidade de nos ensinar, basta proporcionar condições para isso.

Elegeu como prioridade os anos iniciais da

e suas descobertas,. Os quatro estágios de desen-

vida e explorava a educação pelos sentidos e a edu-

anos), 2º - pré-operacional (2 à 7 anos), 3º - opera-

os espaços internos para permitir movimentos livres,

volvimento citados são: 1º - sensório-motor (até os 2 ções concretas (7 aos 11/12 anos) e o 4º - operações formais (a partir dos 12 anos).

Ainda no século XX se desenvolve a peda-

gogia Waldorf, fundada por Rudolf Steiner, que tem como base a Antroposofia, que estuda o ser humano

em três aspectos: físico, alma e espírito, de acordo

como cada um e da sua faixa etária. Nesse método, cada ser humano é diferente, assim como seu desenvolvimento, por isso o ensino deve levar em

conta essas diferenças, tendo como objetivo desen-

cação pelo movimento, preparando em suas escolas

estimulando a independência e iniciativa. Acompanhando o ambiente, as atividades sensoriais e motoras também possuíam grande importância e destaque, pois para ela o caminho do aprendizado

passava pelas mãos, já que é por meio do toque que as crianças descobrem e exploram o mundo. Para

auxiliar o processo, também desenvolveu materiais didáticos, objetos simples desenvolvidos para provocar o raciocínio.

Por fim, no século XX também destacam-se

volver indivíduos livres, socialmente competentes e

os estudos de Vygotsky, que salientava o papel da

direção às suas vidas.

tem dois níveis de desenvolvimento: um real, adqui-

moralmente responsáveis, capazes de dar sentido e

escola no desenvolvimento mental. Para ele, exis-

Essas ideias influenciaram não só as metodo-

rido ou formado, e um potencial, que é a capacidade

co, na arquitetura. Nesse sentido, destaca-se tam-

Ao contrário de outros pensadores, para Vy-

logias pedagógicas, como também no ambiente físibém a pedagogia montessoriana, desenvolvida por Maria Montessori, onde os princípios fundamentais

de aprender com outras pessoas.

gotsky o primeiro contato da criança com novas atividades e informações deve ter a participação de

2. Educação | 23


um adulto. Sua visão sobre a escola é de que nela

importantes no âmbito nacional e internacional: Aní-

provocar avanços, porque o bom ensino é aquele

Inspirado na filosofia de John Dewey, de

o professor interfere no processo, sendo seu papel

sio Teixeira e Paulo Freire.

que incentiva a criança a ampliar sua compreen-

quem foi aluno em um curso de pós-graduação, Aní-

completamente.

públicas em todos os níveis e, junto com Darcy Ri-

são e habilidade sobre aquilo que ainda não domina

Ao analisar as teorias e pesquisas citadas,

nota-se que ao longo do século XX houve uma ten-

sio Teixeira foi o pioneiro na implantação das escolas beiro, foi o idealizador da Universidade em Brasília.

As responsabilidades da escola, entendidas

dência à limitação do autoritarismo nas escolas e um

por ele, eram de educar em vez de instruir, de formas

pressão das crianças, estimulando um curso natural

preciso reformar a escola e dar a ela uma nova visão,

consequente aumento na liberdade de ação e ex-

e livre de sua criatividade. Essa posição ainda causa divisões atualmente, porque em geral as estruturas

das escolas muito se modificaram por fora, mas em

homens livres, um futuro incerto, mas para isso era transformando-a em um local onde se vive ao invés de encará-la apenas como um local preparatório.

A escola deveria ser democrática, ninguém

seu interior permanecem iguais: em sua maioria o

aprende tudo o que pratica, e sim o que lhe interes-

ção pelos esforços ou atividades são baseados em

dendo ele escolher suas atividades. A escola pública

professor ocupa o lugar de autoridade e a retribuinotas.

2.2 Educação no Brasil Com base nos autores apresentados que in-

fluenciaram a pedagogia no mundo todo, no Brasil destacam-se dois educadores cujas pesquisas são 24 | 2. Educação

sa, e isso deveria orientar o que o aluno aprende, podeveria ser integral para professores e alunos, como

a Escola Parque fundada por ele em Salvador, em 1950. Além de ser integral, pública, laica e obrigatória, deveria ser municipalizada para atender a todas as comunidades. Anísio propôs também a criação de fundos financeiros destinados à educação.

Paulo Freire, influenciado por uma ideologia


socialista que define a educação como feita com e

2.3 Educação Especial

cação é a conscientização, onde cada parcela da

O modo como a deficiência é encarada social-

para o povo, defendia que o objetivo maior da edupopulação deveria entender sua situação e agir em favor da própria libertação.

Freire atribui para o professor o papel direti-

vo informativo, onde ele deveria levar conteúdos aos

alunos mas não como se fossem verdades absolutas. Em sala de aula, aluno e professor aprendem

um com o outro, a valorização da cultura do aluno

mente está relacionado ao processo histórico de cada período e é reflexo do contexto de cada momento. Esse é um processo evolutivo, tanto social quanto legislativo, que buscou no decorrer da história compreender e melhorar cada vez mais a qualidade de vida das pessoas com deficiência.

Em Roma e na Grécia antiga, haviam leis que

também é importante. Segundo ele, ninguém educa

eram direcionadas aos direitos de um recém-nasci-

educam entre si. O diálogo é fundamental.

quando poderiam ser negados. As crianças que nas-

ninguém e ninguém educa a si mesmo, pois todos se Desenvolveu um método de alfabetização

cujo cunho era menos alfabetizar e mais reciclar cul-

turalmente a população que havia ficado para trás durante o processo de desenvolvimento. Em sua pe-

dagogia, o pensamento-linguagem é feito com base

na realidade de cada um, com a elaboração de palavras chaves, transformando a educação na reflexão sobre a realidade.

do, que diziam quando deveriam ser garantidos ou ciam com alguma deficiência aparente, mutiladas ou

consideradas “monstruosas”, poderiam ser mortas ou abandonadas em um local distante. Em caso de

morte, era necessário que os pais mostrassem antes a criança a pelo menos cinco vizinhos para a confirmação do “diagnóstico”.

Na Idade Média, esta prática ainda existia,

mas foi sendo substituída pelo isolamento e o asilamento, que se tornou o mais comum da época, e funcionava da seguinte maneira: as pessoas que pos-

suíam algum tipo de deficiência ou eram retiradas do 2. Educação | 25


convívio ou eram mantidas em instituições de trata-

essa decisão desfazia a relação da deficiência com

Na Idade Moderna, devido a um maior foco

versão a deficiência foi classificada em três níveis:

mento ou acolhimento.

nas ciências naturais e um desenvolvimento tecnológico, as pessoas com deficiência passaram a ser compreendidas e a receber tratamento conforme os

preceitos da época. Surgem as primeiras instituições especializadas para cegos e surdos e inicia-se um

processo de integração, que é diferente do que co-

nhecemos hoje como inclusão e irá ser explicado no decorrer do capítulo.

A inclusão tem início nos anos 70 do século

XX, mais precisamente em 1975, com a promulga-

a doença, que se tinha até então. Nessa primeira

impairment (deficiência), disability (incapacidade) e handicap (desvantagem), considerando a atuação no nível orgânico, pessoal e social, respectivamente.

O primeiro nível se referia a toda alteração do corpo

ou aparência, o segundo era relativo às consequências das deficiências em questões de desempenho,

e o terceiro e último se referia ao prejuízo que cada indivíduo experimentava devido suas incapacidades e como isso refletia em sua interação com o meio.

Em 1999, a Convenção Interamericana, na

ção da Declaração dos Direitos das Pessoas Defi-

Guatemala, surge com o objetivo de prevenir e eli-

soa deficiente foi definido para qualquer pessoa que

plena integração à sociedade. Nela, foi abolido o

cientes na Assembléia da ONU. Nela, o termo pesem suas capacidades físicas ou mentais estivesse

impossibilitada de cumprir sem nenhuma ajuda as exigências de uma vida individual.

Após a Declaração, em 1976, a Organização

Mundial de Saúde (OMS) adotou a resolução WHA 29.35, até então experimental, que buscava classi-

ficar as deficiências não mais como parte da Clas-

sificação Internacional de Doenças (CID), ou seja, 26 | 2. Educação

minar todas as formas de discriminação e propiciar conceito de integração e ressaltado o valor da inclusão. A integração se fundamenta no conceito de incapacidade, ela foca nas limitações geradas pela de-

ficiência, onde o deficiente tem que se tornar apto a conviver na sociedade já consolidada para pessoas

sem deficiência. Já na inclusão, a diversidade passa

a ser vista como valor, a sociedade se modifica e a pessoa com deficiência também, para que exista


uma equiparação de oportunidade. Não é uma busca de igualdade, e sim de equidade.

Em 2001 foi concebida uma nova resolução,

a WHA 54.21, com grandes avanços, onde o conceito de inclusão não era voltado apenas para as pessoas, mas também para os ambientes, podendo ser utilizada como parâmetro para avaliar a qualidade de vida da pessoa com deficiência.

Segundo a OMS, em 2004 cerca de 15,3%

da população mundial possuía “deficiências graves

ou moderadas”. A mudança progressiva na maneira com que a deficiência é vista gera a criação de

leis que refletem, ou deveriam refletir, a mudança da sociedade.

Ainda em 2004, é publicado no Brasil o De-

creto nº 5.296 que, além de definir os conceitos de

cada deficiência, regulamentou a Lei nº 10.048, de 8

de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas especificadas nela - deficientes,

idoso com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes, pessoas com crianças de colo e obesos, e também a Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios

básicos para a acessibilidade de pessoas portadores

de deficiência ou com mobilidade reduzida. Segundo o Decreto: I - Pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003 - pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas - a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentandose sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; 2. Educação | 27


c) deficiência visual: cegueira, na qual a acui-

II - pessoa com mobilidade reduzida, aque-

dade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor

la que, não se enquadrando no conceito de pessoa

que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no me-

dificuldade de movimentar-se, permanente ou tem-

olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, lhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual

em ambos os olhos for igual ou menor que 60 ; ou a

portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, porariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

o

ocorrência simultânea de quaisquer das condições

Outro Decreto importante é o de nº 6.949, de

anteriores;

25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção

telectual significativamente inferior à média, com

ficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em

d) deficiência mental: funcionamento in-

manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

1. comunicação;

2. cuidado pessoal;

3. habilidades sociais;

4. utilização dos recursos da comunidade;

Internacional sobre os Direitos das Pessoas com DeNova York, em 30 de março de 2007. Segundo o Artigo 3 da Convenção, seus princípios gerais são:

a) O respeito pela dignidade inerente, a au-

tonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas; b) A não-discriminação;

c) A plena e efetiva participação e inclusão na

5. saúde e segurança;

sociedade;

7. lazer; e

das pessoas com deficiência como parte da diversi-

6. habilidades acadêmicas; 8. trabalho;

e) deficiência múltipla - associação de duas

ou mais deficiências; e 28 | 2. Educação

d) O respeito pela diferença e pela aceitação

dade humana e da humanidade;

e) A igualdade de oportunidades; f) A acessibilidade;


g) A igualdade entre o homem e a mulher;

h) O respeito pelo desenvolvimento das ca-

pacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.

É importante salientar que, como visto no

Decreto, dentro de cada tipo de deficiência existem

enormes variáveis e subgrupos. Homogeneizar a deficiência, como se deficiência visual, por exemplo,

fosse apenas a cegueira total, dificulta a extinção de barreiras e a acessibilidade a todos.

Esse assunto precisa ser prioridade da socie-

dade e do Estado, ainda há muito a ser feito para

meios. A seguir serão listados alguns exemplos. - Normas Brasileiras (Associação Brasilei-

ra de Normas Técnicas - ABNT) NBR

16537/

2016

-

Acessibilida-

de - Sinalização tátil no piso - Diretrizes para

elaboração

de

projetos

e

instalação

NBR 9050/ 2015 - Acessibilidade a edifica-

ções, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos

NBR NM 313/ 2008 - Elevadores de passagei-

garantir a plena utilização das cidades por aqueles

ros - Requisitos de segurança para construção e ins-

cussão a respeito da inclusão social, em conjunto

de das pessoas, incluindo pessoas com deficiência

que têm deficiência, o que torna fundamental a discom uma arquitetura e design inclusivos.

2.4 Normas, referenciais e diretrizes relacionados à acessibilidade

talação - Requisitos particulares para a acessibilida-

NBR 15599/ 2008 - Acessibilidade - Comuni-

cação na Prestação de Serviços.

Além das leis, existem algumas medidas

que as incrementam e contribuem para um pro-

cesso de inclusão e acessibilidade em diversos 2. Educação | 29


- Referenciais e Diretrizes

Após algumas pesquisas, alguns materiais se

destacaram de acordo com a finalidade do trabalho: 2009: Manual de Acessibilidade Espacial

para Escolas: O direito à escola acessível

2007: Atendimento Educacional Especializa-

do - Deficiência Física

2007: Atendimento Educacional Especializa-

do - Deficiência Visual

2007: Atendimento Educacional Especializa-

do - Deficiência Mental

2007: Atendimento Educacional Especializa-

do - Pessoas com Surdez

2001: Diretrizes Nacionais para a Educação

Especial na Educação Básica

2001: Plano Nacional de Educação - Capítu-

lo 8: Educação Especial 30 | 2. Educação

2000: Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil - Estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais


“Há escolas que são gaiolas. há escolas que são asas” Rubem Alves

3. Arquitetura Escolar



Os início da arquitetura escolar no Brasil se

que modelavam o edifício, os novos projetos pos-

catequizar os índios e assim ganhar trabalhadores

eram menos simétricos e a planta em cruz já não

deu com a chegada dos Jesuítas com o intuito de para a Coroa Portuguesa.

Com a chegada da República, a ausência de

prédios escolares somada à valorização da educação que passava a ser vista como sinal de progresso,

criou a necessidade de o ensino ser reorganizado e

um projeto-tipo ser feito para diversas construções, para que fossem erguidas de modo rápido e barato,

suíam uma preocupação com o conforto ambiental,

existia mais. Surge a preocupação da setorização de

ambientes por pavimentos, de acordo com suas funções e necessidades específicas. Nas salas de aula o mobiliário se tornou mais livre, sendo possível mudar o layout de cada sala de acordo com a atividade a ser realizada.

possuindo modificações apenas nas fachadas Surge então, primeiramente em São Paulo, a Escola Mode-

lo da Luz, que possuía a divisão por classes e ambientes demarcados.

A escola foi destaque para a época, com

entradas independentes para meninos e meninas,

apresentava características arquitetônicas do perío-

Fig.1: Planta térreo do Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo. 1. Sala de Aula; 2. Circulação; 3. Administração. 4. Sanitários

do, como grandes escadarias, distribuição marcada em corredores, porões e simetria.

Nos anos 30, surge o direito da Escola Nova,

que defendia a educação de forma gratuita para todos. Nesta época, com seu grande crescimento de-

mográfico, a carência de espaços escolares amplos e adequados era grande. Com corredores longos

Fig. 2: Fachada Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo

3. Arquitetura escolar | 33


Nos anos 50, com a repercussão dos ideais

de Anísio Teixeira, houve uma reformulação na organização espacial das escolas, que agora teriam

explícitas características da arquitetura moderna. As

escolas desse período eram racionais e apresentavam novas concepções espaciais para fornecer aos

alunos uma formação completa, mas ainda assim deveriam ser baratas. Para isso criou-se um Centro

Educacional onde os alunos eram rotativos e se divi-

diam entre o que era chamado de escola-parque que possuía atividades ligadas a educação física e artes, e a escola-classe onde tinham as aulas teóricas, ou

seja, era um ensino integral que não limitava o aluno a sala de aula e fornecia contato com a natureza.

Fig. 4: Escola-parque - Centro Educacional Carneiro Ribeiro

Já nos anos 60, os prédios escolares apre-

sentavam qualidades espaciais mais imponentes e presença marcante de brises, os blocos de sala de

aula, administrativo, lazer e etc, eram implantados a

fim de gerar fluidez e espaços livres. Tem início também a preocupação com vagas de estacionamento.

Edifícios como a Escola de Guarulhos, de

Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, acabam tendo

grande destaque pela forma pouco comum. Como a distribuição de setores em blocos fragmentados no terreno que juntos se integram. Fig. 3: Escolas classe - Centro Educacional Carneiro Ribeiro

34 | 3. Aquitetura escolar


suprir a falta de escolas. Semelhantes aos Centros

Educacionais de 1950, a escola mantinha suas por-

tas abertas aos finais de semana para toda a população e defendia a educação integral, na tentativa de oferecer um ensino público com qualidade.

O responsável pela criação de um projeto-pa-

drão a ser implementado foi Oscar Niemeyer, que juntamente com outros arquitetos criou um projeto no qual a concretagem era feita in-loco.

Apesar das diferentes localizações, os CIEPs

Fig. 5: Implantação esquemática da Escola de Guarulhos.

tinham algumas características comuns em suas composições, como por exemplo a organização fun-

cional através de blocos que se articulam, a ausência de escadas, configuração linear, descrição das

cores com predominância do concreto e cor só no prédio principal, estrutura bem marcada e modelada,

hierarquia do prédio principal comparado aos seus Fig. 6: Corte Esquemático da Escola de Guarulhos

adjacentes.

Nos anos 70 e 80, havia uma preocupação

maior com a produção mais rápida e econômica. São criados no Rio de Janeiro os Centros Integrados de

Educação Pública - CIEPs, localizados em bairros

periféricos na tentativa de reverter a desigualdade e

Fig. 7: Planta nível térreo CIEP Tancredo Neves

3. Arquitetura escolar | 35


Fig. 8: Facha CIEP Tancredo Neves

Fig. 9: FDE - Escola Várzea Paulista

Na década de 80 e 90 foi criado a Companhia

de Construções Escolares de São Paulo - CONESP. Segundo a Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE, preferiu-se convidar escritórios de

arquitetura para a elaboração dos projetos. Decor-

rente da demanda, ao invés de padronizar o edifício decidiu-se padronizar os componentes, porque

acreditava-se que isso agilizaria o gerenciamento do

processo. A definição quanto a mão de obra e materiais, porém, deveria ser sempre em relação ao local de implantação do projeto.

Fig. 10: FDE Campinas - Escola Estadual Parque São Bento

36 | 3. Aquitetura escolar


A partir dos anos 2000, foram construídos

em São Paulo os Centro Educacionais Unificados

- CEUs, com uma tipologia que se assemelha aos CIEPs e com ausência de um padrão rígido de orga-

nização. Os volumes são organizados por meio de figuras geométricas básicas e soluções que fornecem espaço às áreas de lazer e promovendo encontros da comunidade aos finais de semana.

Algumas características principais deste pro-

jeto são: cobertura metálica, modulação e utilização

de pré-moldados, e utilização de cores para separação de ambientes de ensino das diferentes faixas

etárias, pois não existe separação física para que exista uma integração e convivências entre crianças

Fig. 11: CEU Vila do Sol

Observando a evolução dos estilos dos edi-

de diferentes idades.

fícios escolares de acordo com cada época, con-

escola pública, de grande porte e sem muros, com

mudanças maiores nas características externas e

Com características pouco comuns para uma

o entorno integrando à escola e melhorando o local

de implantação, são marcados em parte por uma monumentalidade, remetendo aos prédios das primeiras décadas da República.

cluo que muito se mantém deles até os dias atuais, nas disposições de usos e fluxos. Com o decorrer

do tempo, nota-se uma maior importância dada aos espaços livres, mas pouco se fala também sobre o contato com a natureza e a presença dela no modo de organização das escolas até hoje

3. Arquitetura escolar | 37



“Acredito que as coisas podem ser feitas de maneira diferente e que vale a pena tentar” Zaha Hadid

4. Referências



As referências mostradas a seguir podem

ser subdivididas em: Referências específicas para a adaptação e acessibilidades e Referências projetuais de escolas em geral. Nas referências específicas

O Instituto é localizado no Ipiranga, em São Paulo, e foi fundado em 1928. É uma Instituição particular que vive de doações e não cobra mensalidade de seus alunos.

Inicialmente, o instituto só atendia crianças

buscou-se visitar lugares que são especializados

cegas, mas a partir de 2004, devido às leis de inclu-

var o que cada um possui enquanto espaço físico

porém, este grupo a parentes dos alunos com defi-

em uma determinada deficiência, a fim de obserou até mesmo material pedagógico que vá além do que a norma estabelece. Nas referências projetuais são destacados alguns projetos escolares que

promovem uma qualidade ambiental para todas as

são, passou a aceitar alunos videntes, restringindo,

ciência ou filhos de funcionários. Conta hoje com 13

salas e 129 alunos, além de três auxiliares que se revezam para ajudar nas aulas.

crianças, não sendo voltados necessariamentes à acessibilidade.

4.1 Instituto para Cegos Padre Chico

Fig. 13: Exemplos de materiais didáticos utilizados

Obviamente, sua estrutura espacial contém

os recursos necessários para as crianças com defici-

ência visual se locomoverem, porém algumas coisas

além disso chamam a atenção. A primeira delas é Fig. 12: Entrada Instituto Padre Chico

que além das aulas regulares e algumas atividades

4. Referências | 41


extras convencionais, o instituto possui dois cursos

para as crianças com cegueira ou baixa visão: Atividades da vida autônoma, onde aprendem atividades

cotidianas em um cômodo que simula uma cozinha

e quartos, e Orientação e Mobilidade, onde ensinam como se locomover na cidade utilizando a bengala.

A segunda coisa é a existência de uma fon-

te de água em uma extremidade do pátio central e um viveiro de pássaros na outra. Como a extensão

do colégio é grande, esses dois elementos funcionam como recursos sonoros, sendo uma boa forma

Fig. 14: Fonte localizada no Instituto Padre Chico

de ajudar na localização das crianças no espaço,

além de promoverem uma qualidade ambiental para alunos e funcionários. O terceiro aspecto a des-

tacar é mais voltado para o âmbito pedagógico: os professores do instituto, além de fazerem as adaptações de livros didáticos, de acordo com a neces-

sidade específica de cada aluno, fazem também

adaptações em formas de maquetes, de gráficos em alto relevo, ou até mesmo de jogos educativos.

42 | 4. Referências

Fig. 15: Escadaria com sinalização | Aula de informática


4.2 Fundação Dorina Nowill

mobilidade, inserção no mercado de trabalho e reabilitação.

Durante a visita à Fundação, é feito um cami-

nho que mostra como é feito todo o processo para

a produção dos materiais citados. Além da estrutura básica para guiar um deficiente visual, é interessante apontar que os ambientes expositivos possuem

esculturas e objetos disponíveis ao toque, e, quando há necessidade, é feito uma audiodescrição do ambiente pelo próprio guia. Fig. 16: Fachada Fundação Dorina Nowill

Localizada na Vila Clementino, em São Pau-

lo, fundada em 1946, sendo a sede atual construída

em 1952. A Fundação nasceu a partir da dificuldade

de encontrar títulos de livros em braille, com a missão inicial de começar uma produção de livros para atender à população com deficiência visual.

Atualmente, além dos livros em braille, tam-

bém atuam na produção de livros falados e livros digitais, além de possuir programas de atendimento

especializado tanto para o deficiente visual quanto para sua família, relacionados à vida cotidiana,

Fig. 17: Estrutura da Fundação Dorina Nowill

4. Referências | 43


4.3 Skyplay - North Perth School of Early Learning

oportunidade de brincar no “céu” como se fosse no nível do solo.

Apesar de não ser inserido diretamente na

natureza, a preocupação de criar uma conexão com ela é constante em todos os cantos do projeto, os espaços internos são diretamente ligados às áreas de recreação, o que reduz o deslocamento e facilita a supervisão.

Fig. 18: Skyplay - North Perth School of Learning

Idealizado pelos escritórios Tom Godden

Architects e Matthew Crawford Architects, no ano de

2018, na Austrália, o projeto possui 1.550m² e tem capacidade para 114 crianças.

O conceito utilizado pelos arquitetos de

Skyplay tem como princípio oferecer um edifício sofisticado para crianças, onde elas podem ter a 44 | 4. Referências

Fig. 19: Skyplay - North Perth School of Learning | Área externa


Fig. 20: Skyplay - North Perth School of Learning | Área externa

Na ausência da natureza, ela é trazida para

faixas etárias a interagirem e aprenderem umas com

caixas de areias, criando espaços interativos e que

Os materiais utilizados: concreto, aço, vidro e

dentro do edifício, com árvores integradas a ele e podem ser utilizados de diferentes maneiras.

Planos envidraçados e mezaninos no interior

do edifício, além de possibilitarem a entrada de luz

as outras.

madeira, substituem as comuns paredes coloridas,

trazendo cores através dos mobiliários e brinquedos.

natural, permitem a integração visual dos diferen-

tes espaços, estimulando as crianças de diferentes 4. Referências | 45


4.4 Creche HN

proporcionam às crianças diversas sensações que

brinquedos não trazem, como o cheiro de flores, de terra, grama, e suas texturas, que elas podem usufruir quando quiserem.

A cobertura de vidro traz luz natural e vista

para as nuvens. A colina existente é de livre uso das

crianças, que podem deslizar, cavar, deitar e etc. Ou seja, as crianças possuem um aprendizado regular somado a uma grande variedade de possibilidades

de estímulos, diferentes dos brinquedos de plástico comuns. Fig. 21: Cheche HN | Sala de aula

Diferente da referência anterior, projetada

pelo escritório HIBINOSEKKEI + Youji no Shiro, no Japão, em 2017, essa é uma creche para quem de-

seja que seus filhos sejam educados em um entorno natural.

O projeto é feito a partir da natureza ao re-

dor, para que as crianças tenham contato com ela durante o dia, para brincar e desenvolver sua criatividade. Diferente das creches comuns, tem salas de planta livre e grandes aberturas para o exterior que 46 | 4. Referências

Fig. 22: Creche HN | Refeitório


Fig. 23: Creche HN | Área externa

No projeto desenvolvido neste trabalho, exis-

da idade, incorporando elementos da natureza tanto

(aproveitamento de espaço, iluminação natural, co-

boa utilização daquele já existente, tornando o exte-

tem alguns setores onde a qualidade do espaço

res) é quase inexistente, porém também existem espaços ao ar livre mal utilizados e mal aproveitados.

Os projetos citados, apesar de não destacarem a

em ambientes tido como fechados, como fazer uma rior parte principal e não coadjuvante como é observado em muitos projetos escolares.

questão da acessibilidade, são referências em como é possível instigar as crianças e estimulá-las, deixá -las livres para explorar o ambiente, independente

4. Referências | 47



“É preciso deixar o espaço suficientemente pensado para estimular a curiosidade e a imaginação da criança,

mas incompleto o bastante para que ela se aproprie e transforme esse espaço através da sua ação” Mayumi Souza Lima

5. Projeto



O objetivo do projeto é promover reformas

seus desejos e percepções dos espaços, transfor-

em dois níveis projetuais de intervenção. O primei-

guem descobertas e experimentações, consequente-

e adaptações na escola já existente e consolidada,

ro nível visa promover a acessibilidade, tendo como

principal norte a NBR 9050/2015. Já o segundo nível de intervenção se desenvolve para proporcionar

qualidade ambiental à escola como um todo, buscando atuar além do que é estabelecido pelas leis e normas.

As crianças estão cada vez mais empare-

dadas e passam cada vez mais tempo em espaços

mando todos os ambientes em espaços que instimente produzindo conhecimento e desenvolvimento .

5.1.1 Diagnóstico O levantamento de diagnóstico foi separado

em: diagnóstico de entorno e diagnóstico de projeto, sendo este segundo desenvolvido em duas etapas.

O diagnóstico de entorno foi realizado para

fechados, faltando tempo e liberdade para interagir

compreender o contexto do bairro em que o terre-

natureza/espaços ao ar livre, muitos entendem como

a característica topográfica e o zoneamento, que é

com espaços livres e com natureza. Ao falarmos de sujeira, perigo e até mesmo doenças, porém esses

lugares representam liberdade, criatividade, solidariedade, autonomia, autoconfiança, entre outras coi-

sas que são estimuladas com a maior exposição a esses espaços.

A publicação “Desemparedamento da infân-

cia - a escola como lugar de encontro com a nature-

za” ressalta que é preciso levar os espaços escolares para além das salas de aula e potencializar um uso pelos estudantes que exceda as funcionalidades

tradicionais. Devemos ouvir as crianças e incorporar

no está inserido, seus usos, a oferta de transporte, o que a lei impulsiona para o local. No diagnóstico

de projeto, a primeira etapa foi a realização de uma conversa com um dos donos, somada à aplicação de

um questionário existente no Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas: O direito à escola aces-

sível, que foi desenvolvido em 2009 pelo Ministério

da Educação por meio da Secretaria de Educação

Especial em parceria com a Universidade Federal de

Santa Catarina. A segunda etapa foi o levantamento do que é inadequado no espaço atual da escola, com base nos textos lidos e nas visitas feitas.

5. Projeto | 51


Fig. 24: Mapa de localização

5.1.1 Diagnóstico de entorno

localizado no Município de São Paulo, na Zona Sul,

Entre grandes Avenidas e entre a Represa

Socorro.

do Guarapiranga e o Rio Pinheiros, o terreno está 52 | 5. Projeto

mais precisamente na Subprefeitura Capela do


Fig. 25: Mapa de equipamentos 1

5. Projeto | 53


Fig. 26: Mapa de equipamentos 2

Ao analisar o entorno em um raio de 2km,

considerando os equipamentos existentes, podemos

observar que é uma região razoavelmente dotada de 54 | 5. Projeto

infraestrutura, contendo pelo menos um item básico tanto na área da saúde, segurança e educação, quanto na área de lazer.


Fig. 27: Mapa de transporte

Com relação ao transporte público, existe

Não tão longe do terreno, porém já fora do

uma grande oferta nas avenidas principais, tendo

raio de 2km, estão localizadas as estações Socorro

cicloviária, e no interior do bairro passam 3 linhas de

grande oferta de linhas internas que servem o bairro.

dois corredores, duas faixas exclusivas, uma rede ônibus que saem do Terminal Santo Amaro.

e Jurubatuba da CPTM. isso tudo somados a uma

5. Projeto | 55


Fig. 28: Mapa de topografia

No mapa de topografia, as curvas estão mar-

localizadas algumas favelas. Além disso, o terreno

ber que existe uma grande inclinação no lado direi-

cuperação Ambiental definida pelo PDE, que é um

cadas de cinco em cinco metros. Podemos perce-

to, que vai suavizando na direção do terreno, fato que ocorre por ser uma área direta de escoamento

Pedras/Guarapiranga. Nessa área também estão 56 | 5. Projeto

está localizado na Macrozona de Proteção e Re-

território ambientalmente frágil devido às suas características geológicas e geotécnicas, demandando cuidados


Fig. 29: Mapa de uso segundo cadastro fiscal

O mapa simula o uso de solo real pois se-

gue o Cadastramento Fiscal, analisando a predominância de uso de cada quadra e eventualmente seu gabarito.

5. Projeto | 57


Fig. 30: Mapa de zoneamento

Já no segundo mapa é mostrado o Zonea-

com densidades baixas e médias. a Zona

mento segundo a Lei de Nº 16.40, de 22 de março de

Mista Ambiental não é nada mais do que as mistas,

localizado em uma área de Zona Mista Ambiental. As

cuperação Ambiental como já foi afirmado na descri-

2016, onde podemos identificar que o terreno está Zonas Mistas pretendem promover usos residenciais e não residenciais com predominância residencial, 58 | 5. Projeto

porém localizadas na Macrozona de Proteção e Reção do mapa de topografia.


Fig. 31: Diagrama de gabarito e uso

5. Projeto | 59


5.1.2 Diagnóstico de projeto

e serão levadas em conta, sempre que possível e

5.1.2.1 Primeira etapa

qualidade).

coerentes com os níveis de projeto (acessibilidade/

A primeira etapa desse diagnóstico foi

observar e com isso aplicar o questionário já referido. Através das respostas, observou-se a ausência de elementos fundamentais para a acessibilidade de

crianças e funcionários. Apesar das ausências iden-

tificadas, foi possível perceber que há uma margem que permite corrigir o que já existe.

Após a aplicação do questionário, foi possível

realizar uma conversa com um dos donos, que inclu-

sive é cadeirante e engenheiro. Durante a conversa, ele observou questões importantes, como o fato de algumas adaptações para sua locomoção na escola

já terem sido realizadas e objetivamente funciona-

Fig. 32: Situação atual 1

mas de acessibilidade. No entanto, existem alguns

Observações:

rem, apesar de não estarem de acordo com as norambientes da escola que este proprietário nunca conheceu, já que o acesso se dá apenas por escadas.

A escola já tem em seu planejamento futuro algumas reformas para melhorar a acessibilidade e integrar

ambientes, que foram reveladas nessa conversa 60 | 5. Projeto

- Ausência de piso tátil - Existência de um espaço permeável inutilizado. - Acesso restrito ao parquinho. - Acesso limitado à arquibancada no canto esquerdo da primeira foto.


Observações:

- Ausência de local para cadeirante junto ao

banco na primeira foto.

- Acesso ao corredor apenas por escadas.

- Ausência de balcão para cadeirante na

recepção.

- Ausência de espaço de espera para cadei-

rante na recepção.

- Falta de sinalização tátil.

Fig. 33: Situação atual 2

Observações: - Acesso ao parquinho se dá somente por escada - Parquinho sem brinquedos acessíveis - Grande área sem utilização - Ausência de sinalização tátil - Bebedouro na altura de crianças porém ineficiente para cadeirante - Ausência de luz natural no ambiente para educação infantil, primeira foto

Fig. 34: Situação atual 3

5. Projeto | 61


Observações: - Rampa fora da norma, sem corrimão. - Degrau para acesso a quadra. - Espaço de biblioteca com corredores pequenos. - Ausência de computadores para deficientes visuais. - Ausência de lugar para ver a quadra - Ausência de sinalização tátil

Fig. 35: Situação atual 4

Observações: - As mesas não possuem impedimento embaixo para cadeirantes. - Altura da bancada para retirar o almoço está de acordo com o cadeirante (fundo segunda foto), porém a parte principal não. - Ausência de sinalização tátil. - Pouca iluminação natural.

Fig. 36: Situação atual 5

62 | 5. Projeto


Observações: - Na foto inferior da direita aparece a existência de apenas uma escada como meio de acesso para o prédio. - Falta de qualidade do ambiente - Elementos improvisados sendo feitos de bancos. - Ausência de sinalização tátil. - Acesso ao palco apenas por escadas - Falta de iluminação natural. - Materiais e cores utilizados que não são estimulantes. - Mobiliário pouco explorado e em pouca Fig. 37: Situação atual 6

quantidade.

5. Projeto | 63


5.1.2.2 Segunda etapa Essa etapa de diagnóstico consiste na análi-

se, através dos desenhos, fotos e visitas, dos principais pontos precários de acessibilidade e qualidade que permitem frentes de projeto.

A distribuição dos usos da escola não são

concentradas, com salas administrativas no decorrer do edifício.

Como mostrado nos diagramas a seguir, a

circulação é feita em sua maioria por escadas, pos-

suindo algumas rampas que só dão acesso ao piso inferior e não atendem as salas de aula.

Fig. 38: Diagrama de uso atual

64 | 5. Projeto


Fig. 39: Diagrama de lajes

5. Projeto | 65


Fig. 40: Diagrama de pontos mais precรกrios de acessibilidade

66 | 5. Projeto

Fig. 41: Diagrama de espaรงos precรกrios de qualidade


5.2 Propostas O partido do projeto se concentra em liberar o

máximo do térreo do edifício, a fim de deixá-lo o mais livre possível, e proporcionar um maior contato com

a natureza, distribuindo os fluxos existentes transfor-

mando a entrada em um passeio através da criação

de rampas acessíveis, e que seu entorno seja um espaço para que as crianças se apropriem.

No início do projeto as interveções pensadas

eram mais pontuais e no decorrer do desenvolvimento o partido foi se modificando.

Fig. 42: Croquis iniciais

Fig. 43: Croquis iniciais

5. Projeto | 67


O diagrama a seguir mostra em laranja

as áreas que sofreram alguma modificação e/ou

remoção no projeto e em verde mostra as intervenções adicionadas ao já existente.

A proposta apresenta diferentes niveis de in-

tervenção, sendo eles: reforma completa do ambiente alterando o uso atual, reforma onde o o existente

é aproveitado e o uso é mantido, e pequenas adaptações ao já existente.

As maiores intervenções se concentram no

térreo e piso inferior porque foi onde verificou-se maior necessidade de atuação. Nos demais andares

as intervenções são mais pontuais e se dão mais nas áreas comuns pois as salas de aula as mudanças necessárias se dão no nível de mobiliário e layout.

Fig. 44: Croquis rampa

68 | 5. Projeto


Fig. 45: Diagrama de remoção e construção

5. Projeto | 69


75

31

3.

C

15

17 2. 75

49

4.

75

54

3.

75

4.

51

2.

80

4.

75

JA CO B I

ICH EL LO

RR

BA

59

6.

75

RUA

33

8.

IRO

HEL MIC

DOM VAL

75

51

U

R A

AL N GTO HIN

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INÁCIO

WAS

RUA

75

RUA

RUA

77 7. 75

20 75

75

64 4. 75

38 0. 75

PE R EI

8 9 9. 74

26 2. 75

44

O

KUHLMANN

40 2. 75

84

2.

75

08

2.

25 3. 75

25

7. 75

DR

15

75

3. 75

34 15 60 2. 75

NO

ÔNIO ANT 3. 75

RUA 3. 75

R. GALIZA

RUA

LANCIAN O

0. 75

71 75

4. P

83 9. 74

51 9. 74

Fig. 46: Implantação

5.

JOÃO

51

E. . E. OF PR SÉ LDO JO RA E G

750.04

28 9.

91

Esc.: 1:2000

25 2. 75

2. 75

BR ÁS

A LB AN BA AH T

9. 74

Implantação

0.

PE RUA

5

Q UE IR O Z 41

LANCIANO RUA

75

9. 74

88 9. 74

3.

26 75 13

RUA

62 1.

MARIANO ANTÔNIO 75

A

M

75

LI

E

D

FA BIB N LI TO O T - J EC U A VE N IL

75 P

MARIA 74

ANT

ÔNIO

GALIZA

IN

0. 37

.

DR

W A R A

E

D


C

D

E

15

-2,95

-1,45

0,0

B

B

2

3

4

5

5

6

11

1

13

14

17

7

8

8

9 16

-1,45 12

10

10

10

-2,95

10

12

14

13

A

18 18

Legenda:

PLANTA TÉRREO

ESCALA 1:200

N

1 - Secretaria 2 - Sala de Apoio 3 - Arquivo Morto 4 - Sala Secretaria 5 - WC 6 - Cozinha Experimental 7 - Brinquedoteca 8 - Banheiro Ed. Infantil 9 - Sala de Leitura

10 - Sala de aula infantil 11 - Sala multiuso 12 - Sala de aula 13 - WC Feminino 14 - WC Masculino 15 - Sala Ed. Física 16 - Copa 17 - Cantina 18 - Vestiários

C

D

E

A



C

D

E

B

B

-0,15 12

25

5

12

26

12 27 19

1,45

1,45 12

24 28

20

A

Legenda:

PLANTA

1º PAVIMENTO

ESCALA 1:200

N

5 - WC 12 - Sala de aula 19 - Sala dos professores 20 - Enfermaria 21 - Sala coordenação 22 - Sala diretoria 23 - RH 24 - Depósito 25 - Sala coordenação

26 - Caixa d'água 27 - Sala psicóloga 28 - Informática

5

21

22

23

12

-0,15

A

C

D

E



C

D

E

B

B

2,95

12

12

12

5

12 12

4,25 12

2,95

12

29

A

A

C PLANTA

2ยบ PAVIMENTO

ESCALA 1:200

N

Legenda: 5 - WC 12 - Sala de aula 29 - Laboratรณrio

D

E
















“.. Que as dificuldades que eu experimentar ao longo da jornada não me roubem a capacidade de encanto.

A coragem de me aproximar, um pouquinho mais a cada dia, da realização de cada sonho que me move. A ideia de que minha vida possa somar no mundo, de alguma forma..”

Ana Jácomo

6. Considerações Finais


Sempre soube que gostaria de fazer meu tra-

balho de conclusão de curso voltado para espaços

de aprendizagem. A idéia de pegar um terreno livre da cidade e fazer um projeto do zero nunca me cha-

pra mim, se transformou então em algo além de nor-

mas e acessibilidade, se tornou algo prazeroso de ser feito.

Hoje, finalizo o trabalho com a vontade de

mou atenção, afinal, se essa fosse a solução então

expandir cada vez mais esse âmbito da arquitetura,

isso fazer um projeto de reforma sempre foi algo que

mos contribuir para uma educação melhor. Acredito

o que faríamos com as escolas já existentes? Por fazia mais sentido para mim.

Iniciei o trabalho com foco inicial em promo-

ver a acessibilidade através de intervenções pontuais, porém, com o decorrer do desenvolvimento

estudar mais sobre como nós como arquitetos podeque o modo como projetamos e pensamos nossas

escolas pode influenciar o modo de ensino atual, e que isso merece ser estudado.

do trabalho, leituras e discussões realizadas com o

orientador, vi que de nada adiantaria que todos con-

seguissem acessar a escola e circular por ela, se aquele não fosse um ambiente prazeroso, acolhedor

e que promovesse o bem estar das crianças, independente da faixa etária.

Passei então a estudar mais sobre a influ-

ência benéfica que os espaços livres tem no nosso aprendizado e que é quase inexistente na maioria

dos edifícios escolares atuais, e quis trazer um pouco dessa relação para o cotidiano das crianças já que muitas passam a maior parte dos seus dias na

escola. A partir daí o projeto fez ainda mais sentido Considerações finais | 91


7. Referências bibliográficas


dade

Ministério e

da

Inclusão.

Educação.

Programa

Secretaria

Escola

de

Acessível.

php?option=com_content&view=article&id=17428>.

Educação

Disponível

Continuada, em:

Alfabetização,

Diversi-

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Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Plano

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Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Prin-

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Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Referen-

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de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/ pdf/politicaeducespecial.pdf>

7. Referências bibliográficas | 93


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sumos. Disponível em: <http://inep.gov.br/web/guest/resultados-e-resumos>.

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infantil.

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L10048.htm>

Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/

L10098.htm>

94 | 7. Referências bibliográficas


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Ministério da Educação. SEESP / SEED / MEC. Atendimento Educacional Especializado - Deficiência

Física. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf>

Ministério da Educação. SEESP / SEED / MEC. Atendimento Educacional Especializado - Deficiência

Visual. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf>

Ministério da Educação. SEESP / SEED / MEC. Atendimento Educacional Especializado - Deficiência

Auditiva. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf>

Ministério da Educação. SEESP / SEED / MEC. Atendimento Educacional Especializado - Deficiência

Mental. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dm.pdf>

NBR 9050. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Disponível em:

<http://www.ufpb.br/cia/contents/manuais/abnt-nbr9050-edicao-2015.pdf>

7. Referências bibliográficas | 95


NBR NM 313. Elevadores de passageiros – Requisitos de segurança para construção e instalação –

Requisitos particulares para a acessibilidade das pessoas, incluindo pessoas com deficiência. Disponível em:

<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefielddescription%5D_23.pdf>

NBR 16537. Acessibilidade — Sinalização tátil no piso — Diretrizes para elaboração de projetos e insta-

lação. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_176.pdf>

Senado Federal. Comissão de Educação. Plano Nacional de Educação. Disponível em: <http://unesdoc.

unesco.org/images/0013/001324/132452porb.pdf>

SkyPlay: Escola de Aprendizagem Infantil em North Perth. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.

archdaily.com.br/br/905140/skyplay-escola-de-aprendizagem-infantil-em-north-perth-tom-godden-architects-and -matthew-crawford-architects> Creche

HN.

Fonte:

Archdaily.

creche-hn-hibinosekkei-plus-youji-no-shiro>

Disponível

em:

<https://www.archdaily.com.br/br/902413/

Instituto Alana. Desemparedamento da Infância. Fonte: Programa Criança e Natureza. Disponível em:

< https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Desemparedamento_infancia.pdf>

96 | 7. Referências bibliográficas


Lista de figuras:

Fig. 7: Planta nível térreo CIEP Tancredo Neves Fonte: Site Germinal e Trabalho

Fig.1: Planta térreo do Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo

Fig. 8: Facha CIEP Tancredo Neves

Fonte: Site Germinal - Educação e Trabalho

Fonte: Site Germinal e Trabalho

Fig. 2: Fachada Grupo Escolar Visconde Congo-

Fig. 9 : FDE - Escola Várzea Paulista

nhas do Campo

Fonte: Site Archdaily

Fonte: Site Germinal - Educação e Trabalho Fig. 10: FDE Campinas - Escola Estadual Parque Fig. 3: Escolas classe - Centro Educacional Carneiro Ribeiro

São Bento Fonte: Site Archdaily

Fonte: Site Germinal - Educação e Trabalhho Fig. 11: CEU Vila do Sol Fig. 4: Escola-parque - Centro Educacional Car-

Fonte: Site Germinal e Trabalho

neiro Ribeiro Fonte: Site Germinal e Trabalho

Fig. 12: Entrada Instituto Padre Chico Fonte: Página do facebook do Instituto

Fig. 5: Implantação esquemática da Escola de Guarulhos.

Fig. 13: Exemplos de materiais didáticos utilizados

Fonte: Site Germinal e Trabalho

Fonte: Autoral

Figg. 6: Corte esquemático da escola de guarulhos

Fig. 14: Fonte localizada no Instituto Padre Chico

Fonte: Site Germinal e Trabalho

Fonte: Página do facenook do Instituto 7. Referências bibliográficas | 97


Fig. 15: Escadaria com sinalização | Aula de informática

Fig. 22: Creche HN | Refeitório Fonte: Site Archdaily

Fonte: Autoral Fig. 23: Creche HN | Área externa Fig. 16: Fachada Fundação Dorina Nowill

Fonte: Site Archdaily

Fonte: Fig. 24: Mapa de localização Fig. 17: Estrutura da Fundação Dorina Nowill

Fonte: Google Maps

Fonte: Autoral Fig. 25: Mapa de equipamentos 1 Fig. 18: Skyplay - North Perth School of Learning

Fonte: Geosampa

Fonte: Site Archdaily Fig. 26: Mapa de equipamentos 2 Fig. 19: Skyplay - North Perth School of Learning

Fonte: Geosampa

| Área externa Fonte: Site Archdaily

Fig. 27: Mapa de transporte Fonte: Geosampa

Fig. 20: Skyplay - North Perth School of Learning | Área externa

Fig. 28: Mapa de topografia

Fonte: Site Archdaily

Fonte: Geosampa

Fig. 21: Cheche HN | Sala de aula

Fig. 29: Mapa de uso segundo cadastro fiscal

Fonte: Site Archdaily

Fonte: Geosampa

98 | 7. Referências bibliográficas


Fig. 30: Mapa de zoneamento

Fig. 38: Diagrama de uso atual

Fonte: Geosampa

Fonte: Autoral

Fig. 31: Diagrama de gabarito e uso

Fig. 39: Diagrama de lajes

Fonte: Autoral

Fonte: Autoral

Fig. 32: Situação atual 1

Fig. 40: Diagrama de pontos mais precários de

Fonte: Autoral

acessibilidade Fonte: Autoral

Fig. 33: Situação atual 2 Fonte: Autoral

Fig. 41: Diagrama de espaços precários de qualidade

Fig. 34: Situação atual 3

Fonte: Autoral

Fonte: Autoral Fig. 42: Croquis iniciais Fig. 35: Situação atual 4

Fonte: Autoral

Fonte: Autoral Fig. 43: Croquis iniciais Fig. 36: Situação atual 5

Fonte: Autoral

Fonte: Autoral Fig. 44: Croquis rampa Fig. 37: Situação atual 6

Fonte: Autoral

Fonte: Autoral

7. Referências bibliográficas | 99


Fig. 45: Diagrama de remoção e construção Fonte: Autoral Fig. 46: Implantação Fonte: Geosampa

100 | 7. Referências bibliográficas


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