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Tecnologia em prol da saúde

Sérgio P. A. reiS, diretor da EMED Arquitetura Hospitalar, fundada em 1989, fala sobre a importância da participação dos profissionais de arquitetura e engenharia em todas as etapas da criação de uma edificação na área da saúde, desde o projeto, passando pelo planejamento e gerenciamento da obra. Para ele, neste tipo de empreendimento não é indicado demolir para realizar uma expansão, por exemplo, pois as atividades nunca param. Neste sentido, o sistema estrutural em aço é perfeito: “A modulação proporcionada pelo aço é a palavra-chave na área hospitalar, seja em projetos novos ou de expansão, uma vez que possibilita rearranjos interessantes e novas concepções de layout, ainda que uma parte das instalações esteja em plena atividade e, claro, sem contar a longevidade da construção”.

AA – Como é pensar um projeto na área hospitalar?

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SR – É bem complexo. Não é como projetar um edifício corporativo convencional. O cliente desta área é leigo em relação ao tipo de trabalho que desenvolvemos, e por isso é imprescindível e necessário ter profissionais com know-how em gerenciamento de obras desta tipologia. Logo nos primeiros projetos do escritório, percebemos que as construções ficavam órfãs nesta etapa. Assim, além de projetar, passamos a acompanhar também a construção de todos os empreendimentos hospitalares. Posso dizer que, atualmente, por acompanharmos todas as etapas do processo acabamos nos envolvendo com as obras de uma forma muito natural.

AA – Como é a atuação da equipe para que as obras aconteçam de uma maneira natural?

SR – Além do projeto arquitetônico propriamente dito, temos um departamento de engenharia que cuida do desenvolvimento dos empreendimentos, administração da obra, bem como da captação dos recursos financeiros. E o mais interessante é que, com isso, o cliente acata a maioria das sugestões ou indicações, o que é muito bom porque temos a liberdade de indicar o sistema construtivo ou material mais apropriado. É um mercado que tem esta característica. Até porque estamos lidando com profissionais especializados em saúde, e que não entendem de projeto, tampouco de construção. Por isso, delegam à equipe de arquitetura toda a responsabilidade, do início ao fim, como citei em relação ao gerenciamento. É uma parceria de muita confiança.

AA – Por se tratar um local onde o fluxo de pessoas é intenso, nas edificações na área da saúde como deve ser tratada a questão dos materiais?

SR – Diferente das demais construções, um hospital funciona 24 horas por dia, 365 dias ao ano. O afluxo de público externo é intenso. E o público interno necessita de cuidados muito peculiares. Então, temos de ficar atentos aos detalhes de acabamento, por exemplo, pois estes fazem toda a diferença. Desde a escolha da manta vinílica com vedações específicas no piso, até as soluções para o sistema de ventilação, entre outros. Devemos, acima de tudo, compatibilizar em um único edifício as necessidades humanas e as evoluções tecnológicas da medicina. Sem contar que o edifício deverá ter uma vida útil longa e ainda ser flexível às adaptações.

AA – E por falar em materiais, de que maneira o sistema estrutural em aço contribui com as obras hospitalares?

SR – Atualmente, considero o uso de estruturas metálicas fundamental às obras hospitalares. O aço está presente em praticamente todas as situações. É indicado nos projetos novos, uma vez que o plano diretor prevê ampliações futuras, e, neste caso, nada substitui a eficiência e rapidez do sistema metálico. Na maioria das vezes, consideramos inviável o uso das estruturas convencionais devido ao desconforto proporcionado pelos resíduos causados no canteiro de obras. Frente a isto, sem dúvida, o aço é o material que mais nos atende de maneira positiva. A sugestão parte do escritório, que expõe, conceitua e apresenta as vantagens e desvantagens. tudo em aço com lajes em steel deck. Adotaremos, ainda, fechamento externo em painéis unitizados. A solução trará agilidade, rapidez e qualidade à obra, além de diminuição no número de empresas no canteiro. Nosso objetivo é levar ainda mais tecnologia a esta etapa executiva.

AA – O uso de sistema construtivo em aço na área da saúde tem conquistado adeptos?

SR – Precisamos ser realistas, pois, infelizmente, no Brasil ainda há muito que se explorar a respeito do uso do aço, cujos benefícios são inúmeros. Devido à falta de mão de obra qualificada, e também de informação e, em alguns casos, em função do custo, o sistema acaba não sendo tão aplicado. Mas, na área hospitalar, na medida do possível, vem sendo disseminado. Nessa tipologia, quanto mais se consegue montar os sistemas fora do canteiro, melhor será a qualidade da obra e menor o prazo de execução. Em minha opinião, a modulação proporcionada pelo aço é a palavra-chave, seja em projetos novos ou de expansão. O sistema possibilita diversas concepções de layout, ainda que uma parte das instalações esteja em plena atividade e, claro, sem contar a longevidade da construção.

AA – Esta obra pode ser considerada, então, uma das mais significativas quanto ao uso do sistema construtivo em aço?

SR – Sem dúvida. Esta obra traz uma quebra de paradigma para o escritório. A partir daí, as demais serão executadas com as mesmas soluções. Ao todo, são mais de 20 mil m2 de construção em que estão sendo adotadas todas as tecnologias de ponta, sobretudo as que envolvem sistemas metálicos em aço.

AA – Quais foram os principais avanços na arquitetura das unidades da Unimed desde a primeira obra em aço, em 1989?

SR – Eu acho que os avanços não estão muito vinculados à etapa de projeto, mas sim à profissionalização por parte do cliente. A empresa, hoje, entende a importância do planejamento. Compreende, por exemplo, a necessidade da compatibilização dos projetos, bem como o gerenciamento. Antigamente encontrávamos dificuldades em mostrar ao contratante a complexidade dos sistemas que envolviam cada fase da obra, e isto interferia até mesmo na hora de indicar os melhores sistemas. Atualmente não. Porém, apesar de atuarmos no Brasil todo, com a projeção de unidades em diferentes cidades, cada obra é uma obra distinta. Cada qual com sua administração. O trabalho é individualizado para cada cliente. O que serve para uma, não serve, necessariamente, para a outra. Cada rede hospitalar tem características e especificidades muito próprias, além disso são muitas as variáveis que envolvem um projeto, como localização, quantidade de hospitais naquela região e por aí vai. Mas as tecnologias de ponta chegam para acompanhar os aparatos tecnológicos usados como instrumentos de tratamento.

AA – Qual a preocupação da equipe a cada projeto recebido? Quantos estão em andamento?

AA – A maioria das unidades da Unimed que o escritório tem projetado recebeu estrutura em aço? Por quê?

SR – O projeto mais recente é o da Unimed de Ribeirão Preto, em São Paulo, cuja obra deve ter início ainda este ano. Saindo das fundações, pilares e vigas projetamos

SR – Identificar junto ao cliente a vocação do empreendimento. Digo que isto é o mais importante. Como citei, a cada obra de hospital, uma vocação diferente. Daí a equipe se fixa na programação do empreendimento e estuda todas as possibilidades. Uma vez formatado o programa, damos início ao projeto que atende às expectativas do contratante. A Unimed é apenas um dos segmentos atendidos; atualmente o escritório tem cerca de 30 projetos em andamento na área hospitalar. (N. F.) M

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