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Parte das montanhas
A ço estrutur A l possibilitou A impl A ntA ção do C entro de m edi C in A r egener AtivA d A u niversid A de d A C A lifórni A , em s ão f r A n C is C o , em terreno des A fi A dor a edificação, que tem cerca de 200 m de comprimento segue justamente as características da topografia local.
Focada na área de saúde e seguindo a filosofia de que os investimentos em pesquisa, educação e nos cuidados com os pacientes convergem em grandes avanços, a Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), apostou em um campo promissor e controverso de pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. A partir deste objetivo, a instituição abriu, em 2005, uma concorrência para a construção do Edifício de Medicina Regenerativa Ray e Dagmar Dolby (RMB), com 80 mil m2. O escritório vencedor, Rafael Viñoly Architects, enfrentou o desafio de inserir o projeto em um terreno estreito e acentuadamente inclinado no campus Parnassus, no sopé norte do Monte Sutro. De acordo com a equipe de arquitetura, uma das solicitações era a integração do novo edifício a outro preexistente, erguido nos anos 1960. Já implantação em lote íngreme ocorreu devido à falta de outros espaços disponíveis no campus da Universidade. Assim, com forma sinuosa e horizontal,
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Em vez de optar por uma estrutura vertical – comum para terrenos deste tipo e aplicada nos demais prédios do campus – o arquiteto convenceu a UCSF a estender a área para o oeste, criando um longo prédio horizontal, paralelo ao Centro Médico e que acompanha a inclinação da estrada. O partido resultou em uma série de vantagens, tais como maior interação entre os departamentos do novo edifício; unificação do campus, visto que se aproxima do prédio de Saúde Ambiental e Segurança, antes parcialmente isolado até a montanha; e oportunidade para a inserção de quatro terraços verdes com tratamento paisagístico.
A adaptação do edificío ao local foi possível graças à utilização da estrutura em aço, que também resultou em beleza e praticidade. Assim, o novo centro foi construído com o uso de treliças espaciais de aço de seção quadrada, apoiadas sobre blocos de fundação. Por se tratar
Acima, um dos destaques do edifício são os quatro terraços com tratamento paisagístico. Estas coberturas verdes proporcionam agradável vista de todo entorno. Abaixo, imagem do edifício na encosta. Com 200 m de comprimento, além de estruturas em aço, toda a edificação tem fechamento executado com chapas de aço corrugado
Acima, vista da edificação inclinada e sinuosa. Devido às características do terreno, foi implantada com o uso de treliças espaciais de seção quadrada. Abaixo, a principal circulação do edifício é feita por meio de rampas externas, escadas e calçadas estruturadas em aço, ao longo da fachada norte de uma região sujeita a abalos sísmicos, estes aparelhos de apoio contam com dispositivos capazes de absorver e suportar os impactos de um terremoto. Os arquitetos explicam, ainda, que esse tipo de solução permite uma movimentação lateral da estrutura de até 58 cm, de tal forma que a edificação como um todo não sofra danos. Além das estruturas, o aço se estendeu aos painéis de fechamento, executados na versão corrugada.
As soluções
A treliça espacial HSS (hollow structural section), que em português significa “tubos estruturais de aço”, forneceu um meio eficiente de acomodar o edifício na encosta. A equipe contou com a colaboração inicial do fabricante de aço e também responsável pela montagem das estruturas, o que permitiu que os detalhes de treliça fossem coordenados com sua fabricação e projeto de construção.
O Centro de Medicina Regenerativa é destinado aos laboratórios de 25 pesquisadores principais, que se focam no campo de células-tronco. O piso do laboratório é dividido em quatro segmentos, que seguem a construção em declive, acompanhando a encosta da montanha. Na parte interna, os nós entre cada segmento são concebidos como áreas de interatividade: uma meia-escada conecta dois níveis de laboratório, e outra ao escritório e o telhado verde, implantado sobre cada escritório. Nestas interfaces, existem salas de descanso com vidros interiores que maximizam as linhas de visão nos laboratórios inferiores, aumentando o potencial de interação. Já os laboratórios ocupam um piso plano aberto, voltado para o sul, que conta com esquadrias de vidros com vista para a encosta da montanha, permitindo a entrada de luz natural. As funções de apoio e áreas centrais compartilhadas ocupam o centro e o extremo norte do prédio, onde não há janelas, de acordo com a necessidade de controle ambiental dos espaços.
O prédio tem uma circulação horizontal fornecida por duas rampas externas ao longo da elevação norte – uma para o nível de laboratório e outra para o de escritório e terraço –, que ficam paralelas à inclinação do local, ligando os diferentes níveis de piso. Existem também escadas externas que conectam as duas rampas nas quatro principais entradas ao longo da elevação norte. Uma ponte facilita a conexão a três edifícios médicos de pesquisa próximos.
O projeto segue 21 critérios de desempenho ambiental e recebeu a certificação LEED Gold. Isso foi possível graças aos telhados verdes, um dos destaques deste projeto, que minimizam o efeito de ilha de calor, controlam o escoamento de águas pluviais, isolam o edifício e proporcionam uma comodidade ao ar livre para os ocupantes. Adicionalmente houve o emprego de sistemas de água eficientes nos laboratórios e banheiros, sem contar a entrada abundante de iluminação natural a fim de reduzir o consumo de energia. (M.C.S.) M